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Livro Eletrônico - Unidade 1 Site: EaD - SEaD Curso: Psicologia do Desenvolvimento - (G3) Livro: Livro Eletrônico - Unidade 1 Impresso por: Humberto Akio Hama 368865 Data: Friday, 30 January 2015, 23:22 Sumário Livro Eletrônico - Unidade 1 Introdução Unidade 1: Uma introdução à Psicologia do Desenvolvimento 1.1 - Primeiras palavras 1.2 Problematizando o tema 1.3 O que é Psicologia do Desenvolvimento 1.3.1 O Ciclo Vital 1.3.2 Parâmetros definidores do Desenvolvimento Humano 1.3.2.1 - Mudanças Quantitativas e Qualitativas 1.3.2.2 Sequências ordenadas 1.3.2.3 Maturação 1.3.2.4 Períodos críticos ou sensíveis 1.3.2.5 Interação hereditariedade e ambiente 1.3.2.6 Eventos biológicos compartilhados, eventos culturais compartilhados e eventos individuais não-compartilhados 1.3.3 Perspectivas teóricas em Psicologia do Desenvolvimento 1.3.3.1 Perspectiva Contextual 1.3.3.1.1. Teoria Bioecológica: 1.3.3.1.2 Teoria Sociocultural: 1.4 Considerações finais 1.5 Estudos complementares Livro Eletrônico - Unidade 1 Educação Musical Psicologia do Desenvolvimento Nome do autor: João dos Santos Carmo Colaboradores: Kelly Canavez, Priscila Mara de Araújo Gualberto; Viviane Colloca Araújo. Introdução A Psicologia do Desenvolvimento constitui-se em um amplo campo de investigação acerca dos processos envolvidos nas aquisições e mudanças quantitativas e qualitativas apresentadas pelos indivíduos ao longo do Ciclo de Vida, ou seja, ao longo das etapas que vão da concepção à velhice. É, desse modo, um campo rico em descobertas e teorizações que fundamentam a prática educacional.

Livro Eletronico Unidade 1 Psicologia Do Desenvolvimento

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Psicologia e educação

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  • Livro Eletrnico - Unidade 1

    Site: EaD - SEaDCurso: Psicologia do Desenvolvimento - (G3)Livro: Livro Eletrnico - Unidade 1Impresso por: Humberto Akio Hama 368865Data: Friday, 30 January 2015, 23:22Sumrio

    Livro Eletrnico - Unidade 1 Introduo Unidade 1: Uma introduo Psicologia do Desenvolvimento 1.1 - Primeiras palavras 1.2 Problematizando o tema 1.3 O que Psicologia do Desenvolvimento

    1.3.1 O Ciclo Vital 1.3.2 Parmetros definidores do Desenvolvimento Humano 1.3.2.1 - Mudanas Quantitativas e Qualitativas 1.3.2.2 Sequncias ordenadas 1.3.2.3 Maturao 1.3.2.4 Perodos crticos ou sensveis 1.3.2.5 Interao hereditariedade e ambiente 1.3.2.6 Eventos biolgicos compartilhados, eventos culturais compartilhados e

    eventos individuais no-compartilhados 1.3.3 Perspectivas tericas em Psicologia do Desenvolvimento 1.3.3.1 Perspectiva Contextual 1.3.3.1.1. Teoria Bioecolgica: 1.3.3.1.2 Teoria Sociocultural:

    1.4 Consideraes finais 1.5 Estudos complementares

    Livro Eletrnico - Unidade 1

    Educao Musical

    Psicologia do Desenvolvimento

    Nome do autor: Joo dos Santos CarmoColaboradores: Kelly Canavez, Priscila Mara de Arajo Gualberto; Viviane Colloca Arajo.

    IntroduoA Psicologia do Desenvolvimento constitui-se em um amplo campo de investigao acerca dos processos envolvidosnas aquisies e mudanas quantitativas e qualitativas apresentadas pelos indivduos ao longo do Ciclo de Vida, ou seja,ao longo das etapas que vo da concepo velhice. , desse modo, um campo rico em descobertas e teorizaes quefundamentam a prtica educacional.

  • O ser humano um fenmeno complexo que no pode ser estudado e compreendido fora de um contexto social,histrico e cultural mais amplo. Por esta razo, os aspectos biolgicos e ambientais esto em constante interao e estainterao pode ser traduzida por multideterminao do desenvolvimento. Em outras palavras, as aquisies e mudanasno Ciclo de Vida seguem padres biolgicos caractersticos que, por sua vez, so diretamente influenciados pordiferentes variveis do ambiente, de tal modo que no possvel reduzir o desenvolvimento humano ao que normal oupatolgico. Uma viso reducionista como essa geraria uma srie de equvocos e destacariam uma tendncia a classificare rotular os indivduos.

