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LORENA MARQUES FERREIRA DE SENA EFEITO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE COLAGEM DE BRÁQUETES ORTODÔNTICOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO ESMALTE E NO GRAU DE CONVERSÃO DOS MONÔMEROS NATAL/RN 2018 www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol [email protected] 55-84-3342-2338 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

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LORENA MARQUES FERREIRA DE SENA

EFEITO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE COLAGEM DE BRÁQUETES

ORTODÔNTICOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO ESMALTE E NO GRAU DE

CONVERSÃO DOS MONÔMEROS

NATAL/RN

2018

www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol [email protected] 55-84-3342-2338

CENTRODECIÊNCIASDASAÚDEPROGRAMADEPÓS-GRADUAÇÃOEMSAÚDECOLETIVA

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LORENA MARQUES FERREIRA DE SENA

EFEITO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE COLAGEM DE BRÁQUETES

ORTODÔNTICOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO ESMALTE E NO GRAU DE

CONVERSÃO DOS MONÔMEROS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para a obtenção do título de Doutora em

Saúde Coletiva com área de concentração em

Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Othávio de Assunção e Souza.

Natal/RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - ­Departamento de Odontologia

Sena, Lorena Marques Ferreira de.

Efeito de diferentes estratégias de colagem de bráquetes

ortodônticos na resistência de união ao esmalte e no grau de

conversão dos monômeros / Lorena Marques Ferreira de Sena. - 2018.

59f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Othávio de Assunção e Souza.

Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2018.

1. Adesividade - Tese. 2. Esmalte dentário - Tese. 3.

Braquetes - Tese. I. Souza, Rodrigo Othávio de Assunção e. II.

Título.

RN/UF/BSO BLACK D121

Elaborado por MONICA KARINA SANTOS REIS - CRB-15/393

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DEDICATÓRIA

“À minha família, instituição base da minha vida, em especial

aos meus pais, que sempre acreditaram na educação como meio de transformação e crescimento; ao meu marido Pedro, que, com todo

carinho e apoio, não mediu esforços para que eu chegasse até aqui; e ao meu filho, João Pedro, razão da minha vida”.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força constante.

A toda minha família, sem exceção, que, morando perto ou longe, consegue tornar meus

dias mais leves e divertidos, sobretudo aos meus irmãos, Wilkie e Renata, pelo carinho e

apoio constantes.

Ao meu orientador, prof. Rodrigo Othávio, pelos ensinamentos, conselhos, “puxões de

orelha”, pelo esforço contínuo para incluir a Ortodontia nos meus trabalhos e pela

oportunidade de abrir meus horizontes na pesquisa científica. Toda minha admiração por

sua generosidade, dedicação e, acima de tudo, competência.

Aos amigos e colegas que me acompanharam ao longo do doutorado, pelos momentos de

cumplicidade e agradáveis trocas de experiência: Taciana, Isabele, Aretha, Ana Beatriz,

Arthur, Ana Clara, Giovana, Luisa, Gabriela, Rafaela, Amanda, Sarah e Karina e, em

especial, Dayanne e Itanielly, que me apoiaram incondicionalmente durante a fase mais

delicada, minha gestação.

À Helga Adachi, Mutlu Ozcan e Sergei Rabelo, que estiveram ao meu lado, além do prof.

Rodrigo Othávio, durante a construção deste trabalho.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFRN, pela

formação científica e pedagógica, de modo especial a Patrícia, Bruno, Sergei e Boniek.

Todos estes, de alguma maneira, deixaram profundas e valiosas contribuições na minha

formação pessoal e profissional.

À professora Hallissa, que sempre esteve ao meu lado, desde o mestrado, colaborando com

sua sensatez, apoio e motivação, seja qual fosse o meu caminho.

À coordenação e ao secretário do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da

UFRN, pela solicitude no desempenho de suas funções.

Às bibliotecárias, pelo auxílio técnico na revisão e formatação do texto.

Aos funcionários do Departamento de Odontologia da UFRN, que contribuíram

indiretamente para a realização deste trabalho e de tantos outros, em particular a

Jaque, pela paciência e pelos momentos de descontração.

Aos professores Sergei e Marília, pelas valiosas contribuições durante o meu exame de

Qualificação.

Às professoras Hallissa, Patrícia, Ana Cláudia e Carmen, membros da banca, pela

disponibilidade em contribuir para o enriquecimento deste trabalho.

À CAPES, pelo apoio financeiro concedido durante uma parte do curso.

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“Quanto mais aumenta nosso conhecimento,

mais evidente fica nossa ignorância.”

(John F. Kennedy)

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RESUMO

Objetivo: Avaliar o efeito de diferentes tratamentos de superfície na resistência de união de

bráquetes metálicos colados ao esmalte e no grau de conversão dos agentes de colagem,

utilizando diferentes protocolos de polimerização. Metodologia: Cento e vinte coroas

dentárias de incisivos bovinos foram incluídas em blocos de resina acrílica, lixadas e

distribuídas aleatoriamente em 12 grupos. Em seguida, bráquetes metálicos foram colados no

esmalte planificado de acordo com os fatores “tratamento de superfície” (A-ácido fosfórico,

ATxt-ácido fosfórico+primer Transbond XT®/3M, Tse-Transbond Plus Self Etching

Primer®/3M e SBU-Single Bond Universal®/3M) e “polimerização” (R20-Radii-Cal®/20

segundos, V20-Valo Cordless®/20 segundos e V3-Valo Cordless®/3 segundos). As amostras

foram armazenadas por 6 meses (água, 370C) e, depois, submetidas ao ensaio de resistência de

união cisalhamento (RUC), 300KgF, 1mm/min. Utilizando os mesmos protocolos do ensaio

anterior, 120 discos de resina foram confeccionados para análise do grau de conversão (GC).

Os dados da RUC (MPa) e do GC (%) foram analisados pelo ANOVA (2 fatores) e Teste de

Tukey (5%). As falhas foram classificadas de acordo com o Índice Remanescente Adesivo

(IRA) e avaliadas através dos testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney (5%). Resultados: Para

a RUC, os fatores “polimerização” (R20=8,146B; V20=13,271A; V3=5,26C, p=0.0001) e

“tratamento de superfície” (A=3,18C; ATxt=13,63A; Tse=12,38A; SBU=6,37B, p=0.0001)

mostraram-se estatisticamente significantes. Os maiores valores de adesão foram encontrados

para o grupo ATxtV20 (22,298A) e os menores, para o grupo AR20 (1,27E). Quanto ao IRA, o

escore 2 foi o mais prevalente nos grupos A, ATxt, V20 e V3, enquanto que o escore 4 foi o

mais prevalente nos grupos Tse, SBU e R20, sem diferença significante entre eles (p=1,0). No

que diz respeito ao GC, os fatores “polimerização” (R20=66,67A; V20=58,48B; V3=45,12C,

p=0.0001) e “tratamento de superfície” (A=52,01B, ATxt=59,71A, Tse=51,47B, SBU=63,84A,

p=0.0001) mostraram-se estatisticamente significantes. Conclusões: O Tse mostrou-se mais

sensível às variações nos protocolos de polimerização do que os outros tratamentos de

superfície. Já o tratamento A não apresentou valores de RUC e GC adequados para a colagem

de bráquetes metálicos ao esmalte.

Palavras-chave: Adesividade. Esmalte Dentário. Braquetes.

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ABSTRACT

Objective: To evaluate the effect of different surface treatments and polymerization protocols

on the bond strength of brackets to enamel, and the degree of conversion of the bonding

agents. Methods: 120 bovine crowns were embedded in acrylic resin blocks and sanded.

Next, the blocks were randomly assigned into 12 groups. Metal brackets were bonded to

enamel according to the "surface treatment" factor (A: Phosphoric Acid; ATxt: Phosphoric

Acid + Transbond XT Primer®; Tse: Transbond Plus Self Etching Primer®; and SBU:

Scotchbond Universal®) and "polymerization" factor (R20: Radii-Cal®/20 seconds; V20: Valo

Cordless®/20 seconds; and V3: Valo Cordless®/3 seconds). All samples were stored for 6

months (water, 37ºC) and then subjected to a shear bond strength test (SBS). Using the same

factors, 120 resin discs were made to assess the degree of conversion (DC) of the monomer.

Data from the SBS (MPa) and DC (%) were analyzed by analysis of variance (2 factors) and

Tukey's test (5%). Bond failures were classified according to the Adhesive Remnant Index

(ARI) and analyzed with the Kruskal-Wallis and Mann-Whitney tests (5%). Results: For the

SBS, the factors "polymerization" (R20=8.1B; V20=13.2A; V3=5.2C, p=0.0001) and “surface

treatment” (A=3.1C; ATxt=13.6A; Tse=12.3A; SBU=6.3B, p=0.0001) were statistically

significant among groups. The highest adhesion value were found for the ATxtV20 group

(22.2A) and the lowest value for the A/R20 group (1.2E). Regarding ARI, score 2 was the most

prevalent in groups A, ATxt, V20 and V3, while score 4 was the most prevalent in the Tse,

SBU and R20 groups, with no significant difference between them (p=1.0). Regarding DC,

the factors "polymerization" (R20=66.6A; V20=58.4B; V3=45.1C, p=0.0001) and "surface

treatment" (A=52B, ATxt=59.7A, Tse=51.4B, SBU=63.8A, p=0.0001) were statistically

significant. Conclusions: Tse was more sensitive to the variations in polymerization protocols

than the other surface treatments. Treatment A did not present suitable bond strength or

degree of conversion.

Key words: Adhesiveness. Enamel. Brackets.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Inclusão das coroas bovinas em resina acrílica utilizando um molde de

silicone industrial.............................................................................................................

21

Figura 2 – Fluxograma indicando os tratamentos de superfície e protocolos de

polimerização realizados durante a colagem de bráquetes..............................................

22

Figura 3 – Corpo de prova utilizado no ensaio de RUC.................................................. 23

Figura 4 – Corpo de prova utilizado no ensaio de GC.................................................... 25

Figura 5 – Confecção da amostra do ensaio de GC......................................................... 25

Figura 6 – Valores de resistência de união (MPa) ± desvio-padrão, segundo os fatores

“tratamento de superfície” (A, ATxt, Tse, SBU) e “polimerização” (R20, V20,

V3).................................................................................................................................... 30

Figura 7 – Imagem do bráquete (a) e do esmalte (b) em estereomicroscópio (25x),

ilustrando o escore 2 (mais de 90% de resina no esmalte).............................................. 31

Figura 8 - Imagem do bráquete (a) e do esmalte (b) em estereomicroscópio (25x),

ilustrando o escore 3 (mais de 10% e menos de 90% de resina no

esmalte)............................................................................................................................ 32

Figura 9 - Imagem do bráquete (a) e do esmalte (b) em estereomicroscópio (25x),

ilustrando o escore 4 (menos de 10% de resina no esmalte)........................................... 32

Figura 10 – Imagens de MEV mostrando os tipos de falha presentes neste estudo: (a)

escore 2, (b) escore 3 e (c) escore 4................................................................................. 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultado da análise de variância para os fatores “polimerização” e

“tratamento de superfície” de acordo com a resistência de união (*p<0,05)...................

