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Universidade Federal de São Carlos Centro de Educação e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade Mapeamento e análise do perfil científico-tecnológico de organizações atuantes no desenvolvimento de instrumentação aplicada ao agronegócio Nayara Cristini Bessi São Carlos – SP 2014

Mapeamento e análise do perfil científico-tecnológico de organizações atuantes no desenvolvimento de instrumentação aplicada ao agronegócio

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Com o intuito de auxiliar as instituições de ciência e tecnologia a obterem informaçãoacionável para serem utilizadas em processos estratégicos e de inovação, a presente pesquisapropõe uma sistemática, baseada nas práticas da Inteligência Competitiva, para verificardentro de uma determinada área do conhecimento, quais são as organizações que podemcontribuir em suas atividades de pesquisa e desenvolvimento mapeando-as e analisando seusperfis científico-tecnológico. O diferencial desta sistemática está na ênfase dada ao processode recuperação das informações tecnológicas. Este processo deve ser mais rigoroso, oumesmo melhor estudado, pois, quando não aplicado de forma correta pode acarretar em umenviesamento da análise, comprometendo a produção de informação. Para elaborar asistemática a metodologia adotada foi a de estudo de caso, escolhendo a EmbrapaInstrumentação para a aplicação. Esta instituição foi escolhida por ser uma unidade daEMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a qual atua ativamente empráticas de inovação e inteligência no agronegócio. A sistemática foi desenvolvida na área deinstrumentação aplicada ao agronegócio compreendendo quatro processos principais: a)identificação das necessidades e categorização das atividades; b) planejamento; c)mapeamento das organizações e recuperação das informações; d) análise do perfil científicotecnológico e classificação das organizações. Os resultados obtidos foram: a) a sistemática demapeamento e análise do perfil científico-tecnológico; b) as principais organizações compotencial de contribuição nas atividades de pesquisa e desenvolvimento da organização deestudo; c) o perfil científico-tecnológico de cada uma delas; d) o posicionamento destas nosistema agroindustrial; e) as organizações chave, especificamente, as que atuaram de formamais abrangente nas categorias de pesquisa e desenvolvimento da instituição de ciência etecnologia. Evidencia-se através dos resultados que o objetivo da pesquisa foi atingidocontribuindo com o gargalo sobre recuperação da informação tecnológica existente naliteratura e fornecendo informação acionável para a instituição de ciência e tecnologia doestudo compreender seu contexto de atuação. As universidades Nanjing University, ZhejiangUniversity, Beijing University of Technology e a empresa Sinopec foram identificadas comoorganizações chave para a instituição de estudo. A elaboração e aplicação da sistemáticacontribuiu na medida em que viabilizou a replicação desta pesquisa em outras áreas, emoutros períodos, para outras instituições de ciência e tecnologia, além de fomentar estudos deoutros autores afim de promover melhorias na sistemática, principalmente no que se refere aoprocesso de recuperação de informações tecnológicas.

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  • Universidade Federal de So Carlos Centro de Educao e Cincias Humanas

    Programa de Ps-Graduao em Cincia, Tecnologia e Sociedade

    Mapeamento e anlise do perfil cientfico-tecnolgico de organizaes atuantes no desenvolvimento de

    instrumentao aplicada ao agronegcio

    Nayara Cristini Bessi

    So Carlos SP 2014

  • NAYARA CRISTINI BESSI

    Mapeamento e anlise do perfil cientfico-tecnolgico de

    organizaes atuantes no desenvolvimento de instrumentao aplicada ao agronegcio

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincia, Tecnologia e Sociedade, do Centro de Educao e Cincias Humanas, da Universidade Federal de So Carlos, como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre em Cincia, Tecnologia e Sociedade. Orientador: Prof. Dr. Leandro Innocentini Lopes de Faria

    So Carlos SP 2014

  • Ficha catalogrfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitria da UFSCar

    B559ma

    Bessi, Nayara Cristini. Mapeamento e anlise do perfil cientfico-tecnolgico de organizaes atuantes no desenvolvimento de instrumentao aplicada ao agronegcio / Nayara Cristini Bessi. -- So Carlos : UFSCar, 2014. 216 p. Dissertao (Mestrado) -- Universidade Federal de So Carlos, 2014. 1. Inteligncia competitiva. 2. Cincia e tecnologia. 3. Recuperao da informao. 4. Informao tecnolgica. 5. Indicadores. 6. Instituies de cincia e tecnologia. I. Ttulo. CDD: 658.47 (20a)

  • Programa de Ps-graduao emCincia, Tecnologia e Sociedade ~~"Ar:"

    BANCA EXAMINADORA DA DISSE~TAO DE MESTRADO DENAYARA CRISTINI BESSI

    Prof. Or. Leandro Innocentini Lopes de FariaOrientador e Presidente

    PPGCTS/UFSCar

    d Garcia GuimaresM ro externoFFCLRP/USP

    Membro internoCECH/UFSCar

    r, '

    Submetida a defesa pblica em sesso realizada em: 03/02/2014.Hom~lo!~da n~ ~')-eunio or inria da ,CPG do PPGCTS'fealizada em

    /O!Y~ ,~/4 \.. ;.', ',-1)' . l-- ,,- ,Profa. Ora. Maria.Cristina Piumbato nocentini Hayashi

    Coordenadora do PPGCT$.

    Fomento: CAPES/OS / defesa de nO88

    Programa de Ps-graduao em Cincia, Tecnologia e SociedadeCentro de Educao e Cincias Humanas da Universidade Federal de So Carlos

  • Dedico este trabalho : Deus, Maria Salete Brisolar Bessi, Jos Luiz Bessi,

    Henrique Viccari Cabete e professores.

  • AGRADECIMENTOS O conhecimento por mim adquirido vem de vrias fontes, dentre elas, as mais significativas e

    importantes so as pessoas que externalizam suas experincias e conhecimentos

    voluntariamente contribuindo para a construo de saberes e prticas. Agradeo s pessoas

    que somaram conhecimentos, valores, princpios e experincias durante minha vida

    acadmica e pessoal, entre elas agradeo:

    Aos meus pais e familiares pelos valores, princpios ensinados e apoio proporcionado.

    Ao Henrique Viccari Cabete, pela perseverana e contribuies nos processos de anlise,

    alm do grande companheirismo, compreenso, carinho, parceria e incentivo em todas minhas

    decises.

    Aos professores que impulsionaram minha trajetria, dentre eles, Leonardo Guimares Garcia

    que contribuiu significativamente para meu desempenho impulsionando minha vida

    acadmica, ensinado a dar os primeiros passos e desde ento se mantendo sempre presente, ao

    professor Leandro Innocentini Lopes de Faria, por ter me acolhido de braos abertos e

    transferido seu conhecimento emprico adquirido ao longo das etapas desse trabalho e ao

    professor Roniberto Morato do Amaral, pelas sugestes e ideias que contriburam

    imensamente para a realizao e efetivao deste.

    Aos amigos e companheiros de trabalho do NIT/materiais: Douglas Henrique Milanez pelos

    direcionamentos, pacincia, amizade e troca de experincias, Lucas Faccioni Chanchetti pelo

    seu companheirismo e empenho em fazer nossas tardes mais saborosas e motivadoras e s

    meninas do grupo, Cludia Daniele de Souza, Aline Britto, Mirian Clavico Alves e Vera

    Aparecida Lui Guimares pela amizade, companhia, ateno, motivao e carinho sempre.

    Aos funcionrios e amigos do PPGCTS principalmente ao Paulo Augusto Lazaretti,

    Brunella Della Magiori Orlandi, Juliana Santicioli, Daniela Salgado e Lvia Gutierrez

    amigas que levarei para sempre no corao.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior pelo fomento dado esta

    pesquisa.

  • A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltar ao seu tamanho normal (Albert Einstein)

  • RESUMO

    Com o intuito de auxiliar as instituies de cincia e tecnologia a obterem informao acionvel para serem utilizadas em processos estratgicos e de inovao, a presente pesquisa prope uma sistemtica, baseada nas prticas da Inteligncia Competitiva, para verificar dentro de uma determinada rea do conhecimento, quais so as organizaes que podem contribuir em suas atividades de pesquisa e desenvolvimento mapeando-as e analisando seus perfis cientfico-tecnolgico. O diferencial desta sistemtica est na nfase dada ao processo de recuperao das informaes tecnolgicas. Este processo deve ser mais rigoroso, ou mesmo melhor estudado, pois, quando no aplicado de forma correta pode acarretar em um enviesamento da anlise, comprometendo a produo de informao. Para elaborar a sistemtica a metodologia adotada foi a de estudo de caso, escolhendo a Embrapa Instrumentao para a aplicao. Esta instituio foi escolhida por ser uma unidade da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria), a qual atua ativamente em prticas de inovao e inteligncia no agronegcio. A sistemtica foi desenvolvida na rea de instrumentao aplicada ao agronegcio compreendendo quatro processos principais: a) identificao das necessidades e categorizao das atividades; b) planejamento; c) mapeamento das organizaes e recuperao das informaes; d) anlise do perfil cientfico-tecnolgico e classificao das organizaes. Os resultados obtidos foram: a) a sistemtica de mapeamento e anlise do perfil cientfico-tecnolgico; b) as principais organizaes com potencial de contribuio nas atividades de pesquisa e desenvolvimento da organizao de estudo; c) o perfil cientfico-tecnolgico de cada uma delas; d) o posicionamento destas no sistema agroindustrial; e) as organizaes chave, especificamente, as que atuaram de forma mais abrangente nas categorias de pesquisa e desenvolvimento da instituio de cincia e tecnologia. Evidencia-se atravs dos resultados que o objetivo da pesquisa foi atingido contribuindo com o gargalo sobre recuperao da informao tecnolgica existente na literatura e fornecendo informao acionvel para a instituio de cincia e tecnologia do estudo compreender seu contexto de atuao. As universidades Nanjing University, Zhejiang University, Beijing University of Technology e a empresa Sinopec foram identificadas como organizaes chave para a instituio de estudo. A elaborao e aplicao da sistemtica contribuiu na medida em que viabilizou a replicao desta pesquisa em outras reas, em outros perodos, para outras instituies de cincia e tecnologia, alm de fomentar estudos de outros autores afim de promover melhorias na sistemtica, principalmente no que se refere ao processo de recuperao de informaes tecnolgicas. Palavras-chave: Inteligncia Competitiva; Cincia e Tecnologia; Recuperao da informao Tecnolgica; Indicadores Bibliomtricos; Instituies de Cincia e Tecnologia.

