Upload
lenhi
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
LUIS EDUARDO RODRIGUES BARBOSA
INCIDÊNCIA DE ZUMBIDO EM ADOLESCENTES E SUA RELAÇÃO
COM O USO DE APARELHOS ESTÉREOS PESSOAIS
CURITIBA
2014
LUIS EDUARDO RODRIGUES BARBOSA
INCIDÊNCIA DE ZUMBIDO EM ADOLESCENTES E SUA RELAÇÃO
COM O USO DE APARELHOS ESTÉREOS PESSOAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito para obtenção do grau de especialista em
Audiologia Clínica pela Universidade Tuiuti do
Paraná.
Orientadora: Draº Renata Silvestre
CURITIBA
2014
DEDICATÓRIA
A Deus, que nos criou e foi criativo
nesta tarefa. E também dedico essa
monografia para todos aqueles que
fizeram isso se tornar real, me
proporcionando forças para que eu não
desistisse.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, irmãos que com muito carinho e apoio, não mediram esforços
para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.
À minha orientadora Draº Renata Silvestre, pela paciência nos e-mails e
incentivo que tornaram possíveis na conclusão desta monografia.
Meus agradecimentos a família da Sarah Souza, que de alguma forma teve uma
grande parte nessa especialização, me recebendo na sua casa e deixando fazer
parte da sua família e que vão continuar presentes da minha vida com certeza.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa conclusão, o meu muito
obrigado.
“Seja você quem for, seja qual for a posição social que você
tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre com
meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo
com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você
chega lá. De alguma maneira você chega lá.”
Ayrton Senna
RESUMO
OBJETIVO: Descrever a incidência do zumbido em um grupo de adolescentes e
correlacionar a incidência do zumbido com hábitos e atitudes auditivas. METODO:
Trata-se de um estudo descritivo transversal que investigou, por meio de questionário,
audiometria e imitância acústica, as atitudes e hábitos de adolescentes frente ao ruído.
RESULTADO: Participaram da pesquisa 134 alunos do ensino fundamental e médio.
A faixa etária variou entre 12 e 17 anos. Verificou-se ainda que dos 125 alunos
usuários de EP, 71 deles fazem uso do aparelho por menos de duas horas por dia e 54
usam por duas horas ou mais por dia, entre o tempo de uso de estéreos pessoais e o
gênero, observou-se hábitos mais deletérios entre as mulheres. Ao comparar a
incidência de zumbido entre os adolescentes que utilizam e os que não utilizam EP,
observou-se que, a ocorrência de zumbido é maior entre os usuários (40%) quando
comparado aos que não tem o hábito (33,3%), embora não tenha sido observada
diferença estatística. CONCLUSÃO: O zumbido foi o principal sintoma auditivo
referido por nossa população adolescente normouvinte, ocorrendo em 39,55% dos
sujeitos; e, embora o sintoma tenha sido mais frequênte entre os usuários de estéreos
pessoais, não foi encontrada diferença estatística significante.
PALAVRAS CHAVES: Zumbido, Perda Auditiva Provocada por Ruído;
Adolescentes.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO AS IDADES ........................... 29
TABELA 2 – RELAÇÃO ENTRE USO DE ESTÉREOS PESSOAIS (EP) E IDADE .......... 29
TABELA 3 - RELAÇÃO ENTRE O TEMPO DE UTILIZAÇÃO DE EP POR DIA E
GÊNERO .................................................................................................................................. 30
TABELA 4 - NÚMERO DE SUJEITOS QUE REFEREM QUEIXAS AUDITIVAS APÓS O
USO DO ESTÉREO PESSOAL (N = 49) ................................................................................ 30
TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO CAUSAS REFERIDAS DE
ZUMBIDO ............................................................................................................................... 31
TABELA 6 - PREVALÊNCIA DE ZUMBIDO E HÁBITO DE UTILIZAÇÃO DE
ESTÉREOS PESSOAIS (EP) ................................................................................................... 31
LISTA DE SIGLAS
EP Estéreo Pessoal
ZPO Zumbido Periótico
ZNS Zumbido Neurossensorial
TRT Terapia de Retreinamento do Zumbido
TCC Terapia Cognitivo Comportamental
AASI Aparelho de Amplificação Sonora Individual
PAIR Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído
PPPA Programa Preventivos de Perdas Auditivas
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
TTS Temporary Threshold Shift
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 13
2.1 ZUMBIDO ........................................................................................................... 13 2.1.1 O que é o zumbido? .......................................................................................... 13 2.1.2 Fisiopatologia e classificação ........................................................................... 14 2.1.3 Avaliação diagnóstica ...................................................................................... 17 2.1.4 Tratamento ........................................................................................................ 18 2.2 HÁBITOS E ATITUDES AUDITIVAS EM ADOLESCENTES ..................... 22
3 MATERIAL E METODO .......................................................................................... 26 3.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................. 26 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ................................................................... 26 3.3 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 27 3.4 ANÁLISE ESTATISTICA .................................................................................. 28
4 RESULTADOS .......................................................................................................... 29 5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 32 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 35 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 36 ANEXO I ....................................................................................................................... 42 ANEXO II ...................................................................................................................... 45
1 INTRODUÇÃO
A Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE)
é considerada por muitos autores como uma das principais causas de zumbido
(HELLER, 2003).
A exposição a elevados níveis de pressão sonora (NPS) por um longo período
de tempo pode determinar comprometimentos físicos, mentais e sociais no indivíduo.
Entre estas consequências, encontram-se os danos no sistema auditivo (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2006).
Os jovens, em sua maioria, adolescentes, habitualmente estão expostos a música
amplificada de alta intensidade, especialmente nas suas atividades de lazer (BORJA et
al, 2006). A música, em geral, é um som agradável que proporciona sensação
prazerosa, entretanto, pode se tornar uma fonte de poluição sonora dependendo da
maneira e do nível sonoro que é utilizado (VENTURA 2009).
Observa-se que adolescentes na faixa etária de 12 a 18 anos, aumentaram muito
o uso de equipamentos estéreos pessoais (EP), muitas vezes, usados de maneira
inadequada, por muitas horas e em intensidades muito elevadas. Há dois motivos
preocupantes que fazem com que esses modernos equipamentos sejam prejudiciais
para usuário: o primeiro é a grande capacidade de memória e alta durabilidade da
bateria, o que favorece seu uso em jornadas extensas. E o segundo é o design dos
fones, cuja tendência atual é o uso dos fones de inserção que são capazes de concentrar
toda a energia sonora produzida dentro do conduto auditivo externo, sendo
considerados, por esta característica, os mais prejudiciais (RUSSO et a,l 2009)..
A quantidade de ruídos bem como o tempo que se fica exposto a eles são
fatores determinantes da capacidade de prejudicar a audição. Os sons acima de 75
decibéis são considerados potencialmente perigosos. Entre os exemplos de níveis de
ruído considerado prejudicial pelos especialistas estão cortador de grama, show de
rock, armas de fogo, bombinhas, aparelhos de som com fones de ouvido, motocicletas,
tratores, utensílios domésticos (trituradores de lixo, liquidificadores, processadores de
alimentos/cortadores, etc.) e brinquedos barulhentos. Todos podem emitir som acima
de 90 dB e alguns deles podem chegar até 140 dB (PINA, 2006).
A preocupação dos profissionais de saúde com a perda auditiva induzida pelo
ruído (PAIR) no ambiente de trabalho começou a se estender. Muitos estudos são
realizados acerca do ruído ocupacional, porém não há tantos estudos com jovens
expostos a níveis sonoros elevados nas mesmas proporções, entretanto, a integridade
auditiva deles pode estar relacionada com seu estilo de vida e suas preferências nas
atividades de lazer (MORATA, 2007).
Segundo a pesquisa de Carmo (1999) os resultados encontrados foram
preocupantes, na avaliação da fonoaudióloga o volume dos aparelhos variou de 78 a 87
decibéis, níveis bem acima do recomendado. A mesma autora ainda relata que as
gerações atuais poderão ter um comprometimento auditivo muito maior que as
antecessoras. As consequências são comprometedoras, em alguns casos, sendo
necessário até mesmo o uso de aparelhos auditivos. Os especialistas indicam o uso de
protetores auriculares com intensidade a partir de 85 decibéis, pois, essa intensidade se
compara ao nível de ruído encontrado nas indústrias.
Segundo dados da UNIÃO EUROPÉIA (2005), Os cientistas calcularam que o
número de pessoas que está na categoria de risco para perda auditiva, é de cinco a 10%
dos usuários de aparelhos portáteis de música, o que significa até 10 milhões de
pessoas na União Européia. No Brasil, ainda não existe um cálculo certo sobre a
quantidade de usuários. Mas, acredita-se que sejam milhares.
