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Manual Técnico Têxtil e Vestuário Manual Técnico malharia #03 Têxtil e Vestuário

Manual Técnico Têxtil e Vestuário - Nº 03 - Malharia

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A cada edição do projeto SENAI MIX DESIGN, são apresentados manuais técnicos, desenvolvidos por profissionais da Escola SENAI Francisco Matarazzo, que complementam o caderno de tendências do setor de Vestuário e propõem uma melhor compreensão das etapas da cadeia têxtil e de confecção.

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Manual TécnicoTêxtil e Vestuário

Manual Técnico

malharia#03

Têxtil e Vestuário

Page 2: Manual Técnico Têxtil e Vestuário - Nº 03 - Malharia

Elaboração

Escola SENAI “Francisco Matarazzo”

http://www.sp.senai.br/textil

Diretor

Marcelo Costa

Conteúdo técnico

Adilson da Silva Leite

Marcelo Costa

Revisão técnica

Paulo Sérgio Salvi

Preparação do texto

Lilian Garrafa / Editora SENAI-SP

Projeto gráfico e diagramação

Marilia Freitas Firmino

Andressa Campideli

Ilustrações

Matheus Lima

Andressa Campideli

Fotografias

Moisés José de Abreu

Presidente

Paulo Skaf

Diretor Regional

Walter Vicioni Gonçalves

Diretor Técnico

Ricardo Figueiredo Terra

Gerente Regional

Adelmo Belizário

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O conhecimento na área têxtil é de fundamental importância para os profissionais que fazem parte da indústria da moda, tanto no entendimento de conceitos como dos próprios materiais têxteis. Para melhores escolhas de compra ou novos desenvolvimentos, a informação e a formação são primordiais. Pensando nisso, a cada edição do SENAI MIX DESIGN, são apresentados manuais técnicos, desenvolvidos por profissionais da Escola SENAI Francisco Matarazzo, que complementam o caderno do setor de Vestuário e propõem uma melhor compreensão das etapas da cadeia têxtil e do vestuário. O terceiro manual aborda a Malharia.

manual técnicoTêxtil e Vestuário

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2 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Consumidores

Vendas eletrônicas

Vendas por catálogo

Vendas físico

Exportação

Linha larCama, mesa e banho

Beneficiamento ConfecçãoTecidos planos e malhas

* Fibras efilamentos

FiaçãoFios fiados com fibras

QuímicasFibras/filamentos

artificiais e sintéticos

MalhariaTecidos de malha

TecelagemTecidos planos

VestuárioRoupas e acessórios

TécnicosSacaria, encerados, fraldas,correias, automotivos, etc.

NaturaisFibras vegetais e pelos

AviamentosFitas, zíperes, linhas decostura, etiquetas, etc.

Estrutura da cadeia produtiva e de distribuição têxtil e confecção Desenvolvido pela ABIT - Associação Brasileira da Indústrial Têxtil e de Confecção

Escolas técnicas e universidades

* Máquinas e equipamentos

*Insumos químicos

Intermediação Financeira e Seguros

Serviços Prestados às Empresas

Transporte, Armazenamento e Correios

Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana

*Segmento de fornecedores

Centros de pesquisa e desenvolvimento

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Manual Técnico • Malharia 3

Consumidores

Vendas eletrônicas

Vendas por catálogo

Vendas físico

Exportação

Linha larCama, mesa e banho

Beneficiamento ConfecçãoTecidos planos e malhas

* Fibras efilamentos

FiaçãoFios fiados com fibras

QuímicasFibras/filamentos

artificiais e sintéticos

MalhariaTecidos de malha

TecelagemTecidos planos

VestuárioRoupas e acessórios

TécnicosSacaria, encerados, fraldas,correias, automotivos, etc.

NaturaisFibras vegetais e pelos

AviamentosFitas, zíperes, linhas decostura, etiquetas, etc.