  • ABSTRACT

    In order to assist the institutions of science and technology to obtain actionable information for use in strategic processes and innovation, this research proposes a systematic, based on the practices of Competitive Intelligence to verify in an area of knowledge, which are organizations that can help in their research and development by mapping them and analyzing their scientific and technological profiles. The difference of this research is in this systematic emphasis on the recovery process of technological information. This process should be more rigorous, or even better investigated because, when not applied correctly can result in a skew analysis, compromising the information production. To develop a systematic methodology adopted was the case study, choosing Embrapa Instrumentation for the application. This institution was chosen because is a unit of EMBRAPA (Brazilian Agricultural Research Corporation, which actively participates in innovative practices in agribusiness and intelligence. The systematic was developed in the area of instrumentation applied to agribusiness comprising four main processes: a) identification of needs and categorization of activities; b) planning; c) mapping the organization and retrieval of information; d) analysis of the scientific- technological profile and classification organizations. The results were: a) a systematic of mapping and analysis of scientific - technological profile; b) the main organizations with potential contribution in research and development activities of the institution of study; c) the scientific - technological profile of each organization; d) the positioning of these in the agro-industrial system e) the key organizations, specifically, that acted more broadly in the categories of research and development of institution of science and technology. It is evident from the results that the objective was achieved contributing to the bottleneck that exists in the literature about recovery of technological information and providing actionable information to the institution of science and technology to understand your context of operation. Universities Nanjing University, Zhejiang University, Beijing University of Technology and the Company Sinopec were identified as key to the institution of study organizations. The development and implementation of systematic contributed in so far as possible the replication of this research in other areas, at other times, to other institutions of science and technology, and foster studies of other authors in order to promote improvements in the systematic, particularly in the process of technological information retrieval. Key-words: Competitive Intelligence; Science and Technology; Technological Information Retrieval; Bibliometric Indicators; Institutions of Science and Technology.

  • PUBLICAES PUBLICAES EM PERIDICOS FARIA, L. I. L. et al. Indicadores tecnolgicos: estratgia de busca de documentos de patentes relacionados instrumentao aplicada ao agronegcio. Cadernos de Cincia & Tecnologia, Braslia, v. 30, n.1, p. 119-144, jan./abr. 2014. BESSI, N. C. et al. Informao tecnolgica: mapeando documentos de patentes e organizaes atuantes no desenvolvimento de instrumentao agropecuria. InCID: Revista Cincia da Informao e Documentao, Ribeiro Preto, v. 4, n. 1, p. 107-128, jan./jun. 2013.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Ciclo de IC .............................................................................................................. 35Figura 2 - Protocolo KIT ......................................................................................................... 37Figura 3 - Sistema agroindustrial ............................................................................................ 50Figura 4 - Fontes de inovao tecnolgica do sistema agroindustrial ..................................... 51Figura 5 - Subdivises da Classificao Internacional de Patentes CIP .............................. 60Figura 6 - Processos e procedimentos da sistemtica de mapeamento e anlise do perfil

    cientfico-tecnolgico das organizaes. .................................................................................. 69Figura 7 - Fluxograma de elaborao da estratgia de busca .................................................. 75Figura 8 - Distribuio das organizaes mapeadas pelo sistema agroindustrial ................... 92Figura 9 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Zhejiang University (2007-2011). ............................................................................................ 99Figura 10 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Beijing University of Technology (2007-2011). .................................................................... 104Figura 11 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Shanghai University (2007-2011). ......................................................................................... 109Figura 12 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Tianjin University (2007-2011). ............................................................................................. 114Figura 13 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Nanjing University (2007-2011). ........................................................................................... 119Figura 14 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Shandong University (2007-2011) ......................................................................................... 124Figura 15 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    South China University of Technology (2007-2011). ............................................................ 129Figura 16 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Iseki (2007-2011). .................................................................................................................. 132Figura 17 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Panasonic (2007-2011). .......................................................................................................... 136Figura 18 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Yanmar (2007-2011). ............................................................................................................. 139Figura 19 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    LG (2007-2011). ..................................................................................................................... 143

  • 12

    Figura 20 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Basf (2007-2011) ................................................................................................................... 147Figura 21 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Sinopec (2007-2011) .............................................................................................................. 151Figura 22 - Rede de cooperao em instrumentao aplicada ao agronegcio tecnolgica da

    Samsung (2007-2011). ........................................................................................................... 155Figura 23 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Bayer (2007-2011). ................................................................................................................ 159Figura 24 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Toppan Printing (2007-2011)................................................................................................. 162Figura 25 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Bosh e Siemens (2007-2011). ................................................................................................ 165Figura 26 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Dupont (2007-2011). .............................................................................................................. 170Figura 27 - Rede de cooperao tecnolgica em instrumentao aplicada ao agronegcio da

    Case New Holland (2007-2011). ........................................................................................... 173

  • LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Objetivo estratgico (1) da Embrapa e contribuies da Embrapa Instrumentao

    2008-2011- 2023. ..................................................................................................................... 43Quadro 2 - Objetivo estratgico (2) da Embrapa e contribuies da Embrapa Instrumentao

    2008-2011- 2023. ..................................................................................................................... 44Quadro 3 - Objetivo estratgico (3) da Embrapa e contribuies da Embrapa Instrumentao

    2008-2011- 2023. ..................................................................................................................... 44Quadro 4 - Objetivo estratgico (4) da Embrapa e contribuies da Embrapa Instrumentao

    2008-2011- 2023 ...................................................................................................................... 45Quadro 5 - Objetivo estratgico (5) da Embrapa e contribuies da Embrapa Instrumentao

    2008-2011- 2023 ...................................................................................................................... 45Quadro 6 - Estratgias de busca .............................................................................................. 76Quadro 7 - Resultados dos testes ............................................................................................ 80Quadro 8 - Estratgia de busca final ....................................................................................... 81Quadro 9 - Percentual de contribuio de cada organizao e diferena relativa mdia de

    depsitos. .................................................................................................................................. 90Quadro 10 - Estrutura da Faculdade de Agricultura Cincias Ambientais e da Vida e

    Universidade de Oceanografia (Zhejiang University). ............................................................. 94Quadro 11 - reas de pesquisas cientficas da Faculdade de Agricultura Cincias Ambientais

    e da Vida e Universidade de Oceanografia associadas ao agronegcio e instrumentao

    aplicada ao agronegcio (Zhejiang University). ....................................................................... 95Quadro 12 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas rassociadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Zhejiang University (2007-2011). .............................................................. 95Quadro 13 - Estrutura da Faculdade de Engenharia Ambiental e Energia e Faculdade de

    Cincias da Vida e Bioengenharia (Beijing University of Technology). ............................... 100Quadro 14 - reas de pesquisa cientfica da Faculdade de Engenharia Ambiental e Energia e

    Faculdade de Cincias da Vida e Bioengenharia associadas ao agronegcio e instrumentao

    aplicada ao agronegcio (Beijing University of Technology)................................................ 100Quadro 15 - Principais reas tecnolgicas e aplicaes das tecnologias relacionadas

    instrumentao aplicada ao agronegcio da Beijing University of Technology (2007-2011).

    ................................................................................................................................................ 101Quadro 16 - Estrutura da Escola de Cincias da Vida, Escola de Engenharia Ambiental e

    Qumica, Universidade Martima e Universidade de Oceanografia (Shanghai University). . 105

  • Quadro 17 - reas de pesquisas cientficas da Escola de Cincias da Vida, Escola de

    Engenharia Ambiental e Qumica, Universidade Martima e Universidade de Oceanografia

    associadas ao agronegcio e instrumentao aplicada ao agronegcio (Shanghai University).

