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Universidade de Aveiro 2013 Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial Lorina Tavares Miranda PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO NO SETOR INDUSTRIAL DOS AÇORES

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Universidade de Aveiro

2013

Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial

Lorina Tavares Miranda

PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO NO SETOR INDUSTRIAL DOS AÇORES

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Universidade de Aveiro

2013

Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial

Lorina Tavares Miranda

O PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO NO SETOR INDUSTRIAL DOS AÇORES

Projeto apresentado à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Gestão Industrial, realizada sob a orientação científica da Profª. Doutora Ana Luísa Ferreira Andrade Ramos, Professora Auxiliar do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro

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Dedico este trabalho à minha família.

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o júri

Presidente Profª. Doutora Helena Maria Pereira Pinto Dourado e Alvelos Professora Auxiliar, Universidade de Aveiro

Profª. Doutora Maria Antónia da Silva Lopes Carravilla Professora Associada da Universidade do Porto – Faculdade de Engenharia

Profª. Doutora Ana Luísa Ferreira Andrade Ramos Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro

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agradecimentos

Quero agradecer à minha orientadora, Doutora Ana Luísa Ramos, pela sua ajuda, disponibilidade, acompanhamento e dedicação que demonstrou ao longo da realização deste trabalho. Queria deixar também um agradecimento especial à professora Ana Raquel Xambre. Ao Srº Gualberto Ferreira, Chefe de Divisão da Indústria e Qualidade, por disponibilizar uma listagem dos estabelecimentos industriais dos Açores. A todas as empresas que participaram neste estudo e que contribuíram de forma decisiva para a realização deste trabalho. Aos amigos mais próximos, por toda a sua amizade e companheirismo. Agradeço por me fazerem sentir em casa ao longo de todo o meu percurso académico. Por último, quero expressar o meu profundo agradecimento às pessoas mais importantes da minha vida: - Aos meus avós, pelos exemplos de vida e por todos os seus mimos. - Aos meus pais, agradeço todos os valores que me incutiram, todo o seu amor e apoio incondicional. Sem eles a concretização desta etapa não seria possível. Obrigado por tudo! - Aos meus irmãos, por toda a cumplicidade e alegria, quero agradecer toda a força que me deram para ultrapassar todos os obstáculos. - Ao meu namorado, que nesta etapa foi das pessoas mais importantes, agradeço todas as palavras de carinho e motivação que me fizeram não desistir.

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palavras-chave

Setor industrial, Região Autónoma dos Açores, questionário, planeamento e controlo da produção.

resumo

As atividades de produção são o motor económico de uma nação porém, devido à crise económica que atualmente atravessa o país, o setor industrial tem vindo a perder relevância. A Região Autónoma dos Açores foi a única região do país a cumprir com os seus compromissos orçamentais, revelando-se pertinente analisar as operações industriais das empresas desta região. Esta dissertação tem como objetivo caracterizar o panorama industrial dos Açores através da realização de um questionário focado no planeamento e controlo da produção. Devido à escassa informação sobre o setor industrial desta região, pretende-se colmatar esta problemática reunindo um conjunto abrangente de informações sobre as indústrias em estudo.

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keywords

Industrial sector, Autonomous Region of the Azores, questionnaire, production planning and control.

abstract

Production activities are a nation's economic engine however due to economic crise that currently crosses the country, the industrial sector have been losing their relevance. The Autonomous Region of the Azores was the only region of the country fulfilling their budgetary commitment, making relevant the analysis of its entreprises industrial production. This dissertation aims to characterize the Azores industrial scenario through a research questionnaire focused on the production planning and control. Due to the limited information available about the region´s industrial sector, it becomes pertinent to bridge this gap by gathering information about the industries that are object of study.

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ÍNDICE DE CONTEÚDOS

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1

1.1. Enquadramento .............................................................................................. 1

1.2. Objetivos ........................................................................................................ 2

1.3. Estrutura ......................................................................................................... 2

CAPÍTULO 2 - GESTÃO DE OPERAÇÕES E MELHORIA CONTÍNUA........................ 5

2.1. Gestão de Operações ..................................................................................... 5

2.2. A Competitividade........................................................................................... 7

2.2.1. A Produtividade ........................................................................................... 9

2.2.2. A Tecnologia ............................................................................................. 10

2.3. O Sistema de Produção ................................................................................ 11

2.3.1. Tipos de Sistemas de Produção ................................................................ 13

2.4. O Planeamento e o Controlo da Produção ................................................... 19

2.4.1. O Planeamento ......................................................................................... 21

2.4.2. O Controlo ................................................................................................. 24

2.4.3. Sistemas para o Planeamento e Controlo da Produção ............................ 24

2.5. O Lean Manufacturing .................................................................................. 26

2.5.1. A Implementação do Lean Manufacturing ................................................. 28

2.5.2. A Melhoria Contínua – Lean Thinking ....................................................... 30

2.5.3. JIT (Just-In-Time) ...................................................................................... 31

2.5.4. 5 S’s .......................................................................................................... 31

2.5.5. SMED (Single-Minute Exchange of Die) .................................................... 32

2.5.6. Sistemas de Controlo Visual ..................................................................... 33

2.5.7. Value Stream Mapping (VSM) ................................................................... 34

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO ESTUDO .................................. 37

3.1. O Questionário ............................................................................................. 37

3.2. A população e a amostra .............................................................................. 39

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DE RESULTADOS .............................................................. 41

4.1. Caracterização da Amostra .......................................................................... 41

4.1.1. Dados das Empresas ................................................................................ 41

4.1.2. Recursos Humanos ................................................................................... 47

4.1.3. Mercados .................................................................................................. 49

4.1.4. Políticas da Empresa ................................................................................ 51

4.1.5. Caracterização da Produção ..................................................................... 55

4.1.6. Planeamento e Controlo da Produção ....................................................... 59

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4.1.7. Melhoria Contínua ..................................................................................... 63

4.2. Algumas Relações Causais .......................................................................... 67

4.2.1. Regressão Linear ...................................................................................... 68

4.2.2. Tabela de Informação Cruzada (crosstabs) ............................................... 70

4.2.3. Análise de Variância ................................................................................. 73

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ....................................... 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 79

ANEXOS ..................................................................................................................... 85

Anexo A - Questionário ............................................................................................ 85

Anexo B - Carta às empresas .................................................................................. 91

Anexo C - Questionário implementado no Google Drive .......................................... 92

Anexo D – CAE (Rev.3) ........................................................................................... 95

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Campos de competição ................................................................................ 8

Figura 2 - Armas de competição ................................................................................... 9

Figura 3 - Sistema de produção .................................................................................. 12

Figura 4 – Características da produção contínua e descontínua ................................. 14

Figura 5 – Sistema de produção ................................................................................. 15

Figura 6 - Produção contínua ...................................................................................... 17

Figura 7 - Produção descontínua ................................................................................ 18

Figura 8 - Sistema de planeamento e controlo da produção ....................................... 25

Figura 9 – As motivações dos fatores “trigger” ........................................................... 29

Figura 10 - Passos evolutivos do VSM ....................................................................... 35

Figura 11 - A população e a amostra por ilha ............................................................. 41

Figura 12 – Boxplot para o número de colaboradores das pequenas empresas ......... 42

Figura 13 – Boxplot para o número de colaboradores das médias empresas ............. 43

Figura 14 – Distribuição de setores industriais da amostra ......................................... 44

Figura 15 – Distribuição de setores e respetivos subsetores da amostra .................... 45

Figura 16 – Distribuição de número de anos de atividade ........................................... 46

Figura 17 - Distribuição da natureza jurídica ............................................................... 46

Figura 18 – Distribuição de mercados de exportação ................................................. 50

Figura 19 – Distribuição de estratégias de competição ............................................... 51

Figura 20 – Distribuição de normas de certificação ..................................................... 52

Figura 21 - Distribuição das normas de certificação por setores industriais ................ 53

Figura 22 – Distribuição dos meios de divulgação ...................................................... 55

Figura 23 – Boxplot para o número de produtos diferentes ......................................... 56

Figura 24 - Boxplot para o número de equipamentos afetos à produção .................... 57

Figura 25 – Distribuição da classificação Cruzada de Schroeder por setores industriais

................................................................................................................................... 59

Figura 26 – Distribuição da classificação Tradicional por setores industriais .............. 60

Figura 27 – Distribuição dos problemas no processo produtivo .................................. 61

Figura 28 - Distribuição das estratégias de planeamento ............................................ 62

Figura 29 - Distribuição dos critérios de desempenho ................................................. 63

Figura 30 - Distribuição das políticas de melhoria contínua ........................................ 64

Figura 31 – Distribuição do número de indústrias e os respetivos anos de

implementação de ferramentas de melhoria contínua ................................................. 65

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Figura 32 – Distribuição dos departamentos que utilizam ferramentas de melhoria

contínua ...................................................................................................................... 65

Figura 33 - Distribuição das ferramentas de melhoria contínua .................................. 66

Figura 34 - Distribuição das motivações para a melhoria continua.............................. 67

Figura 35 - Regressão linear entre o número de colaboradores afetos à produção e o

número de colaboradores ........................................................................................... 69

Figura 36 - Regressão linear entre número de colaboradores e o volume de vendas . 70

Figura 37 - Página inicial do questionário implementado no Google drive .................. 93

Figura 38 - Página exemplo do questionário implementado no Google Drive ............. 94

Figura 39 - Página relativa à terceira parte do questionário implementado no Google

Drive ........................................................................................................................... 94

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Os três níveis hierárquicos do planeamento (adaptado de Filho, 2000) .... 21

Tabela 2 - Número de colaboradores (em 2013) ......................................................... 47

Tabela 3 - Número de contratados e despedidos (em 2012) ....................................... 49

Tabela 4 - Número de colaboradores afetos à produção (em 2013) ........................... 56

Tabela 5 – Número de equipamentos automatizados na produção e no transporte e

armazenamento .......................................................................................................... 58

Tabela 6 – Modelo da relação entre o número de colaboradores afetos à produção e o

número de colaboradores ........................................................................................... 68

Tabela 7 – ANOVA da relação entre o número de colaboradores afetos à produção e o

número de colaboradores ........................................................................................... 68

Tabela 8 - Modelo entre o volume de vendas e o número de colaboradores .............. 69

Tabela 9 - ANOVA entre o número de colaboradores e o volume de vendas ............. 70

Tabela 10 – Tabela de informação cruzada entre o setor alimentar e a estratégia de

qualidade .................................................................................................................... 71

Tabela 11 – Teste de qui-quadrado entre o setor alimentar e a estratégia de qualidade

................................................................................................................................... 71

Tabela 12 - Tabela de informação cruzada entre o sistema híbrido e o setor alimentar

................................................................................................................................... 72

Tabela 13 - Teste de qui-quadrado entre o sistema híbrido e o setor alimentar .......... 72

Tabela 14 - Teste à homogeneidade de variâncias ..................................................... 73

Tabela 15 – ANOVA entre o número de produtos diferentes e o tipo de sistema ........ 74

Tabela 16 – Divisão (setores) e CAE (subsetores) das indústrias da amostra ............ 95

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LISTA DE ACRÓNIMOS

ANOVA – Analysis of Variance

CAD – Computer Aided Design

CAE – Computer Aided Engineering

CAE – Classificação Portuguesa das Atividades Económicas

CNC – Comando Numérico Computadorizado

HACCP – Hazard Analysis and Critical Control Points

IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

INE – Instituto Nacional de Estatística

ISO – International Organization for Standardization

JIT – Just-In-Time

MPS – Master Production Schedule

MRP – Material Requirements Planning

MTO – Make-to-Order

MTS – Make-to-Stock

PCP – Planeamento e Controlo da Produção

PIB – Produto Interno Bruto

REAI – Regime de Exercício da Atividade Industrial

S&OP – Sales and Operations Planning

SREA – Serviço Regional de Estatística dos Açores

TPM – Total Productive Maintenance

TPS – Toyota Production System

TQM – Total Quality management

VSM – Value Stream Mapping

WIP – Work in Process

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1. ENQUADRAMENTO

De acordo com a PricewaterhouseCoopers (2013), o setor industrial

representa cerca de 24% do PIB em Portugal e emprega 24% dos trabalhadores

ativos. Contudo, devido à crise que atualmente atravessa o país, o setor industrial

tem vindo a perder relevância. O aumento de impostos e a redução do rendimento

disponível provoca uma forte diminuição da procura interna, sendo cada vez mais

indispensável uma atitude pró-ativa face à concorrência. Então, para sobreviver no

mercado, as indústrias têm de se tornar mais competitivas e, consequentemente

aumentar a sua produtividade. Surge a necessidade de inovar e de introduzir novos

produtos, de adotar novas estratégias, de reduzir os custos, de eliminar desperdícios

e de reforçar as políticas de qualidade.

Segundo a Lusa (2013), em relação ao ano de 2012, o Governo dos Açores

anunciou que a Região Autónoma dos Açores foi a única região do país a cumprir

com os compromissos orçamentais. O seu défice orçamental foi de apenas 0,4% do

PIB e a dívida pública de 19% do PIB. Contrariamente, a globalidade do país registou

um défice de 6,6% do PIB e uma dívida pública de 120% do PIB. O governo dos

Açores acrescenta ainda que pelo terceiro semestre consecutivo os Açores foram

dispensados pela Troika do processo de avaliação que aconteceu no resto do país.

Na Região Autónoma dos Açores o setor industrial representa 16% do PIB

açoriano. A economia dos Açores é sobretudo rural baseada na agropecuária e, o

leite fresco é a principal matéria-prima utilizada pelas indústrias transformadoras da

região. No mercado açoriano a criação animal nomeadamente, a carne de bovino,

apresenta também uma posição relevante para a economia. Quanto à indústria

pesqueira, esta é focada na pesca do atum e ocupa na economia açoriana uma

posição menos relevante. A indústria transformadora dos Açores direciona-se para a

produção de bens alimentares, bebidas e tabaco. Nesta, num patamar menos

representativo, encontra-se também a indústria das madeiras e da cortiça.

Devido à dispersão geográfica do arquipélago dos Açores a região possui

elevados encargos financeiros relacionados com a movimentação de mercadorias,

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especialmente para as ilhas de menor dimensão. Para facultar as suas ligações os

Açores possuem 9 aeroportos e 8 portos marítimos. As importações desta região

focam-se nos cereais, combustíveis, maquinaria e matérias-primas. Por sua vez, as

exportações focam-se nos derivados de leite, produtos hortícolas regionais e nos

entalados de peixe.

Perante o cenário de crise no setor industrial e do bom desempenho

económico da Região Autónoma dos Açores, tornou-se pertinente analisar a forma

como as operações industriais das empresas da região se encontram organizadas,

com especial ênfase no planeamento e controlo da produção das mesmas.

1.2. OBJETIVOS

Verificando-se que não existiam estudos que reunissem um conjunto

abrangente de informações sobre o setor industrial da Região Autónoma dos Açores,

procurou-se colmatar esta problemática fazendo um estudo exploratório sobre o

mesmo.

Com a realização de um questionário às diferentes organizações industriais

dos Açores, pretendeu-se caracterizar o panorama industrial desta região e analisar

a posição das indústrias dos Açores face ao novo contexto de produção, focando o

questionário no planeamento e controlo da produção.

Como objetivo secundário tentou-se averiguar a existência de relações

causais entre algumas variáveis das diversas organizações industriais desta região.

1.3. ESTRUTURA

Este relatório de projeto encontra-se dividido em cinco capítulos. Neste

primeiro capítulo, apresentou-se o enquadramento do tema e os objetivos que se

pretenderam alcançar.

O segundo capítulo corresponde ao estado da arte. Numa primeira etapa,

apresenta-se a evolução do conceito de gestão de operações, destacando a

competitividade, a produtividade e a tecnologia. Também se evidenciam os tipos de

sistemas de produção e o papel estratégico do planeamento e controlo da produção.

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Posteriormente, apresenta-se a prática do lean manufacturing em torno do seu

conceito, implementação e técnicas e/ou ferramentas.

No terceiro capítulo apresenta-se a descrição e metodologia do estudo. Neste

explica-se o processo de construção do questionário e de seleção da amostra.

No quarto capítulo procede-se à análise de resultados. Este capítulo

divide-se em duas partes: na primeira parte caracteriza-se a amostra mostrando-se

os principais resultados obtidos e, na segunda parte, apresentam-se relações

causais entre algumas variáveis estatísticas.

Por último, no quinto capítulo efetua-se uma síntese final dos resultados e, de

acordo com os objetivos estabelecidos à priori, apresentam-se as principais

conclusões deste estudo exploratório. Também se apresentam sugestões para

trabalhos futuros.

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CAPÍTULO 2 - GESTÃO DE OPERAÇÕES E MELHORIA

CONTÍNUA

2.1. GESTÃO DE OPERAÇÕES

De acordo com Stevenson (2012) uma organização possui três áreas

funcionais: a financeira, o marketing e as operações. A gestão de operações

corresponde aos conceitos e técnicas aplicadas na tomada de decisão para a função

de produção ou operações. Estes conceitos e técnicas dizem respeito às atividades

da organização, isto é, ao planeamento, organização, direção e controlo das

atividades de produção de um bem físico ou de prestação de um serviço.

Tendo como foco a produção, nos parágrafos seguintes apresenta-se uma

breve descrição histórica da gestão da produção evidenciando, perante o cenário de

competição e exigência do mercado, a evolução do conceito com a distinção das

suas três fases.

A gestão da produção ganhou maior importância nos anos 30 do século

passado com o contributo de Frederick Winslow Taylor. Taylor implementou o

conceito de economia de produção de Adam Smith e desenvolveu uma abordagem

de gestão científica com foco na eficiência e eficácia operacional da administração

industrial.

A gestão da produção também foi enriquecida por outros pioneiros,

nomeadamente, Henry Ford e o conceito de linha de montagem, Elton Mayo e a

motivação dos colaboradores, Frank Gilbreth com o estudo de tempos e movimentos,

Henry Gantt com o sistema de programação de projetos (gráficos Gantt) e Harrington

Emerson através da implementação da teoria de Taylor.

