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MANUAL DESERVIÇO SOCIAL
NA PESQUISA
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MANUAL DESERVIÇO SOCIAL
NA PESQUISA
Autora
ídila Muniz Gomes Guimarães Sampaio
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MANUAL DESERVIÇO SOCIAL
NA PESQUISA
Autora
ídila Muniz Gomes Guimarães Sampaio
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Título |Editor |
Editoração |Capa |
Revisão ortográfica |Conselho Editorial |
Manual de Serviço Social na PesquisaBrenda Lins Editorando BirôVivian AlecyNatália CastroCaio Vinicius Menezes NunesPaulo Costa Lima
Editora 2B Ltda.R. Dr. José Peroba, 275 - Stiep, Cond. Metropolis Empresarial, Salas 109 e 110, CEP: 41770-235, Salvador-BA.Telefone: (71) [email protected]
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora 2B Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513
Sampaio, Ídila Muniz Gomes Guimarães S192m Manual de Serviço Social na pesquisa / Ídila Muniz Gomes Guimarães Sampaio. – Salvador : 2B, 2019. 120 p. : il. ; 16x23 cm. ISBN 978-85-54815-62-2 1. Serviço social - pesquisa - Manuais, guias, etc. I. Título.
CDU: 361.3:001.891
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Ídila Muniz Gomes Guimarães Sampaio
AUTORES
Mestra em Políticas Sociais e Cidadania, Bacharela em Serviço Social, Licenciada em Pedagogia, Especialista em Reengenharia e Gestão de RH / Metodologia da Educação Superior com ênfase em Tecnologias Educacionais / Psicopedagogia Institucional, professora Universitária e de pós-graduação desde 2009. Atuou como assistente social - prestadora de serviços à Petrobras, atualmente exerce as atividades profissionais como Coordenadora Técnica do Centro Especializado em Reabilitação (CER II) da APAE de Salvador. Dentre outras atividades é Consultora e escritora da 2B Educação. Possui vivência em processos de elaboração e revisão de Planos de Desenvolvimento Institucional, Projetos Pedagógicos de Cursos nas áreas de Serviço Social e Pedagogia, além de participação de avaliação de curso vinculada a Credenciamento junto ao MEC.
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APRESENTAÇÃO
A coleção Manuais de Serviço Social é o melhor e mais completo conjunto de obras
voltado para a capacitação e aprovação de Assistentes Sociais em concursos públicos
no Brasil. Elaborada a partir de uma metodologia que julgamos ser a mais apropriada ao
estudo direcionado para as provas em Serviço Social, contemplamos todos os volumes
da coleção com os seguintes recursos:
✓ Teoria esquematizada de todos os assuntos;
✓ Questões comentadas alternativa por alternativa (incluindo as incorretas);
✓ Quadros, tabelas e esquemas didáticos;
✓ Destaque para as palavras-chave;
✓ Questões categorizadas por grau de dificuldade, de acordo com o seguinte modelo:
Elaborada por professores com sólida formação e conhecimento no assunto, a
presente obra é composta por um conjunto de elementos didáticos que, em nossa avalia-
ção, otimizam os estudos, contribuindo assim para a obtenção de altas performances em
provas e concursos em Serviço Social.
Bons estudos!