28

Tabela 2 – Valores de resistência de união (MPa) segundo os fatores “tratamento de

superfície” e “polimerização” (n=10). Teste de Tukey (p<0,05).....................................

29

Tabela 3 – Distribuição dos escores do IRA após o teste de resistência de união ao

cisalhamento por exposição (n,%)...................................................................................

31

Tabela 4 - Resultado da análise de variância para os fatores “polimerização” e

“tratamento de superfície” de acordo com o grau de conversão (*p<0,05).....................

33

Tabela 5 – Valores do grau de conversão (%) segundo os fatores “tratamento de

superfície” e “polimerização” (n=10). Teste de Tukey (p<0,05)……………………....

34

Tabela 6 – Potência das unidades fotopolimerizadoras de acordo com o fabricante e

com a aferição no radiômetro..........................................................................................

35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………. 10

2 REVISÃO DE LITERATURA………………………………................ 12

2.1 SISTEMAS ADESIVOS AUTO CONDICIONANTES VERSUS

CONVENCIONAIS………........................................................................

12

2.2 CONDICIONAMENTO ÁCIDO DO ESMALTE SEM ADESIVO......... 14

2.3 FOTOPOLIMERIZAÇÃO DE ALTA INTENSIDADE............................ 15

3 OBJETIVOS.............................................................................................. 19

3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................... 19

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................... 19

4 MÉTODO.................................................................................................. 20

4.1 MATERIAIS............................................................................................... 20

4.2 RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO CISALHAMENTO (RUC)................... 21

4.3 ANÁLISE DO TIPO DE FALHA.............................................................. 24

4.4 GRAU DE CONVERSÃO (GC)................................................................ 24

4.5 POTÊNCIA DAS UNIDADES FOTOPOLIMERIZADORAS................. 27

4.6 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................ 27

5 RESULTADOS......................................................................................... 28

5.1 PODER DA AMOSTRA............................................................................ 28

5.2 RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO CISALHAMENTO............................... 28

5.3 ANÁLISE DO TIPO DE FALHA.............................................................. 30

5.4 GRAU DE CONVERSÃO......................................................................... 33

5.5 POTÊNCIA DAS UNIDADES FOTOPOLIMERIZADORAS................. 35

6 DISCUSSÃO.............................................................................................. 36

7 CONCLUSÕES......................................................................................... 42

REFERÊNCIAS........................................................................................ 43

APÊNDICE................................................................................................ 48

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1 INTRODUÇÃO

A Ortodontia, assim como as demais áreas da Odontologia, tem evoluído

consideravelmente nas últimas décadas, a fim de aumentar a eficiência de aspectos como

planejamento e diagnóstico (WANG; RANDAZZO, 2016), desempenho clínico (TAKAKI et

al., 2010) e conforto do paciente (GOSWAMI et al., 2014; OZ et al., 2016). Dentre os fatores

capazes de influenciar o desempenho clínico, destacam-se características como desenho e tipo

do bráquete (SONGRA et al., 2014), composição dos fios ortodônticos (BELLINI et al.,

2016) e, em especial, algumas propriedades das resinas e sistemas adesivos utilizados durante

a colagem de bráquetes (DOMINGUEZ et al., 2013; MOHAMMED et al. 2016). Isto porque

falhas de adesão entre o bráquete e o esmalte dental comprometem o sucesso do tratamento

ortodôntico e são dispendiosas em termos de tempo, material e conveniência do paciente

(MANDALL et al., 2002; GOSWAMI; MITALY; ROY, 2014).

A colagem de bráquetes ao esmalte é um procedimento de rotina na Ortodontia e

costuma seguir o protocolo de condicionamento ácido proposto por Buonocore (1955), no

qual a superfície de esmalte é modificada com ácido fosfórico a 37% para que fique mais

receptiva à adesão. Há alguns anos, tem-se destacado o uso de sistemas adesivos auto

condicionantes (passo único), embora a utilização de ácido fosfórico previamente à aplicação

do adesivo (sistema convencional) ainda seja o método mais utilizado (GRÜNHEID;

LARSON, 2014). Além da simplificação de passos, com consequente redução do tempo

clínico e maior padronização na execução dos procedimentos, os auto condicionantes trazem

como vantagens adicionais maior tolerância à umidade (GOSWAMI et al., 2014) e possíveis

propriedades antimicrobianas decorrentes de monômeros adesivos presentes em sua

composição (ESTEVES et al., 2010). Diante disto, vários trabalhos (SANTOS et al., 2006;

YADALA et al., 2015) têm sido propostos com o intuito de comparar a resistência adesiva

dos auto condicionantes a dos adesivos convencionais (com condicionamento ácido prévio do

esmalte).

Por outro lado, estudos recentes têm proposto avaliar a adesão de bráquetes metálicos

ao esmalte dental somente com condicionamento ácido, sem a utilização posterior do adesivo

(BAZARGANI, 2016; ALTMANN et al., 2016), pois parece consenso na literatura que uma

força de adesão mínima (6 a 8 MPa) é suficiente nestes casos (REYNOLDS, 1975), tendo em

vista que uma resistência adesiva muito elevada pode aumentar o risco de fratura do esmalte e

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danos a polpa durante a remoção dos bráquetes (EKHLASSI et al., 2011; LOWDER;

FOLEY; BANTING, 2008).

Outro fator que pode influenciar os valores de resistência adesiva ou do grau de

conversão dos monômeros é o protocolo de polimerização (AMATO et al., 2014; PINTO et

al., 2011; NOJIRI et al., 2015). Atualmente, o mercado tem disponibilizado uma infinidade

de aparelhos fotopolimerizadores, os quais variam entre si a intensidade de luz (potência) e o

tempo de polimerização (MCCUSKER et al., 2013). É o caso do Valo Cordless®/Ultradent,

unidade do tipo LED (diodo emissor de luz) que inclui um modo xtra power, no qual, de

acordo com o fabricante, são fornecidos 3200mW/cm2. Por causa dessas ondas de luz de alta

intensidade, tem sido indicado por alguns autores (WARD et al., 2015; OZ; OZ; ARICI,

2016) para polimerizar materiais adesivos durante a colagem de bráquetes em 3 ou 6

segundos. As unidades fotopolimerizadoras convencionais emitem intensidades de luz em

torno de 1000 a 1250 mW/cm² e são adequadas para utilização quando se trabalha com o

tempo 20 segundos por aplicação (OZ; OZ; ARICI, 2016).

Assim, com base na literatura científica, é notória a ampla diversidade de protocolos e

procedimentos clínicos para colagem de bráquetes ortodônticos, o que dificulta a tomada de

decisão por parte do profissional. Além disso, a literatura não dispõe de estudos que

comparem diferentes tratamentos da superfície de esmalte durante a colagem de bráquetes

metálicos associados à utilização de unidades fotopolimerizadoras de elevada intensidade por

períodos curtos de polimerização.

Portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de diferentes tratamentos de

superfície na resistência de união de bráquetes metálicos colados ao esmalte, no índice

remanescente adesivo e no grau de conversão dos agentes de colagem, utilizando diferentes

protocolos de polimerização. As hipóteses testadas foram: (1) o tratamento de superfície

influencia a resistência adesiva de bráquetes metálicos colados ao esmalte; (2) o protocolo de

polimerização influencia a resistência adesiva de bráquetes metálicos colados ao esmalte; (3)

o tratamento de superfície influencia o grau de conversão dos agentes de colagem; e (4) o

protocolo de polimerização influencia o grau de conversão dos agentes de colagem.

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12

2 REVISÃO DE LITERATURA

A construção desta revisão de literatura foi realizada com o auxílio de buscas

eletrônicas nas bases de dados Pubmed, Science Direct e Google Acadêmico, nas quais foram

pesquisados artigos apenas na língua inglesa e publicados nos últimos doze anos, combinando

de diferentes modos as seguintes palavras-chaves: transbond, shear, bond strength, degree

conversion, bracket, self etching, valo, light curing. Após a remoção das duplicatas, os títulos

e resumos foram lidos e aqueles artigos que apresentavam conformidade com o tema foram

selecionados para leitura na íntegra. Depois disso, os principais artigos sobre cada tópico

foram incluídos na revisão.

2.1 SISTEMAS ADESIVOS AUTO CONDICIONANTES VERSUS CONVENCIONAIS

Os sistemas adesivos auto condicionantes são agentes de colagem de sexta geração

desenvolvidos com a finalidade de eliminar as etapas de condicionamento ácido, enxágue e

secagem, que podem revelar-se críticas e difíceis de padronizar em condições operacionais

por causa da instabilidade da matriz desmineralizada. Seu uso tem crescido expressivamente,

pois a execução de um único passo pode representar não só economia de tempo, mas também

maior eficácia para o profissional, e, indiretamente, para o paciente (YADALA et al., 2015).

Neste prisma de abordagem, Santos et al. (2006) avaliaram durante um período de 6

meses o desempenho clínico do sistema adesivo auto condicionante Transbond Plus Self

Etching Primer®/3M em comparação com o sistema adesivo convencional Primer Transbond

XT®/3M associado ao condicionamento ácido prévio do esmalte. Um único operador colou

567 bráquetes metálicos em 30 pacientes de 12 a 18 anos de idade, utilizando a técnica

straight-wire, de modo que dentes homólogos do mesmo arco recebessem materiais

diferentes. As taxas de falha do sistema auto condicionante e do sistema convencional foram

7,4% e 10,6%, respectivamente (p<0,0001). Os autores concluíram que o sistema Transbond

Plus Self Etching Primer® pode ser satisfatoriamente utilizado durante a colagem de

bráquetes ortodônticos.