    ................................................................................................................................................ 105Quadro 18 - Principais reas tecnolgicas e aplicaes das tecnologias em instrumentao

    aplicada ao agronegcio da Shanghai University (2007-2011). ............................................ 106Quadro 19 - Estrutura da Escola de Engenharia e Cincias Ambientais e Escola de Cincias

    da Vida (Tianjin University). ................................................................................................. 110Quadro 20 - reas de pesquisas cientficas da Escola de Engenharia e Cincias Ambientais e

    Escola de Cincias da Vida associadas ao agronegcio e instrumentao aplicada ao

    agronegcio (Tianjin University). .......................................................................................... 110Quadro 21 - Principais reas tecnolgicas e aplicaes das tecnologias em instrumentao

    aplicada ao agronegcio da Tianjin University (2007-2011). ................................................ 111Quadro 22 - Estrutura da Escola do Meio Ambiente, Escola de Cincias da Vida,

    Universidade de Tecnologia e Universidade Florestal (Nanjing University). ....................... 115Quadro 23 - reas de pesquisas cientficas da Escola do Meio Ambiente, Escola de Cincias

    da Vida, Universidade de Tecnologia e Universidade Florestal associadas ao agronegcio e

    instrumentao aplicada ao agronegcio (Nanjing University). ............................................ 116Quadro 24 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Nanjing University (2007-2011). ................................................................. 116Quadro 25 - Estrutura da Escola de Cincias e Engenharia Ambiental e Universidade de

    Agricultura (Shandong University). ....................................................................................... 120Quadro 26 - reas de pesquisas cientficas da Escola de Cincias e Engenharia Ambiental e

    Universidade de Agricultura associadas ao agronegcio e instrumentao aplicada ao

    agronegcio (Shandong University). ..................................................................................... 121Quadro 27 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Shandong University (2007-2011). .............................................................. 122Quadro 28 - Estrutura da Escola de Indstria Leve e Cincia dos Alimentos, Escola de

    Cincias e Engenharia do Ambiente e a Escola de Qumica e Engenharia Qumica (South

    China University of Technology). ......................................................................................... 125Quadro 29 - reas de pesquisas cientficas da Escola de Indstria Leve e Cincia dos

    Alimentos, Escola de Cincias e Engenharia do Ambiente e Escola de Qumica e Engenharia

  • Qumica associadas ao agronegcio e instrumentao aplicada ao agronegcio (South China

    ................................................................................................................................................ 126Quadro 30 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da South China University of Technology (2007-2011). .................................. 126Quadro 31 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Iseki (2007-2011). .................................................................................... 130Quadro 32 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Panasonic (2007-2011). ............................................................................ 133Quadro 33 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Yanmar (2007-2011). ............................................................................... 137Quadro 34 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da LG (2007-2011)........................................................................................ 141Quadro 35 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Basf (2007-2011)...................................................................................... 144Quadro 36 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Sinopec (2007-2011). ............................................................................... 149Quadro 37 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Samsung (2007-2011). ............................................................................. 152Quadro 38 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Bayer (2007-2011). .................................................................................. 156Quadro 39 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Toppan Printing (2007-2011). .................................................................. 160Quadro 40 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Bosh e Siemens (2007-2011). .................................................................. 163Quadro 41 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Dupont (2007-2011). ................................................................................ 167Quadro 42 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associadas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da case New Holland (2007-2011)................................................................ 171Quadro 43 - Principais reas e aplicaes tecnolgicas associdas instrumentao aplicada

    ao agronegcio da Nestl (2007-2011). .................................................................................. 174Quadro 44 - Sntese da atuao cientfica-tecnolgica das organizaes mapeadas por

    categorias de P&D estratgicas da Embrapa Instrumentao ................................................ 178

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 - Principais organizaes atuantes no desenvolvimento de instrumentao aplicada

    ao agronegcio e seus nveis de atividade inventiva (2007-2011). .......................................... 89Grfico 2 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Zhejiang University (2007-2011). ............................................................ 96Grfico 3 - Top 10 inventores da Zhejiang University em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ........................................................................................................ 97Grfico 4 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Zhejiang University (2007-2011). .................................................................. 98Grfico 5 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Beijing University of Technology (2007-2011). .................................... 101Grfico 6 - Top 10 inventores da Beijing University of Technology em instrumentao

    aplicada ao agronegcio (2007-2011). ................................................................................... 102Grfico 7 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Beijing University of Technology (2007-2011). .......................................... 103Grfico 8 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Shanghai University (2007-2011)........................................................... 107Grfico 9 - Top 10 inventores da Shanghai University em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 107Grfico 10 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Shanghai University (2007-2011). ............................................................... 108Grfico 11 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Tianjin University (2007-2011). ............................................................. 111Grfico 12 - Top 10 inventores da Tianjin University em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 112Grfico 13 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Tianjin University (2007-2011). ................................................................... 113Grfico 14 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Nanjing University (2007-2011). ............................................................ 117Grfico 15 - Top 10 inventores da Nanjing University em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 117

  • Grfico 16 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Nanjing University (2007-2011). .................................................................. 119Grfico 17 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Shandong University (2007-2011). ......................................................... 122Grfico 18 - Top 10 inventores da Shandong University em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 123Grfico 19 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Shandong University (2007-2011). ............................................................... 123Grfico 20 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela South China University of Technology (2007-2011). ............................. 127Grfico 21 - Top 10 inventores da South China University of Technology em instrumentao

    aplicada ao agronegcio (2007-2011). ................................................................................... 127Grfico 22 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da South China University of Technology (2007-2011). .................................. 128Grfico 23 - Top 10 inventores da Iseki em instrumentao aplicada ao agronegcio (2007-

    2011). ...................................................................................................................................... 131Grfico 24 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Iseki (2007-2011). ......................................................................................... 131Grfico 25 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Panasonic (2007-2011). ........................................................................... 134Grfico 26 - Top 10 inventores da Panasonic em instrumentao aplicada ao agronegcio

    (2007-2011). ........................................................................................................................... 134Grfico 27 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Panasonic (2007-2011). ................................................................................ 135Grfico 28 - Top 10 inventores da Yanmar em instrumentao aplicada ao agronegcio

    (2007-2011). ........................................................................................................................... 138Grfico 29 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Yanmar (2007-2011). .................................................................................... 139Grfico 30 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela LG (2007-2011)....................................................................................... 141Grfico 31 - Top 10 inventores da LG em instrumentao aplicada ao agronegcio (2007-

    2011). ...................................................................................................................................... 142Grfico 32 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da LG (2007-2011). ........................................................................................... 142

  • Grfico 33 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Basf (2007-2011). ................................................................................... 145Grfico 34 - Top 10 inventores da Basf em instrumentao aplicada ao agronegcio (2007-

    2011). ..................................................................................................................................... 146Grfico 35 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Basf (2007-2011). ......................................................................................... 146Grfico 36 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Sinopec (2007-2011). ............................................................................. 149Grfico 37 - Top 10 inventores da Sinopec em instrumentao aplicada ao agronegcio

    (2007-2011). ........................................................................................................................... 150Grfico 38 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Sinopec (2007-2011). ................................................................................... 150Grfico 39 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Samsung (2007-2011). ............................................................................ 153Grfico 40 - Top 10 inventores da Samsung em instrumentao aplicada ao agronegcio

    (2007-2011). ........................................................................................................................... 153Grfico 41 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Samsung (2007-2011). ................................................................................. 154Grfico 42 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Bayer (2007-2011). ................................................................................. 157Grfico 43 - Top 10 inventores da Bayer em instrumentao aplicada ao agronegcio (2007-

    2011). ..................................................................................................................................... 157Grfico 44 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Bayer (2007-2011). ....................................................................................... 158Grfico 45 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Toppan Printing (2007-2011). ................................................................ 160Grfico 46 - Top 10 inventores da Toppan Printing em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 161Grfico 47 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Toppan Printing (2007-2011). ...................................................................... 162Grfico 48 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Bosh e Siemens (2007-2011). ................................................................. 164Grfico 49 - Top 10 inventores da Bosh e Siemens em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 164

  • Grfico 50 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Bosh e Siemens(2007-2011). ........................................................................ 165Grfico 51 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Dupont (2007-2011). ............................................................................... 168Grfico 52 - Top 10 inventores da Dupont em instrumentao aplicada ao agronegcio (2007-

    2011). ...................................................................................................................................... 168Grfico 53 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Dupont (2007-2011). ..................................................................................... 169Grfico 54 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Case New Holland (2007-2011). ............................................................. 171Grfico 55 - Top 10 inventores da Case New Holland em instrumentao aplicada ao

    agronegcio (2007-2011). ...................................................................................................... 172Grfico 56 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Case New Holland (2007-2011). .................................................................. 173Grfico 57 - Foco das tecnologias relacionadas instrumentao aplicada ao agronegcio

    desenvolvidas pela Nestl (2007-2011). ................................................................................. 175Grfico 58 - Top 10 inventores da Nestl em instrumentao aplicada ao agronegcio (2007-

    2011). ...................................................................................................................................... 176Grfico 59 - Pases de depsito e origem das tecnologias em instrumentao aplicada ao

    agronegcio da Nestl (2007-2011). ...................................................................................... 177

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CIP- Classificao Internacional de Patentes

    CNPDIA- Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentao Agropecuria

    CTDUT- Centro de Tecnologias em Dutos

    C&T- Cincia e Tecnologia

    DII- Derwent Innovations Index

    DNPEA - Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentao Agropecuria

    EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    EPO- European Patent Office