BRENDA LINSEditor
FÁCIL
INTERMEDIÁRIO
DIFÍCIL
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SUMÁRIO
O CONHECIMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM A CIÊNCIA CAPÍTULO 1
1. Introdução ........................................................................................................................11
1.1 O ser humano, a sociedade e a produção do conhecimento ......................................................12
1.2 Tipos de conhecimento ...............................................................................................................................14
1.3 Concepções, natureza e dimensões da ciência .................................................................................16
1.4 Características, objetivos e funções da ciência ..................................................................................17
Referências ...........................................................................................................................26
PESQUISA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CAPÍTULO 2
1. Introdução ........................................................................................................................27
1.1 Conceito de pesquisa científica ................................................................................................................27
1.2 Níveis de pesquisa .........................................................................................................................................29
1.3 A pesquisa no Serviço Social .....................................................................................................................30
Referências ...........................................................................................................................44
PLANEJAMENTO DA PESQUISA CAPÍTULO 3
1. Introdução ........................................................................................................................45
1.1 Planejamento da Pesquisa Científica .....................................................................................................45
1.2 Classificação das pesquisas ........................................................................................................................47
Referências ...........................................................................................................................61
INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS CAPÍTULO 4
1. Introdução ........................................................................................................................63
2. Instrumentos e técnicas de coleta de dados .................................................................64
2.1 Observação .......................................................................................................................................................64
2.2 Entrevista ...........................................................................................................................................................65
2.3 Questionário .....................................................................................................................................................66
2.4 Documentação Indireta...............................................................................................................................67
2.5 Documentação direta...................................................................................................................................68
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2.6 História de vida ...............................................................................................................................................68
2.7 História oral .......................................................................................................................................................68
2.8 Análise de conteúdo .....................................................................................................................................69
Referências ...........................................................................................................................81
O PROJETO DE PESQUISA CAPÍTULO 5
1. Introdução ........................................................................................................................83
1.1 Processo de elaboração da pesquisa científica ..................................................................................84
1.2 Etapas da pesquisa ........................................................................................................................................85
Referências .........................................................................................................................104
ELABORAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS CAPÍTULO 6
1. Introdução ......................................................................................................................105
1.1 Definição de categoriais ...........................................................................................................................105
1.2 Tabulação e apresentação dos dados ..................................................................................................106
1.3 A Pesquisa Social e a Estatística ..............................................................................................................109
1.4 Ferramentas de apoio à pesquisa ..........................................................................................................117
Referências .........................................................................................................................119
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CAPÍTULO
O que você irá ver nesse capítulo:
11
O conhecimento humano e sua relação
com a ciência1
1. INTRODUÇÃO
Este capítulo tem como finalidade discutir sobre a produção do conhecimento humano e sua relação com a ciência. Diante das mudan-ças ocorridas nas últimas décadas, precisamos estar preparadas (os) para as demandas sociais, o mercado de trabalho, as novas tecnologias da in-formação, o conhecimento pluricultural, dentre outros. Portanto, inves-tir em pesquisa, na construção do conhecimento, no desenvolvimento do espírito científico, do pensamento crítico, reflexivo é o método mais seguro para galgarmos o progresso da ciência e da humanidade. Nesse sentido, as informações aqui levantadas irão fornecer subsídios de forma esquematizada visando à instrumentalização necessária para sua vida profissional. Além de contribuir na formação/desenvolvimento do espíri-to crítico-reflexivo acerca das diferentes possibilidades do conhecer, bem como o entendimento das características, objetivos e funções da ciência, busca-se contribuir, ainda, para o entendimento de como formular acadê-
Introdução O ser humano, a sociedade e a produção do conhecimento Tipos de conhecimentoConcepções, natureza e dimensões da ciênciaCaracterísticas, objetivos e funções da ciência
Quadro esquemáticoQuadro resumoQuestões comentadasReferências
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CAPÍTULO 1
12
mica e profissionalmente proposições fazendo uso, de modo sistemático, da metodologia científica.
1.1 O ser humano, a sociedade e a produção do conhecimento
No nosso cotidiano, o ato de conhecer se manifesta de forma na-tural que muitas vezes não nos damos conta da sua complexidade. Des-de o início da nossa existência, ouvimos sobre a necessidade de aprender a conhecer o mundo e posteriormente sobre a importância do autoco-nhecimento. Dessarte, adentramos na engrenagem do conhecimento do mundo, considerando o mundo real, o mundo concreto, sem ao menos nos questionarmos sobre o significado do ato de conhecer.
Entretanto, na medida em que nos deparamos com essa relação, nos defrontamos com as formas mais diversificadas de conhecimentos e de conceitos.
Já parou para pensar que a todo o momento estamos
adquirindo conhecimentos?
Fonte: Google imagens
Considerando que a todo o momento estamos aprendendo e ad-quirindo conhecimentos seja interagindo nas relações com as pessoas ou até mesmo com nós mesmos, podemos chegar à conclusão de que co-nhecer é uma forma de estar no mundo.