Já Yuasa et al. (2010) acompanharam os efeitos de dois anos de armazenamento e

6000 ciclos de termociclagem na resistência de união ao cisalhamento de dois sistemas

adesivos auto condicionantes (Transbond Plus Self Etching Primer® e Beauty Ortho Bond®)

e um convencional (Transbond XT®). Para a colagem dos bráquetes, os pesquisadores

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utilizaram 126 pré-molares humanos, divididos igualmente para cada tipo de adesivo e, em

seguida, subdivididos de acordo com o tipo de armazenamento (T1: 24 horas em saliva

artificial; T2: 2 anos em saliva artificial; e T3: 6000 ciclos de termociclagem entre 5 e 55ºC).

A resistência de união ao cisalhamento foi testada em uma máquina de ensaios universal. O

índice remanescente adesivo (IRA) também foi avaliado. O ANOVA (2 fatores) mostrou que

o agente adesivo afetou significativamente os valores de resistência de união (p=0,000). As

amostras coladas com Beauty Ortho® produziram valores menores (7,4 MPa) do que aquelas

coladas com Transbond XT® (9,8 MPa) ou Transbond Plus Self Etching Primer® (9,1 MPa).

O método de armazenamento não foi um fator estatisticamente significativo (p=0,408).

Através da análise qui-quadrado, os escores do IRA mostraram que Transbond XT® e Beauty

Ortho Bond® apresentaram menos adesivo remanescente nos dentes após o envelhecimento,

em comparação com o armazenamento por 24 horas. Os autores destacaram que ambos os

sistemas auto condicionantes originaram valores aceitáveis de resistência de união, seja após 2

anos de armazenamento em saliva ou 6000 ciclos de termociclagem.

No mesmo sentido, Yadala et al. (2015) compararam a resistência adesiva de

bráquetes metálicos utilizando três sistemas adesivos auto condicionantes (Adper Prompt

Self-Etching®/3M; Xeno III Self-Etching®/Dentsply; Transbond Plus Self Etching

Primer®/3M) e um convencional (Primer Transbond XT®/3M) por meio de um estudo in

vitro. Os autores utilizaram uma amostra de 60 pré-molares superiores humanos (n=15)

incluídos em blocos de resina acrílica, após 24 horas de armazenamento em água destilada à

temperatura ambiente, para realizar o ensaio de cisalhamento (1mm/min.). Ao final,

concluíram que não houve diferença significativa entre os quatro grupos experimentais

(p=0.207) e que todos eles mostraram valores de adesão clinicamente aceitáveis.

Fleming, Johal e Pandis (2012), por sua vez, realizaram uma revisão sistemática com o

objetivo de comparar os sistemas convencional e auto condicionante com relação às taxas de

falha e ao tempo gasto durante a colagem. Os autores buscaram nas bases de dados Medline,

Embase e Cochrane, sem restrição de língua, ensaios clínicos controlados e randomizados que

comparassem diretamente os dois sistemas, incluindo somente estudos nos quais os pacientes

apresentavam aparelhos colados e não bandados, arcos completamente colados e período de

acompanhamento de, no mínimo, 12 meses. Ao final, foram incluídos 5 estudos na síntese

quantitativa, com heterogeneidade clínica e estatística relativamente baixas, totalizando 1721

bráquetes colados com o sistema convencional e 1723, com a técnica auto condicionante. A

metanálise dos estudos sugeriu maior probabilidade de falhas com os auto condicionantes,

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14

embora a diferença não apresente significância estatística (odds ratio, 1,35; IC 95%, 0,99-

1,83). Com relação ao tempo, uma economia estatisticamente significativa foi associada a este

sistema (diferença média, 23,2 segundos por bráquete; IC 95%, 20,7-25,8; p<0,001). Os

autores concluíram que há evidências fracas indicando maior probabilidade de falhas com o

uso dos auto condicionantes, porém há fortes evidências de que seu uso resultará em uma

economia de tempo modesta (8 minutos para a colagem total).

2.2 CONDICIONAMENTO ÁCIDO DO ESMALTE SEM ADESIVO

O adesivo costuma ser usado como parte do processo de colagem com compósito

fotopolimerizável. Seu objetivo principal é a penetração da superfície do esmalte para

melhorar a eficácia da adesão final (NANDHRA et al., 2015). Contudo, de acordo com alguns

autores (BAZARGANI, 2016; ALTMANN et al., 2016), pode ser evitado durante a colagem

de bráquetes sem provocar alterações significativas na adesão ao esmalte, representando uma

redução no custo dos materiais, economia de tempo (BAZARGANI; JACOBSON;

LENNARTSOON, 2012) e até diminuição do risco de exposição ocupacional aos

componentes não polimerizados do adesivo, que está associado ao desenvolvimento de

dermatoses (BAZARGANI, 2016).

Face ao exposto, Nandhra et al. (2015) avaliaram a performance clínica de bráquetes

colados diretamente ao esmalte, com e sem aplicação de adesivo, após o condicionamento

ácido. Através de um ensaio clínico controlado, noventa e dois pacientes necessitando de

tratamento ortodôntico foram alocados aleatoriamente nos grupos controle (com adesivo) ou

experimental (sem adesivo) e as taxas de falha clínica dos incisivos, caninos, pré-molares e

primeiros molares foram acompanhadas por um período de 12 meses. A taxa de falha para o

grupo controle foi de 11,1% e para o experimental, 15,8%, sem diferença estatisticamente

significativa entre eles (odds ratio 0,95-2,25; p=0,08). Os pesquisadores destacaram como

limitação do estudo o fato de que o mesmo foi desenvolvido para comparar os grupos ao nível

de significância de 5%, no entanto mudanças de 2% nas taxas de falha podem ser

consideradas clinicamente significativas.

Algum tempo depois, Bazargani (2016) realizou um ensaio clínico controlado com 50

pacientes que necessitavam de tratamento ortodôntico fixo nas duas arcadas. Em cada

paciente, dois quadrantes diagonais (ex. superior direito e inferior esquerdo) foram

aleatoriamente designados como grupo controle e a colagem dos bráquetes ocorreu após o

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condicionamento ácido do esmalte e aplicação do sistema adesivo. Os quadrantes diagonais

contralaterais (ex. superior esquerdo e inferior direito) foram designados como grupo

experimental e tiveram os bráquetes colados sem a utilização do adesivo após o

condicionamento ácido do esmalte. Todas as falhas de colagem ocorridas entre 2012 e 2014

foram registradas por um avaliador cego. A taxa de falha sem o uso do adesivo foi de 5,5% e

com, de 3,1% (p=0.063). Pacientes mais jovens apresentaram taxas de falha

significativamente mais elevadas: 12,1% no grupo experimental e 4,1% no grupo controle

(p<0,001). Os autores concluíram que a colagem de bráquetes Victory Series®/3M com

Transbond XT®/3M com ou sem adesivo parece funcionar igualmente bem no ambiente

clínico, exceto em pacientes jovens.

Na mesma perspectiva, Altmann et al. (2016) realizaram uma revisão sistemática com

o objetivo de determinar se a aplicação do sistema adesivo aumenta a resistência de união

imediata de bráquetes metálicos colados com uma resina ortodôntica fotopolimerizável. Os

autores incluíram somente estudos in vitro, nos quais foram comparados os grupos controle

(com adesivo) e experimental (sem adesivo) através do ensaio de cisalhamento. Nove estudos

foram incluídos na análise. Devido à grande heterogeneidade dos resultados, uma metanálise

foi realizada. Os autores concluíram que a aplicação do sistema adesivo pode ser dispensada

durante a colagem de bráquetes metálicos ao esmalte.

2.3 FOTOPOLIMERIZAÇÃO DE ALTA INTENSIDADE

Um diodo emissor de luz (LED) é uma unidade que emite luz de comprimento de onda

azul para ativar o mecanismo de polimerização da resina. Recentemente, foram introduzidos

na prática odontológica os LEDs de terceira geração, com a proposta de garantir maior

efetividade no que diz respeito ao tempo de polimerização (LEE et al., 2016). Diante disto,

diversos autores se propuseram a analisá-los (WARD et al., 2015; AMATO et al., 2014) ou

compará-los a modelos de gerações anteriores (OZ et al., 2016), durante a colagem de

bráquetes.

É o caso de Oz, Oz e Arici (2016), que realizaram um estudo com o objetivo de

comparar as taxas de falha clínica e a resistência adesiva in vitro de bráquetes metálicos

colados com diferentes tipos de LED (diodo emissor de luz) e tempos de polimerização. Um

total de 40 pacientes foram incluídos no estudo com desenho split-mouth. No grupo 1, a

fotopolimerização foi realizada com a unidade Elipar S10®/3M durante 10 segundos. No

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grupo 2, com a unidade Valo Ortho®/Ultradent durante 3 segundos. As taxas de falha durante

12 meses de tratamento foram registradas. O desempenho in vitro dos bráquetes foi

comparado através de bráquetes colados a pré-molares extraídos, utilizando as mesmas

unidades fotopolimerizadoras e os mesmos tempos de polimerização do ensaio clínico. Após

24 horas de armazenamento em água destilada a 37ºC, 20 amostras por grupo foram

submetidas ao ensaio de cisalhamento em uma máquina de ensaios universal a 1 mm/min. O

IRA foi utilizado para determinar a interface da falha de colagem. A taxa de falha clínica para

o Elipar S10® foi de 2,9% e para o Valo Ortho®, 3,16%, sem diferença estatisticamente

significativa entre os grupos (p>0,05). A resistência adesiva apresentada pelo Elipar S10® foi

9,80 ± 4,27 MPa e pelo Valo Ortho®, 11,43 ± 3,56 MPa, também sem diferença

estatisticamente significativa entre os grupos (p>0,05).

Com intuito semelhante, Ward et al. (2015) avaliaram o desempenho clínico de

bráquetes polimerizados com um aparelho do tipo LED de alta intensidade por um curto

período de tempo. Trinta e quatro pacientes e um total de 680 bráquetes foram examinados

usando um desenho randomizado split-mouth. Os quadrantes superior esquerdo e inferior

direito foram polimerizados por 6 segundos com uma aparelho de luz LED de alta intensidade

(Valo Ortho®, 3200 mW/cm2), enquanto que os quadrantes superior direito e inferior

esquerdo foram polimerizados por 20 segundos com um aparelho de luz LED de intensidade

padrão (Valo Ortho®, 1200 mW/cm2). O número e data em que cada bráquete falhou a

primeira vez foram registrados de 199 a 585 dias após o tratamento. A taxa de falha dos

bráquetes foi de 1,18% para ambos os protocolos de polimerização (p=1,000). A proporção

das taxas de falha não foi significativamente diferente entre os sexos (p=1,000), arcos

(p=0,725), lados (p=0,725) ou quadrantes (p=0,547). Dentes posteriores exibiram maior

proporção de falhas (2,21%) em relação aos dentes anteriores (0,49%), embora sem diferença

estatisticamente significante (p=0,065). De acordo com os pesquisadores, ambos os

protocolos mostraram taxas de falha de adesão baixas o suficiente para serem consideradas

clinicamente aceitáveis, sendo que os aparelhos de alta intensidade e reduzido tempo de

polimerização podem ser considerados vantajosos devido ao tempo diminuído de cadeira.