    EPR- Electron Paramagnetic Resonance

    IAA- Indstrias Agroalimentares

    IC- Inteligncia Competitiva

    ICT- Inteligncia Competitiva Tecnolgica

    ICTs- Instituies de Cincia e Tecnologia

    INPI- Instituto Nacional de Propriedade Industrial

    INT- Instituto Nacional de Tecnologia

    IPPs- Instituies Pblicas de Pesquisa

    JPO- Japan Patent Office

    KIT- Key Intelligence Topics

    NLP-Natural Language Processing

    OST- Observatoire des Sciences et des Techniques

    PDE- Plano Diretor da Embrapa

    PDU- Plano Diretor da Unidade

    P&D- Pesquisa e Desenvolvimento

    PD&I- Pesquisa Desenvolvimento e Inovao

    REFAB- Refinaria Alberto Pasqualini

    SAI- Sistema Agroindustrial

    SDIC- State Development and Investment Corporation

    SEP- Sistema Embrapa de Planejamento

    SIPO- State Intellectual Property Office of the People's Republic of China

    SNPA- Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria

    UFF- Universidade Federal Fluminense

  • UFRJ- Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UNICAMP- Universidade Estadual de Campinas

    USP- Universidade de So Paulo

    USPTO- United States Patent and Trademark Office

    VP VantagePoint

    WO- Depsto Mundial

    YPF- Yacimientos Petrolferos Fiscales

  • SUMRIO 1 INTRODUO ............................................................................................................... 25

    2CT&I e INTELIGNCIA COMPETITIVA ................................................................. 292.1 RELAES ENTRE CINCIA TECNOLOGIA E INOVAO TECNOLGICA. .... 292.2 INTELIGNCIA COMPETITIVA: ATIVIDADE E REA DO CONHECIMENTO ... 32 3 EMBRAPA SUAS TRANSFORMAES SOCIAIS, EMBRAPA

    INSTRUMENTAO E SEU DIRECIONAMENTO ESTRATGICO. ....................... 39

    4 AGRONEGCIO E INSTRUMENTAO ................................................................. 474.1 AGRONEGCIO: SISTEMA DE PRODUO AGROINDUSTRIAL E SEUS

    ATORES. ................................................................................................................................. 474.2 COMPETITIVIDADE: INOVAO TECNOLGICA E INSTRUMENTAO

    APLICADA AO AGRONEGCIO ........................................................................................ 504.3 PRODUO AGROPECURIA, SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE ....... 53

    5 INFORMAO DE PATENTES, RECUPERAO E ANLISE ........................... 575.1 INFORMAO DE PATENTES E ANLISE BIBLIOMTRICA ............................... 575.2 RECUPERAO DA INFORMAO TECNOLGICA: ESTRATGIA DE BUSCA,

    REVOCAO E PRECISO ................................................................................................. 62

    6METODOLOGIA ............................................................................................................ 676.1 ABORDAGEM METODOLGICA ................................................................................ 67

    6.2 PROCESSO DE IDENTIFICAO DAS NECESSIDADES E CATEGORIZAO

    DAS ATIVIDADES. ............................................................................................................... 696.2.1 Diagnstico da necessidade utilizando protocolo KIT ............................................... 706.2.2 Anlise do PDU e categorizao das reas estratgicas de P&D .............................. 71

    6.3 PROCESSO DE PLANEJAMENTO .............................................................................. 716.3.1 Procedimento de escolha das fontes de informao. .................................................. 716.3.2 Procedimento de escolha das tcnicas de anlise. ...................................................... 72

    6.4 PROCESSO DE MAPEAMENTO DAS ORGANIZAES E RECUPERAO DAS

    INFORMAES. .................................................................................................................... 746.4.1 Procedimento de recuperao e tratamento da informao tecnolgica. ................ 74

  • 6.4.1.1 Etapa 1- Estratgia inicial.............................................................................................746.4.1.2 Etapa 2- Aperfeioamentos...........................................................................................776.4.1.2.1 Aperfeioamento da estratgia inserindo novos cdigos. ......................................... 776.4.1.2.2 Aperfeioamento da estratgia inserindo palavras. .................................................. 786.4.1.3 Etapa 3- Anlise dos parmetros de revocao e preciso............................................786.4.1.3.1 Aplicao das estratgias. ......................................................................................... 786.4.1.3.2 Coleta, armazenamento e tratamento dos dados. ..................................................... 786.4.1.3.3 Aplicao dos testes de revocao (R) e preciso (P). ............................................. 796.4.1.4 Etapa 4- Incorporao das melhorias............................................................................806.4.2 Procedimento de posicionamento das organizaes em um ranking. ....................... 826.4.3 Procedimento de recuperao da informao cientfica. ........................................... 83

    6.5 PROCESSO DE ANLISE DO PERFIL CIENTFICO-TECNOLGICO E

    CLASSIFICAO DAS ORGANIZAES. ......................................................................... 846.5.1 Procedimento de produo de informao cientfica-tecnolgica. ............................ 846.5.2 Procedimento posicionamento das organizaes no sistema industrial ................... 866.5.3 Posicionamento das organizaes nas categorias de P&D e identificao das

    organizaes chave. ................................................................................................................ 86

    7RESULTADOS E DISCUSSO DO MAPEAMENTO E ANLISE .......................... 897.1 ANLISE GERAL DAS ORGANIZAES MAPEADAS DE POTENCIAL

    CONTRIBUIO NAS ATIVIDADES DE P&D. ................................................................. 89

    7.2 PERFIL DAS UNIVERSIDADES MAPEADAS ............................................................. 937.2.1 Zhejiang University........................................................................................................937.2.2 Beijing University of Technology..................................................................................997.2.3 Shanghai University.....................................................................................................1047.2.4 Tianjin University........................................................................................................1097.2.5 Nanjing University.......................................................................................................1147.2.6 Shandong University....................................................................................................1207.2.7 South China University of Technology......................................................................124

    7.3 PERFIL DAS EMPRESAS MAPEADAS.......................................................................1297.3.1 Iseki...............................................................................................................................1297.3.2 Panasonic......................................................................................................................1327.3.3 Yanmar.........................................................................................................................1367.3.4 LG..................................................................................................................................140

  • 7.3.5 Basf................................................................................................................................1437.3.6 Sinopec (China Petrochemical Corporation)............................................................1477.3.7 Samsung........................................................................................................................1517.3.8 Bayer.............................................................................................................................1557.3.9 Toppan Printing...........................................................................................................1597.3.10 Bosh e Siemens...........................................................................................................1637.3.11 Dupont.........................................................................................................................1667.3.12 Case New Holland......................................................................................................1707.3.13 Nestl...........................................................................................................................173

    7.4 ORGANIZAES CHAVE: RELAES ENTRE A ATUAO CIENTFICA-

    TECNOLGICA DAS ORGANIZAES COM AS REAS ESTRATGICAS DE P&D

    DA EMBRAPA INSTRUMENTAO. .............................................................................. 177

    8 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................... 181

    REFERNCIAS ................................................................................................................... 185

    APNDICES ........................................................................................................................ 205APNDICE A - PATENTES DA EMBRAPA INSTRUMENTAO COLETADAS NA

    BRASPAT .............................................................................................................................. 205APNDICE B - CDIGOS CIP E DESCRIES AGRONEGCIO E

    INSTRUMENTAO - OBSERVATOIRE DES SCIENCES ET DES TECHNIQUES .... 209APNDICE C - CDIGOS CIP E DESCRIES AGRONEGCIO E

    INSTRUMENTAO EMBRAPA INSTRUMENTAO ............................................. 213

    ANEXOS ............................................................................................................................... 215ANEXO A- REGISTROS EXTRADO DA BASE DE DADOS DERWENT

    INNOVATIONS INDEX ....................................................................................................... 215ANEXO B- CLASSIFICAO EM DOMNIOS E SUBDOMNIOS TECNOLGICOS. 216

  • 25

    1 INTRODUO

    O cenrio de competitividade que se apresenta atualmente exige cada vez mais que as

    organizaes realizem aes para se manter sobreviventes no ambiente de negcios. Uma das

    mais realizadas a prtica de inovar. Um tipo de inovao especfica a tecnolgica

    compreendida simplificadamente como a insero de um novo produto ou processo no

    mercado. Quando uma organizao inova tem a oportunidade de usufruir de vantagens

    competitivas frente s outras (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND

    DEVELOPMENT, 2005).

    A busca incessante por tais vantagens amplia fronteiras do conhecimento e da tcnica,

    pois, para desenvolver inovaes tecnolgicas necessrio que as organizaes tambm

    desenvolvam ou mesmo aperfeioem aspectos da cincia e da tecnologia (C&T) por meio das

    atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Para Velho (2011) o desenvolvimento da

    C&T no feito de forma isolada, dado o novo paradigma existente que circunda a cincia e

    tecnologia, as inovaes so cunhadas atravs de inter-relaes entre organizaes como

    universidades, empresas, institutos ou mesmo as instituies de cincia e tecnologia (ICTs)

    cujo negcio primordial o desenvolvimento da C&T atravs do desenvolvimento de

    inovaes tecnolgicas.

    nesse ambiente que as organizaes: se inter-relacionam e inovam em rede; geram

    mais valor do que outras; recebem destaque frente as demais; se tornam alvo de diversos tipos

    de comparaes, se posicionam como competidoras e/ou aliadas em processos de inovao,

    etc. Assim, no h como discorrer sobre inovao e avanos cientficos-tecnolgicos sem

    tratar de aspectos relacionados ao gerenciamento de informaes externas, uma atividade que

    auxilia organizaes conhecerem e compararem seus nveis de competitividade,

    desenvolvimento e excelncia compreendendo melhor as oportunidades e ameaas ao

    ambiente externo (FUNDAO NACIONAL DA QUALIDADE, 2008).