Segundo Rapoport e Almeida (2003), embora alguns estudos tenham
demonstrado que adolescentes expostos à música amplificada individual (MAI)
costumam apresentar limiares auditivos nas frequências convencionais dentro dos
padrões da normalidade, o trauma acústico, ou socioacusia, pode vir a provocar
redução temporária dos limiares, o Temporary Threshold Shift (TTS), cuja
manifestação clínica é representada, habitualmente, por episódios temporários de
hipoacusia e zumbido após exposição a elevados NPS.
Caracterizado pela presença de um ou mais sons nas orelhas ou na cabeça e
ausência de estímulo sonoro externo correspondente, o zumbido atinge
aproximadamente 17% da população geral, e 33% da população de idosos
(JASTREBOFF et al, 1996). Adquire forma severa em 20% dos casos, afetando de
maneira direta ou indireta o indivíduo em atividades profissionais e de lazer,
interferindo em relacionamentos familiares e sociais e pode levar até mesmo ao
suicídio, em casos extremos.
Tendo em vista o amplo uso de estéreos pessoais pela população adolescente, a
possibilidade que esses equipamentos têm de reproduzir músicas por várias horas
seguidas e o nível de pressão sonora que podem atingir, além da possibilidade do
zumbido refletir algum grau de dano auditivo, temporário ou permanente, decorrente
de exposição a NPS elevados, surge o seguinte questionamento: qual a incidência do
zumbido uma população adolescente normouvinte e qual a sua relação com o hábito de
utilização de aparelhos estéreos pessoais?
Com base no exposto, os objetivos deste estudo são: 1) Descrever a incidência
do zumbido em um grupo de adolescentes; e 2) Correlacionar a incidência do zumbido
com hábitos e atitudes auditivas.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ZUMBIDO
O presente capítulo tem como tema o zumbido. A princípio, abordaremos suas
diferentes conceituações, sob a ótica de diversos autores, além das formas usuais de
relato por parte dos pacientes. Em seguida, faremos uma revisão acerca da
fisiopatologia, das classificações e dos métodos envolvidos na avaliação diagnóstica
do zumbido, finalizando com a explanação de opções terapêuticas, sob o ponto de
vista fonoaudiológico.
2.1.1 O que é o zumbido?
O zumbido é um sintoma definido como a percepção de um som nos ouvidos ou
na cabeça sem que haja produção do som por uma fonte externa. Afeta 15% da
população mundial e esta prevalência aumenta para 33% entre os indivíduos com mais
de 60 anos de idade (JASTREBOFF PJ, HAZELL JWP, 1993).
Na literatura podemos observar várias formas de ser definido o zumbido, mas
no final todos os autores seguem a mesma linha de raciocínio.
Segundo Sanches e Ferrari (2004) o zumbido é descrito como a percepção
consciente de um som, sem que haja a presença de um estímulo sonoro externo.
Geralmente é comparado ao som de um chiado, apito ou cachoeira (SANCHES,
1997 apud AZEVEDO, 2007).
O zumbido pode ser classificado como agudo ou crônico dependendo a sua
duração, sendo o primeiro transitório e de curta duração e o segundo com duração
maior que seis meses. (SILVA et al, 2007).
O zumbido é relatado como um barulho interno na cabeça, sem que para isso
exista uma causa no meio externo que o estimule. Quando chega a fase severa é
considerado como o terceiro pior fator que pode acometer o ser humano perdendo
apenas para a dor intensa intratável e pela tontura intensa intratável, segundo a
pesquisa realizada pela Agência Americana de Saúde Pública. Ainda na mesma
pesquisa relata que cerca de 36 milhões de adulto norte-americanos apresentam
alguma forma de zumbido.
Apesar de ser algo comum de ser encontrado através dos relatos, um modelo
neurofisiológico descrito em 1993 relata que as principais dificuldades encontradas na
avaliação e tratamento do zumbido são: dificuldade de exames objetivos para a
avaliação do zumbido, o zumbido pode ser um sintoma com enormes possibilidades de
disfunções periféricas e centrais associadas, falta de provas dos mecanismos
envolvidos na geração do zumbido, forte impacto causado pelo zumbido no sistema
nervoso central do paciente, e por fim, a forte ligação da percepção do zumbido com o
sistema emocional. (JASTREBOFF, 1990 apud AZEVEDO, 2007).
O zumbido foi definido como a percepção consciente de um som, que é gerado
pelo próprio sistema auditivo ou pelas estruturas circunvizinhas do paciente, sem a
presença de uma fonte externa geradora desse som. É considerado um sinal de
acometimento das vias auditivas que pode ter diversas causas, como as doenças
primariamente otológicas ou outras doenças que afetem o ouvido de modo secundário
(metabólicas, cardiovasculares, neurológicas, psiquiátricas, odontológicas, e
possivelmente a ingestão de drogas, cafeínas, nicotinas, álcool e etc). Com frequência
essas causas estão associadas no mesmo indivíduo e nem sempre podem ser
satisfatoriamente isoladas (SANCHEZ e FERRARI, 2004).
2.1.2 Fisiopatologia e classificação
O zumbido pode ter diversas causas, como as doenças primariamente otológicas
ou outras doenças que afetem o ouvido de modo secundário (metabólicas,
cardiovasculares, neurológicas, psiquiátricas, odontológicas, e possivelmente a
ingestão de drogas, cafeínas, nicotinas, álcool etc). Com frequência, essas causas estão
associadas no mesmo indivíduo e nem sempre podem ser satisfatoriamente isoladas
(SANCHEZ e FERRARI, 2004).
Comumente, a causa do zumbido é algum dano no sistema auditivo periférico.
Estruturas altas do córtex cerebral também estão envolvidas no surgimento e
permanência da percepção deste som. Algumas pessoas não apresentam qualquer
incômodo à presença do zumbido. No entanto, outras apresentam incômodo muito
intenso, podendo até mesmo desenvolver alterações psiquiátricas como estresse,
irritabilidade, problemas de concentração, ansiedade, depressão, desordens do sono,
entre outras (HALLAM, 1996).
Segundo Jastreboff (1990), o zumbido pode causar maior ou menor impacto na
vida do paciente, desde uma leve irritação a uma completa incapacitação, podendo, em
alguns casos mais graves, levar ao suicídio. Há, normalmente, queixas quanto à
dificuldade de dormir e/ou de se concentrar, que afetam a vida profissional, social e,
consequentemente, a qualidade de vida do paciente.
Cerca de 20% das pessoas que apresentam zumbido referem incômodo intenso
a ele (FERRARI e SANCHEZ, 2004). A princípio as pesquisas em zumbido
procuraram explicar o que diferencia o zumbido considerado incômodo daquele que
não provoca desconforto algum. Acreditou-se que a diferença entre o zumbido
considerado incômodo e o não incômodo seria explicada pela intensidade do som:
quanto mais alto o zumbido, maior o incômodo. Essa hipótese não se confirmou, pois
os estudos comprovaram que a intensidade do zumbido não ultrapassa 10/15 dB do
limiar auditivo em qualquer pessoa, sendo, portanto, a intensidade indiferente naqueles
que se incomodam com o zumbido em comparação com os que não referem qualquer
incômodo ao som. O mesmo aconteceu quanto ao tipo de som do zumbido (cachoeira,
panela de pressão etc.), os estudos mostraram que o tipo de som do zumbido não
determina o grau de incômodo ligado a ele.
Ferreira et al (2008) desenvolveram um estudo buscando avaliar e qualificar o
zumbido em idosos. Dos pacientes avaliados, 35% afirmaram que o zumbido interfere
no emocional, o que, segundo os autores, se reflete na nota de incômodo dada pelos
pacientes, que classificam o zumbido com o incômodo acentuado. Observaram que o
incômodo gerado pelo zumbido é acrescido da deficiência auditiva própria da idade, a
presbiacusia, provocando isolamento social em função da dificuldade de comunicação.
O mesmo ocorre com o deficit de atenção, concentração e distúrbios do sono comuns
nos idosos, aumentados pela presença do zumbido, dificultando as atividades diárias.
Porém, não encontraram correlação entre o grau de perda auditiva segundo a
audiometria e o nível de incômodo do paciente com o zumbido, o que indica que o
incômodo está ligado à maneira como o paciente encara o seu zumbido, e não a uma
medida física ou anatômica, ou seja, o sistema límbico está muito mais envolvido na
gênese e perpetuação do zumbido que o próprio sistema auditivo.
Já para Sanchez et al. (2005), a presença de perda auditiva atua como fator
determinante, ou coadjuvante, aumentando o risco do zumbido vir a interferir na
concentração e no equilíbrio emocional.
Segundo Sanches & Ferrari (2004) “o zumbido é dividido em dois tipos: o
subjetivo que é percebido somente pelo paciente e o objetivo que pode ser identificado
e também percebido pelo paciente e o examinador”. Mas essa classificação tem
utilidade limitada, uma vez que a mesma doença pode provocar zumbido subjetivo em
alguns pacientes e objetivos em outros.
Essa divisão tem sido usada de uma forma paralela à classificação atualmente
existente e relatada na literatura atual.