No sentido etimológico da palavra, a ex-pressão conhecimento deriva do latim cognoscere, que significa conhecer os sentidos. Nessa acepção, a palavra conhecimento é o atributo em que os se-res vivos têm de reagir ativamente ao mundo que o
Sujeito X Objeto
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O CONHECIMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM A CIÊNCIA
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rodeia, em termos de sua organização e de sua própria sobrevivência. O pensamento construído é resultado da relação estabelecida entre o sujei-to que conhece e o objeto a ser conhecido.
Amorim (et all, 2005, p. 07) ressalta que,
O conhecimento é uma forma de estar no mundo e o pro-cesso do conhecimento mostra aos seres humanos que eles jamais são alguma coisa pronta na medida em que estão sempre nascendo de novo, quando têm a coragem de se mostrarem abertos diante da realidade.
Essas informações parecem ser complexas, mas acompanhem co-migo a seguinte linha de raciocínio. A partir do momento que produzimos conhecimento e nos utilizamos deste, passamos também a nos posicio-narmos no mundo diante do conhecimento produzido. Sendo assim, co-meçamos a desmistificar essa complexidade, pois, quando entendemos o conhecimento, passamos a entender a nossa própria realidade e nosso sentido de existência no mundo. A ilustração abaixo evidencia como ocor-re a relação entre os seres humanos e a produção do conhecimento.
Produção
Uso
Posicionamento
Conhecimento
Fonte: Própria
Fazer conhecimento implica em estar desprendido de certezas ab-solutas diante da realidade que o cerca e estar disponível para reaprender, aprender a aprender, como também para ressignificar sua própria ca-pacidade na ação do conhecer. Sendo assim, só iremos produzir conheci-
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CAPÍTULO 1
14
mento se desenvolvermos a capacidade de nos observarmos criticamente no mundo para produzirmos conhecimento.
No que diz respeito ao uso do conhecimento, podemos conside-rar que o simples fato de estar no mundo e pertencer a ele faz com que o sujeito vá adequando sua realidade a tudo que já foi produzido e já está pronto. Entretanto, aquele que não estimula sua capacidade de desen-volvimento de novas percepções da realidade, permanecerá na chamada “zona de conforto” no que tange a se relacionar com a realidade empírica.
Todavia, quando o sujeito interage criticamente com a realidade e busca relacionar o fazer e praticar o conhecimento de forma dialética, ele estará se posicionando diante do conhecimento, ou seja, o conhecimento é produzido pelos seres humanos e usufruído em função dos mesmos de acordo com sua necessidade.
1.2 Tipos de conhecimento
Como já vimos no tópico anterior, o conhecimento consiste numa relação entre o sujeito (consciência cognoscente) e o objeto conhecido. O fenômeno do conhecimento envolve múltiplos atos. Um deles é a apre-ensão de sentidos ou a produção de imagens.
Quanto mais complexo for o objeto do conhecimento, mais exten-so será o caminho indutivo ou dedutivo a ser percorrido para se alcançar uma determinada conclusão. Apesar dessa separação metodológica, de-nominamos o raciocínio como “discursivo” em função da mente discorrer, fluir, mover‐se, caminhando do antecedente ao consequente.
Todavia, apesar da forma discursiva do conhecimento racional, cabe contemplar o que tange ao conhecimento intuitivo, ou seja, imediato e sem comparações. A intuição pode ser considerada como uma espécie de co-nhecimento que, pela sua característica de atingir o objeto sem intermedi-ários de comparações, associa-se ao fenômeno do conhecimento sensorial.
Vamos agora distinguir, de forma sistemática, os tipos de conheci-mentos existentes no que se refere ao conhecimento racional.
– Conhecimento popular ou senso comum:Dentre as características do conhecimento popular, também cha-
mado de senso comum, podemos destacar: a subjetividade, estados de
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O CONHECIMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM A CIÊNCIA
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emoções e ânimos, valorativo e sensitivo com base nas vivências, ou seja, o próprio indivíduo é que organiza suas experiências, além de não permi-tir a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos.
– Conhecimento filosófico:Segundo autores clássicos, no sentido da origem da palavra, Filo-
sofia significa “amigo da sabedoria”, sabedoria esta que é experimentada apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância, sentido original do termo, atribuído ao filósofo grego Pitágoras.