Devido à evolução do conceito, Courtois et al. (1997) referem que a gestão da

produção foi adaptada às condições do mercado destacando-se três fases

fundamentais: “produzir para vender”, “produzir o que pode ser vendido” e por último,

“produzir o que já está vendido”.

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A primeira fase correspondeu a um período de elevado crescimento,

proporcionando às organizações margens confortáveis no mercado. Como a oferta

de bens era inferior à procura, tornava-se comum a produção em série sendo os

prazos de entrega fixados pelo ciclo de produção. Segundo Coriat citado em Antunes

et al. (2008) os fabricantes tinham maior poder sobre as tendências dos produtos que

eram colocados no mercado de consumo, sendo esta situação revertida pela crise

económica vivida pela economia mundial nos anos setenta.

Com a recessão, as capacidades instaladas tornam-se superiores à procura

de produtos requeridos pelos consumidores e a crise do petróleo marca uma

transformação na lógica de mercado. Com a alteração entre a oferta e a procura, o

mercado passa a definir as suas exigências. Nesta fase de “produzir o que pode ser

vendido”, verifica-se a criação de novas lógicas nos sistemas produtivos e a maior

preocupação do planeamento produtivo. Assim, a partir dos anos setenta sob o novo

cenário económico torna-se necessário às empresas adotar respostas rápidas à

concorrência do mercado.

Na última fase, “produzir o que já está vendido”, a oferta excede a procura,

causando uma concorrência cada vez mais severa perante clientes cada vez mais

exigentes. Nesta fase, o marketing assume o papel de identificar as necessidades

dos clientes e de segmentar os mercados com maior precisão. Assim, a satisfação

do cliente torna-se num dos objetivos fundamentais no sucesso da organização.

Devido ao ambiente competitivo e de maior exigência, as organizações adotam uma

postura reativa e/ou pró-ativa, tornando-se competitivas através da sua constante

inovação e perspetiva de melhoria contínua. No novo contexto da gestão da

produção, salienta-se a importância de reduzir os custos, estabelecer padrões de

qualidade, prazos de entrega curtos e respeitados, produção de pequenas séries

customizadas e introdução de novos produtos e novos processos de fabrico.

Courtois et al. (1997) referem que uma organização é reativa quando tem a

capacidade de se adaptar rapidamente às necessidades do mercado, oferecendo

produtos diversificados. Por outro lado, é pró-ativa quando se antecipa aos seus

concorrentes influenciando o mercado através do lançamento de novos produtos.

Achou-se pertinente distinguir a posição do setor industrial dos Açores

relativamente às três fases mencionadas anteriormente: “produzir para vender”,

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“produzir o que pode ser vendido” e “produzir o que já está vendido”. Como tal,

questionou-se sobre a introdução de novos produtos e/ou processos de fabrico,

destacando a importância do novo contexto de produção e o uso de processos de

melhoria contínua. Também foram questionadas sobre as políticas de qualidade da

empresa e a satisfação do consumidor.

2.2. A COMPETITIVIDADE

Stevenson (2012) define a competitividade como o fator essencial que

determina a prosperidade da empresa. Através da combinação das operações e do

marketing, uma organização implementa medidas distintas refletindo a sua

estratégia.

As estratégias são planos para atingir objetivos e envolvem o compromisso

com a ação. Fusco & Sacomano (2007) referem que a estratégia reflete o padrão

global na tomada de decisão e ações que levam uma organização a atingir os seus

objetivos de longo prazo. Desta forma, são as decisões que formam a estratégia

competitiva da organização.

Marques (1998) considera a seguinte estrutura para a tomada de decisão:

1) definir o problema e as variáveis relevantes;

2) estabelecer critérios de decisão (objetivos);

3) desenvolver um modelo que relacione as variáveis relevantes com os

objetivos definidos;

4) gerar alternativas variando os valores das variáveis;

5) avaliar as alternativas e selecionar a que melhor satisfaz os objetivos;

6) implementar a decisão e controlar os resultados.

Segundo Kumar & Suresh (2009), após identificar o seu potencial, a

organização define a sua estratégia ponderando sobre as seguintes características:

Qualidade: determinada com base na necessidade dos clientes,

procurando a satisfação do consumidor.

Flexibilidade: resposta rápida às mudanças do nível operacional e do

consumidor, introduzindo novos produtos ou variando o volume de output.

Fiabilidade: cumprimento dos prazos de entrega de encomendas aos

clientes.

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Competição

Imagem Produto

Prazo

Preço

Assistência

Produtividade: eliminação do desperdício, maximizando a eficiência de

custos.

Caso a organização considere simultaneamente todas as dimensões, os

investigadores referem que a organização não é bem-sucedida. Explicitando, cada

empresa possui competências em determinadas áreas e mudar para outras

dificultaria o cumprimento dos objetivos definidos conduzindo ao seu insucesso.

Courtois et al. (1997) revelam que os principais motivos da falta de

competitividade organizacional devem-se:

a stocks elevados;

a atrasos nas entregas;

à falta de motivação dos colaboradores;

aos desperdícios: mão-de-obra, tempo, matérias-primas, energia, espaço

e equipamentos;

à falha na utilização dos recursos.

Apresentando os campos e as armas de competição, Fusco & Sacomano

(2007) organizam a competitividade em função das áreas de interesse da

organização e do público-alvo. Os campos de competição referem-se aos atributos

com impacto direto no público-alvo, enquanto as armas de competição referem-se

aos meios que alcançam a vantagem competitiva.

As figuras 1 e 2 ilustram os campos e armas de competição, respetivamente.

Figura 1 - Campos de competição (adaptado de Fusco & Sacomano, 2007)

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Competição

Stocks reduzidos

Qualidade no processo

Tecnologias

Produtividade

Assistência

As competências-chave mencionadas anteriormente: a qualidade, a

flexibilidade, a fiabilidade e a produtividade foram alvo de estudo no inquérito, por

forma a identificar a principal estratégia competitiva das indústrias do setor industrial

dos Açores.

2.2.1. A PRODUTIVIDADE

Segundo Stevenson (2012) e Fusco & Sacomano (2007), a produtividade

está relacionada com a competitividade da organização. Se duas organizações

produzem o mesmo output mas uma delas requer menos input porque apresenta

maior produtividade, pode optar por preços reduzidos e consequentemente

conquistar maior quota de mercado. Assim, no sentido de melhorar a

competitividade, uma empresa pode optar por duas atitudes paralelas e

complementares: melhorar a sua produtividade recorrendo a investimentos

significativos e/ou melhorar as suas estruturas procurando eliminar os custos

escondidos.

Monks (1987) define produtividade como a “relação entre o valor da produção

e o uso dos recursos”. A produtividade é obtida pelo rácio entre os outputs e os

inputs manifestando-se pela eficiência dos recursos na produção de bens. A mesma

averigua o desempenho da organização ao longo do tempo, ajudando os gestores a

decidir sobre possíveis áreas de melhoria.

Figura 2 - Armas de competição (adaptado de Fusco & Sacomano, 2007)

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Stevenson (2012) expõe que a produtividade é influenciada pelos seguintes

fatores:

Capital;

Qualidade;

Inovação e tecnologia;

Estandardização;

Mão-de-obra;

Acidentes de trabalho;

Layoffs.

Existem inúmeros fatores que afetam significativamente a produtividade,

nomeadamente, o nível de formação dos colaboradores, a disponibilidade de

materiais, a existência de tempos mortos e a avaria de equipamentos. Por último,

contribuindo para aumento da produtividade e reduzindo os custos, destaca-se a

utilização da subcontratação (outsourcing).

2.2.2. A TECNOLOGIA

Atualmente a tecnologia desempenha um papel vital nas organizações,

alterando a estrutura do seu próprio setor de negócios. Fusco & Sacomano (2007)

indicam que o desafio tecnológico é importante, podendo determinar o sucesso ou o

insucesso de uma empresa.

Rosário (2009) sugere que a globalização foi responsável pela crescente

competitividade nas indústrias, levando a grandes transformações. Visando a

produtividade dos seus produtos, as indústrias ambicionam ter sistemas otimizados

conferindo-lhes a capacidade de produzir bens a um menor custo, com maior

qualidade e quantidade e em menor tempo, o que acaba por promover o

aparecimento de sistemas automatizados.

As primeiras formas de automação ocorreram nas indústrias de processo

através do desenvolvimento de equipamentos de controlo, de medição elétrica e

pneumática. No entanto, a automação ganhou relevância com o aparecimento da

máquina de controlo numérico em 1950. Esta máquina realizava operações sem a

intervenção direta de um operador, causando mudanças significativas na produção

industrial.

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Por sua vez, Marcovitch (1991) indica que com a evolução tecnológica de

materiais e componentes, os sistemas de comando e os componentes das primeiras

máquinas automáticas foram substituídos, originando o controlo numérico

computadorizado (CNC). Recorrendo ao CNC, o produto final apresenta maior

precisão e repetibilidade, sendo as ferramentas controladas por meio de um

computador. Através de linguagem própria, o CNC recebe informações sobre a forma

que a máquina irá realizar uma operação, processa essas informações e devolve-as

ao sistema utilizando sinais elétricos que acionam os movimentos, realizando as

operações na sequência estabelecida e sem a intervenção direta dos colaboradores.

Os sistemas de fabricação assistidos por computador têm a vantagem de introduzir

automatização de forma flexível aliando a produtividade à flexibilidade.

Segundo Rosário (2009) ao nível do fabrico, auxiliando o respetivo programa

de controlo numérico, um dos primeiros passos do sistema produtivo consiste na

especificação do produto a fabricar utilizando duas técnicas: CAD (Computer Aided

Design) e CAE (Computer Aided Engineering).

O CAD permite a criação de geometrias, estando associado à atividade de

desenho por meio de um computador. Através do CAD formaliza-se a conceção de

um produto com a definição dos seus requisitos e informações utilizadas no seu

fabrico. Por outro lado, o CAE avalia o resultado da conceção e determina a

sequência de processos a efetuar no fabrico do produto.

Contudo, Marques (1998) distingue a automatização do ponto de vista

financeiro, indicando que requer investimentos elevados. Desta forma, esta apenas

deve ser implementada quando os processos se encontram devidamente estáveis.

Adicionalmente, Marcovitch (1991) aconselha a automatização no caso de existirem

problemas de qualidade devido à utilização de tarefas manuais e/ou quando a tarefa

é repetitiva e monótona para o operador.

2.3. O SISTEMA DE PRODUÇÃO

Forrester (1990) citado em Antunes et al. (2008) indica que um sistema

representa a forma abstrata de uma situação complexa. Um sistema de produção

tem como objetivo transformar inputs em outputs.

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Adição de Valor

Controlo

Monitorização e Feedback

Monitorização e Feedback

Inputs:

Trabalho

Capital

Informação

Transformação/

Processo de

conversão

Outputs:

Bens

Monitorização e Feedback

Stevenson (2012) refere que os inputs (ou entradas do sistema) são

transformados por sequências de operações, ou seja, através de processos de

conversão, resultando em outputs (ou saídas do sistema). As entradas do sistema

são elementos necessários para atingir os objetivos propostos e podem ser:

materiais, pessoas, equipamentos, capital e informações. Por outro lado, as saídas

representam os produtos (qualidade, quantidade, oportunidade e custo).

Para assegurar os resultados desejados, a organização monitoriza o sistema

(feedback) em vários pontos do processo, comparando o pretendido com o obtido, e

caso necessário, determina as ações corretivas (controlo).

Fusco & Sacomano (2007) referem que o sistema de produção corresponde à

parte “ativa” da empresa sendo o que a torna competitiva através da venda de bens

para o mercado consumidor. Por outro lado, Marques (1998) menciona que a adição

de valor ou valor acrescentado é o motor económico da empresa, visto que fornece

produtos úteis aos clientes originando riqueza económica. A adição de valor é obtida

pela diferença entre o custo dos inputs e o valor dos outputs.

A figura 3 ilustra um sistema de produção.

Kumar & Suresh (2009) referem que o sistema de produção tem evoluído no

sentido crescente da tecnologia, porém, o fator humano continua o principal fator

crítico no sucesso da organização. Face à competição no mercado, todas as

empresas procuram a “excelência” industrial que só pode ser obtida através da

participação ativa dos colaboradores dos vários setores da empresa. Desta forma,

Figura 3 - Sistema de produção (adaptado de Stevenson, 2012)

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todos os setores envolvidos na produção de bens e/ou serviços fazem parte do

sistema de produção.

Para aferir sobre a performance de um sistema de produção utilizam-se

indicadores de desempenho. Marques (1998) refere que os indicadores têm o

objetivo de avaliar a implementação das ações estratégicas, pois na sua base de

construção encontra-se uma estratégia organizacional claramente definida. De

acordo com Courtois et al. (1997) um indicador de desempenho mede a eficácia, isto

é, a aptidão do sistema de produção, podendo analisar o todo ou apenas parte do

sistema. Como é difícil exprimir sob a forma financeira, um indicador de desempenho

é tipicamente expresso em quantidade e não em valor.

Visto ser uma realidade o número de empresas que não possui estratégias

industriais claras e precisas, averiguou-se a existência dos critérios mais utilizados

para medir o desempenho da produção nas indústrias dos Açores.

2.3.1. TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Segundo Russomano citado em Biazin & Godoy (2000), a organização dos

sistemas de produção e o seu planeamento e controlo dependem do tipo do produto

e do tipo de portfólio de produtos produzidos pela organização.

Entende-se por portfólio de produtos, o conjunto de todos os produtos que

são produzidos pela empresa mas que pertencem a famílias de produtos diferentes.

Por outro lado, Jamalnia & Feili (2013) designam família de produtos como o

conjunto de produtos produzidos por uma determinada organização, que atendem a

necessidades distintas mas apresentam características físicas e processos de fabrico

semelhantes.

Perales (2001) refere que uma classificação ajuda a entender o objeto em

estudo e tem por objetivo estabelecer relações entre as características observadas.

Encontram-se várias classificações dos sistemas de produção devido aos critérios

propostas por diversos investigadores e às diferentes características que os definem.

Marques (1998) considera a existência de modelos intermédios, no entanto,

defende apenas os dois tipos extremos de produção: a contínua e a descontínua.

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Produção

Contínua

Produção

Descontínua

Aumento da complexidade tecnológica do equipamento

Aumento da repetição das operações

Aumenta o número de unidades produzidas

Aumento da variedade de produção

A figura 4 ilustra as principais características associadas aos dois tipos de

produção.

Verifica-se que, à medida que se move de uma produção descontínua para

contínua, dá-se o aumento da complexidade tecnológica do equipamento, o aumento

da repetição de tarefas e o aumento do número de unidades produzidas. Por outro

lado, no sentido de uma produção contínua para a descontínua, dá-se o aumento da

diversidade de produtos.

Como mencionado anteriormente, além das duas tipologias opostas de

produção, existem outros tipos de produções intermédias. Moreira citado em Perales

(2001) menciona duas classificações distintas: a Tradicional e a Cruzada de

Schroeder.

A classificação Tradicional é estabelecida em função do fluxo do produto,

agrupando os sistemas de produção em três categorias:

sistemas de produção contínua ou fluxo em linha;

sistemas de produção descontínua;

sistemas de produção de grandes projetos sem repetição.

Por outro lado, ainda relativamente ao fluxo do produto, Slack et al. citado em

Fusco & Sacomano (2007) distinguem mais categorias do que as anteriores. A figura

5 ilustra esta situação.

Figura 4 – Características da produção contínua e descontínua (adaptado de Marques, 1998)

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Projeto

Job Shop

Lote

Em massa

Contínuo

Baixo Alto Volume

Alta

Baixa

Variedade

Como mencionado anteriormente em função do volume e da diversidade de

produtos, obtêm-se para cada sistema de produção uma forma diferente de

organização das atividades das operações.

Noutra ótica, a classificação Cruzada de Schroeder considera duas

dimensões: uma de acordo com o fluxo do produto, semelhante à classificação

Tradicional, e outra em função do tipo de atendimento ao consumidor que é dividida

em sistemas orientados para stock e sistemas orientados para encomenda.

Os sistemas orientados para stock são adotados por organizações que

pretendam diminuir os custos e produzir em grande quantidade. Este tipo de sistema

possui um prazo de fabrico superior ao prazo de entrega aceite pelo cliente e como

os produtos são fabricados antes da procura a escolha do consumidor torna-se

limitada.

Os sistemas orientados para encomenda conduzem à diminuição dos stocks

e a produção apenas se inicia quando indicado pelo cliente. Para Courtois et al.

(1997), este tipo de produção é preferível à produção para stock porque permite

maior flexibilidade de resposta às mudanças das exigências dos consumidores.

Figura 5 – Sistema de produção (adaptado de Slack et al. citado em Fusco & Sacomano, 2007)

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Para Courtois et al. (1997) os sistemas orientados para stock são geralmente

vistos de forma distinta e incompatível com os sistemas orientados para encomenda.

No entanto, Tsubone et al. (2002) mencionam que com o aumento da variedade de

produtos e as mudanças drásticas na procura, as organizações sentem a

necessidade de combinar estes dois tipos de produção. Para Rafiei et al. (2013) esta

combinação resulta nos sistemas de produção híbridos MTS (make-to-stock) / MTO

(make-to-order).

Os sistemas híbridos combinam as vantagens de ambos os sistemas “puros”:

encomenda e stock, nomeadamente, os níveis de stock baixos e os prazos de

entrega curtos. Para tal, estes sistemas assentam no conceito de customer order

decoupling point. Segundo Olhager (2012) este ponto define-se como o ponto da

cadeia de abastecimento onde o produto está ligado a um cliente específico. As

atividades à direita do decoupling point (down stream) iniciam-se a partir da

encomenda do cliente, enquanto as atividades à sua esquerda (upstream) iniciam-se

com base na previsão do cliente específico.