    A perspectiva da presente obra oferecer aos leitores uma viso global das principais questes e das principaisdescobertas acerca do desenvolvimento humano, de forma a subsidiar a formao do Educador Musical e nortear seuplanejamento e prtica profissional ao lidar com diferentes histrias individuais e diferentes grupos etrios.

    Unidade 1: Uma introduo Psicologia do Desenvolvimento

    1.1 - Primeiras palavras

    A Psicologia do Desenvolvimento um campo muito vasto de conhecimentos.

    Envolve o uso de tcnicas, estratgias e planejamentos de pesquisa bastante diversificados. Alm disso, os estudos so conduzidos e analisados a partir de ticas e perspectivas diferentes. Apesar de toda essa diversidade, ao contrrio do quepoderia parecer primeira vista, a Psicologia do Desenvolvimento oferece um corpo slido e coerente de dados e se constitui em uma das reas mais profcuas da Psicologia.

    Nada melhor do que iniciar nosso estudo com uma caracterizao geral dessa rea. Entender as caractersticas, os objetivos e o alcance da Psicologia do Desenvolvimento a principal meta da primeira unidade de nossa disciplina.Talvez para a maioria dos leitores e leitoras, os contedos abordados apresentem conceitos novos. Aos poucos vocs se apropriaro no s dos conceitos, mas tambm da linguagem utilizada por psiclogos do desenvolvimento.

    Minha expectativa de que a leitura do texto e a participao nas atividades propostas no ambiente virtual produzam um crescimento qualitativo do alunado. Por crescimento qualitativo refiro-me possibilidade de estabelecer relaes entre os contedos, superao de equvocos conceituais, reflexes amadurecidas em torno das possibilidades de aplicao da teoria na prtica profissional. Em suma, o crescimento qualitativo refere-se superao de um mero acrscimo de informaes desvinculadas de um contexto maior de formao do educador.

    A primeira unidade, portanto, entendida como fundamental; sem ela as demais unidades no fariam tanto sentido. Assim, se bem aproveitada, permitir uma apropriao adequada dos contedos apresentados nas unidades posteriores.

    1.2 Problematizando o tema

    Voc j parou para pensar qual o significado cotidiano do termo desenvolvimento?

    Ser que esse termo tem um significado especfico e diferenciado na expresso Psicologia do Desenvolvimento?

    Antes de iniciarmos nosso estudo, voc poderia formular uma definio prpria de desenvolvimento e Psicologia do Desenvolvimento? Procure comparar suas definies com o contedo a seguir e veja se voc se aproximou ou se distanciou do que ser apresentado.

    1.3 O que Psicologia do DesenvolvimentoPara muitos a Psicologia do Desenvolvimento refere-se ao estudo psicolgico da criana e do adolescente. Esta viso, embora equivocada, bastante difundida. Isto porque os primrdios dos estudos psicolgicos sobre o desenvolvimento humano concentraram sua ateno exatamente nos perodos infantil e juvenil devido a um entendido ingnuo de que as grandes e mais importantes mudanas ocorriam somente nesses perodos, estando o adulto e o idoso com todas as estruturas fsicas, cognitivas j estabelecidas.

    No h notcia de estudos cientficos que tratassem de toda a existncia humana a no ser a partir da terceira dcada do sculo passado e, ainda assim, tais produes eram bastante raras. Dados histricos indicam que o primeiro livro publicado com essa perspectiva data de 1939, de autoria de Sidney Pressey, intitulado Life: a psychological survey (Vida: um inventrio psicolgico).

  • At os anos 1970 duas expresses eram usadas com o mesmo significado: Psicologia Evolutiva e Psicologia do Desenvolvimento, vindo esta ltima a ser adotada posteriormente pela comunidade cientfica, tendo a primeira expresso praticamente desaparecido a partir dos anos 1980, embora ainda encontremos, principalmente em alguns pases de fala espanhola, o uso corrente das duas expresses. Seja como for, em nosso pas e em pases de lngua inglesaa expresso que se popularizou Psicologia do Desenvolvimento.

    Feitos esses esclarecimentos iniciais, apresentamos algumas definies correntes de Psicologia do Desenvolvimento:

    Estudo cientfico de como as pessoas mudam, bem como das caractersticas que permanecem razoavelmente estveis durante toda a vida (PAPPALIA, OLDS e FELDMAN, 2006, p. 47)

    Essa rea da Psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: fsico-motor, intelectual,afetivo-emocional e social desde o nascimento at a idade adulta, isto , a idade em que todos estes aspectos atingemo seu mais completo grau de maturidade e estabilidade (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2002, P. 97)

    Parte da Psicologia que se ocupa dos do estudo dos processos de mudana psicolgica que ocorrem ao longo da vida humana (PALACIOS, 1995, p. 9)

    Estudo sistemtico do desenvolvimento da personalidade humana, desde a formao do indivduo, at velhice ou estgio final da vida (...). estuda os aspectos cognitivos, emocionais, sociais e morais da evoluo da personalidade, bem como os fatores determinantes de todos esses aspectos do comportamento do indivduo (ROSA, 1983, p. 11)

    Ramo da psicologia que investiga a evoluo da estrutura fsica, comportamento e funcionamento mental nas pessoase animais de qualquer ponto aps a concepo at qualquer ponto antes da morte (DAVIDOFF, 1983, p. 726)

    Estas cinco definies so suficientes para esboar uma concepo abrangente de Psicologia do Desenvolvimento.