O conhecimento filosófico é valorativo, caracterizado pelo esforço da razão pura para poder discernir entre o certo e o errado recorrendo à luz da própria razão humana, ou seja, é sistemático. É válido ressaltar que a Filosofia usa princípios racionais, e tem método próprio. Nesse sentido, a partir do método dedutivo, indaga, assume posições e traça rumos.
– Conhecimento religioso:É o tipo de conhecimento fundamentado na autoridade divina e
só a ela tende, de forma inversa da ciência. Por não se basear na razão, nem buscar fundamentação nos sentidos, o conhecimento religioso é, so-bretudo, um conhecimento inspiracional, portanto, não é verificável. Além disso, é um conhecimento sistemático com base na sequência – origem, significado, finalidade e destino – como obra de um criador divino. Des-se modo, por não ser verificável, está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento que é revelado. Suas principais características são: inspiracional; não verificável; aceitação plena; valorativo; infalível; in-discutível; exato e sistemático.
– Conhecimento científico:O conhecimento científico amplia e aprofunda a representação
da realidade, buscando saber “o porquê das coisas”. Parte de um con-junto sistematizado de conhecimentos sobre um determinado obje-to. As informações e fatos são comprovados por meio da ciência. Suas principais características são: racional; objetivo; factual; transcende os fatos; analítico; claro e preciso; comunicável; verificável; depende de in-vestigação metódica; sistemático; acumulativo; falível; explicativo e útil. (LAKATOS, 2003)
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CAPÍTULO 1
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1.3 Concepções, natureza e dimensões da ciência
Considerada como uma forma peculiar de conhecer o mundo, a ciência produz o saber com base no raciocínio lógico associado à expe-rimentação prática. Apresenta em suas características um conjunto de formas de observação, identificação, investigação, descrição e fundamen-tação teórica de fenômenos. Envolve método científico com base em téc-nicas sistemáticas. Seu principal objetivo não é construir verdades abso-lutas para compreensão da realidade e sim possibilitar um conhecimento provisório que facilite a interação do sujeito com o mundo. (LAKATOS, 2003).
Boaventura de Souza Santos (2008) referencia a natureza da ciên-cia em três paradigmas distintos:
– Paradigma da modernidade: esse paradigma é predominante na realidade atual. Originado das ciências naturais, apresenta uma ra-cionalidade mecanicista, é reducionista, pois considera o homem e o universo como máquinas. Dentre suas características, pode-mos destacar: a ideia de mundo máquina; linguagem matemática como modelo de representação; análise que decompõe o todo em partes; distinção entre conhecimento científico e conhecimento popular (senso comum), entre corpo e mente e entre corpo e es-pírito; possibilidade de descobrir as leis da sociedade, expulsão da intenção.
– A crise do paradigma dominante: esse paradigma destaca que o homem vive num constante momento de revisão sobre o rigor científico fundamentado no rigor matemático e nas formulações de novos paradigmas, por exemplo, em vez da eternidade conside-remos a história; em vez da ordem a desordem; em vez do mecani-cismo a espontaneidade.
– O paradigma emergente: baseia-se na ideia de que todo conhe-cimento pode ser utilizado fora do seu contexto de origem. Tem como premissa a afirmação de que todo conhecimento científico--natural é científico-social, ou seja, o conhecimento científico dia-loga com outras formas de conhecimentos.
De acordo com Boaventura (2008), a ciência vive num movimento de transição da racionalidade ordenada, previsível, quantificável e testá-
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O CONHECIMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM A CIÊNCIA
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vel. Sendo um novo paradigma do senso comum que não perde de vista o global do discurso científico.
Analisando a natureza da ciência, podemos destacar duas dimen-sões – a contextual ou de conteúdo (compreensiva) e a operacional (me-todológica), contemplando aspectos técnicos e lógicos. Vejamos o esque-ma a seguir:
Natureza da Ciência
ConehcCC Investigação Científica TecnologiaConhecimento
científico
Fonte: Imagem adaptada
A ilustração considera a ciência sob três aspectos: o conhecimento científico que engloba um sistema de enunciados previamente estabele-cidos; a investigação científica que é produtora de ideias em prol de busca da verdade; e tecnologia que visa à produção de bens materiais. Dessa maneira, objetiva-se, a partir da natureza da ciência, a descrição, a inter-pretação, a verificação e a explicação de forma mais precisas.