Mencionadas as características das classificações, procede-se ao estudo dos

diversos sistemas de produção, optando por explicitá-los segundo o fluxo do produto,

visto que a maioria dos investigadores sugere este tipo de classificação.

PRODUÇÃO CONTÍNUA (FLOW SHOP)

Zaccarelli citado em Biazin & Godoy (2000) menciona que as indústrias de

fluxo tipo contínuo são as que realizam as mesmas operações, com poucas

interrupções, produzindo grandes lotes de produtos. São exemplos as indústrias:

química, petroquímica e do cimento.

A produção contínua caracteriza-se pelo elevado volume de produção de um

produto ou de uma família de produtos e pela sua rigidez no processo. O produto

final é altamente padronizado e obtido sem a interrupção do fluxo de produção, isto

é, é realizado em linha contínua através de uma sequência única de operações.

Este tipo de produção é acompanhado de um elevado grau de automação

dos processos de produção e dos sistemas de movimentação conferindo-lhe,

segundo Courtois et al. (1997), as seguintes vantagens:

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Fluxo de produto ou material

Operações de produção

6

Produtos acabados montagens

componentes

4

submontagens

submontagens

5

Matérias-primas

Matérias-primas

3

1

2

componentes

componentes

baixos custos de produção;

grande volume de produtos;

qualidade elevada;

baixo volume de produtos “em curso”;

movimentação rápida de produtos entre os postos de trabalho;

elevada produtividade.

No entanto, como observado na figura 6, as máquinas e as instalações estão

dedicadas ao produto a fabricar e o sistema não apresenta muita flexibilidade.

Este tipo de sistema de produção apresenta um layout por produto, sendo

importante a existência de uma manutenção preventiva, pois uma avaria dos

equipamentos pode causar o não funcionamento da fábrica. Para Kumar & Suresh

(2009) o layout refere-se ao arranjo físico das instalações, ou seja, a configuração de

departamentos, centros de trabalho e equipamentos em torno dos processos de

produção.

PRODUÇÃO DESCONTÍNUA (JOB SHOP)

Este tipo de produção é adequado às organizações que produzem pequenas

quantidades de vários produtos diferentes. Neste caso, a produção é feita por lotes e

a sequência de operações deve ser modificada de forma a atender as necessidades

dos clientes.

Figura 6 - Produção contínua (adaptado de Gaither & Fraizer, 2002)

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Fluxo de produto ou material

Operações de produção

A produção descontínua apresenta grande flexibilidade e mão-de-obra

altamente qualificada, pois os equipamentos não são específicos para um

determinado tipo de produto sendo capazes de realizar um número elevado de

operações. No entanto, devido à sua elevada flexibilidade torna-se mais difícil gerir a

produção, resultando em níveis de stock e de produtos em curso de fabrico mais

elevados.

Segundo Kumar & Suresh (2009) uma produção descontínua possui uma

oficina de processos que é designada por “Job-Shop”. Neste tipo de produção, as

máquinas estão agrupadas por departamentos funcionais e organizadas consoante

as tarefas que executam. Como observado na figura 7, pode dizer-se que este é um

layout focado no processo, visto que o fluxo de produtos é organizado em função das

tarefas a realizar.

Este tipo de sistema requer a existência de um plano detalhado da produção

para determinar a capacidade de cada centro de trabalho, estabelecer prioridades e

sequências de operações de cada produto. Além disso, apresenta como principais

desvantagens: lead times superiores e elevados custos de movimentação dos

materiais.

Armazenamento das matérias-

primas

Fundição Máquina de tratamento

Fabricação Pintura Embalagem e despacho

Perfurar Máquina de acabamento

Rebarbar Montagem

Figura 7 - Produção descontínua (adaptado de Gaither & Fraizer, 2002)

2

2 4 3

5

6 7

3

4 5

6

7

8

tarefa x

1

tarefa y

1

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Contudo, Kumar & Suresh (2009) enumeram as vantagens deste sistema:

produção de grande variedade de produtos devido à flexibilidade do

sistema;

elevada motivação e aprendizagem dos colaboradores, pois cada centro

de trabalho possui tarefas diferentes.

elevada taxa de utilização dos equipamentos e de mão-de-obra.

PRODUÇÃO POR PROJETO

A produção por projeto destina-se a organizações que produzem produtos de

alto custo, nomeadamente, edifícios, aviões, navios e máquinas de grande porte.

Neste tipo de produção o produto é único, com pouca ou nenhuma repetição, não

existindo portanto um fluxo do produto estável, mas sim uma sequência de

operações.

Para Fusco & Sacomano (2007) neste sistema de produção, os recursos

devem-se adaptar aos produtos e cada unidade destes produtos desenvolve-se

tendo em conta a sua singularidade. Assim, estes sistemas são difíceis de

automatizar e possuem uma sequência das tarefas de longa duração.

Jonsson & Mattsson (2003) referem que a aplicação dos métodos de

planeamento e controlo da produção dependem da procura, produtos e

características de produção. Deste modo, depois de caracterizar cada sistema de

produção aborda-se o tópico do planeamento e controlo da produção, por forma a

facilitar a tomada de decisão sobre as técnicas de planeamento mais adequadas a

cada sistema.

2.4. O PLANEAMENTO E O CONTROLO DA PRODUÇÃO

Ao longo do tempo foram sugeridas diversas definições para o planeamento e

controlo da produção (PCP). A maioria dos autores refere que o PCP possui um

papel estratégico de suma importância nas organizações e tem a função de gerir

todos os aspetos relacionados com a produção.

Russomano citado em Nascimento et al. (2012) indica que o PCP tem a

função de apoiar e coordenar várias atividades, de acordo com os planos de

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produção, para que o que foi programado inicialmente possa ser obtido de forma

eficiente. Segundo este autor, o PCP procura gerir todo o processo de produção

desde a fase de previsão de vendas ou solicitação de compra do cliente, até a

concretização efetiva da produção.

Por outro lado, Machline et. al. citado por Cosentino & Erdmann (1999)

referem que o PCP integra funções administrativas, tendo como objetivo principal

elaborar planos de produção. Ballestero-Alvarez citado em Santi et al. (2012) refere

que a função administrativa “define e aplica ferramentas e métodos para responder

às questões: como, quando, quanto e com o que produzir?”, ou seja, refere-se à

forma como a empresa produz bens e/ou serviços. Por sua vez, os planos de

produção compreendem a fase do planeamento e têm o propósito de orientar a

produção, servindo posteriormente como guia na fase do controlo.

Vollmann et al. (2005) referem que o PCP tem como função gerir o fluxo de

materiais e a utilização de pessoas e equipamentos e responder às necessidades

dos clientes. Como esses aspetos se alteram ao longo do tempo, Volling et al. (2013)

referem que o PCP é um processo dinâmico e contínuo que considera o presente, a

visão do futuro e os objetivos a alcançar. Para estes investigadores, o PCP é

responsável por fornecer todas as informações a partir das quais os gestores tomam

decisões efetivas.

Todos os conceitos são similares, variando apenas no seu limite, isto é, onde

se iniciam e acabam as fases do planeamento e o controlo da produção. Para

Russomano citado em Nascimento et al. (2012) o tipo de produção, o tamanho da

empresa, a variedade de produtos, a estrutura administrativa e o setor a que

pertence uma determinada organização são as causas desta variação.

Segundo Kaihatu & Barbosa (2006) os objetivos do PCP são:

Gestão de stocks – gerir a matéria-prima e todos os recursos por forma a

assegurar a sua disponibilidade.

Emissão de ordens de produção – criação de um plano de produção para

que não falte matéria-prima para o que foi estipulado no mesmo.

Planeamento das ordens de produção – determinar quando deverão ser

executadas as tarefas e as operações de produção.

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Acompanhamento da produção – efetuar a comparação entre o que foi

planeado e o produzido. No caso de alguma discrepância entre os dois,

aplicam-se medidas para a sua correção.

Por outro lado, Machline et. al. citado por Cosentino & Erdmann (1999) optam

por classificar o PCP em função das suas duas fases: o planeamento e o controlo.

Desta forma, clarifica-se este tema com a distinção entre estas duas fases.

2.4.1. O PLANEAMENTO

Buzacott et al. (2012) indicam que o planeamento consiste na preparação

sistemática de futuras atividades, apoiando-se em suposições e projeções sobre

como um objeto vai ser planeado e como o seu ambiente irá desenvolver-se no

futuro.

Para facilitar o processo de planeamento, Hax, Meal e Gabbay propuseram

em 1975 a divisão do processo de tomada de decisão em níveis hierárquicos.

Seguindo esta ótica de divisão, apresenta-se de acordo com Ozdamar et al. (1998) a

definição: “o planeamento é a consequência de uma hierarquia de decisões que

tratam de diferentes questões relacionadas com o ambiente de produção”.

A tabela 1 apresenta alguns pontos principais do planeamento em torno dos

seus três níveis hierárquicos.

Tabela 1 – Os três níveis hierárquicos do planeamento (adaptado de Filho, 2000)

Planeamento Objetivo Horizonte Grau de

agregação

Grau de

incerteza

Estratégico Planos de negócio Longo-prazo (2

a 5 anos)

Altamente

agregado Muito alto

Tático Planos de produção

(agregados/detalhado)

Médio-prazo

(1 mês a 2

anos)

Moderadamente

agregado (ou

detalhado)

Alto a

médio

Operacional Programação,

sequenciamento e

despacho

Curto-prazo

(diariamente -

semanalmente)

Altamente

agregado Muito baixo

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Anthony (1965) descreve os níveis do planeamento da seguinte forma:

planeamento estratégico: são definidas diretrizes que orientarão a

organização num período de um a cinco anos (ou segundo Donato et al.

(2008) de cinco a dez anos). O planeamento estratégico prende-se com

decisões relacionadas com as metas da organização, como por exemplo:

definir a capacidade, a localização e a tecnologia.

planeamento tático: estende-se por um período de seis a dezoito meses

(ou segundo Donato et al. (2008) de doze a vinte e quatro meses). Neste

nível executam-se planos agregados de vendas, operações e stocks de

médio-prazo, para assegurar a utilização eficiente dos recursos

disponíveis na organização. Os planos agregados focam-se em volumes

de produtos agregados e famílias de produtos.

planeamento operacional: foca-se num período de um dia a seis meses e

está diretamente ligado às operações. Tem como objetivo assegurar que

as atividades da produção sejam executadas de forma eficaz e eficiente.

Segundo Souza & Borgonhoni (2007) o planeamento tático é a etapa mais

importante do PCP, pois contém a declaração da quantidade e o momento em que

os produtos finais devem ser produzidos. É da responsabilidade do planeamento

tático distribuir os recursos, destacando os meios para alcançar os objetivos

especificados. Desta forma, achou-se pertinente abordar o tópico do planeamento

agregado e estratégias utilizadas para evitar as perdas de eficiência e produtividade

de uma organização.

PLANEAMENTO AGREGADO

O planeamento agregado encaixa-se no nível tático do planeamento

procurando o balanceamento entre a produção (oferta) e a procura. Segundo Axsater

citado em Donato et al. (2008) o planeamento agregado tem o propósito de garantir o

cumprimento do que foi estabelecido no longo prazo. Por outro lado, Singhal &

Singhal (2007) consideram que o planeamento agregado deve ter um objetivo mais

abrangente, interligando os diversos setores da empresa, tais como: financeiro,

vendas, produção, marketing, entre outros.

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Como mencionado anteriormente, é da responsabilidade do planeamento

agregado ajustar a procura à capacidade de produção (oferta). Como tal, este possui

um conjunto de estratégias para manipular as variáveis que estão sob o seu controlo.

Ozdamar et al. (1998) referem a utilização das seguintes estratégias

relativamente ao planeamento agregado:

variação das taxas de produção recorrendo a horas extraordinárias;

outsourcing ou subcontratação de mão-de-obra ou serviços;

recorrer ao backorder, isto é, atrasar a entrega do produto até que haja

capacidade disponível para a sua produção;

variação dos níveis de mão-de-obra através da sua contração e

despedimento;

variação dos níveis de stock com a produção para armazém em alguns

períodos para consumo posterior.

Por outro lado, face à incerteza da procura Buxey (2005) considera a

utilização das seguintes estratégias: produção de produtos em contraciclo e

influenciar a procura através de campanhas de marketing e promoções.

Relativamente às práticas do planeamento agregado, Sakalli et al. (2010)

mencionam que a partir do ano 1950 foram desenvolvidas inúmeras técnicas que

auxiliam na resolução deste tipo de problemas. Estas são agrupadas em seis

categorias sendo apresentadas seguidamente, assim como, os respetivos autores

que deixaram nas mesmas o seu forte contributo:

Programação Linear (Charnes e Cooper em 1961, Singhal e Adlakha em

1989)

Linear Decision Rule (Holt et al. em 1955)

Método dos Transportes (Bowman em 1956)

Management Coefficient Model (Bowman em 1963)

Search Decision Rule (Taubert em 1968)

Simulação (Jones em 1967)

Estas técnicas revelam-se muito eficazes na resolução de problemas de

planeamento agregado.

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24

2.4.2. O CONTROLO

Segundo Kaihatu & Barbosa (2006) na etapa do controlo inicia-se o processo

de produção e todas as etapas que foram desenvolvidas na fase anterior isto é, na

fase do planeamento, serão verificadas. Assim, o controlo é uma etapa que

acompanha todo o processo de desenvolvimento do produto, interligando o

planeamento e a execução das atividades operacionais.

Lacombe citado em Santi et al. (2012) refere que o controlo é uma função

administrativa que monitoriza o desempenho da organização. A mesma assegura se

os objetivos e metas foram atingidos, tendo o propósito de guiar e regularizar as

atividades da empresa. Deste modo, comparam-se os resultados obtidos com os

previstos e, no caso de existir algum desvio, aplicam-se as respetivas medidas

corretivas ou o ajuste dos planos.

Cosentino & Erdmann (1999) e Santi et al. (2012) indicam que o controlo da

produção atua sobre quatro aspetos fundamentais: controlo da quantidade, controlo

do tempo, controlo da qualidade e controlo dos custos. No controlo da quantidades

averigua-se o número de unidades produzidas e/ou se houve produção adicional

devido a existência de defeitos no processo ou nas matérias-primas. Por sua vez,

com o controlo do tempo pretende-se a redução do lead time, permitindo diminuir o

tempo de entrega dos produtos encomendados. Em relação à qualidade, tem-se o

cuidado de assegurar os seus padrões mínimos, pois os mesmos são necessários

em qualquer negócio ou empresa. Por último, controlar os custos revela-se

estratégico devido à crescente competitividade.

2.4.3. SISTEMAS PARA O PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO

Para Vollmann et al. (2005) um sistema de planeamento e controlo da

produção ou sistema de administração da produção (SAP) não toma decisões, é uma

ferramenta que auxilia os gestores na tomada de decisão. Este sistema revela-se

eficaz no planeamento e controle do fluxo de materiais, capacidade de produção,

utilização de mão-de-obra e equipamentos. Todavia, possui elevados custos de

aquisição e manutenção, pelo que, o seu fraco desempenho constitui uma das

causas de falência das empresas.

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Plano mestre de produção (MPS)

Planeamento dos recursos

Plano da produção (S&OP)

Gestão da procura

MRP

Planeamento fino da produção

Compras de matérias-primas

A figura 8 ilustra um sistema de planeamento e controlo da produção.

Segundo Tomas et al. (2012) um plano de produção ou plano de vendas e

operações (Sales and Operations Planning - S&OP) fornece o relatório agregado do

volume de produção. Este equilibra os planos de produção com os recursos

disponíveis, evidenciando os objetivos e metas da organização. Para obter este

plano recorre-se às técnicas de previsão da procura e ao planeamento dos recursos.

De acordo com Vollmann et al. (2005), o Master Production Schedule (MPS),

compreende um nível operacional para o qual se conhece a procura e se determina o

que se vai produzir, quando e em que quantidades. Este plano detalha os produtos

que decompõe o volume do plano de produção, especificando quando os mesmos

estarão disponíveis.

Laurindo & Mesquita (2000) mencionam que a dificuldade de coordenar um

sistema de planeamento e controlo de produção aumenta com a complexidade e

variedade de produtos.

Figura 8 - Sistema de planeamento e controlo da produção proposto por Vollmann et al. (adaptado de Donato, et al., 2008)

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2.5. O LEAN MANUFACTURING

Segundo Holweg (2007) o conceito lean foi formalmente introduzido nos

Estados Unidos em 1984, resultando da associação (Joint Venture) entre as

empresas General Motors e a Toyota. No entanto, considera-se que o mesmo teve

origem em 1950 na empresa japonesa Toyota Motor Corporation. Desta forma,

revela-se pertinente apresentar uma breve descrição da empresa que ergueu este

conceito.

A Toyota Motor Corporation iniciou a sua atividade em 1937. Limitada pela

disponibilidade de recursos devido à segunda grande guerra em 1939-1945, a

Toyota Motor Corporation desenvolveu o TPS (Toyota Production System). De

acordo com Sugai et al. (2007) o sistema TPS procura eliminar todos os tipos de

desperdícios. Para tal, foram criadas técnicas tais como: a produção em pequenos

lotes, a redução de stocks, foco na qualidade, manutenção preventiva, entre outras.

Contrariamente às fábricas Ford e General Motors que produziam em massa,

a Toyota Motor Corporation produzia lotes pequenos. Desta forma, reduziu o

excesso de produção, a quantidade de defeitos e stocks, oferecendo maior

diversidade e customização dos produtos a custo competitivo.

Segundo Monden (2012) os dois pilares para o TPS foram: o Just in-Time

(JIT) e a “autonomação” (Jidoka). No entanto, refere-se que o creative thinking e a

mão-de-obra flexível também foram importantes na implementação deste sistema. O

creative thinking estimula a participação ativa dos colaboradores, enquanto, a mão-

de-obra flexível permite variar o número de colaboradores e responder às mudanças

da procura. Para realizar estes quatro conceitos, a Toyota Motor Corporation criou os

seguintes métodos:

Kanban System: mantém a produção JIT.

