Manual de tratamento e reabilitacao nutricional Volume II ...pdf.usaid.gov/pdf_docs/PA00N474.pdf · do manual de tratamento e ... 8.5 cuidados nutricionais especiais para mulheres

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  • Ficha Tcnica

    Ttulo

    Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II: Adolescentes e Adultos 15 anos

    As directrizes foram traduzidas e adaptadas das seguintes recomendaes cientficas e prticas mundialmente

    reconhecidas:

    WHO. 1995. WHO Expert Committee on Physical Status: the Use and Interpretation of Anthropometry.

    Geneva: WHO.

    WHO. 1999. Management of Severe Malnutrition: A Manual for Physicians and Other Senior Health

    Workers. Geneva: WHO.

    WHO. 2013. Guideline: Updates on the Management of Severe Acute Malnutrition in Infants and Children.

    Geneva: WHO.

    WHO. 2003. Guidelines for the Inpatient Treatment of Severely Malnourished Children. Geneva: WHO.

    ACF. 2006. Adult Malnutrition in Emergencies: An Overview of Diagnosis and Treatment. France: Technical

    and Research Department.

    Ministry of Health. 2011. Nutrition Guidelines for Care and Support of People Living with HIV and AIDS.

    Zambia: MOH

    Inter-Agency Standing Committees Nutrition Cluster & Nutrition Working Group of the Somalia Support

    Secretariat. 2009. Management of Moderate Acute Malnutrition: Guidelines. Somlia.

    FANTA. 2010. Generic Guidelines for Community-based Management of Severe Acute Malnutrition.

    Washington, DC: FANTA-2.

    Outras:

    Ministrio da Sade. 2009/2010. Guia de Tratamento Antiretroviral e Infeces Oportunistas no Adulto,

    Adolescente e Grvida. Moambique: DNAM.

    Ministrio da Sade. 2011. Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume I. Moambique:

    Departamento de Nutrio.

    Traduo e adaptao:

    Marla Amaro, Edna Possolo e Yara Ngovene (MISAU, Departamento de Nutrio)

    Stlio Gilton de Helena Albino, Tina Lloren, Arlindo Machava, Dulce Nhassico, Tamra Ramos, Melanie Remane,

    Rahima Sacur, Alejandro Soto, Alison Tumilowicz, Monica Woldt (FHI 360/FANTA)

    Snia Khan e Maaike Arts (UNICEF)

    Ndia Osman (PMA)

    Coordenao e Edio:

    MISAU, Direco Nacional de Sade Pblica, Departamento de Nutrio.

    Agradecemos, pelo seu valioso contributo, aos mdicos, enfermeiros e nutricionistas que apoiaram na reviso

    do Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II: Tamara Ramos (USAID/Mozambique), Maria

    Pinto (USAID/Mozambique), Jlia Nhacule (IYCN), Isabelle Yersin (ICAP), Silvia Matitimel Mikusova (EGPAF),

    Nehaben Ramanlal (EGPAF), Eduarda Gusmo (ICAP), Alejandro Soto (FHI 360/FANTA), Lgia Guilovia (FH),

    Maria Viola Violante (ICAP), Hemlaxmi Natalal (FHI 360), Paula Vilaa (FHI 360), Arlindo Machava (MISAU, DEP.

    Nutrio).

    Lay-out:

    FHI 360/FANTA, USAID/Moambique

    Fotos:

    Cortesia do Ministrio da Sade

    Ministrio da Sade, Departamento de Nutrio, Junho 2017

  • Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II

    ndice

    PREFCIO ........................................................................................................................................... I

    LISTA DE ABREVIATURAS E ACRNIMOS ............................................................................................. II

    CAPTULO 1: VISO GLOBAL DO PROGRAMA DE REABILITAO NUTRICIONAL ..................................... 1 1.1 INTRODUO ............................................................................................................................................ 1 1.2 CLASSIFICAO DO ESTADO NUTRICIONAL ...................................................................................................... 1 1.3 COMPONENTES DO PROGRAMA DE REABILITAO NUTRICIONAL ....................................................................... 2

    CAPTULO 2: PROCEDIMENTOS NA ADMISSO NO PROGRAMA DE REABILITAO NUTRICIONAL ......... 8 2.1 PROCEDIMENTOS NA ADMISSO AO PRN NA UNIDADE SANITRIA ..................................................................... 8 2.2 AVALIAO DO ESTADO NUTRICIONAL .........................................................................................................12 2.3 AVALIAO CLNICA .................................................................................................................................30 2.4 AVALIAO LABORATORIAL ........................................................................................................................32

    CAPTULO 3: TRATAMENTO DA DESNUTRIO NO INTERNAMENTO (TDI) .......................................... 33 3.1 INTRODUO ..........................................................................................................................................33 3.2 ABORDAGEM DAS COMPLICAES MDICAS EM DOENTES INTERNADOS .............................................................33 3.3 TRATAMENTO DE ROTINA PARA PACIENTES NO INTERNAMENTO ........................................................................35 3.4 TRATAMENTO NUTRICIONAL NO INTERNAMENTO DOS ADOLESCENTES E ADULTOS, INCLUNDO MULHERES GRVIDAS

    E LACTANTES AT AOS 6 MESES APS O PARTO, COM DAG ..............................................................................35 3.5 CRITRIOS DE ALTA DO TRATAMENTO DA DESNUTRIO NO INTERNAMENTO ......................................................44

    CAPTULO 4: TRATAMENTO DA DESNUTRIO EM AMBULATRIO (TDA) PARA PACIENTES COM DAG SEM COMPLICAES MEDICAS................................................................................................................. 46

    4.1 INTRODUO ..........................................................................................................................................46 4.2 TRATAMENTO NUTRICIONAL PARA PACIENTES COM DAG SEM COMPLICAES MDICAS .......................................47 4.3 MONITORIA INDIVIDUAL DURANTE AS CONSULTAS DE SEGUIMENTO NA UNIDADE SANITRIA .................................48 4.4. CRITRIOS CLNICOS PARA SE REFERIR O PACIENTE DO TDA PARA O TDI ............................................................49 4.5 CRITRIOS PARA PASSAR DO REGIME DE TRATAMENTO DA DAG AO DAM ..........................................................50

    CAPTULO 5: PROTOCOLO PARA DOENTES COM DAM ....................................................................... 52 5.1 TRATAMENTO DA DAM ............................................................................................................................52 5.2 ORIENTAO SOBRE AS PRIORIDADES A DAR AOS PACIENTES NUMA SITUAO EM QUE OS PRODUTOS NUTRICIONAIS

    TERAPUTICOS NO ESTEJAM DISPONVEIS EM QUANTIDADE SUFICIENTE ............................................................56 5.3 MENSAGENS PARA PACIENTES COM DAM ...................................................................................................57 5.4 CRITRIOS DE ALTA PARA PACIENTES COM DAM ...........................................................................................58

    CAPTULO 6: NUTRIO E O HIV ....................................................................................................... 59 6.1 INTRODUO ..........................................................................................................................................59 6.2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS PARA PESSOAS VIVENDO COM HIV .....................................................................60 6.3 ALIMENTAO PARA PESSOAS COM HIV ......................................................................................................61 6.4 MANEJO NUTRICIONAL DAS COMPLICAES RELACIONADAS AO HIV .................................................................62 6.5 MEDICAMENTOS E ALIMENTAO ..............................................................................................................65 6.6 MANEJO DA TOXICIDADE DA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL ATRVES DA DIETA .......................................................68

    CAPTULO 7: MOBILIZAO COMUNITRIA ....................................................................................... 70 7.1 ELEMENTOS-CHAVE DE MOBILIZAO COMUNITRIA .....................................................................................70 7.2 MENSAGENS-CHAVE DURANTE AS VISITAS DOMICILIRIAS DE SEGUIMENTO ........................................................72

    CAPTULO 8: EDUCAO NUTRICIONAL ............................................................................................. 74 8.1 ACTIVIDADES EDUCATIVAS SOBRE SADE, ALIMENTAO, E NUTRIO .............................................................74 8.2 ALIMENTAO EQUILIBRADA PARA A FAMLIA ...............................................................................................76 8.3 ALIMENTAO E CUIDADOS ESPECIAIS PARA ADOLESCENTES E ADULTOS PORTADORES DE HIV E/OU TB ...................78 8.4 ALIMENTAO E CUIDADOS DE SADE DA MULHER GRVIDA E LACTANTE ...........................................................79

  • Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II

    8.5 CUIDADOS NUTRICIONAIS ESPECIAIS PARA MULHERES GRVIDAS E LACTANTES SEROPOSITIVAS ...............................80 8.6 IMPORTNCIA DAS HORTAS FAMILIARES .......................................................................................................81

    CAPTULO 9: MONITORIA E AVALIAO ............................................................................................ 82 9.1 VISO GERAL DA MONITORIA E AVALIAO ...................................................................................................82 9.2 PRINCIPAIS INDICADORES DO PRN ..............................................................................................................82 9.3 PRINCIPAIS FONTES DE DADOS NO PRN .......................................................................................................85

    CAPTULO 10: PLANIFICAO E LOGSTICA ........................................................................................ 87 10.1 INTRODUO ......................................................................................................................................87 10.2 RESPONSABILIDADE DOS VRIOS SECTORES ...............................................................................................87 10.2 CICLO LOGSTICO E SUAS ACTIVIDADES ......................................................................................................89 10.3 ABASTECIMENTO COMPLETO VERSUS ABASTECIMENTO NO COMPLETO .........................................................89 10.4 PLANO DE PRODUTOS USADOS NO TRATAMENTO DA DESNUTRIO ...............................................................90 10.5 GESTO CORRENTE DE PRODUTOS NUTRICIONAIS TERAPUTICOS ..................................................................90 10.6 DADOS DE CONSUMO DOS PRODUTOS NUTRICIONAIS TERAPUTICOS .............................................................91

    ANEXOS ........................................................................................................................................... 92 ANEXO 2.1 INSTRUES PARA A RODA DO CLCULO DO IMC E IMC-PARA-IDADE ..................................................93 ANEXO 2.2 TABELA DE IMC PARA ADOLESCENTES DOS 1518 ANOS ...................................................................96 ANEXO 2.3 TABELA DE DP DO IMC/IDADE PARA ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO ............................................100 ANEXO 2.4 TABELA DE DP DO IMC/IDADE PARA ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO .........................................101 ANEXO 2.5 TABELA DE IMC PARA ADULTOS 19 ANOS, EXCLUINDO GRVIDAS E LACTANTES .................................102 ANEXO 2.6 INSTRUES PARA ARREDONDAR NMEROS E IDADES......................................................................104 ANEXO 3.1 PREPARAO DE LEITES TERAPUTICOS COM OS NOVOS PACOTES E OS PACOTES ANTIGOS DE F75 E F100 .106 ANEXO 3.2 RECEITAS ALTERNATIVAS PARA PREPARAR F75, F100 E RESOMAL USANDO MISTURA DE VITAMINAS