1.4 Características, objetivos e funções da ciência
A palavra ciência é de origem latina “Scientia” que provém de “Scie” que significa “aprender” ou “conhecer”. O conhecimento científico resulta da investigação reflexiva, metódica e sistemática da realidade. Pauta-se em quatro aspectos: social, político, cultural e histórico.
Nas seções anteriores, vimos que o conhecimento científico é falí-vel e provisório. A ciência se ocupa somente em busca da verdade mate-rial, não se atém só as realidades fatuais, transcende a ela. Nesse sentido, as ciências destacam-se por possuírem as seguintes características:
1. Função – aprimoramento da relação do homem e da interação com o seu mundo através do crescente acervo de conhecimentos.
2. Finalidade – inquietação em apontar a característica comum ou leis gerais que conduzem a determinados eventos.
3. Objeto – subdividido em formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material. Material,
Conhecimento científico
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CAPÍTULO 1
18
aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral.
Best (1972) destaca que essas características podem ainda se des-dobrarem da seguinte maneira:
– Procedimento sistematizado – conhecimentos que podem ser co-letados de fontes primárias dando ênfase a novas descobertas.
– Organização quantitativa dos dados – nesta fase o pesquisador não deve emitir juízo de valor, os dados devem ser expressos, quando possível, com medidas numéricas, pois as descobertas significati-vas resultam de procedimentos minuciosos.
– Exploração técnica e sistemática – com base nos conhecimentos teóricos prévios adquiridos, deve-se planejar cuidadosamente o método a ser utilizado, formular a pergunta de partida (problema da pesquisa a ser investigado), registrar e analisar os dados siste-maticamente. Fiquem atentos também aos instrumentos de coleta de dados a serem utilizados durante a investigação.
– Relato e registro detalhados da pesquisa – apontar a metodologia e referências definidas, as limitações, e os resultados com objetivi-dade.
Com base nas características apresentadas, após o delineamen-to dos objetivos da investigação, cabe à ciência realizar três funções que caminham juntas, a saber: descrever, explicar e prever os dados que per-meiam a realidade estudada. Além disso, deve proporcionar: aumento e melhoria do conhecimento, descoberta de fatos e fenômenos, aproveita-mento espiritual e material do conhecimento, estabelecimento de moda-lidades de controle sobre a natureza. (FERRARI, 1982)
Sendo assim, podemos perceber que os objetivos e funções das ciências são determinados em função da necessidade que o homem tem de compreender e controlar a natureza das coisas e do universo.
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QUADRO ESQUEMÁTICO
Formas de conhecimento
InterpretaçãoConstrução
ObjetoRepresentaçãoSujeito
Expressão Simbolização
Posicionamento
Tipos de Conhecimentos
Religioso
Popular / Senso Comum
Filosófico
Científico
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QUADRO RESUMO
Palavras-chave Descrição
Aprender a aprender
Processo dialético de construção e ressignificação. O indi-víduo precisa compreender seu papel em uma sociedade com tantas desigualdades e deve saber que essa sociedade exige dele um desempenho ético.
CiênciaA palavra ciência vem do latim “scientia” que quer dizer conhecimento, saber. É o conjunto de conhecimentos fun-dados sobre os princípios certos.
Conhecimento humanoConhecimento é o ato ou efeito de conhecer, é ter ideia ou a noção de alguma coisa. É o saber, a instrução e a informação.
Consciência cognoscenteÉ o que possui a capacidade de conhecer. Segundo a teoria do conhecimento, a consciência cognoscente lê os concei-tos na experiência.
Dialética
É uma palavra com origem no termo em grego dialektiké e significa a arte do diálogo, a arte de debater, de persuadir ou raciocinar. Dialética é um debate em que há ideias diferentes, sobre as quais um posicionamento é defendido e contradito logo depois.