    Antes, porm, alguns aspectos devem ser ressaltados: todas as definies trazem, de forma explcita ou implcita, duas idias importantes: mudana e vida. Alm disso, algumas definies destacam que se trata de uma rea ou ramo da Psicologia. Outras ainda identificam aspectos especficos da mudana ao longo da vida (fsico-motores, cognitivos, afetivos, sociais...). Outra idia importante a de estabilidade, ou seja, os aspectos que permanecem, apesar das mudanas gerais por que passa o indivduo. Finalmente, uma das definies enfatiza que a Psicologia do Desenvolvimento estuda, tambm, outras espcies alm do homem. Esta afirmao faz sentido na medida em que se sabe que muitos estudos so conduzidos para investigar fenmenos presentes em diferentes espcies. Exemplos desses fenmenos so o imprinting, o apego, a habituao, dentre outros que sero estudados ao longo das unidades deste livro.

    Com base nas definies e comentrios, apresentamos a seguinte definio:

    Psicologia do Desenvolvimento (tambm chamada, menos freqentemente, de Psicologia Evolutiva) uma rea da Psicologia dedicada ao estudo das mudanas e das caractersticas duradouras que a vida de um indivduo, desde sua concepo at a velhice ou at quando durar sua vida. Dentre os aspectos investigados, temos as caractersticas fsicas, cognitivas, sociais, afetivas, estudados a partir de uma perspectiva integradora, abrangendo os fatores hereditrios e ambientais determinantes das mudanas e das regularidades percebidas.

    1.3.1 O Ciclo Vital

    A definio de Psicologia do Desenvolvimento requer uma breve explicao acerca de um conceito j explicitado: CicloVital.

    Por Ciclo Vital entende-se o perodo amplo que caracteriza a existncia humana, da concepo ao nascimento, da infncia velhice, e da velhice morte. Em outras palavras, embora as vidas individuais apresentem diferentes tempos de existncias (algumas nem sequer chegam ao fim da infncia), um ciclo completo de vida abrange as seguintes etapas:concepo; vida intra-uterina; nascimento; infncia; adolescncia; juventude; adultez; velhice; morte. Essas etapas ocorrem em uma sequncia fixa.

    A idia de Ciclo Vital, porm, no se restringe apenas identificao de etapas seqenciais. Envolve, tambm, a

  • descrio de todos os acontecimentos na vida de um indivduo e de todos os aspectos ambientais e hereditrios que determinam ou influenciam os rumos do desenvolvimento individual.

    A abrangncia do conceito tal que, em certo sentido, podemos dizer que a Psicologia do Desenvolvimento nada mais que o estudo do Ciclo Vital, em toda a amplitude abarcada por este conceito

    1.3.2 Parmetros definidores do Desenvolvimento Humano

    Se entendermos que o Ciclo Vital refere-se ao prprio desenvolvimento humano, ento devemos olhar para esse ciclo apartir de diferentes ngulos, de forma a poder gerar um entendimento abrangente e integrado da vida humana. Essesngulos so os parmetros que usamos para estudar, descrever e sistematizar nosso entendimento acerca das mudanas eregularidades do desenvolvimento, conforme veremos a seguir.

    1.3.2.1 - Mudanas Quantitativas e QualitativasNo desenvolvimento, mudanas quantitativas referem-se aos acrscimos de qualquer natureza: fsicos; conhecimento; vocabulrio; rede de relacionamento social, etc.

    Mudanas qualitativas referem-se a funes e habilidades que so adquiridas ou surgem por impositivos biolgicos e so refinadas a partir de experincias adquiridas. Como exemplo, temos a habilidade de escrita, que envolve um refinamento na motricidade fina a fim de segurar o lpis, alm de refinamento de outras habilidades motoras e viso-motoras.

    Tanto mudanas quantitativas quanto qualitativas ocorrem ao longo da vida do indivduo e tendem a manter-se relativamente estveis por um perodo varivel de tempo.

    Essas mudanas no so simplesmente ocorrncias passageiras sem maiores conseqncias; ao contrrio, so ocorrncias cuja funo ampliar possibilidades, alterar habilidades, fazer surgir caractersticas e preparar o organismo para a aquisio de novas experincias.

