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FACULDADE CENTRO MATO-GROSSENSE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – LICENCIATURA
LUTAS: JUDÔ COMO OPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE SORRISO MT
REMI ANDREOLLA
SORRISO – MT DEZEMBRO DE 2010
FACULDADE CENTRO MATO-GROSSENSE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – LICENCIATURA
LUTAS: JUDÔ COMO OPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE SORRISO MT
REMI ANDREOLLA
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado ao curso de Educação Física – Licenciatura da FACEM como requisito parcial para obtenção de título de Licenciado em Educação Física sob orientação do professor mestre Mario Mecenas Pagani.
SORRISO – MT DEZEMBRO DE 2010
FACULDADE CENTRO MATO-GROSSENSE
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – LICENCIATURA
FOLHA DE APROVAÇÃO
LUTAS: JUDÔ COMO OPÇÃO DE EDUCAÇÃO FISICA PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL NO MUNICIPIO DE SORRISO MT
REMI ANDREOLLA
Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em 04 de dezembro de
2010, pela banca avaliadora:
_________________________________________
Professor Mestre Mario Mecenas Pagani
Faculdade Centro Mato-Grossense
_________________________________________
Professor Mestre Claudio Munaretto
Faculdade Centro Mato-Grossense
_________________________________________
Professor Especialista João Ricardo Gabriel de Oliveira
Faculdade Centro Mato-Grossense
iv
DEDICATÓRIA
A minha mãe Ilba Barbieri Andreolla (in memorian) que sempre me incentivou para os estudos e a prática do Judô.
v
AGRADECIMENTOS
À minha esposa Clemair e meus filhos Renan e Vinícius pelo apoio e
paciência durante este período de ausências de suas vidas, para buscar
novos conhecimentos e conquistas.
Aos meus amigos Neander e Heber Heming pelo apoio para a realização
deste trabalho.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. vii
RESUMO ................................................................................................................................ viii
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 3
3. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 4 3.1 OJETIVO GERAL ........................................................................................................... 4
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 4
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 5 4.1 PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................. 5
4.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CORPOREIDADE ..................................................... 5
4.3 MOVIMENTO CORPORAL: UM INSTRUMENTO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO APRENDIZADO .................................................................... 7
4.4 EDUCAÇÃO FÍSICA NO COTIDIANO ESCOLAR, TENDO OS PARAMETROS
CURRUCULARES NACIONAIS COMO NORTEADOR .................................................. 9
4.5 CONHECIMENTOS SOBRE O CORPO ...................................................................... 10
4.6 ESPORTES, JOGOS, LUTAS E GINÁSTICA ............................................................. 10
4.7 O ESPORTE NO CONTEXTO ESCOLAR .................................................................. 12
4.8 LUTAS: UMA ALTERNATIVA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ........... 13
4.9 A ORIGEM DO JUDÔ .................................................................................................. 14
4.10 O JUDÔ NO BRASIL .................................................................................................. 15
4.11 JUDÔ NO MATO GROSSO ........................................................................................ 15
4.12 JUDÔ EM SORRISO – MT ......................................................................................... 16
4.13 JUDÔ COMO EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA ................................................... 16
4.14 A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES PARA APLICAÇÃO DO JUDÔ NAS
ESCOLAS ............................................................................................................................ 17
4.15 OS PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DO JUDÔ ............................................................. 18
4.16 QUALIDADES FÍSICAS APLICADAS EM CRIANÇAS PELAS
METODOLOGIAS DO JUDÔ ............................................................................................ 20
4.17 ASPECTOS LÚDICOS NA MOTRICIDADE APLICADA AO JUDÔ ..................... 22
5. METODOLOGIA ............................................................................................................... 23
6. RESULTADOS ................................................................................................................... 24 6.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................. 27
7. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 31
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 32
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Educativo para rolamento com bola. ...................... Erro! Indicador não definido.
Figura 02 – Trabalho recreativo de força utilizando bola. ........ Erro! Indicador não definido.
Figura 03 – Fundamento de saque. ............................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 04 – Jogo fim voleibol. .................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 05 – Futsal improvisado no saguão. ............................... Erro! Indicador não definido.
Figura 06 – Escalada na corda. .................................................. Erro! Indicador não definido.
viii
RESUMO
ANDREOLLA, R. Lutas: Judô como opção de educação física para o ensino fundamental no município de Sorriso MT. Sorriso - MT, 2010.35.p. trabalho de conclusão de curso (graduação) - em Educação Física - FACEM - Faculdade Centro Mato-Grossense.
Este trabalho tem como objetivo observar o Judô como importante ferramenta para a Educação Física na escola, como indicam os parâmetros curriculares nacionais, evidenciando seus benefícios para a formação da criança, valorizando e buscando alternativas para melhorar esta área. A pesquisa foi descritiva feita por observação, com fotografias e estudo bibliográfico, assim como registro das atividades de Judô e aulas de Educação Física no município de Sorriso MT. O judô escolar em Sorriso é recreativo na maior parte da aula, utiliza materiais auxiliares como, bola, corda e bambolês. As atividades acontecem em três escolas particulares e um projeto da prefeitura municipal em um ginásio de esportes. As aulas de Educação Física que foram assistidas seguem um padrão esportivo com quatro modalidades dominantes e não foi observado lutas. O Judô bem orientado e aplicado de maneira lúdica auxilia no desenvolvimento físico e intelectual dos alunos, atendendo as propostas conceitual, procedimental e de atitude. Verifica-se que pode ser trabalhado como conteúdo curricular, em alguns momentos intercalados com as modalidades tradicionais, mas é como atividade extracurricular que tem maior aceitação pela comunidade escolar em Sorriso MT.
Palavras chave: Judô, Escola, Educação Física
1
1. INTRODUÇÃO
As lutas estão intrinsecamente inseridas na humanidade, pois a história
nos mostra que a necessidade de sobrevivência, na busca de alimentos, de defesa
da própria vida e de seus semelhantes, o homem se viu obrigado a desenvolver
técnicas de combates que hoje podem ser importante instrumento para formação
corporal e intelectual, tornando-se parte da Educação Física tanto na escola como
fora dela.
O conhecimento de como ocorrem às aulas de Educação Física poderá
oferecer abertura para que se trabalhem conteúdos diferenciados como as lutas, que
são parte integrante dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e pouco
utilizados. Conforme DARIDO (2001), citado por ROSARIO; DARIDO (2005), a
influência da concepção esportiva restringe os conteúdos das aulas de Educação
Física a esportes mais tradicionais como vôlei, basquete, futebol, entre outros, em
detrimento a jogos, brincadeiras, lutas, danças, que são atividades corporais criadas
ao longo da história e que fazem parte da cultura corporal de movimento. Alguns
conteúdos são populares apenas em determinadas regiões do país e como qualquer
manifestação cultural podem ser esquecidos. Os mesmos autores entendem que as
sugestões oferecidas pelos PCNs são o que mais suprem as necessidades. As
atividades nas aulas de Educação Física e professores pesquisados apontam
conteúdos como Judô, Capoeira, Sumô e dança como opção.