Production smoothing method: responde às mudanças na procura.

Diminuição de tempos de setup: tem impacto na redução do lead time.

Operações estandardizadas: para obter a sincronização da linha de

produção.

Layouts flexíveis e colaboradores polivalentes: conceito de mão-de-obra

flexível.

Sistemas de controlo visual: conceito de “autonomação”.

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Assim, a Toyota Motor Corporation foi pioneira na aplicação de iniciativas de

lean manufacturing. De acordo com Seth & Gupta (2005) o lean manufacturing é

orientado segundo os princípios: definição de valor para o cliente, identificação das

atividades necessárias à produção de um produto (fluxo de valor), definição dos

fluxos de produção, implementação de um sistema pull e eliminação total do

desperdício.

Para Chiarini (2012) o lean manufacturing tem o propósito de criar novos

processos e/ou procedimentos através da redução de desperdícios em todas as

fases do sistema de produção. Assim, Pinto (2008) indica a origem das sete fontes

de desperdício (muda em japonês) propostas por Ohno e Shingo:

1) Excesso de produção: resulta em fluxos irregulares de matéria-prima,

informação e excesso de stocks.

2) Tempos de espera: períodos longos de paragem de pessoas,

equipamentos, materiais e informação. Ocasiona longos lead times e

fluxos irregulares, estando na sua origem avarias de equipamentos,

atrasos nas entregas de materiais, burocracia de processos, pouca

autonomia dos colaboradores, entre outros. Entende-se por lead time o

tempo entre a entrada do material no sistema de produção até a sua

saída.

3) Transportes desnecessários: deslocações excessivas de pessoas,

materiais e informação, originando perda de tempo, energia e capital.

4) Excesso de stocks: resulta em custos excessivos, baixo desempenho e

lacunas no serviço prestado ao cliente. Deve-se à existência de longos

lead times e locais de armazenamento.

5) Processos inadequados: utilização incorreta do equipamento, ferramentas

e/ou uso de procedimentos complexos e incorretos.

6) Movimentos desnecessários: locais de trabalho desorganizados resultam

em falhas de desempenho, resulta da pouca atenção às questões

ergonómicas.

7) Existência de defeitos: é frequente nas fases do processo, problemas de

qualidade do produto ou baixo desempenho na entrega.

Womack e Jones (1996) acrescentam uma oitava fonte: “design de produtos e

serviços que não vão ao encontro das necessidades do cliente”.

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2.5.1. A IMPLEMENTAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING

Embora sejam conhecidas inúmeras técnicas, práticas e ferramentas, uma

produção lean é difícil de implementar. Peter & Lanza (2011) identificam a variedade

e volume de produtos, a variação dos processos e a existência de tempos de setup,

como as condicionantes que dificultam este processo. Os mesmos autores também

afirmam que cada método tem de ser adaptado às características individuais da

organização.

Todavia, Pinto (2008) refere que as pessoas são o elemento principal dos

processos lean, e posteriormente, o tempo e o capital a investir. Para implementar

esta filosofia, é necessário uma mudança cultural no modo como os processos são

geridos e avaliados. O lean manufacturing é um processo contínuo, pelo que, as

organizações deverão passar por vários estágios de desenvolvimento o que requer

grande esforço e comprometimento.

O lean associa-se à eliminação do desperdício, e consequentemente, ao

aumento do desempenho do sistema de produção. Para Deflorin & Scherrer-Rathje

(2012), torna-se visível a crescente procura das organizações em implementar este

conceito. Porém, a sua implementação nem sempre é bem-sucedida ou possui os

resultados esperados. Assim, Martínez-Jurado & Moyano-Fuentes (2012) referem

que para garantir o seu sucesso é fundamental identificar as razões que motivam a

empresa na sua aplicação.

Peter & Lanza (2011) dizem ser crucial identificar os parâmetros dos métodos

Lean e o seu impacto na produção. Por exemplo, no sistema Kanban o número de

cartões e a capacidade do recipiente representam os parâmetros lean que têm um

impacto direto no WIP (Work-in-Process), stocks e prazos de entrega.

Martínez-Jurado & Moyano-Fuentes (2012) propõem um modelo para

identificar os fatores (internos ou externos) com impacto na adoção do lean.

Comprovaram que os fatores internos derivam de iniciativas da gestão,

classificando-os em três categorias: “trigger”, de sucesso e de controlo. Pelo

contrário, os fatores externos são causados devido a pressões externas.

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Poder de negociação dos clientes

• Clientes mais exigentes

• Redução de custos

• Melhorar prazos de entrega e qualidade

Competitividade e rivalidade

• Necessidade de mudança

• Melhorar eficiência/custo

Ameaça da entrada de

novos concorrentes

• Aumento da competição

No questionário procede-se à identificação dos fatores “trigger” (figura 9), uma

vez que estes são responsáveis pela motivação das empresas na implementação do

lean manufacturing.

Após identificar os motivos que levam à implementação do lean

manufacturing, acha-se pertinente expor as razões que podem limitar a sua

implementação. De acordo com Pinto (2008) a resistência à mudança por parte das

pessoas, a falta de maturidade da empresa e dos processos e a falta de uma visão

global de toda a empresa, isto é, não apenas o conhecimento de um departamento

ou setor, estão na origem da dificuldade da sua implementação. Além disso, como

referido anteriormente, o lean é um processo contínuo sendo necessário ter

consciência que, numa fase inicial devido à adaptação à mudança, o desempenho da

organização poderá ser afetado. É necessário dar tempo para que os resultados

apareçam, contudo, com frequência as empresas desistem deste processo quando

não obtêm resultados rápidos e/ou são confrontadas com dificuldades.

Figura 9 – As motivações dos fatores “trigger” (adaptado de Martínez-Jurado & Moyano-Fuentes, 2012)

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2.5.2. A MELHORIA CONTÍNUA – LEAN THINKING

Para Ghinato (1996) 95% do tempo de uma organização é dedicado a

atividades que não acrescentam valor, ocasionando cerca de 40% de custos

relativos à manutenção e desperdício. Como mencionado anteriormente, as

organizações têm o objetivo de criar valor. O valor representa tudo o que justifique o

consumo de tempo e recursos, procurando satisfazer as necessidades dos clientes.

No entanto, existem atividades que são realizadas mas não acrescentam valor,

sendo designadas por desperdício.

Numa economia de mercado, a única forma de uma organização persistir

baseia-se numa de duas condições: obter maiores receitas e/ou reduzir os custos.

Devido à concorrência torna-se difícil adquirir maiores receitas, porém, é possível

reduzir os custos. Nesta ótica surge a crescente procura pela melhoria contínua.

A melhoria contínua está na origem da mudança estrutural que desde o início

dos anos oitenta abanou o mundo oriental. Esta nova filosofia (lean thinking) foca-se

na eliminação sucessiva do desperdício seguindo princípios que guiam toda a

organização.

Womack e Jones (1996) identificam os princípios para o lean thinking:

Conhecer os stakeholders (partes interessadas).

Definir as atividades que criam valor.

Definir a respetiva cadeia de valor para cada stakeholder.

Otimizar os recursos.

Implementar um sistema pull. Contrariamente ao push, esta lógica permite

aos clientes (e outros stakeholders) liderar o processo de acordo com as

suas necessidades.

Incentivar a melhoria contínua da organização.

Inovar para criar novos produtos, serviços e processos.

A execução desta prática envolve todos os colaboradores e a organização na

aplicação de ferramentas lean manufacturing. Nos tópicos seguintes apresentam-se

algumas ferramentas que poderão manter os níveis de competitividade e

produtividade desejados, contribuindo para a melhoria contínua.

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2.5.3. JIT (JUST-IN-TIME)

Baykoç & Erol (1998) referem que o just-in-time tem o objetivo de produzir o

necessário no tempo e quantidades adequadas, eliminando os desperdícios e a

existência de stocks. Para Ghinato (1996) é fundamental perceber que o JIT é um

meio para alcançar o verdadeiro objetivo do TPS: o aumento dos lucros através da

eliminação de desperdícios.

Jean La Fontaine citado por Courtois et al. (1997) destaca as diferenças entre

a gestão tradicional e o JIT. Na gestão tradicional produz-se e depois vende-se,

enquanto no JIT vende-se e depois produz-se. Desta forma, torna-se mais crucial no

JIT planear a produção para responder ao cliente no prazo aceitável.

Segundo Monden (2012) o processo de produção e o movimento de materiais

são geridos no JIT através de sistemas kanban. Para Pinto (2008) o kanban “puxa” o

processo de produção sendo comandado pela linha de montagem final (ou cliente

final). Estes sistemas de informação controlam o fluxo de produção, colocando

ênfase no output e não no input, isto é, a linha de montagem recebe o programa de

produção e, consoante o que consome autoriza aos centros de trabalho precedentes

o fabrico de novas peças.

Plenert (1997) menciona que nem todos os produtos podem ser produzidos

com base nesta filosofia (JIT), pois a mesma fundamenta-se na especialização do

produto e na eliminação do desperdício. Para que haja a especialização do produto é

necessário um sistema de produção por produto, o que causa menos flexibilidade no

caso de alteração do produto e/ou matérias-primas.

2.5.4. 5 S’S

Vivan et al. (1998) referem que o programa 5S’s surgiu com o objetivo de

melhorar o ambiente de trabalho com base na mudança de comportamento e hábitos

dos colaboradores. Esta metodologia mobiliza toda a organização, sendo

considerada por muitos investigadores o ponto de partida para a introdução de

programas de melhoria contínua.

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Com origem no Japão, o 5S’s provém do programa implementado pela

Toyota, o 3M’s: MURI (esforço), MURA (inverter) e MUDA (desperdício). Segundo

Silva et al. (2008) o 5S’s possibilita melhorias significativas na organização

baseando-se em cinco princípios:

SEIRI (seleção): distinguir o necessário do desnecessário; refere-se à

eliminação de tudo o que é desnecessário, nomeadamente, tarefas,

burocracia e recursos.

SEITON (ordenação): definir locais e stocks apropriados para os recursos

através de uma comunicação visual que facilite o seu acesso rápido.

SEISHO (limpeza): cada colaborador deve limpar a sua área de trabalho,

evitando não a sujar.

SEIKETSU (padronização): promover um ambiente de trabalho ético

através de condições favoráveis à saúde física e mental.

SHITSUKE (disciplina): atribuir hábitos e responsabilidades a todos.

Costa et al. (2005) defende que o 5S’s estimula a participação e

envolvimento dos colaboradores nos programas de qualidade existentes na empresa,

faculta um ambiente de trabalho mais agradável, permite o ganho de espaço físico e

impulsa o desenvolvimento de uma visão crítica por parte dos colaboradores.

2.5.5. SMED (SINGLE-MINUTE EXCHANGE OF DIE)

O Single-Minute Exchange of Die (SMED) ou troca rápida de ferramentas

difundiu-se em 1970, sendo uma metodologia desenvolvida por Shingo ao longo de

dezanove anos. De acordo com Shingo (1985) o SMED é aplicado em qualquer

fábrica e equipamento e procura incutir uma meta de tempo na execução de

operações setup. No entanto, Sugai et al. (2007) mencionam que a sua aplicação

não é possível em todas as organizações e equipamentos pois, depende de razões

técnicas, económicas e/ou organizacionais.

Shingo (1985) verificou que a diversidade de produção e a produção de lotes

pequenos resultavam no aumento do número de operações setup. Uma vez que o

número de operações não poderia ser reduzido, optou-se por reduzir o tempo que

estas demoravam. Assim, segundo Satolo & Calarge (2008) o SMED tem o propósito

de reduzir o tempo setup através da minimização de perdas relacionadas com a

troca de ferramentas.

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Entende-se por tempo de setup o intervalo de tempo entre as diferentes

atividades, isto é, o tempo decorrido entre a última peça em conformidade fabricada

no lote anterior, até à primeira peça em conformidade do lote seguinte. Flynn citado

em Sugai et al. (2007) defende que o tempo de setup é inversamente proporcional ao

grau de similaridade entre duas tarefas processadas. Logo, se duas tarefas forem

similares, o tempo de setup será relativamente pequeno. No entanto, se estas forem

distintas o setup será superior.

O SMED distingue dois tipos de setup: interno e externo. No interno as

operações são executadas apenas quando a máquina está parada, enquanto no

externo estas podem ser realizadas com a máquina em funcionamento. Com base

nesta distinção, Neumann & Ribeiro (2004) definem as etapas do SMED:

Estágio inicial (estágio zero): o setup interno e externo não estão

diferenciados.

Estágio 1: separar o setup interno do externo. Como não estão

devidamente especificados causam a paragem desnecessária dos

equipamentos.

Estágio 2: converter o setup interno em externo. Analisar todas as

operações, verificando se, através de soluções tecnológicas, as mesmas

podem ser convertidas em setup externo.

Estágio 3: racionalizar todos os aspetos da operação setup. Procura-se

novas soluções com o objetivo de evitar a troca de ferramentas.

Este método possui inúmeras vantagens, tais como: o aumento da taxa de

utilização dos equipamentos, a redução de tempos mortos, a flexibilidade e rapidez

nas alterações dos produtos e a redução de custos. Todavia, Sugai et al. (2007)

referem que apenas a sua aplicação não garante a produtividade.

2.5.6. SISTEMAS DE CONTROLO VISUAL

De acordo com Monden (2012) a “autonomação” difere do conceito de

automação porque refere-se à autonomia dos colaboradores na paragem automática

dos equipamentos no caso de alguma anomalia no processo de produção. Segundo

Pinto (2008) adaptam-se procedimentos simples baseados em pessoas e não em

sistemas tecnológicos ou sistemas de informação. Assim, o controlo visual também

referido como “fábrica visual”, impõe que o local de trabalho tenha sinais (sonoros ou

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visuais) que informem os colaboradores do que fazer, quando fazer, de

irregularidades e quem precisa de ajuda.

São exemplos de sistemas de controlo visual os sistemas “poka-yoke”. Estes

são dispositivos implementados ao longo da linha de produção e monitorizam a

mesma, evitando a ocorrência de defeitos. Existem também outros sistemas de

controlo visual, denominados de “andon” que fornecem o feedback de cada posto de

trabalho através de uma luz elétrica. Caso o colaborador solicite ajuda ou haja

atrasos na produção, acende-se uma luz amarela. No caso de este ter de reparar

algum equipamento e/ou parar a produção acende-se uma luz vermelha que indica o

status do processo.

2.5.7. VALUE STREAM MAPPING (VSM)

Segundo vários investigadores, o Value Stream Mapping (VSM) é a

ferramenta mais utilizada para atingir os objetivos de uma filosofia lean. Para Pinto

(2008) este é um método simples e eficaz que ajuda a reconhecer o desperdício e as

suas causas. Para Lian & Landeghem (2002) o VSM revela-se muito útil, uma vez

que, permite trabalhar numa perspetiva da cadeia de valor, distinguindo-se

facilmente as atividades que acrescentam valor das que não acrescentam.

Com a aplicação do VSM efetua-se o mapeamento do “estado atual”, no

entanto, foca-se no estado pretendido ou “estado futuro”. Este mapeamento

considera não só o fluxo de materiais, como também, o fluxo de informações

auxiliando a visualização da situação atual para a construção da pretendida. O fluxo

de materiais diz respeito ao movimento de materiais dentro do sistema de produção,

enquanto o fluxo de informações diz respeito ao que cada processo deve fazer a

seguir.

Segundo Seth & Gupta (2005) o mapeamento do fluxo de valor é uma

ferramenta visual que analisa o processo como um todo e a sua aplicação pode

conduzir a reduções substanciais no lead time. A figura 10 ilustra os passos

evolutivos do VSM.

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O VSM utiliza uma representação esquemática, que desenha os dois estados

do sistema, através de uma simbologia simples e intuitiva que fornece uma

linguagem comum. Lima & Zawislak (2003) referem que o primeiro mapeamento

fornece indicação do estado atual do sistema e contém informações sobre a procura

dos clientes, tempos de ciclo, fornecimento de matéria-prima, setup de máquinas e

stocks, número de colaboradores e a relação entre o fluxo de informação e o fluxo de

material.

Por outro lado, o segundo mapeamento é construído com base no primeiro,

sendo modificado por aplicação dos princípios lean. Neste último são exemplos de

alterações a criação de células de produção, acordos com fornecedores para o

fornecimento de matéria-prima em prazos menores para reduzir o stock inicial.

Através do VSM pretende-se obter um fluxo contínuo em função das

necessidades dos clientes, desde a entrada de materiais até à obtenção do produto

final. Lasa et al. (2008) referem as cinco fases propostas por Rother e Shook:

Selecionar uma família de produtos.

Criar o mapeamento atual do sistema.

Desenvolver o mapeamento futuro do sistema.

Definir um plano de trabalho.

Realização do plano de trabalho definido.

Após a apresentação do enquadramento bibliográfico sobre o tema de gestão

de operações e de melhoria contínua, procede-se à exposição do capítulo seguinte

no qual se apresenta a metodologia e descrição do estudo necessárias para o

desenvolvimento desta pesquisa exploratória.

Figura 10 - Passos evolutivos do VSM (adaptado de Pinto, 2008)

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CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO ESTUDO

Através da realização de uma pesquisa exploratória sobre o planeamento e

controlo da produção do setor industrial dos Açores, pretendeu-se dar a conhecer o

atual contexto da produção das indústrias desta região.

Segundo Gil citado em Gerhardt & Silveira (2009) uma pesquisa define-se

como o procedimento racional e sistemático tendo como objetivo facilitar respostas

para um determinado problema. Este é um processo com várias fases, desde a

formulação do problema até à apresentação e discussão de resultados.

Assim, após a formulação do tema em estudo, procurou-se adquirir um

conhecimento abrangente do mesmo através de uma pesquisa bibliográfica. A

mesma recaiu sobre o tema de gestão de operações, sendo posteriormente

direcionada para o planeamento e controlo da produção e melhoria contínua.

