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Livro Eletrônico - Unidade 3 Livro Eletrônico - Unidade 3 Site: EaD - SEaD Curso: Psicologia do Desenvolvimento - (G3) Livro: Livro Eletrônico - Unidade 3 Impresso por: Humberto Akio Hama 368865 Data: Saturday, 31 January 2015, 00:01 Sumário Livro Eletrônico - Unidade 3 Unidade 3 3.1 Primeiras palavras 3.2 Problematizando o tema 3.3 Texto básico para estudo 3.3.1 Desenvolvimento Físico-motor dos 06 aos 12 anos 3.3.3 Desenvolvimento Psicossocial 06 aos 12 anos 3.3.2 Desenvolvimento Cognitivo dos 06 aos 12 anos 3.4 Considerações finais 3.5 Estudos complementares 3.5.1 Saiba mais 3.5.2 Outras referências 3.5.3 Referências bibliográficas Livro Eletrônico - Unidade 3 Educação Musical Psicologia do Desenvolvimento Nome do autor: João dos Santos Carmo Colaboradores: Kelly Canavez, Priscila Mara de Araújo Gualberto; Viviane Colloca Araújo. Unidade 3 Desenvolvimento dos seis aos doze anos 3.1 Primeiras palavras Na Unidade 2 fizemos um passeio pelos principais aspectos relativos ao desenvolvimento físico-motor, cognitivo e psicossocial do bebê e de crianças pequenas (até 06 anos de idade). Na presente unidade, seguiremos a mesma estrutura de descrição, desta vez abordando crianças mais velhas, em uma ampla faixa etária compreendida entre 06 e 12 anos de idade. É importante, antes de iniciarmos esta nova unidade, ressaltarmos que as características de desenvolvimento, presentes em uma dada faixa etária, representam o produto de exaustivas investigações em diferentes culturas de nosso planeta. Portanto, não se trata de catalogação apressada de habilidades e comportamentos, e sim de estudos científicos de observação, registro e acompanhamento longitudinal de diversas crianças, sob diferentes contextos e condições socioeconômicas e culturais.

Livro Eletronico Unidade 3 Psicologia Do Desenvolvimento

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  • Livro Eletrnico - Unidade 3

    Livro Eletrnico - Unidade 3

    Site: EaD - SEaDCurso: Psicologia do Desenvolvimento - (G3)Livro: Livro Eletrnico - Unidade 3Impresso por: Humberto Akio Hama 368865Data: Saturday, 31 January 2015, 00:01Sumrio

    Livro Eletrnico - Unidade 3 Unidade 3

    3.1 Primeiras palavras 3.2 Problematizando o tema 3.3 Texto bsico para estudo 3.3.1 Desenvolvimento Fsico-motor dos 06 aos 12 anos 3.3.3 Desenvolvimento Psicossocial 06 aos 12 anos 3.3.2 Desenvolvimento Cognitivo dos 06 aos 12 anos 3.4 Consideraes finais 3.5 Estudos complementares 3.5.1 Saiba mais 3.5.2 Outras referncias 3.5.3 Referncias bibliogrficas

    Livro Eletrnico - Unidade 3

    Educao Musical

    Psicologia do Desenvolvimento

    Nome do autor: Joo dos Santos CarmoColaboradores: Kelly Canavez, Priscila Mara de Arajo Gualberto; Viviane Colloca Arajo.

    Unidade 3

    Desenvolvimento dos seis aos doze anos

    3.1 Primeiras palavrasNa Unidade 2 fizemos um passeio pelos principais aspectos relativos ao desenvolvimento fsico-motor, cognitivo epsicossocial do beb e de crianas pequenas (at 06 anos de idade). Na presente unidade, seguiremos a mesma estruturade descrio, desta vez abordando crianas mais velhas, em uma ampla faixa etria compreendida entre 06 e 12 anos deidade.

    importante, antes de iniciarmos esta nova unidade, ressaltarmos que as caractersticas de desenvolvimento, presentesem uma dada faixa etria, representam o produto de exaustivas investigaes em diferentes culturas de nosso planeta.Portanto, no se trata de catalogao apressada de habilidades e comportamentos, e sim de estudos cientficos deobservao, registro e acompanhamento longitudinal de diversas crianas, sob diferentes contextos e condiessocioeconmicas e culturais.