No trabalho de Cerekja e Cakirer (2011), os autores testaram a hipótese de que tempos

curtos de polimerização usando um LED de alta intensidade ou uma luz halógena de alta

potência não estão associados ao comprometimento da resistência de união ao cisalhamento

(RUC) de bráquetes metálicos colados ao esmalte, antes e depois de sofrer termociclagem.

Para isto, duzentos e quarenta pré-molares humanos extraídos foram divididos em seis grupos

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de 40 cada. Os bráquetes foram colados usando o compósito fotopolimerizável Transbond

XT®, sendo que, no grupo 1, utilizou-se uma luz de halógena convencional (Hilux®, 800

mW/cm2) durante 40 segundos; nos grupos 2, 3 e 4, uma luz halógena de alta potência (Swiss

Master®, 3000 mW/cm2) por 2, 3 e 6 segundos, respectivamente; e nos grupos 5 e 6, um LED

de alta intensidade (Bluephase®, 1200 mW/cm2) por 10 e 20 segundos, respectivamente.

Depois da colagem, somente metade das amostras de cada grupo foi termociclada, porém

todas elas foram submetidas ao ensaio de cisalhamento. Após a descolagem, as bases dos

bráquetes e as superfícies do esmalte foram analisadas para a classificação do índice

remanescente adesivo (IRA). A análise de variância (2 fatores) detectou diferenças

significativas nos valores de RUC no que diz respeito ao método de polimerização (tipo de

fotopolimerizador e tempo) (p=0.0001) e termociclagem (p=0.01). O teste de Tukey mostrou

que, com ou sem termociclagem, os valores médios de RUC nos grupos 1, 4, 5 e 6 não foram

significativamente diferentes, enquanto que o grupo 2 apresentou valores menores. O local de

falha predominante para os grupos 2 e 3 foi entre o bráquete e o adesivo, e para os grupos 4, 5

e 6 foi na interface dente/adesivo. De acordo com os autores, o tempo de polimerização pode

ser reduzido para 6 segundos com a luz halógena de alta potência e para 10 segundos com o

LED de alta intensidade, sem comprometer a RUC in vitro de bráquetes metálicos colados ao

esmalte.

A fim de avaliar a influência da potência e tempo de polimerização sobre o grau de

conversão e microdureza superficial de três compósitos ortodônticos, Amato et al. (2014)

confeccionaram cento e oitenta discos de 6 mm de diâmetro, os quais foram divididos em 3

grupos de 60 amostras de acordo com o compósito utilizado: Transbond XT®, Opal Bond

MV® e Transbond Plus Color Change®. Cada grupo originou 3 subgrupos (n=20), conforme

o protocolo de polimerização realizado (Valo®, potência no modo standard, 8,5 segundos;

Valo®, potência no modo high, 6 segundos; e Valo®, potência no modo xtra power, 3

segundos). Das 20 amostras, 5 foram usadas para mensurar o grau de conversão e 15, a

microdureza (dureza Knoop). Os dados foram analisados através da análise de variância.

Diferenças significativas foram encontradas no grau de conversão dos compósitos

polimerizados em diferentes tempos e potências (p<0,01). Os compósitos mostraram graus de

conversão semelhantes quando polimerizados por 8,5 segundos (80,7%) e 6 segundos

(79,0%), mas não por 3 segundos (75,0%). Diferenças na microdureza também foram

encontradas (p<0,01), com valores menores no tempo de 8,5 segundos (35,2 KHN), mas

nenhuma diferença foi observada para 6 segundos (41,6 KHN) e 3 segundos (42,8 KHN).

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Segundo os autores, o tempo de polimerização pode ser reduzido para 6 segundos usando o

modo high, para atingir um grau satisfatório. Além disso, uma diminuição adicional no

tempo, para 3 segundos, operando no modo xtra power, causará uma ligeira diminuição do

grau de conversão e aumento da dureza do compósito.

Mais recentemente, Faria-E-Silva et al. (2017) avaliaram o efeito dos diferentes modos

de polimerização da unidade Valo® (standard/20 segundos; high/4segundos; e xtra power/3

segundos) no grau de conversão (GC) de uma resina ortodôntica ativada sob um bráquete

metálico. Os bráquetes (n=3) foram colados a réplicas de um terceiro molar humano

confeccionadas em resina epóxi, utilizando cada modo de polimerização e, depois,

seccionados no sentido mésiodistal (0,5 mm de espessura) para serem avaliados pelo sensor

de um espectrofotômetro de infravermelho. O grau de conversão foi mapeado a partir da

borda mesial ou distal da base do bráquete, movendo-se para o lado oposto com passos de 400

µm, totalizando um total de 10 medidas por amostra. Os dados foram analisados pelo

ANOVA a dois fatores (α=0,05). Os maiores valores de GC foram observados para a potência

standard (média de 56%, p<0,05), enquanto que nenhuma diferença foi observada entre os

modos high (50%) e xtra power (49%). Em relação ao local de medição, observou-se maior

GC próximo às bordas dos bráquetes (52%, p<0,05). Segundo os pesquisadores, o uso de alta

irradiância por um curto período de tempo reduziu ligeiramente o GC, sendo que a pequena

magnitude da redução sugere que o uso deste protocolo é uma abordagem clinicamente

aceitável para a colagem de bráquetes metálicos.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito de diferentes tratamentos de superfície na resistência de união de

bráquetes metálicos colados ao esmalte, no índice remanescente adesivo e no grau de

conversão dos agentes de colagem, utilizando diferentes protocolos de polimerização.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Verificar se o tratamento de superfície influencia os valores de resistência de união ao

cisalhamento de bráquetes metálicos colados ao esmalte;

b) Verificar se o protocolo de polimerização influencia os valores de resistência de união

ao cisalhamento de bráquetes metálicos colados ao esmalte;

c) Analisar o índice remanescente adesivo;

d) Verificar se o tratamento de superfície influencia os valores de grau de conversão dos

agentes de colagem;

e) Verificar se o protocolo de polimerização influencia os valores de grau de conversão

dos agentes de colagem.

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4 MÉTODO

4.1 MATERIAIS

A descrição dos materiais de colagem deste estudo é exibida no Quadro 1.

Quadro 1 – Materiais de colagem utilizados neste estudo.

Material/ Lote Fabricante Composição % por

peso

Primer

Transbond XT®

Lote

N682347

3M Unitek

(Monrovia, CA,USA)

- BisGMA

- TEDMA - Trifenil antimônio

- (4-dimetilamina)-benzenetanol

- DL-Canforoquinona - Hidroquinona

45-55*

45-55* <1*

<0,5*

<0,3* <0,03*

Transbond Plus

Self Etching

Primer®

Lote

B25723569486

3M Unitek

(St. Paul,

MN,USA)

- 2-ácido propenóico, 2-metil, fosfonicobis(oxi-2,1

etanodiil)ester

- Água - Mono HEMA fosfato

-Tri[2(metacriloiloxi)etil]fosfato

- DL-Canforoquinona - N,N-Dimetilbenzocaína

- Hexafluorotitanato dipotássico

25-40*

15-25* 10-25*

1-10*

<3* <3*

<3*

Single Bond

Universal®

Lote

582958

3M Espe

(Sumaré, SP, Brasil)

- BisGMA

- Metacrilato de 2 hidroxietila - Decametileno dimetacrilato

- Água

- Etanol - Sílica tratada de silano

- 1,10-Decanodiol fosfato metacrilato

- Copolímero de acrílico e ácido itacônico

- Metacrilato de 2-dimetilaminoetilo - N,N-Dimetilbenzocaína

- Canforoquinona

- Metil etil cetona

15-25

15-25 5-15

10-15

1-15 5-15

1-10

1-5

< 2 < 2

< 2

< 0,5

Pasta Adesiva

Transbond XT ®

Lote N686755

3M Unitek

(Monrovia,

CA,USA)

- Quartzo de silano tratado

- BisGMA

- Dimetacrilato de bisfenol A Bis (2-hidroxietil éter)

- Sílica de silano tratado - Hexafluorfosfato de difeniliodônio

70-80*

10-20*

5-10*

<2* <0,2*

BisGMA: Dimetacrilato de bisfenol A diglicidil etér; TEGDMA: Dimetacrilato trietilenoglicol; HEMA: 2-

Hidroxietil metacrilato.

*A identidade química específica e/ou porcentagem exata (concentração) desta composição é mantida como

segredo comercial.

Fonte: Autor.

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4.2 RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO CISALHAMENTO (RUC)

Cento e vinte incisivos inferiores bovinos com coroas intactas, sem trincas ou fraturas,

foram selecionados. O tecido mole aderido a suas raízes foi removido com curetas

periodontais. Com o auxílio de um disco diamantado dupla face (KG Sorensen, Cotia, SP,

Brasil) montado em micromotor e peça reta (Kavo, Saguaçu, Joinville, SC), as raízes desses

dentes foram removidas e descartadas. Em seguida, as coroas foram armazenadas em água

destilada a 4ºC até o momento da confecção dos corpos de prova (ISO 11405). Cada coroa foi

incluída em resina acrílica quimicamente ativada incolor (Vipi Flash®, Vipi, Pirassununga,

SP, Brasil) utilizando um molde retangular previamente confeccionado em silicone industrial

(Silicone Master®, Talmax, Curitiba, PR, Brasil). Durante a inclusão, a superfície vestibular

das coroas ficou em contato direto com a base do molde, evitando o recobrimento desta

superfície pela resina (Figura 1). Uma área de 5 mm do esmalte exposto foi planificada (ISO

11405) sob constante irrigação em água, utilizando-se lixas de diferentes granulações (#200,

400 e 600) em uma politriz/lixadeira metalográfica Aropol 2V-PU® (Arotec, Cotia, SP,

Brasil).

Figura 1 – Inclusão das coroas bovinas em resina acrílica utilizando um molde de silicone industrial.

Fonte: Autor.