Estrutura da cadeia produtiva e de distribuição têxtil e confecção Desenvolvido pela ABIT - Associação Brasileira da Indústrial Têxtil e de Confecção

Escolas técnicas e universidades

* Máquinas e equipamentos

*Insumos químicos

Intermediação Financeira e Seguros

Serviços Prestados às Empresas

Transporte, Armazenamento e Correios

Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana

*Segmento de fornecedores

Centros de pesquisa e desenvolvimento

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4 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Basicamente existem três formas diferentes de produção de tecidos, as quais caracterizam seus diversos tipos: os tecidos de malha, os tecidos planos (ou de cala) e os tecidos nãotecidos* (TNT). Nesta edição, serão abordados os tecidos de malha.

Os tecidos de malha são produzidos pelo entrelaçamento de um fio com ele mesmo em forma de laçadas, que correm em forma espiral horizontal-mente (malharia por trama), ou de vários fios longitudinais (malharia por urdume). Em ambos os casos o fio assume a forma de laçadas; cada laçada passa por dentro da anterior sem que exista algum ponto de liga-mento fixo entre elas.

* Segundo a ABNT NBR 13370:2002 o termo “nãotecido”

se escreve junto e sem hífen.

Mat

heus

Lim

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Cam

pide

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Malharia

Cabeça

Perna

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Manual Técnico • Malharia 5

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Características do tecidos de malha

Essa maneira de se produzir tecidos lhes confere algumas características próprias:

• Flexibilidade e elasticidade – Estas características decorrem da estrutura que as laçadas ou malhas formam e sustentam entre si, mantendo-se, entretan-to, livres para mover-se quando submetidas a tensão. As laçadas podem escorregar umas sobre as outras, sob tensão, e retornar à posição inicial quando esta ces-sa, moldando-se às formas do corpo humano.

Page 8: Manual Técnico Têxtil e Vestuário - Nº 03 - Malharia

6 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Os tecidos de malha diferenciam-se dos tecidos planos, em que os fios de trama e os de urdume se mantêm esticados e cruzam-se formando uma armação sobretudo rígida, que resulta em produto final resistente.

Urd

ume

• Porosidade – Os espaços for-mados entre as malhas propor-cionam a porosidade. No calor, absorve o suor e facilita a trans-piração; no frio, a porosidade for-ma um “colchão de ar” dentro do tecido, que atua como isolante térmico, fazendo com que o cor-po não perca calor. O ponto forte dessa característica é proporcio-nar maior conforto fisiológico.

• Baixa estabilidade dimensional – Entende-se por estabilidade dimensional as dimen-sões de um determinado tecido que, uma vez atingidas, não serão mais modificadas, ou seja, tamanho estável, que não será alterado. Os tecidos de malha, por sua vez, têm baixa estabilidade dimensional, ou seja, deformam com facilidade, principalmente quando submetidos a tensões que provocam estiramento, e na presença de fatores como água, calor e movimento, comuns nos processos de manutenção (lavagem, se-cagem etc.) das peças. Uma das formas de minimizar esta característica dos tecidos de malha é a adição de uma fibra elástica (por exemplo elastano – Lycra®) na constru-ção do tecido, visando o retorno do tecido a sua posição original, uma vez cessada a tensão.

Trama

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And

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Tecido plano

Tecido de malha

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Manual Técnico • Malharia 7

Vantagens e desvantagens dos tecidos de malha

Vantagens dos tecidos de malha

• Elasticidade e flexibilidade – Os tecidos de malha adaptam-se ao movimento do corpo e às roupas que devem aderir a ele, como: collant, meias, roupas de banho, artigos es-portivos, roupas íntimas etc.

• Facilidade de fabricação – Em relação aos tecidos planos, os tecidos de malha, de modo geral, têm um processo de produção mais simples, o que favorece a criação de peque-nas empresas. Para os designers isto pode ser uma vantagem, já que permite maior facilidade em parcerias para a criação tanto da estrutura do tecido como da escolha das fibras e fios para sua construção.

• Grande variedade de texturas (ligamentos) – Podem-se obter facilmente vários artigos de características bem diferentes, muitas vezes com pequenas alterações. Isto propi-cia uma grande variedade de ligamentos com características diferentes para as mais diversas aplicações.