  • De qualquer forma, trata-se de uma descrio daquilo que comumente presente no desenvolvimento, mas nunca deuma regra rgida de classificao. Mais uma vez a sugesto : observar e interagir com a criana, de maneira aidentificar sua histria de vida, seu contexto especfico de desenvolvimento, a fim de evitar rtulos e enquadramentosindesejveis que s trazem, como conseqncia, o preconceito.

    3.2 Problematizando o temaA criana que est nos anos escolares encontra-se mergulhada em um contexto complexo, do qual participam famlia,escola e grupos de pares. Em que medida as experincias trazidas da famlia podem influenciar as vivncias escolares edesempenhos acadmicos? E de que forma as vivncias escolares podem alterar as habilidades cognitivas das crianas?Por outro lado, como suas caractersticas e possibilidades fsicas e cognitivas influenciam seu desenvolvimentopsicossocial?

    Estas so questes fundamentais cujas respostas so desenvolvidas a partir dos elementos tericos, conceituais edescritivos do desenvolvimento, apresentados na presente unidade.

    3.3 Texto bsico para estudo

    3.3.1 Desenvolvimento Fsico-motor dos 06 aos 12 anos

    Durante os anos escolares, as crianas tipicamente apresentam um crescente refinamento nas habilidades motoras, o queaumenta ainda mais sua independncia. Por outro lado, o crescimento fsico mais lento se comparado aos primeiros anos de vida.

    Embora haja uma grande variabilidade no crescimento fsico, podemos afirmar que entre as idades de 07 a 09 anos, os meninos so tipicamente maiores e mais pesados que as meninas; porm, a partir dos 09 anos, nota-se um desenvolvimento fsico mais acentuado nas meninas em comparao com os meninos. Isso porque o estiro inicia mais cedo no sexo feminino, prenunciando as futuras mudanas na adolescncia (a ser abordada na Unidade 4).Craig e Dunn (2007) destacam a importncia de algumas mudanas internas nesse perodo, como:

    Desenvolvimento do crebro: por volta dos 08 anos de idade, o crebro j atingiu cerca de 90 a 95% do peso do crebroadulto. A plasticidade neural bastante acentuada (tal como nos anos anteriores), o que possibilita um funcionamento geral eficiente, particularmente no lobo frontal do crtex, o qual est diretamente relacionado produo de pensamento e conscincia.

    Maturao esqueltica: os ossos crescem rapidamente nesse perodo, acompanhando o crescimento corporal, o que pode algumas vezes causar dores incmodas, principalmente noite. Outra mudana fsica importante a perda dos dentes de leite, ocorrendo por volta dos 06 e 07 anos de idade.

    Em relao s mudanas fsico-motoras gerais, o Quadro 5 apresenta um resumo do que comumente verificado e esperado entre os 6 e 12 anos de idade.

    Quadro 5Caractersticas gerais do desenvolvimento fsico-motor em crianas de 06 a 12 anos de idade

    Idade Principais mudanas

    06 anos Aumento estvel na altura e no pesoCrescimento estvel na fora, em meninos e meninosAumento da conscincia corporal de amplas partes do corpoUso crescente de todas as partes do corpoRefinamento das habilidades motoras amplasRefinamento das habilidades motoras finas

    07 a 08 anos Continua o aumento estvel na altura, peso e fora, em meninos e meninasContinua o refinamento das habilidades motoras amplas e finas, bem como do uso ampliado de todas as partes do corpoIncio das acentuadas diferenas individuais nas habilidades motoras, devido principalmente s experincias proporcionadas

  • 09 a 10 anos Incio do estiro nas meninasAumento da fora fsica acompanhada de perda da flexibilidade em meninasMaior conscincia corporalCapacidade de combinar diferentes habilidades motorasMelhora do equilbrio fsico em geral

    11 a 12 anos As meninas so, em geral, mais altas e mais pesadas que os meninosIncio do estiro nos meninosAumento da capacidade de interceptar objetos em movimentoAumentos contnuos das habilidades motoras finas, da capacidade de combinar movimentos e de variar habilidades motoras

    Fonte: Craig & Dunn (2007), com adaptaes dos autores.