    1.3.2.2 Sequncias ordenadas

    O desenvolvimento humano segue um padro que podemos chamar de seqncias ordenadas e que esto determinados filogeneticamente.

    Da concepo ao nascimento a formao do beb segue uma seqncia que vai da fecundao do vulo pelo espermatozide at as primeiras divises celulares, transformao em embrio, depois em feto e, finalmente, o beb pronto para vir ao mundo.

    Do nascimento at os primeiros passos, o beb apresenta uma seqncia progressiva de habilidades: posio fetal, posio de bruos, erguimento da cabea e trax, rolar, sentar, engatinhar, ficar de p, caminhar.

    Do balbucio aquisio da fala h, tambm, uma seqncia a ser seguida.

    Enfim, em todos os aspectos do desenvolvimento podemos identificar e descrever ocorrncias que surgem em determinada ordem. Notemos, entretanto, que essas seqncias, embora biologicamente determinadas, apresentam variaes de indivduo para indivduo.

    1.3.2.3 Maturao

    As seqncias ordenadas so parte de um processo chamado maturao. Por maturao entende-se o surgimento depadres geneticamente determinados, seja em relao a mudanas fsicas ou em relao a comportamentos.

    Estes padres surgem dentro de uma seqncia relacionada a momentos especficos e, em geral, incluem a prontidopara novas habilidades.

  • 1.3.2.4 Perodos crticos ou sensveis

    H momentos especficos em que os organismos esto mais predispostos ou altamente susceptveis a apresentar ou adquirir determinados comportamentos em funo de um contexto especfico. As expresses crtico e sensvel so usadas para designar esse momento de maior sensibilidade ou susceptibilidade.

    O exemplo mais famoso o estudo que o etlogo Konrad Lorenz (1903-1989) realizou com gansos e patos. Lorenz descobriu que gansos, ao sarem da casca dos ovos, seguem qualquer coisa que estiver se movimentando sua frente. A esse processo chamou de imprinting (ou estampagem).

    O imprinting s ocorria em um perodo especfico entre o nascimento e at cerca de dois dias aps comearem a andar. Em perodos posteriores o processo de estampagem no funcionava. O prprio Lorenz resolveu ser o alvo mvel e os gansos passaram a segui-lo, ignorando sua me.

    Processos semelhantes podem ocorrer com seres humanos. Assim, por exemplo, em nossa espcie a acuidade visual pode ser afetada se crianas forem privadas de estimulao visual entre seis meses e seis anos, podendo desenvolver umquadro severo de perda na acuidade visual, chamado de ambioplia. Em relao linguagem, h dados na literatura mostrando que sua aquisio talvez esteja dependente de perodos sensveis em nossa espcie. Assim, tem-se registrado que crianas expostas a uma nova lngua no perodo compreendido entre 12 meses e seis anos de idade, adquirem a nova lngua mais rapidamente, com maior facilidade e no apresentam sotaque estrangeiro. Crianas com idade entre seis e 12 anos tambm aprendem uma nova lngua com extrema facilidade, porm h a permanncia de ligeiros acentos estrangeiros; enquanto adultos tendem a manter o sotaque estrangeiro, mesmo tendo desenvoltura no uso da nova lngua.

    Estes perodos timos (ou seja, crticos ou sensveis) ainda esto sendo investigados e no h dados conclusivos que apiem ou que neguem a existncia dos mesmos, porm j h certa segurana em afirmar que determinadas reas do crebro possuem maior plasticidade na infncia, o que facilita a aquisio de determinadas habilidades, no ocorrendo da mesma forma com a passagem do tempo. Seja como for, o papel do ambiente extremamente importante na ampliao das possibilidades de desenvolvimento das diversas habilidades e sentidos humanos.

    1.3.2.5 Interao hereditariedade e ambiente

    Uma das questes principais entre os estudiosos do desenvolvimento envolve identificar o papel e a importncia de fatores hereditrios e fatores ambientais nos processos de desenvolvimento.

    Em que medida as mudanas quantitativas e qualitativas so um efeito do que trazemos em nossa dotao gentica ou do que adquirimos por meio da aprendizagem?

    A tendncia atual identificar hereditariedade e ambiente em interao, no havendo necessidade de procurar qualquer proporo de influncia de um ou outro aspecto.

    Nascemos com uma dotao gentica (combinao dos genes herdados dos pais) que nos predispe a determinadas ocorrncias e mudanas ao longo da vida. Alm disso, apresentamos alguns padres de seqncia de desenvolvimento, fruto da evoluo de nossa espcie. Alguns aspectos da dotao gentica so determinantes, porm a grande maioria sotendncias que podem ou no se realizar em funo das experincias ambientais.