A luta se manifesta como uma prática de atividade física interessante para
a escola e é um conteúdo oficial da disciplina de Educação Física, apresentado
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, que as colocam como conteúdo a ser
trabalhado auxiliando o professor na aplicação desta proposta. Porém a falta de
experiência prévia da maioria dos professores com esta modalidade de atividade
física e a idéia de violência que se pode gerar faz com que as lutas sejam deixadas
de lado. Práticas como: Judô, Sumô, Caratê, Luta Greco-romana, Jiu-jitsu e
Capoeira entre outras não tem violência na sua finalidade, pois umas tentam
derrubar o oponente, outras imobilizar ou deslocar para fora de área determinada.
A orientação do professor é fundamental no conceito de não violência,
pois ato violento pode se apresentar no futebol, no basquete ou qualquer outro
esporte e as lutas podem ser usadas para combater este mal desde que, entre
2
alunos e professores seja debatido e seguidas à filosofia e suas regras. Para o
professor trabalhar os diferentes tipos de lutas com os alunos sem saber a técnica,
há recursos pedagógicos que permitem que isso seja feito. Por meio de vídeos
pesquisa teórica sobre os diferentes tipos de lutas pode fazer alunos e professor
aprenderem as técnicas e objetivos das lutas, sem necessidade de especialização,
adaptando as regras para a realidade da escola. O profissional de Educação Física
não é obrigado a saber fazer os movimentos fundamentais de todos os esportes e
sim orientar a busca do conhecimento e fazer com que seus alunos aprendam
RONDINELLI (2010).
3
2. JUSTIFICATIVA
As lutas, mais especificamente o Judô, podem ser aplicadas em aulas de
Educação Física bem como em atividades extracurriculares, sem que se deixem de
lado os procedimentos já aplicados e bem aceitos pela comunidade escolar,
principalmente por força da tradição esportiva, que é intrínseca nas escolas do
nosso país.
O Judô pode contribuir para a formação do aluno, não somente nas
qualidades físicas, mas também no aspecto mental e espiritual. Quando os PCNs
(Parâmetros Curriculares Nacionais) colocam as questões de conceitos e atitudes,
para ser trabalhada na Educação Física, esta modalidade esportiva é rica nestas
características, devido à ampla cultura de geral e valores morais de seu criador.
Quanto à parte física do judô, pode-se dizer que a influência dos princípios da Física
e Biomecânica como sistemas de alavancas, equilíbrio, gravidade, deslocamentos e
ginástica geral, aliados a maneiras pedagógicas adequadas, pode ser uma atividade
perfeita para todos, principalmente na escola. SILVA (2007)
Nestes tempos modernos em que a tecnologia é uma aliada para
desenvolver as tarefas do cotidiano, ela pode ser uma inimiga para a saúde, pois as
crianças passam mais tempo sentadas em frente à televisão, computadores e
similares, movimentando o corpo cada vez menos com brincadeiras mecânicas. A
escola por meio da Educação Física e atividades como o Judô passam a assumir o
papel de educar, recrear e socializar, principalmente por ser um ambiente onde já
tem uma relação de confiança por parte dos pais CALLAEJA (2008).
O treinador da seleção brasileira de voleibol Bernardinho ilustra bem a
importância de praticar judô quando diz que foi por meio do mesmo que teve as
primeiras lições de perseverança, motivação e disciplina. Foi seu treinador de judô
que o orientou a não desmoronar diante da derrota e ensinou a lição mais
importante: levantar depois de cair REZENDE (2006).
4
3. OBJETIVOS
3.1 OJETIVO GERAL
Este estudo tem por objetivo observar a modalidade de judô como parte
integrante da Educação Física no município de Sorriso MT.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Observar se as aulas de Educação Física contemplam as lutas no seu
conteúdo conforme indicam os Parâmetros Curriculares Nacionais.
• Fundamentar o Judô conforme os conteúdos conceituais
procedimentais e atitudinais.
• Verificar como e onde são ministradas as aulas de Judô no município
de Sorriso MT.
5
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Em um período mais recente fatos históricos ocorridos na Europa, como a
revolução Francesa em 1789, o sistema educacional Europeu e por consequência o
lado ocidental do mundo sofreu mudanças. Houve conquistas como o acesso à
escola para classes sociais antes excluídas desse, pois somente a nobreza se
beneficiava. Juntamente com essas evoluções surgiu o movimento ginástico
Europeu, principalmente em países como Alemanha, Suécia, França, Dinamarca e
Inglaterra que desenvolveram e influenciaram a Educação Física no mundo. A base
desse conhecimento se deve a cultura Grega juntamente com idéias de força,
energia, resistência, velocidade, destreza e formação de caráter, como moral e
virtude. Por motivos como guerras e revoluções a Educação Física tomou rumos
nacionalistas e militaristas, pois precisava formar cidadãos saudáveis, fortes e com
múltiplas habilidades e destrezas para defender a pátria.
Com um espírito científico a Educação Física no século XlX se alia a áreas
médicas como anatomia e fisiologia e se justifica como área da saúde: cria-se então
aparelhos para aumentar a força e corrigir postura. BREGOLATO (2002).
No Brasil foi a partir dos anos oitenta com a crise de identidade que a
Educação Física passou a se preocupar mais com as séries iniciais voltada ao
desenvolvimento psicomotor e não somente com o rendimento. Houve mudança no
foco e ampliou a visão somente biológica aproximando as ciências humanas e suas
dimensões sociais, psicológicas, culturais, afetivas, entendendo o aluno como um
ser integral. BARATA (2010)
4.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CORPOREIDADE
Para os autores JOÃO & BRITO (2004) Morin coloca o paradigma e o
pensamento complexo inscrito culturalmente nos indivíduos e determina em suas
formas de conhecer, pensar e agir. Observa três características (semântica), o
6
paradigma determina a inteligibilidade e dá sentido (lógica), determina as operações
lógicas e centrais ou a coerência de raciocínio (ideológicas) e associa, elimina,
seleciona, determina condições para organizar idéias. Pela organização e geração
destas características que o paradigma controla e organiza o raciocínio. As idéias
são controladas por padrões estabelecidos. No ocidente temos como paradigma
dentro e fora da ciência a separação entre o corpo e o espírito, ou mente, tendo
Descartes como principal formulador dessa idéia. A intenção é contribuir para uma
visão mais simples e redutora e compreender a unidade entre corpo, afetividade,
mente e o social para melhorar a prática pedagógica na Educação Física. Não
rejeita simplificação/disjunção, porém o paradigma da complexidade cria um novo
tipo de junção que MORIN (1979) denomina anel tetralógico: a desordem interação,
organização ordem, desordem na noção de ordem e ordem na noção de desordem.
Há uma comparação da complexidade do caos do início da formação da
vida para uma evolução e sistema de organização, até acontecer um novo estágio
da vida. A corporeidade é feita ao mesmo tempo pelo bios (universo da vida) e
Physis (universo físico) e a emergência do espírito (mente) que é parte inseparável
do corpo e o que diferencia a espécie humana das demais. O que compreende o ser
humano como um ser complexo. O universo físico da matéria emergiu da physis e a
dimensão emocional afetiva emergiu da bios. Como elemento para construção de
uma pratica pedagógica para Educação Física o texto cita o exemplo de uma aula
de ginástica olímpica onde os alunos podem explorar livremente o que farão. No
início há uma desordem com relação ao espaço físico; surgem conflitos, o que
evidência a emoção e o afeto. O professor intervém e questiona sobre as possíveis
formas de resolver o problema, que resulta em várias propostas onde é eleito um
para começar a atividade, chegando à organização. A desordem faz parte da
pedagogia e é importante para que aconteça nova aprendizagem. Vivemos em
constante desorganização e organização por estágios de estabilidade.