De acordo com a sua anatomofisiologia, o zumbido pode ser classificado assim:
(1) Zumbido gerado pelo sistema para-auditivo: nesse grupo estão incluídas as
neoplasias vasculares, as malformações arteriovenosas, “hum” venoso,
contração muscular (mioclonia do palato mole e dos músculos da orelha
média) e tuba patente (SANCHES e LIMA, 2009).
(2) Zumbido gerado pelo próprio sistema auditivo: embora ás vezes não seja
possível definir etiologia com exatidão, as causa do zumbido podem ser
otológicas cardiovasculares, metabólicas neurológicas, farmacológicas,
odontológicas ou psicogênicas.
O zumbido também pode ser produzido em uma ou mais localização,
consideramos periférico o zumbido que se localiza em todo o aparelho auditivo até o
tronco cerebral, excluindo este. O zumbido de natureza central é aquele que afeta as
vias auditivas centrais partindo do tronco cerebral e compreendendo qualquer outra
porção do sistema nervoso central (SANCHES e Ferrari, 2004).
Já em outra literatura, foi encontrada classificação do zumbido em: zumbido
periótico (ZPO) e o zumbido neurossensorial (ZNS)
Os (ZPO) são os gerados por estruturas para-auditivas. É o ruído gerado pelas
estruturas próximas à orelha interna e transmitido pela cóclea, não coexiste com outras
manifestações otoneurológicas (FUKUDA, 2000).
As causas podem ser miogênico, vascular e tubal.
O ZPO miogênico pode ser causado tanto pelos músculos da orelha média
(tensor do tímpano e estapédio), como pelos músculos peritubários (elevador e tensor
do palato), que podem apresentar contratações espontâneas, gerando vibrações que são
transmitidas aos músculos e á cóclea. Esse zumbido é o mais frequente e pode ser
constatado por outras pessoas sendo um zumbido objetivo (FUKUDA, 2000).
O ZPO de origem vascular é percebido como um ruído pulsátil, síncrono com o
batimento cardíaco e causado pelo fluxo sanguíneos que é transmitido diretamente
orelha interna ou indiretamente através da orelha media (FUKUDA, 2000).
O ZPO tubal ocorre na tuba auditiva patente. A tuba aberta transmite a
passagem de ar (tanto na expiração quanto na inspiração) à orelha média e o paciente
refere claramente essa correlação (FUKUDA, 2000).
Zumbido neurossensorial (ZNS), é referido pelo paciente como um som
semelhante a um apito, chiado, barulho de cachoeira, de chuva, de um grilo etc. Esse
zumbido é mais frequente, e mais difícil de ser tratado pelo médico, porque a sua
fisiopatologia não está totalmente esclarecida e a sua etiopatogenia nem sempre é
identificada. É o ZNS que constitui um dos tripés das manifestações otoneurológicas.
2.1.3 Avaliação diagnóstica
Para a avaliação e diagnóstico do zumbido, como em qualquer outra doença, o
ponto de partida é a anamnese. Alguns fatores têm que ser muito bem investigados
como diagnóstico etiológico, detecção e grau de incomodo na vida desse paciente. A
história clínica deve reportar o tempo de início do sintoma, se possível correlacionar se
houve algum momento marcante ou situações de estresse, como por exemplo, perda de
emprego, falecimentos, separação, entre outras.
Os fatores de piora devem ser questionados, tais como, movimentação de cabeça,
uso de medicamentos, ingestão de álcool, assim como antecedentes pessoais, quanto a
doenças associadas, hábitos e medicações, e antecedentes familiares, que podem
ajudar no caso de suspeita de disacusias hereditárias.
Após o exame físico, o médico solicita exames complementares: audiológicos,
laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem, de acordo com cada caso.
A avaliação diagnóstica do zumbido inclui dentistas, otorrinolaringologistas,
fonoaudiólogos e fisioterapeutas.
A acufenometria significa “medir os acúfenos” (zumbidos), sendo um dos
métodos mais antigos e um dos menos empregados hoje em dia. Engloba um conjunto
de técnicas audiológicas para tentar encontrar na audiometria tonal um tom puro que
se aproxime do tom do zumbido do paciente (MENEZES P, SANTOs VAV, Revista
Fonoaudiologia Brasil 2005;3 (1):1-4).
A acufenometria tem como principal vantagem a possibilidade de monitoração
da real intensidade do zumbido e, por consequência, a monitorização do tratamento,
além de auxiliar no topo-diagnóstico das lesões auditivas. Entretanto, possui algumas
desvantagens. Em primeiro lugar, a audiometria tonal tenta correlacionar tons puros ao
zumbido, que é, em muitos casos, multitonal. Além disso, poucos pacientes são
capazes de fornecer uma correlação precisa de seu zumbido com os tons puros, mesmo
com examinadores experientes. A acufenometria é de extrema importância no
tratamento por mascaramento.
Características como tipos de zumbido (chiado, apito, cigarra) são úteis no
sentido de objetivar o zumbido.
Segundo Fukuda (2000), outros exames também são muito importantes até para
que o tratamento seja mais eficiente, esses exames são: exame físico geral, exame
otoneurológicos, estudo de imagem e exames laboratoriais.
2.1.4 Tratamento
A literatura apresenta diversas modalidades de tratamento para o zumbido, entre
elas estão a medicação, a Terapia de Retreinamento do Zumbido (TRT) a Terapia
cognitivo comportamental (TCC), o relaxamento hipnose, o biofeedback, as sessões
educacionais e de solução de problemas (KIRSCH et al, 1989; JASTREBOFF, 1990;
ANDERSSON e LYTTKENS, 1999).
A TRT baseia-se na habituação; capacidade de o cérebro ignorar estímulos
neutros, sem significados. Segundo o modelo neurofisiológico, as conexões entre o
sistema auditivo e o sistema límbico são responsáveis pela reação emocional ao
zumbido, afetado o sistema nervoso autônomo, provocado ansiedade, depressão e
desordens do sono (HERRAIZ, 2005).
Apesar da disfunção coclear poder ser considerada a origem geradora do
zumbido na maioria dos casos, o nível subcortical e o córtex consciente têm papel
determinante na percepção do zumbido crônico e da reação emocional (HERRAIZ et
al, 2005).
Em toda a história do tratamento do zumbido, a TRT apresenta hoje os
resultados mais eficazes, possibilitando melhor reabilitação do paciente nas suas
atividades diárias – 82% de sucesso no tratamento, Segundo Herraiz (2005). Sanchez
et al (2002) encontrou melhora de 60% na avaliação subjetiva e 80% na escala
análago-visual. No entanto, o TRT requer em torno de 18 meses para atingir melhora
estável e observável do zumbido. Além disso, o TRT requer paciência e disciplina do
paciente e do profissional, que deverá ser experiente e com formação e conhecimento
em TRT (LOCKWOOD et al, 2002).
Há muito tempo o aparelho de amplificação sonora individual (AASI), vem
sendo utilizada no sentido de minimizar os efeitos da deficiência auditiva. (CAMPOS
etal, 1996 apud FERRARI E SANCHEZ, 2004).
Segundo Ferrari e Sanchez, (2004, p. 104), formas específicas de adaptação têm
sido recomendas e com isso a utilização de próteses auditivas vem ganhando espaço
crescente, como alternativa para o tratamento do zumbido.
O aparelho de amplificação sonora individual (AASI) tem surtido um efeito
benéfico para as pessoas que reclamam do zumbido e possuem algum grau de perda
auditiva.
A estimulação sonora tem sido um importante instrumento para o tratamento do
zumbido e hiperacusia. Para alguns pacientes a simples amplificação do ruído
ambiental encobre ou reduz muito a percepção do zumbido. A amplificação pode
proporcionar um alívio imediato (mascaramento), também podendo ser de forma
gradativa para facilitar o processo neurofisiológico da habituação. (Sanchez e Ferrari,
2004).
O mascaramento do zumbido foi idealizado por Jack Vernon e vem sendo
utilizado desde a década de 1970. Baseia-se no uso de instrumentos que emitem sons
com o objetivo de proporcionar alívio imediato do zumbido, seja por encobri-lo
completamente (mascaramento total), ou uma diminuição da intensidade
(mascaramento parcial). (VERNON E MEIKLE, 2000 apud FERRARI E SANCHEZ,
2004).
O aparelho de amplificação sonora individual (AASI), não proporciona a cura ao
paciente portador de zumbido, apenas alivia a sensação de incômodo devido ao
mascaramento realizado pelos sons externos. Desta forma, o aparelho de amplificação
sonora individual apresenta uma ação periférica, e o paciente volta a sentir o
desconforto causado pelo zumbido ao removê-lo para tomar banho ou dormir.
(FERRARI E SANCHEZ, 2004 apud SILVA 2007).
Alguns pacientes podem apresentar a chamada inibição residual do zumbido,
descrito por Jastreboff (1990). Segundo essa abordagem, o zumbido é considerado um
problema apenas quando ativa outros centros nervosos não-auditivos, como o sistema
límbico, responsável pelas emoções, e o sistema nervoso autônomo, que controla as
funções fisiológicas. (JASTREBOFF e HAZELL, 1998 e FERRARI e SANCHEZ,
2004 ).