    O gerenciamento de informaes provenientes das mais diversas fontes, se destaca

    como atividade de carter estratgico em processos inovacionais, mais especificamente, no

    planejamento e nas tomadas de deciso, por permitir a produo de informaes acionveis

    (informao analisada). Uma atividade tica e sistemtica de produo dessas informaes a

    atividade de Inteligncia Competitiva (IC), ou quando esta se encontra especificamente

    relacionada ao desenvolvimento cientfico-tecnolgico, Inteligncia Competitiva Tecnolgica

    (ICT). Nesta ltima, um tipo de informao legal e tica comumente utilizada a informao

  • 26

    tecnolgica, disponvel em documentos tcnicos, principalmente nos documentos de patentes

    (ASHTON; KLANVAS, 1999).

    A aplicao da IC vem se consolidando na literatura dado a existncia de muitos

    estudos que fornecem informao acionvel para organizaes. Entre eles, alguns se

    mencionam o mapeamento de organizaes, anlise de perfis de competidores ou parceiros ou

    mesmo traam correlaes entre organizaes externas s empresas e suas atividades de P&D,

    como os estudos de Breitzman (2000); Deboys (2004); Lee et al. (2009); Mogee; (1999);

    Wilson (1987), entre outros.

    No entanto, h uma lacuna terica em estudos desse tipo, apesar de reconhecerem a

    importncia, a maioria deles no enfatizam ou detalham, com a devida nfase, como foi

    realizado e quais fundamentos foram estabelecidos durante o processo de recuperao dos

    dados. Este merece ser mais rigoroso, ou mesmo melhor estudado, pois, quando no aplicado

    de forma correta pode acarretar em um enviesamento dos dados e da anlise, comprometendo

    a produo de informao acionvel.

    Buscado contribuir com esta lacuna terica, a presente pesquisa prope uma

    sistemtica, baseada nas prticas da Inteligncia Competitiva (IC), para que as instituies de

    cincia e tecnologia brasileiras (ICTs) possam verificar dentro de uma determinada rea, quais

    so as organizaes que podem contribuir em suas atividades de P&D e em quais categorias,

    mapeando-as e analisado seus perfis cientfico-tecnolgico. O diferencial se concentra na

    nfase dada ao processo de recuperao das informaes tecnolgicas.

    Para nortear o desenvolvimento, a metodologia adotada foi a de estudo de caso.

    Portanto foi necessrio escolher uma instituio de cincia e tecnologia que servisse de base

    para o estudo, ou seja, que fosse ativa nas prticas de inovao e IC. Para tanto optou-se pela

    a Embrapa Instrumentao por esta ser uma unidade de negcio da empresa pblica-privada

    EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria). Esta atuante no PD&I do

    agronegcio brasileiro e em projetos e aes de IC. Alm do mais, para atingir o objetivo

    geral os seguintes objetivos especficos foram estabelecidos:

    a) Verificar uma rea de interesse para a aplicao da sistemtica, neste caso, a rea foi

    instrumentao aplicada ao agronegcio, buscando homogeneizar o objetivo da

    pesquisa com os interesses da ICT;

    b) Categorizar as atividades e aes de P&D da ICT;

    c) Mapear as principais organizaes atuantes no desenvolvimento de instrumentao

    aplicada ao agronegcio, enfatizando o processo de recuperao das informaes

    tecnolgicas;

  • 27

    d) Obter informaes cientficas e tecnolgicas sobre as organizaes mapeadas;

    e) Estabelecer o perfil cientfico-tecnolgico das organizaes mapeadas, utilizando as

    informaes recuperadas;

    f) Analisar, a partir do perfil, quais so as organizaes chave para a ICT, ou seja,

    aquelas que atuaram com destaque nas categorias de P&D.

    A presente pesquisa promove contribuies para a esfera acadmica e organizacional.

    Na primeira a esfera a elaborao de uma sistemtica contribui na medida em que o estudo

    pode ser replicado em outras reas de desenvolvimento, em outros perodos, alm de

    viabilizar estudos de outros autores que podem melhorar a sistemtica ou partes dela,

    contribuindo para a construo coletiva de um saber, principalmente ao que se refere ao

    processo de recuperao de informaes tecnolgicas.

    Na segunda esfera a aplicao da metodologia contribui para a Embrapa

    Instrumentao no dispersar de sua viso de ser uma das lderes mundiais na gerao do

    conhecimento, tecnologia e inovao em instrumentao, pois, proporciona ela informaes

    aptas para serem utilizadas em processos de tomada de decises em projetos estratgicos e de

    inovao. Alm disso, outras ICTs tambm podem apropriar-se da sistemtica para encontrar

    organizaes que contribuam em suas atividades de P&D.

    A presente pesquisa est exposta em oito sees, como mostrado abaixo, sendo as

    quatro primeiras responsveis por discorrer teoricamente sobre as temticas centrais que

    envolvem a pesquisa, posteriormente discorre-se sobre a metodologia e a sistemtica

    projetada, os resultados do mapeamento e anlise, por fim, as consideraes finais da

    pesquisa:

    a) Seo 1: consiste na atual parte do texto que contm uma breve introduo sobre a

    pesquisa, objetivos e justificativas;

    b) Seo 2: disserta sobre relaes entre Cincia, Tecnologia, Inovao e Inteligncia

    Competitiva ou mesmo Inteligncia Competitiva Tecnolgica,

    c) Seo 3: disserta sobre a organizao Embrapa e sua unidade de negcio Embrapa

    Instrumentao, a mudana de modelo mental ocorrida na instituio imposta por

    conjunturas sociais, alm das reas de P&D que a Embrapa Instrumentao deve atuar

    nos prximos anos.

  • 28

    d) Seo 4: disserta sobre o agronegcio, seus setores, o sistema de produo

    agroindustrial e a importncia da inovao tecnolgica e da instrumentao aplicada

    cadeia produtiva do agronegcio.

    e) Seo 5: discorre sobre informaes extradas de patentes e aspectos relacionados

    sua recuperao e anlise;

    f) Seo 6: discorre sobre a metodologia adotada: caracterizao da pesquisa; do mtodo;

    tcnicas de anlise, processos e procedimentos desenvolvidos para a aplicao

    (sistemtica em si);

    g) Seo 7: apresentao dos resultados obtidos na aplicao do processo de mapeamento

    e anlise: organizaes mapeadas de potencial contribuio nas atividades de P&D,

    seguida de seus perfis cientfico-tecnolgico, seu posicionamento no sistema

    agroindustrial e organizaes chave para cada categoria e objetivo de P&D;

    h) Seo 8: concluses finais, pontos negativos e positivos e propostas de melhorias.

  • 29

    2 CT&I e INTELIGNCIA COMPETITIVA

    2.1 RELAES ENTRE CINCIA TECNOLOGIA E INOVAO TECNOLGICA

    A cincia definida pela UNESCO como um conjunto de conhecimentos organizados

    sobre mecanismos de causalidade de fatos observveis, obtidos atravs da observao de

    fenmenos empricos, j a tecnologia pode ser considerada como o conjunto de

    conhecimentos cientficos ou empricos diretamente aplicveis produo ou melhoria de

    bens e servios. De acordo com Velho (2011) o sentido de cincia passou por vrios

    paradigmas at chegar ao seu sentido atual. Sendo eles os paradigmas de: uma cincia

    autnoma; uma cincia bsica origem das tecnologias; existncia de relaes entre a cincia, a

    tecnologia e a sociedade; e o mais atual a unio tanto da cincia quanto da tecnologia em um

    binmio produzido atravs das interaes entre organizaes.

    A cincia moderna nasceu na Europa e sendo uma atividade que atuava de forma

    organizada e autnoma, capaz de criar instituies prprias. Com a revoluo cientfica se deu

    a passagem do pensamento exclusivamente filosfico para o campo das generalizaes e das

    observaes empricas, com o auxlio dos mtodos e das matematizaes, construindo assim,

    novas formas de determinar finalidades, papis e objetivos do conhecimento. No perodo ps-

    guerra, incio da dcada de 60 criou-se um paradigma de uma cincia que se revelou

    autnoma, extra social, ligada a ideologias e projetos polticos (ROSSI, 2001; VELHO,

    2011).

    Tanto a cincia quanto a tecnologia foram utilizadas como aparatos militares para

    atingir interesses estatais. Nesse contexto, emergiram crticas a esse pensamento ideolgico, a

    comunidade cientfica passou a definir a cincia como cincia bsica, ou seja, a busca da

    verdade por meio de experimentaes que garantem a ampliao do conhecimento com fim de

    produzir conhecimento cientfico somente. Buscou-se por meio da cincia o fortalecimento

    das atividades de pesquisa e formao de recursos humanos. A cincia era puxada pela oferta

    e a comunidade cientfica no se sujeitou a um controle social (VELHO, 2011).