Desvantagens dos tecidos de malha

• Deformação – A elasticidade e a flexibilidade, características inerentes da malha, po-dem ocasionar, quando mal controladas, encolhimentos ou alargamentos do tecido, devido a sua baixa estabilidade dimensional.

• Enrolamento – Alguns tecidos, devido a sua estrutura, apresentam uma tendência a enrolar-se nas bordas, fenômeno que é prejudicial nos processos confecção.

• Emprego limitado – Os tecidos de malha, algumas vezes, não se adaptam a certos tipos de aplicação, principalmente as que requerem tecidos de grande resistência.

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8 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Conceitos básicos da malharia

Agulhas

As agulhas são os principais ele-mentos responsáveis pela formação das laçadas e consequentemente dos tecidos de malha. As agulhas utilizadas em malharia diferem das usadas na costura, seja no aspecto, seja na qualidade do aço. Hoje em dia, existem muitos modelos e tipos de agulhas para atender as necessi-dades dos diversos tipos de teares de malharia. Uma das mais utiliza-das é a agulha de lingueta; este tipo de agulha tem no corpo uma lingue-ta que se abre e fecha sobre a cabe-ça da agulha, e um “pé” sobre o qual agirão as pedras que provocarão os movimentos necessários à formação da malha.

Pé (top)

Corpo

Lingueta

Colher

Cabeça (gancho)

Mat

heus

Lim

a

Ranhura

Eixo

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Manual Técnico • Malharia 9

1. Uma malha acaba de ser formada. Agulha em posição de descanso.

O processo de formação da malha neste tipo de agulha se faz da seguinte forma:

2. A agulha avança fazendo com que a malha anterior abra a lingueta.

3. A agulha encontra-se no máximo de seu avanço.

4. A agulha inicia o recuo. Um novo fio é colocado dentro da cabeça da agulha.

5. A agulha continua o seu recuo. A malha anterior irá empurrar a lingueta fechando-a.

6. A malha anterior acaba de fechar a lingueta.

7. A agulha recua ao seu ponto máximo, levando o novo fio alimentado a passar por dentro da malha anterior, formando uma laçada sobre ela. Está formada uma nova malha.

Mat

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10 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Fronturas

Finura de máquina

As fronturas, também chamadas placas de agulhas ou frentes de tecimento, são placas metálicas com canaletas onde são dispostas as agulhas paralelamente para o trabalho, que pode ter formato retilíneo ou circular. As máquinas de malharia podem ter uma frontura (monofrontura) ou duas fronturas (duplafrontura).

Finura de máquina refere-se à quan-tidade de agulhas, existentes na frontura, no espaço de uma polega-da. Quanto maior o número de agu-lhas por polegada, mais fino será o tecido produzido, pois as malhas ficam mais juntas umas das outras, e mais fino deverá ser o título do fio utilizado, e vice-versa.

Espaço de 1 polegada (”)5 agulhas/”= Finura 5

Espaço de 1 polegada (”)12 agulhas/”= Finura 12

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Manual Técnico • Malharia 11

O processo de produção de tecidos de malha diferencia-se da produção de tecidos planos quanto aos tipos de máquinas em relação aos produtos. Na malharia, para cada tipo de tecido ou produto de malha que se deseja produzir, existe um tipo de máquina específico para sua produção. Além disso, cada grupo de máquinas está relacionado a um processo de tecimento (maneira de entrelaçamento dos fios para a formação do tecido) diferente. Existem dois processos diferentes, a saber: processo trama e processo urdume. A diferença fundamental entre os dois processos se deve ao fato de que, na malharia pelo processo trama, as malhas se processam no sentido da largura do tecido (um fio alimenta todas as agulhas em trabalho). No processo urdume, as malhas são formadas no sentido do comprimento do tecido (cada agulha é alimentada por um fio diferente).

Máquinas de malharia

Pode-se observar, na tabela a seguir (página 12), que alguns artigos estão relacionados em mais de um tipo de máquina; isso se deve ao fato de que, dependendo do tipo e aplicação do referido artigo (por exemplo, uma camiseta), existe uma máquina mais apropriada para sua produção.