Aprendemos com processos sensório-perceptivos, captamos por meio dos
sentidos e se não organizarmos bem as sensações teremos dificuldade para
entendê-las e expressá-las pela relação entre o mundo interior e exterior. Como
exemplo podemos citar a evolução da criança, que aprende por meio dos sentidos
explorando o meio ambiente em que vive; se ela ficasse imóvel teria mais dificuldade
para desenvolver o seu lado cognitivo, afetivo, emocional, (bios). Esta seria na
essência a função do professor: Intervir com sabedoria. A tradição visual auditiva
7
das nossas escolas faz com que os alunos não usem o resto do corpo, com exceção
das aulas de Educação Física, porém poderia ser mais explorada a compreensão
das experiências emocionais, afetivas e cognitivas, a partir de sensações
mobilizadas pelos sentidos.
Os mesmos autores citam um exemplo de atividade onde alunos de 15 a
19 anos com olhos vendados orientados por um condutor caminham por um espaço
experimentam diferentes sensações como tato, olfato degustação, ampliando a
exploração dos sentidos. Trazem também situações problemas que acontecem na
aula e se estendem para além dela vislumbrando um processo de transformação. A
situação problema causa a desequilíbrio que se desdobrará em respostas que
estimulam assimilação e acomodação. Iniciar os estudantes a praticar atividades
que envolvam a corporeidade é salutar para a construção de sua própria
consciência.
Os autores apresentam uma maneira de passar conhecimento de forma
alternativa a que estamos acostumados nas escolas e tentam conscientizar que
corpo e mente fazem parte do mesmo ser e nas aulas de Educação Física devemos
estimular o desenvolvimento de ambos JOÃO & BRITO (2004).
4.3 MOVIMENTO CORPORAL: UM INSTRUMENTO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO APRENDIZADO
O ser humano começa seu aprendizado por meio dos movimentos na
infância, utilizando-se do brincar como instrumento ensina e aprende. Os
professores são garotos maiores e os menores discípulos que aprendem com as
artimanhas e malicias dos mais velhos. Estes são os métodos da pedagogia da rua
que esquecem padrões externos, seriedade e formalização, e que se perdeu com o
passar do tempo causando dificuldade na escola, até mesmo para formação de uma
roda, restringindo a pedagogia aos trabalhos teóricos dos componentes do currículo
MATOS; NEIRA (2008)
O conhecimento é construído aos poucos, não ocorrendo de imediato
necessitando de maturação, experiência, interação e equilibração MACEDO (1994).
A maturação biológica da criança evolui a partir dos movimentos reflexos
para um maior controle dos movimentos que lhe dá condição de andar, correr e
8
saltar, passando a combinação de movimentos fundamentais para participar de
tarefas mais complexas.
A experiência é adquirida no tentar fazer, com isso promovendo o
aprendizado. As imagens apesar de serem uma maneira de adquirir conhecimento,
não são suficientes para que ocorra a fixação do aprendizado PIAGET (1975).
Para FERREIRO E TEBEROSKY (1986) o ambiente é agente
influenciador, principalmente para crianças que vivem a infância mais livre e solta,
longe dos apartamentos, possuindo mais opções de movimentos, tornando a
experiência fundamental para o aprendizado da motricidade.
Na interação com o meio o sujeito deve agir sobre o objeto para que haja
criação dos próprios esquemas, pois cada indivíduo possui diferentes idéias sobre
conhecimentos disponíveis, aprendendo de maneiras variadas utilizando-se do
mesmo objeto.
A equilibração se dá quando já temos registrado no intelecto condições
para solução de problemas que o cotidiano nos oferece. Havendo um problema que
não conhecemos acontece o desequilíbrio, então se buscam novos esquemas
ajustando a situação anterior que já conhecemos (acomodação), e aprende-se
resolver a nova situação (assimilação) PIAGET (1975).
Sendo a motricidade a precursora para o aprendizado geral do ser
humano (HOTTINGER, 1980) citado por (GO TANI et AL. 1988):
“O desenvolvimento motor é um processo continuo e demorado, e, pelo fato das mudanças mais acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida, existe a tendência em se considerar o estudo do desenvolvimento motor como sendo apenas o estudo da criança. É necessário enfocar a criança, pois, enquanto são necessários cerca de vinte anos para que o organismo se torne maduro, autoridades em desenvolvimento da criança concordam que os primeiros anos de vida do nascimento aos seis anos são anos cruciais para o indivíduo. As experiências que a criança tem durante este período determinarão, em grande extensão que tipo de adulto a pessoa se tornará” (p. 65).
Precisamos encontrar maneiras de estimular nas crianças o amor pela
descoberta do conhecimento e o aprender, não pela nota mais alta e na Educação
Física o amor pela prática de atividade física ou o jogo e não pela vitória individual
ORLICK (1989). Busca-se então promover a prática de atividade física, de maneira
9
cooperativa, reflexiva e participativa, estimulando a boa convivência e o bem estar
mútuo.
4.4 EDUCAÇÃO FÍSICA NO COTIDIANO ESCOLAR, TENDO OS
PARAMETROS CURRUCULARES NACIONAIS COMO NORTEADOR
Os PCNs oferecem um norte para que os professores conduzam as aulas,
e dentre os vários objetivos gerais para o ensino fundamental é importante destacar
que: [...] “promover atividades corporais de lazer, reconhecendo-as como uma
necessidade do ser humano e um direito do cidadão em busca de uma melhor
qualidade de vida” (BRASIL 2001, p. 63).
A viabilização da proposta de educar para a autonomia da consciência
política, desenvolvimento da sensibilidade social e profissional, a Educação Física é
contemplada como cultura corporal e apresenta os conteúdos: conceitual, que
corresponde a fatos idéias e princípios, a teoria de como fazer, o procedimental que
diz respeito ao fazer, ou seja, colocar em prática e atitudinal que corresponde
normas, valores e atitudes. Os conteúdos procedimentais envolvem movimento do
corpo com jogo, esporte, ritmo, expressão, lutas e ginástica, se apropriam de várias
culturas corporais. Já o conteúdo conceitual diz respeito ao movimento e ao
cotidiano, como conceitos, referências históricas, fundamento das práticas corporais,
normas e atitudes, conhecimento sobre o corpo, lazer cultura regional e temas
transversais. Os conteúdos atitudinais correspondem aos valores e atitudes, como
solidariedade, cooperação, respeito, participação, obediência, questionamento,
construção de normas e regras, valores como justiça e igualdade. Devem-se
respeitar as diferenças individuais e oportunizar a participação de todos realizando
os trabalhos do mais simples para o complexo de maneira flexível, podendo ser os
esportes, jogos, lutas e ginástica/ atividades rítmicas e expressivas/ e conhecimento
sobre o corpo. Estes três blocos mesmo tendo especificidades se relacionam entre
si BREGOLATO (2007).
10
4.5 CONHECIMENTOS SOBRE O CORPO
O corpo não pode ser considerado somente a parte física, pois temos
sentimentos, emoções, prazer, alegria, medo, dor, entre outros. De maneira
simplificada devemos abordar conhecimentos anatômicos, fisiológicos,
biomecânicos e bioquímicos para escolher e realizar atividades físicas que sejam
benéficas à saúde de quem a pratica.