O enriquecimento sonoro produz uma melhora quantitativa e qualitativa e tira o
foco da sensação do zumbido, uma vez com o uso do aparelho de amplificação sonora
individual (AASI), a pessoa que possui uma perda auditiva começa a ouvir os barulhos
do mundo externo.
Existem alguns critérios para a adaptação do aparelho de amplificação sonora
individual (AASI) que são eles:
Uso de moldes bem ventilados,
Uso preferencial de aparelho de amplificação sonora individual (AASI)
retroauriculares,
Adaptação binaural sempre que possível,
Evitar o silêncio,
Molde aberto,
Uso contínuo.
Todo o tratamento como este também possui sua limitação, já que pode anteceder a
situação da estética o que pode interferir na escolha do aparelho de amplificação
sonora individual (AASI).
Algum ponto do aconselhamento terapêutico tem que ser exaustivamente
esclarecidos e reforçados durante todo o processo (FOLMER et al, 2002 apud
FERRARI E SANCHEZ, 2004)
O aparelho de amplificação sonora (AASI), melhora a discriminação da fala,
podendo ser útil para evitar frustração e isolamento,
O uso correto do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), estimula o
sistema auditivo e pode reduzir a atividade neural gerada pela percepção do zumbido.
(JASTREBOFF, 1990 apud FERRARI E SANCHEZ, 2004).
Para Fukuda (2000), orientações gerais devem ser dadas ao paciente, como a
diminuição ou o corte total da cafeína, cigarro, álcool e exercícios físicos devem
começar a fazer parte da vida diária do paciente, uma alimentação balanceada e o uso
de alguns medicamentos.
Em alguns relatos de caso da literatura de Sanches (1995), foi observado que o
estresse também é uma das causas mais frequente do zumbido, alguns fatores como
reduzir as atividades diárias, ter um maior tempo de sono diário pode resultar em
redução do sintoma.
A fisiopatologia do zumbido é muito complexa e, apesar de muitos avanços
recentes na literatura, ainda não foi completamente elucidada. Esse sintoma pode
trazer grandes atrasos na vida do paciente, mas com algumas das alternativas acima
descritas, podemos trazer uma qualidade de vida e uma possível solução para as
pessoas que passam por esse problema.
2.2 HÁBITOS E ATITUDES AUDITIVAS EM ADOLESCENTES
Nas últimas décadas, os níveis de pressão sonora intensos foram considerados
os agentes nocivos à saúde mais presentes nos ambientes urbanos e sociais, sendo
encontrados frequentemente em locais de atividades de lazer, na forma de música em
intensidade elevada, transformam-se num problema ambiental crescente na atualidade
(BERGLUND B, 1995; OLSEN SE 2004).
Um número considerável de jovens ouve música durante as tarefas escolares e
declaram que se concentram melhor quando ela está presente, tal fato também já havia
sido descrito em pesquisas anteriores (VOGEL et al, 2008).
Algumas pesquisas revelam que pessoas jovens deveriam ser informadas em
bases amplas sobre o risco para a audição que o indivíduo se submete ao fazer uso de
fones de ouvido em intensidade alta e por um longo período de tempo. Campanhas
informativas deveriam, por outro lado, iniciar com as crianças que são expostas à
música dos estéreos portáteis, jogos eletrônicos, etc (FELCHLIN et al, 1998). Em
estudo realizado em 2001, muitos adolescentes referem que a música alta em
danceterias, shows e até mesmo na cantina da escola é frequentemente tão intensa que
eles acham difícil se divertir, entretanto, eles se sentem incapazes de mudar a situação,
porque percebem que a maioria de seus amigos gosta do ruído (WUEST, 1992).
O fato de alguns jovens gostarem do ruído pode estar relacionado com a
descarga de adrenalina causada pela exposição a intensidades sonoras elevadas, em
virtude da reação de defesa fisiológica para sons acima de 80 dB, e que pode ser
percebida como estimulante (OMS- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE 1980).
A maioria das pessoas com perdas auditivas leves em altas frequências não está
ciente do problema, não usa proteção adequada e também não imagina o impacto que a
perda auditiva pode causar em sua qualidade de vida no futuro (VOGEL et al, 2008;
WUEST 1992).
A questão sobre o uso do protetor auditivo em atividades como em discotecas e
shows, causou espanto nos jovens que participaram de uma pesquisa em Santa
Catarina, a maioria deles questionou se a pergunta fazia parte de alguma brincadeira.
Consideraram a pergunta engraçada e comentaram que assistir a um show com “os
ouvidos tapados não teria graça”( ZOCOLI et al, 2009).
O uso do protetor auditivo por jovens pode ser uma boa opção para evitar os
riscos à audição, devendo ser usado em todas as situações. Possivelmente a
combinação entre os sintomas auditivos e a preocupação em relação à exposição a
sons altos pode conduzir a uma maior frequência no uso do protetor auditivo e ações
educativas de boa qualidade deveriam efetivamente conscientizar os jovens
(ERLANDSSON 2008; ZOCOLI et al, 2009).
O hábito de escutar música (utilizando fones de ouvido, com equipamento de
som ou no carro) é bastante comum entre os jovens, e vem referido na literatura como
um comportamento cada vez mais prevalente entre os adolescentes (WUEST 1992;
ZOCOLI et al, 2009). Encontrou-se, ainda, grande porcentagem de jovens que tocam
instrumentos musicais com frequência, o que pode aumentar o risco de problemas
auditivos, uma vez que existem inúmeros trabalhos descrevendo os riscos auditivos
nos músicos (FAUSTI et al, 2005).
A maioria dos participantes refere que a casa onde residem é um ambiente
ruidoso concordando com o estudo de Lacerda et. al (2005).
Segundo Wuest e Getty (1992), embora os adolescentes tenham consciência de
que a exposição a elevados NPS pode vir a provocar dano auditivo, eles afirmam
estarem expostos ao ruído de ferramentas, máquinas, armas ou aviões, inclusive com o
achado de que 88% realizam atividades de caça ou tiro com arma de fogo.
Nos Estados Unidos, um estudo mostra que a porcentagem de alterações
auditivas entre jovens no ensino médio aumentou 2,8 vezes nas últimas décadas
(MONTGOMERY 1992). Pacientes com queixa de zumbido podem apresentar graus
de incômodo variados com o sintoma, tendo maior ou menor impacto na qualidade de
vida. Dois fatores relacionados ao zumbido são importantes e devem ser diferenciados:
a intensidade do sinal do zumbido e a severidade do sintoma, ou seja, o incômodo que
ele provoca na vida do paciente.
Os jovens, em sua maioria, adolescentes, habitualmente estão expostos a música
amplificada de alta intensidade, especialmente nas suas atividades de lazer (BORJA
2002). A música, em geral, é um som agradável que proporciona sensação prazerosa,
entretanto, pode se tornar uma fonte de poluição sonora dependendo da maneira e do
nível sonoro que é utilizado (VENTURA, 2009).
Observa-se que adolescentes na faixa etária de 12 a 18 anos, aumentaram muito
o uso de equipamentos estéreos pessoais (EP), muitas vezes, usados de maneira
inadequada, por muitas horas e em intensidades muito elevadas. Há dois motivos
preocupantes que fazem com que esses modernos equipamentos sejam prejudiciais
para usuário: o primeiro é a grande capacidade de memória e alta durabilidade da
bateria, o que favorece seu uso em jornadas extensas. E o segundo é o design dos
fones, cuja tendência atual é o uso dos fones de inserção que são capazes de concentrar
toda a energia sonora produzida dentro do conduto auditivo externo, sendo
considerados, por esta característica, os mais prejudiciais (RUSSO, 2009).
A preocupação dos profissionais de saúde com a perda auditiva induzida pelo
ruído (PAIR) no ambiente de trabalho começou a se estender para as atividades de
lazer, principalmente com a prática de esportes em ginásios e/ou academias, a
frequência em boates e o uso de equipamentos portáteis com fones de ouvido (WIDÉN
et al 2006; HIDECKER 2008).
Nos ambientes onde os jovens costumam se encontrar como bares, danceterias,
shows, etc., geralmente a intensidade do som é superior a 100 dBA e nos
equipamentos portáteis individuais com fones de ouvido podem até ultrapassar esta
intensidade (SAWITZKI 2009; SERRA et al 2007).
A exposição a elevados níveis de intensidade pode desencadear diversos
sintomas, tais como: intolerância a sons intensos, tontura, otalgia e principalmente, o
zumbido e perda auditiva (GONÇALVES 2009). Já o prejuízo na audição pode
acarretar consequências severas à qualidade de vida do indivíduo, afetando sua saúde e
conturbando intensamente suas relações sociais (BERGLUND, 1995).
