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MARCELO DA SILVA VILLAS BAS
COMPARAO DOS INDICADORES
PSICOFISIOLGICOS DO ESTRESSE ENTRE
ATLETAS DE BASQUETE ADAPTADO E DE
BASQUETE CONVENCIONAL EM SITUAO
COMPETITIVA
CURITIBA
2013
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17
MARCELO DA SILVA VILLAS BAS
COMPARAO DOS INDICADORES
PSICOFISIOLGICOS DO ESTRESSE ENTRE
ATLETAS DE BASQUETE ADAPTADO E DE
BASQUETE CONVENCIONAL EM SITUAO
COMPETITIVA
Tese de Doutorado defendida como pr-requisito para obteno do ttulo de Doutor em Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas da Universidade Federal do Paran.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Weigert Coelho
18
19
DEDICATRIA
Aos meus pais Antonio e Amlia
(in memorian), que mesmo no estando entre ns, esto me orientando de outra
dimenso.
A meus irmos pela fora
dedicada durante este trajeto.
A minha esposa Angeli, meus
filhos Guilherme e Gabriel, pela compreenso da minha ausncia.
OBRIGADO!
20
AGRADECIMENTOS
A Universidade Estadual de Maring e especialmente aos Professores do
Departamento de Educao Fsica e de Fisiologia pelo apoio e incentivo para minha
formao acadmica.
A Universidade Federal do Paran e a todos os professorese funcionrios do
Departamento de Educao Fsica que me apoiaram nesta trajetria.
Aos colegas do LAPPES, pelo auxlio e parceria, especialmente ao amigo
Evaldo pelo auxlio destinado na minha tese.
Aosmeusex-alunos, amigo e mestrando Paulo Vitor Silva Romero pela ajuda
nas dosagens das minhas amostras e ao tambm ex alunodoutorando Danilo
Fernades da Silva pelo ajuda na anlise dos dados da minha tese.
Ao meu orientador Dr. Prof. Ricardo Weigert Coelho, pela oportunidade,
compreenso e orientao destinada neste trabalho.
Aos tcnicos, atletas e dirigentes que me possibiltaram executar esta
pesquisa.
Ao professor Dr. Vanildo Rodrigues Pereira pelas correes e sugestes dada
neste estudo.
A um amigo especial, parceiro, pai e sempre grande incentivador: o
inesquecvel Prof. Ms. Fredi Teles da Silva (in memoriam).
A todos meus amigos que me acompanharam nesta jornada.
21
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Modelo de cadeira esportiva utilizada no BCR ......................................... 31
Figura 2: Esquema tridimensional do estresse segundo Nitsch .............................. 36
Figura 3: Reao enzimtica ELISA ........................................................................ 42
Figura 4: Placa ELISA ............................................................................................. 43
Figura 5: Pipetas automticas ................................................................................. 43
Figura 6: Leitor de placa ELISA ............................................................................... 43
Figura 7: Lavador automtico .................................................................................. 43
22
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Variveis de estudo ............................................................................... 23
Quadro 2: Sub-escalas de humor ........................................................................... 46
23
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados Antropomtricos de caracterizao da amostra ........................ 52
Tabela 2: Comparao das variveis psicofisiolgicas antes e aps jogos de
semifinal em atletas BCR e BC nas situaes de vencedores e
perdedores ............................................................................................. 53
Tabela 3: Comparao das variveis psicofisiolgicas antes e aps jogos de
final em atletas de BCR e BC nas situaes de vencedores e
perdedores ............................................................................................. 54
Tabela 4: Correlaes entre a resposta fisiolgica do cortisol com as respostas
psicolgicas antes e aps o jogo semifinal em atletas de BCR e BC ..... 61
Tabela 5: Correlaes entre a resposta fisiolgica do cortisol em repouso com a
resposta do cortisol antes e aps o jogo em atletas de BCR e BC ........ 62
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABRADECAR Associao Brasileira de Basquete em Cadeiras de Rodas
ACTH Hormnio Pituitrio Adrenocorticotrfico
BC Basquete Convencional
BCR Basquete em Cadeiras de Rodas