Para concretizar esta pesquisa exploratória, procedeu-se à recolha de dados

selecionando-se o questionário como o método mais apropriado. Quanto à análise e

tratamento dos dados, toda a informação recolhida foi processada informaticamente

com recurso ao Excel® e analisada com o auxílio do software SPSS®.

3.1. O QUESTIONÁRIO

Segundo Parasuraman citado em Chagas (2000) o questionário é um

instrumento importante na pesquisa científica, sendo constituído por um conjunto de

questões que fornecem dados para atingir o objetivo do projeto. Existem três tipos de

questionário: de resposta aberta, de resposta fechada ou resposta mista. Optou-se

por combinar as vantagens de ambos os tipos, resultando num questionário do tipo

misto.

Verificou-se que um questionário misto revelava-se mais adequado ao

público-alvo pois, segundo Mattar citado em Chagas (2000), o mesmo apresenta

maior facilidade e rapidez de resposta.

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Para construção do questionário recorreu-se aos passos sugeridos por Aaker

et al. (2001):

1) Definir os objetivos e planear o que vai ser medido.

2) Construir as perguntas para obter as informações necessárias.

3) Definir o texto, a sequência das perguntas e o aspeto visual do

questionário.

4) Efetuar um teste piloto numa pequena amostra.

5) Se necessário, corrigir o problema e efetuar um novo pré-teste.

Tendo presente o objetivo de caracterizar o setor industrial da Região

Açoriana, construiu-se um questionário com questões pertinentes sobre aspetos

relacionados com a produção, nomeadamente, tipos de sistemas de produção,

estratégias de planeamento e controlo da produção, medidas de desempenho e uso

de ferramentas de melhoria contínua.

Contudo, pretendeu-se obter um maior leque de informações sobre a região.

Assim, questionou-se as empresas quanto ao número de anos de atividade, natureza

jurídica, recursos humanos, políticas e normas de certificação. Tal, justificou a

divisão do inquérito em três partes: dados da empresa, informações gerais e

caracterização da produção.

Salienta-se que o questionário foi construído tendo em consideração a

interação indireta entre o investigador e o inquirido. Desta forma, utilizou-se uma

linguagem formal na formulação das questões.

O questionário foi construído em 2 formatos, em formato papel perfazendo um

total de 6 páginas com 32 questões e, em formato eletrónico através de um

formulário criado através do Google Drive. O questionário em formato papel

encontra-se disponível no anexo A e o questionário em formato eletrónico pode ser

consultado parcialmente no anexo C.

O questionário em formato eletrónico diferiu ligeiramente da versão em

formato papel porque foi implementado de modo a selecionar as páginas consoante

as respostas do inquirido. A título de exemplo, na questão 13: “A empresa exporta

para mercados internacionais (União Europeia ou outros)?”, o inquirido é direcionado

para uma nova página consoante a resposta “sim” ou “não”.

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Após a construção do questionário efetuou-se, em abril de 2013, um teste

piloto a 6 empresas tendo como propósito estimar o tempo de preenchimento e de

averiguar as dificuldades sentidas pelos inquiridos. Selecionaram-se empresas

pertencentes a setores industriais diferentes, com dimensão e número de

colaboradores distintos (2 micro, 2 pequenas e 2 médias empresas). Nesta fase

inicial, também se contactaram as empresas de grandes dimensões, mas não foi

possível obter resposta ao teste piloto.

Verificou-se que as microempresas, i.e. empresas com menos de 10

colaboradores (Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de Novembro disponível no IAPMEI)

não estavam familiarizadas com os conceitos, apresentando dificuldades de

resposta. As pequenas, i.e. empresas com menos de 50 colaboradores, e médias

empresas, i.e. empresas com menos de 250 colaboradores, não apresentaram

dúvidas no conhecimento dos termos.

Algumas empresas indicaram que a questão número 17 podia induzir em erro

pois apresentava-se da seguinte forma: “Quantos produtos diferentes são produzidos

(referências) na empresa?”. A título de exemplo, no teste piloto uma indústria de

bebidas referiu que o mesmo produto possuía referências diferentes consoante o

tamanho da garrafa. Assim, optou-se por reformular a questão, referindo apenas o

número dos produtos diferentes.

Verificou-se também que nas questões 24 e 29 as médias empresas

respondiam instintivamente, sem ser necessário o esclarecimento dos conceitos. Por

outro lado, as pequenas empresas sentiam dificuldades. Como se referem a

questões mais técnicas, optou-se por acrescentar uma nova opção: “Não sabe/Não

responde”.

Quanto ao tempo de resposta, este foi estimado em 15 minutos,

aproximadamente.

3.2. A POPULAÇÃO E A AMOSTRA

Para obter conhecimento sobre a população alvo do estudo, contactou-se o

chefe de Divisão da Indústria e Qualidade da Direção Regional de Apoio ao

Investimento e à Competitividade dos Açores. Através deste contacto obteve-se, em

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fevereiro de 2013, uma base de dados em formato Excel com 925 indústrias

detentoras de licenciamento da atividade industrial. Na base de dados fornecida

constavam o nome da empresa, o número de colaboradores, o tipo de

estabelecimento e a atividade principal das organizações.

Sendo um estudo exploratório recorreu-se ao método de amostragem e, com

base no número de colaboradores, efetuou-se a seleção dos estabelecimentos

industriais em análise. Considerou-se uma amostra de 91 empresas que incluía as

pequenas, as médias e grandes empresas e excluía as microempresas. Também

foram excluídas do estudo as empresas responsáveis apenas pelo embalamento e

distribuição de produtos, visto que este tipo de organizações não se adequava ao

âmbito do estudo.

Inicialmente o questionário foi enviado apenas por endereço eletrónico mas,

como a taxa de resposta foi de apenas 3% recorreu-se a outros meios. Por razões de

proximidade, estabeleceu-se o contacto presencial com as empresas localizadas na

ilha de São Miguel. As empresas das restantes ilhas foram contactadas por telefone

solicitando-se, repetidamente, a sua participação neste estudo.

Em ambas as formas de contacto, presencial e por endereço eletrónico, os

inquiridos puderam escolher o formato de resposta preferido. Contudo, obteve-se

para o questionário em formato eletrónico uma taxa de resposta de apenas 15% e,

para o questionário em formato papel uma taxa de 49%. O questionário também foi

acompanhado de uma carta (anexo B) na qual se solicitava a colaboração das

empresas e se explicava o objetivo do estudo garantindo o anonimato.

O processo de inquirição prolongou-se durante o período de abril a julho de

2013, tendo-se obtido um total de 58 respostas, o que resulta numa taxa de resposta

de cerca de 64%.

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41

06

1 14 4

7

52

16

03

0 03 3 4

40

5

0

10

20

30

40

50

60

População Amostra

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Esta secção descreve, em termos estatísticos, os principais resultados

obtidos com as respostas enviadas pelas 58 empresas que colaboraram no estudo.

4.1.1. DADOS DAS EMPRESAS

LOCALIZAÇÃO

Tendo em conta o critério de seleção utilizado na obtenção desta amostra,

indústrias com um número mínimo de quinze colaboradores, apresenta-se o número

de empresas por ilha referentes à população-alvo e à amostra que a representa

(figura 11).

Observa-se que a amostra é constituída maioritariamente por indústrias da

ilha de São Miguel (cerca de 69,0%). Relativamente às ilhas Flores e Graciosa, estas

não constam na amostra, visto que não se conseguiu obter resposta ao questionário

por parte das indústrias destas ilhas. Verifica-se ainda que no Corvo apenas existem

microempresas, não pertencendo por esta razão à população-alvo.

Figura 11 - A população e a amostra por ilha

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42

Registou-se uma população-alvo mais elevada em São Miguel, seguindo-se a

Terceira em segundo lugar. Ora, São Miguel, é a ilha da região Autónoma dos

Açores com maior densidade populacional, abarcando cerca de 56% da população

residente nos Açores. Em termos de área geográfica (km2) São Miguel é a ilha que

possui maior área, apresentando também uma maior concentração da economia

açoriana, ou seja, maiores valores de produto interno bruto (PIB). De igual modo,

surge em segundo lugar a ilha Terceira, concentrando 23% dos habitantes açorianos.

Por sua vez, o Corvo possui cerca de 0,2% da população, sendo a ilha dos Açores

com menor área geográfica. Talvez por esta razão esta ilha possui apenas

microempresas.

DIMENSÃO

Importa referir que se consideraram como pequenas empresas as indústrias

que possuíam entre 15 a 49 colaboradores, como médias empresas as que

possuíam 50 a 249 colaboradores e como grandes empresas as que possuíam mais

de 249 colaboradores. Deste modo, verificou-se que a amostra era essencialmente

constituída por pequenas empresas (63,8%), obtendo-se como médias empresas

cerca de 34,5% e como grandes empresas apenas 1,7%.

Analisando o número de colaboradores das pequenas empresas, verifica-se

que esta variável segue uma distribuição assimétrica positiva sem outliers (figura 12).

Figura 12 – Boxplot para o número de colaboradores das pequenas empresas

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43

A boxplot para o número de colaboradores das pequenas empresas

apresenta um valor mínimo de 15 e um valor máximo de 49 colaboradores. Para o 1º,

2º, e 3º quartis obtém-se, respetivamente, os valores de 15, 23 e 34 colaboradores.

Obtém-se ainda uma média de 25 colaboradores e um desvio-padrão de 11,5.

Quanto às médias empresas, o seu número de colaboradores segue uma

distribuição assimétrica positiva com 1 outlier moderado e 3 outliers severos (figura

13). Observa-se um valor mínimo de 51 e um valor máximo de 235 colaboradores.

Para o 1º, 2º e 3º quartis obtém-se, respetivamente, os valores 66, 77 e 95

colaboradores. Regista-se uma média aparada a 5% de 100 colaboradores.

Para as grandes empresas apenas se verifica um registo na amostra que

corresponde a uma empresa na ilha de São Miguel, com 500 colaboradores.

SETORES INDUSTRIAIS

De acordo com o Decreto-Lei n.º 209/2008 de 29 de Outubro (fonte: Portal da

Empresa 2013), as indústrias transformadoras foram divididas segundo a sua

Classificação da Atividade Económica (CAE) prevista no Regime de Exercício da

Atividade Industrial (REAI). A divisão detalhada dos setores industriais em função da

respetiva classificação económica encontra-se disponível no anexo D.

Figura 13 – Boxplot para o número de colaboradores das médias empresas

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44

A figura 14 evidencia os setores industriais e o seu peso na amostra.

Verificou-se que a amostra era constituída maioritariamente por indústrias do

setor alimentar. Contudo, o setor da fabricação de outros produtos minerais não

metálicos também apresentou um valor relevante. Por sua vez, a indústria do

vestuário e a fabricação de artigos de borracha e matérias plásticas apresentaram na

amostra um valor reduzido.

Pretendeu-se ainda obter um maior detalhe da amostra em estudo

optando-se por discriminar os setores industriais em torno do respetivo CAE

(figura 15).

51,7%

19,0%

8,6%

6,9%

3,5%

3,5%

3,5%

1,7%

1,7%

Indústria alimentar

Fabricação de outros produtos minerais não metálicos

Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário

Impressão e reprodução de suportes gravados

Indústria das bebidas

Indústria do tabaco

Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos

Fabricação de artigos de borracha e matérias plásticas

Indústria do vestuário

Figura 14 – Distribuição de setores industriais da amostra

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45

Na indústria alimentar predominam os subsetores da indústria do leite e

derivados e da panificação e pastelaria. Na fabricação de outros produtos minerais

não metálicos realça-se o subsetor da fabricação de produtos de betão para a

construção.

Figura 15 – Distribuição de setores e respetivos subsetores da amostra

17,2%

13,8%

8,6%

5,2%

3,4%

1,7%

1,7%

12,1%

3,4%

1,7%

1,7%

3,4%

3,4%

8,6%

3,4%

6,9%

1,7%

1,7%

Indústria do leite e derivados

Panificação e pastelaria

Fabricação de produtos à base de carne

Fabricação de alimentos para animais de criação

Conservação de produtos da pesca e da aquicultura

Indústria do açucar

Descasque e transformação de frutos de casca rija comestíveis

* Indústria Alimentar

Fabricação de produtos de betão para a construção

Fabricação de artigos de granito e de rochas

Fabricação de cimento

Fabricação de artigos de mármore e de rochas similares

* Fabricação de outros produtos minerais não

metálicos

* Indústria das bebidas

* Indústria do tabaco

* Indústria da madeira

* Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos

* Impressão e reprodução de suportes gravados

* Fabricação de artigos de plástico para a construção

* Indústria do vestuário

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46

1,7% 5,2%

53,4%

24,1%

15,5%

Empresária Individual

Sociedade Unipessoal por Quotas

Sociedade por Quotas

Sociedade Anónima

Cooperativas

ANOS DE ATIVIDADE

Observa-se que a maioria das indústrias exerce a sua atividade há mais de

20 anos, obtendo-se uma pequena percentagem de empresas com menos de 10

anos (figura 16).

Salienta-se que as microempresas foram excluídas do estudo, procedendo-se

apenas à análise das pequenas, médias e grandes empresas. Possivelmente por

esta razão obteve-se um número elevado de empresas com atividade superior a

20 anos, evidenciando uma amostra de indústrias consolidadas no mercado.

NATUREZA JURÍDICA

As indústrias em análise pertencem maioritariamente à categoria de

sociedade por quotas, apresentando também a sociedade anónima um peso

relevante na amostra (figura 17).

6,9%

22,4%

70,7%

Menos de 10 anos 10 a 20 anos Mais de 20 anos

Figura 16 – Distribuição de número de anos de atividade

Figura 17 - Distribuição da natureza jurídica

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47

4.1.2. RECURSOS HUMANOS

COLABORADORES

As indústrias transformadoras da amostra empregam, no total, 3435

colaboradores (em 2013). Quanto à simetria, o número de colaboradores segue uma

distribuição assimétrica positiva com 4 outliers moderados e 1 outlier severo.

O outlier severo pertence à empresa de grande dimensão, optando-se por

eliminá-lo desta análise, uma vez que esta é a única empresa da amostra com esta

dimensão. No entanto, esta empresa não deixa de integrar o estudo sendo por esta

razão caracterizada separadamente para não influenciar os resultados.

Por outro lado, os outliers moderados pertencem às médias empresas,

optando-se por mantê-los na análise, uma vez que existem mais empresas com esta

dimensão.

Pestana & Gageiro (2000) defendem, no caso de uma distribuição ser

assimétrica e com outliers, a utilização de estatísticas robustas para caracterizar

sobre o valor médio de uma variável. Desta forma, recorre-se à mediana e à média

aparada a 5% para melhor caracterizar o valor médio de colaboradores da amostra

(tabela 2).

Tabela 2 - Número de colaboradores (em 2013)

Descriptives Statistic Std. Error

Mean 51,49 6,668

95% Confidence

Interval for Mean

Lower Bound 38,13

Upper Bound 64,85

5% Trimmed Mean 43,95

Median 36,00

Std. Deviation 50,343

Skewness 2,346 ,316

Observa-se que as indústrias possuem, em média, 44 colaboradores e,

metade das mesmas emprega até 36 colaboradores. Tais valores reforçam

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48

novamente a ideia de que a amostra é maioritariamente constituída por empresas de

pequena dimensão.

Quanto ao número de colaboradores com ensino superior, observa-se que as

indústrias possuem no total 214 colaboradores (em 2012), tendo esta variável uma

distribuição assimétrica positiva com 2 outliers moderados e 2 outliers severos. Para

manter a coerência dos dados, procedeu-se de igual modo quanto à eliminação do

outlier severo.

Verifica-se que o número de colaboradores por empresa com formação

superior apresenta uma mediana de 2 colaboradores e um valor médio de 3

colaboradores. Quanto aos setores industriais, apenas a impressão e reprodução de

suportes gravados possui um valor médio superior relativamente ao número de

colaboradores licenciados das restantes indústrias (cerca de 4 colaboradores).

Em relação à ocorrência de acidentes de trabalho, 56,9% das indústrias da

amostra refere a não ocorrência de acidentes. Contudo, no total, registou-se a

ocorrência de 83 acidentes de trabalho em 2012.

Observando a empresa de grande dimensão, apura-se que esta possui ao

serviço 500 colaboradores e 15 colaboradores com formação superior. Para esta

empresa do setor de fabricação de produtos de betão para a construção não se

registou a ocorrência de acidentes de trabalho.

CONTRATAÇÕES E DESPEDIMENTOS

Em 2012, o número de despedimentos foi superior ao número de

contratações. No total, as indústrias dos Açores presentes na amostra contrataram

242 colaboradores, despedindo 471 colaboradores. Apura-se ainda que o número de

contratações segue uma distribuição assimétrica positiva, com a presença de 3

outliers moderados e 5 outliers severos. O mesmo acontece com o número de

despedidos, com 2 outliers moderados e 5 outliers severos. Como anteriormente,

elimina-se apenas o outlier severo relativo à empresa de grande dimensão.

O número de contratações por empresa apresenta um valor médio de 2

colaboradores e uma mediana de 0 colaboradores. Por sua vez, o número de

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49

despedidos possui um valor médio de 2 colaboradores e uma mediana de 1

colaborador (tabela 3).

Tabela 3 - Número de contratados e despedidos (em 2012)

Descriptives Contratados Despedidos

Statistic Std. Error Statistic Std. Error

Mean 3,54 1,078 5,11 1,84

95% Confidence Interval for Mean

Lower Bound 1,39 1,42

Upper Bound 5,7 8,79

5% Trimmed Mean 1,97 2,35

Median 0 1

Std. Deviation 8,135 13,891

Skewness 3,465 0,316 4,101 0,316

Verificou-se ainda que metade das empresas opta por não contratar nem

despedir colaboradores sendo frequente este tipo de situação. Desta forma, poderá

concluir-se que as indústrias em análise estão a optar por manter os seus

colaboradores, não efetuando novas contratações nem despedindo os colaboradores

que possuem. Quanto à grande empresa, esta contratou 40 colaboradores mas

despediu 180 colaboradores.