    E MINERAIS ..............................................................................................................................108 ANEXO 3.3 INFORMAO NUTRICIONAL DOS PRODUTOS TERAPUTICOS USADOS NO PRN .....................................112 ANEXO 9.1 FICHA DE REFERNCIA DA COMUNIDADE PARA A UNIDADE SANITRIA ................................................116 ANEXO 9.2 MULTI-CARTO PARA O TRATAMENTO DA DESNUTRIO AGUDA GRAVE NO INTERNAMENTO ................117 ANEXO 9.3 LIVRO DE REGISTO DO PRN PARA PACIENTES 15 ANOS ..................................................................118 ANEXO 9.4 RESUMO MENSAL DO PRN PARA PACIENTES 15 ANOS ..................................................................122 ANEXO 9.5 CARTO DO DOENTE DESNUTRIDO ...............................................................................................124 ANEXO 10.1 FICHA DE REGISTO DIRIO DE RECEITAS DE PRODUTOS NUTRICIONAIS TERAPUTICOS ...........................126 ANEXO 10.2 FICHA DE CONTROLO DIRIO DE STOCK .........................................................................................127 ANEXO 10.3 RESUMO MENSAL DOS PRODUTOS NUTRICIONAIS TERAPUTICOS PARA O TRATAMENTO DA DESNUTRIO

    AGUDA ....................................................................................................................................128

  • Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II

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    Prefcio

    A manuteno de um estado nutricional adequado um direito humano fundamental, sendo tambm

    um pr-requisito para o desenvolvimento econmico de um Pas.

    Nos pases subdesenvolvidos como Moambique, as crianas so as mais afectadas pela desnutrio

    aguda. Contudo, com o surgimento da pandemia do HIV e Tuberculose, adultos j tm sido

    frequentemente identificados como tendo desnutrio e com necessidade de tratamento.

    A relao entre o HIV e a desnutrio bidireccional e multifacetada. O HIV pode causar ou agravar a

    desnutrio devido ao aumento das necessidades energticas, reduo da ingesto de alimentos e

    comprometimento da absoro de nutrientes. A desnutrio, por sua vez, enfraquece ainda mais o

    sistema imunitrio, aumentando a susceptibilidade s infeces e agravando o impacto da doena.

    Nos pacientes em terapia anti-retroviral (TARV), a m alimentao pode tambm agravar os distrbios

    intestinais e metablicos, levando diminuio da adeso ao tratamento e aumentando a morbilidade.

    O Programa de Reabilitao Nutricional engloba cinco componentes, nomeadamente: Envolvimento

    Comunitrio, Tratamento da Desnutrio em Internamento, Tratamento da Desnutrio em

    Ambulatrio para desnutrio aguda grave sem complicaes mdicas e desnutrio aguda moderada, e Educao Nutricional com Demonstraes Culinrias.

    Este Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional foi desenvolvido com o propsito de se

    proporcionar aos doentes um tratamento de qualidade, de acordo com padres internacionais e

    actualizados, e, ao mesmo tempo, disponibilizar aos tcnicos de sade de uma ferramenta baseada

    em evidncias cientficas e prticas. O Manual foi cuidadosamente preparado por profissionais de

    sade com bastante experincia no tratamento da desnutrio aguda e dirigido aos Profissionais de

    Sade, aos Responsveis dos Servios de Reabilitao Nutricional e aos Gestores de Programas de

    Nutrio.

    As orientaes para o Tratamento e Reabilitao Nutricional aqui apresentadas, devero ser seguidas

    e implementadas correctamente nas suas diferentes fases (Estabilizao, Transio, Reabilitao e

    Acompanhamento), como forma de assegurar uma recuperao mais rpida e efectiva e a reduo

    dos custos dos cuidados de sade hospitalares. Aps o tratamento hospitalar, as Unidades de

    Reabilitao Nutricional tm um papel importante a desempenhar de modo a assegurar a

    manuteno do estado nutricional do doente j reabilitado, e evitar a sua recada. No nosso Pas,

    queremos e podemos reduzir os nveis de mortalidade por desnutrio aguda grave atravs da

    implementao deste protocolo.

    O Ministro da Sade

    Dr. Alexandre Manguele

    Maputo, Fevereiro 2013

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    Lista de abreviaturas e acrnimos

    ACS Activista Comunitrio de Sade

    ADN Acido Desoxirribonucleico

    AIDNI Ateno Integrada s Doenas Neonatais e da Infncia

    AME Aleitamento Materno Exclusivo

    APE Agente Polivalente Elementar

    ARV Antiretroviral

    ASPU Alimento Teraputico Pronto para Uso, mais conhecido por Plumpysup

    ATPU Alimento Teraputico Pronto para Uso, mais conhecido por Plumpynut

    ATS Aconselhamento e Testagem em Sade

    BP-5 Bolachas fortificadas [do Ingls fortified high-energy biscuit]

    CD4 Clulas de defesa imunitria do tipo T alvos do Vrus da Imunodeficincia Humana

    CE Consulta Externa

    CMV Mistura de vitaminas e minerais [do Ingls Combined Mineral and Vitamin Complex]

    CS Centro de Sade

    CSB Plus Mistura de milho e soja enriquecida com vitaminas e minerais [do Ingls Corn-Soya Blend Plus]

    DAG Desnutrio Aguda Grave

    DAM Desnutrio Aguda Moderada

    DP Desvio Padro

    DPS Direco Provincial de Sade

    EV Endovenosa

    F100 Leite teraputico usado na fase de transio e fase de reabilitao do tratamento da desnutrio aguda grave

    F75 Leite teraputico usado na fase de estabilizao do tratamento da desnutrio aguda grave

    GAV Grupo de Avaliao da Vulnerabilidade

    HIV Vrus de Imunodeficincia Humana

    IEC Informao, educao e comunicao

    IM Intra-muscular

    IMC ndice de Massa Corporal

    IMC/Idade ndice de Massa Corporal-para-Idade

    INAS Instituto Nacional de Aco Social

    ITS Infeces Transmitidas Sexualmente

    Kcal Kilocalorias

    MAE Mistura Alimentcia Enriquecida, mais conhecida por CSB Plus

    MISAU Ministrio da Sade

    NRG-5 Bolachas fortificadas [do Ingls fortified high-energy biscuit]

    OMS/WHO Organizao Mundial da Sade/World Health Organization

  • Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II

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    ONG Organizao No Governamental

    PB Permetro Braquial

    PMA Programa Mundial de Alimentao

    PRN Programa de Reabilitao Nutricional

    PTV Preveno de Transmisso Vertical (do HIV)

    ReSoMal Soluo de Reidratao Oral para Doentes Gravemente Desnutridos [do Ingls Oral REhydration SOlution for severely MALnourished patients]

    SDSMAS Servios Distritais de Sade, Mulher e Aco Social

    SNC Sistema Nervoso Central

    SNG Sonda Naso-Gstrica

    SRO Soluo de Reidratao Oral

    TARV Tratamento Antiretroviral

    TB Tuberculose

    TDA Tratamento da Desnutrio em Ambulatrio

    TDI Tratamento da Desnutrio no Internamento

    UI Unidade Internacional

    URN Unidade de Reabilitao Nutricional

    US Unidade Sanitria

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    Captulo 1: Viso Global do Programa

    de Reabilitao Nutricional 1.

    1.1 Introduo

    Nos pases subdesenvolvidos as crianas so as mais afectadas pela desnutrio. Contudo, com o

    surgimento da pandemia do HIV, adultos j tm sido frequentemente identificados com desnutrio

    aguda e necessitando de tratamento. Portanto, os nutricionistas e outro pessoal de sade devem estar

    preparados para responder a problemas especficos resultantes do diagnstico e tratamento da

    desnutrio aguda em pacientes adultos, como resultado, principalmente, da infeco pelo HIV.

    As consequncias da desnutrio aguda na populao adulta incluem comprometimento do sistema

    imune com consequente aumento do risco de infeces; gravidez com resultados insatisfatrios

    (aumento da incidncia de partos pr-termo, recm-nascidos com baixo peso nascena, morte fetal

    intra-uterina, abortos, etc.); fadiga associada a reduo da fora muscular; comprometimento do

    processo de cicatrizao e recuperao retardada dos estados patolgicos; comprometimento do

    processo de termoregulao, com consequente aumento da predisposio a hipotermia durante

    quadros infecciosos; diminuio da fertilidade e da lbido; apatia, depresso e perda da auto-estima.

    A maior parte das mortes relacionadas com desnutrio aguda e que so evitveis nas crianas atravs

    de intervenes nutricionais efectivas, podem ser igualmente evitveis na populao adulta. Estas

    intervenes podero reduzir o impacto negativo que a mortalidade por desnutrio traz a nvel

    individual, social e econmico, como por exemplo, prevenindo o aumento do nmero de orfos.

    Tendo sido abordado o protocolo de tratamento e reabilitao de crianas dos 0 aos 14 anos com

    desnutrio aguda no Volume I do Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional, no presente

    Volume, se abordam os passos e procedimentos para o tratamento de pacientes com idade igual ou

    superior a 15 anos, incluindo mulheres grvidas e lactantes diagnosticados com desnutrio aguda

    (moderada ou grave), num Hospital, num Centro de Sade, numa Unidade de Reabilitao Nutricional

    (URN) (ex. centros de emergncia), ou em qualquer outra Unidade que oferea cuidados de sade. O

    Manual apresenta tambm alguns pontos-chave para o envolvimento das comunidades, de modo a

    que possam ajudar na identificao e seguimento destes pacientes.

    Dependendo da gravidade da desnutrio aguda, o tratamento pode ser feito em regime de

    ambulatrio, no Tratamento da Desnutrio no Ambulatrio (TDA); ou em regime de internamento, no

    Tratamento da Desnutrio no Internamento (TDI). O TDA deve ser integrado nos programas e redes

    comunitrias j existentes. O sucesso do mesmo depende muito da existncia de estruturas

    comunitrias fiveis e bem estabelecidas. Deste modo, deve-se garantir a participao activa da

    comunidade na identificao e referncia precoce dos casos de desnutrio, bem como a existncia

    de uma cooperao estreita entre as estruturas comunitrias e as Unidades de Sade.

    1.2 Classificao do estado nutricional

    O estado nutricional ptimo de um indivduo reflectido pela manuteno dos processos vitais de

    sobrevivncia, desenvolvimento e actividade fsica. Qualquer desvio do estado nutricional ptimo

    resulta em distrbios nutricionais referidos como malnutrio.