    3.3.3 Desenvolvimento Psicossocial 06 aos 12 anosRosa (1984) informa que o processo de socializao, nesse perodo, bastante ampliado em funo das experincias deinterao social j adquiridas em perodos anteriores. Acrescentamos que, no perodo escolar, a criana j adquiriu umalinguagem mais refinada e pode, tambm, circular em outros ambientes alm do familiar e do escolar, ou seja, jcomea a conviver mais intensamente com seus pares e em outros grupos sociais.

    no convvio com seus pares que podemos identificar alguns aspectos e possibilidades fundamentais, como:

    1. Apoio social dos amigos; 2. Imitao de modelos apresentados por pares significativos; 3. Aprendizagem de diferentes papis sociais; 4. Padres de auto-avaliao 5. Desenvolvimento de autoconceito; 6. Identidade sexual 7. Moralidade 8. Padres de agresso; 9. Comportamento pr-social.

    Uma forma de abordar cada um dos aspectos citados acima a perspectiva desenvolvida pelo psiclogo Albert Bandura,denominada de Aprendizagem Social. Observar e imitar so os componentes do que Bandura chamou de aprendizagem social.

    Bandura verificou que modelos significativos para crianas (personagens de desenho animado) eram imitados em seus gestos agressivos. Crianas que assistiam a um programa no qual apareciam cenas de agresso fsica, passavam imediatamente a imitar os gestos violentos quando um boneco Joo teimoso era colocado na sala onde essas crianas estavam.

    Estudos como esses chamam ateno para alguns aspectos cruciais da aprendizagem vicariante: 1) a presena de um modelo significativo; 2) a oportunidade de observar as aes do modelo significativo; 3) a oportunidade de imitar as aes do modelo significativo; 4) a ausncia de critrios de julgamento acerca das aes do modelo significativo; 5) possveis ganhos sociais e satisfao pessoal ao imitar o modelo significativo.

    precisamente o quinto aspecto (ganhos sociais e satisfao pessoal) o responsvel pela manuteno ou aumento na freqncia dos comportamentos imitativos.

    As consideraes a seguir, foram extradas de Carmo e Arajo (2009), com autorizao expressa dos autores:

    Mudana desenvolvimental na auto-estima. Quando entram na escola, as crianas comeam a se comparar com os colegas. Essa comparao s vezes mostra que elas no so to boas nos esportes, por exemplo, quanto achavam, ou queno so os melhores leitores da escola. Descobrem, ocasionalmente, que esto abaixo da mdia em algumas atividades

  • escolares. Essa percepo produz uma queda na auto-estima em relao queles aspectos nos quais esto em desvantagem.

    Alm disso, a auto-estima torna-se mais diferenciada com o passar dos anos. As crianas so capazes de se avaliar melhor medida que se desenvolvem e suas avaliaes so cada vez mais independentes dos outros. Conseqentemente, as crianas pequenas costumam ter taxas de auto-estima mais elevadas e mais consistentes. As taxasde crianas mais velhas so mais variveis. As crianas em idade escolar tm auto-estimas mltiplas, ligadas a reas especficas. Em todas as idades, muitas pessoas no se vem de maneira positiva. Algumas crianas so ambivalentes a respeito de si mesmas, outras se avaliam de forma negativa (autoconceito negativo).

    Fontes influenciadoras da auto-estima. A educao dada pelos pais tem um papel-chave no desenvolvimento da auto-estima da criana. As crianas tendem a se encarar de modo positivo quando os pais so afetuosos e se envolvem em suas atividades. No mundo todo, as crianas tm auto-estima mais elevada quando as famlias vivem em harmonia e os pais educam os filhos. A disciplina dos pais tambm se relaciona auto-estima. As crianas com auto-estima elevada geralmente possuem paisque fixam regras, mas tambm esto dispostos a discuti-las.

    Os pais que no estabelecem regras esto, na verdade, dizendo aos filhos que no se importam, que no os valorizam o suficiente para terem o trabalho de criar regras e controlar a obedincia a elas. Da mesma forma, os pais que se recusama discutir a disciplina com os filhos esto indiretamente dizendo: a sua opinio no importa para mim. Ao internalizar essas mensagens, as crianas esto construindo um autoconceito negativo, resultando em baixa auto-estima.

    Alm da influncia dos pais, os outros ambientes que as crianas frequentam, sobretudo a escola, tambm geram oportunidades para que elas faam comparaes sociais com os colegas. As rotinas dirias da classe do a cada estudante ocasies amplas de descobrir a situao de cada no grupo. Dessa forma, as crianas podem perceber como sovistas pelos colegas (como alunos talentosos ou pouco talentosos), fornecendo subsdios para a formao da auto-estimaacadmica.