Os conhecimentos de anatomia devem direcionar para que se tenha
noção de quais músculos e ossos estão envolvidos em determinado movimento
corporal, quando estão tensionados ou relaxados.
Já a noção de fisiologia proporciona entendimento sobre as alterações
que ocorrem com o corpo físico durante a atividade ou até mesmo o repouso, como
freqüência cardíaca, queima de calorias, desidratação e benefícios que podem
ocorrer em longo prazo, por exemplo: melhora da condição respiratória, da força, da
flexibilidade, hipertrofia muscular e diminuição do tecido adiposo.
A bioquímica relacionada à fisiologia orienta sobre alguns processos
metabólicos de fonte energética, consumo e reposição de nutrientes. A biomecânica
juntamente com a anatomia conduz a uma adequação postural e gestual
principalmente no momento da atividade física. Durante todo o período escolar, as
habilidades motoras deverão ser trabalhadas dentro dos esportes, jogos, lutas e
danças BRASIL (2001).
4.6 ESPORTES, JOGOS, LUTAS E GINÁSTICA
Como se podem conceituar estas atividades, possuem características
diferentes, mas se parecem em suas finalidades e benefícios?
Todas se consideram esportes num contexto geral quando seguem regras
em competições oficiais organizadas por federações e confederações, com
equipamentos específicos, mas também são considerados jogos quando praticados
por lazer, com regras adaptadas sem caráter competitivo. Para FREIRE & SCAGLIA
(2007), o jogo se completa por si no momento em que acontece expressa desejo,
emoção, criatividade, não tem passado nem futuro, pode-se dizer que na cultura da
11
educação física o esporte, a luta as brincadeiras, a ginástica e a dança são
atividades aceitas como jogo, desde que adaptadas pedagogicamente e orientadas
pelo professor.
As lutas são estratégias onde os oponentes devem ser superados
utilizando técnicas de ataque e defesa que compõem desequilíbrio, contusão,
imobilização, exclusão e devem ser reguladas por regras que punam atitudes de
violência e deslealdade, como exemplos citam o cabo de guerra, braço de ferro,
judô, sumo, capoeira e caratê BRASIL ( 2007).
Para BAPTISTA (2003) as lutas, mais especificamente o judô deve ser
trabalhado na escola de maneira mais alegre e recreativa, sem visar à competição
podendo ser ministradas por professores que tenham apenas aprendido a
modalidade no curso de licenciatura em educação física sem precisar ser faixa
preta, desde que respeite as limitações de seu conhecimento.
BREGOLATO (2007) diz que os nativos em suas festas de comemoração
demonstravam sua força e agilidade que utilizavam nas guerras com outras tribos ou
invasores e na luta com animais. Seguindo esta herança pode-se realizar na escola
em aulas de educação física atividades de lutas de maneira combinada sem que
ofereça perigo, como exemplo: luta de bastões com cabos de vassoura. Para a
mesma autora a educação física escolar deve conter em seus conteúdos práticos
que formem o ser humano como um todo, utilizando movimentos corporais, que se
apropriam de linguagem e expressões corporais e são divididos em: ginásticas,
jogos, esportes, danças, lutas, mímicas e relaxamentos. Estes proporcionam de
maneira criativa a construção dos movimentos corporais e ampliação da linguagem
corporal.
A contextualização teórica pergunta o porquê, quando, de onde, para dar
sentido aos movimentos corporais, como referências históricas, fundamentos das
práticas, postura, conhecimento sobre o corpo, temas transversais como ecologia
saúde, trabalho entre outros.
Os princípios valores e atitudes buscam desenvolver uma formação mais
harmoniosa do ser humano como, cooperação respeito, participação, autonomia,
sem discriminação, respeito às regras, justiça entre outros.
O portal EDUCACIONAL (2008) traz a dança como manifestação e
expressão do movimento humano, podendo ensinar também como os esportes,
jogos e brincadeiras. A dança pode ser inserida na educação física sem
12
preocupação com a performance e trabalhar conteúdos como a diferença entre
gêneros, o domínio cultural, o ritmo, a diversidade cultural, que no Brasil é muito
ampla. Trabalhar também importantes fundamentos para o desenvolvimento
humano, como o condicionamento físico geral, capacidade cardiorrespiratória,
socialização, equilíbrio e coordenação motora fina.
4.7 O ESPORTE NO CONTEXTO ESCOLAR
O esporte nas aulas de Educação Física torna-se mais justo se for
aplicado de forma que todos possam participar, construindo regras e
democratizando o saber. O esporte educacional pode ser aplicado com modificação
nas regras oficiais da modalidade, desde que haja a interação entre alunos e
professor, aluno e aluno, aluno e objeto. Um exemplo na modalidade de basquete
onde os alunos podem achar conveniente não parar o jogo para cobrar lateral, sem
a existência de bola fora. Podem ainda concordar em dar alguns passos com a bola
antes de passar ou arremessar para a cesta, e, conforme a evolução dos
praticantes, inserir algumas dificuldades nas regras para que melhore o jogo. Se o
jogo estiver com difícil progressão, então se criam regras para facilitar a sua
execução.
Os princípios do esporte educacional segundo o Ministério Extraordinário
dos Esportes abordam a totalidade, a co-educação, a participação, a cooperação, a
emancipação e o regionalismo formando o aluno como um todo, movimentos,
sentimentos, pensamentos se entendendo como parte de um universo de pessoas,
objetos e natureza, superando dificuldades, aceitando seus limites, entendendo que
as pessoas são diferentes, com características étnicas, aptidões e tendências
BREGOLATO (2007).
13
4.8 LUTAS: UMA ALTERNATIVA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR
A origem das lutas se perde no tempo, sendo os seus registros uma
incógnita para os dias atuais. Os Gregos tinham uma forma de luta chamada
Pancrácio, que era disputada nos primeiros jogos olímpicos da antiguidade, os
gladiadores romanos também usavam técnicas de luta a dois nos seus eventos. No
oriente, a China e Índia apresentam os primeiros registros de organização de
combate. A dificuldade de se encontrar registro esta na retenção do conhecimento
pelos mestres que os passavam de forma oral para seus principais discípulos.
A influência oriental dos sistemas de lutas se deve a filosofia do Budismo,
principalmente na China, Coréia, Japão e Índia e sudeste Asiático que as fez
proliferar pelo oriente e transmitidas para o ocidente por meio das descobertas dos
povos Europeus após o século XIV onde estabeleceram contatos com outras
culturas. A partir de 1900 os Ingleses e Norte Americanos começaram aprender o
judô e outras artes marciais japonesas, e após a grande guerra 1945 estes últimos
trouxeram de vez para mundo ocidental as técnicas de lutas do oriente. Atualmente
nos jogos olímpicos, o Judô, Tae-Kwon-Do, Esgrima, Arco e Flecha, o Boxe, a Luta
Livre e a Luta Grego-Romana estão presentes, como esporte de rendimento e vitrine
mundial para efeito de apreciação do publico espectador.
Já na Educação Física escolar as lutas como esporte educativo podem
trazer benefícios ao desenvolvimento motor melhorando a lateralidade, o tônus
muscular, o equilíbrio, a coordenação global, noção espaço-temporal e do corpo.