Para conscientizar esses grupos de crianças e jovens, algumas iniciativas já vêm
sendo desenvolvidas em programas educativos para a preservação auditiva. Em alguns
países, como nos Estados Unidos, há o programa Dangerous Decibels do Oregon
Hearing Research Center e o Wise Ears! do National Institute on Deaness and other
Communication Disorders, além da inclusão nos currículos escolares deste país de
temas relacionados com os efeitos do som intenso na audição (FAUSTI et al, 2005).
No Brasil, campanhas como o Dia Internacional de Conscientização dos Efeitos do
Ruído e o Passe Adiante Esta Idéia, são exemplos de projetos cujo objetivo é a
promoção da saúde auditiva (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA
2008).
Mesmo com essas diretrizes, são poucos os Programas Preventivos de Perdas
Auditivas – PPPA consistentemente implementados em escolas ou com foco nos
familiares, entretanto, muitas atividades escolares, incluindo bandas e artes, podem
produzir níveis sonoros que excedem os limites recomendados pela ASHA. Os PPPA
em escolas deveriam ser diferenciados e com ênfase na prevenção primária e
secundária das perdas auditivas. Estudantes, pais e o quadro de funcionários da escola
devem ser encorajados a programar estas estratégias para reduzir os riscos de expo-
sição ao som (HIDECKER, 2008).
3 MATERIAL E METODO
3.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
(CEP) do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná sob o registro CEP
nº 2576.183/2011-08 (ANEXO I).
Todos os alunos receberam individualmente, antes de qualquer procedimento, o
Termo de Assentimento aprovado pelo CEP, informando sobre a natureza da pesquisa,
o caráter voluntário e sigiloso de sua participação, além da ausência de ônus e
remuneração. Todas as dúvidas foram esclarecidas previamente à assinatura do Termo.
Os indivíduos que apresentaram anormalidade em alguma etapa da avaliação
receberam uma carta endereçada aos pais e/ou responsáveis convidando para consulta,
sem ônus, na Clínica de Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná.
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Trata-se de um estudo descritivo transversal que investigou, por meio de
questionário, as atitudes e hábitos de adolescentes frente ao ruído; como parte da
pesquisa de dissertação da Dra Renata Almeida Araújo Silvestre,
otorrinolaringologista, apresentada na Universidade Tuiuti do Paraná em outubro de
2014.
Este estudo foi desenvolvido em uma escola estadual de Curitiba com 134
estudantes de ambos os gêneros.
Utilizamos como critérios de inclusão: estar matriculado entre o oitavo ano do
ensino fundamental e o segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Padre
Silvestre Kandora, encontrar-se nas dependências da escola nos dias de coleta dos
dados e concordar em assinar o Termo de Assentimento.
Foram excluídos os alunos que apresentaram alguma alteração na avaliação
otorrinolaringológica, medidas de imitância acústica e/ou audiometria tonal limiar.
3.3 COLETA DE DADOS
Foi aplicado questionário (ANEXO II), elaborado pela autora, contendo 11
questões onde foram divididos em 3 temas principais: (saúde geral) – onde
questionava-se a o aluno se ele tinha ou teve algum problema de saúde; (saúde
auditiva) – foi feito um levantamento sobre queixa, problemas otológicos e se algum
dia já apresentou um quadro de zumbido ou se existe alguém na família com algum
problema auditivo; (hábitos sonoros) – que são os hábitos diários de uso dos estéreos
pessoais, sintomas auditivos após uso desses equipamentos, foi utilizada uma escala
analógica visual graduada de zero a dez, a fim de estimar a faixa de volume
habitualmente utilizada pelos usuários e também foi questionado se após o uso do
estéreo percebia-se algum sintoma citado no questionário.
Após preenchimento do questionário, todos os alunos realizaram avaliação
otorrinolaringológica, medidas de imitância acústica e audiometria tonal limiar.
A audiometria convencional (250 a 8000 Hz) foi realizada em uma cabina
acústica com audiômetro da marca Otometrics, modelo Madsen Itera II®
e fones TDH
39®, devidamente calibrados conforme CFFa (2010) com impedância de 80 ohms.
Adotou-se a técnica descendente-ascendente, pela qual se reduz
progressivamente a intensidade do estímulo em intervalos de 10 dB. O indivíduo foi
orientado a erguer a mão quando ouvisse o som, mesmo que de fraca intensidade. Se
não respondesse ao estímulo, a intensidade era aumentada em intervalos de 5 dB.
Considerou-se limiar de audibilidade quando o indivíduo respondeu, no mínimo, a
dois de quatro estímulos de mesma intensidade, sendo considerado como padrão de
normalidade valores de até 25 dBNA, conforme classificação de Loyde e Kaplan
(1978)
Para verificar as condições do sistema tímpano-ossicular, foram realizadas as
medidas de imitância acústica. Utilizou-se o imitanciômetro da marca Interacoustics,
modelo AT22®
, por meio do qual foram obtidos os valores de compliância estática,
volume da orelha externa (MAE) e pico de máxima compliância. A curva
timpanométrica do tipo A, considerada normal, apresenta ponto de máxima
compliância igual ou próximo à pressão atmosférica dentro da faixa de 0 a -100 daPa
para adultos(17). Na análise dos timpanogramas, só foram consideradas as curvas do
tipo A, segundo classificação de Jerger (1970) por serem as únicas que indicam orelha
média livre de alterações.
3.4 ANÁLISE ESTATISTICA
As variáveis foram descritas na forma de frequências e percentuais, foram
tratadas por análise estatística por meio do Teste de Diferença de Proporções e teste
Qui-quadrado, ambos ao nível de significância de 0,05 (5%).
4 RESULTADOS
A tabela 1 mostra os dados sócio-demográficos da população. Participaram da
pesquisa 134 alunos do ensino fundamental e médio. A faixa etária variou entre 12 e
17 anos, entretanto 28,36 % tinham idade até 15 anos, 50,75 % eram do sexo feminino.
TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO A IDADE
IDADE (ANOS) FREQUÊNCIA %
12 4 2,99
13 25 18,66
14 31 23,13
15 38 28,36
16 24 17,91
17 12 8,96
TOTAL 134 100
FONTE: Renata Silvestre.
Observando-se a relação da utilização de EP em função da faixa etária
(TABELA 2), utilizando somente duas categorias de idade: 12 a 14 anos e 15 a 17
anos, através do teste Qui-quadrado, ao nível de significância de 0,05, verifica-se que
existe dependência significativa (p = 0,0393) entre o uso de estéreos pessoais e a
idade. Assim, a proporção dos que usam estéreos pessoais é significativamente maior
na faixa etária de 15 a 17 anos.
TABELA 2 – RELAÇÃO ENTRE USO DE ESTÉREOS PESSOAIS (EP) E IDADE
IDADE (ANOS) USO DE ESTÉREOS PESSOAIS TOTAL
Não Sim
12 a 14 anos 7 53 60
15 a 17 anos 2 72 74
TOTAL 9 125 134
FONTE: Renata Silvestre.
Verificou-se ainda que dos 125 alunos usuários de EP, 71 deles fazem uso do
aparelho por menos de duas horas por dia e 54 usam por duas horas ou mais por dia.
Observou-se através do teste Qui-quadrado, ao nível de significância de 0,05, que
existe dependência significativa (p = 0,0367) entre o tempo de uso de estéreos pessoais
e o gênero Portanto, a proporção de tempo de uso diário é significativamente maior
entre as mulheres (TABELA 3).
TABELA 3 - RELAÇÃO ENTRE O TEMPO DE UTILIZAÇÃO DE EP POR DIA E GÊNERO
SEXO TEMPO POR DIA TOTAL
Menos de 2 horas 2 horas ou mais
Feminino 30 33 63
Masculino 41 21 62
TOTAL 71 54 125
FONTE: Renata Silvestre.
Quanto à presença de sintomas após uso de estéreo pessoal (TABELA 4), 49
dos entrevistados já apresentaram pelo menos um sintoma após o uso do EP, sendo
que 27 referiram já haver experimentado o sintoma zumbido.
TABELA 4 - NÚMERO DE SUJEITOS QUE REFEREM QUEIXAS AUDITIVAS APÓS O USO
DO ESTÉREO PESSOAL
QUEIXAS AUDITIVAS
APÓS USO DO EP
FEMININO
(n=63)
MASCULINO (n=62) p
n % n %
Não 37 58,73 39 62,90 0,6328
Sim 26 41,27 23 37,10
TOTAL 63 50,04 62 49,60
Hipoacusia 2 3,17 3 4,84 0,6346
Tontura 8 12,70 3 4,84 0,1328
Zumbido 14 22,22 13 20,97 0,8554
Plenitude 9 14,29 6 9,68 0,4294
Dor 9 14,29 4 6,45 0,1537
Nota: O número de respostas é maior que o de respondentes, pois a questão permitiu múltiplas
escolhas.
Teste Qui-quadrado e Teste de Diferença de Proporções, ambos ao nível de significância de 0,05.