    Por experincias ambientais nos referimos a situaes diferenciadas: a famlia; a cultura local; as condies socioeconmicas; o bairro em que mora; so aspectos fundamentais que podero exercer influncias decisivas no desenvolvimento geral do indivduo, sobrepujando inclusive alguns aspectos biolgicos.

    1.3.2.6 Eventos biolgicos compartilhados, eventos culturais compartilhados e eventos individuais no-compartilhadosOs eventos biolgicos compartilhados referem-se s seqncias geneticamente determinadas e que so experienciadas pelos membros de nossa espcie. A ecloso da puberdade um bom exemplo. Todos ns passamos por esse conjunto de mudanas fsicas em algum momento que gira em torno dos dez aos quatorze anos de idade. Maturao, seqncias progressivas e perodos crticos fazem parte desses eventos.

  • Os eventos culturais compartilhados dizem respeito s prticas grupais e experincias oferecidas aos indivduos e que so, em geral, vivenciadas por todos ou pela maioria dos membros de um dado grupo.

    Os eventos individuais no-compartilhados so constitudos por todas as experincias e mudanas particulares na vida de um indivduo e que exercem um efeito determinante no restante de seu desenvolvimento. Podem ser ocorrncias e mudanas positivas ou negativas.

    1.3.3 Perspectivas tericas em Psicologia do Desenvolvimento

    Conforme j enfatizado no item 1.3, h diferentes enfoques tericos em Psicologia do Desenvolvimento e h, tambm, diferentes formas de classific-los. Nossa inteno apenas situar os leitores e leitoras quanto s caractersticas principais de algumas perspectivas, no havendo espao mais amplo para aprofundamento.

    Cada perspectiva terica envolve diferentes representantes e cada representante desenvolve um conjunto de estudos, dando nfase a aspectos especficos do desenvolvimento. Em outras palavras, as perspectivas tericas so menos ou mais abrangentes, dependendo do(s) ngulo(s) e do(s) aspecto(s) abordados.

    Para nossas necessidades, na disciplina, descreveremos apenas duas perspectivas: Contextual e Cognitivista.

    Outras perspectivas so: Aprendizagem (Teoria Sociocognitiva de Albert Bandura e Teoria Behaviorista, de Skinner); Humanista (Teoria da Auto-Realizao, de Maslow); Etolgica (Teoria do Apego, de Bowlby); Psicanaltica (Teoria Psicosexual, de Freud, e Teoria Psicossocial, de Erickson). Alguns aspectos dessas perspectivas sero apresentados ao longo das prximas Unidades.

    Feitas essas consideraes, vamos descrio:

    1.3.3.1 Perspectiva Contextual

    O desenvolvimento s pode ser estudado e compreendido a partir do contexto social. Para os contextualistas, oindivduo parte integrante e indissocivel do meio. As teorias pertencentes a essa perspectiva no do destaque aosestgios de desenvolvimento, e sim s interaes do indivduo com o meio.

    A Perspectiva Contextual abrange a Teoria Bioecolgica de Urie Bronfenbrenner (1917-2005) e a Teoria Socioculturalde Lev Vygotsky (1896-1934).

    1.3.3.1.1. Teoria Bioecolgica:Teoria Bioecolgica: todo organismo biolgico desenvolve-se em um sistema ecolgico especfico; assim, paraentender o desenvolvimento de membros da nossa espcie, precisamos conhecer nossa ecologia, isto , os sistemasecolgicos que determinam os rumos de nosso desenvolvimento.

    Bronfenbrenner prope que o desenvolvimento em nossa espcie apresenta processos cada vez mais complexos deinterao e mtua determinao entre a pessoa e o ambiente cotidiano imediato. Mais que isso, Bronfenbrenner defendea necessidade de olharmos para nossa ecologia a partir de cinco sistemas complexos em interao:

    1) microssistema: atividades cotidianas que ocorrem em casa, escola, bairro, local de trabalho, ou seja, nosdiversos ambientes imediatos da pessoa. no microssistema que o indivduo recebe as influncias mais amplasda sociedade (valores sociais; regras de conduta; crenas socialmente compartilhadas etc);

    2) mesossistema: a determinao dada pela influncia conjunta de dois ou mais microssistemas em interao;por exemplo, famlia-escola, associao do bairro-unidade de sade, etc.

    3) exossistema: caracteriza-se pelas interaes entre dois ou mais microssistemas, porm um deles no umambiente freqentado pela criana, embora possa afet-la indiretamente. Como exemplo, o local de trabalho dospais e o lar. Freqentemente ocorre que algo no trabalho afete o pai ou a me e isso pode interferir na qualidadedo relacionamento com a criana;

    2)

  • 4) macrossistema: o conjunto amplo de padres de comportamento, crenas e valores que caracterizam uma dada cultura e que passam a influenciar o modo de ser individual;

    5) cronossistema: refere-se s mudanas significativas que ocorrem no mundo em que a pessoa vive ao longo dotempo. H inmeros exemplos de mudanas ao longo da vida: nascimento de outros irmos; separao dos pais; mudana de residncia; mudana de cidade; mudanas no sistema econmico que passam a influenciar diretamente a vida dos cidados, etc.