    Malnutrio o estado patolgico resultante tanto da deficiente ingesto e/ou absoro de nutrientes

    pelo organismo (desnutrio) bem como da excessiva ingesto e/ou absoro de nutrientes

    (sobrenutrio), em relao s necessidades nutricionais do individuo.

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    As diferentes formas de desnutrio que podem aparecer isoladas ou em combinao incluem:

    Desnutrio aguda, que caracterizada por um rpida deteriorao do estado nutricional

    durante um curto perodo de tempo e/ou edema bilateral. Existem diferentes nveis de

    gravidade de desnutrio aguda: desnutrio aguda moderada (DAM) e desnutrio aguda

    grave (DAG).

    Desnutrio crnica, que caracterizada por falta de crescimento em crianas menores de 5

    anos, e que se desenvolve durante um longo perodo de tempo. A nutrio inadequada sobre

    longos perodos de tempo, incluindo m nutrio durante a gravidez, practicas inadecuadas

    de alimentao infantil, e/ou infeces repetidas, podem levar baixa estatura para idade em

    crianas, com impactos fsicos e cognitivos que na maioria deles so considerados

    irreversveis.

    Deficincia de micronutrientes, que causada por uma falta de ingesto, absoro, ou a

    utilizao de uma ou mais vitaminas ou minerais, e que incluem mais comumente as

    deficincias de ferro, zinco vitamina A, iodo, e das vitaminas do complexo B.

    A desnutrio aguda nos adolescentes e adultos usualmente causada pelo aparecimento de uma

    enfermidade que resulta na perda de peso num perodo recente e/ou aparecimento de edema bilateral.

    A desnutrio aguda em adultos est comumente associada ao HIV e Tuberculose.

    A desnutrio aguda grave manifesta-se atravs das seguintes condies clnicas:

    Emagrecimento grave (denominado marasmo)

    Desnutrio edematosa (denominada kwashiorkor em crianas, acompanhada de edema

    bilateral)

    De acordo com a condio clnica, a desnutrio aguda pode ser classificada em ligeira, moderada ou

    grave. O actual volume deste Manual contm protocolos para o tratamento de adolescentes e adultos,

    inclundo mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto, com idade igual ou superior a

    15 anos, com desnutrio aguda grave e moderada.

    1.3 Componentes do Programa de Reabilitao Nutricional

    De forma a assegurar um tratamento e reabilitao nutricional eficientes dos casos de desnutrio

    aguda, o Ministrio da Sade estabeleceu o Programa de Reabilitao Nutricional (PRN). O PRN

    constitdo por quatro componentes, nomeadamente:

    Envolvimento comunitrio

    Tratamento da Desnutrio no Internamento (TDI)

    Tratamento da Desnutrio no Ambulatrio (TDA)

    Educao nutricional e demonstraes culinrias

    O Manual prev que os Activistas Comunitrios de Sade (ACSs) e Agentes Polivalentes Elementares

    (APEs) faam a triagem da desnutrio aguda na comunidade, avaliando a presena de edema

    bilateral e medindo o Permetro Braquial (PB) dos adolescentes e adultos, incluindo mulheres grvidas

    e lactantes at aos 6 meses aps o parto. De seguida os pacientes detectados ou suspeitos devero

    ser referidos a uma Unidade Sanitria para confirmao do diagnstico, tratamento e seguimento. O

    manejo de casos de desnutrio aguda dentro do Servio Nacional de Sade comea na rede primria,

    isto , nos Centros de Sade (consultas pr-natais e consultas ps-parto, consultas de doenas

    crnicas, e consultas de adolescentes e adultos no geral).

    A Figura 1.1 mostra o resumo dos critrios clnicos e dos indicadores nutricionais usados para a

    classificao dos nveis de desnutrio aguda, o respectivo tratamento e seguimento a ser dado,

    quando o ATPU estiver disponvel para todos os grupos etrios.

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    A Figura 1.2 mostra o resumo dos critrios clnicos e dos indicadores nutricionais usados para a

    classificao dos nveis de desnutrio aguda, o respectivo tratamento e seguimento a ser dado,

    enquanto no existir um abastecimento nacional de ATPU para todos grupos etrios.

    Quando o ATPU estiver disponvel para todos os grupos etrios, os adolescentes e adultos internados

    para tratamento podero passar para o tratamento em ambulatrio logo que as complicaes mdicas

    estiverem resolvidas, tiverem recuperado o apetite, e o edema bilateral tiver desaparecido.

    Quando o ATPU estiver disponvel em Moambique para todos os grupos etrios, os adolescentes e

    adultos com DAG sem complicaes podero ser admitidos directamente no TDA, com um seguimento

    semanal na Unidade de Reabilitao Nutricional ou uma unidade hospitalar que faa tratamento para

    desnutrio aguda (Centro de Sade ou Hospital).

    Os adolescentes e adultos que receberem tratamento para DAG no TDI ou no TDA podero passar

    para o tratamento da DAM em ambulatrio desde que atinjam os critrios antropomtricos de DAM e

    o seu estado clnico esteja estvel.

    Adolescentes e adultos com DAM que sejam HIV/TB positivos e/ou grvidas e lactantes at aos 6

    meses aps o parto devem ser referidos para fazer tratamento da desnutrio no ambulatrio. A estes

    pacientes deve-se dar o Alimento Suplementar Pronto para Uso (ASPU), mais conhecido por

    Plumpysup, como a recomendao primria; ou a Mistura Alimentcia Enriquecida (MAE) (por

    exemplo CSB Plus, uma mistura de milho e soja enriquecida com vitaminas e minerais) como a

    primeira alternativa1; ou Alimento Terapeutico Pronto para o Uso (ATPU) como a segunda alternativa.

    Para todos os pacientes com DAG e DAM, deve-se reforar as sesses de educao nutricional feitas,

    de modo a que os doentes com critrios de admisso ao program de reabilitao nutricional no

    ambulatrio possam aumentar a quantidade e qualidade das suas refeies, e impedir que o seu

    estado nutricional se agrave2.

    1.3.1 Grupos de pacientes nutricionalmente mais vulnerveis

    A categorizao dos grupos de pessoas nutricionalmente mais vulneravis feita de acordo com a sua

    vulnerabilidade fisiolgica. Neste grupo se encontram os seguintes:

    Mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto

    Uma boa nutrio materna vital para a sobrevivncia e bem estar da me assim como do

    feto/criana em desenvolvimento. Mulheres grvidas e lactantes esto em maior risco de

    desnutrio pois as suas necessidades nutricionais so aumentadas para promover um

    adequado ganho de peso, desenvolvimento fetal, e produo do leite.

    Pacientess cronicamente doentes, como aqueles vivendo com HIV ou com Tuberculose

    A maior parte dos pacientes cronicamente doentes, como o caso daquelas vivendo com HIV

    ou Tuberculose, em algum momento de progresso da doena perdem peso. Esta perda de peso

    associada a um aumento da mortalidade. Consequentemente, uma nutrio adequada e

    contnua fundamental para prevenir a perda de peso, para combater as infeces, e para

    construir e manter a massa muscular. Estes individuos tm necessidades energticas

    aumentadas devido infeco crnica em si e as alteraes no metabolismo causadas pela

    mesma. Consequentemente, uma interveno nutricional que providencie os nutrientes

    essenciais e uma avaliao regular do Indice de Massa Corporal (IMC) e do peso ao longo do

    tratamento so cruciais.

    1 As MAEs mais comum em Moambique so o CSB Plus (CSB+) que uma mistura de milho e soja enriquecida

    com vitaminas e minerais, e recomendada para pessoas maiores de 5 anos; e CSB Plus Plus (CSB++) uma

    mistura de milho, soja, leite em p, aucar, leo e enriquecida com vitaminas e minerais, e recomendada para

    crianas 6-59 anos.

    2 A eduo nutricional deve ser feita sempre mesmos em situaes que temos quantidades suficientes ou no

    suficientes dos productos nutricionais terapeuticos (ASPU, MAE e ATPU).

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    Adolescentes e adultos com DAM que no tenham critrios para fazer parte do grupo dos pacientes

    nutricionalmente mais vulnerveis, devem ser encaminhados as consultas de nutrio onde receberam

    orientaes nutricionais pelo nutricionista e aos servios sociais existentes. Os mesmos devem

    tambm ser convidados a aparecer para uma segunda avaliao na unidade de reabilitao nutricional

    3 a 4 semanas depois, ou mais cedo no caso do seu estado nutricional deteriorar.

  • Manual de Tratamento e Reabilitao Nutricional Volume II

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    Captulo 1: Viso Global

    Figura 1.1 Manejo da Desnutrio Aguda quando o ATPU estiver disponvel para os adolescentes, adultos e idosos, inclundo mulheres grvidas e nos 6 meses ps-parto

    Avaliao ACS, APE ou brigada mvel: Observar e Referir edema, sinais de magreza ou perda rpida de peso, e PB

    Consulta na Unidade Sanitria: Avaliar e Confirmar PB, ganho de peso, IMC/Idade, IMC, grau de edema bilateral, complicaes mdicas, teste do apetite

    Critrios

    de

    Referncia

    Desnutrio Aguda GRAVE com complicaes mdicas, edema bilateral, ou sem apetite

    Desnutrio Aguda GRAVE sem complicaes mdicas, edema bilateral, nem falta de apetite

    Desnutrio Aguda MODERADA com

    gravidez, lactao, HIV ou TB Desnutrio Aguda MODERADA sem gravidez, lactao, HIV ou TB

    15 - 18 anos: IMC/Idade < 3 DP ou PB < 21,0 cm

    19 - 55 anos: IMC < 16,0 kg/m2 ou PB < 21,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC < 18,0 kg/m2 ou PB < 18,5 cm

    Mulheres grvidas ou lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB < 21,0 cm

    15 - 18 anos: IMC/Idade < 3 DP ou PB < 21,0 cm

    19 - 55 anos: IMC < 16,0 kg/m2 ou PB < 21,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC < 18,0 kg/m2 ou PB < 18,5 cm

    Mulheres grvidas ou lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 55 anos): IMC 18,0 e < 21,0 kg/m2 ou PB 18,5 e < 21,0 cm

    Grvidas: PB 21,0 e < 23,0 cm ou Ganho de peso < 1,5 kg/ms

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 21,0 e < 23,0 cm

    15 - 18 anos: IMC/Idade 3 e < 2 DP

    ou PB 21,0 e < 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 16,0 e < 18,5 kg/m2

    ou PB 21,0 e < 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 18,0 e 55 anos): IMC 18,0 e < 21,0 kg/m2 e PB 18,5 e < 21,0 cm