Após a planificação, realizou-se a profilaxia do esmalte dentário utilizando taça de

borracha, pedra pomes, água e um micromotor em baixa rotação por dez segundos. Cada taça

de borracha foi utilizada em no máximo dez coroas. Ao final, as coroas foram lavadas com

água até a remoção total da pasta de pedra pomes e água, e secas com jatos de ar durante dez

segundos. A área da interface adesiva foi delimitada posicionando-se sobre o esmalte uma fita

adesiva (Scotch®, 3M, Ribeirão Preto, SP, Brasil) com um orifício circular de 4,5 mm de

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TRATAMENTOS

DE SUPERFÍCIE

diâmetro.

Para realizar a colagem dos bráquetes, as 120 coroas de incisivos bovinos incluídas em

resina acrílica foram distribuídas de acordo com quatro tipos de tratamento de superfície e três

protocolos de polimerização, conforme é ilustrado no fluxograma apresentado na Figura 2.

Figura 2 - Fluxograma indicando os tratamentos de superfície e protocolos de polimerização realizados durante a

colagem dos bráquetes.

Fonte: Autor.

Para as amostras tratadas somente com o ácido fosfórico, sem a utilização de sistema

adesivo, o esmalte exposto foi condicionado com o ácido fosfórico a 37% Condac 37®

(FGM, Joinville, SC, Brasil) durante 15 segundos. Decorrido este tempo, o ácido foi

removido com jatos de água (30 segundos) e o esmalte foi seco com com jatos de ar durante 5

segundos.

Para as amostras tratadas com ácido fosfórico e o sistema adesivo convencional

Primer Transbond XT®, o esmalte exposto também foi condicionado com o ácido fosfórico

Condac 37%® durante 15 segundos. Decorrido este tempo, o ácido foi removido com jatos de

água (30 segundos) e o esmalte foi seco com jatos de ar durante 5 segundos. O sistema

Colagem de bráquetes metálicos a coroas

bovinas incluídas em resina acrílica

(N=120/n=10)

Ácido Fosfórico

37%

(A)

Ác. Fosfórico 37% +

P primer

Tra Transbond XT®

( (ATxt)

Transbond Plus Self

Etching Primer®

(Tse)

Radii-Cal®

20 segundos

(R20)

Valo Cordless®

20 segundos

(V20)

Valo Cordless®

3 segundos

(V3)

Radii-Cal®

20 segundos

(R20)

(R20)

Valo Cordless®

20 segundos

(V20)

(V20) Valo Cordless®

3 segundos

(V3)

(V3)

Radii-Cal®

20 segundos

(R20)

Valo Cordless®

20 segundos

(V20)

(V20)

Valo Cordless®

3 segundos

(V3)

(V3)

Single Bond

Universal®

(SBU)

Radii-Cal®

20 segundos

(R20)

(R20)

Valo Cordless®

20 segundos

(V20)

(V20)

Valo Cordless®

3 segundos

(V3)

(V3)

PR

OT

OC

OL

OS

D

E

PO

LIM

ER

IZA

ÇÃ

O

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adesivo foi aplicado na superfície do esmalte com o auxílio de um microbrush e o excesso de

adesivo removido com um leve jato de ar por 2 segundos.

Já para as amostras tratadas com o adesivo Transbond Plus Self Etching Primer®, a

aplicação na superfície de esmalte ocorreu esfregando-se a área de colagem por 3 segundos,

conforme as recomendações do fabricante. Em seguida, o excesso de adesivo foi removido

por meio de um leve jato de ar durante 2 segundos.

Para as amostras tratadas com o sistema adesivo auto condicionante Single Bond

Universal®, a aplicação na superfície de esmalte deu-se com o auxílio de um microbrush

durante 20 segundos e, em seguida, um leve jato de ar foi aplicado durante 5 segundos para

remover o excesso de adesivo.

A colagem dos bráquetes foi realizada pelo mesmo operador, independente de qual

tratamento de superfície tenham recebido. Bráquetes de incisivo inferior prescrição Roth

Light® (Morelli, Sorocaba, São Paulo, Brasil) com a resina ortodôntica Pasta Adesiva

Transbond XT® em suas bases foram posicionados na face vestibular das coroas, paralelos ao

longo eixo dos dentes. Os excessos de resina ao redor dos bráquetes foram removidos com o

auxílio de uma sonda exploradora n0 5.

Três protocolos de polimerização foram avaliados: Radii-Cal® (SDI, São Paulo, SP,

Brasil) por 20 segundos, Valo Cordless® (Ultradent, South Jordan, Utah) por 20 segundos e

Valo Cordless® por 3 segundos. Nos três casos, a exposição da luz foi direcionada ao centro

do bráquete, de modo que a ponta do aparelho fotopolimerizador tocasse a superfície

vestibular do bráquete sem movê-lo de posição. A imagem do corpo de prova é exibida na

Figura 3.

Figura 3 – Corpo de prova utilizado no ensaio de RUC.

Fonte: Autor.

Previamente ao teste de resistência adesiva, os corpos de prova dos 12 grupos foram

armazenados em água destilada (37ºC), por um período de 6 meses. O cisalhamento foi

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realizado em uma máquina de ensaios universal Shimadzu AGS-X® (Shimadzu do Brasil,

Barueri, SP, Brasil), na qual foi adaptada um dispositivo metálico capaz de fixar o corpo de

prova de modo que a interface bráquete/esmalte permanecesse perpendicular ao plano

horizontal. Outro dispositivo, em forma de faca, foi acoplado à célula de carga (300 Kgf) da

máquina e incidiu na interface bráquete/esmalte a uma velocidade constante de 1 mm/min, até

ocorrer a fratura.

A resistência adesiva requerida para descolar cada bráquete foi gerada em Newton (N)

e convertida em Megapascal (MPa) de acordo com a fórmula: R (MPa) = F (N)/A (mm2),

sendo A a área da base do bráquete (14 mm2).

4.3 ANÁLISE DO TIPO DE FALHA

Após o descolamento obtido a partir do ensaio de resistência de união ao cisalhamento,

os tipos de falha observados no esmalte bovino foram analisados em um estereomicroscópio

(Nikon SMZ800, Tóquio, Japão) com aumento de 25X e classificados de acordo com o Índice

Remanescente Adesivo/IRA proposto por Bishara e Trulove (1990): escore 1 - toda resina no

esmalte, escore 2 - mais de 90% de resina no esmalte, escore 3 - mais de 10% e menos de 90%

de resina no esmalte, escore 4 - menos de 10% de resina no esmalte, e escore 5 - nenhuma

resina no esmalte. A classificação foi efetuada a partir da avaliação de um único operador. A

calibração intra-examinador foi obtida a partir da reavaliação de 10% da amostra após um

período de 15 dias, calculando-se o Índice de Kappa.

Duas amostras representativas de cada escore foram observadas em Microscopia

Eletrônica de Varredura/MEV (TM3000®, HITACHI, Tóquio, Japão), nos aumentos 25X, 50X

e 100X.

4.4 GRAU DE CONVERSÃO (GC)

Cento e vinte discos de resina (n=10), com 0,1 mm de espessura e 5 mm de diâmetro,

em média (Figura 4), foram confeccionados por um único operador, para análise do grau de

conversão dos agentes de colagem testados no ensaio de cisalhamento.

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Figura 4 – Corpo de prova utilizado no ensaio de GC.

Fonte: Autor.

Para a confecção das amostras dos grupos AR20, AV20 e AV3, um incremento de 2 mm

de comprimento da pasta adesiva Transbond XT® foi colocado sobre uma lâmina de vidro

lisa lapidada para microscopia (26 mm x 76 mm x 1 mm) com auxílio de uma espátula de

inserção número 1 (SSWhite Duflex, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e uma tira de poliéster

(Preven, Guapirama, PR, Brasil) foi sobreposta a esse incremento. Depois disso, um bráquete

ortodôntico metálico idêntico ao que foi utilizado nas amostras do ensaio de cisalhamento foi

acoplado a uma pinça porta-bráquete e pressionado sobre a tira de poliéster, simulando a leve

pressão que acontece clinicamente durante a colagem de bráquetes ortodônticos (Figura 5). Os

protocolos de polimerização também variaram do mesmo modo como aconteceu nas amostras

submetidas ao cisalhamento (R20, V20 e V3). Em todos os casos, a exposição da luz foi

direcionada ao centro do bráquete, de modo que a ponta do aparelho fotopolimerizador

tocasse a superfície vestibular do bráquete sem movê-lo de posição. Após a remoção do

bráquete e da tira de poliéster, foram originados os discos de resina ortodôntica (pasta adesiva

Transbond XT®), que se constituíram como os corpos de prova correspondentes àqueles nos

quais o tratamento da superfície de esmalte é realizado apenas com ácido fosfórico a 37%.

Figura 5 – Confecção da amostra do ensaio de GC.

Fonte: Autor.

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Nos grupos ATxtR20, ATxtV20 e ATxtV3 realizou-se a mesma sequência, sendo que,

sobre a pasta adesiva Transbond XT®, aplicou-se uma gota do sistema adesivo Primer

Transbond XT®, com o auxílio de um microbrush, antes da polimerização. Os corpos de

prova originados nestes grupos correspondem àqueles nos quais o tratamento da superfície de

esmalte é realizado com ácido fosfórico a 37% e sistema adesivo convencional (Primer

Transbond XT®).

Nos grupos TseR20, TseV20 e TseV3, também foi realizada a mesma sequência, sendo

que, sobre a pasta adesiva Transbond XT®, aplicou-se uma gota do sistema adesivo

Transbond Plus Self Etching Primer® antes da polimerização. Os corpos de prova originados

correspondem àqueles nos quais o tratamento da superfície de esmalte é realizado com o

sistema adesivo auto condicionante ortodôntico Transbond Plus Self Etching Primer®.

Finalmente, nos grupos SBUR20, SBUV20 e SBUV3, repetiu-se a mesma sequência e

aplicou-se uma gota do sistema adesivo Single Bond Universal® sobre a pasta adesiva

Transbond XT® antes da polimerização. Os corpos de prova originados correspondem

àqueles nos quais o tratamento da superfície de esmalte é realizado com o sistema adesivo

auto condicionante comum/restaurador Single Bond Universal®.

Todos os corpos de prova foram armazenados, pelo período de tempo de 24 horas, em

tubos eppendorf de coloração preta e totalmente opacos, com o intuito de impedir a passagem

de luz e completar o processo de polimerização. Depois disso, foram submetidos a análise do

grau de conversão em um Espectrofotômetro de Infravermelho por Transformada de

Fourier/FT-IR (IRAffinity-1®, Shimadzu, Tóquio, Japão) equipado com dispositivo de

reflectância total atenuada (módulo HATR MIRacle com prisma de ZnSe, PIKE

Technologies, Madison, WI, EUA).