    1.3.3.1.2 Teoria Sociocultural:Teoria Sociocultural: destaca que a aprendizagem (inclusive a aprendizagem dentro da escola) o principal fator depromoo do desenvolvimento. Para Vygotsky, os aspectos sociais e culturais, aliados aprendizagem, determinam osrumos do desenvolvimento dos indivduos.

    Vygotsky criticou a forma tradicional de avaliar o desenvolvimento cognitivo. Os testes e escalas avaliavam apenas oque a criana j havia adquirido. A esse conjunto de repertrios que a criana j apresentava, Vygostky chamou de Zonade Desenvolvimento Real. Entretanto, para o pesquisador russo, conhecer o que a criana j havia desenvolvido no erasuficiente e props outro indicador: a Zona de Desenvolvimento Prximo ZDP (tambm chamada de Zona deDesenvolvimento Proximal). Este nvel de desenvolvimento refere-se ao repertrio que a criana ainda no apresentacom independncia, mas que capaz de desempenhar caso tenha a colaborao de um parceiro mais experiente(professor, outra criana mais velha, pais ou outro adulto). A ZDP situa-se, portanto, entre a Zona de DesenvolvimentoReal e a Zona de Desenvolvimento Potencial, esta entendida como o conjunto de habilidades ainda no desenvolvidas.

    Perspectiva Cognitiva

    A nfase dada em relao aos processos de pensamento e aos comportamentos observveis que nos ajudam a entenderesses processos. Assim, o desenvolvimento, nessa perspectiva, sofre um recorte; ou seja, as teorias pertencentes a essaperspectiva enfatizam o desenvolvimento cognitivo. Dentre as teorias pertencentes a essa perspectiva, temos a Teoria deProcessamento De Informaes e a Teoria dos Estgios Cognitivos. Daremos destaque a essa ltima em funo de suaimportncia para nosso curso.

    Teoria dos Estgios Cognitivos: Jean Piaget (1896-1980) , sem dvida, um dos pesquisadores mais influentes naPsicologia do Desenvolvimento. Seu trabalho bastante extenso e rico e sua teoria dos estgios dificilmente pode serresumida em poucas palavras. O que passamos a expor a seguir so apenas alguns pontos essenciais, os quais serviropara o entendimento de aspectos especficos a serem estudados nas Unidades 2 e 3.

    1) O pensamento da criana qualitativamente diferente do pensamento do adulto;

    2) A inteligncia no se refere a acmulo de conhecimentos, mas a adaptao e organizao, sendo estes processos biolgicos esperados em nossa espcie;

    3) A adaptao envolve dois subprocessos: assimilao e acomodao. Assimilao a capacidade de retirar informaes essenciais acerca do objeto a ser conhecido, ou seja, refere-se a dar significado ao objeto e incorpor-lo a uma estrutura cognitiva j existente. Acomodao refere-se a modificaes na estrutura cognitiva j existente em funo das particularidades do objeto a ser conhecido. Tomemos o exemplo de uma criana que entra em contato, pela primeira vez, com uma cadeira de rodas. Nessa situao nova a criana passa a assimilar o novo objeto extraindo dele informaes e significados essenciais, incorporando-o a estruturas cognitivas prvias (a noo geral de cadeira); porm como este um objeto especial que detm caractersticas que extrapolam o significado especfico e delimitado de cadeira (uma noo j construda pela criana), ser necessrio reorganizar os conhecimentos prvios (alterar a estrutura cognitiva) atravs do processo de acomodao a fim de dar significados a essa nova situao: cadeiras no servem apenas para sentar; h cadeiras cuja funo principal transportar, embora ainda continuem servindo para sentar;

    4) Piaget identifica diversos processos presentes no desenvolvimento do pensamento, porm um deles parece fundamental: a abstrao, que Piaget divide em abstrao emprica e abstrao reflexionante. A abstrao emprica refere-se possibilidade de extrair informaes do objeto. Uma criana pode, por exemplo, chegar a algumas concluses acerca de um carrinho de brinquedo: amarelo; tem quatro rodas; as portas abrem; feito de ferro; menor que um outro carrinho que ganhou no ms passado, embora ambos sejam amarelos e de ferro. J a abstrao reflexionante refere-se possibilidade de pensar sobre o prprio pensamento. No exemplo do carrinho, seria pensar sobre os julgamentos que faz em relao ao carrinho e as comparaes que est fazendo com outro carrinho. Em outras palavras, seria o pensar sobre o pensar;