Como benefícios cognitivos cita-se a formulação de estratégias, o raciocínio, a
atenção, bem como no aspecto afetivo e social, a interação, a perseverança,
respeito e determinação. O fato de as lutas estarem em constante evidência nos
programas de televisão, desenhos animados, revistas em quadrinhos, filmes e
academias, causando fascinação nos alunos, portanto devem fazer parte dos
conteúdos ministrados nas aulas de Educação Física desde a Educação Infantil até
o Ensino Médio. Para isso as aulas devem ser bem orientadas como um instrumento
pedagógico pregando a não violência direcionando para os benefícios anteriormente
citados de forma lúdica e com grau limitado de sistematização, cabendo além do
Judô, Karatê, Capoeira, técnicas recreativas de empurrar, puxar, braço de ferro,
14
cabo de guerra, luta de sapo, luta de saci e outras. Como conteúdo conceitual e
atitudinal podem-se promover palestras, cursos, demonstrações específicas, assistir
a filmes, documentários, estimular a pesquisa sobre o tema atentando para os
benefícios que as lutas podem oferecer aos participantes como diz os PCNs BRASIL
(2001), que propõe a compreensão por parte do educando, porque lutar, com quem
lutar, contra quem ou o que lutar, refletir sobre as lutas, utilizar as técnicas para
resolução de problemas em situação de luta de forma recreativa e competitiva.
Não havendo instrução por parte do professor para lecionar o mesmo
pode procurar a capacitação, trocar experiências, recorrer a especialistas, vídeos,
levar os alunos a acadêmicas, basta o profissional querer e as aulas de Educação
Física podem ser mais diversificadas sem as eternas práticas de rachas com bola
FERREIRA (2006).
4.9 A ORIGEM DO JUDÔ
Para citar a origem do judô é importante falar do seu criador Gigoro Kano,
que era um aluno brilhante formado em letras pela universidade imperial, hoje
universidade de Tóquio e falava um segundo idioma, o inglês perfeitamente. Porém
Kano era fraco fisicamente o que o levou a criar o judô, adaptado de técnicas
oriundas de outra arte marcial chamada ju- jitsu, conforme (MORIMOTO 2006, p.03):
“Pessoa de alta cultura geral, Jigoro Kano era um esforçado cultor do ju-jitsu. Procurando encontrar explicações científicas aos golpes, selecionou e classificou as melhores técnicas dos vários sistemas de ju-jitsu. Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no espírito do “Ippon-shobu” (luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o ju-jitsu aprimorado, além de sua utilidade para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes extraordinárias oportunidades no sentido de serem superadas as próprias limitações do ser humano.”
Nasceu então em fevereiro de 1882, em um templo budista, a primeira
escola de judô que tem como tradução “caminho da suavidade”, e foi chamada
Kodokan. Kano se encarregou pessoalmente de divulgar o judô pelo mundo por
meio de palestras e demonstrações práticas à elite ocidental que morava ou visitava
o Japão e também com viagens a Europa mais especificamente na Gran Bretanha,
França, Bélgica e Espanha.
15
4.10 O JUDÔ NO BRASIL
Com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, trouxeram,
juntamente com sua cultura, o judô que era ensinado de pai para filho.
O mérito de divulgação desta modalidade esportiva no Brasil se deve a
Mitsuo Maeda ou Eisei Maeda, conhecido popularmente como Conde Koma. Maeda
entrou no Brasil pela cidade de porto Alegre capital do Rio Grande do Sul, no dia 14
de novembro de 1914, onde exibiu sua técnica pela primeira vez e depois se
apresentou nas principais cidades da época, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador,
Recife, São Luis, Belém e Manaus.
Nesta última encontrou apoio da família, Gracie que mais tarde ajudaram
a dar continuidade ao seu trabalho, Conde Koma não foi o único a difundir o judô no
Brasil, conforme SILVA (2007 p. 15): “Pode-se citar também Tatsuo Okochi, que foi o
fundador e primeiro presidente da Associação de Faixas Pretas de Kodokan, além
de ser o fundador e primeiro diretor técnico da Federação Paulista de Judô”.
Começou então com a vinda de outros professores do Japão, elevar o nível técnico
do judô no Brasil e surgir academias pelo país.
4.11 JUDÔ NO MATO GROSSO
O judô Mato-Grossense teve início com dois aficionados sendo pai Iusso
Sinohara e filho Pedro Luis Sinohara, que percebendo a necessidade de participar
de eventos nacionais e internacionais, dedicara-se à criação da Federação Mato-
Grossense de Judô, fundada no dia 1º de julho de 1973, tendo como seu 1º
Presidente o Dr. Maçao Tadano, mas só veio a ser oficializada e reconhecida pela
Confederação Brasileira de Judô e Conselho Nacional de Desporto (CND), no dia 18
de maio de 1983, graças ao esforço pessoal e integral do Dr. Iusso Sinohara que
tornou-se o primeiro presidente depois da oficialização FEDERAÇÃO MATO-
GROSSENSSE DE JUDÔ (1973).
16
4.12 JUDÔ EM SORRISO – MT
As primeiras atividades dessa modalidade ocorreram no ano de 1985 com
o Sensey (Professor no idioma Japonês) Danni Cesar Achcar de Faria, vindo do
estado do Paraná, formado em Educação Física e faixa preta terceiro Dan. Sensei
Dani ministrou aulas em sua academia por oito anos e visava o condicionamento
físico, pois era o interesse de seus alunos, que já haviam parado de frequentar a
escola FARIA (2010). Por motivos profissionais Sensey Danni foi morar fora do país
ocorrendo um hiato no judô de Sorriso até o ano de 2001. Neste ano veio morar em
Sorriso o Sensey Fabio Nogueira de Lima vindo do estado de São Paulo e segundo
Dan de Judô, reiniciando as atividades em uma escola particular de educação
infantil, hoje já extinta. No ano de 2006, Sensey Fabio com apoio da prefeitura
começou ministrar aulas de judô em uma escola municipal na educação infantil e
também no ginásio de esportes Flor do Cerrado onde ocorre até os dias de hoje
LIMA (2010). No ano de 2007 foi oficializada a Associação Sorrisense de Judô,
devido à necessidade de organização motivada pelo crescimento desta modalidade
no município, que hoje conta com três professores e aproximadamente 250 alunos
praticantes em várias faixas etárias ASSOCIAÇÃO SORRISENSE DE JUDÔ (2007).
4.13 JUDÔ COMO EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA
Escolas estão adotando modalidades esportivas alternativas como o judô,
em suas atividades visando desenvolver no aluno, além de qualidades físicas
características éticas e aprender com as dificuldades que acontecem no tatame a
enfrentar situações na vida cotidiana.
O aprendizado das técnicas do judô ajuda a criança perceber que ela é
capaz de evoluir emocionalmente, diminuir a timidez e auxiliar no desenvolvimento
pedagógico em outras disciplinais, conforme CALLAEJA (2004): “o aprendizado do
judô torna os alunos mais responsáveis, disciplinados e seguros. Além disso,
durante os treinamentos eles vivenciam situações que desenvolvem a capacidade
de se ajudar e aprender mutuamente”.
17
A prática do judô principalmente nas crianças já a partir dos três anos
estimula o desenvolvimento físico com grande eficiência: “as artes marciais se
destacam como alternativa apropriada por representar um exercício capaz de
harmonizar os movimentos, desenvolver consciência corporal e coordenação
motora” (LOPES, 2004).