    Dada as crticas, foi nesse perodo tambm que a cincia comeou a se destacar como

    origem das tecnologias. O processo de transformar o conhecimento cientfico em tecnologia

    se deu de forma linear (modelo linear de inovao), mais especificamente, a cincia sendo

    uma pesquisa bsica, gerada pela curiosidade ou uma necessidade, que por sua vez poderia

    emergir em uma pesquisa aplicada que levaria a um desenvolvimento experimental, o qual

  • 30

    poderia gerar uma tecnologia a ser inserida no mercado tornando-se uma inovao

    tecnolgica, gerando crescimento econmico e benefcio social (VELHO, 2011). Neste

    contexto, devido ao modelo linear que cincia foi caracterizada como sendo um motor de

    progresso contnuo e pensada separadamente da tecnologia. Estabeleceram-se limites entre a

    cincia e a tecnologia fazendo com que elas fossem compreendidas inicialmente a partir da

    fragmentao de um todo.

    J entre as dcadas de 60 e 70 incorporou-se uma relao intrnseca existente entre a

    cincia, tecnologia e a sociedade. Discusses revelaram que o processo de produo de uma

    determinada tecnologia gerava externalidades que afetavam o bem-estar social. A cincia no

    se configurava mais como fator extra social e tambm no passvel de neutralidade, passou a

    ser elaborada em grupos considerando questes sociais e mercadolgicas. Um modelo de

    cincia antes puxado pela oferta agora puxado por uma demanda social, porm, ainda

    mantendo sua linearidade (VELHO, 2011).

    Corroborando com este paradigma Reis (2004), afirma que tanto a cincia quanto a

    tecnologia esto interligadas por uma relao forte que vai da Cincia Tcnica desta

    Indstria, desta Sociedade que retorna Cincia, formando um ciclo de retroalimentao

    capaz de gerar para a cincia novos conhecimentos, para a indstria inovao tecnolgica e

    para a sociedade uma tecnologia que influencie no seu bem-estar.

    De acordo com o ltimo paradigma, desde a ltima dcada de 80 e 90, afirma-se que o

    conhecimento e a tecnologia so produzidos na interface das relaes entre vrios tipos de

    organizaes de forma a integrar oferta e da demanda. Portanto, desenvolveram-se novos

    modelos de interao, porm, no mais lineares, cada um deles enfatizando as vrias

    organizaes que se articulam-se entre si. Assim como em outras questes, a cincia e a

    tecnologia passam a ser pensadas e analisadas de forma sistmica, fruto de um mesmo

    processo, da necessidade social humana (VELHO, 2011).

    Este paradigma descrito por Velho (2011) de uma cincia social produzida por

    mltiplas organizaes ainda atualmente aceito. A cincia e a tecnologia devem ser

    analisadas como um binmio chamado C&T. Isto porque a cincia construda dentro da

    sociedade como algo homogneo, alm disso, para Ianni (2000) ela desenvolvida por

    organizaes inseridas dentro de uma sociedade global, com interaes sistmicas globais e

    sem limitaes territoriais de comunicao e de troca de conhecimentos, fazendo com que

    processos, tecnologias ou mesmo organizaes no devam ser analisadas dentro de limites

    territoriais especficos.

  • 31

    Um dos modelos cunhados no ltimo paradigma da hlice-tripla que veio

    substituindo gradualmente os modelos lineares de inovao. Este fundamenta-se na interao

    dinmica de trs esferas autnomas: universidade, indstria e governo. Os objetivos de

    inovao de uma esfera influenciam diretamente nos processos de inovao das outras. Nesse

    novo modelo estas esferas assumem papeis diferentes daqueles tradicionais, por exemplo, as

    universidades vm formando suas prprias empresas e empresrios, diluindo fronteiras

    existentes entre universidades e indstrias. Essas novas interaes resultam no aumento de

    conflitos que contribuem para a formao de um contexto social, econmico e poltico de

    maior complexidade (ETZKOWITTS; LEYDESDORFF, 1999).

    Em sntese, a cincia e a tecnologia vem herdando da sociedade caractersticas de

    relaes de tenso, conflitos de interesses, alianas estratgias e negociaes, configurando-se

    em um jogo composto por organizaes. Alm disso, os autores Etzkowitts e Leydesdorff

    (1999) afirmam que o desenvolvimento de novas tecnologias a nvel global vem exigindo que

    os modelos capitalistas de produo se tornem mais intensivos em conhecimento. Esses

    fatores mostram a importncia da gesto do conhecimento e inovao neste contexto, pois,

    dado o aumento de complexidade as organizaes precisam lidar com grandes volumes de

    informaes e dados, com maior necessidade de especializaes, com a existncia de vrias

    reas do conhecimento, alta competitividade na produo e no desenvolvimento de produtos e

    processos, entre outras.

    Assim, a gesto do conhecimento e da inovao destaca-se como uma atividade

    estratgica para as organizaes em geral, mas principalmente para aquelas cujo negcio

    fazer cincia e tecnologia (ICTs) apresentando-se diretamente conexo s atividades de P&D.

    As ICTs so definidas conforme Art. 2, inciso V, da Lei 10.973/04, como rgos ou

    entidades da administrao pblica que tenha como misso institucional, dentre outras

    questes: executar atividades de pesquisa bsica ou aplicada de carter cientfico ou

    tecnolgico.

    A Organisation For Economic Co-Operation And Development (2002, p.30) define a

    atividade de pesquisa e desenvolvimento como um trabalho criativo realizado de forma

    sistemtica, a fim de aumentar o estoque de conhecimento, incluindo o conhecimento do

    homem, da cultura e da sociedade, bem como a utilizao desse conjunto de conhecimentos

    em novas aplicaes. Esta atividade subdivide-se em trs atividades principais: a) pesquisa

    bsica trabalho de carter terico e experimental realizado para adquirir novos

    conhecimentos de fatos e fenmenos observveis, sem ter em vista qualquer aplicao ou

    mesmo uso; b) pesquisa aplicada- investigao realizada com objetivo de adquirir novos

  • 32

    conhecimentos, dirigida para um objetivo prtico especfico; c) desenvolvimento

    experimental - trabalho sistemtico, baseado em um conhecimento existente dirigido para

    produzir novos materiais, produtos ou dispositivos, para instalar novos processos, sistemas e

    servios, ou para melhorar substancialmente aqueles j produzidos ou instalados

    (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2002).

    Uma das mais complexas e crticas decises que prejudica muitas ICTs verificar qual

    P&D empreender, em que nvel de recursos e quais as prioridades. Estas decises precisam

    ser muito bem planejadas e delineadas. O fator mais decisivo no sucesso a escolha de metas

    de P&D estrategicamente vlidas, alm da escolha de onde alocar recursos e estabelecer

    polticas necessrias. Quando metas de P&D estiverem estrategicamente corretas traro

    compensaes. Por outro lado, metas incorretas desperdiaro recursos escassos. Para que

    haja compensaes, as metas necessitam estar alinhadas ao planejamento estratgico da

    organizao (ROUSSEL et al., 1992). Assim, faz-se importante investimentos feitos em

    projetos, tcnicas e ferramentas que analisem e coletem dados e informaes para a tomada de

    deciso no mbito estratgico de P&D, como a aplicao das prticas de IC.

    2.2 INTELIGNCIA COMPETITIVA: ATIVIDADE E REA DO CONHECIMENTO

    A Inteligncia Competitiva (IC) se destaca como atividade e como rea do

    conhecimento voltada para o ramo dos negcios. Pode tanto ser compreendida como uma

    atividade de prticas antigas, como uma rea do conhecimento recente. Considerando essas

    abordagens, as quais a posicionam como rea do conhecimento e como atividade, a IC pode

    ser definida respectivamente como:

    [...] uma rea interdisciplinar e sua constituio epistemolgica e aplicada que recorre principalmente a conhecimentos da administrao, cincia da informao, cincia da computao e economia (STAREC et al., 2006, p.23).

    [...] programa e tico para coleta, anlise e gerenciamento de informao externa que pode afetar planos, decises e operaes de uma empresa. Posto de outro modo o processo de realar a competitividade do mercado por meio de um maior e indiscutivelmente tico entendimento dos concorrentes e do ambiente competitivo. Especificamente, a coleta e anlise legais de informaes quanto s capacidades, vulnerabilidades e intenes dos concorrentes, conduzida pelo uso de banco de dados e outras fontes abertas e por meio de investigaes ticas (SOCIETY OF COMPETITIVE INTELLIGENCE PROFESSIONALS, 1996 apud MARCO, 2009).

  • 33

    Para Fuld (1995) em sua descrio mais bsica, inteligncia simplesmente

    informao analisada. O incio da IC no mundo data de antes de cristo, pois, nesse perodo

    haviam textos histricos que evidenciavam prticas de inteligncia. Ao longo do tempo a IC

    incorporou elementos e processos militares, governamentais, econmicos, culturais e

    empresariais. No Brasil, esta prtica foi introduzida por profissionais da Cincia da

    Informao. N dcada de 90, em um estgio ainda embrionrio, o Instituto Nacional de

    Tecnologia (INT) promoveu aes em empresas, universidades e centros de P&D para

    difundir a IC no pas (MARCIAL, 2004; AMARAL, 2010; COELHO et al., 2006; JUHARI;

    STEPHENS, 2006)

    Outro movimento na mesma dcada que corroborou com a difuso da IC no pas foi a

    abertura do mercado nacional, no governo de Fernando Collor de Mello que instituiu o Plano

    Collor II intensificador de uma poltica de juros altos, abertura para o mercado externo e

    incentivo s importaes. Neste contexto histrico a maioria das empresas nacionais estavam

    despreparadas com a concorrncia internacional, desde ento, a prtica IC veio se difundindo

    no mercado brasileiro, em processo de franco amadurecimento e expanso (GOMES;

    BRAGA, 2006).