FONTE: Renata Silvestre.
A Tabela 5 evidencia os resultados quanto aos hábitos de exposição à música;
além da utilização de estéreos pessoais, outras causas foram implicadas como
desencadeadoras de zumbido: sons da televisão, cinema, balada, escola, atividades
recreativas e shows. Quanto à frequência de uso observa-se que 59,70 % dos
participantes referiram não usufruir frequentemente dos hábitos citados anteriormente.
TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO CAUSAS REFERIDAS DE ZUMBIDO
CAUSAS FREQUÊNCIA %
IVAS 1 0,75
TV 1 0,75
Piscina 1 0,75
Cinema 4 2,99
Escola 7 5,22
Idiopático 8 5,97
Balada 10 7,46
Show 10 7,46
MP3 26 19,40
FONTE: Renata Silvestre.
Ao comparar a incidência de zumbido entre os adolescentes que utilizam e os
que não utilizam EP, observou-se que, a ocorrência de zumbido é maior entre os
usuários (40%) quando comparado aos que não tem o hábito (33,3%), embora não
tenha sido observada diferença estatística através do teste Qui-quadrado, ao nível de
significância de 0,05.
TABELA 6 - PREVALÊNCIA DE ZUMBIDO E HÁBITO DE UTILIZAÇÃO DE ESTÉREOS
PESSOAIS (EP)
USO DE EP COM ZUMBIDO
(n=53)
SEM ZUMBIDO
(n=81)
p
n % n %
sim 50 94,3 75 92,59 0,6928
não 03 5,67 06 7,41
TOTAL 53 100,00 81 100,00
Nota: Teste Qui-quadrado, nível de significância de 0,05. Fonte: Renata Silvestre.
5 DISCUSSÃO
Por serem práticos, portáteis e estarem na moda, os equipamentos estéreos
pessoais se tornaram acessórios quase indispensáveis no dia-a-dia, principalmente
entre os jovens. Este hábito de consumo moderno tem gerado grandes discussões e
pesquisas no meio científico acerca dos prejuízos que podem causar à audição desses
indivíduos.
Com relação ao número de horas de utilização, diária e semanal, de aparelhos
portáteis de música com fones individualizados, os participantes deste estudo se
expõem diariamente a duas horas em média e semanalmente a seis horas.
Concordando com o estudo de Shargorodsky et al,. (2010), que fez um levantamento e
encontrou dados sobre a exposição ao barulho de cinco ou mais horas por semana. No
moesmo inquérito de 2005 – 2006, 29% dos entrevistados disseram que foram
expostos ao ruído do Mp3.
Fligor (2010) analisou em sua pesquisa dados de indivíduos entre 12 e 19 anos
de idade, comparando a perda auditiva em mais de 3.000 crianças testadas 1988 –
1994 com cerca de 1.800 crianças testadas durante 2005 – 2006. O resultado foi que
prevalência de perda auditiva aumentou de cerca de 15 por cento para 19,5 por cento.
Nos Estados Unidos, estudos mostram que a porcentagem de alterações
auditivas entre jovens no ensino médio aumentou 2,8 vezes nas últimas décadas
(MONTGOMERY JK, FUJIKAWA S. 1992). Esse fato pode ser decorrente da maior
exposição do grupo adolescente a elevados NPS, conforme observado em nossa
amostra, onde os adolescentes com mais idade, de 15 a 17 anos (TABELA 2), utilizam
frequentemente estéreos pessoais e com isso, colocam-se em risco para perda auditiva
em virtude de exposição a intensidade alta e por um longo período de tempo.
Kraft (2010) realizou em uma pesquisa com 35 jovens com idades variando de
15 a 20 anos. Os participantes eram de ambos os gêneros (feminino: 51,4% e
masculino: 48,6%). Estudos como esse corroboram com a pesquisa atual (TABELA 3)
onde foram observadas equivalência entre os gêneros, com diferenças significantes
somente nas questões de utilização de EP dos adolescentes, sendo que o gênero
feminino apresentou maior exposição ao EP no que diz respeito à variável temporal
em horas por dia.
A exposição à música com a utilização de fones de ouvido por um longo
período, juntamente com outros hábitos auditivos, pode estar relacionada ao zumbido
relatado (TABELA 4), já que, antes mesmo de uma perda auditiva, é maior a
possibilidade de o indivíduo sentir zumbido quando exposto a elevados NPS,
conforme demonstrado por Metternich Fu (1999).
Ao caracterizar os hábitos auditivos dos indivíduos desta pesquisa, pôde-se
observar que, embora os indivíduos não apresentassem comprometimento da acuidade
auditiva, aspectos relacionados à exposição ao ruído foram evidenciados, tal como o
zumbido, hipoacusia, tontura, plenitude e dor.
Os resultados deste estudo, relacionados às atitudes dos adolescentes frente ao
ruído presente em diferentes locais, sugere que a cultura atual da juventude não parece
preocupar-se com os efeitos nocivos dos sons intensos. Esse fato fica claro quando
observamos que 49,60% dos adolescentes já experimentaram pelo menos um episódio
de zumbido (TABELA 6), sendo que 19,40% justificam o uso do mp3 como causa do
sintoma, ao serem consideradas suas atitudes nas mais diversas situações de exposição
(TABELA 5).
As atitudes dos adolescentes frente ao ruído nas atividades de lazer (TABELA
5) sugerem que este grupo não considerara o ruído elevado como um fator prejudicial
à saúde, não manifesta desejo de se proteger e o volume do som nestes locais não foi
considerado um problema. Estes achados diferem do estudo realizado em 2001 onde
muitos adolescentes referem que a música alta em danceterias, shows e até mesmo na
cantina da escola é frequentemente tão alto que eles acham difícil se divertir.
Entretanto eles se sentem incapazes de mudar a situação, porque percebem que a
maioria de seus amigos gosta do ruído (ZOCOLI et al, 2009).
. Em um estudo com músicos não profissionais (SHAH S et al, 2009) com pelo
menos cinco anos de atividade musical, o zumbido e a hipersensibilidade puderam ser
observados numa minoria da amostra, sendo que, por outro lado, em nosso estudo
observamos maior ocorrência de zumbido entre os sujeitos expostos à música por meio
de estéreos pessoais, embora sem diferença estatística significante (TABELA 6).
O presente estudo não conseguiu estabelecer uma relação direta entre o número
de horas diárias de uso/tempo de uso em anos e a incidência de zumbido, não sendo,
entretanto, analisado o volume utilizado. Além disso, sabe-se que a gravidade da
PAINPSE apresenta variabilidade individual entre indivíduos expostos aos mesmos
níveis de ruído (FLIGOR 2007).
Neste contexto, Jobim C. (2008) relata que a surdez é uma doença invisível,
lentamente progressiva. Então, os jovens não se preocupam com a intensidade do som
e usam os tocadores de MP3 indiscriminadamente. Você só vai conseguir identificar
que tem um problema quando algum sintoma aparecer: dificuldade para conversar no
telefone ou para entender o que as pessoas falam. Quando chegarem na faixa dos 40
anos, eles vão ter suas atividades sociais prejudicadas e ressalta que as possíveis lesões
no ouvido são permanentes e irreversíveis.
A abordagem de campanhas de prevenção a danos auditivos, a partir de
consequências psicológicas e sociais a exposição a elevados NPS, pode ser uma
medida importante para a conscientização da população, principalmente dos mais
jovens, cada vez mais atualizados e equipados com as novas tecnologias, além de mais
precoces com relação a hábitos auditivos como frequentar concertos, shows e baladas.
Recomenda-se campanhas sobre preservação auditiva voltada a essa população,
e mesmo em idades mais tenras, para uma maior conscientização e mudanças de
hábitos. Estudos que possam realizar o acompanhamento auditivo de jovens, visando
observar possíveis mudanças nos limiares auditivos, devem ser intensificadas.
Sugere-se que normas e uma fiscalização mais rigorosa em relação à música em
ambientes de lazer e nos equipamentos individuais de som deveriam ocorrer, evitando-
se exposições excessivas e modificando-se os hábitos em relação à exposição à música
desde a infância.
6 CONCLUSÃO
Tomando por base os objetivos de nossa pesquisa, que foram: 1) Descrever a
incidência do zumbido em um grupo de adolescentes; e 2) Correlacionar a incidência
do zumbido com hábitos e atitudes auditivas.
Concluiu-se que:
(1) O zumbido foi o principal sintoma auditivo referido por nossa população
adolescente normouvinte, ocorrendo em 39,55% dos sujeitos; e
(2) Embora o sintoma tenha sido mais frequênte entre os usuários de estéreos pessoais,
não foi encontrada diferença estatística significante.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E A SAÚDE NO TRABALHO. O
impacto do Ruído no trabalho 2005. encontrado em h t t p : //a g e n c y.o s h a .e u . i
n t em 05/11/14
ANDERSON, G. e LYTTKENS L. A meta-analytic review od psychological
treatments for tinnitus. Br J Audiol. 33:201-10, 1999.