Em relação aos setores industriais, apenas a indústria alimentar registou um

valor médio superior de contratados (cerca de 4 colaboradores). Por outro lado, o

número de despedidos apresentou um valor médio superior na indústria da madeira

e da cortiça (cerca de 14 despedidos) e na fabricação de outros produtos minerais

não metálicos (5 despedidos).

4.1.3. MERCADOS

VOLUME DE VENDAS

Quanto ao volume de vendas, observou-se um elevado número de “não

respostas” à questão (cerca de 55,2%). Apura-se que as restantes faturaram um

volume de vendas no total de 94.442.426,68€ (em 2012).

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50

Apesar do volume de vendas ser um dado público, constatou-se que as

indústrias se sentiam muito reticentes em fornecer este tipo de informação, causando

assim, a elevada falta de respostas. Salienta-se ainda que devido à escassa

informação sobre o volume de negócios, a dimensão das empresas foi definida

apenas com base no número de colaboradores.

EXPORTAÇÃO

Apenas 22,4% das indústrias exporta para mercados internacionais. No

entanto, somente 28,9% das que não exportam, considera e/ou já considerou a

exportação. Verifica-se ainda que os produtos mais exportados são as bebidas, os

lacticínios, os aperitivos e o tabaco.

Quanto aos mercados de destino da exportação, as indústrias em estudo

referem o Canadá e os Estados Unidos como os principais mercados (figura 18).

Suspeita-se que a exportação para estes dois países esteja relacionada com

a emigração do povo açoriano pois, no século XX, registou-se uma elevada

emigração para o Canadá e Estados Unidos (na ordem dos milhares por ano). Além

disso, estes mercados são também chamados de “Mercados da Saudade”.

Quanto ao volume de vendas resultantes da exportação, cerca de 38,5% das

empresas não responde à questão. Contudo, os dados fornecidos pelas restantes

permitem obter um montante de 11.186.108,80€ (em 2012).

Figura 18 – Distribuição de mercados de exportação

53,8%

46,2%

30,8%

23,1%

23,1%

15,4%

7,7%

7,7%

7,7%

7,7%

Canadá

Estados Unidos

África

Espanha

Itália

França

Venezuela

Bélgica

Holanda

Grécia

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51

4.1.4. POLÍTICAS DA EMPRESA

ESTRATÉGIA COMPETITIVA

As indústrias da amostra identificam a qualidade como a principal estratégia

de competição. A fiabilidade e a flexibilidade foram as estratégias menos referidas

(figura 19).

Salienta-se que as indústrias em estudo pertencem essencialmente ao setor

alimentar. Desta forma, o facto da qualidade ser a estratégia mais referida poderá

estar relacionado com a predominância deste setor na amostra.

Kumar & Suresh (2009) mencionam que em qualquer setor empresarial,

perante um cenário de competição, a resposta rápida às mudanças ao nível

operacional e do consumidor terão o potencial de levar ao alcance de vantagens

competitivas. Por sua vez, Courtois et al. (1997) referem que os atrasos na entrega

poderão levar à falta de competitividade.

As indústrias da amostra colocam as estratégias de flexibilidade e fiabilidade

em último lugar, suspeitando-se que não sentem a constante necessidade de

responder às mudanças ambientais, nem de respeitar os prazos de entrega. Como a

indústria alimentar é predominante sendo um setor que se dedica a bens de

consumo básico, acha-se que por esta razão as indústrias selecionaram

intuitivamente a qualidade.

75,9%

8,6%

5,2%

10,3%

Qualidade - Satisfação do consumidor

Flexibilidade - Resposta às mudanças a nível operacional

e do consumidor

Fiabilidade - Cumprimento do prazo de entrega

Produtividade - Eliminar o desperdício

Figura 19 – Distribuição de estratégias de competição

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52

32,8%

27,6%

22,4%

12,1%

10,3%

8,6%

6,9%

3,4%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

Não responde

HACCP/ ISO 22000

ISO 9001

ISO 14001

Não tem normas

OHSAS 18001

EN 771-3

Marcação CE

NP EN 12620

NP EN 13043

NP EN 13242

Halal Certification

Kosher Certification

EN 490

EN 1338

EN 1340

ISO 12647

EMAS III

NORMAS DE CERTIFICAÇÃO

As normas de certificação são voluntárias tornando-se obrigatórias no caso

de haver legislação que determine o seu cumprimento. Porém, a sua adoção é uma

mais-valia porque garante aos consumidores e clientes a conformidade do produto,

assegurando o cumprimento de determinados requisitos. Desta forma, averiguou-se

a existência de normas de certificação das indústrias da amostra.

Observa-se que grande parte das indústrias não responde à questão (cerca

de 32,8%). Nas restantes, verifica-se que a ISO 22000 (Sistema de Gestão da

Segurança Alimentar) é a norma de certificação mais utilizada (figura 20).

A norma ISO 22000 assegura aos consumidores o fornecimento de produtos

alimentares seguros, garantindo a qualidade dos mesmos. Associado a esta

encontra-se o plano de HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points). Este

plano tem como propósito assegurar a qualidade e a segurança alimentar através da

análise e avaliação de possíveis perigos (físicos, químicos e biológicos) que poderão

ocorrer no processo de fabrico dos produtos, desde da receção de matéria-prima até

à entrega do produto final, prevenindo a sua ocorrência.

Figura 20 – Distribuição de normas de certificação

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53

Também se verifica uma elevada utilização da ISO 9001 (Certificação de

Sistemas de Gestão da Qualidade) e da ISO 14001 (Certificação de Sistemas de

Gestão Ambiental). Observa-se ainda que 10,3% das indústrias não possui normas

de certificação pelo que, revelou-se pertinente obter com maior detalhe informação

sobre a utilização de normas de certificação e os setores industriais em que estão

presentes (figura 21).

Verifica-se que:

a maioria das não respostas (52,9%) devem-se à indústria alimentar,

mais especificamente ao subsetor da panificação (com cerca de

30,0%);

a indústria alimentar utiliza essencialmente a ISO 22000, a ISO 14001

e a ISO 9001;

a indústria da madeira é a que mais refere a não utilização de normas

de certificação (5,2%);

a indústria do tabaco possui preferencialmente a ISO 9001 e a

OHSAS 18001;

Figura 21 - Distribuição das normas de certificação por setores industriais

0 5 10 15 20

Não responde

HACCP/ ISO 22000

ISO 9001

ISO 14001

Não possui normas

OHSAS 18001

EN 771-3

Marcação CE

NP EN: 12620, 13043, 13242

Halal Certification

Kosher Certification

NP EN: 490, 1338, 1340

EMAS III

ISO 12647 Indústria alimentar

Indústria das bebidas

Indústria do tabaco

Fabricação de outros produtos minerais não metálicos

Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário

Impressão e reprodução de suportes gravados

Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e

equipamentosFabricação de artigos de borracha e matérias plásticas

Indústria do vestuário

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54

a fabricação de outros produtos minerais não metálicos segue a ISO

9001 e as normas portuguesas obrigatórias para a conformidade do

material: NP EN 490 (telhas de betão e acessórios), NP EN 1338

(blocos pré-fabricados de betão para pavimentos), NP EN 1340 (lancis

pré-fabricados de betão), NP EN 771-3 (especificação para blocos de

betão de agregados correntes e leves), NP EN 12620 (Agregados de

betão), NP EN 13043 (Agregados para misturas betuminosas e

tratamentos superficiais) e a NP EN 13242 (Agregados para materiais

não ligados ou tratados com ligantes hidráulicos utilizados em

trabalhos de engenharia civil e na construção rodoviária).

Devido à predominância da indústria alimentar na amostra, o valor da

ISO 22000 é o mais elevado. Suspeita-se que este valor esteja diretamente

associado à legislação em vigor pois, para as indústrias alimentares tornou-se

obrigatório o sistema de HACCP (Reg. (CE) n.º 852/2004) e de mecanismos que

asseguram a rastreabilidade do produto e matérias-primas (Reg. (CE) n.º178/2002),

fazendo a ISO 22000 a norma mais adequada à legislação.

A ISO 9001 é utilizada para aumentar a confiança dos consumidores nos

produtos e serviços fornecidos pelas empresas, assentando em princípios da gestão

da qualidade, entre os quais a melhoria contínua. Esta norma é utilizada pelas

indústrias: alimentar, tabaco, fabricação de outros produtos minerais não metálicos e

impressão e reprodução de suportes gravados. Observa-se também que estas

indústrias utilizam a ISO 14001, seguindo melhores práticas no âmbito da gestão

ambiental.

A OHSAS 18001 encontra-se voltada para a segurança e saúde ocupacional

dos colaboradores e tem como benefícios reduzir os riscos de acidentes e doenças,

redução de custos (i.e. indeminizações, multas), entre outros. Esta norma

encontra-se nas indústrias: alimentares, tabaco e fabricação de outros produtos

minerais não metálicos.

De modo geral, verifica-se que as indústrias em estudo possuem uma

preocupação pela conformidade dos produtos, garantindo a sua qualidade e

uniformidade, pelo bem-estar e saúde dos colaboradores e pela proteção do

ambiente.

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55

58,6%

41,4% 39,7% 37,9% 34,5%27,6%

13,8%8,6% 5,2%

DIVULGAÇÃO

Observa-se que a internet é o meio mais utilizado pelas indústrias para a

divulgação da empresa e/ou produtos (figura 22).

Importa referir que das indústrias que não divulgam os seus produtos (8,6%),

5,2% menciona não ser necessário recorrer à publicidade porque a empresa possui

uma forte presença no mercado. Por sua vez, as restantes (3,4%) não divulgam a

empresa porque a publicidade não é autorizada (no caso das indústrias de tabaco).

4.1.5. CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

PRODUTOS

O número de produtos diferentes produzidos pelas indústrias da amostra

segue uma distribuição assimétrica positiva, com 3 outliers moderados e 6 outliers

severos (figura 23). Observa-se um valor mínimo de 1 produto e um valor máximo

correspondente a 200 produtos. Para o 1º, 2º e 3º quartis obtém-se, respetivamente,

os valores 3, 14 e 30 produtos. Obtém-se também uma média aparada de 29

produtos e um desvio-padrão de 54.

Figura 22 – Distribuição dos meios de divulgação

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56

Observa-se que o desvio-padrão é elevado evidenciando uma grande

dispersão dos dados. Desta forma, o valor médio revela-se pouco eficaz na

caracterização desta variável. Como a mediana é uma medida bastante robusta e

não é afetada pelos valores extremos, revela-se mais adequada para a variável em

análise. Assim, poderá dizer-se que as indústrias em estudo produzem cerca de 14

produtos diferentes.

COLABORADORES AFETOS À PRODUÇÃO

O número de colaboradores afetos à produção segue uma distribuição

assimétrica positiva, com 4 outliers severos. Obtém-se uma mediana de 18

colaboradores e uma média aparada a 5% de 26 colaboradores (tabela 4).

Tabela 4 - Número de colaboradores afetos à produção (em 2013)

Descriptives Statistic Std. Error

Mean 33,14 5,519

95% Confidence

Interval for Mean

Lower Bound 22,08

Upper Bound 44,20

5% Trimmed Mean 26,45

Median 18,00

Std. Deviation 41,670

Skewness 2,768 ,316

Figura 23 – Boxplot para o número de produtos

diferentes

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57

NÚMERO DE EQUIPAMENTOS

O número de equipamentos segue uma distribuição assimétrica positiva com

1 outlier moderado e 3 outliers severos (figura 24). Verificou-se também um valor

mínimo de 2 equipamentos e um valor máximo de 150 equipamentos utilizados na

produção. Observando os valores dos quartis, obteve-se para o 1º, 2º e 3º quartis,

respetivamente, 7, 15 e 32 equipamentos. Por sua vez, a média aparada a 5% foi de

23 equipamentos e o desvio-padrão de 37.

Para caracterizar as indústrias da amostra quanto ao nível de tecnologia,

procedeu-se à análise do número de equipamentos automatizados, distinguindo-se

os equipamentos automatizados na produção e no transporte e armazenamento.

Segundo Rosário (2009) os sistemas de produção automatizados aumentam

a produtividade das empresas, levando à produção de elevadas quantidades de

produtos com qualidade superior. Como observado na tabela 5, tanto na produção

como no transporte e armazenamento, as indústrias da Região Autónoma dos

Açores possuem poucos equipamentos automatizados.

Figura 24 - Boxplot para o número de

equipamentos afetos à produção

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58

Tabela 5 – Número de equipamentos automatizados na produção e no transporte e armazenamento

Descriptives Produção Transporte e armazenamento

Statistic Std. Error Statistic Std. Error

Mean 9,35 3,217 5,06 2,215

95% Confidence Interval for Mean

Lower Bound 2,88 ,61

Upper Bound 15,81 9,52

5% Trimmed Mean 5,09 2,24

Median 3,00 0,00

Std. Deviation 22,517 15,506

Skewness 4,442 ,340 5,242 ,340

Para os equipamentos automatizados na produção obtém-se um valor médio

de 5 equipamentos e uma mediana de 3 equipamentos. Por sua vez, no transporte e

armazenamento obtém-se um valor médio de 2 equipamentos e uma mediana de 0

equipamentos, o que sugere que as indústrias em estudo possuem um nível de

tecnologia relativamente baixo. Este número reduzido de equipamentos

automatizados poderá dever-se ao investimento elevado que a automação requer e à

falta de acesso pois, a Região Autónoma dos Açores não tem empresas

especializadas na produção de equipamentos automatizados. Para obter esses

equipamentos as indústrias têm custos de transporte (aéreo e marítimo) elevados,

achando-se que estes custos poderão limitar a sua adoção.

PRÓ-ATIVIDADE

Para caracterizar a posição das indústrias face à concorrência, questionou-se

sobre a introdução de novos processos, produtos ou equipamentos nos últimos 5

anos. Cerca de 80% das empresas em estudo introduziu novos processos, produtos

ou equipamentos, evidenciando assim, uma atitude pró-ativa em relação às

mudanças do mercado. Por sua vez, 89,7% destas empresas não possui um

departamento para investigação e desenvolvimento.

Revela-se interessante o facto da inexistência deste departamento não estar

relacionado com o setor ou ter influência na introdução de novos processos, produtos

ou equipamentos. Suspeitou-se também que a presença deste departamento

pudesse estar ligada à dimensão das empresas, todavia, não se encontrou nenhuma

relação estatisticamente significativa.

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59

0 5 10 15 20 25 30

Indústria alimentar

Indústria das bebidas

Indústria do tabaco

Fabricação de outros produtos minerais não metálicos

Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário

Impressão e reprodução de suportes gravados

Fabricação de artigos de borracha e matérias plásticas

Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos

Indústria do vestuário

Ambos

Encomenda

Stock

4.1.6. PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO

SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Observa-se que 87,9% das indústrias em estudo planeia o que deve produzir.

Todavia, 60,8% das mesmas refere não utilizar nenhum software de apoio ao

planeamento.

Na ótica da classificação Cruzada de Schroeder (capítulo 2, secção 2.3.1),

apura-se que 67,2% das indústrias opta pela implementação de sistemas híbridos,

combinando as vantagens dos sistemas puros (de stock e de encomenda). Quanto

às restantes, 22,4% mencionam produzir para encomenda e apenas 10,3% para

stock.

Para obter um maior detalhe sobre as indústrias em estudo distingue-se os

processos utilizados em cada setor industrial (figura 25).

Verifica-se que a indústria de impressão e reprodução de suportes gravados

produz apenas para encomenda, suspeitando-se que esteja relacionado com a

Figura 25 – Distribuição da classificação Cruzada de Schroeder por setores industriais

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60

diversidade de produtos inerentes ao ramo. Quanto à indústria da madeira e da

cortiça as respostas são muito idênticas, não sendo possível distinguir claramente

quais são os sistemas de produção mais adotados. Na indústria alimentar e na

fabricação de outros produtos minerais não metálicos, estas optam

preferencialmente por um sistema híbrido.

Por sua vez, na ótica de uma classificação Tradicional (capítulo 2,

secção 2.3.1), grande parte das indústrias refere utilizar um sistema de produção por

processo (cerca de 39,7%). Para Kumar e Suresh (2009) este sistema confere maior

flexibilidade na produção, pelo que as indústrias em estudo poderão produzir uma

elevada variedade de produtos. No entanto, como neste sistema o fluxo de produtos

é organizado em função das tarefas a realizar, as indústrias devem ter maior ênfase

na gestão da produção, evitando elevados níveis de stock e transportes

desnecessários.

Por último, 37,9% das indústrias utiliza um sistema de produção por produto e

3,4% utiliza uma produção por células de fabrico. Importa referir que cerca de 20,0%

das indústrias em estudo não sabe ou não responde à questão, achando-se este

valor elevado. Tal como anteriormente, evidenciam-se os processos utilizados em

cada setor industrial (figura 26).

0 5 10 15

Indústria alimentar

Indústria das bebidas

Indústria do tabaco

Fabricação de outros produtos minerais não metálicos

Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário

Impressão e reprodução de suportes gravados

Fabricação de artigos de borracha e matérias plásticas

Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos

Indústria do vestuário

Não sabe/Não responde

Células de fabrico

Por processo

Por produto

Figura 26 – Distribuição da classificação Tradicional por setores industriais

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61

Observa-se que na indústria alimentar predomina a produção por produto,

sugerindo que estas indústrias produzem maiores volumes de produtos e têm um

layout dedicado ao produto a produzir. Como esperado devido à diversidade de

produtos, a indústria de impressão e reprodução de suportes gravados e a indústria

da madeira e da cortiça optam por uma produção por processo.

Verifica-se que a indústria do vestuário opta por uma produção por produto.

Inicialmente achou-se que o tipo de sistema referido pela indústria não seria o mais

adequado pois, esta indústria é fortemente influenciada pela moda e conhecido pela

sua diversidade de produtos. Porém, depois de se averiguar que esta indústria de

vestuário apenas confecionava vestuário para trabalho acha-se que o tipo de sistema

mencionado é de facto o mais adequado.