    Da atividade de IC geram-se produtos que provm informaes acionveis relevantes

    em processos decisrios. Quando o produto da atividade relacionado ao desenvolvimento

    tecnolgico, ou seja, provm informaes acionveis que so prioritariamente de carter

    cientfico e tecnolgico, a IC pode ser intitulada como Inteligncia Tecnolgica ou

    Inteligncia Competitiva Tecnolgica (ICT).

    Amplamente ICT se refere a prtica de coletar, analisar e comunicar as melhores informaes disponveis sobre o desenvolvimento e tendncias da cincia e da tecnologia que ocorrem fora de sua prpria companhia. Porm, a ICT mais do que prover somente informaes, encontrar informaes que sirvam de inputs para gestores de uma companhia (ASHTON; KLANVAS, 1999, p.6).

    Na perspectiva de Ashton e Klanvas (1999) importante utilizar-se desta prtica para

    evitar surpresas tecnolgicas e possvel perda de oportunidades, minimizando efeitos adversos

    no negcio. Esforos efetivos de uma organizao focados em questes cientficas e

    tecnolgicas podem prevenir ou atenuar vrias perdas ou mesmo prover insights de novas

    oportunidades de negcio. Sendo assim, se faz crucial utilizar a ICT em investimentos de

    novos produtos (inovaes) e servios contribuindo para atingir os lucros esperados. O foco

    desse tipo de inteligncia enfatiza as funes de P&D da organizao, contudo, est em

  • 34

    compasso com outras atividades, como aquisio de tecnologias, planejamento estratgico e

    processo de investimento em tecnologias.

    Ainda segundo os autores a ICT, fundamentando-se nas prticas das organizaes, tem

    impacto em cinco reas da organizao: estratgia tecnolgica e de negcio; aquisio de

    tecnologias; gerenciamento de portflio de P&D; desenvolvimento tecnolgico e operaes

    de produo. Ela direcionada a dois aspectos bsicos em um mercado competitivo:

    tecnologias e organizaes. Os dois direcionamentos sugerem dois tipos bsicos de

    atividades: vigilncia tecnolgica e vigilncia organizacional. Esta ltima (vigilncia

    organizacional) a atividade de inteligncia tecnolgica mais utilizada, pois, foca nas

    organizaes relevantes que atuam dento do ambiente competitivo de uma organizao como:

    competidores, clientes, fornecedores, parceiros, universidades, laboratrios e s vezes

    agncias governamentais. O conceito de inteligncia organizacional consiste em ficar atento

    ao que outras organizaes esto fazendo, planejando fazer, ou so capazes de fazer que pode

    afetar os negcios da organizao atualmente ou no futuro.

    Fuld (1995) afirma que, em relao s fontes de informao utilizadas durante o a

    coleta de informaes todas as empresas, sejam elas grandes ou pequenas, tm virtualmente o

    mesmo acesso informao, sendo as vencedoras em uma competio aquelas que so

    capazes de converter informao disponvel em inteligncia acionvel (desenvolver produtos

    providos de informao acionvel e aplic-los. O desenvolvimento de produtos de inteligncia

    realizado basicamente atravs da aplicao das etapas de identificao das necessidades de

    inteligncia, planejamento, coleta, anlise, disseminao e avaliao. Estas se encontram na

    Figura 1 em forma de um ciclo de IC. importante salientar que, apesar de estarem

    apresentadas dessa forma didtica, acontecem de modo concomitante durante a atividade de

    IC, pelo fato desta ser complexa e iterativa. A seguir segue a descrio das etapas do ciclo de

    IC considerando os conhecimentos incorporados pelo Ncleo de Informao Tecnolgica em

    Materiais (2004).

  • 35

    Figura 1 - Ciclo de IC.

    Fonte: (NCLEO DE INFORMAO TECNOLGICA EM MATERIAIS, 2004, p. 4).

    A identificao da(s) necessidade(s) de inteligncia a primeira parte do ciclo de IC e

    consiste em conhecer as reais necessidades de uma organizao com o intuito de elaborar

    problemas, questes, planos e aes estratgicas. Esta etapa o fator crtico de sucesso do

    ciclo, pois, a partir dela que o trabalho direcionado e focado, fazendo com que uma m

    compreenso da necessidade de inteligncia possa comprometer o resultado do ciclo. Se a

    necessidade for muito abrangente se faz importante tentar especificar ao mximo a proposta,

    conhecer sobre a temtica, pesquisar anteriormente e estabelecer uma viso do contexto na

    qual a necessidade est inserida, reduzindo eventuais erros de compreenso.

    Herring (1999) fornece em seu estudo diretrizes que auxiliam na etapa de identificao

    das necessidades, chamando-as de KIT (Key Intelligence Topics). No centro destas diretrizes

    est o dilogo com os gestores da empresa. O KIT consiste em identificar as necessidades de

    inteligncia por meio de entrevistas com a alta gerncia priorizando tpicos fundamentais. As

    diretrizes podem ser utilizadas em decises estratgicas, sendo estas as mais importantes, ou

    mesmo para traar um perfil de competidor. Este autor classifica as necessidades mais

    comuns em trs categorias principais, sendo elas: decises e aes estratgicas; tpicos de

    alerta antecipado; descrio dos principais atores. Abaixo segue as descries das categorias e

    alguns exemplos de necessidades para cada uma delas expostas por Hering (1999).

    Na categoria decises e aes estratgicas esto includas necessidades de

    desenvolvimento de estratgias e planos estratgicos. Entre elas:

  • 36

    a) Fornecer insumos de inteligncia para o plano estratgico da empresa para criar o um

    futuro ambiente competitivo;

    b) Formulao de uma estratgia competitiva global: avaliar o papel de concorrentes em

    alcanar o objetivo de negcio;

    c) Globalizao da indstria: como e com quem deve-se proceder? Quais so os

    concorrentes e o que esto fazendo? com quem?;

    d) Programa de desenvolvimento de produtos: identificar e avaliar os programas dos

    principais concorrentes e avaliar o estado de outras tecnologias;

    e) Questes de recursos humanos: contratao e reteno de funcionrios chave.

    A categoria tpicos de alerta antecipados inclui necessidades relacionadas s iniciativas

    de competidores, surpresas tecnolgicas e aes governamentais. Entre elas:

    a) reas de possvel "avano" tecnolgico que podem afetar drasticamente a

    competitividade atual e futuro;

    b) Evolues tecnolgica que afetam tanto a capacidade de produo ou de produtos de

    desenvolvimento e seus usos por parte dos concorrentes e outros;

    c) Empresas e/ou combinaes de empresas, considerando possvel entrada em novos

    negcios ou mercados;

    d) Inteligncia em alianas, aquisies e alienaes entre os concorrentes e fornecedores.

    Por fim, a categoria descrio dos principais atores inclui necessidades referentes

    competidores, clientes, fornecedores, agncias reguladoras e potenciais parceiros, dentro de

    um mercado especfico.

    a) Fornecer perfis dos principais concorrentes, incluindo os seus planos estratgicos,

    estratgias competitivas, desempenho financeiro e de mercado, organizaes e pessoal

    chave em P&D;

    b) Identificar correntes novos e emergentes, especialmente aqueles provenientes de

    indstrias e empresas completamente diferentes;

    c) Descrever e avaliar o ambiente competitivo atual e futuro, incluindo clientes,

    concorrentes, mercados, fornecedores, tecnologias, estrutura da indstria e alteraes

    de tendncias.

    A aplicao dos tpicos KIT se faz tomando como base o seguinte protocolo mostrado

    na Figura 2:

  • 37

    Fonte: Adaptado de Hering (1999, p.12).

    A etapa seguinte de identificao das necessidades, a de planejamento, consiste na

    elaborao de um plano de aes que tornem o trabalho de IC mais eficiente, claro e preciso.

    O planejamento evita redundncias, gastos excedentes com recursos, refora e auxilia no

    cumprimento dos prazos e mantm o foco no trabalho solicitado. No entanto, o planejamento

    das aes de IC no deve ser engessado, ou seja, no necessrio cumprir as aes sem

    nenhuma modificao, ao contrrio, preciso deixar-se levar pelo contexto e pelas

    circunstncias de forma dinmica, porm, sem se esquecer da estrutura, do foco na

    necessidade e do prazo determinado. No caso desta pesquisa a etapa de planejamento foi

    referente gesto de recursos, como tempo e ferramentas.

    Posterior etapa de planejamento inicia-se a busca e coleta de dados e informaes

    potencialmente teis resoluo da questo ou problemtica de inteligncia proposta durante

    a etapa inicial de identificao das necessidades. Dados e informaes so a matriaprima

    do trabalho, geralmente realizado por bibliotecrios e profissionais da informao. Porm, a

    literatura destaca a necessidade de grande proximidade entre os analistas e os coletores, de

    forma a manter o foco durante a coleta, garantindo a qualidade da matria-prima. H

    diferentes fontes de informao e diferentes demandas e necessidades para cada trabalho.