AZEVEDO, R.F. et al. Efeitos da acumpuntura sobre as emissões otoacústica de
pacientes com zumbido. Rev. Brasileira de otorrinolaringologista, set-out 2007, p.599–
607.
BERGLUND B, LINDVALL T. (Eds.) (1995)..Community Noise. Document prepared
for the World Health Organization. Archives of the Center for Sensory with
corrections of language and references has been published in 1998. The 1995
document can be addressed on the Internet address www.who.int/peh/.
BERGLUND B, LINDVALL T. (Eds.) (1995). Community Noise. Document prepared
for the World Health Organization. Archives of the Center for Sensory Research, 2: 1-
195. A reprint of this document with corrections of language and references has been
published in 1998. The 1995 document can be addressed on the Internet address
www.who.int/peh/.
BORJA ALV. et al. O que os jovens adolescentes sabem sobre as perdas auditivas
induzidas excesso de ruído? Rev Ciênc Méd e Biol. 2002, 1(1):86-98.
CARMO, L.I.C. Efeitos do ruído ambiental no organismo. Centro de especialização
Em Fonoaudiologia clínica audiologia. – CEFAC- Goiânia, GO, 1999.
CFFA – CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Passe adiante esta
idéia. Jornal do conselho Federal de Fonoaudiologia; ano IX. 2008 Jan/Fev/Mar; 36:
18-9.
COSTA, S.S et al. Otorrinolaringologia: Princípios básicos. Segunda edição. Ed
Artmed, 2006, p. 510-514 cap 15.
ERLANDSSON SI, et al. Cultural and social perspectives on attitudes, noise, and
risks behavior in children and young adults. Semin Hear 2008; 29(1): 29 41.
FAUSTI SA, et al. Hearing health and care: the need for improved hearing loss prev
ention and hearing conservation practices. JRRD 2005; 42(4):45-62
Felchlin I, et al. Personal cassette players: a hazard to hearing? In: Prasher D, Luxon
L, Pyykkö. Advances in noise research. London: Whurr publisheds ltd; 1998. 2: 95-
100
Ferrari. et al. O controle do zumbido através do uso de próteses auditivas retro-
auriculares. Rev Cefac. 2003 p.169
FLIGOR B. Hearing loss and iPods: what happens when you turn them to 11? Hear J
2007;60:10-6.
FLIGOr, B., & IVES, T. Does earphone type affect risk for recreational
noiseinducedhearing loss?" presentation at Noise-induced Hearing Loss in Children
Meeting, Cincinnati, Ohio, 2006.
GONÇALVES CGO. Saúde do trabalhador – da estruturação à avaliação de
programas de preservação auditiva. São Paulo: Rocca; 2009.
HALLAM, R.S. Correlates of sleep distubance in chroni distressing tinnitus. Scand.
Audiol. 25, pp.263, 1996
HELLER A. Classification and epidemiology of tinnitus. Otolaryngol Clin North Am.
2003;36(2):239-48.
HERRAIZ, C. et al. LongTerm Clinical Trial of Tinnitus Retraining Therapy.
Otolaryngol Head Neck Surg, 133:774-9, 2005.
HIDECKEr MJC. Noise-induced hearing loss in school-age children: wuat do we
know? Semin Hear 2008; 29(1): 19-28.
HUNGRIA, H. Otorrinolaringologia. Ed Guanabara, 2000, p. 429-466.
JASTREBOFF PJ, HAZELL JWP. A neurophysiological approach to tinnitus: clinical
implications. Br J Audiol. 1993;27(1):7-17
JERGER,J.Clinical experience with impedance audiometry.Arch
Otolaryngol,Oct;92(4):311-24, 1970.
JOBIM, C. Som alto no MP3 pode provocar surdez. Folha de S. Paulo 2008.
KIRSCH, C. B. Psychological Characteristics of Individuals High and Low in Their
Ability to Cope with Tinnitus. Psychosomatic Medicine (51): 209-17, 1989.
KRAFT, S. Achados audiologicos e o conhecimento dos adolescentes sobre os efeitos
da utilização de aparelhos portáteis de música com fones individualizados. 13 f. artigo
(Pós-graduação do Curso Audiologia clinica ) – Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2010.
LACERDA ABM, et al. Ambiente urbano e percepção da poluição Sonora. Ambient.
soc. 2005 Jul/Dez; 8(2): 85-98.
LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual o basic
audiometry. University Park Press: Baltimore; 1978. p. 16-7, 94.
LOCKWOOD, A. H. et al. Tinnitus. N Engl J Med 2002; 347:904-910, 2002.
MARCONI, A. M et al. Fundamentos de metodologia científica. ED Atlas S.A.2010
p.170-171, cap.9.
METTERNICH FU, BRUSIS T. Acute hearing loss and tinnitus caused by amplified
recreational music. Laryngorhinootologie. 1999 Nov;78(11):614-9.
MONTGOMERY JK, FUJIKAWA S. Hearing thresholds of students in the second,
eighth and twelfth grades. Lang Epeech Hear Serv Sch 1992; 23(1): 61-3
MORATA TC. Young people: their noise and music exposures and the risk of hearing
loss. Int J Audiol 2007; 46:111-2
MOURA. et al. A eficácia da adaptação de prótese auditiva na redução ou
eliminação do zumbido. Rev. Brasileira de Otorrino. V.70, São
Paulo.2004.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034729920040
00500008&lng=en&nrm=iso&tlng=PT- 11 de novembro de 2014. As 12:15 Hr.
OLSEN SE. Psychological aspects of adolescents’ perceptions and habits in noisy
environments [Tese]. Sweden: Departament of Psycology – Göteborg University;
2004.
OMS- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. International Classification of
Impairments, Disabilities and Handicaps. World Health Organization, Geneva, 1980.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE,
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Perda auditiva induzida por
ruído (Pair) / . – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. 40 p. : il. – (Série A.
Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador ; 5. Protocolos de Complexidade
Diferenciada)
PINA, ANTONIO B. PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA. SÃO PAULO: 2006.
Disponível em: <http://www.saudepublica.web.pt/05>. Acesso em: 01 novembro
2014.em 05/011/14.
RAPOPORT, P.B.; ALMEIDA, C.I.R. Taruma acústico. In: CAMPOS, C.A.H.;
COSTA, H.O.O. (EE.). Tratado de Otorrinolaringologia, vol. 2. São Paulo: Roca,
2003. p.131-9.
RUSSO ICP. et al . El uso del estéreo personal: conocimiento y la concienciade los
adolescentes. Asha. 2009, 1:22-37
SAMELLI, A.G. Zumbido: Avaliação, Diagnostico e Reabilitação. Ed Lavosie LTDA,
2004, pág. 17- 22 cap.1 e 103-107 cap 11.
SANCHEZ, T. G. REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM ZUMBIDO. In: Campos,
C.A e Costa, H>O (Ed.) Tratado de Otorrinolaringologia. São Paulo: Roca, v. 2, 2002.
SAWITZKI R. Perda de audição também acomete jovens. Acesso: 2009 [20 de jan].
Disponível em: www.jsemanal.com.br/.../ed1030_noticia03.htm
Serra MR, et al. Program for the conservation and promotion of hearing among
adolescents. Am J Audiol. 2007 Dec;16(2): S158-64.
Shah S, et al. Hear today, gone tomorrow: an assessment of portable entertainment
player use and hearing acuity in a community sample. J Am Board Fam Med.
2009;22:17-23.
SHARGORODSKY, J. Perda Auditiva na adolescência está em ascensão. Jornal da
Associação Médica Americana, agosto 18, 2010, vol 301: pp 772-778.
SILVA, R.C.F. Aparelho de amplificação sonora individual: melhora a sensação de
zumbido? Revista CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 263-268, abr-jun, 2007.
VENTURA CT, FIORINI AC. Música amplificada: uma revisão sobre seus efeitos na
saúde. In: XVIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. Anais; 2009. Salvador
(BA); 21 a 24 de outubro. p.2698.
Vogel I. et al . Mp3 Players and hearing loss: adolescents’ perceptions of loud music
and hearing conservation. J Pediatr. 2008 Mar;152(3): 400-4.
Widén SE. et al . Reported hearing protection use in young adults from Sweden and
the USA: effects of attitude and Gender. Int. J audiolo. 2006; 45 (5): 273-80
WUEST J, GETTY G. Adolescent hearing behavior: a school health promotion
program. Journal of School Health 1992 Nov; 62(9): 436-8.20. OMS- Organização
Mundial
Zocoli AMF. et al. Brazilian young adults and noise: attitudes, habits, and audiological
characteristics. Int J. Audiol. 2009; 48(10):692-9
ANEXO I
TERMO DE ASSENTIMENTO INFORMADO LIVRE E ESCLARECIDO
(Adolescentes maiores de 12 anos menores de 18 anos).