  • 5) A abstrao, embora seja uma capacidade presente em crianas pequenas, tende a apresentar uma qualidade e complexidade maior com o passar das idades;

    6) O desenvolvimento do pensamento infantil segue estgios regulares e tendem a se aproximar cada vez mais da forma de pensar dos adultos;

    7) Os estgios no esto definidos por faixa etria, porm em funo do desenvolvimento gerado do organismo, determinadas estruturas cognitivas e funes tendem a aparecer por volta de determinadas idades;

    8) No h uma progresso linear nos estgios. Ao contrrio, o que ocorre so descontinuidades, rupturas e saltos qualitativos que caracterizam um estgio como qualitativamente diferente do anterior, mas estruturado a partir das conquistas j feitas pela criana;

    9) Os estgios identificados e descritos por Piaget so trs: 1) estgio sensrio-motor; 2) estgio pr-operacional;3) estgio operacional. Este ltimo subdividido em dois: estgio das operaes concretas (ou operacional concreto) e estgio das operaes formais (ou operacional formal);

    10) Antes de falarmos de cada estgio, convm especificar alguns parmetros utilizados por Piaget na definio de estgio: 1) permanncia do objeto, ou seja, a noo de que um objeto continua a existir mesmo que no estejaao alcance da viso; 2) representao, ou seja, a capacidade de pensar em um objeto a partir de um outro objeto; 3) mudanas qualitativas na representao, isto , cada estgio apresenta formas qualitativas diferentes de representar; 4) operao, definida como ao interiorizada reversvel, ou seja, a capacidade de pensar em uma ao (ao interiorizada) e reconstruir o caminho traado pela ao (reversvel). A ausncia de uma dessas capacidades, a presena delas e a qualidade com que se manifestao so os critrios essenciais para delimitaodos estgios;

    Vejamos um resumo de cada estgio do desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget:

    Estgio Sensrio-motor: inicia no nascimento e se estende at por volta dos dois anos de idade. H predominncia dos reflexos. Aos poucos o beb comea a interagir com o mundo e inicia a construo da permanncia do objeto; tambm ocorre a imitao diferenciada, ou seja, imitar na ausncia da coisa imitada, e isso j um forte indcio de representaes iniciais do mundo. Os movimentos passam a ser cada vez mais coordenados e cada movimento produz mudanas no mundo ao redor. A descoberta de que os movimentos produzem alteraes no mundo leva o beb a repetir inmeras vezes a mesma ao, mostrando-se incansvel nessa repetio. H claramente a princpio o beb parecer reagir ao mundo como se este fosse causado por suas aes, mas aos poucos consegue identificar que h causalidade independente de suas aes. Esse um progresso importantssimo que o faz diferenciar-se do mundo. Outro progresso importante a capacidade de manipular objetos para alcanar outros objetos, como, por exemplo, quando uma criana levanta um anteparo que estava cobrindo uma bola a fim de apanhar a bola. Enfim, o perodo em que sentidos e movimentos entram em coordenao e sincronia (da a expresso sensrio-motor) a fim de possibilitar as primeiras representaes internas de si e do mundo;

    Estgio Pr-Operacional: ocorre aproximadamente entre dois e sete anos de idade. O que caracteriza este perodo uma capacidade de representar qualitativamente diferente do perodo anterior. Enquanto no estgio sensrio-motor as representaes so apenas rudimentos e esto diretamente ligadas s aes imediatas e suas conseqncias, no perodo pr-operacional a representao bem mais complexa e pode ocorrer na ausncia do objeto. Os indcios dessa representao so as famosas brincadeiras de faz-de-conta, os desenhos, as imitaes, o reconhecimento de si no espelho, em fotografias e filmes. Embora a representao seja a caracterstica marcante dessa fase, Piaget d o nome de pr-operatrio para enfatizar as lacunas que seriam preenchidas no estgio posterior ou operatrio. Uma dessas lacunas a dificuldade que a criana ainda apresenta de colocar-se no ponto de vista do outro; assim, por exemplo, a criana pode falar de coisas que do seu ponto de vista so bvias, e por serem bvias para ela, esta julga que so igualmente bvias para os demais. Essa caracterstica foi chamada de egocentrismo. Porm, do ponto de vista das aquisies (e no das lacunas), alm da representao nesse perodo que a criana passa a adquirir maior domnio sobre a linguagem, o que a introduz nas regras de convivncia social e, ao ampliar as interaes sociais, o contato mais intenso com o outro possibilita criana desenvolver noes morais (o que pode ou no pode, o que certo ou errado, obem e o mal, o ruim e o bom...) de forma bem mais clara que no perodo anterior.