Metodologia científica
É o estudo dos métodos ou dos instrumentos necessários para a elaboração de um trabalho científico. É o conjunto de técnicas e processos empregados para a pesquisa e a formulação de uma produção científica. A metodologia é o estudo dos métodos, especialmente dos métodos das ciências.
Método dedutivo
É um método científico que considera que a conclusão está implícita nas premissas. Por conseguinte, supõe que as con-clusões seguem necessariamente as premissas: se o raciocí-nio dedutivo for válido e as premissas forem verdadeiras, a conclusão não pode ser mais nada senão verdadeira.
Método indutivo
É o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte de dados particulares da experiência sensível.
Paradigma
Etimologicamente, este termo tem origem no grego para-deigma que significa modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites.
PesquisaConjunto de atividades que têm por finalidade a desco-berta de novos conhecimentos. Investigação ou indagação minuciosa.
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QUESTÕES COMENTADAS
1. (PROFISSIONAL NÍVEL SUPERIOR – COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO – CESPE – 2006) Quanto à metodologia da pesquisa científica, julgue o item a seguir. O método científico pressupõe o uso de procedimentos para produção de conhecimento e a adoção de critérios capazes de garantir a distinção entre o conhecimento verdadeiro e o falso.
C. CertoE. Errado
GRAU DE DIFICULDADE
Assertiva: CORRETA. Método científico é o conjunto de etapas, ordena-damente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estu-do de uma ciência, ou para alcançar um determinado fim.
2. (ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO – TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – CESPE –2005) Com relação aos conceitos de pesquisa e à metodologia da pesquisa cien-tífica, julgue os itens a seguir. Pesquisa é um procedimento reflexivo, sis-temático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou obter dados, encontrar soluções ou estabelecer leis, em qualquer área do co-nhecimento; é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método científico.
C. CertoE. Errado
GRAU DE DIFICULDADE
Assertiva: CORRETA. Pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa científica é desenvolvida mediante o concurso de conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técni-cas de investigação científica, envolvendo inúmeras fases desde a formu-lação do problema até a mensuração dos resultados.
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QUESTÕES COMENTADAS
3. (ASSISTENTE SOCIAL – DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL/RS – FCC – 2017) Na perspectiva positiva é por meio do método científico que se organiza a investigação de um determinado fenômeno social, pois utiliza-se uma abordagem tanto dos fenômenos da natureza, quanto dos fenômenos da sociedade. Para a constatação de um fenômeno particular à luz de teorias gerais é utilizado o método
Ⓐ Indutivo. Ⓑ Dedutivo. Ⓒ Hipotético. Ⓓ Dialético. Ⓔ Hipotético-dedutivo.
GRAU DE DIFICULDADE
Alternativa A: CORRETA. Método indutivo ou indução é o processo men-tal que, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal não contida nas partes exami-nadas. O método indutivo realiza-se em três etapas: a observação dos fe-nômenos, a descoberta da relação entre eles e a generalização da relação. Portanto, a alternativa A está correta.Alternativa B: INCORRETA. Esta é uma alternativa incorreta, pois o mé-todo indutivo parte de casos específicos para tentar chegar a uma regra geral. É válido ressaltar que o método indutivo leva a uma generalização indevida dos casos específicos, que nem sempre podem ser considerados verdades. Isto não ocorre no método dedutivo, pois ele utiliza o processo das premissas para chegar à conclusão.Alternativa C: INCORRETA. De início, a alternativa já se apresenta de forma incompleta, pois a expressão correta seria método hipotético-de-dutivo. A pesquisa com abordagem hipotético-dedutiva inicia-se com a descoberta de um problema e sua descrição clara e precisa para facilitar a obtenção de um modelo simplificado, e a identificação de outros conheci-mentos e instrumentos relevantes ao problema, que auxiliarão o pesqui-sador em seu trabalho. Desta forma, a alternativa é incorreta.Alternativa D: INCORRETA. Esta alternativa é incorreta, pois o método dialético, por sua vez, parte da premissa de que, na natureza, tudo se rela-
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QUESTÕES COMENTADAS
ciona, se transforma e há sempre uma contradição inerente a cada fenô-meno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, rela-ções e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança.Alternativa E: INCORRETA. O método hipotético-dedutivo, também co-nhecido como método de tentativas e eliminação de erros, é formado por três etapas: problema - formulação de uma ou mais hipóteses a partir das teorias existentes, solução - dedução de consequências na forma de pro-posições, e testes de falseamento - tentativas de refutação ou aceitação das hipóteses. É um método de tentativas e eliminação de erros que não leva à certeza, pois o conhecimento absolutamente certo e demonstrável não é alcançado. Sendo assim, esta alternativa é incorreta.