Título do Projeto: SAÚDE AUDITIVA NO CONTEXTO ESCOLAR: AÇÕES
VOLTADAS À PROMOÇÃO E À PREVENÇÃO
Investigadores: Prof. Dra. Adriana Bender Moreira de Lacerda e Dra Renata Almeida
Araújo Silvestre (otorrinolaringologista)
Local da Pesquisa: Colégio Estadual Silvestre Kandora
O que significa assentimento?
O assentimento significa que você concorda em fazer parte de um grupo de
adolescentes, da sua faixa de idade, para participar de uma pesquisa. Serão respeitados
seus direitos e você receberá todas as informações por mais simples que possam
parecer.
Pode ser que este documento denominado TERMO DE ASSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO contenha palavras que você não entenda. Por favor, peça
ao responsável pela pesquisa ou à equipe do estudo para explicar qualquer palavra ou
informação que você não entenda claramente.
Informação ao Paciente:
Você está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa, com o objetivo de
Desenvolver um programa voltado à promoção da saúde e prevenção da perda auditiva
(PPPA) em escolares.
Que devo fazer se eu concordar voluntariamente em participar da pesquisa?
Caso você aceite participar, inicialmente será aplicado um Questionário para
identificação situacional dos determinantes da saúde (estilo de vida: hábitos e
comportamento, aspectos auditivos e fatores de risco para perda auditiva.).
Desse modo, você será submetido primeiramente a meatoscopia que trata-se de uma
observação visual no canal de entrada do ouvido, utilizando um equipamento chamado
de otoscópio, o qual emitirá uma luz intensa a fim de se verificar as condições do
mesmo.
Logo após, você será submetido à avaliação auditiva, realizada em cabina acústica
montada em uma sala silenciosa da própria escola. A avaliação auditiva, será realizada
com fones de ouvido e visa pesquisar a audição por via aérea, a fim de identificar
precocemente a perda auditiva. Você deverá levantar a mão quando escutar o sinal
sonoro.
A seguir, você será submetido à avaliação da orelha média, realizada com um aparelho
chamado de imitanciômetro, utilizando as medidas de pressão e volume dentro do
ouvido médio. Este exame é objetivo, sem necessidade da sua manifestação, uma
ponteira de silicone será adaptada na entrada do ouvido para realização do teste. No
momento da realização da avaliação da orelha média você deverá permanecer em
silêncio.
Nenhum desses exames poderão causar dano à sua saúde.
Além da análise da audição, serão realizadas ações educativas/ informativas utilizando
atividades lúdicas e de recreação voltada a promoção da saúde auditiva.
A sua participação é voluntária. Você não receberá nenhum pagamento nem terá
nenhum gasto em participar da avaliação. E caso você opte por não participar não terá
nenhum prejuízo.
Contato para dúvidas
Se você ou os responsáveis por você tiver(em) dúvidas com relação ao estudo, direitos
do participante, ou no caso de riscos relacionados ao estudo, você deve contatar o(a)
Investigador(a) do estudo ou membro de sua equipe Adriana Bender M. de Lacerda,
telefone fixo (41) 33317848 e celular (41) 96119534 ou Dra Renata Silvestre (41)
99153854. Se você tiver dúvidas sobre seus direitos como um paciente de pesquisa,
você pode contatar o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pelo telefone 3360-1041. O
CEP é constituído por um grupo de profissionais de diversas áreas, com
conhecimentos científicos e não científicos que realizam a revisão ética inicial e
continuada da pesquisa para mantê-lo seguro e proteger seus direitos.
DECLARAÇÃO DE ASSENTIMENTO DO PACIENTE:
Eu li e discuti com o investigador responsável pelo presente estudo os detalhes
descritos neste documento. Entendo que eu sou livre para aceitar ou recusar, e que
posso interromper a minha participação a qualquer momento sem dar uma razão. Eu
concordo que os dados coletados para o estudo sejam usados para o propósito acima
descrito.
Eu entendi a informação apresentada neste TERMO DE ASSENTIMENTO. Eu tive a
oportunidade para fazer perguntas e todas as minhas perguntas foram respondidas.
Eu receberei uma cópia assinada e datada deste Documento DE ASSENTIMENTO
INFORMADO.
_____________________________________________________________________
NOME DO ADOLESCENTE ASSINATURA DATA
___________________________________________________________________
NOME DO INVESTIGADOR ASSINATURA DATA
ANEXO II
QUESTIONÁRIO – SAÚDE AUDITVA (HÁBITOS E ANTECEDENTES)
Nome do aluno: _______________________________________________ turma:
Favor responder às perguntas abaixo.
Seus dados são confidenciais e não serão divulgados individualmente, seja sincero
para podermos identificar o perfil dos adolescentes desta escola e propormos ações de
saúde efetivas. Obrigada!
SAÚDE GERAL
1. Você tem algum problema de saúde? ( )Sim ( )Não.
2. Se respondeu sim, quais?
_________________________________________________________
3. Teve ou tem alguma das doenças abaixo? ( )Não
( )Diabetes ( )Problemas da tireóide ( )Meniginte ( )Sarampo ( )Caxumba (
)Rubéola
SAÚDE AUDITIVA
1. Você já apresentou alguma queixa relacionada aos ouvidos? ( ) Sim ( ) Não
Caso tenha respondido sim, qual? (pode marcar mais de uma opção)
( )Diminuição de audição ( )Dor de ouvido ( )Ouvido tampado ( )Pressão no
ouvido
( )Coceira nos ouvidos ( )tontura ( )Barulho no ouvido (tipo zumbido,
chiado, apito)
( )Infecção de ouvido (otite) ( )Outras:
2. Se você respondeu que já teve zumbido, ele é ( )permanente ou ( )temporário?
Se for temporário, chega a durar mais de 24 horas? ( )Sim ( )Não. E ocorre em que
ocasiões?
( )Ao sair da “balada” ( )Após o cinema ( )Após escutar música com fones de
ouvido
( )Em shows ( )Na escola (
)outros:____________________________
3. Você já foi ao médico por causa de problemas no ouvido? ( )Sim ( )Não
Se sua resposta foi sim, explique:
4. Você já fez alguma cirurgia nos ouvidos? ( )Sim ( )Não
Caso tenha respondido sim, qual? (pode marcar mais de uma opção)
( ) Abertura do tímpano para retirada de líquido / secreção
( ) Colocação de tudo de ventilação ( ) Correção de perfuração do tímpano
( ) Não sei informar ( ) outras:
5. Alguém na sua família tem problemas de audição (usa aparelho ou não escuta bem)?
( )Sim ( )Não. Se respondeu sim, explique:
HÁBITOS SONOROS
1. Você costuma ouvir música? ( )Sim ( )Não. Se respondeu sim, quantos dias por
semana?____
2. Você utiliza fones de ouvido para ouvir música? (Mp3, Mp4, Ipod ou outros)? (
)Sim ( )Não
Caso sua resposta tenha sido não, você concluiu sua participação no questionário.
Obrigada.
3. Com que frequência você costuma usar? ( )Até 3 vezes por semana ( )Todos os
dias
4. Há quanto tempo? ( )Há menos de 3 anos ( )Há mais de 3 anos
5. Quantas horas por dia você ouve música com fones de ouvido? ( )Até 2 horas (
)Mais de 2 horas
6. Na escala abaixo, marque em qual posição do volume você acha que utiliza
geralmente, sendo 0 o minimo e 10 o máximo.
0_______________________10
7. Qual o tipo de fone de ouvido que você usa?
( ) Inserção (fone interno, coloca dentro do canal auditivo)
( ) Abafador (fone externo, fica sobre a orelha)
8. Você costuma dormir ouvido música no seu estéro pessoal (Mp3, Mp4, Ipod,
outro)?
( )Sim ( )Não
9. Você consegue conversar enquanto está ouvindo música no seu estéreo? ( )Sim (
)Não
10. As pessoas ao seu redor pedem para você baixar o volume ou reclamam que você
está ouvindo muito alto? ( )Sim ( )Não
11. Após o uso do estéreo (Mp3, Mp4, Ipod ou outros), você já percebeu algum desses
sintomas?
( ) Zumbido ( ) Dor ( ) Tontura ( ) Diminuição da audição ( ) Sensação de
ouvido tampado
( ) Outros_______________________________________ ( ) Nunca senti nada
Se você desejar acrescentar alguma informação, utilize o espaço abaixo:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Para qualquer esclarecimento acerca da pesquisa, entrar em contato com a Dra Renata
através do e-mail: [email protected]
Obrigada!
ESTA PARTE SERÁ PREENCHIDA PELA EQUIPE DE SAÚDE
MEATOSCOPIA
Orelha Normal Alterada
OD
OE
IMITANCIOMETRIA
Orelha Tipo de curva
OD
OE
LIMIARES AUDITIVOS
Orelh
a
500H
z
1KH
z
2KH
z
3KHz 4KHz 6KHz 8KHz 9KHz 11,2
KHz
12,5
KHz
14K
Hz
16KH
z
OD
OE