PROBLEMAS NO PROCESSO PRODUTIVO

As indústrias em estudo apontam a falta de matérias-primas como o problema

mais frequente do processo produtivo (figura 27).

34,5%

20,7%

19,0%

12,1%

12,1%

10,3%

10,3%

3,4%

1,7%

1,7%

1,7%

1,7%

Falta de matérias-primas

Paragem devido a avaria nos equipamentos

Atrasos na entrega dos produtos

Existência de tempos mortos

Não existem problemas

Falta de máquinas disponíveis

Existência de defeitos

Paragens devido à distribuição de tarefas

Atrasos nos transitários/fornecedores

Capacidade armazenamento insuficiente

Falhas e incompatibilidade da concepção do projeto

Incompatibilidade de instruções técnicas dadas pela gerência

Figura 27 – Distribuição dos problemas no processo produtivo

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62

Contudo, também se revelam frequentes as paragens no sistema produtivo

devido a avaria nos equipamentos e atrasos na entrega de produtos. Importa ainda

referir que apenas 12,1% das indústrias da amostra mencionou a não ocorrência de

problemas frequentes.

Para prevenir os principais problemas produtivos apontados pelas indústrias

realça-se a importância do planeamento e controlo da produção. No caso da falta de

matérias-primas, a execução de planos de produção mais eficientes facilitava a

gestão do fluxo de materiais, pessoas e equipamentos, assegurando a sua

disponibilidade. Por sua vez, no caso de avaria nos equipamentos, este problema

poderia ser contornado através da manutenção preventiva dos mesmos

ESTRATÉGIAS DE PLANEAMENTO

Verifica-se que a variação de stocks é a estratégia mais utilizada pelas

indústrias em estudo (74,1%). Esta é uma técnica de planeamento agregado que

consiste na produção para armazém (em alguns períodos) para consumo posterior

(figura 28). Tal, poderá indicar que as indústrias sentem constantemente a

necessidade de ajustar os seus níveis de produção face às incertezas da procura.

Acha-se interessante que influenciar a procura através de campanhas de

marketing e/ou promoções seja a segunda estratégia mais mencionada,

evidenciando, novamente, uma grande incerteza perante a procura. Afere-se ainda

74,1%

19,0%

13,8%

10,3%

10,3%

8,6%

8,6%

1,7%

1,7%

Variação de stocks

Influenciar a procura

Variação das taxas de produção

Variação de mão-de-obra

Utilização de mão-de-obra a tempo parcial

Subcontratação

Atraso na entrega do produto ou serviço

Produção de produtos em contra-ciclo

Outros

Figura 28 - Distribuição das estratégias de planeamento

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63

que as indústrias em estudo não têm uma procura sazonal, uma vez que a produção

de produtos em contra-ciclo apresenta um valor muito reduzido.

CRITÉRIOS DE DESEMPENHO

Pretendeu-se averiguar a existência de critérios de desempenho e quais os

mais utilizados para avaliar o desempenho produtivo das indústrias açorianas da

amostra. Estas mencionam a taxa de ocupação dos trabalhadores, o cumprimento

dos prazos de entrega e a taxa de utilização de equipamentos como os critérios mais

utilizados (figura 29).

Para Marques (1998) os indicadores de desempenho avaliam a

implementação de ações estratégicas. No entanto, verifica-se que existe uma

elevada taxa de empresas que não sabe e/ou não responde à questão (19,0%),

evidenciando provavelmente a falta de estratégias industriais claras e precisas.

4.1.7. MELHORIA CONTÍNUA

POLÍTICAS

Questionou-se as indústrias dos Açores sobre a adoção de potenciais

políticas e ferramentas de melhoria contínua, identificando-se as suas motivações na

adoção destas ferramentas.

39,7%37,9%

32,8%

19,0% 19,0%

8,6%6,9%

Taxa de ocupação dos trabalhadores

Cumprimento dos prazos de

entrega

Taxa de utilização dos

equipamentos

Taxa de produtos com

defeito

Não sabe/Não responde

Outras Custos de sucata e/ou reciclagem

Figura 29 - Distribuição dos critérios de desempenho

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64

Quanto às políticas de melhoria contínua, verifica-se que as indústrias

distribuem-se de forma equitativa pelas três políticas apresentadas (figura 30). Desta

forma, não foi possível identificar a política de melhoria contínua mais relevante para

o setor industrial desta região.

FERRAMENTAS

Em relação à utilização de ferramentas de melhoria contínua, apenas 34,5%

das indústrias refere a sua adoção. Observa-se ainda que 60,0% das mesmas

mencionou ter recorrido a ajuda externa para auxiliar na sua implementação.

Quanto às restantes indústrias, as que mencionam não utilizar ferramentas de

melhoria contínua, apura-se que as causas da sua rejeição poderão ser, segundo

Pinto (2008), a resistência à mudança, a falta de maturidade da empresa e dos

processos e a falta de uma visão global da empresa.

Verifica-se que a partir do ano 2001 as indústrias em estudo revelaram uma

maior preocupação pela redução de desperdícios, melhorando os seus processos

através da implementação de ferramentas de melhoria contínua (figura 31).

34,5%

34,5%

31,0%

A procura influencia o fluxo de materiais no planeamento e stocks de segurança

Produzir apenas o que é necessário e quando é necessário

Explorar o recurso e/ou produto que permite maximizar a produção

Figura 30 - Distribuição das políticas de melhoria contínua

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65

Relativamente aos departamentos que utilizavam as ferramentas de melhoria

contínua, concluiu-se que a maioria das indústrias utilizava este tipo de ferramentas

em todos os departamentos da organização (figura 32).

No entanto, e como seria de esperar, há que realçar o departamento da

produção, uma vez este apresenta um valor considerável.

Quanto às ferramentas utilizadas, verificou-se que as indústrias em estudo

recorrem preferencialmente ao TPM - Total Productive Maintenance e ao TQM -

Total Quality management para obter a melhoria continua (figura 33).

50,0%

40,9%

4,5%4,5%

Todos

Produção

Qualidade

Administrativo

Figura 32 – Distribuição dos departamentos que utilizam ferramentas de melhoria contínua

Figura 31 – Distribuição do número de indústrias e os respetivos anos de implementação de ferramentas de melhoria contínua

5,0%

10,0%

20,0%

5,0%

15,0%

5,0%

15,0%

15,0%

10,0%

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

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66

Segundo Pinto (2008) ambas as ferramentas mais mencionadas (TPM e

TQM) requerem o envolvimento de todos os colaboradores da organização, daí o “T”,

evidenciando a participação de todos sem exceções.

O TPM é uma filosofia de gestão de manutenção cujo objetivo é aumentar a

produtividade através da redução de paragens e falhas devido a avarias de

equipamentos, melhorando assim a qualidade final dos produtos. Por sua vez, o

TQM ou gestão total da qualidade é uma filosofia baseada no conceito de “fazer bem

à primeira”. A gestão da qualidade promove a qualidade dos produtos produzidos em

todas as fases do processo, permitindo através de ferramentas e técnicas (i.e. ciclo

de melhoria contínua – PDCA, análise modal de falhas, listas de verificação e cartas

de controlo de processos), manter os clientes, diminuir custos de produção, reduzir

as despesas originadas pela não qualidade e reduzir custos do serviço pós-venda.

Implementar a melhoria contínua revela-se uma tarefa complexa pois, cada

método e/ou ferramenta terá de ser aplicado às características individuais de cada

organização. Perante esta nova filosofia de produção e otimização de processos, é

necessário adotar uma atitude de comprometimento e positivismo face à mudança

porque a curto-prazo as indústrias poderão não obter os resultados esperados. Desta

forma, segundo Martínez-Jurado e Moyano-Fuentes (2012) achou-se pertinente

identificar os motivos que conduziram à sua implementação (figura 34).

40,0% 40,0%

35,0%

30,0%

25,0% 25,0% 25,0%

10,0% 10,0%

5,0%

Figura 33 - Distribuição das ferramentas de melhoria contínua

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67

Observa-se que a redução de custos e o aumento da eficiência foram as

principais razões que levaram à implementação das ferramentas de melhoria

contínua nas indústrias açorianas.

Após a caracterização da amostra apresentada, pode dizer-se que as

indústrias em estudo são maioritariamente pequenas empresas do setor alimentar

pelo que, a qualidade é considerada como a estratégia de competição mais

importante. Também se observou que as indústrias têm uma postura pró-ativa e uma

clara preocupação pela conformidade dos seus produtos. Porém, observa-se que

estas não estão sensibilizadas para a utilização de critérios de desempenho e para

os benefícios da implementação de ferramentas de melhoria contínua.

4.2. ALGUMAS RELAÇÕES CAUSAIS

Achou-se que seria importante para o estudo tentar relacionar diferentes

variáveis estatísticas analisando, com recurso ao SPSS®, possíveis relações causais

entre diferentes tipos de variáveis. Efetuaram-se três tipos de abordagem, a

regressão linear para relacionar variáveis quantitativas, a tabela de informação

cruzada e o teste de qui-quadrado para a associação entre variáveis qualitativas e,

por último, a análise de variância para relacionar variáveis quantitativas e

qualitativas.

65,0%

65,0%

40,0%

15,0%

15,0%

15,0%

Aumento da eficiência

Redução de custos

Aumento da competitividade

Necessidade de mudança

Melhorar prazos entrega

Outros

Figura 34 - Distribuição das motivações para a melhoria continua

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68

4.2.1. REGRESSÃO LINEAR

Apresentam-se duas análises para identificar possíveis relações lineares

entre as seguintes variáveis quantitativas: i) o número de colaboradores afetos à

produção e o número de colaboradores e, ii) o volume de vendas e o número de

colaboradores.

O NÚMERO DE COLABORADORES AFETOS À PRODUÇÃO E O NÚMERO DE

COLABORADORES

Considerou-se como variável dependente o número de colaboradores afetos

à produção e como variável independente o número de colaboradores.

Observa-se que existe uma correlação estatisticamente significativa entre o

número de colaboradores afetos à produção e o número de colaboradores

(sig< 0,05) e a correlação é positiva muito forte (R= 0,970). O coeficiente de

determinação tem o valor R2= 0,941, estimando-se que 94,1% da variação do

número de colaboradores afetos à produção é explicada pelo número de

colaboradores.

Tabela 6 – Modelo da relação entre o número de colaboradores afetos à produção e o número de colaboradores

R R Square Adjusted R Square Std. Error of the Estimate

,970 ,941 ,940 14,367

Tabela 7 – ANOVA da relação entre o número de colaboradores afetos à produção e o número de colaboradores

Model Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Regression 184347,531 1 184347,531 893,161 ,000

Residual 11558,348 56 206,399

Total 195905,879 57

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O VOLUME DE VENDAS E O NÚMERO DE COLABORADORES

Neste caso define-se como variável dependente o volume de vendas e como

variável independente o número de colaboradores.

Através da tabela 9 verificou-se que existe uma correlação estatisticamente

significativa entre o volume de vendas e o número de colaboradores (sig< 0,05) e a

correlação é positiva forte (R= 0,834). O coeficiente de determinação tem o valor

R2= 0,695, estimando-se que 69,5% da variação do volume de vendas é explicada

pelo número de colaboradores (tabela 8).

Tabela 8 - Modelo entre o volume de vendas e o número de colaboradores

Model Summary

R R Square Adjusted R Square Std. Error of the Estimate

,834 ,695 ,683 8986562,472

Figura 35 - Regressão linear entre o número de colaboradores afetos à produção e o número de

colaboradores

Reta: Y= 0,737X - 5,030

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Tabela 9 - ANOVA entre o número de colaboradores e o volume de vendas

ANOVA

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Regression 4,425E+15 1 4,425E+15 54,799 ,000

Residual 1,938E+15 24 8,076E+13

Total 6,364E+15 25

4.2.2. TABELA DE INFORMAÇÃO CRUZADA (CROSSTABS)

Para avaliar a associação existente entre variáveis qualitativas recorreu-se a

tabelas de informação cruzada (crosstabs) e a testes de qui-quadrado (chi-square

tests).

O SETOR ALIMENTAR E A ESTRATÉGIA DA QUALIDADE

Suspeitando-se através da caracterização da amostra (seção 4.1.4) que

existe uma associação entre o setor alimentar e a estratégia de qualidade,

efetuou-se um teste de qui-quadrado para avaliar a existência da associação entre

as duas variáveis (tabelas 10 e 11). Considera-se como variável dependente a

qualidade e como variável independente o setor alimentar.

Reta: Y= 2,309

5X – 45,126

5

Figura 36 - Regressão linear entre número de colaboradores e o volume de vendas

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Tabela 10 – Tabela de informação cruzada entre o setor alimentar e a estratégia de

qualidade

Setor Alimentar * Estratégia da qualidade

Crosstabulation Estratégia da qualidade

Total Não Sim

Setor Alimentar

Não

Count 8 20 28

Expected Count 6,8 21,2 28,0

% within Setor Alimentar 28,6% 71,4% 100,0%

Sim

Count 6 24 30

Expected Count 7,2 22,8 30,0

% within Setor Alimentar 20,0% 80,0% 100,0%

Total

Count 14 44 58

Expected Count 14,0 44,0 58,0

% within Setor Alimentar 24,1% 75,9% 100,0%

Tabela 11 – Teste de qui-quadrado entre o setor alimentar e a estratégia de qualidade

Chi-Square Tests

Value df Asymp. Sig.

(2-sided)

Exact Sig.

(2-sided)

Exact Sig.

(1-sided)

Pearson Chi-Square ,581a 1 ,446

Continuity Correction ,207 1 ,649

Likelihood Ratio ,582 1 ,446

Fisher's Exact Test ,545 ,324

Linear-by-Linear

Association

,571 1 ,450

N of Valid Cases 58

a. 0 cells (0,0%) have expected count less than 5. The minimum expected count is 6,76.

Os resultados obtidos não são os esperados pois, através do teste de qui-

quadrado verifica-se que não existe uma relação estatisticamente significativa entre a

estratégia da qualidade e o setor alimentar. Isto é, o teste Pearson Chi-Square tem

um valor de 0,581 com significância superior a 0,05 (sig= 0,446), concluindo-se que

as duas variáveis em análise são independentes.

Acha-se que a indústria alimentar selecionou intuitivamente a estratégia da

qualidade pois, este setor industrial produz bens destinados ao consumo pelo que, a

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estratégia de qualidade será imperativamente a mais importante. No entanto, não foi

possível comprovar estatisticamente esta associação.

O SISTEMA DE PRODUÇÃO HÍBRIDO E O SETOR ALIMENTAR

Observando a predominância dos sistemas de produção híbridos no setor

alimentar, procuram-se evidências da associação entre o sistema de produção

hibrido e o setor alimentar (tabelas 12 e 13). Define-se como variável dependente

sistema de produção hibrido e como variável independente o setor alimentar.

Tabela 12 - Tabela de informação cruzada entre o sistema híbrido e o setor alimentar

Setor Alimentar * Sistema Híbrido

Crosstabulation Sistema Híbrido

Total Não Sim

Setor Alimentar

Não

Count 13 15 28

Expected Count 9,2 18,8 28,0

% within Alimentar 46,4% 53,6% 100,0%

Sim

Count 6 24 30

Expected Count 9,8 20,2 30,0

% within Alimentar 20,0% 80,0% 100,0%

Total

Count 19 39 58

Expected Count 19,0 39,0 58,0

% within Alimentar 32,8% 67,2% 100,0%

Tabela 13 - Teste de qui-quadrado entre o sistema híbrido e o setor alimentar

Chi-Square Tests

Value df

Asymp. Sig.

(2-sided)

Exact Sig.

(2-sided)

Exact Sig.

(1-sided)

Pearson Chi-Square 4,592a 1 ,032

Continuity Correction 3,471 1 ,062

Likelihood Ratio 4,667 1 ,031

Fisher's Exact Test ,050 ,031

Linear-by-Linear

Association 4,513 1 ,034

N of Valid Cases 58

a. 0 cells (0,0%) have expected count less than 5. The minimum expected count is 0,66.

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73

Observa-se que existe uma relação estatisticamente significativa entre o

sistema de produção híbrido e a indústria alimentar pois, obtém-se para o teste

Pearson Chi-Square um valor de 4,592 com significância inferior a 0,05 (sig= 0,032),

concluindo-se que existe uma relação de dependência entre as duas variáveis.

4.2.3. ANÁLISE DE VARIÂNCIA

Para comparar uma variável quantitativa e outra qualitativa recorreu-se à

análise de variância (ANOVA – Analysis of Variance), permitindo verificar se existe

diferenças entre as médias dos grupos analisados.

Analisaram-se diversas variáveis quantitativas e qualitativas porém, não foi

possível encontrar diferenças estatisticamente significativas entre nenhuma variável.

Achou-se interessante e contraditório o facto de não existir diferença significativa

entre a média do número de produtos diferentes e o tipo de sistema de produção.

NÚMERO DE PRODUTOS DIFERENTES E O TIPO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO

Pretendeu-se avaliar se existiam diferenças significativas entre a média do

número de produtos e os três tipos de sistema de produção (por produto, por

processo e por células de fabrico) mencionados pelas indústrias açorianas da

amostra.

Considerou-se como variável dependente o número de produtos diferentes (a

variável quantitativa) e como variável independente (conhecida como fator) o tipo de

sistema de produção. Após se verificar o pressuposto da normalidade da amostra,

efetuou-se o teste de Levene à homogeneidade de variâncias (tabela 14).

Tabela 14 - Teste à homogeneidade de variâncias

Test of Homogeneity of Variances

Número de produtos diferentes

Levene Statistic df1 df2 Sig.

1,066 3 49 ,372

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Verifica-se que este tem um valor de significância superior a 0,05 (sig=0,372),

concluindo-se que existe igualdade de variâncias entre os tipos de sistemas de

produção.