    Grvidas: PB 21,0 e < 23,0 cm

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 21,0 e < 23,0 cm

    E Tem apetite Pode comer a comida da famlia

    Tratamento da DAM Dar ASPU, MAE, ou ATPU Seguimento a cada 7 dias Dar educao nutricional com demonstraes culinrias

    Critrios de Alta

    Alta para o TDA para DAG (se ATPU existir)

    Sem complicaes mdicas

    Sem edema

    Apetite restaurado

    Alta quando:

    15 -18 anos: IMC/Idade 2 e PB 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 18,5 kg/m2 e PB 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 21,0 kg/m2 e PB 21,0 cm

    Grvidas: PB 23,0 cm e Ganho de peso 1,5 kg/ms

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 23,0 cm

    E

    Tem apetite Pode comer a comida da famlia

    Continuar seguimento por mais 2-3 semanas para garantir que o paciente no tenha recada

    Alta quando:

    15 -18 anos: IMC/Idade 2 e PB 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 18,5 kg/m2 e PB 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 21,0 kg/m2 e PB 21,0 cm

    Grvidas: PB 23,0 cm e Ganho de peso 1,5 kg/ms

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 23,0 cm

    E

    Tem apetite Pode comer a comida da famlia

    Continuar seguimento por mais 2-3 semanas para garantir que o paciente no tenha recada

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    Captulo 1: Viso Global

    Figura 1.2 Manejo da Desnutrio Aguda quando o ATPU no estiver disponvel para os adolescentes, adultos e idosos, inclundo mulheres grvidas e nos 6 meses ps-parto

    Avaliao ACS, APE ou brigada mvel: Observar e Referir edema, sinais de magreza ou perda rpida de peso, e PB

    Consulta na Unidade Sanitria: Avaliar e Confirmar PB, ganho de peso, IMC/Idade, IMC, edema bilateral, complicaes mdicas, teste do apetite

    Critrios de Referncia

    Desnutrio Aguda GRAVE com ou sem complicaes mdicas, edema bilateral ou apetite

    Desnutrio Aguda MODERADA com gravidez, lactao, HIV, ou TB Desnutrio Aguda MODERADA sem gravidez, lactao, HIV, ou TB

    15 - 18 anos: IMC/Idade < 3 DP ou PB < 21,0 cm

    19 - 55 anos: IMC < 16,0 kg/m2 ou PB < 21,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC < 18,0 kg/m2 ou PB < 18,5 cm

    Mulheres grvidas ou lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB < 21,0 cm

    15 -18 anos: IMC/Idade 3 e < 2 DP ou PB 21,0 e < 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 16,0 e < 18,5 kg/m2 ou PB 21,0 e < 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 18,0 e < 21,0 kg/m2 ou PB 18,5 e < 21,0 cm

    Grvidas: PB 21,0 e < 23,0 cm ou Ganho de peso < 1,5 kg/ms

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 21,0 e < 23,0 cm

    15 - 18 anos: IMC/Idade 3 e < 2 DP ou PB 21,0 e < 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 16,0 e < 18,5 kg/m2 ou PB 21,0 e < 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 18,0 e < 21,0 kg/m2 ou PB 18,5 e < 21,0 cm

    E

    Sem apetite Com complicaes mdicas E

    Sem edema Tem apetite

    Alerta Clinicamente bem

    E

    Sem edema Tem apetite

    Alerta Clinicamente bem

    Plano de Tratamento

    Tratamento da Desnutrio no Internamento (TDI)

    Dar leites teraputicos

    Seguimento dirio

    Passar para o tratamento no ambulatrio quando apresentar parmetros de DAM:

    15 - 18 anos: IMC/Idade 3 e < 2 DP e PB 21,0 e < 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 16,0 e < 18,5 kg/m2 e PB 21,0 e < 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 18,0 a < 21 kg/m2 e PB 18,5 e < 21,0 cm

    Mulheres grvidas ou lactantes at aos 6 meses aps o parto:

    PB 21,0 e < 23,0 cm

    E

    Tem apetite Pode comer a comida da famlia

    Tratamento da DAM Dar ASPU ou MAE Seguimento a cada 7 dias Dar educao nutricional com demonstraes culinrias

    Tratamento da DAM

    Dar ASPU ou MAE

    Seguimento a cada 15 dias

    Dar educao nutricional com demonstraes culinrias

    Referir o paciente aos servios sociais existentes na comunidade.

    Convidar o paciente a aparecer para uma segunda avaliao 3 a 4 semanas depois, ou mais cedo no caso do seu estado nutricional deteriorar.

    Critrios de Alta

    Alta quando:

    15 - 18 anos: IMC/Idade 2 DP e PB 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 18,5 kg/m2 e PB 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 21,0 kg/m2 e PB 21,0 cm

    Grvidas: PB 23,0 cm e Ganho de peso 1,5 kg/ms

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 23,0 cm

    E Tem apetite Pode comer a comida da famlia

    Continuar seguimento por mais 2-3 semanas para garantir que o paciente no tenha recada.

    Alta quando:

    15 - 18 anos: IMC/Idade 2 DP e PB 23,0 cm

    19 - 55 anos: IMC 18,5 kg/m2 e PB 23,0 cm

    Idosos (> 55 anos): IMC 21,0 kg/m2 e PB 21,0 cm

    Grvidas: PB 23,0 cm e Ganho de peso 1,5 kg/ms

    Lactantes at aos 6 meses aps o parto: PB 23,0 cm

    E Tem apetite Pode comer a comida da famlia

    Continuar seguimento por mais 2-3 semanas para garantir que o paciente no tenha recada.

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    1.3.2 Consideraes adicionais

    Nos pacientes idosos, avalie sempre a possibilidade do paciente poder cumprir com o tratamento em

    casa, assim como a sua capacidade de se deslocar de e para a Unidade Sanitria ou centro de

    reabilitao nutricional. Se o idoso no for capaz, avalie a possibilidade de tratamento em regime de

    internamento (TDI) ou ainda outras possibilidades.

    Qualquer paciente adolescente, adulto ou idoso, incluindo mulheres grvidas e lactantes at aos 6

    meses aps o parto, que tiver outra doena subjacente desnutrio, como HIV ou Tuberculose, por

    exemplo, deve ser referido para os respectivos servios e deve-se garantir que o paciente ser capaz

    de receber os dois tratamentos em simultneo, se necessrio, isto : tratamento nutricional e ARV ou

    Tuberculostticos.

    Nos casos de presena de complicaes mdicas, o tratamento em regime de internamento

    (usualmente com F75 e de seguida com F100, numa fase inicial) de crucial importncia para a

    recuperao do paciente, independentemente de outras terapias recomendadas pelo clnico. A prtica

    comum de recusa em receber tratamento em regime de internamento pelos pacientes adultos, com

    consequente atraso no tratamento nutricional, no pode ser usado como justificao para a no

    admisso hospitalar, uma vez que isto retarda a possibilidade de recuperao do paciente assim como

    o direito a receber tratamento mdico e nutricional apropriado.

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    2. Captulo 2: Procedimentos na Admisso no Programa de Reabilitao Nutricional

    A nivel da comunidade, os Activistas Comunitrios de Sade devem fazer a triagem nutricional da

    populao adolescente e adulta atravs da pesquisa da presena de edema bilateral assim como da

    medio do permetro braquial (PB). Com base nos resultados da triagem nutricional obtidos, os

    pacientes devero ser devidamente encaminhados. Todos aqueles com edema bilateral ou PB < 23,0

    cm devem ser referidos para os Centros de Sade ou Unidades de Reabilitao Nutricional (URN).

    Em todas as ocasies de contacto com os servios de cuidados de sade primrios, os adolescentes

    e adultos devem ser avaliados para identificao precoce de possives sinais de desnutrio aguda.

    Aqueles que se apresentarem com edema bilateral, sinais de magreza, ou perda rpida de peso,

    devero ser referidos para uma URN ou Centro de Sade com Programa de Reabilitao Nutricional.

    2.1 Procedimentos na admisso ao PRN na Unidade Sanitria

    A avaliao e seleco dos adolescentes e adultos para o TDI, TDA ou SA deve ser feita na US por

    um profissional de sade experiente. Este deve ter uma formao especfica no manejo da desnutrio

    aguda e em programas de tratamento em ambulatrio.

    O procedimento inicial para admisso ao TDI, TDA ou SA encontra-se resumido no Quadro 2.1.

    Quadro 2.1 Procedimento Inicial para Admisso ao TDI, TDA ou SA

    PASSO 1: Receber o paciente e providenciar os cuidados iniciais

    Primeiro atender, diagnosticar e verificar os pacientes muito doentes .

    A triagem rotineira dos pacientes que esperam na fila deve sempre ser feita para atender primeiro os casos mais graves.

    Os pacientes devem ser avaliados imediatamente quanto ao risco de morte e, se sinais de perigo existirem, comear o tratamento o mais rpido possvel para reduzir o risco de morte.

    A histria clnica e o exame fsico mais detalhados devem ser feitos aps superada a fase do risco imediato de morte.

    Todos pacientes que percorreram longas distncias ou que esperaram por muito tempo at serem atendidos, devem receber gua aucarada a 10% (100 ml de gua + 10 g de acar, veja Tabela 2.1). Se o paciente est consciente e consegue beber, deve-se dar a beber 100 ml ou um copo de gua aucarada sempre que o paciente quiser. Se a US no tiver gua aucarada disponvel, pode-se oferecer F75 para beber.

    PASSO 2: Avaliao do estado nutricional

    Depois da avaliao imediata do risco de morte, deve-se avaliar o estado nutricional do adolescente ou adulto com base nas medies antropomtricas e controlo padronizados vistos nas Figuras 1.1 e 1.2.

    A avaliao nutricional inclui: o Avaliao clnica da presena de edema bilateral o Medio de peso o Medio de altura o Clculo do IMC o Clacificao do estado nutricional de acordo com IMC, ou, para adolescentes, de

    acordo com IMC, sexo, e idade. o Medio do permetro braquial (PB) o Classificao do estado nutricional de acordo com o PB

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    Registrar os pacientes e anotar as suas medies na ficha individual da US.

    PASSO 3: Avaliao clnica

    Recolher a histria clnica do adolescente, adulto ou idoso, realizar um exame fsico e determinar se o paciente tem ou no complicaes mdicas (veja Tabela 2.2).

    o Paciente com DAG e complicaes mdicas: encaminhar imediatamente para o TDI e iniciar o tratamento (no necessrio testar o apetite).

    o Paciente com DAG sem complicaes mdicas: encaminhar para o TDA e iniciar o tratamento.