As crianças, principalmente as que vivem em centros urbanos e moram
em apartamentos, têm poucas opções de áreas de lazer obrigando-as a permanecer
muito tempo em frente à televisão ou computador, prejudicando o seu
desenvolvimento físico. Outros fatores podem ser as distâncias, o trânsito caótico e
a falta de tempo dos pais, como diz a mesma autora: “escolas que oferecem aulas
de artes marciais em suas dependências ampliam as possibilidades dos pais
incentivarem seus filhos a praticar esse tipo de exercício em um ambiente conhecido
e confiável, sem contar aspectos práticos”.
Claro que a escola deve oferecer um ambiente adequado e profissional
preparado principalmente para trabalhar com crianças e ensinar judô de uma forma
mais lúdica com brincadeiras sem tanta rigidez, como o praticado no Japão, pois
vivemos num país com costumes diferentes. Devemos, portanto, adaptar o judô a
nossa realidade, conforme BATISTA (2003 p. 14): “devemos fazer do judô uma
atividade alegre, onde a criança adquira o gosto em praticá-la. Na iniciação não
podemos nos preocupar se ela vai ser, ou não, um atleta de competição”.
4.14 A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES PARA APLICAÇÃO DO
JUDÔ NAS ESCOLAS
Na educação física escolar não há necessidade das aulas de judô serem
ministradas por um professor faixa marrom ou preta, desde que tenha qualificação
técnica e pedagógica para iniciação, adquirida na faculdade e já tenha sido aluno de
judô bem como observar a diferença entre educação física e competição, conforme
BAPTISTA (2003).
Para que isso ocorra, as escolas teriam que ser mais flexíveis e
abrangentes em relação às unidades contidas no programa e as universidades de
Educação Física deveriam incluir o judô no programa da disciplina de prática de
ensino, mas como na maioria delas isso não ocorre. As aulas específicas poderiam
18
ser ministradas com o objetivo principal de transmitir aos alunos a pedagogia da
iniciação do judô.
“Os professores também são responsáveis, porque a maioria ainda
não se conscientizou da diferença existente entre a metodologia de um
trabalho visando à performance desportiva, da metodologia visando à
formação profissional, como se a sala de aula fosse um prolongamento da
academia ou de um clube”. (BATISTA 2003, p.17)
Por meio de vídeos pesquisa teórica sobre os diferentes tipos de lutas
pode-se fazer com que alunos e professores aprendam as técnicas e objetivos das
lutas sem necessidade de especialização adaptando as regras para a realidade da
escola. O profissional de Educação Física não é obrigado a saber fazer os
movimentos fundamentais de todos os esportes precisa orientar a busca do
conhecimento e fazer com que seus alunos aprendam RONDINELLI (2010).
Tanto escola como professores devem buscar alternativas para formação
de alunos mais saudáveis, físicos e emocionalmente preparados para a vida fora da
escola, conforme RIZZO (2004). Uma orientação adequada através dos professores
para direcionar o praticante ao caminho correto sem tirar sua liberdade, despertando
sua criatividade. A partir do momento em que o aluno adquire tal estabilidade
através de pensamentos, ações e hábitos, cria-se um caráter preparado para
enfrentar qualquer situação.
4.15 OS PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DO JUDÔ
Como Gigoro Kano foi um grande estudioso, criou uma filosofia própria
para esta modalidade baseada em condutas corretas, bom caráter, higiene, além da
saúde física do corpo e da mente. Segundo SILVA (2007 p.11): “Devido sua ampla
cultura geral, Jigoro Kano foi inserindo princípios da física, como equilíbrio,
gravidade, deslocamento e sistema de alavancas, além de importantes ferramentas
didático-pedagógicas de ensino, para fazer do judô uma arte perfeita para todos”.
O mesmo autor cita os três os princípios do judô que transformaram uma
luta em educação física e modalidade esportiva olímpica praticada no mundo:
O princípio da máxima eficiência com mínimo de esforço foi criado para
atender não só às expectativas físicas abordadas nos treinos e combates, mas
19
também criar um espírito forte, que caminhe junto com o corpo. Segundo Gigoro
Kano, sem uma ordem e harmonia entre corpo e mente, nenhum judoísta consegue
alcançar o equilíbrio e a eficiência. Kano, ao criar o judô, queria formar seres
humanos melhores e mais reflexivos, desenvolvendo em cada um uma interpretação
das operações cotidianas, por meio de um raciocínio filosófico.
O princípio do bem-estar e benefícios mútuos mostra a importância da
solidariedade humana no crescimento individual e global, não só para prática do
judô como no dia-dia.
“O princípio da suavidade promove o uso adequado da força com ênfase
na técnica, economizando o máximo de energia e proporcionando maior eficiência
na execução dos golpes”(SILVA 2007, p.12).
A prática desta modalidade esportiva além de condicionar fisicamente,
ajuda na formação pessoal do aluno, valorizando conceitos que nossa sociedade
moderna e a própria família estão deixando de lado, como diz RIZZO (2004):
“Existem infinidades de relações entre as ações e atitudes de um judoca dentro do
tatami, e seus comportamentos que determinarão o caráter deste indivíduo
influenciando a sociedade”. O fato de o judoca ter que respeitar a área de
treinamento, seu professor e colegas por meio de saudação cada vez que entra e
sai do tatame, o aprender a cair antes de derrubar é uma grande lição para vida
principalmente de humildade.
Como benefícios para o corpo físico pode-se dizer que crianças que se
movimentam adquirem benefícios imediatos na saúde e aptidão física, melhorando a
condição cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade e composição corporal,
prevenindo males pertinentes na infância e adolescência. Buscando estratégias para
aumentar os níveis de atividades físicas em crianças e adolescentes, acredita-se
que a escola seja o ambiente mais salutar e positivo para a execução da mesma,
pois permite a interdisciplinaridade e educação para saúde, pois os alunos
enfrentam problemas semelhantes aos adultos como má alimentação e estilo de
vida sedentário (FLORINDO; RIBEIRO, 2009).
Somos o resultado de nossas experiências vividas podendo ser elas
positivas ou negativas. A ação e percepção exercidas sobre o meio podem
influenciar a maneira de ser e o caráter da criança. O educador consciente deverá
ter responsabilidade na preparação de atividades para seus alunos e promover uma
vivência positiva quando da execução das mesmas GALLAHUE; OZMUN (2005).
20
Importante destacar o que diz (REZENDE 2006, p.28) sobre a
importância do judô na formação do indivíduo com relação à perseverança,
motivação e disciplina:
“Entre todas as modalidades que pratiquei, foi no judô que me sai
melhor, aluno do mestre japonês Ynata. Fui vice-campeão infanto-juvenil, mas
o que devo de fato ao judô não são as vitórias, e sim a disciplina, a
possibilidade de pôr racionalmente para fora a energia que todo jovem tem
dentro de si. Não esqueço as pequenas punições (leves bambuzadas nas
pernas) aplicadas por mestre Ynata, sem dúvida foram as primeiras lições de
perseverança e motivação que tive. Foi ele quem me ensinou a não
desmoronar quando perdesse uma luta e, acima de tudo, levantar depois de
cair”.
4.16 QUALIDADES FÍSICAS APLICADAS EM CRIANÇAS PELAS
METODOLOGIAS DO JUDÔ
Além da coordenação motora e equilíbrio que normalmente os esportes
proporcionam em sua iniciação, os movimentos do judô quando aplicados
respeitando a individualidade e faixas etárias podem trazer melhorar a resistência
aeróbica, resistência muscular localizada, resistência anaeróbica, força, velocidade e
potência muscular.