    A idia bsica, ento, que a auto-estima das crianas baseia-se em como elas so vistas pelas pessoas que as cercam. Aauto-estima das crianas alta quando os outros a vem positivamente e baixa quando as vem negativamente.

    Conseqncias da baixa auto-estima. Crianas com baixa auto-estima correm o risco de apresentar muitos problemas desenvolvimentais. Elas so mais propensas a:

    Ter problemas com os colegas; Ter distrbios psicolgicos como depresso; Exibir comportamentos anti-sociais; Sair-se mal na escola.

    Contudo, a baixa auto-estima no apenas causa desses problemas, mas tambm causada por eles. As crianasque se desempenham mal na escola, com o tempo no conseguem acompanhar os demais colegas de turma,diminuindo sua auto-estima acadmica, sua autoconfiana e as probabilidades futuras de sucesso escolar. Torna-se, portanto, um crculo vicioso. O mesmo ocorre com os relacionamentos sociais, pois a inabilidade socialleva rejeio dos colegas, reduzindo a auto-estima e atrapalhando futuras interaes entre colegas.

    Relacionamentos com os colegas: Na escola, o contexto das relaes entre colegas muda drasticamente. Onmero de colegas aumenta e as crianas comeam a ser expostas a um conjunto mais diversificado de colegasdo que antes. Alm disso, a superviso dos adultos diminui consideravelmente, permitindo que a crianadesenvolva maior autonomia.

    Amizade. Na idade escolar, as crianas desenvolvem relacionamentos especiais com os colegas. A amizade umrelacionamento voluntrio entre duas pessoas envolvendo uma ligao mtua. Nessa fase, as amizades so maiscomuns entre crianas de mesmo sexo e idades prximas.

    As crianas e adolescentes aproximam-se porque tm atitudes similares em relao escola, diverso e aofuturo. Uma criana que gosta da escola, gosta de ler e planeja fazer faculdade, provavelmente no ficar amigode outra que acha que a escola idiota, gosta de assistir TV o dia todo e pretende sair da escola o mais rpidopossvel. medida que as amizades se fortalecem, as crianas tornam-se mais parecidas em suas atitudes evalores.

  • As amizades variam bastante em qualidade. s vezes, as amizades so breves porque as crianas tm ahabilidade de cri-las conhecem histrias engraadas, brincam com vrias crianas mas no tm a habilidadede mant-las no conseguem guardar segredo ou so muito autoritrias. Quando surgem conflitos, as amizadesmuitas vezes terminam, porque as crianas se concentram em seus prprios interesses e no se dispem anegociar ou porque descobrem que suas necessidades e interesses no so to semelhantes quanto haviampensado.

    Por vrias razes, ento, as amizades se desfazem. Diz-se, popularmente, que um amigo fiel um tesouro. Ascrianas que tm amigos possuem auto-estima mais elevada, so menos propensas solido e depresso eagem pr - socialmente com mais freqncia. Alm disso, as boas amizades ajudam a criana a enfrentar astenses a que esto sujeitas, como as transies entre os anos escolares.

    As amizades so, portanto, fonte de riquezas. Com os amigos as crianas aprendem e podem recorrer ao seuapoio em momentos de dificuldade.

    Comportamento pr-social. Definido como comportamento intencional, voluntrio, destinado a beneficiar outrapessoa (altrusmo). Os comportamentos pr-sociais so observados muito cedo, em crianas de dois a trs anos:ajudam, emprestam brinquedos, tentam consolar. Na idade escolar e na adolescncia, prestam assistncia fsica everbal. Consolar o outro parece ser mais comum entre os pr-escolares e iniciantes no ensino fundamental.Crianas altrustas so mais empticas e demonstram mais freqentemente emoes positivas.

    Popularidade e rejeio. A maioria das crianas pode ser classificada em cinco categorias:

    Crianas populares aquelas de que a maioria dos colegas gosta; Crianas rejeitadas aquelas de que a maioria dos colegas no gosta; Crianas controversas so tanto apreciadas quanto rejeitadas pelos colegas; Crianas mdias so apreciadas e rejeitadas por alguns colegas, mas em menor intensidade do que as crianas

    classificadas como populares, rejeitadas ou controversas; Crianas negligenciadas so ignoradas pelos colegas.