    Caso o ATPU no estiver disponvel para todos os grupos etrios, pacientes adolescentes, adultos incluindo mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto com DAG com ou sem complicaes mdicas devem ser encaminhados imediatamente para o TDI e iniciar o tratamento (no necessrio testar o apetite).

    Encaminhar para o tratamento em ambulatrio os pacientes com DAM, sem edema e sem complicaes mdicas, que tenham HIV, tuberculose ou que estejam grvidas ou que sejam lactantes at aos 6 meses aps o parto.

    Informaes referentes ao pacientes, tais como a histria clnica, os resultados do exame fsico e da avaliao mdica e nutricional, devem ser registadas na ficha individual da US.

    PASSO 4: Teste do apetite

    Testar o apetite nos adolescentes, adultos e idosos com DAG sem complicaes mdicas (veja Quadro 2.2). O teste do apetite um critrio fundamental para determinar se um paciente deve ser tratado em ambulatrio ou no internamento.

    Encaminhar para o TDA os adolescentes e adultos, incluindo mulheres grvidas e lactantes, com DAG sem complicaes mdicas, que passarem o teste do apetite. Encaminhar para o TDI os adolescentes, adultos e idosos, incluindo mulheres grvidas e lactantes, com DAG sem complicaes mdicas, que no passarem o teste do apetite.

    D de imediato gua aucarada a 10% (100 ml de gua + 10 g de acar, veja Tabela 2.1) ou F75 a todos os adolescentes ou adultos que recusarem ATPU ou que tenham sido encaminhados para TDI. Se possvel, nos dias de muito calor, d gua aucarada a todos os pacientes que aguardam tratamento em ambulatrio.

    Tabela 2.1 Receita de gua aucarada (diluio 10%)

    Quantidade de gua Quantidade de acar

    Gramas Colherinhas

    100 ml (meio copo) 10 2

    200 ml (um copo) 20 4

    500 ml (dois copos e meio) 50 10

    1 litro (cinco copos) 100 20

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    Tabela 2.2 Definio das complicaes mdicas na desnutrio aguda grave

    Complicao Mdica Definio

    Convulses Durante uma convulso, os braos e as pernas do doente enrijecem

    porque os msculos se contraem. Pergunte ao paciente ou

    acompanhante se o mesmo teve convulses durante a actual doena

    e se ficou inconsciente.

    Perda de

    conscincia/Confuso

    O doente no responde adequadamente aos estmulos dolorosos.

    Letargia/no-alerta O doente tem dificuldades de acordar, est demasiado sonolento,

    no mostra nenhum interesse no que est acontecendo ao seu redor,

    no olha para o seu rosto quando fala.

    Hipoglicmia O doente pode apresentar-se com viso turva, cefalias, diplopia, fala

    confusa, fraqueza, palpitaoes, tremor, sudorese e alterao do

    estado mental.

    Hipotermia O doente tem uma temperatura corporal baixa (tendo em conta a

    temperatura ambiente), ou temperatura axilar < 35 C e temperatura

    retal < 35,5 C.

    Desidratao grave ou severa O diagnstico de desidratao grave baseado na histria recente

    de diarreia, vmitos, febre elevada ou sudao intensa, e no recente

    aparecimento de sinais clnicos de desidratao (olhos encovados,

    boca seca, perda da elasticidade normal da pele, oliguria).

    Febre elevada O doente tem uma temperatura corporal elevada, ou temperatura

    axilar 38,5 C, ou temperatura retal 39 C, levando em

    considerao a temperatura ambiente.

    Anemia severa O doente tem palidez acentuada da pele e das mucosas; Hb < 5 g/dL.

    Infeco respiratria baixa O doente tem tosse com dificuldade respiratria ou uma respirao

    rpida: > 20 respiraes/minuto.

    Anorexia/sem apetite O doente no tem vontade de comer ou falhou o teste do apetite com

    ATPU.

    Vmito persistentes O doente vomita todo que ingere.

    Pele seca com descamao Pele sem brilho normal, desidratada e fissurada.

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    Quadro 2.2 Teste de Apetite

    Para alm da avaliao da presena ou ausncia de complicaes mdicas, o teste de apetite

    constitui um dos critrios mais importantes para se decidir se um adolescente ou adulto com DAG

    deve ser tratado em ambulatrio ou no internamento.

    As respostas fisiopatolgicas s deficincias de nutrientes em doentes com DAG perturbam as

    funes do fgado e do metabolismo, levando falta de apetite. Alm disso, as infeces tambm

    causam a perda de apetite, especialmente na fase aguda. Por isso, os doentes com desnutrio

    aguda grave e com falta de apetite, correm maior risco de morte.

    Nos pacientes maiores de 5 anos, o teste de apetite serve para verificar se o paciente consegue

    comer o ATPU. Se no, o paciente deve ser tratado no internamento.

    O apetite testado no momento da admisso e, se o doente passar e for tratado em ambulatrio, o

    teste repetido em cada visita de seguimento Unidade Sanitria.

    Pontos a ter em conta na realizao de um teste de apetite:

    Realizar o teste de apetite num lugar ou canto tranquilo, onde o doente possa estar confortvel

    e possa familiarizar-se com o ATPU e consumi-lo tranquilamente

    Explicar ao doente a finalidade do teste e descrever o processo

    Orientar o doente para lavar as mos antes de comer o ATPU

    Delicadamente dar-lhe o ATPU

    Incentivar o doente a comer o ATPU sem fora-lo

    Oferecer gua tratada e armazenada de forma segura* para beber enquanto o doente est a

    comer o ATPU

    Observar o doente a comer o ATPU durante 30 minutos e depois decidir se o doente passa ou

    falha o teste

    Critrios para o Teste do Apetite:

    Passa o Teste de Apetite Falha o Teste de Apetite

    O doente que come pelo menos uma saqueta de ATPU (92 g)

    O doente que come menos de uma saqueta de ATPU (92 g)

    Nota: Um doente que no passa o teste de apetite deve ser internado para receber o tratamento

    no hospital, independentemente da presena ou ausncia de outras complicaes mdicas.

    * gua tratada: a gua que fervida, filtrada, ou desinfectada com hipoclorito de sdio (por

    exemplo, Certeza); armazenamento seguro de gua gua armazenada em um recipiente coberto

    com um gargalo estreito e se possvel, com uma torneira. A gua pode ser servida em uma jarra,

    ou use uma concha que guardada em um lugar seguro longe das mos.

    Nota: Adolescentes e adultos, incluindo mulheres grvidas e lactantes, com complicaes mdicas e

    com desnutrio aguda grave, devem ser internados de imediato, sem passar pelo teste do apetite.

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    2.2 Avaliao do Estado Nutricional

    A avaliao do estado nutricional na populao igual ou maior de 15 anos, incluindo mulheres grvidas

    e lactantes at aos 6 meses aps o parto, pode ser feita atravs do uso de indicadores antropomtricos,

    avaliao clnica inclundo histria diettica, assim como atravs do uso de indicadores bioqumicos

    (onde as condies permitirem).

    A Figura 2.1 mostra como fazer a avaliao nutricional usando parmetros clnicos e antropomtricos

    e como decidir o tratamento nutricional apropriado, enquanto no existir um abastecimento nacional

    de ATPU para a populao igual ou maior de 15 anos de idade.

    A Figura 2.2 mostra como fazer a avaliao nutricional usando parmetros clnicos e antropomtricos

    e como decidir qual o tratamento nutricional apropriado, a partir do momento em que o ATPU estiver

    disponvel para todos os grupos etrios.

    Figura 2.1 Fluxograma para classificao do estado nutricional e encaminhamento adequado enquanto o ATPU no estiver disponvel para todos os grupos etrios

    Presena de desnutrio

    edematosa?

    Sim

    Presena de:

    IMC/Idade 3 e < 2 DP

    IMC 16,0 e < 18,5 kg/m2

    PB 21,0 e < 23,0 cm

    Grvidas: Ganho de peso

    < 1,5 kg/ms

    Idosos: IMC 18,0 e < 21,0

    kg/m2 ou PB 18,5 e < 21,0

    Presena de Gravidez,

    Lactao, HIV, ou TB?

    Tratamento da

    Desnutrio no

    Ambulatrio

    (TDA)

    Desnutrio Aguda

    Moderada com

    gravidez, lactao,

    HIV, ou TB

    Desnutrio Aguda

    Moderada sem

    gravidez, lactao,

    HIV, ou TB

    Referir os pacientes

    aos servios sociais

    existentes

    Sem desnutrio aguda. Na

    presena de outras doenas

    referir para avaliao mdica.

    No

    Sim Sim

    No

    Passa o teste de

    apetite?

    No

    Tratamento da

    Desnutrio no

    mbulatrio (TDA) A

    Desnutrio Aguda

    Grave sem

    complicaes mdicas,

    sem edema bilateral

    No

    Sim

    Sim Presena de:

    IMC/Idade < -3 DP

    IMC < 16,0 kg/m2

    PB < 21,0 cm

    Idosos: IMC < 18,0 kg/m2

    ou PB < 18,5 cm

    Tratamento da

    trio no

    rnamento

    (TDI)

    Desnu

    IDesnutrio Aguda Grave

    com complicaes mdicas

    nte

    Desnutrio Aguda Grav

    com edema bilateral

    e

    Presena de complicaes

    mdicas:

    Convulses

    Inconscincia

    Letargia

    Hipoglicmia

    Hipotermia

    Desidratao severa

    Infeco respiratria baixa

    Febre elevada

    Anemia severa

    Sinais de deficincia de

    Vitamina A

    Vmito persistente

    Leses cutneas

    No

    Sim

    No

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    Figura 2.2 Fluxograma para classificao do estado nutricional e encaminhamento adequado quando o ATPU estiver disponvel em Moambique para todos os grupos etrios

    Presena de:

    IMC/Idade 3 e < 2 DP

    IMC 16,0 e < 18,5 kg/m2

    PB 21,0 e < 23,0 cm

    Grvidas: Ganho de peso < 1,5

    kg/ms

    Idosos: IMC 18,0 e < 21,0 kg/m2

    ou PB 18,5 e < 21,0 cm

    Presena de Gravidez, Lactao, HIV, ou TB?

    Tratamento da Desnutrio no

    Ambulatorio (TDA)

    Desnutrio Aguda Moderada com gravidez, lactao, HIV, ou TB

    Referir os pacientes aos

    servios sociais existentes

    Desnutrio Aguda Moderada sem gravidez, lactao, HIV, ou TB

    Sem desnutrio aguda. Na presena de outras doenas referir para avaliao mdica.

    No

    No

    Sim Sim

    Presena de desnutrio edematosa?