    So fontes tpicas da IC: a) primrias ou informais- fontes de informao original, tais

    como entrevistas com especialistas; b) Secundrias ou Formais- fontes baseadas em

    documentao ou interpretao de informaes obtidas de fontes primrias; c) tradicionais-

    1 . Decises estratgicas e de negcio/Tpicos tticos Quais as aes que seu grupo estar enfrentando nos prximos meses ___, onde a IC pode fazer diferena? __________________________________________________________________________ Como ser utilizado a inteligncia? Quando ela ser precisa? 2. Tpicos de alerta antecipados (Comece identificando/discutindo surpresas passadas no setor de negcios ou da empresa.) Identifique vrios tpicos surpresa em potencial, os quais voc no gostaria de ser surpreendido. ____________________________________________________________________________ 3. Atores chave em seu mercado: competidores, consumidores, fornecedores, agentes reguladores etc. Identifique os atores que sua empresa precisa conhecer melhor. Quem so eles ?_______________________________________________________________ O que especificamente precisa ser conhecido?_______________________________________

    Figura 2- Protocolo KIT.

  • 38

    tais como peridicos, anurios, etc.; d) criativas- fontes cujo uso se d de maneira no usual.

    Nesse contexto para Fuld (1995) ao coletar informaes o ideal conciliar fontes bsicas e

    criativas, das informaes importantes para a inteligncia 95 % das informaes so pblicas.

    De modo geral as informaes esto disponveis em jornais, revistas, guias, anurios,

    newsletters, emissoras de rdio, televiso, servios comerciais online (acesso a diretrios e

    notcias arquivadas, bases de dados online), internet, entre outras. Esta ltima uma fonte

    essencial de informaes sobre a concorrncia e negcios, porm devido ao fato de

    informaes estarem disponveis em fcil acesso para milhares de pessoas que compartilham

    das mesmas informaes, a informao que se caracteriza como verdadeiramente valiosa,

    acaba se perdendo. Deve-se ento aprender a linguagem da internet para extrair informaes

    relevantes de chats, da web, de e-mails etc., fazendo com que as informaes se tornem

    insights e no somente acessos (FULD, 2007; PASSOS, 2007).

    Aps a coleta na etapa de anlise que as informaes so transformadas em produtos

    de inteligncia, estabelecendo assim solues para a necessidade. Essa etapa a mais

    complicada do ciclo e exige alto preparo tcnico dos participantes. Porm, a habilidade

    humana mais importante do que a tcnica adotada, pois, a tcnica por si s no fornecer a

    resposta para o objetivo do trabalho. Para minimizar a subjetividade necessrio que a equipe

    conte com mais de um analista e mais de uma tcnica de anlise, alm de sempre validar a

    anlise com informaes coletadas de fontes diferentes.

    As etapas finais do trabalho consistem em disseminar e avaliar o trabalho feito. Na

    disseminao, apresentam-se os resultados consolidados, geralmente por um relatrio escrito

    e uma apresentao oral para o cliente. Ao longo do trabalho tambm aconselhvel

    apresentar relatrios parciais, para verificar se a equipe est seguindo a direo correta. Alm

    disso, preciso se preocupar com o contexto da disseminao: para que ela seja eficaz, deve-

    se preocupar em adequar a situao receptor-emissor da melhor forma possvel. Por fim,

    avalia-se o processo e os produtos de inteligncia, com parmetros pr-estabelecidos durante a

    etapa de planejamento, somado a uma avaliao sob a perspectiva do cliente.

  • 39

    3 EMBRAPA SUAS TRANSFORMAES SOCIAIS, EMBRAPA INSTRUMENTAO E SEU DIRECIONAMENTO ESTRATGICO

    A Embrapa uma instituio de cincia e tecnologia, pblica de direito privado

    fundamentada no P&D voltado para o agronegcio. Ela surgiu em meio a um contexto no

    qual era visvel a importncia de maiores pesquisas no mbito agropecurio, dado um

    momento em que a populao do pas estava aumentando aceleradamente, assim como a

    renda per capta, alm da abertura brasileira para o mercado externo, fazendo com que a

    interao entre demandas e ofertas de alimentos no conseguissem atingir um ponto de

    equilbrio. A iniciativa de cri-la foi de grande importncia para o desenvolvimento do setor

    agropecurio do pas (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECURIA, 2008).

    Essa instituio de pesquisa foi instalada provisoriamente no edifcio Palcio do

    Desenvolvimento em Braslia, herdado do fechamento do Departamento Nacional de Pesquisa

    e Experimentao Agropecuria (DNPEA), entidade antes coordenadora dos rgos de

    pesquisa existentes no pas, que na dcada de 70 possua a reputao de ser anacrnico e

    burocrtico, possuidor de uma equipe pouco motivada, sendo incapaz de impulsionar o setor

    agropecurio do Brasil. Somado esse fator a partir de 1979 o quadro da agricultura brasileira

    se modificou e isso refletiu profundamente na pesquisa agropecuria, como exposto na seo

    4, algumas atividades agrcolas primrias passaram a ser fortemente orientadas por

    consideraes de mercado (ANDRADE, 2011; GOEDERT et al., 1995).

    Na dcada de 80, de acordo com Andrade (2011), as Instituies Pblicas de Pesquisa

    (IPPs) de um modo geral passaram por dificuldades em todos os pases, entre elas perda de

    recursos humanos e oramentrios. Dessa maneira, o Estado se tornou incapaz de manter o

    financiamento contnuo de tais instituies, exigindo delas certas adaptaes. Este fator

    somado globalizao da economia e a ampliao dos mercados impulsionaram as IPPs

    buscarem e desenvolverem novos mecanismos, parcerias e a realizarem projetos inovadores.

    Alm disso, ainda segundo o autor, mudanas na estrutura organizacional e nas temticas de

    pesquisa foram impostas pelo contexto.

    A grande importncia que certos temas sociais adquirem faz com que estas instituies precisem adaptar suas atividades a novas ordens e exigncias pblicas, incorporando temticas que antes eram tangenciais nessas instituies (ANDRADE, 2011, p. 87).

  • 40

    Nesse mesmo perodo, aliado a uma tendncia de desestatizao, pases da Amrica

    Latina eram pressionados a produzir supervits visando o pagamento de suas dvidas externas.

    Tal orientao no surtiu os resultados esperados e transformou a dcada de 80, em tempos

    perdidos em termos de desenvolvimento, marcado por altas taxas de crnicas inflao e

    baixas taxas de crescimento. Esta foi a pior crise estabelecida na Amrica Latina desde a

    Grande Depresso (1929), ocasionada pela quebra da bolsa de Nova York. Esse quadro

    contribuiu para o fortalecimento de uma doutrina neoliberal (defesa no participao do

    Estado na economia) que culminou em um processo intenso de privatizaes de empresas

    estatais, limitando o tamanho e as funes do Estado e permitindo maior autonomia ao setor

    privado (CARLI, 2005).

    A Embrapa (anteriormente DNPEA) foi umas dessas instituies que precisaram

    mudar e adaptar-se s conjunturas sociais, econmicas e polticas, superando problemas como

    a falta de sintonia nacional, a escassez de recursos e a falta de polticas pblicas de C&T no

    campo. A Embrapa teve que se modificar para atender a demanda da sociedade civil, em um

    primeiro momento sem a preocupao de atender demandas especficas, alm de diversificar

    suas fontes de financiamento de pesquisa buscando autonomia financeira, adaptar-se as

    imposies do mercado, buscar conhecimento do setor de atuao, de forma a aprimorar seus

    procedimentos administrativos e a eficincia dos resultados (ANDRADE, 2011).

    Grosso modo, esta instituio precisou ao longo do tempo melhorar sua gesto e

    adequar-se a modelos de gesto tecnolgica, buscar estratgias, metas, realizar planejamentos

    estratgicos, para atender uma nova demanda social, de modo a incorporar um modelo

    mental equivalente ao de uma empresa privada. O primeiro Plano Diretor da Embrapa (PDE),

    desenvolvido na dcada de 90, propunha uma reconfigurao institucional que, naquela

    poca, representava mudana nas rotinas de P&D. Alm dos PDEs a instituio tambm criou

    em 1992 o Sistema Embrapa de Planejamento (SEP) que articulava a esfera estratgica da

    organizao com a operacional, e sistemas de avaliao de projetos e o Sistema Nacional de

    Pesquisa Agropecuria (SNPA) formado pela Embrapa e suas unidades, organizaes

    estaduais de pesquisa agropecuria, universidades e centros de pesquisa, no mbito federal e

    estadual. Desde quando a organizao aderiu ao planejamento estratgico, passou a construir

    cenrios futuros para a pesquisa agropecuria, mapeando mudanas internas, com o objetivo

    de adequar a empresa s mudanas do ambiente externo (ANDRADE, 2011).

    Devido a essa reformulao, atualmente a instituio possui estrategicamente unidades

    em quase todos os Estados brasileiros e alianas (parcerias) internacionais realizadas por meio

    de 78 acordos bilaterais com 56 pases e 89 instituies estrangeiras (EMPRESA

  • 41

    BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECURIA, 2013a). Para que suas pesquisas e

    desenvolvimentos sejam viabilizados, conta com equipes tcnicas e funcionais bem formadas

    e possuidora