    As crianas mais inteligentes e fisicamente atraentes costumam ser mais populares. Contudo, o fator mais importante nadeterminao da popularidade so as habilidades sociais. Crianas populares so mais hbeis no estabelecimento de interaes sociais, na comunicao e integrao em uma conversa ou brincadeira em andamento. Usualmente, so mais propensas a compartilhar, cooperar e ajudar e menos propensas a iniciar brigas. J as crianas rejeitadas tendem a ser socialmente inbeis, agressivas, provocativas, possuem pouco autocontrole e sempre provocam tumultos na escola.

    Causas da rejeio. A influncia dos pais pode explicar parte da rejeio sofrida por seus filhos. As crianas imitam os comportamentos dos pais. Pais que so amigveis e cooperam com os outros demonstram habilidades sociais reais. Pais briguentos e hostis demonstram muito menos habilidades sociais.

    As prticas disciplinares tambm afetam as habilidades sociais e a popularidade dos filhos. A disciplina no-sistemtica e incoerente est associada a comportamentos anti-sociais e agressivos por parte das crianas. Estabelecer limites e regras coerentes demonstra a afeio dos pais, promove modelos reais de habilidades sociais.

    importante, portanto, que os professores e outros profissionais da rea da educao ensinem s crianas como estabelecer uma interao, como comunicar-se com clareza e como ser amigvel com os colegas. As crianas rejeitadas podem aprender habilidades que as levem aceitao dos colegas, evitando os danos a longo prazo associados rejeio.

    Agresso. O comportamento agressivo visa prejudicar, danificar ou ferir. As agresses fsicas so tpicas de crianas pequenas, enquanto que as crianas mais velhas preferem empregar a linguagem para expressar a agresso. Uma forma comum de agresso, principalmente entre meninas, a agresso relacional, na qual as crianas tentam ferir as outras prejudicando seus relacionamentos, por exemplo, espalhando boatos, ou insultam-se com xingamentos e expresses pblicas de desprezo.

    Entre os meninos, a agresso fsica bastante comum na idade escolar. Algumas crianas altamente agressivas se transformam em jovens que causam estragos sociedade.

  • Razes do comportamento agressivo. As primeiras experincias familiares constituem o principal treinamento para aprender padres de agresso. Pais e irmos desempenham papel fundamental no desenvolvimento do comportamento agressivo das crianas. Muitos pais usam o castigo fsico ou ameaas para deter o comportamento agressivo. O efeito imediato parar a agresso, mas o castigo fsico serve como um modelo para a criana, demonstrando de forma clara que a fora fsica funciona como um meio de controlar os outros.

    Contudo, apenas as reaes agressivas dos pais no so essenciais para tornar uma criana agressiva. Quando os pais so autoritrios, indiferentes e emocionalmente no envolvidos, os filhos tm maior propenso a desenvolver um padroagressivo de comportamento.

    Aps ser rotulada como agressiva, a criana tende a ser acusada de agresso e castigada mesmo quando se comporta bem. A criana agressiva ser acusada de tudo o que sair errado, sendo a m conduta de outras crianas prximas ignorada.

    Pesquisas mostram que bater em uma criana agressiva no costuma inibir a agresso por muito tempo. Como agir, ento? Desencoraj-la, ignorando-a ou castigando-a, mas encorajar e recompensar outras formas de comportamento social no agressivo. A criana deve ser elogiada por cooperar ao invs de agredir.

    Algumas crianas herdam uma tendncia impulsividade, a um temperamento irritvel ou a controlar mal o prprio comportamento. Essas caractersticas muitas vezes levam os pais a castigar essas crianas com mais violncia, o que as torna mais agressivas. Assim, tanto os pais quanto a criana contribuem para o crculo vicioso da agresso em escalada.

    Para resumir, o ciclo da agresso em geral comea cedo na vida da criana. Uma vez rotulada como agressiva, fatores ambientais podem lev-la quase inconscientemente a um caminho agressivo. Os castigos que os pais e professores aplicam tendem a aumentar a hostilidade da criana e servir como prova de que a agresso funciona. A criana pode, tambm, escolher companhias agressivas que encorajam ainda mais esse comportamento.

    Como fatores macrossociais favorecedores da agresso temos o desemprego, a pobreza, o racismo, a m distribuio de renda, a injustia social, a intolerncia religiosa etc. O conjunto desses fatores cria uma cultura de agresso e violncia.