    Presena de:

    IMC/Idade < -3 DP

    IMC < 16,0 kg/m2

    PB < 21,0 cm

    Idosos: IMC < 18,0 kg/m2 ou

    PB < 18,5 cm

    Tratamento da Desnutrio no

    Internamento (TDI) Desnutrio Aguda Grave

    com ou sem complicaes mdicas

    Desnutrio Aguda Grave com edema bilateral

    No

    Sim

    Sim

    No

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    2.2.1 Sinais clnicos de desnutrio na populao com idade igual ou maior de 15 anos com Marasmo

    A maior parte das sinais e sintomas clnicos de marasmo na populao com idade igual ou maior de

    15 anos so iguais as das crianas. Para procurar por estes sinais pea que o paciente fique apenas

    de roupa interior (se as condies de privacidade permitirem). Avalia a parte frontal: a cara? as

    costelas so facilmente visveis? A pele dos braos parece solta? A pele das pernas (coxas) parece

    solta? Avalie a parte de trs: os ossos dos ombros e as costelas so facilmente visveis? Falta tecido

    muscular nas ndegas? Caso tenha respondido afirmativamente (sim) a pelo menos uma destas

    questes, significa que o doente est com Marasmo. Quando o emagrecimento extremo ou severo,

    as dobras das pernas (coxas) e ndegas ficam como se o adolescente ou adulto estivesse com

    calas largas.

    Os sinais e sintomas mais frequentes so:

    Perda da massa muscular (mais visivel nas regies temporais, evidenciando os ossos

    zigomticos, nas extremidades e no trax, evidenciando as costelas e a coluna vertebral)

    Perda do tecido subcutneo, apresentando-se em forma de pele excessiva (ou flcida)

    principalmente na regio das ndegas (calas largas) e olhos encovados

    Aparncia de desidratao, mesmo quando o paciente est hidratado

    Alteraes do cabelo (cabelo rarefeito, fcil de arrancar, descolorao pode estar presente,

    mas mais comum na desnutrio edematosa)

    Alteraes cutneas (pele fina e escamosa, principalmente nas regies extensoras dos

    membros)

    Amenorreia nas mulheres

    Impotncia sexual nos homens

    Perda da lbido (desejo sexual)

    Infeces associadas

    2.2.2 Sinais clnicos de desnutrio na populao com idade igual ou maior de 15 anos com desnutrio aguda edematosa (Kwashiorkor)

    O Kwashiorkor em adulto chamado de desnutrio edematosa e todos os sintomas do Kwashiorkor observados em crianas (cara de lua cheia, dermatite, apatia, perda de apetite, cabelos claros e lisos,

    e irritabilidade) podem ser observados em adolescentes, adultos e idosos com desnutrio edematosa,

    contudo, so menos frequentes. A seguir se seguem algumas caractersticas de pacientes com

    desnutrio edematosa:

    Edema bilateral

    Fraqueza

    Queilite agular

    Fgado aumentado de tamanho (hepatomegalia)

    Anorexia

    Cara de lua cheia

    Leses cutneas (ulceraes com aspecto de queimadura, hiperpigmentao, atrofia)

    Descolorao da pele e do cabelo

    Ginecomastia (crescimento de mamas em tamanho e forma fora do normal em homens)

    Sinais de infeco (variam com o tipo de infeco em causa)

    Amenorreia nas mulheres

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    Impotncia sexual nos homens

    Perda da lbido

    Irritabilidade um sinal menos comum, provavelmente porque pacientes adolescentes, adultos e

    idosos tm melhor capacidade de expressar a dor e o distresse. Se os sintomas/sinais acima estiverem

    presentes, o diagnstico de desnutrio edematosa certo, no entanto a ausncia da maior parte deles

    no ir excluir o diagnstico, tendo em conta que a maior parte deles s aparece em casos muito

    severos, excepto o edema bilateral, que sempre est presente no Kwashiorkor.

    2.2.3 Avaliao dos edemas

    As caractersticas do edema de causa nutricional so similares em pacientes adolescentes e adultos.

    Este edema resulta do acmulo de fludos no espao intersticial produzindo inchao na ara afectada.

    O edema clinicamente evidente depois da coleo de aproximadamente 2 litros de fluido.

    Consequentemente, o seu desenvolvimento est associado com um aumento do peso e algumas

    vezes de oligria (diminuio do volume urinrio).

    Geralmente o edema no doloroso, a pele que cobre a regio edematosa fina e pode apresentar

    leses descamativas e lceras. No entanto, nos casos de edema severo e de longa durao, este

    pode-se tornar doloroso e com a pele endurecida (tornando o diagnstico diferencial com edemas de

    outras causas difcil).

    Inicialmente o edema acumula-se nas extremidades inferiores e de seguida poder afectar o tronco,

    mos e outras partes do corpo. Por vezes poder iniciar na regio periorbital. A localizao do edema

    pode variar ao longo do dia, dependendo da posio do paciente. Em pacientes que se mantm

    deitados o dia inteiro, o edema pode localizar-se na regio sacral ou na ara genital.

    Para se determinar a presena de edema bilateral, deve-se fazer uma presso firme com o dedo

    polegar no dorso de ambos os ps contando 1..., 2...,3.... (durante trs segundos). Em seguida, o dedo

    polegar retirado e, se se formarem cavidades nos locais pressionados, a presena de edema

    confirmada. As cavidades permanecero em ambos os ps por muitos segundos (Figura 2.3).

    O edema bilateral normalmente comea nos ps e na regio pr-tibial. importante testar ambos os

    ps; se a cavidade no aparece em ambos os ps, o edema no tem origem nutricional. Uma segunda

    pessoa dever repetir o teste para confirmar a presena de edema bilateral.

    Figura 2.3 Instruo para avaliao dos edemas num adulto

    Nota: Na impossibilidade de arranjar uma segunda pessoa para repetir o teste, faa uma segunda

    medio para verificar a presena e severidade do edema bilateral.

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    A severidade dos edemas medida em relao a sua extenso e existem trs graus de edema bilateral,

    que so classificados pelo sinal das cruzes (+; ++; +++). Quando no se verifica a presena de edema

    bilateral, diz-se como "ausente".

    Tabela 2.3 Graus de severidade dos edemas

    Grau Classificao Localizao do edema

    Grau + Edema ligeiro Geralmente confinado ao dorso dos ps ou tornozelo

    Grau ++ Edema moderado

    Edema se extende at a regio pr-tibial (Sobre os ps e as pernas)

    Grau +++ Edema grave Edema acima do joelho, podendo atingir a regio inguinal, mos, cara (em particular na zona volta dos olhos ou periorbitria) ou pode se extender por todo o corpo de forma generalizada (anasarca)

    Nota: Diferentes classificaes podero aparecer em literaturas diferentes, no entanto, para uniformizar

    com a classificao usada em crianas no PRN I e evitar confuso, esta classificao ser a usada

    neste manual.

    Diagnstico diferencial do edema bilateral em adolescentes e adultos

    A presena de edema bilateral em adultos deve ter a sua causa investigada pois, em adultos, a

    desnutrio no a nica causa de edema bilateral. Gravidez, proteinria severa (sndrome nefrtica),

    nefrite, filariose aguda (em que os membros esto quentes e doridos), insuficincia cardaca, edema

    de origem heptica, edema de origem venosa, Beri-Beri, edema de origem inflamatria, edema de

    origem alrgica, etc., podem tambm causar edema bilateral. Este diagnstico diferencial pode ser

    feito atravs da histria clnica, exame fsico e anlise de urina.

    Edema da gravidez

    O edema tambm bilateral, normalmente aparece nos ltimos estgios da gravidez, desaparece aps

    o parto (mas pode se prolongar por algumas semanas), e est muitas vezes associado a pr-

    eclmpsia.

    Sndrome nefrtica (proteinria severa)

    O edema bilateral e tem rpida progresso; quase sempre inicia na regio periorbital e perimaleolar

    (em volta dos tornozelos); a pele da rea edematosa brilhante; a presena de sintomas de doena

    renal (anria, poliria, etc.,) excluem definitivamente a origem nutricional do edema.

    Insuficincia cardaca

    O edema bilateral, inicia-se nos membros inferiores, flutuante (tem tendncia a aumentar com a

    progresso do dia - mais intenso no final do dia do que nas manhs) e est associado a dispnia e a

    sintomas cardacos.

    Edema de origem heptica

    Edema bilateral, geralmente no afecta regies acima do fgado, palpao h presena de um fgado

    de superficie irregular, a asciste precede o edema bilateral e a ictericia est presente nas fases

    avanadas. H um risco aumentado em pacientes com histria de alcoolismo e/ou residentes numa

    rea endmica para shistosomase.

    Edema de origem venosa

    O edema pode ser bilateral ou unilateral (dependendo da rea afectada), a pele que cobre o edema

    pode ser plida ou ciantica (azulada); h aumento progressivo do edema com a marcha, por vezes

    associado a dor que alivia com a elevao do membro; veias dos membros inferiores podem estar

    distendidas e visives.

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    Edema do Bri-Bri (deficincia de tiamina)

    Edema associado a oligria, sinais de hipercirculao (membros quentes, pulso tpico, etc.,),

    neuropatia e histria de alcoolismo prolongado.

    Edema de origem inflamatria

    Raramente bilateral, aparece em qualquer localizao; presena de eritema localizado, dor, focos

    infeciosos e aumento ganglionar podem estar presentes.

    Edema de origem alrgica

    Pode no ser bilateral; aparece subitamente aps exposio a um alrgeno; reas afetadas

    apresentam-se avermelhadas e quentes; comum na face.

    Avaliao dos Indicadores Antropomtricos

    Os indicadores antropomtricos so os mais extensamente usados para avaliao do estado

    nutricional, pois no so invasivos e so baratos.

    No nosso contexto, os indicadores antropomtricos recomendados para identificar adolescentes e

    adultos com desnutrio aguda so os seguintes:

    1. ndice de massa corporal-para-idade (IMC/Idade) para adolescentes dos 1518 anos de idade

    2. ndice de massa corporal (IMC) para adultos 19-55 anos e idosos >55 anos

    3. Permetro braquial (PB) para mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto,

    idosos, assim como para adultos com incapacidade de se manterem de p para se tirar o seu

    peso ou para se medir a sua altura.

    4. Ganho de peso mensal (como complementar ao PB nas mulheres grvidas que no tenham edema).

    Os indicadores nutricionais podem ser calculados atravs de medies antropomtricas. A seguir

    apresentam-se as instrues essenciais para se tomar as medidas antropomtricas necessrias, e os

    mtodos para o clculo e interpretao dos indicadores nutricionais acima listados, com base nas

    medies antropomtricas.

    2.2.4 Instrues para medio da altura

    A altura deve ser medida em todos os pacientes, exceto nos indivduos em cadeira de rodas, pessoas

    que tm dificuldade permanente em se manterem de p ou em posio erecta. Nestas situaes deve-

    se recorrer ao PB para fazer avaliao nutricional.