BRUMS Escala de Humor de Brunel
CBBCR Confederao Brasileira de Basquete em Cadeiras de Rodas
COPEP Comit Permanente de tica em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos
ELISA Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay
FIBA Federation Internatcional de Basketball Association
HHA Hipotlamo-Hipfise-Adrenal
IMC ndices de Massa Corporal
IWBF International Wheelchair Basketball Federation
NWBA National Wheelchair Basketball Association
Ng/mL Nanograma por mililitro
25
LISTA DE APNDICES
APNDICE A: Autorizao do tcnico .................................................................... 74
APNDICE B: Termo de consentimento livre e esclarecido do sujeito ................... 75
APNDICE C: Oramento ...................................................................................... 76
APNDICE D: Ficha de identificao e Histrico de atletas ................................... 77
APNDICE E: Dados antropomtricos ................................................................... 78
26
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1: Verso traduzida do BRUMS ................................................................ 79
ANEXO 2: Ofcio APEDEF ................................................................................... 80
ANEXO 3: Ofcio Paran Esporte ........................................................................ 81
ANEXO 4: Parecer do COPEP ............................................................................... 82
27
RESUMO Este estudo teve como objetivo comparar indicadores psicofisiolgicos do estresse entre atletas de basquetebol adaptado e de basquetebol convencional em situao competitiva. Foi aplicado o mtodo descritivo, com delineamento ex Post Facto / comparativo.Participaram 79 atletas, sendo 38 atletas de basquete convencional e 41 de basquete em cadeiras de rodas, durante as semifinais e finais de jogos estaduais. Foi aplicado o questionrio BRUMS, antes e aps os jogos como tambm foram colhidas amostras de salivas dos atletas nas situaes repouso, antes e aps os jogos das semifinais e finais da competio. Para comparar os momentos pr e ps-jogos nas semifinais e finais dos grupos de basquete sobre rodas e do grupo de basquete convencional e para as variveis psicolgicas (BRUMS) e fisiolgicas (cortisol salivar), como para comparar as estas respostas entre vencedores e perdedores foi aplicado a ANOVA de medidas repetidas. Para cada comparao entre pr e ps, foi calculado e apresentado o tamanho de efeito (TE) de Cohen (1988). Para correlacionar a resposta fisiolgica do cortisol salivar em repouso com sua resposta antes e aps um jogo nos grupos de atletas; foi utilizada a correlao de Spearman, como tambm para correlacionar o marcador fisiolgico de estresse (cortisol salivar) com o questionrio psicolgico (BRUMS). Foi adotado um nvel de significncia de 5% (p < 0,05) para todos os testes. Os resultados mostraram que h diferenas significativas entre as respostas da escala de humor BRUMS, entre os grupos de atletas do BCR e do BC, em todas as variveis negativas: tenso, raiva, confuso mental e depresso, e na positiva, vigor. Tambm h diferenas entre os grupos, nos diferentes momentos antes e aps os jogos, nas fases, semifinais e finais. Em relao a ganhadores e vencidos tambm ocorreram diferenas significantes nas fases semifinais e finais, tanto no mesmo grupo de atletas, como na comparao dos grupos de basquete de cadeirantes e convencionais Tambm ocorreram diferenas significativas em relao a vencedores e perdedores, como tambm entre as modalidades. Em relao a varivel fisiolgica, a concentrao do cortisol dos cadeirantes mostrou-se mais baixa em relao aos atletas convencionais tanto nos vencedores como nos perdedores, no momento pr-jogo, na fase semifinal. Os cadeirantes vencedores, mostraram valores inferiores medianos de 0,82 ng/mL aos atletas convencionais 3,67 ng/mL. Em relao aos perdedores no mesmo momento, os valores foram de 1,36ng/mL dos cadeirantes contra 6,03ng/mL dos atletas convencionais. Houve uma correlao moderada entre as variveis da concentrao de cortisol com a raiva (r=0,311) e o vigor de (r=0,326), no momento ps-jogo, na semifinal por parte dos atletas do BCR. Palavras chaves: Cortisol; Estresse;Esporte;Basquetebol.