O software utilizado para medição dos espectros foi o Shimadzu IRsolution 1.60®

(Shimadzu Corporation, 2011). Inicialmente, foi realizada a normalização dos resultados de

cada amostra para que, em seguida, fosse feito o ajuste da linha base. Todos os espectros

foram obtidos sob as seguintes condições: modo de absorbância; número de scans igual a 32;

faixa de 700 a 4000 cm-1; e resolução de 4 cm-1.

Tendo em vista que o monômero predominante na Pasta Adesiva Transbond XT® é o

BisGMA (Quadro 1), o grau de conversão (%) foi calculado através da razão entre a

intensidade da banda referente às duplas ligações vinílicas do grupo metacrilato, com

absorção de energia na região de 1637 cm-1 para o pico alifático, e a intensidade da banda das

duplas ligações aromáticas, com absorção de energia na região de 1608 cm-1 para o pico

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27

GC (%) = 1 - X 100

aromático (MATINLINNA et al., 2005; VÄKIPARTA; PUSKA; VALLITTU, 2006),

utilizando a seguinte fórmula (STANSBURY; DICKENS, 2001):

R(1638/1608) amostra polimerizada

R(1638/1608) amostra não polimerizada

Sendo que: R(1638/1608) representa a razão entre os valores obtidos para os picos de

comprimento de onda considerados mais estáveis (1638 nm e 1608 nm).

4.5 POTÊNCIA DAS UNIDADES FOTOPOLIMERIZADORAS

A potência das unidades fotopolimerizadoras utilizadas neste estudo (Radii-Cal®/20

segundos, Valo Cordless® no modo standard/20 segundos e Valo Cordless® no modo xtra-

power/3 segundos) foi aferida por um único operador através do radiômetro analógico Led-

Kondortech® (Kondortech, São Carlos, SP, Brasil), cuja sensibilidade varia de 0 a 3000

mW/cm2. Durante a aferição, as unidades fotopolimerizadoras estavam completamente

carregadas.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

O banco de dados da pesquisa foi construído na plataforma do software Statistix®

(Analytical Software Inc., versão 8.0 para Windows, 2003) e, em todos os casos, foi

considerado o nível de significância de 5%. O cálculo do poder da amostra foi realizado

através do site www.openepi.com. Os resultados do ensaio de resistência de união ao

cisalhamento (MPa) e do grau de conversão (%) foram avaliados através da análise de

variância (2 fatores) e do teste de Tukey. Os resultados do IRA foram analisados por meio dos

testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney.

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28

5 RESULTADOS

5.1 PODER DA AMOSTRA

O poder da amostra para o ensaio de resistência de união ao cisalhamento foi estimado

em 96,3% e para o grau de conversão, em 100%, considerando a diferença de médias entre o

grupo ATxtR20 e o grupo TseV3, com intervalo de confiança de 95%.

5.2 RESISTÊNCIA DE UNIÃO AO CISALHAMENTO

Os resultados da Análise de Variância (ANOVA 2 fatores) para as condições

experimentais estão apresentadas na Tabela 1. Os valores médios da resistência de união

foram significativamente afetados pelos fatores “polimerização” (p=0.0001<0.05) e

“tratamento de superfície” (p=0.0001<0.05). A interação entre os fatores “polimerização” e

“tratamento de superfície” também foi estatisticamente significativa (p=0.0001<0.05).

Tabela 1 - Resultado da análise de variância para os fatores “polimerização” e “tratamento de superfície” de acordo com a resistência de união (*p<0.05).

Fatores GL SQ MQ L p

Polimerização 2 1316,20 658,101 44,27 0,0001*

Tratamento de Superfície 3 2207,16 735,718 49,49 0,0001*

Polimerização*Tratamento de

Superfície

6 1177,55 196,259 13,20 0,0001*

Erro 108 1605,56 14,866

Total 119 6306,47

GL: grau de liberdade; SQ: soma dos quadrados; MQ: média dos quadrados; L: liberdade.

*Diferença estatisticamente significativa ao nível de 5%.

Fonte: Autor.

Os resultados de média e desvio-padrão da resistência de união estão apresentados na

Tabela 2 e representados graficamente na Figura 6. O teste de Tukey demonstrou que, com

relação ao fator “polimerização”, o V20 (13,271 MPaA) promoveu valores de resistência

adesiva estatisticamente superiores aos grupos R20 (8,146 MPaB) e V3 (5,26 MPaC). Com

relação ao fator “tratamento de superfície”, a utilização do ácido fosfórico seguida da

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aplicação do Primer Transbond XT® (ATxt=13,63 MPaA) gerou valores de resistência

adesiva semelhantes estatisticamente ao sistema Transbond Plus Self Etching Primer®

(Tse=12,38A MPa), os quais foram estatisticamente superiores ao Single Bond Universal®

(SBU=6,37B MPa) e ao condicionamento com ácido fosfórico (A=3,18C MPa). Os maiores

resultados de resistência de união foram obtidos para os grupos ATxtV20 (22,298 MPaA),

TseV20 (17,05 MPaAB), TseR20 (15,33 MPaB) e ATxtR20 (12,78MPaBC). Já os valores mais

baixos foram obtidos para o grupo AR20 (1,27MPaE).

Tabela 2 – Valores de resistência de união (MPa) segundo os fatores “tratamento de superfície” e

“polimerização” (n=10). Teste de Tukey (p<0,05).

Grupo Tratamento de Superfície Polimerização Média ± DP

AR20

Ácido fosfórico 37%

Radii 20s. 1,27 ± 0,81E

AV20 Valo 20s. 5,28 ± 3,74DE

AV3 Valo 3s. 2,99 ± 1,26 DE

ATxtR20 Ácido fosfórico 37%

+

Primer Transbond XT®

Radii 20s. 12,78 ± 6,45BC

ATxtV20 Valo 20s. 22,29 ± 5,10A

ATxtV3 Valo 3s. 5,81 ± 3,78 DE

TseR20

Transbond Plus Self Etching

Primer®

Radii 20s. 15,33 ± 7,08B

TseV20 Valo 20s. 17,05 ± 8,26AB

TseV3 Valo 3s. 4,75 ± 1,80DE

SBUR20

Single Bond Universal®

Radii 20s. 3,18 ± 1,25DE

SBUV20 Valo 20s. 8,44 ± 3,31CD

SBUV3 Valo 3s. 7,47 ± 3,16 CD

Letras iguais indicam semelhança estatística.

Fonte: Autor.

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Figura 6 - Valores de resistência de união (MPa) ± desvio-padrão, segundo os fatores “tratamento de

superfície” (A, ATxt, Tse, SBU) e “polimerização” (R20, V20, V3).

Fonte: Autor.

5.3 ANÁLISE DO TIPO DE FALHA

A concordância intra-examinador para a metodologia de avaliação do índice

remanescente adesivo foi considerada alta (k=0,85). O escore 2 foi o mais prevalente para os

tratamentos de superfície A (n=12) e ATxt (n=19) e o escore 4, para os grupos Tse (n=13) e

SBU (n=12). Quanto ao protocolo de polimerização, o escore 4 foi o mais prevalente nos

grupos R20 (n=16), enquanto o escore 2 foi mais prevalente nos grupos V20 (n=20) e V3

(n=20). De acordo com o teste de Kruskal-Wallis e o pos-hoc Mann-Whitney na avaliação da

distribuição dos escores do IRA, não houve diferença significativa entre os escores 2 e 4

(p=1,000).

A Tabela 3 descreve a distribuição dos escores do IRA após o teste de resistência de

união ao cisalhamento por grupo experimental. As Figuras 7, 8 e 9 ilustram as imagens de

bráquete e esmalte em estereomicroscópio representando os tipos de falhas presentes neste

estudo (escores 2 a 4 do IRA).

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Tabela 3 – Distribuição dos escores do IRA após o teste de resistência de união ao cisalhamento por grupo

experimental (n,%).

Grupo Escore 1 Escore 2 Escore 3 Escore 4 Escore 5

A

R20 0 (0%) 1 (10%) 4 (40%) 5 (50%) 0 (0%)

V20 0 (0%) 8 (80%) 1 (10%) 1 (10%) 0 (0%)

V3 0 (0%) 3 (30%) 2 (20%) 5 (50%) 0 (0%)

ATxt

R20 0 (0%) 3 (30%) 0(0%) 7 (70%) 0 (0%)

V20 0 (0%) 6 (60%) 0 (0%) 4 (40%) 0 (0%)

V3 0 (0%) 10 (100%) 0 (0%) 0 (%) 0 (0%)

Tse

R20 0(0%) 5 (50%) 2 (20%) 3 (30%) 0 (0%)

V20 0 (0%) 6 (60%) 0 (0%) 4 (40%) 0 (0%)

V3 0 (0%) 1 (10%) 3 (30%) 6 (60%) 0 (0%)

SBU

R20 0 (0%) 1 (10%) 8 (80%) 1 (10%) 0 (%)

V20 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 9 (90%) 0 (0%)

V3 0 (0%) 6 (60%) 2 (20%) 2 (20%) 0 (0%)

Escore 1- toda resina no esmalte; Escore 2 – mais de 90% de resina no esmalte; Escore 3 - mais de 10% e menos

de 90% de resina no esmalte; Escore 4 - menos de 10% de resina no esmalte; Escore 5 – nenhuma resina no

esmalte.

Fonte: Autor.

Figura 7 – Imagem do bráquete (a) e do esmalte (b) em estereomicroscópio (25x), ilustrando o escore 2 (mais de

90% de resina no esmalte).

Resina.

Fonte: Autor.

a b

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Figura 8 – Imagem do bráquete (a) e do esmalte (b) em estereomicroscópio (25x), ilustrando o escore 3 (mais de

10% e menos de 90% de resina no esmalte).

Resina; Esmalte.

Fonte: Autor.

Figura 9– Imagem do bráquete (a) e do esmalte (b) em estereomicroscópio (25x), ilustrando o escore 4 (menos de 10% de resina no esmalte).

Resina; Esmalte. Fonte: Autor.

A Figura 10 mostra micrografias eletrônicas (25X) representando os diferentes tipos

de falhas encontrados neste estudo (escores 2 a 4 do IRA), a partir do escaneamento da

superfície de esmalte em microscopia eletrônica de varredura após a descolagem dos

bráquetes.

a b

a b

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Figura 10 – Imagens de MEV mostrando os tipos de falha presentes neste estudo: (a) escore 2, (b) escore 3 e (c)

escore 4.