    Nunca medir a altura do paciente sem antes conversar com ele ou com o acompanhante para explicar

    o que vai ser feito.

    Se a altura medida usando um estadimetro, Figura 2.4, o mesmo deve estar suspenso na parede

    a uma altura de aproximadamente 2 metros. A parede deve ser plana e a superfice do cho deve ser

    dura, caso contrrio deve-se por uma tbua dura por cima. Testar a preciso do estadimetro com

    uma vara graduada, verificando se o comprimento da vara graduada do estadimetro e igual ao

    comprimento da vara graduada teste, uma vez por ms, ou sempre que o profissional de sade achar

    necessrio. Se um estadimetro de parede no est disponvel, utilizar o estadimetro de uma balana

    plataforma.

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    Figura 2.4 Medio da altura num adulto usando o estadimetro

    MEDIO DA ALTURA USANDO O ESTADIMETRO

    1 Convide o paciente a tirar os sapatos, peas de vesturio pesadas e enfeites de cabelo se tiver.

    2 Convide o paciente a permanecer com as suas costas encostadas parede. A parte de trs da

    cabea, costas, ndegas, parte traseira das pernas e calcanhares devem estar na vertical e

    pressionados de forma firme contra a parede, e os ps

    devem estar juntos.

    3 Convide o paciente a olhar em linha reta; o queixo deve

    formar uma linha paralela com o cho.

    4 Se o paciente for mais alto que voc, eleve-se, pondo-

    se em cima de uma plataforma.

    5 Baixe a parte deslizante da haste de medio at que o

    cabelo (se houver) seja pressionado.

    6 Leia a medio em voz alta com uma preciso de 0,1

    cm.

    Uma outra alternativa para medio da altura e que vlida para pacientes idosos ou com deformidade

    da coluna vertebral a medio da altura do joelho usando-se uma fita mtrica, Figura 2.5. A altura

    do joelho altamente correlacionada com a estatura de um indivduo e recomenda-se o seu uso para

    clculo do ndice de massa corporal. Depois de medida a altura do joelho, as frmulas na Tabela 2.4

    devem ser usadas para calcular a altura do paciente.

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    Figura 2.5 Medio da altura do joelho num idoso usando a fita mtrica

    MEDIO DA ALTURA DO JOELHO

    1 Convide o paciente a ficar deitado numa cama ou a ficar

    sentado na extremidade da cadeira ou cama, com o

    joelho (usualmente o esquerdo) flexionado num ngulo de

    90.

    2 Coloca-se a mo por cima do joelho do paciente, e fixa-se

    a ponta da fita mtrica entre os dedos mdio e indicador,

    estende-a at ao calcanhar.

    3 Mede-se o comprimento entre o calcanhar e a superfcie

    anterior da perna (na altura do joelho).

    4 Regista-se a medio at ao ltimo milmetro.

    5 Depois de se obter a altura do joelho estima-se a altura

    atravs de equaes que levam em considerao o sexo

    do paciente.

    Tabela 2.4 Frmulas de clculo da estimativa da estatura com base na altura do joelho

    Pacientes do sexo Altura

    Feminino (1.96 x Altura do joelho em cm) + 58.72

    Masculino (1.37 x Altura do joelho em cm) + 95.79

    Fonte: WHO. 1995. WHO Expert Committee on Physical Status: the Use and Interpretation of Anthropometry. Geneva: WHO

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    2.2.5 Instrues para a medio de peso

    Nunca pesar um paciente sem antes conversar com ele ou com o acompanhante (se for o caso) para

    explicar o que vai ser feito.

    Os adolescentes e adultos devem ser pesados descalos e usando roupas leves. Se os indivduos se

    recusam a remover calas ou saia, pelo menos devem tornar os seus bolsos vazios e o fato deve ser

    registado no formulrio de coleta de dados. Para tal devem ser orientados a retirarem objectos pesados

    tais como chaves, cintos, culos, telefones celulares e quaisquer outros objectos que possam interferir

    no peso total.

    Figura 2.6 Medio do peso usando a balana plataforma

    MEDIO DO PESO USANDO A BALANA PLATAFORMA

    1. Certifique-se de que a balana plataforma est afastada da

    parede.

    2. Destrave e calibre a balana, assegurado-se que a agulha do

    brao e o fiel esto nivelados.

    3. Convide o paciente a tirar os sapatos e peas de vesturio

    pesadas.

    4. O paciente deve ser posicionado no meio da balana, descalo e

    com o mnimo de roupa possvel, com as costas retas, com os ps

    juntos e os braos estendidos ao longo do corpo.

    5. Mova o cursor maior para marcar os kilogramas e depois mova o

    cursor menor para marcar os gramas.

    6. Faa a leitura quando a agulha do brao e o fiel estiverem

    nivelados com uma preciso de 0,1 kg.

    7. Peso auto-referido no aceitvel, mesmo se o participante estiver

    imvel ou se recusar a ser pesado.

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    Diariamente (antes das pesagens) a balana deve ser calibrada com um peso conhecido. A cada

    pesagem, a balana deve ser re-calibrada (o ponteiro deve estar no zero) (Veja as instrues a seguir).

    Modo de calibrao da balana plataforma A calibrao das balanas deve ser feita sempre antes do incio das actividades dirias e re-calibrada sempre que o profissional de sade achar necessrio durante o seu trabalho dirio. Para calibrar balanas necessrio conhecer as suas diferentes componentes e a utilidade de cada uma delas. Componentes da balana plataforma

    As balanas antropomtricas mecnicas contm as

    seguintes componentes:

    Brao onde encontra-se o cursor menor

    (marcador dos gramas), cursor maior

    (marcador dos quilogramas), o calibrador

    (regulador da balana), agulha do brao, fiel, e

    a trava.

    Fiel ajuda a verificar se a balana esta

    calibrada, ps a agulha do brao deve estar ao

    mesmo nvel ao fiel na horizontal para

    confirmao da calibrao.

    Trava evita a sobrecarga mecnica quando a

    balana no estiver em uso serve para fixar o

    brao depois da calibrao, bem como, depois

    de cada pesagem, permitindo deste modo que

    o brao no se movimente, evitando, assim,

    que sua mola desgaste, e assegurando o bom

    funcionamento do equipamento.

    Cabea da coluna onde encontra-se o brao,

    e suportada pela coluna.

    Coluna encontra-se entre a cabea e a base

    da balana.

    Estadimetro encontra-se anexado a coluna

    e serve para medir a altura (cm).

    Plataforma encontra-se apoiada a base da

    balana, e suporta o peso a pesar.

    Base suporta a plataforma, coluna, cabea da

    coluna, e o brao.

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    Passos para calibrao da balana plataforma

    1. Coloque a balana, num local iluminado, sobre uma superfcie plana, sem correntes fortes de ar, longe

    de objectos que impeam a livre movimentao do

    prato de pesagem (factores que prejudicam o

    resultado das medies).

    2. Destrave a balana.

    3. Verifique se a balana est calibrada, colocando o cursor menor (marcador dos gramas) e maior

    (marcador dos quilogramas) no lado direito, de modo

    que os marcadores estejam no ponto zero, caso contrrio, calibre, girando lentamente o calibrador

    para direita ou esquerda de modo a estabilizar o

    contrapeso (a agulha do brao e o fiel devem estar

    na mesma linha horizontal).

    4. Verifique se o brao esta nivelado (a agulha do brao e o fiel devem estar na mesma linha

    horizontal) e aperte a porca do calibrador de modo

    que no perca a regulao (a porca do calibrador

    pode ficar por frente ou atrs da pea calibradora

    dependendo do estilo de fabricante da balana).

    5. Teste a balana com um peso previamente conhecido para confirmar a calibrao. Use pesos

    do kit de calibrao ou objectos cujo peso

    conhecido.

    6. Trave a balana de modo a evitar sobrecarga mecnica enquanto a balana no estiver em uso. A

    balana dever estar livre de objectos quando no

    estiver em uso.

    Passo - 1

    Passo - 2

    Passo - 3

    Passo - 6

    Passo - 5

    Passo - 4

    http://www.splabor.com.br/luzcommerce/produtos/chamada-15475-g.jpg

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    Se o pessoal de sade verificar que depois da testagem de calibrao com peso previamente conhecido, a balana no esta calibrada, ento dever fazer uma investigao para verificar qual o problema, orientando-se com os seguintes pontos abaixo:

    1. Certificar que no falhou nenhum dos passos para calibrao de balana, pedindo ajuda a um colega, e juntos devem ler e executar os passos de forma sequencial.

    2. Verificar se o peso usado para confirmar a calibrao esta padronizado, utilizando um outro peso padronizado para comparar.

    3. Certificar se a balana tem um erro no fabrico ou de montagem, vendo o folheto do catlogo da balana.

    4. Caso no encontrar uma causa ou no consiga calibrar, pea ajuda a equipa de manuteno de equipamentos da Direco Provincial de Sade (DPS)

    Alternativas ao Kit de calibrao Use pesos conhecidos em casos de no ter um kit de calibrao para confirmar a calibrao, como por exemplo:

    Saco de CSB plus (10kg)

    Caixa de 150 saquetas de Plumpynut (14.7kg)

    Outros objectos que se conhea previamente o peso.

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    2.2.6 Instrues para a medio do Permetro Braquial (PB)

    O PB obtido atravs da medio da circunferncia do brao do esquerdo (para indivduos destros e

    o brao direito para indivduos canhotos). Para se encontrar o local correcto para a medio, o cotovelo

    do paciente flectido na posio de 90. A fita de PB usada para localizar o ponto mdio entre a

    parte final do ombro (acrmio) e a ponta do cotovelo (olecrano); este ponto mdio deve ser marcado,

    se possvel, (veja a Figura 2.7) com uma caneta de tinta fcil de lavar. O brao ento solto,

    estendendo-se livremente com a palma da mo virada para a perna, e a fita de PB colocada

    justamente volta do brao, na marca do ponto mdio. A fita no deve estar muito apertada.

    Finalmente, regista-se a medida indicada entre as duas setas na fita de PB.

    Figura 2.7 Medio do Permetro Braquial (PB)

    MEDIO DO PERMETRO BRAQUIAL

    1. Pea ao paciente para dobrar o brao

    esquerdo fazendo um ngulo de 90 graus

    (brao direito para pessoas canhotas).

    2. Localize o meio da parte superior do brao

    esquerdo, entre o ombro e o cotovelo. Se

    possvel, marque com uma caneta de tinta

    fcil de lavar a localizao do ponto mdio.