A resistência aeróbica pode ser considerada a mais importante desde que
ministrada dentro dos limites, fortalece o sistema cardiovascular prevenindo o
aumento de peso, além de ser mais motivadora e quando aplicadas sem excesso,
não trazem risco a saúde da criança.
Os movimentos repetitivos que são a base da resistência muscular
localizada fazem parte das especificidades do judô, porém podem causar tensão
sobre a coluna vertebral e articulações. Torna-se necessário que o professor
respeite as faixas etareas adequando o volume (número de repetições), a
intensidade (velocidade de execução) e amplitude de movimentos. Crianças na fase
motora fundamental (dois a sete anos) e início da fase especializada (oito a doze
21
anos) não têm desenvolvimento físico para realizar muitas repetições de exercícios
como extensão e flexão, rotação do quadril e tronco.
Os exercícios anaeróbicos devem ser evitados antes dos onze anos por
ser desmotivante, já que eleva a frequência cardíaca rapidamente demorando a
recuperação, tornando cansativas as atividades e como consequência o abandono
do desporto. “A resistência anaeróbica da criança é baixa, aumenta de acordo com a
idade e deve ser desenvolvida através de atividades aeróbicas de media
intensidade” (BAPTISTA 2003, p.79). Já na fase especializada as entradas de
golpes as imobilizações e tentativas de impedimento das técnicas de projeção pelo
oponente, a resistência anaeróbica ganha destaque nos treinamentos devido às
necessidades que a modalidade de judô recomenda para obter êxito no resultado da
luta.
A utilização da força esta intrínseca no judô em quase todos os
movimentos, pois constantemente usa-se tração, repulsão, adução, abdução, flexão
extensão e força isométrica principalmente nas imobilizações. Com crianças até
dez/onze anos as atividades gerais lúdicas como: morto e vivo, cabo de guerra,
corrida carregando o colega nas costas e outras, são mais adequadas. Com a
especialização a partir dos doze anos as técnicas devem ser praticadas de forma
bilateral para não sobrecarregar a coluna vertebral e articulações, pois os
movimentos de entradas de golpes e projeções são repetitivos. Até esta idade
meninos e meninas podem treinar juntos por ainda não haver aumento considerável
do hormônio sexual masculino (testosterona), que aumenta a força e massa
muscular nos meninos. A genética é determinante para o desenvolvimento da
velocidade que a partir dos sete anos nota-se que aumenta, principalmente se houve
trabalho de coordenação e equilíbrio na criança. A melhora no desempenho da
velocidade nos gestos técnicos decorre da participação de trabalhos de fonte
anaeróbica somente quando a criança já estiver preparada para treinos de maior
intensidade e detalhes técnicos.Com a junção da força e velocidade temos a
potência que é fundamental para a prática do judô, porém também deve ser
trabalhada no momento apropriado já na especialização e não no treino para
crianças nas fases iniciais do desenvolvimento BAPTISTA (2003).
22
4.17 ASPECTOS LÚDICOS NA MOTRICIDADE APLICADA AO JUDÔ
Para que haja o desejo de se praticar qualquer atividade o fator motivação
é de suma importância, principalmente em crianças. A ludicidade alternada com as
técnicas específicas na realização dos métodos judoístas são necessários, para que
não se torne monótono e repetitivo, causando o desprazer na prática, já que não se
pode visar somente o rendimento para a competição, pois a prática na Educação
Física deve ser mais educativa possível. Torna-se mais fácil o aprendizado pela
ludicidade. O professor de Judô deve adequar a forma de ensinar, usando o lúdico
como estímulo em suas aulas, esportivas ou não, respeitando aspectos humanos de
cognição, afetividade e psicomotricidade.
Judô pode ser um caminho importante para o desenvolvimento da
mobilidade, procurado, além do aspecto competitivo, também pelo complemento
recreativo, físico, mental e filosófico que o mesmo pode oferecer, pois, valoriza muito
a inteligência e o culto à verdade. Torna-se uma arte de evolução espiritual com
mais importância do que vencer lutas. Além dos exercícios físicos, busca atingir
pontos fracos, como medo, nervosismo, falta de confiança, falta de vontade,
ansiedade, construindo um ser humano mais aprimorado, indicado por psicólogos,
educadores e psiquiatras como terapia para crianças irrequietas ou complexadas
RUFFONI (2010).
Por meio da recreação, principalmente com uso de materiais auxiliares
como bolas, cones, cordas e outros, pode-se proporcionar uma viagem ou desvio da
realidade do cotidiano, principalmente da realidade socioeconômica, reconhecendo
assim que a ludicidade é importante para a saúde mental do indivíduo BARBOSA
(2001).
23
5. METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como descritivo, onde foram realizadas
observações das atividades nas aulas de Educação Física em uma escola do
município de Sorriso MT. As atividades de judô foram observadas em três escolas
particulares e um projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Esportes que
ocorrem em um ginásio de esportes. As aulas de judô foram observadas no primeiro
semestre do ano de 2010, as quais são desenvolvidas de forma extracurricular. As
observações das aulas de Educação Física como componente curricular foram feitas
nas sextas séries e nos segundos anos “c” e “d” vespertino. Os dados foram
coletados por meio de relatórios de observações e fotografias. A análise dos dados
ocorreu através da interpretação, transcrição dos relatórios e das fotografias.
24
6. RESULTADOS
Verificou-se que o método usado para ministrar as aulas de judô com a
clientela escolar, que possuem faixa etária de cinco a quatorze anos é em sua
maioria recreativa, utilizando-se de instrumentos como bolas, bambolês e cones
para ensinar os fundamentos. Como exemplo citamos o rolamento sobre o ombro
(mae mawari ukemi), que utiliza uma bola de material sintético resistente grande
onde os alunos abraçados a ela fazem o movimento circular sobre o tatame.
Figura 01 – Educativo para rolamento com bola.
Utilizam-se também movimentos naturais de andar, correr, saltar, imitar
animais, pular corda, para que desenvolva a coordenação motora necessária para
auxiliar no desenvolvimento da luta. Parte da aula é destinada para o aprendizado
das técnicas de projeção e imobilização, onde o sensey demonstra a maneira de
realizá-las e os alunos às repetem, somente depois é que se realiza a luta.
25
Figura 02 – Trabalho recreativo de força utilizando bola.
Os professores são três, todos faixas pretas de judô, sendo um já formado
em Educação Física e dois acadêmicos do mesmo curso. As aulas no ginásio Flor
do Cerrado são oferecidas pela prefeitura do município de Sorriso, junto com a
secretaria de esportes, portanto sem custos para seus praticantes. Já nas escolas, o
judô é direcionado para seus respectivos alunos como complemento de atividades
extraclasse e são realizadas no período oposto ao das disciplinas curriculares,
sendo ministradas duas a três vezes por semana. Em uma das escolas particulares,
as aulas de Judô acontecem em sala alugada fora do ambiente da escola por falta
de espaço físico.
Nas aulas assistidas verificou-se que as mesmas seguem um padrão
esportivo nas sextas séries, tendo comum acordo entre os professores que cada
bimestre é oferecido uma modalidade sendo, o primeiro bimestre o basquete, o
segundo bimestre o handebol, o terceiro bimestre o vôlei e o quarto bimestre o
futsal. Nestas aulas já em quadra após inicio com a chamada e entrega de trabalhos
em sala, um dos professores do período matutino ensina os fundamentos do vôlei,
manchete, toque, saque, utilizando-se de quatro bolas, para depois partir para o jogo
fim dividindo a turma em equipes.