Através da tabela da ANOVA (tabela 15) observa-se um valor de significância

superior a 0,05 (sig= 0,495), apurando-se que não existem diferenças significativas

entre os grupos analisados. Isto é, não existem diferenças significativas entre o

número médio de produtos e os três tipos de sistemas de produção mencionados

pelas indústrias em estudo (produto, processo e células de fabrico).

Tabela 15 – ANOVA entre o número de produtos diferentes e o tipo de sistema

ANOVA

Número de produtos diferentes

Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Between Groups 6940,105 3 2313,368 ,809 ,495

Within Groups 140174,424 49 2860,703

Total 147114,528 52

Sendo o principal objetivo deste projeto caracterizar o tecido industrial dos

Açores através de um estudo exploratório, esta secção pretendeu apenas ilustrar

alguns exemplos de análise de inferência estatística que se poderão fazer com a

amostra obtida.

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75

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Este estudo exploratório teve como objetivo principal reunir um conjunto

abrangente de informações sobre o setor industrial dos Açores. Com a realização de

um questionário a uma população de 91 indústrias açorianas, pretendeu-se

caracterizar o panorama industrial desta região, focando-se a análise no

planeamento e controlo da produção.

A recolha de dados revelou-se um processo mais difícil do que o esperado.

Devido à baixa adesão das empresas ao longo do processo de inquirição, tornou-se

necessário adotar novos métodos, nomeadamente, telefonemas e o contacto

presencial. Após recolha dos dados, efetuou-se o tratamento estatístico da amostra

que inclui 58 pequenas, médias e grandes empresas.

A maioria das indústrias em estudo está sediada na ilha de São Miguel e

pertence ao setor alimentar, predominando o subsetor da indústria de leite e

derivados. Observou-se ainda que grande parte das indústrias eram sociedades por

quotas e atuavam no mercado há mais de 20 anos.

Verificou-se que as indústrias desta região eram essencialmente pequenas

empresas. Quanto aos recursos humanos observou-se que estas indústrias optavam

por manter os seus colaboradores, não efetuando novas contratações nem

despedimentos. Registou-se ainda um baixo valor de colaboradores com formação

superior. Relativamente à ocorrência de acidentes de trabalho a maioria das

indústrias referiu a não ocorrência de acidentes.

Quanto à exportação verificou-se que poucas indústrias exportavam para

mercados internacionais (União Europeia ou outros). No entanto, as que exportavam

mencionaram como principais mercados de destino de exportação o Canadá e os

Estados Unidos.

Face ao novo contexto de produção, a qualidade foi considerada pelas

indústrias açorianas como a estratégia de competição mais importante. Observou-se

ainda as indústrias possuíam uma postura pró-ativa e uma preocupação pela

conformidade dos seus produtos, garantindo aos consumidores a sua qualidade.

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Como tal, suspeitou-se que nesta região o mercado de atuação não fosse muito

agressivo pois, a flexibilidade e a fiabilidade foram colocadas em último lugar.

Por sua vez, quanto à tecnologia, apurou-se que as indústrias em estudo

possuíam um baixo nível de automação devido ao número reduzido de

equipamentos automatizados. Suspeitou-se que o número reduzido de equipamentos

automatizados estava relacionado com o investimento elevado que a automação

exige, achando-se também que a falta de acesso a estes equipamentos poderia

limitar a sua adoção visto que, a região dos Açores não tem empresas

especializadas na produção de equipamentos automatizados.

Em relação ao planeamento da produção, verificou-se que a maioria das

indústrias açorianas considerou importante planear o que produzir, observando-se

que utilizavam sistemas de produção adequados à quantidade e variedade de

produtos produzidos.

Quanto às estratégias de planeamento, observou-se que a variação do nível

de stocks e influenciar a procura através de campanhas de marketing e promoções

eram as estratégias de planeamento agregado mais utilizadas pelas indústrias.

Apurou-se ainda que a falta de matérias-primas foi o principal problema do processo

produtivo. Desta forma, apesar das indústrias em estudo terem referido que é

importante planear, achou-se que estas não utilizam planos de produção rigorosos.

Verificou-se que um número razoável de empresas não utilizava critérios de

desempenho, achando-se que a falta de estratégias industriais claras e precisas seja

responsável por falhas ao nível do planeamento e controlo da produção.

Relativamente à utilização de ferramentas de melhoria contínua, verificou-se

que grande parte das indústrias açorianas desconhecia estas ferramentas e os seus

benefícios. Apurou-se que as indústrias que utilizavam ferramentas de melhoria

contínua recorreram a ajuda externa para a sua implementação, pretendendo reduzir

os custos e aumentar a sua eficiência através da adoção destas ferramentas.

A maioria das indústrias referiu a qualidade como a principal estratégia

competitiva. No entanto, não foi possível comprovar estatisticamente esta associação

pelo que, achou-se que a indústria alimentar selecionou intuitivamente esta

estratégia. De facto, sendo este um setor do ramo alimentar, a estratégia de

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qualidade é imperativamente a mais importante. Para esta questão acha-se que o

tipo de resposta escolhido (“assinale apenas uma opção”) não foi o mais adequado.

Seria mais indicado avaliar a questão utilizando uma escala de importância,

permitindo ao inquirido selecionar por ordem de importância as estratégias

apresentadas no questionário.

Também se achou contraditório o facto do número de produtos diferentes não

estar relacionado com o tipo de sistema de produção implementado nas indústrias.

Tendo em conta a discrepância de valores que foi observada relativamente ao

número de produtos diferentes, suspeitou-se que algumas indústrias possam ter

indicado o número de referências diferentes em vez do número de produtos.

Como futuros trabalhos de investigação propõe-se a realização de entrevistas

às indústrias da amostra, avaliando essencialmente, as variáveis que se suspeitam

ter sido mal interpretadas. Apenas se ilustraram algumas relações causais entre

variáveis estatísticas pelo que, sugere-se um tratamento estatístico mais exaustivo

dos dados recolhidos, nomeadamente, algumas inferências sobre a população-alvo.

Por último, seria interessante expandir este estudo a outras áreas geográficas do

país (Continente e Região Autónoma da Madeira), permitindo efetuar comparações e

avaliar as principais diferenças entre os setores industriais de outras regiões.

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ANEXOS

ANEXO A - QUESTIONÁRIO

Planeamento e Controlo da Produção no Sector

Industrial dos Açores

I. Dados da Empresa

1. Nome da empresa: _________________________________________________

2. Localização:

Corvo Graciosa São Miguel

Faial Pico São Jorge

Flores Santa Maria Terceira

2.1. Concelho: _________________________________________________

3. Sector de atividade em que se insere o negócio principal da empresa:

(e.g. Abate de gado, Indústrias do leite e derivados, Panificação)

_________________________________________________________________

4. CAE (Classificação de Atividade Económica) correspondente ao ramo de

atividade da empresa (e.g. 10110, 10510, 10711)

CAE: CAE:

CAE: CAE:

5. Número de anos de atividade:

Menos de 5 anos 5 a 10 anos 10 a 20 anos

Mais de 20 anos

6. Natureza jurídica da empresa:

Empresária Individual (Empresário em Nome Individual)

Sociedade Unipessoal por Quotas

Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (E.I.R.L)

Sociedade por Quotas

Sociedade Anónima

Sociedade em Nome Coletivo

Sociedade em Comandita

Cooperativas

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II. Informações Gerais

Recursos Humanos

7. Número atual de colaboradores: ___________

8. Número de colaboradores com licenciatura/mestrado/doutoramento:

___________

9. Número de colaboradores contratados no ano 2012: ___________

10. Número de colaboradores despedidos no ano 2012: ___________

11. Número de acidentes de trabalho registados no ano 2012: ___________

Mercados

12. Volume total de vendas (em euros, referente ao ano de 2012): _______________

13. A empresa exporta para mercados internacionais (União Europeia ou outros)?

Sim Não

13.1. Se respondeu sim na questão anterior:

13.1.1. Identifique os mercados: __________________________________

13.1.2. Identifique o volume total de exportação (em euros, referente ao

ano 2012): _______________

13.2. Se respondeu não na questão anterior:

13.2.1. Considera ou já considerou a possibilidade de exportar?

Sim Não

Políticas da Empresa

14. Indique a medida mais adequada à política da empresa. (Assinale apenas uma)

Qualidade – Satisfação do consumidor

Flexibilidade – Resposta às mudanças a nível operacional e do consumidor

Fiabilidade – Cumprimento do prazo de entrega

Produtividade – Eliminar o desperdício

15. Refira as normas de certificação adotadas pela empresa:

____________________________________________________________________

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16. Como divulga a empresa e/ou produtos? (Assinale o(s) meio(s) que se aplica(m))

Rádio Televisão Jornais e/ou revistas

Lista telefónica Internet Panfletos e/ou cartazes

Feiras Outros.Quais?______________________________

III. Caracterização da Produção

Dados Gerais

17. Quantos produtos diferentes são produzidos na empresa? _________

18. Indique o número de colaboradores afetos à produção: ____________________

19. A empresa possui um departamento dedicado à investigação e desenvolvimento?

Sim Não

20. Indique o número de equipamentos afetos à produção: ________________

21. Quanto ao nível de automação, indique o número de equipamentos de produção

automatizados (e.g. CNCs, linhas automáticas) _________________

22. Quanto ao nível de automação, indique o número de equipamentos de transporte

e armazenamento automatizados (e.g. AGVs, tapetes, armazéns automáticos)

_________________

23. A empresa introduziu novos processos de fabrico e/ou novos equipamentos e/ou

novos produtos nos últimos 5 anos?

Sim Não

Organização da Produção

24. Qual o tipo de organização da produção (Assinale a(s) que se aplica(m))

Por produto (e.g. linhas de montagem de automóveis, linhas de

engarrafamento)

Por processo (e.g. departamentos funcionais para corte de metal, maquinação

de componentes)

Células de fabrico

Contínua (e.g. moagem, produção cerveja)

Não sabe/Não responde

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Outra. Qual? _____________________________________________________

25. Quais os problemas que ocorrem com frequência no processo produtivo?

(Assinale o(s) que se aplica(m))

Atrasos na entrega dos produtos

Paragens devidas à incorreta distribuição de tarefas

Falta de matérias-primas

Falta de máquinas disponíveis

Existência de tempos mortos

Existência de defeitos

Outros. Quais? _______________________________________________________

Planeamento da Produção

26. A empresa produz para:

Stock Encomenda Ambas as opções.

27. A empresa planeia antecipadamente o que deve produzir?

Sim Não

28. Qual das seguintes estratégias de planeamento são utilizadas pela empresa?

(Assinale a(s) que se aplica(m))

Variação dos níveis de stocks: produção para armazém em alguns períodos

para consumo posterior

Variação dos níveis de mão-de-obra: contratar ou despedir pessoal de forma a

satisfazer a procura

Variação das taxas de produção por recurso a horas extraordinárias

Subcontratação

Utilização de mão-de-obra a tempo parcial

Atraso na entrega do produto ou serviço até que haja capacidade disponível

Influenciar a procura através de campanhas de ‘marketing’ e promoções

Produção de produtos em contra-ciclo

Outras. Quais? _________________________________________________

29. Que critérios são usados como medida do desempenho da produção? (Assinale

o(s) que se aplica(m))

Taxa de ocupação dos colaboradores

Taxa de utilização dos equipamentos

Taxa de produtos com defeito

Cumprimento de prazos de entrega

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Custos de sucata e/ou reciclagem

Não sabe/Não responde

Outras. Quais? __________________________________________________

30. A empresa utiliza software de apoio ao planeamento da produção?

Sim Não

30.1. Se sim, indique quais? (e.g. MRP, ERP, SAP) ______________________

Melhoria Contínua

31. Qual das seguintes afirmações está de acordo com a política da empresa?

(Assinale apenas uma)

A procura influencia a gestão do fluxo de materiais no planeamento e a

constituição de stocks de segurança.

Produzir apenas o que é necessário e quando é necessário.

Explorar o recurso e/ou produto que permite maximizar a produção.

32. Na empresa são utilizadas ferramentas de Melhoria Contínua (Lean)?

Sim Não

32.1. Se sim, indique:

32.1.1. Desde quando são utilizadas? (Refira a data no formato MM-AAAA)

_______________________

32.1.2. Em que departamento(s) da empresa são utilizadas?

______________________________________________________

32.1.3. Foram implementadas com recurso a ajuda externa?

Sim Não

32.1.4. Qual seguintes ferramentas são utilizadas? (Assinale a(s) que se

aplica(m))

TPM (Total Productive Maintenance)

JIT

Kanban

5 S’s

TQM (Total Quality Management)

Point of Use Storage (armazenamento das matérias-primas nos

locais onde serão posteriormente utilizadas)

SMED (redução dos tempos de setup)

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Kaizen (melhoria contínua)

Sistemas Visuais ou Controlo Visual

Lean Thinking (redução contínua de desperdício)

Lean Workforce

Estandardização

Heijunka (lotes de produção reduzidos ou programação nivelada)

Implantação por células de fabrico

Value Stream Mapping

Outras. Quais? _________________________________________

32.1.5. Qual dos seguintes fatores motivou o uso de ferramentas Lean?

(Assinale o(s) que se aplica(m))

Aumento da competitividade

Necessidade de mudança

Aumento da eficiência

Redução de custos

Melhorar prazos de entrega

Outros. Quais? _______________________________________

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ANEXO B - CARTA ÀS EMPRESAS

Ponta Delgada, 17 Abril de 2013

Exmo.(a) Sr.(a).,

Chamo-me Lorina Miranda e sou aluna do último ano do Mestrado em Engenharia e

Gestão Industrial da Universidade de Aveiro.

Venho, por este meio, solicitar a colaboração de V. Exa, no preenchimento de um

inquérito que se insere no âmbito da tese de mestrado que me encontro a desenvolver.

Poderão responder online através do site

(https://docs.google.com/forms/d/1SLCUIPcmtkUSUemIe4e8XISm2i-i6yXZ1RtkG67wGuY/vie

wform) ou utilizando o ficheiro em anexo.

Este inquérito tem como objetivo a análise da forma como são feitos o planeamento e

controlo da produção no setor industrial dos Açores.

Garanto ainda, a V. Exa, que as informações recebidas são confidenciais e não serão

utilizadas para outros fins.

Agradeço, desde já, toda a atenção dispensada a este pedido! A sua resposta é

fundamental para o sucesso deste estudo.

Despeço-me com os melhores cumprimentos, Lorina Tavares Miranda

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ANEXO C - QUESTIONÁRIO IMPLEMENTADO NO GOOGLE DRIVE

Este anexo pretende ilustrar algumas páginas do questionário que foi

implementado no Google Drive. Para responder ao questionário online as empresas

tinham de aceder ao link do questionário (disponível na carta às empresas).

Posteriormente, o inquirido seria encaminhado para a página inicial do questionário

na qual se explicava o objetivo e o âmbito deste estudo exploratório, garantindo-se

mais uma vez, a confidencialidade das informações recebidas.

A figura 37 ilustra a página de rosto do questionário.

Após clicar no botão “continue” o inquirido é encaminhado para a primeira

parte do questionário (dados da empresa). Como mencionado anteriormente, o

questionário foi construído de modo a selecionar as questões de acordo com a

resposta do inquirido. Por exemplo, relativamente à questão 13 se o inquirido

responder afirmativamente à questão é direcionado para a página da figura 38, caso

contrário, este é direcionado para outra página a qual se inicia com a questão 14

(políticas da empresa).

Figura 37 - Página inicial do questionário implementado no Google drive

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Importa referir que o questionário implementado no Google Drive foi dividido

em três partes e, cada uma delas possui o título do tema em estudo, proporcionando

uma melhor compreensão sobre a organização das questões do questionário. A título

de exemplo apresenta-se a figura 39 que diz respeito à terceira parte do questionário

(caracterização da produção). Salienta-se ainda que no fim do inquérito o inquirido

terá de enviar o inquérito através do botão “Submit”.

Figura 38 - Página exemplo do questionário implementado no Google Drive

Figura 39 - Página relativa à terceira parte do questionário implementado no Google Drive

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ANEXO D – CAE (REV.3)

Tabela 16 – Divisão (setores) e CAE (subsetores) das indústrias da amostra

Secção C – Indústrias Transformadoras

CAE

Divisão 10 - Indústrias Alimentares

Panificação

Pastelaria

Fabricação de produtos à base de carne (aves e gado)

Conservação de produtos da pesca e da aquicultura em azeite e outros óleos vegetais e outros molhos

Fabricação de alimentos para animais de criação

Indústria do leite e derivados

Indústria do açúcar

Descasque e transformação de frutos de casca rija comestíveis

Fabricação de produtos de confeitaria

Divisão 11 - Indústria das bebidas

Fabricação de cerveja

Fabricação de refrigerantes e de outras bebidas não alcoólicas

Produção de licores e de outras bebidas destiladas

Fabricação de aguardentes preparadas

Fabricação de aguardentes não preparadas

Divisão 12 - Indústria do tabaco

Indústria do tabaco

Divisão 23 - Fabricação de outros produtos minerais não

metálicos

Fabricação de produtos de betão para a construção

Fabricação de artigos de granito e de rochas

Fabricação de artigos de mármore e de rochas similares

Fabricação de cimento

Divisão 16 - Indústria da madeira e da cortiça e suas

obras, exceto mobiliário

Fabricação de outras obras de carpintaria para a construção

Fabricação de mobiliário de madeira para outros fins

Serração de madeira

Divisão 18 - Impressão e reprodução de suportes

gravados

Impressão de jornais

Outra impressão

Divisão 22 - Fabricação de artigos de borracha e matérias

plásticas Fabricação de artigos de plástico para a construção

Divisão 25 - Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos

Fabricação de estruturas de construções metálicas

Reparação e manutenção de máquinas e equipamentos

Fabricação de portas, janelas e elementos similares em metal

Atividades de mecânica geral

Divisão 14 - Indústria do vestuário

Confeção de vestuário de trabalho, exceto confeção por medida

Confeção de outros artigos e acessórios de vestuário, exceto confeção por medida