Escore 2 – mais de 90% de resina no esmalte; Escore 3 - mais de 10% e menos de 90% de resina no esmalte; Escore 4 - menos de 10% de resina no esmalte. Resina; Esmalte.

Fonte: Autor.

5.4 GRAU DE CONVERSÃO

Os resultados da Análise de Variância (ANOVA 2 fatores) para as condições

experimentais estão apresentadas na Tabela 4. Os valores médios do grau de conversão foram

significativamente afetados pelos fatores “polimerização” (p=0.0001<0.05) e “tratamento de

superfície” (p=0.0001<0.05). A interação entre os fatores “polimerização” e “tratamento de

superfície” também foi estatisticamente significativa (p=0.0001<0.05).

Tabela 4 - Resultado da análise de variância para os fatores “polimerização” e “tratamento de superfície” de

acordo com o grau de conversão (*p<0,05).

Fatores GL SQ MQ L p

Polimerização 3 3282.2 1094.05 9,79 0,0001*

Tratamento de Superfície 2 9461.0 4730.52 42,33 0,0001*

Polimerização*Tratamento de

Superfície

6 10806.7 1801.11 16,12 0,0001*

Erro 108 12070.2 111.76

Total 119 35620.0

GL: grau de liberdade; SQ: soma dos quadrados; MQ: média dos quadrados; L: liberdade.

*Diferença estatisticamente significativa ao nível de 5%.

Fonte: Autor.

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34

As médias e desvios-padrões dos grupos experimentais estão apresentados na Tabela

5. O teste de Tukey demonstrou que, com relação ao fator “polimerização”, o R20 (66,67%A)

promoveu valores de grau de conversão estatisticamente superiores ao V20 (58,48%B) e V3

(45,12%C), os quais são diferentes estatisticamente entre si. Com relação ao fator “tratamento

de superfície”, a utilização do Single Bond Universal® (SBU=63,84%A) gerou valores de

grau de conversão semelhantes estatisticamente à utilização do ácido fosfórico seguida da

aplicação do Primer Transbond XT® (ATxt=59,71%A), os quais foram estatisticamente

superiores aos grupos ácido fosfórico (A=52,01%B) e Transbond Plus Self Etching Primer®

(Tse=51,47%B). Os maiores resultados de grau de conversão foram obtidos para os grupos

TseR20 (82,3%A), SBUR20 (69,73%AB) e SBUV20 (68,35%ABC). Já os valores mais baixos

foram obtidos para os grupos TseV20 (49,38%D) e AR20 (49,96%D).

Tabela 5 – Valores do grau de conversão (%) segundo os fatores “tratamento de superfície” e “polimerização”

(n=10). Teste de Tukey (p<0,05).

Grupo Tratamento de Superfície Polimerização Média ± DP

AR20

Ácido fosfórico 37%

Radii 20s. 49,96 ± 9,41D

AV20 Valo 20s. 55 ± 12,23BCD

AV3 Valo 3s. 51,07 ± 6,47D

ATxtR20 Ácido fosfórico 37%

+

Primer Transbond XT®

Radii 20s. 64,68 ± 2,7BCD

ATxtV20 Valo 20s. 61,2 ± 17,31BCD

ATxtV3 Valo 3s. 53,26 ± 13,29CD

TseR20

Transbond Plus Self Etching

Primer®

Radii 20s. 82,3 ± 13,48A

TseV20 Valo 20s. 49,38 ± 13,32D

TseV3 Valo 3s. 22,73 ± 9,34E

SBUR20

Single Bond Universal®

Radii 20s. 69,73 ± 3,91AB

SBUV20 Valo 20s. 68,35 ± 7,43 ABC

SBUV3 Valo 3s. 53,45 ± 7,70 CD

Letras iguais indicam semelhança estatística.

Fonte: Autor.

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35

5.5 POTÊNCIA DAS UNIDADES FOTOPOLIMERIZADORAS

A Tabela 6 exibe, para cada unidade fotopolimerizadora testada no estudo, o tempo de

ativação utilizado, a potência informada pelo fabricante e a potência verificada através da

mensuração no radiômetro.

Tabela 6 – Potência das unidades fotopolimerizadoras de acordo com o fabricante e com a aferição no

radiômetro.

UNIDADE

POLIMERIZADORA

TEMPO

(segundos)

POTÊNCIA

DE ACORDO COM O

FABRICANTE (mW/cm2)

POTÊNCIA DE ACORDO

COM O RADIÔMETRO

(mW/cm2)

Radii Cal® 20 1200 1000

Valo Cordless® 20 1000 1100

Valo Cordless® 3 3200 2600

Fonte: Autor.

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36

6 DISCUSSÃO

Este trabalho teve como um dos objetivos avaliar o efeito de diferentes tratamentos de

superfície na resistência de união de bráquetes metálicos colados ao esmalte, utilizando

diferentes protocolos de polimerização. Os valores de resistência de união foram obtidos

através do ensaio de cisalhamento, teste amplamente empregado para a determinação da

eficiência dos sistemas de colagem em Ortodontia (LOWDER; FOLEY; BANTING, 2008;

EKHLASSI et al., 2011; GRÜNHEID; LARSON, 2014; YADALA et al., 2015; OZ; OZ;

ARICI, 2016). Outros ensaios para avaliação da resistência de união são relatados na

literatura, como tração (YANG; BARLOI; KERN, 2010), microtração (ABOUSHELIB;

KLEVERLAAN; FEILZER, 2007) e microcisalhamento (MIRAGAYA et al., 2011), no

entanto nenhum deles permite a confecção de corpos de prova utilizando bráquetes

ortodônticos. Por este motivo, o ensaio de cisalhamento foi selecionado para a realização do

presente estudo.

A opção por dentes bovinos aconteceu principalmente porque, de acordo com a

literatura (OESTERLE; SHELLHART; BELANGER, 1998), nas comparações entre o

esmalte bovino e o humano, em testes de resistência adesiva, tem sido demonstrado que não

há diferença estatisticamente significante entre ambos. Destaca-se ainda que a utilização do

esmalte bovino facilita a obtenção de dentes em boas condições, livres de lesões cariosas ou

outros defeitos, com composição mais uniforme (YASSEN; PLATT; HARA, 2011) e maior

área de superfície plana (MELLBERG, 1992).

Previamente ao ensaio de cisalhamento, as amostras foram armazenadas durante 6

meses em água destilada a 37ºC. Diversos estudos descritos na literatura, especialmente

aqueles nos quais se testa a adesão de bráquetes ortodônticos, mostram tempos de

armazenamento inferiores, como 24 horas (EKHLASSI et al., 2011; PINTO et al., 2011;

GOSWAMI et al., 2014; GRÜNHEID; LARSON, 2014; YADALA et al., 2015; OZ; OZ;

ARICI, 2016), 1 semana (EKHLASSI et al., 2011) e 30 dias (LOWDER; FOLEY;

BANTING, 2008). No entanto, de acordo com os achados de alguns autores

(ALSULAIMANI, 2014; COSTA et al., 2015), a resistência de união após 6 meses de

armazenamento em água decresce. Acredita-se que o armazenamento em água promove uma

diminuição na adesão por causa da degradação dos componentes da interface adesiva por

hidrólise (MUNCK et al., 2005). Além disso, a água também pode infiltrar e enfraquecer as

propriedades mecânicas da matriz polimérica (ITO et al., 2005). Outra técnica de

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37

envelhecimento amplamente relatada é a termociclagem (CEREKJA et al., 2011; TORRES et

al., 2015; ARASH et al., 2017). De acordo com a literatura (OZCAN, 2003; YUASA et al.,

2010), tanto a termociclagem quanto o armazenamento em água são métodos in vitro

eficientes para simular o desempenho de materiais dentários in vivo.

Com base nos resultados principais apresentados neste estudo, a hipótese de que o

tratamento de superfície influencia a resistência adesiva de bráquetes metálicos colados ao

esmalte foi aceita. Os grupos que foram tratados somente com ácido fosfórico a 37% (A), sem

aplicação de adesivo, independente da unidade polimerizadora utilizada, mostraram as médias

de resistência adesiva mais baixas, entre 1,27 e 5,28 MPa, valores considerados insuficientes

para fins ortodônticos (REYNOLDS, 1975). Estes achados contradizem as conclusões de

Altmann et al. (2016) e Bazargani (2016), os quais sugerem que a aplicação do adesivo é uma

etapa dispensável durante a colagem ortodôntica. Porém, é importante destacar que Altmann

et al. (2016) elaboraram suas conclusões a partir de uma revisão sistemática na qual foram

incluídos somente estudos in vitro que avaliaram a resistência de união imediata, enquanto

que os resultados deste estudo foram obtidos após 6 meses de armazenamento em água. Já o

estudo de Bazargani (2016), que consistiu em um ensaio clínico no qual foram observadas as

taxas de falha clínica durante um período de 2 anos, destacou que, nos pacientes jovens, estas

taxas mostraram-se significativamente diferentes nos grupos com (4,1%) e sem adesivo

(12,1%).

Quanto aos grupos que foram tratados com ácido fosfórico e adesivo (ATxt),

tratamento preconizado pela maioria dos estudos clínicos na área (PANDIS et al., 2007;

WARD et al., 2015), os valores de resistência adesiva sofreram variações expressivas de

acordo com a unidade polimerizadora utilizada, sendo que nas amostras submetidas a 20

segundos de polimerização, seja pelo Radii-Call® ou pelo Valo Cordless®, as médias

apresentaram-se muito próximas ou superiores a 13 MPa. De acordo com a literatura

(BROWN; WAY, 1978), é aconselhável evitar valores superiores a esse, pois podem

aumentar o risco de ruptura do esmalte, uma vez que as forças de coesão de sua estrutura

podem ser excedidas. Somente o grupo polimerizado pelo Valo Cordless® durante 3

segundos aproximou-se da faixa de 6 a 8 MPa, considerada clinicamente aceitável

(REYNOLDS, 1975), contrapondo-se aos resultados apresentados por Oz, Oz e Arici (2016) e

Lee et al. (2016), que relataram médias superiores: 11,43 MPa e 16 MPa, respectivamente. O

que pode ser justificado pelo fato de que estes dois estudos avaliaram a resistência adesiva

após um período muito curto de armazenamento (24 horas). Além disso, Lee et al. (2016)

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38

trabalharam com duas exposições de 3 segundos, enquanto que a metodologia deste estudo

propôs uma exposição única de 3 segundos.