Mat

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Processo trama

Processo urdume

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12 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Os tecidos produzidos em retilíneas es-tavam com sua imagem voltada para o inverno. Atualmente essa visão mo-dificou-se totalmente e seus tecidos atendem a outros segmentos da moda, como blusas de linha, saias, camisetas etc.Um tecido de retilínea difere dos de-mais tecidos de malharia (exceto meias e sean less) porque esta destina-se a produzir peças “semiacabadas”, isto é, peças com uma largura e um com-primento preestabelecidos que neces-sitam apenas de alguns cortes (cavas, decotes etc.).Vale ressaltar que se podem obter pe-ças já completamente prontas para a costura, o que chamamos de “peças caladas” ou “fully-fashion”, e em alguns modelos de máquinas peças literal-mente prontas, ou seja, que não neces-sitam de costura.

Máquinas retilíneas

PROCESSO TRAMA PROCESSO URDUME

RETILÍNEA

CIRCULAR

KETTENSTUHL RASCHELGrande

diâmetro

Médio

diâmetro

Pequeno

diâmetro

Blusas

Pulôver

Cachecol

Tocas

Golas

Punhos

Camisetas

Moletons

Lingerie

Cuecas

Estofamentos

Sean less

(peças sem

costura)

Meias

Maiôs

Biquínis

Sungas

Lingerie

Camisetas

Estofamentos

Rendas

Cortinas

Redes

Lingerie

Estofamentos

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Manual Técnico • Malharia 13

São máquinas de alta produção e com enorme diversidade nos arti-gos produzidos, em razão dos vários modelos de teares existentes. Seus produtos atendem aos mais variados setores, com camisetas, moletons, lingerie, calções etc.Diferentemente das máquinas re-tilíneas, estas produzem um rolo de tecido, que posteriormente será aca-bado e vendido para as confecções, as quais farão o processo de confec-ção das peças propriamente ditas (enfesto, rico, corte, montagem etc.).

São máquinas circulares que produ-zem um tecido em forma de tubo a partir da medida do diâmetro do cor-po de uma pessoa. As empresas que trabalham com este tipo de máquina não comercializam tecidos, mas pe-ças prontas, confeccionadas, já que os produtos saem destas máquinas praticamente prontos, necessitan-do apenas de alguns cortes (cavas, decotes etc.). Seus produtos são, na maioria das vezes: lingeries, cuecas, bodies, tops, camisetas, segunda pele etc., porém todas sem costura nas laterais.

Máquinas circulares de grande diâmetro

Máquinas circulares de médio diâmetro

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14 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

São máquinas circulares que produzem um tecido em forma de tubo com a me-dida do diâmetro de um pé, e já estru-turado com a sua anatomia (tornozelo, calcanhar e peito do pé). Essas máqui-nas, na maioria dos casos, produzem meias esportivas, femininas, masculi-nas e infantis mas eventualmente po-dem produzir tecidos em forma de tubo com pequeno diâmetro para aplicações industriais, tais como forração de man-gueiras, revestimento de cilindro, etc. As empresas que trabalham com es-sas máquinas comercializam o produto pronto para o uso.

Máquinas circulares de pequeno diâmetro

Mais conhecidas como Kettens, são máquinas de alta produção e têm seus artigos voltados para a produção de lin-gerie, biquínis, maiôs, camisetas, shorts, sungas, tecidos para calçado etc.Elas produzem um rolo de tecido, que posteriormente será acabado e vendido às confecções, que farão o processo de confecção das peças propriamente ditas (enfesto, rico, corte, montagem etc.).

Máquinas Kettenstuhl

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Manual Técnico • Malharia 15

Tem maior diversificação de estruturas (desenhos) que as máquinas Kettens. São próprias para a produção de rendas, mas produzem também tules, lingerie, cortinas, colchas, protetores para construção civil, sacarias etc. Tais máquinas, quando não estão produzindo rendas, podem produzir rolo de tecido, que posteriormente será acabado e vendido para as confecções.