    Estgio Operacional Concreto: ocorre por volta dos sete aos onze anos de idade. O incio deste estgio coincide com o incio da escolarizao e h um consenso (mesmo entre pesquisadores no-piagetianos) de que profundas mudanas na forma de pensar ocorrem nesse perodo. A aquisio mais complexa a ao interiorizada reversvel, j explicada no item 10. Conseguem distinguir entre fantasia e realidade e entre coisas temporrias e coisas permanentes. Neste perodo h maior flexibilidade de pensamento e conseguem solucionar problemas mentalmente, embora sempre necessitando de objetos concretos, mesmo que estes estejam apenas ao alcance da viso ou faam parte do prprio corpo (contar os

  • prprios dedos, por exemplo). capaz de usar um raciocnio indutivo, isto , a partir de algumas poucas experincias pode chegar a princpios gerais. O domnio das operaes matemticas bsicas, bem como a capacidade de contar com sentido e de ordenar as coisas e eventos em ordem crescente e decrescente, so habilidades especiais que aumentam seu domnio sobre o mundo. nesse estgio que a conservao de quantidades marcante.

    Estgio Operacional Formal: a partir dos onze anos em diante. O pensar sobre o pensar, pensar sobre as idias, organizar as idias mentalmente, abstrao, eis as caractersticas marcantes desse perodo. Flexibilidade e autonomia de pensamento, caractersticas que vo coincidir com a entrada na adolescncia. Essa independncia e maior capacidade deabstrao so marcadas pelo uso de raciocnio dedutivo, caracterizado pela forma se...ento (se todos os homens so mortais e eu sou homem, ento eu sou mortal), pelo uso de premissas lgicas e aplicao de concluses transitivas (se A maior que B e B maior que C, ento A maior que C). A capacidade de uso de crtica decorrncia da independncia de pensamento. A partir deste estgio, o indivduo chega ao pensamento adulto.

    1.4 Consideraes finais

    Chegamos ao final de nossa Unidade 1. Uma srie de conceitos e explicaes foi necessria a fim de sedimentar oterreno para as informaes que viro nas unidades seguintes. O desenvolvimento humano, como vimos, pode serestudado sob diferentes perspectivas e com uma diversidade de instrumentos e estratgias de pesquisa.

    Nesta primeira Unidade tratamos de situar a Psicologia do Desenvolvimento enquanto rea de investigao dosprocessos envolvidos no desenvolvimento humano. Vimos um conceito fundamental, o Ciclo Vital, e identificamosalguns parmetros que nos permitem entender nuances do Ciclo Vital. Os recortes dados no estudo do desenvolvimentoe, portanto do Ciclo Vital, nos ajudam a aprofundar aspectos fundamentais. Assim, podemos olhar para odesenvolvimento fsico, desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento psicossocial, desenvolvimento psicossexual,desenvolvimento afetivo; mas, essa no deixa de ser uma diviso arbitrria, uma vez que todos esses ngulos estointegrados no indivduo e dependem de fatores biolgicos e ambientais, os quais determinam nossa existncia e nostornam seres nicos.

    Aps a leitura da primeira Unidade, seria importante voc fazer uma pausa e tentar elaborar sua prpria definio dePsicologia do Desenvolvimento. Qual seria sua definio? O que voc destacaria de importante nessa definio? Pensea respeito.

    1.5 Estudos complementares

    Apresentamos a seguir algumas sugestes que podero enriquecer seus conhecimentos acerca da Psicologia do Desenvolvimento.

    Saiba mais

    Sugerimos que assista ao documentrio A Inveno da Infncia (http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?cod=672&Exib=6008). L ser discutido uma questo extremamente importante: no h infncia e sim infncias; ou seja, as condies concretas de vida nos levam a identificar que a existncia individual e a prpria subjetividade so forjadas a partir das experincias culturais e sociais, a tal ponto que se torna necessrio rever nossas concepes do que ser criana e do que vem a ser infncia. Estudar desenvolvimento humano sem refletir sobre essas questes reduzir significativamente nossas possibilidades de um entendimento abrangente dos fatores que nos tornam seres nicos.

    Sugestes de leitura

    Para uma viso abrangente da Psicologia do Desenvolvimento, um manual que traz uma srie de informaes que sedimentaro os conhecimentos tratados na presente Unidade. Sugerimos consultar os captulos 1 e 2 de:Bee, H. (1997). O ciclo vital. Porto Alegre: ArtMed.

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre as teorias abordadas na presente Unidade, sugerimos:

    Teoria Bioecolgica:Brofenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: ArtMed.

    Teoria dos Estgios Cognitivos:Piaget, J. & Inhelder, B. (2006). A psicologia da criana. 2 ed. Rio de Janeiro: DIFEL.

  • Teoria Sociocultural:Vygotsky, L. S. (2005). Pensamento e linguagem. 3 ed. So Paulo: Martins Fontes.