No que diz respeito à resistência adesiva dos grupos tratados com o sistema adesivo

auto condicionante ortodôntico (Tse), foram observadas médias acima de 13 MPa quando a

polimerização aconteceu no tempo de 20 segundos, o que, segundo a literatura, pode incorrer

em rupturas do esmalte durante a remoção dos bráqutes (BROWN; WAY, 1978). Porém,

apesar desses valores, não foram observadas fraturas no material de base durante a análise do

índice remanescente adesivo. Torres et al. (2015), avaliando o mesmo tempo e utilizando uma

unidade polimerizadora de potência equivalente, também relataram médias acima desse valor

nos grupos submetidos a algum tipo de envelhecimento. Para o tempo de 3 segundos

associado ao Tse, a média obtida neste estudo mostrou-se insuficiente para colagem

ortodôntica (REYNOLDS, 1975) e não foram encontrados estudos semelhantes na literatura.

Ao se comparar a resistência adesiva entre os grupos tratados convencionalmente

(ATxt) e aqueles com o sistema auto condicionante ortodôntico (Tse), para cada uma das

unidades polimerizadoras, nota-se que não houve diferença estatisticamente significante entre

os grupos, corroborando com os achados de estudos prévios (FLEMING; JOHAL; PANDIS,

2012; YADALA et al., 2015; ARASH et al., 2017), sendo que nenhum deles comparou os

tratamentos de superfície ATxt e Tse, quando submetidos a um protocolo de polimerização de

3 segundos. Outro sistema adesivo auto condicionante testado neste estudo foi o SBU, no

entanto, diferente do Tse, o SBU não foi desenvolvido especificamente para a área da

Ortodontia, sendo seu uso recomendado em substratos dentais, materiais à base de

metacrilato, cerâmicas de zircônia, e até em ligas metálicas (PERDIGAO; SEZINANDO;

MONTEIRO, 2012 MUNOZ et al., 2013). Ele consiste na união de três componentes

químicos: monômeros metacrilatos, silano e monômeros fosfatados (KIM et al., 2015). De

acordo com o fabricante, o monômero fosfatado MDP permite maior adesão ao esmalte e

pode ser utilizado como primer metálico, conferindo maior adesão na técnica auto

condicionante. Apesar disso, os resultados apresentados pelos grupos que foram tratados com

o SBU não mostraram valores de resistência adesiva acima do limite aceitável. Do ponto de

vista estatístico, estes resultados mostraram-se semelhantes aos grupos tratados somente com

A, quando foram comparadas as mesmas unidades polimerizadoras. Contudo, é importante

destacar que as médias apresentadas pelos grupos tratados com SBU e polimerizados com a

unidade Valo®, independente do tempo, mostraram-se clinicamente aceitáveis, diferente do

que aconteceu com os grupos tratados com A, que mostraram médias insuficientes

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(REYNOLDS, 1975), independente do protocolo de polimerização (unidade e tempo).

A segunda hipótese testada neste estudo, de que o protocolo de polimerização

influencia a resistência adesiva de bráquetes metálicos colados ao esmalte, também foi aceita.

O Radii Call® é considerado uma unidade polimerizadora convencional, que emite

intensidade de luz em torno de 1000 a 1250 mW/cm² e é adequado para utilização quando se

trabalha com o tempo 20 segundos por aplicação (OZ et al., 2016). Já o Valo Cordless® pode

funcionar como uma unidade convencional, quando trabalha no modo standard, no qual são

emitidos 1000 mW/cm², segundo o fabricante, e 1100 mW/cm², conforme a mensuração do

radiômetro; mas também como uma unidade capaz de emitir altas intensidades de luz, quando

trabalha no modo xtra-power, no qual são emitidos 3200 mW/ cm², segundo o fabricante,

porém somente 2600 mW/cm², conforme o radiômetro. De acordo com os fabricantes, essas

unidades de alta intensidade podem polimerizar bráquetes entre 3 e 6 segundos (CEREKJA;

CAKIRER, 2011). Outros autores (GONÇALVES et al., 2013; LOPES et al., 2013), no

entanto, acreditam que a aceleração exagerada das reações químicas pode aumentar a tensão

de polimerização e interferir na ligação ao esmalte.

De modo geral, os maiores valores de resistência adesiva foram obtidos pelo Valo no

modo standard (20 segundos). Estes valores foram quase sempre semelhantes

estatisticamente àqueles obtidos pelo Radii (20 segundos). A exceção se deu apenas no grupo

tratado convencionalmente (ATxt). Ao se comparar os tempos de 3 segundos e 20 segundos,

independente da unidade polimerizadora, observou-se que não houve diferença

estatisticamente significante apenas entre os grupos A e SBU. A literatura já relata alguns

estudos (WARD et al., 2015; OZ et al., 2016) avaliando o Valo no modo xtra-power, no

entanto, em todos eles, foi realizado o tratamento da superfície de esmalte de modo

convencional (ATxt). Oz et al. (2016), por exemplo, ao comparar o Valo (3200 mW/cm2, 3

seg) e o Elipar S10 (1600 mW/cm2, 10 segundos), não encontraram diferenças

estatisticamente significativas quanto a resistência adesiva de amostras ensaidas in vitro, nem

nas taxas de falha clínica observadas ao longo de 12 meses. Já Ward et al. (2015) compararam

os modos standard e xtra-power do Valo e também não encontraram diferenças

estatisticamente significantes nas taxas de falha clínica, porém estes autores realizaram a

polimerização no modo xtra-power por 6 segundos e não por 3, como no presente estudo, que

obteve médias de resistência adesiva diferentes estatisticamente para o Valo 20 segundos, o

Radii 20 segundos e o Valo 3 segundos.

A avaliação do índice remanescente adesivo neste estudo mostrou predominância do

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escore 2 em alguns momentos, e do escore 4, em outros. Nos grupos AR20 e AV3, predominou

o escore 4, indicando uma adesão mais fraca na interface resina adesiva-esmalte. O que

corrobora com os baixos valores de resistência de união obtidos no ensaio de cisalhamento e

reforça a hipótese de que o tratamento de superfície apenas com ácido provoca uma adesão

insuficiente entre a resina adesiva e o esmalte. A exceção deu-se no grupo AV20, que mostrou

forte predominância do escore 2, mais uma vez em concordância com os resultados do

cisalhamento, que demonstraram valores de resistência de união mais elevados neste grupo.

Na maioria dos grupos tratados convencionalmente (ATxtV20 e ATxtV3), observou-se com

maior frequência o escore 2, demonstrando predominância de falhas na interface resina-

bráquete. De acordo com Usumez, Orhan e Usumez (2002), a literatura é controversa quanto

ao tipo de falha que se deseja obter. Alguns autores (ÇOKAKOGLU et al., 2016) sugerem que

uma menor quantidade de adesivo remanescente no esmalte resulta em um menor tempo

clínico para limpeza e polimento dos dentes após a remoção dos bráquetes. Outros autores

(RAJI et al., 2012), entretanto, acreditam que uma maior quantidade de remanescente adesivo

na superfície de esmalte pode prevenir trincas e fraturas durante a remoção desse

remanescente, pois permite que o material seja retirado cuidadosamente com brocas

específicas. O que parece contraditório, levando em conta que é consenso na literatura que

maiores valores de resistência de união, representados pelos menores escores mais baixos, ou

seja, aqueles que determinam maior quantidade de remanescente adesivo no esmalte, estão

mais associados a trincas e fraturas de esmalte durante a remoção do bráquete (REYNOLDS,

1975; BISHARA; FEHR, 1997).

As hipóteses de que os fatores “tratamento de superfície” e “polimerização”

influenciam o grau de conversão dos agentes de colagem também foram aceitas, assim como a

interação entre ambos os fatores. De modo geral, a maior parte dos grupos mostraram baixos

valores de grau de conversão (entre 49,38% e 69,73%). O que pode ser justificado pelo fato

de que a análise do grau de conversão foi realizada no local correspondente ao centro da base

do bráquete, ou seja, onde há a menor incidência de luz (MAVROPOULOS et al., 2008;

YOSHIDA et al., 2012). Além disso, na maior parte dos estudos relatados na literatura

(PITHON et al., 2010; AMATO et al., 2014) as amostras de grau de conversão são

confeccionadas sem a utilização do bráquete durante a polimerização, todavia tal metodologia

não condiz com a realidade clínica, originando valores de grau de conversão questionáveis.

De acordo com alguns autores (PEUTZFELDT; ASMUSSEN, 2005; STAUDT;

KREJCI; MAVROPOULOS, 2006; PITHON et al., 2010), quanto maior a potência, maior o

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valor de grau de conversão. Outros autores (YOON et al., 2002; SWANSON et al., 2004;

VERMA, 2016), no entanto, concluíram que o tempo é mais importante do que a potência no

processo de conversão dos monômeros em polímeros. Na maioria dos achados deste estudo,

ao se comparar os grupos V20 e V3, não foram observadas diferenças estatisticamente

significantes entre os graus de conversão, portanto acredita-se que o aumento na potência da

unidade polimerizadora foi suficiente para compensar a redução no tempo de polimerização.

Nos grupos nos quais o tratamento de superfície foi realizado com o Tse, notaram-se

efeitos mais significativos decorrentes da variação dos protocolos de polimerização. Os

valores de grau de conversão variaram de 22,73% a 82,3%, sendo estatisticamente diferentes

nos grupos R20, V20 e V3. Os valores de resistência de união ao cisalhamento nestes grupos

também mostraram uma variação significativa (entre 4,75 MPa e 17,05 MPa), o que corrobora

com a teoria de que o Tse parece ser mais sensível às variações de protocolo de polimerização

do que os outros tratamentos de superfície.

Por fim, é importante destacar que os resultados aqui discutidos são de extrema

importância para avaliação da resistência adesiva de bráquetes metálicos colados ao esmalte,

utilizando diferentes tratamentos de superfície e protocolos de polimerização, assim como do

grau de conversão dos agentes de colagem testados, mas precisam ser complementados e

validados por meio de ensaios clínicos.

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7 CONCLUSÕES

O tratamento de superfície e o protocolo de polimerização influenciaram tanto a

resistência adesiva quanto o grau de conversão durante a colagem de bráquetes metálicos ao

esmalte, sendo que o Tse mostrou-se mais sensível às variações nos protocolos de

polimerização do que os outros tratamentos de superfície. Já o tratamento de superfície A não

apresentou valores de resistência de união e de grau de conversão adequados para a colagem

de bráquetes metálicos ao esmalte.

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