26
Figura 03 – Fundamento de saque.
Figura 04 – Jogo de voleibol.
Já no período vespertino devido o pouco tempo para ficar na quadra de
vôlei, pois os horários coincidem com os de outras turmas, a aula já começa com o
jogo fim onde a turma se divide em equipes, sendo que a outra metade da aula
acontece no saguão (área coberta onde se realiza o recreio) e porque há gramado
no seu entorno, com jogos de mesa e brincadeiras com a bola de vôlei e futsal, onde
os alunos improvisam e criam as atividades.
27
Figura 05 – Futsal improvisado no saguão.
Já nas segundas séries trabalha-se a recreação educativa com objetivo de
desenvolver as capacidades físicas e os movimentos naturais preparando os alunos
para a iniciação esportiva que acontece do quinto ano em diante.
6.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A partir do acesso a escola é que surge a Educação Física de maneira
orientada, mesmo que no início os motivos fossem militaristas. E com o tempo foi
alterando seus objetivos até o que conhecemos atualmente.
Com o entendimento no ocidente que o corpo e mente fazem parte do
mesmo contexto a Educação Física passou a ser mais valorizada, como instrumento
auxiliar no desenvolvimento cognitivo, pois o aprendizado começa com a exploração
do meio ambiente por meio do movimento corporal.
Sendo assim é importante que sejam estimuladas as atividades físicas
desde cedo, já nas séries iniciais, de maneira adequada à maturação biológica de
cada faixa etária. Os Parâmetros Curriculares Nacionais oferecem um norteamento
para o profissional de Educação Física trabalhar adequadamente na escola,
buscando alternativas para deixar as aulas mais atrativas.
28
Nesse contexto as lutas além de tantas outras modalidades torna-se
opção atendendo a proposta dos conteúdos, conceitual que é a teoria de como
fazer, o procedimental que executa o movimento corporal na prática e atitudinal que
propõe e discute normas e valores.
O judô que é a modalidade foco deste estudo relaciona-se perfeitamente
com o que diz o parâmetro curricular nacional, nos conteúdos de procedimentos,
conceitos e atitudes, pois sua origem teve objetivos educativos e filosóficos, visando
o bem comum de seus praticantes. Seu criador Gigoro Kano foi pessoa de alta
cultura geral que buscou explicações científicas para desenvolver seus golpes. O
Judô pode contribuir para a formação do aluno, não somente nas qualidades físicas,
mas também no aspecto mental e espiritual. Quando os PCNs colocam as questões
de conceitos e atitudes, para ser trabalhada na Educação Física esta modalidade
esportiva é rica nestas características. Quanto à parte física do judô, pode-se dizer
que a influência dos princípios da Física e Biomecânica como sistemas de
alavancas, equilíbrio, gravidade, deslocamentos e ginástica geral, aliados a
maneiras pedagógicas adequadas, pode ser uma atividade perfeita para todos,
principalmente na escola SILVA (2007).
A nossa sociedade moderna na ânsia de obter valores materiais esquece-
se de princípios básicos que são importantes para conquistar qualidade de vida e
que o judô trás em sua filosofia e pode ser bem aproveitado na escola como
Educação Física ou atividade extraclasse.
Um fator importante do judô na escola e a confiança que os pais
depositam na mesma devido ao pré-requisito de ter profissional capacitado com
formação acadêmica em Educação Física, para suprir as necessidades de
atividades físicas das crianças que em seu tempo livre praticam cada vez menos,
devido a motivos como falta de espaço adequado nos centros urbanos, fácil acesso
a jogos eletrônicos, computadores, televisão, e também a falta de tempo dos pais
em conduzir seus filhos à prática de escolinhas de esportes em outros ambientes.
Na Educação Física Escolar o professor não precisa ser faixa preta desde
que, tenha qualificação técnica e pedagógica para iniciação e na sua formação
acadêmica teve como disciplina de lutas a modalidade de judô, já que a
especialização esportiva não é o objetivo da escola. Talentos devem ser
encaminhados a clubes ou entidades que visam resultado, sempre respeitando a
maturação biológica do aluno.
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Já na iniciação o judô trabalha o desenvolvimento das capacidades físicas
como, coordenação motora, equilíbrio, resistência aeróbica, resistência anaeróbica,
resistência muscular localizada, força, velocidade, potência muscular, flexibilidade,
ou seja, o aluno evolui de maneira integral o corpo e a mente.
A ludicidade na metodologia de ministrar as aulas de judô é fator
importante, como a utilização da bola de material sintético resistente grande onde os
alunos abraçados a ela fazem o movimento circular sobre o tatame. Utilizam-se
também movimentos naturais de andar, correr, saltar, brincando de pega-pega.
Imitar animais, pular corda, subir na corda, para que desenvolva a coordenação
motora necessária e auxiliar no desenvolvimento da luta. Estes são apenas alguns
exemplos de atividades realizadas na iniciação com crianças de seis a quatorze
anos que devem incluir grande parte da aula, pois quando se fazem as atividades
com prazer torna-se mais fácil o aprendizado.
Figura 06 – Escalada na corda.
Conforme foi observado nas aulas de Educação Física da escola
municipal de Sorriso, destacam-se principalmente no ensino fundamental II quatro
modalidades: vôlei, handebol basquete e futsal. A possibilidade de incluir outras
modalidades como judô deve ser considerado, de maneira gradual sem deixar de
lado a tradição esportiva. Algumas escolas do município já oferecem o judô como
atividades extraclasse seguindo os princípios tradicionais da modalidade, de
30
respeito, disciplina, culto a verdade, suavidade, porém com metodologias adequadas
à Educação Física. Como exemplo tem a utilização de variações de pega-pega para
aquecimento ao contrário das tradicionais corridas monótonas ao redor do tatame, o
uso cones coloridos, bambolê em outras atividades, a bola grande de material
sintético para ensinar o rolamento frontal sobre o ombro (mae mawari ukemi). Estas
aulas de judô destinadas a escolares ocorrem em horários opostos ao período letivo,
duas a três vezes por semana, voluntariamente pelos alunos, tendo boa aceitação.
Alguns alunos são indicados a praticar judô pela coordenação da escola devido à
maneira agitada de se portarem em sala de aula, pois esta modalidade em sua
filosofia ensina que seus praticantes devem agir com suavidade, progredir visando o
bem estar e benefícios mútuos, dando importância à solidariedade.
31
7. CONCLUSÃO
Traçando um paralelo entre a Educação Física e o Judô praticados nas
escolas do município de Sorriso MT, verifica-se que este último é trabalhado como
conteúdo extracurricular e acontece em três escolas particulares. Este método
aplicado pelas escolas que já contemplam o judô como parte integrante de suas
atividades mesmo não sendo dentro do conteúdo curricular, vem tendo boa
aceitação pelas respectivas comunidades escolares. As atividades de lutas não
foram abordadas em nenhum momento nas aulas de Educação Física observadas.
O judô conforme pesquisa bibliográfica neste estudo contempla os conteúdos
procedimentais, conceituais e atitudinais conforme indicam os parâmetros
curriculares nacionais.
32
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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