    3.3.2 Desenvolvimento Cognitivo dos 06 aos 12 anos

    De acordo com Piaget (ver item 1.3.3.2 da Unidade 1), as crianas com idade variando entre 06 e 12 anos esto noestgio operacional concreto. A descrio das caractersticas dos estgios, no entanto, precisa ser contextualizada a fimde no gerar equvocos de interpretao. Em outras palavras, tentador supor, com base em Piaget, que as crianasescolares seguem um padro seqencial nico de aquisies cognitivas. A variabilidade, porm, um dos fatos maisconcretos que dispomos at o presente momento. E essa variabilidade est diretamente relacionada s experinciasproporcionadas na famlia, escola e outros ambientais freqentados pela criana.

    Outro fato concreto a diferenciao crescente quando comparamos o pensamento de crianas pr-escolares e opensamento de crianas escolares. Essa diferenciao pode ser resumida em termos de conquistas e refinamentos nasestratgias mentais, capacidade de representao mental, formas de solucionar problemas e de inferir causas.

    A seguir um resumo das conquistas principais. Quadro 6

    Habilidades Cognitivas em crianas de 06 a 12 anos de idade

    Habilidades Cognitivas Descrio

    Pensamento espacial Capacidade de orientao no espao; capacidade de seguir mapas, calcular distncias mentalmente, inferir o tempo necessrio para deslocar-se de um ponto a outro; capacidade de instruir outra pessoa a encontrar um objeto distante ou localizar um endereo

    Causa e efeito J so capazes de identificar os aspectos relevantesde uma situao que so determinantes na produo de um dado evento; porm, ainda no conseguem identificar os que no so relevantes.

  • Classificao

    Refinamento na capacidade de agrupar emcategorias, formar conjuntos e subconjuntos,identificar diferenas quantitativas e qualitativasem ter conjuntos e entre conjuntos e subconjuntos.

    Seriao e inferncia transitiva

    Capacidade de ordenar ou seqenciar objetos. Umrefinamento maior dessa capacidade apossibilidade de inserir um novo objeto em umaseqncia, na ordem correta. Por exemplo, diantede uma fila de objetos organizada do menor para omaior, a criana, ao receber um novo objeto,saber em que posio inseri-lo tendo critrio otamanho. J a inferncia transitiva a capacidadede julgar que se um objeto x maior que umobjeto y e este, por sua vez, maior que um objetoz, logo o objeto x tambm maior que z.

    Raciocnio indutivo e dedutivo

    No raciocnio indutivo, parte-se de observaesparticulares para se chegar a concluses gerais. Noraciocnio dedutivo, parte-se de premissas geraissobre uma classe para se chegar a conclusesparticulares acerca dos membros daquela classe.Embora Piaget tenha afirmado que as crianasescolares s utilizam o raciocnio indutivo, novaspesquisas sugerem que essas crianas conseguemutilizar ambas as formas de raciocnio.

    Conservao

    Capacidade de julgar que uma dada quantidadeno se alterou apesar das manipulaes realizadas.Por exemplo, 01 litro dgua ser sempre um litrodgua, independente de estar em um vasilhamecomprido e fino ou em um vasilhame largo ebaixo. H trs princpios envolvidos na habilidadede conservao: 1) identidade, ou capacidade deinferir que um objeto permanecer sendo elemesmo, apesar de sofrer deformaes; 2)reversibilidade, ou capacidade de inferir que umdado objeto pode voltar sua forma original, apssofrer deformao; 3) descentrao, ou capacidadede levar em contar diferentes aspectos em umatarefa de conservao. Notem que a converso uma habilidade complexa que pode sermanifestada sem manipulao concreta do objeto,ou seja, a criana capaz de julgar usando apenasobservao e raciocnio mental.

    Nmero e matemtica Capacidade de contar, somar e outras operaesbsicas.Fonte: Papalia et al (2007), com adaptaes dos autores.

    3.4 Consideraes finaisAo finalizarmos a Unidade 3 foi possvel compreender que a adolescncia a fase em que o indivduo est deixando deser criana e se acha buscando a identidade de adulto, novas emoes, ansiedades e problemas que sucedem, podendoconstituir situaes transitrias de perturbaes da personalidade, como tambm tornarem-se mais srios, de modo arequerer tratamento especfico dos pais ou de clnica psicolgica.