Máquinas Raschel

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16 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Dentro do setor de malharia podemos produzir, basicamente, dois tipos de tecidos: a meia malha e a malha dupla. A partir desses dois artigos, e de acordo com os recursos existen-tes na máquina a ser utilizada, fazemos todas as outras estruturas conhecidas, pois todas deverão seguir essa divisão. Estrutura do tecido nada mais é que a forma como as malhas se entrelaçam na formação das carreiras e colunas que compõem o tecido. Essas estrutu-ras são comumente chamadas de ligamentos.

Tecido jersey simples ou meia malha

É toda estrutura obtida em uma única frontura, isto é, quando a fazemos usando somente uma placa de agulhas – tecimento em monofrontura. Tem como característica a tendência a enrolar-se nas bordas e apresentar de um lado malha direita e do outro malha esquerda.

Tecido jersey duplo ou malha dupla

É toda estrutura na qual, em pelo menos uma das formações de malha, as agulhas das duas fronturas (placas de agulhas) trabalhem simultaneamente – tecimento em dupla frontura. Tem como característica uma menor tendência a enrolar-se nas bordas, e possui malhas direita e esquerda dos dois lados do tecido.

Tipos de tecidos de malha

Malha direita Malha esquerda

Malha direita e esquerdaTecimento em dupla frontura

Tecimento em monofrontura

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Lim

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Mat

heus

Lim

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Manual Técnico • Malharia 17

Malhas por centímetro (malhas/cm)

Quando analisamos os tecidos de malha, observamos uma construção que chamamos de carreira e outra que chamados de colunas.

Densidade do tecido é o nome técnico que se dá para expressar o quão “fechado” (mais denso) ou “aberto” (menos denso) é o tecido. É muito importante controlar a densidade, pois esta está diretamente relacionada ao custo, à produção (m/h ou kg/h) e às caracterís-ticas do tecido, tais como elasticidade, flexibilidade, estabilidade dimensional etc. Existem basicamente três maneiras de se verificar e expressar a densidade: por meio da contagem das malhas por centímetro (malhas/cm), da gramatura (g/m2) e do rendimento (m/kg).

Densidade dos tecidos de malha

• Carreiras de malha: referem-se a uma série de laçadas distribu-ídas horizontalmente no tecido ao longo de toda sua largura. Todas as laçadas (malhas) de uma carreira são formadas pelo mesmo fio.

• Colunas de malhas: referem-se a uma série de laçadas distribu-ídas verticalmente no tecido, ao longo de todo seu comprimento. Todas as malhas de uma mesma coluna são formadas numa mes-ma agulha.

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And

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18 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Para se verificar a densidade através das malhas por centímetro, devemos contar a quan-tidade de carreiras e colunas de malhas existentes no espaço de um centímetro do tecido. Quanto maior a quantidade de carreiras e colunas de malhas por centímetro no tecido, maior a sua densidade.

Gramatura (g/m²)

Outra maneira de se verificar a densidade é pela massa do tecido em uma determinada área. Padronizou-se expressar o peso em gramas e a área em 1 metro quadrado e utilizar o nome de gramatura (g/m2). O tecido será mais denso, quanto maior for sua massa nesta área de um metro quadrado. Existe uma relação inversamente proporcional ao tamanho da malha do tecido, pois, quanto maior a massa da referida área (maior a gramatura), me-nor o tamanho da malha, e vice-versa.

1 cm

1 m

1 m 1 m

1 m

1 cm

6 colunas

5 ca

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ras

Tecido mais denso5 carreiras/cm6 colunas/cm

1 cm

1 cm

4 colunas

3 ca

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ras

Tecido menos denso3 carreiras/cm4 colunas/cm

Tecido menos densoGramatura:

180 g/m2

Tecido mais densoGramatura:

250 g/m2

250 g 180 g

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Manual Técnico • Malharia 19

Rendimento (m/kg)

Também é possível verificar a densidade de um tecido pela quantidade de metros existen-tes em um quilo, a que damos o nome de rendimento (m/kg). É necessário salientar que, para se comparar a densidade de dois ou mais tecidos pelo rendimento, os tecidos devem ter a mesma largura. O tecido será mais denso quanto menor a quantidade de metros em um quilo. A relação com o tamanho da malha neste caso é diretamente proporcional, ou seja, quanto maior a quantidade de metros em um quilo do tecido (maior rendimento) maior o tamanho da malha, e vice-versa.