    3. Com o brao do doente relaxado e descado

    para o seu corpo, enrole a fita do PB volta

    do brao no ponto intermdio. No deve

    haver qualquer espao entre a pele e a fita,

    mas tambm no aperte demasiado.

    4. Faa a leitura em milmetros a partir do ponto

    intermdio exactamente onde a seta aponta

    para dentro. O PB registado com uma

    preciso de 1 mm (0,1 cm).

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    2.2.7 ndice de massa corporal para-idade (IMC/Idade) para adolescentes dos 15 aos 18 anos de idade

    Para adolescentes dos 15 aos 18 anos, o indicador antropomtrico recomendado para avaliar o estado

    nutricional o IMC-para-idade. O IMC em adolescentes, e ajustado para idade e sexo, porque estes

    ainda esto em crescimento. A tabela a seguir (Tabela 2.5) mostra os vrios pontos de corte para

    classificao do estado nutricional, usando o IMC-para-idade, para adolescentes dos 15 aos 18 anos.

    Para adultos, o IMC s por si, isto , sem especificar a idade, deve ser usado como indicador do estado

    nutricional, pois a maioria dos indivduos com mais de 18 anos j concluiu o seu desenvolvimento

    fsico.

    Tabela 2.5 Classificao do estado nutricional para adolescentes dos 15 aos 18 anos, exclundo adolescentes grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto

    IMC-para-idade Classificao

    < 3 DP Desnutrio grave

    3 DP a < 2 DP Desnutrio moderada

    2 DP a < +1 DP Normal

    > +1 DP a < +2 DP Sobrepeso

    > +2 DP Obesidade

    Fonte: WHO. 2007. http://www.who.int/growthref/en/.

    Instrues para uso do indicador antropomtrico IMC/Idade

    1. Pesar o doente e registar o seu peso em quilogramas (kg).

    2. Medir a altura usando um instrumento de medio de altura. Registar a altura em metros (m).

    3. Para calcular o IMC do doente, existe 3 opes:

    a. Use a seguinte frmula, IMC = Peso em kg/(Altura em m)2

    b. Use a roda para o clculo do IMC se estiver disponvel. Veja as instrues no Anexo 2.1.

    c. Use as tabelas em Anexo 2.2 para encontrar o valor de IMC correspondente a altura e peso

    do adolescente.

    4. Usando a Tabela de DP do IMC/Idade correspondente ao sexo do doente (ver Anexos 2.3 e

    2.4), localizar a linha correspondente idade do doente e, nessa linha, verificar em qual das

    colunas de estado nutricional se encontra o valor de IMC calculado.

    5. Veja Anexo 2.6 para as instrues sobre o arredondamento das idades.

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    Exerccio Prtico 1

    A Maria tem 16 anos e 7 meses de idade, tem uma altura de 1,55 m e um peso de 34,4 kg.

    1. Calcule o IMC do doente, usando a seguinte frmula:

    IMC = Peso em kg/(Altura em m)2

    IMC = 34.4/(1,55 x 1,55) = 34.4/2,4025

    IMC = 14,3 kg/m

    2. Arredonde a idade de 16 anos e 7 meses para 16 anos e 6 meses (16:6).

    3. Procure na tabela de IMC/Idade das raparigas (Anexo 2.3) a linha referente aos 16:6.

    4. Em seguida, procure com o dedo na horizontal e da esquerda para direita, o IMC calculado

    (14,3 kg/m).

    5. Ir verificar que 14,3 est abaixo de 14,7 e na classificao de Desnutrio Aguda Grave.

    Nota: Nos casos de desnutrio edematosa, importante ter em mente que o peso obtido da medio

    estar acima do peso real do paciente devido ao volume aumentado de liquido intersticial e por

    isso o valor do IMC/Idade no deve ser usado como critrio definitivo para classificao do

    estado nutricional. Nestes casos recomenda-se principalmente o uso do PB.

    2.2.8 ndice de massa corporal (IMC) para adultos e idosos

    Para pacientes de 19 a 55 anos, exclundo mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o

    parto, o IMC o indicador preferencial para classificar a desnutrio. O IMC calculado dividindo o

    peso em kilogramas (kg) pelo quadrado da altura em metros (m), isto IMC = Peso em kg/(Altura em

    m)2.

    O uso do IMC no recomendado para avaliao do estado nutricional das mulheres grvidas e das

    lactantes at aos 6 meses aps o parto, pois o peso real da mulher muitas vezes mascarado

    (presena de produtos fetais, edemas, etc.).

    Primeiro, deve-se calcular o IMC do paciente adulto. Para tal utilize a frmula para o clculo do IMC, a

    roda para o clculo do IMC (veja as instrues no Anexo 2.1) ou as Tabelas no Anexo 2.5.

    A Tabela 2.6 mostra a classificao do estado nutricional usando o IMC para indivduos de 19 e 55

    anos, de acordo com as Orientaes para o Manejo da Desnutrio Aguda Grave da OMS. A mesma

    classificao no se aplica para mulheres grvidas ou lactantes at aos 6 meses aps o parto.

    Note que, na roda para o clculo do IMC, a desnutrio ligeira listado com IMC entre 17,0 e 18,4;

    mas para o PRN II, a classificao do estado nutricional segundo o IMC combina desnutrio ligeira e

    desnutrio moderada em uma s categoria (IMC 16 e

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    Tabela 2.6 Classificao do estado nutricional para adultos (19-55 anos), exclundo mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto

    IMC Classificao

    < 16,0 Desnutrio grave

    16,0 a < 18,5 Desnutrio moderada

    18,5 a < 25,0 Normal

    25,0 a < 30,0 Sobrepeso (excesso de peso)

    30,0 Obesidade

    Fonte: Adaptado de WHO. 1999. Management of Severe Malnutrition: A Manual

    for Physicians and Other Senior Health Workers. Geneva.

    ndice de massa corporal (IMC) para idosos ( > 55 anos)

    Para pacientes maiores de 55 anos, exclundo mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o

    parto, o IMC o indicador preferencial para classificar a desnutrio. O IMC calculado da mesma

    maneira que o IMC na populao adulta no geral, dividindo o peso em kilogramas (kg) pelo quadrado

    da altura em metros (m), isto IMC = Peso em kg/(Altura em m)2.

    A Tabela 2.7 mostra a classificao do estado nutricional usando o IMC para indivduos maiores de 55

    anos. A mesma classificao no se aplica para mulheres grvidas ou lactantes at aos 6 meses aps

    o parto.

    Tabela 2.7 Classificao do estado nutricional para idosos (> de 55 anos)

    IMC Classificao

    < 18,0 Desnutrio grave

    18,0 a < 21,0 Desnutrio moderada

    21,0 a < 27,0 Normal

    27,0 Sobrepeso (excesso de peso)

    Fonte: Adaptado do Lipschitz, DA., (1994)

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    Exerccio Prtico 2

    O Sr Antnio tem 42 anos, tem uma altura de 1,76 m e um peso de 46,9 kg.

    1. Calcule o IMC do doente, usando a seguinte frmula:

    IMC = Peso em kg/(Altura em m)2

    IMC = 46,9/(1,76 x 1,76) = 46,9/3,0976

    IMC = 15,14 kg/m

    2. De seguida consulte a Tabela 2.6 para verificar em que categoria de IMC o 15,14 se encontra.

    3. Alternativamente, arrendonde o valor do peso para o nmero inteiro mais prximo de acordo

    com a regra da matemtica, ento: 46,9 kg dever ser arredondado a 47,0 kg (vide Anexo 2.6).

    4. Usando a tabela do Anexo 2.5, procure a altura do Sr Antnio na coluna vertical da esquerda (1

    m = 100 cm), ento: 1,76 m = 176 cm.

    5. Procure o peso do Sr Antnio na ltima coluna na horizontal, no se esquea de que neste caso

    o peso deve ser arredondado.

    6. Procure o ponto onde as duas linhas se encontram. Este ponto ser correspondente a 15,2, que

    o IMC do Sr Antnio. De seguida, verifique o significado da cor e classifique o Sr Antnio como

    tendo peso adequado, desnutrio aguda moderada, ou desnutrio aguda grave.

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    2.2.9 Classificao do estado nutricional atravs do Permetro Braquial

    O PB um indicador sensvel do estado nutricional e pode ser usado em adolescentes, adultos,

    mulheres grvidas, e mulheres lactantes at aos 6 meses aps o parto. O PB tambm a ferramenta

    indicada para adultos e adolescentes que por razes mdicas no podem se manter de p para serem

    pesados ou terem a sua altura medida.

    O PB e o peso da mulher grvida esto fortemente correlacionados em qualquer perodo da gestao;

    por outro lado, o permetro braquial no afectado pela idade gestacional durante a progresso da

    gravidez. Isto sugere que o permetro braquial da mulher pode ser medido em qualquer poca da

    gravidez para refletir o estado nutricional prvio gestao. Estes achados, junto s vantagens prticas

    do uso do permetro braquial materno, fortalecem consideravelmente o argumento para o uso do

    permetro braquial como indicador nutricional na identificao de mulheres grvidas e lactantes at aos

    6 meses aps o parto com desnutrio aguda.

    Outro ponto importante que no h diferena nos pontos-de-corte do PB a serem usados na mulher

    grvida ou lactante com os usados na populao adulta em geral. Como referido no pargrafo anterior,

    o valor do PB no influenciado pela gestao, reflectindo muitas vezes o estado nutricional da mulher

    prior gravidez.

    Tabela 2.8 Classificao do estado nutricional atravs do PB em adultos e adolescentes, inclundo mulheres grvidas e lactantes at aos 6 meses aps o parto

    PB Classificao

    < 21 cm Desnutrio grave

    21 cm a < 23 cm Desnutrio moderada

    23 cm Normal

    Nas situaes em que tivermos idosos que, por motivos de gravidade de doena, no consigam se manter de p para serem pesados ou para que a sua altura seja medida, o indicador IMC dever ser substitudo pelo PB. A Tabela 2.9 mostra a classificao do estado nutricional atravs do PB em idosos.

    Tabela 2.9 Classificao do estado nutricional atravs do PB em idosos (> de 55 anos)

    PB Classificao

    < 18,5 cm Desnutrio grave

    18,5 cm a < 21 cm Desnutrio moderada

    21 cm Normal

    Fonte: HelpAge International, Nutrition interventions for older people in emergencies, (2013)

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    2.2.10 Ganho de Peso Durante a Gestao

    O peso ao nascer um dos mais importantes determinantes da sobrevivncia de uma criana, e

    directamente influenciado pelo estado nutricional da me antes e durante a gravidez. O baixo peso

    pr-gestacional e o ganho de peso inadequado durante a gravidez, so os preditores mais importantes

    de atraso do crescimento intra-uterin