    Nessa Unidade, foram identificadas as principais caractersticas do desenvolvimento fsico-motor, cognitivo epsicossocial na faixa etria compreendida entre 06 e 12 anos de idade. Fizemos uma rpida viagem pela transio dodesenvolvimento na adolescncia, analisando sua conceituao, quando comea e quando termina, oportunidades eriscos acarretados por ela; alteraes fsicas e alteraes que afetam em termos psicolgicos; desenvolvimento docrebro e como isso afeta o comportamento; o pensamento e a linguagem e como se diferenciam da infncia.

  • 3.5 Estudos complementaresApresentamos a seguir algumas sugestes que podero enriquecer seus conhecimentos acerca das habilidades motoras eaprendizagens na Psicologia do Desenvolvimento e em especial a faixa etria compreendida entre 06 e 12 anos deidade.

    3.5.1 Saiba maisExistem diversos fatores que influenciam a atividade motora e podemos considerar que os pr-requisitos necessrios para a aprendizagem so dois tipos: biolgicos e psicolgicos.

    A aprendizagem da execuo de um instrumento musical, que caracterizada pela rea da percepo motora e cognitiva basicamente um processo psicolgico.

    Portanto, para que possamos refletir e aprofundar nosso conhecimento a respeito das habilidades motoras e aprendizagem de instrumentos musicais sugerimos a leitura do texto (disponvel em website), a seguir:

    GOHN, Daniel Marcondes. Auto-aprendizagem musical: alternativas tecnolgicas. So Paulo: Annablume/FAPESP, 2003. Originalmente apresentada como dissertao (Mestrado Escola de Comunicao e Artes da Universidade de SoPaulo, 2002). Disponvel em:

    http://books.google.com.br/books?id=mMe-NpOojrYC&pg=PA7&lpg=PA9&ots=UMjUenYvu-&dq=%22Gohn%22+%22Auto-aprendizagem+musical:+alternativas+tecnol%C3%B3gicas%22+&lr=#v=onepage&q=&f=false

    Acesso em: 04/10/09.

    3.5.2 Outras refernciasPara uma melhor compreenso da fase de desenvolvimento da Adolescncia (faixa etria compreendida entre 06 e 12 anos de idade), sugerimos a obra a seguir, que traz uma srie de informaes que sedimentaro os conhecimentos tratados na presente Unidade. Sugerimos consultar a parte 5 da literatura:

    PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. [Ttulo original: Human development]. Carla Filomena Marques Pinto Vercesi (Trad.); Dulce Catunda (Trad.) et. al. 10 ed. So Paulo: McGraw-Hill, 2009.

    Para aprofundar seus conhecimentos sobre as teorias abordadas na presente Unidade, sugerimos:

    BEE, Helen. A criana em desenvolvimento. [Ttulo original: The developing child]. Maria Adriana Verssimo Veronese (Trad.). 9 ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

    CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia e desenvolvimento humano. 4 ed. Petrpolis: Vozes, 2008.

    PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. [Ttulo original: Six tudes de psychologie]. Maria Alice Magalhes Damorim (Trad.). 24 ed. rev. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2009.

    VYGOTSKY, Lev Seminovich. Pensamento e linguagem. 3 ed. So Paulo: Martins Fontes, 2005.

    3.5.3 Referncias bibliogrficasBARROS, Clia Silva Guimares. Pontos de psicologia do desenvolvimento. 6 ed So Paulo: tica, 1991.

    BEE, Helen. A criana em desenvolvimento. [Ttulo original: The developing child]. Maria Adriana VerssimoVeronese (Trad.). 9 ed. Porto Alegre: Artmed, 2003

    BEE, Helen. O ciclo vital. [Ttulo original: Lifespan development]. Regina Garcez (Trad.). Porto Alegre: ArtesMdicas, 1997.

    BOCK, Ana Mercs Bahia. Psicologias: uma introduo ao estudo de psicologia. 13 ed. So Paulo: Saraiva, 2005.

    CORIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. Joo Guizzo (Ed.). 2 ed. So Paulo: tica, 2007.

  • PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. [Ttulo original:Human development]. Carla Filomena Marques Pinto Vercesi (Trad.); Dulce Catunda (Trad.) et. al. 10 ed. So Paulo:McGraw-Hill, 2009.

    PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. [Ttulo original: Six tudes de psychologie]. Maria Alice MagalhesDamorim (Trad.). 24 ed. rev. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2009.

    VYGOTSKY, Lev Seminovich. Pensamento e linguagem. 3 ed. S