4. (ANALISTA JUDICIÁRIO - SERVIÇO SOCIAL – TRT/MG – FCC – 2009) Um dos pressupostos que fundamentam o uso de metodologias qualita-tivas de pesquisa é
Ⓐ a ênfase no número de pessoas que vai prestar a informação. Ⓑ o diálogo crítico e criativo com a realidade. Ⓒ a necessidade de interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Ⓓ o modelo experimental e investigativo. Ⓔ o reconhecimento da importância de se conhecer a experiência social
do sujeito.
GRAU DE DIFICULDADE
Alternativas A: INCORRETA. As metodologias qualitativas preocupam-se com a qualidade das informações e respostas, ficando a cargo das meto-dologias quantitativas a ênfase no número de pessoas que vai prestar a informação. Assim, a alternativa está incorreta.Alternativa B: INCORRETA. As metodologias qualitativas buscam parti-cularidades, descrevem os significados e as descobertas, e o raciocínio é dialético e indutivo. Sendo assim, a alternativa está incorreta.Alternativa C: INCORRETA. Dentre os pressupostos que fundamentam a metodologia qualitativa, a necessidade de interação se dá entre pessoas e o objeto do conhecimento. Portanto, a alternativa está incorreta.
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QUESTÕES COMENTADAS
Alternativa D: INCORRETA. Com base nos pressupostos que fundamen-tam as metodologias qualitativas, podemos constatar que o tipo de meto-dologia descrita na alternativa desenvolve a teoria, enquanto a metodo-logia qualitativa testa as teorias através de experimentos possibilitando análises estatísticas. Destarte, a alternativa está incorreta.Alternativa E: CORRETA. Alguns pressupostos que fundamentam o uso de metodologias qualitativas de pesquisa: o reconhecimento da singula-ridade do sujeito, o reconhecimento da importância de conhecer a expe-riência social do sujeito e o reconhecimento de que conhecer o modo de vida do sujeito pressupõe o conhecimento de sua experiência social. As-sim sendo, a alternativa está correta.
5. (ANALISTA JUDICIÁRIO - SERVIÇO SOCIAL – TRIBUNAL DE JUSTIÇA/DF – CESPE – 2008) No processo de planejamento de pesquisa, entre os procedimentos bá-sicos, encontra-se a formulação do problema e construção de hipótese, tendo esta a finalidade de responder ao problema proposto.
C. CertoE. Errado
GRAU DE DIFICULDADE
Assertiva: CORRETA. O planejamento da pesquisa é a primeira das três etapas da pesquisa (planejamento, execução e divulgação). A pesquisa científica é uma ação planejada que envolve a formulação de problema (claramente elaborado), a especificação de seus objetivos (bem determi-nados), uma justificativa para a sua realização, a construção de hipóteses e a operacionalização dos conceitos (modalidade de pesquisa, os procedi-mentos de coleta e análise dos dados), entre outros.
6. (ANALISTA JUDICIÁRIO - SERVIÇO SOCIAL – TRIBUNAL DE JUSTIÇA/DF – CESPE – 2008) O pesquisador que adota a perspectiva dialética deve levar em considera-ção a especificidade da vida humana, que está sujeita a mudanças, trans-
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QUESTÕES COMENTADAS
formações, podendo ser reconstruída, pois nela nada é totalmente dado, eterno, fixo e absoluto.
C. CertoE. Errado
GRAU DE DIFICULDADE
Assertiva: CORRETA. A perspectiva dialética consiste em uma forma de filosofar que pretende chegar à verdade através da contraposição e recon-ciliação de contradições. A dialética propõe um método de pensamento que é baseado nas contradições entre a unidade e multiplicidade, o sin-gular e o universal, e o movimento da imobilidade. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança.
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