A gramatura ou o rendimento são as maneiras mais usuais de se medir a densidade e, de-pendendo da finalidade, é mais conveniente expressá-la de uma ou outra forma.Para as confecções, ter a densidade expressa pelo rendimento é mais adequado quando se fala em custos, pois os tecidos de malha são vendidos por massa (R$/kg); porém, no processo de confecção, o consumo de tecido é medido por área, já que é a área ocupada pelo molde da peça que servirá de base para calcular a quantidade possível de peças a se-rem produzidas por metro de tecido. Dessa forma, sabendo-se quanto custa cada quilo de tecido e quantos metros existem em um quilo (o rendimento), é possível calcular o custo de tecido de cada peça.

Conversão entre medidas de densidade

1,50

m

1,10 m

1,10 m

1,80

m

Tecido menos denso

Rendimento:

1,80 m/kg

Tecido mais denso

Rendimento: 1,50 m/kg

1 kg 1 kg

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20 SENAI MIX DESIGN • Têxtil e Vestuário

Por outro lado, se a necessidade da confecção for o controle da densidade dos tecidos quando do seu recebimento, a verificação pela gramatura será mais conveniente, já que, com uma pequena área do tecido, é possível a verificação da densidade. Para as confec-ções este controle no recebimento dos tecidos é de fundamental importância, pois, caso a densidade especificada não tenha sido mantida no processo de produção do tecido, po-derá ocorrer sobra ou falta de tecido para a produção das peças e consequente alteração dos custos de produção.

As empresas produtoras de tecidos devem colocar pelo menos três informações técnicas em seus produtos: a composição, a largura e uma medida de densidade. Cada empresa pode optar pela indicação em gramatura ou rendimento e, em razão das diferentes neces-sidades das confecções citadas anteriormente, por vezes torna-se necessária a transfor-mação da gramatura em rendimento ou do rendimento em gramatura, o que é possível com a utilização das fórmulas a seguir:

Conversão de gramatura (g/m2) em rendimento (m/kg):

Conversão de rendimento (m/kg) em gramatura (g/m2):

rendimento (m/kg) = 1000gramatura (g/m2) x largura (m)

gramatura (g/m2) = 1000rendimento (m/kg) x largura (m)

Page 23: Manual Técnico Têxtil e Vestuário - Nº 03 - Malharia

Manual Técnico • Malharia 21

ABERLE, C.: Géneros de punto. Barcelona: Gustavo Gili, 1935. (Enciclopédia de la

Industria Textil, 3).

ARAÚJO, M.; CASTRO, E. M. M.: Manual de engenharia têxtil. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian, v I e II, 1984.

COSTA, A. P.; CESAR, W.; COSTA, M.: Apostilas de Malharia. São Paulo: Escola SENAI

“Francisco Matarazzo”, 2000.

LEITE, A. S.: Indústria têxtil: mapeamento dos grupos estratégicos para uma análise

estrutural. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, USP, 2015.

LEITE, A. S.; BARCO, L.; ROSA, J. M.; PEREIRA, D. R.; COSTA, M.; TRINDADE, N. B.:

Análise estrutural da indústria têxtil: mapeamento dos grupos estratégicos com

relação ao grau de verticalização das empresas e seus respectivos lucros líquidos

ajustados e faturamentos. In: Anais do II Congresso Científico Têxtil e de Moda -

CONTEXMOD. São Paulo, SP, Brasil, 2014.

TOMÁS, F.A.B.: Tecnologia del tejido de punto por trama a una sola cara. Barcelona:

Oikos-tau, 1984.

VIOLA, F.: Tecnologia delle macchine circolari per calze. Milano: Gesto Editore, 1992.

Referências

Page 24: Manual Técnico Têxtil e Vestuário - Nº 03 - Malharia

Escola SENAI “Francisco Matarazzo”Faculdade de Tecnologia SENAI “Antoine Skaf” Rua Correia de Andrade, 232, Brás, São Paulo/SP

(11) 3312-3550 | www.sp.senai.br/textil

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