28
ABSTRACT This study aimed to compare Psychophysiological indicators of stress among basketball athletes adapted and conventional basketball in a competitive situation. The method applied was descriptive correlacional design. Participated 79 athletes, 38 athletesbasketball conventional and 41 basketball in wheelchair, during the semifinals and finals game state. BRUMS questionnaire was applied before and after the games as was also collected saliva sample from athletes for home situations before and after the games of the semifinals and finals of the competition. To compare the pre-and post-game in the semifinals and finals of the groups on wheels basketball and basketball group and the conventional psychological variables (BRUMS) and physiological (salivary cortisol) and to compare these responses between winners and losers was applied to mixed ANOVA with repeated measures. For each comparison between pre and post, was calculated and displayed the effect size (TE) Cohen (1988). To correlate the physiological response of salivary cortisol at rest with their response before and after a game in groups of athletes, we used Spearman correlation (non-normal data), as well as to correlate physiological markers of stress (salivary cortisol) with psychological questionnaire (BRUMS) in basketball athletes on wheels and conventional basketball. We adopted a significance level of 5% (p
29
SUMRIO
1 INTRODUO................................................................................ 16
1.1 Apresentao do Problema ...................................................... 16
1.2 Justificativa ................................................................................ 21
1.3 Objetivos .................................................................................... 23
1.3.1 Objetivo geral ............................................................................ 23
1.3.2 Objetivos especficos ................................................................ 23
1.4 Hipteses .................................................................................... 23
1.5 Variveis do Estudo ................................................................... 25
2 REVISO DE LITERATURA .......................................................... 26
2.1 O jogo de basquete adaptado ................................................... 26
2.1.1 Origem e breve trajetria histrica da modalidade.................... 26
2.1.2 A classificao funcional do basquete em cadeiras de rodas ... 28
2.1.3 A regulamentao das cadeiras de rodas esportiva ................. 31
2.2 Especificidades do basquetebol convencional....................... 33
2.2.1 Caractersticas do jogo de basquetebol convencional .............. 33
2.2.2 Caractersticas dos atletas de acordo com a posio de jogo .. 35
2.3 Indicadores do estresse ............................................................ 36
2.3.1 O Estresse ................................................................................ 36
2.3.2 Hormnio do cortisol ................................................................. 39
2.3.2.1 Realizao do teste de dosagem salivar ............................... 41
2.3.2.2 Equipamentos bsicos necessrios para a dosagem ............ 44
2.4Escala de Humor de Brunel (BRUMS) .......................................... 45
3 MATERIAL E MTODOS ............................................................... 48
3.1 Caracterizao da pesquisa ...................................................... 48
3.2 Populao e Amostra ................................................................ 48
3.3 Instrumentos e Procedimentos ................................................ 49
3.3.1 Avaliao antropomtrica ......................................................... 49
3.3.2 Avaliao Salivar ...................................................................... 50
3.3.3 Teste do Estado de Humor de Brunel ....................................... 51
4 ANLISE DOS DADOS ................................................................. 52
4.1 Resultados e Discusso ............................................................ 53
30
5 CONCLUSO ................................................................................. 60
6 REFERNCIAS .............................................................................. 62
APNDICES ...................................................................................... 70
ANEXOS ............................................................................................ 75
1. INTRODUO
1.1 Apresentao do problema
Diferentemente do basquete convencional (BC), no qual os atletas iniciam
suas carreiras esportivas muito cedo, no basquete em cadeiras de rodas (BCR) a
maioria dos atletas inicia sua carreira em idade adulta, pela falta de oportunidades
e tambm pelo fato de a grande maioria ser vtima de acidentes ou de deficincias
congnitas, o que os impedem de praticar a modalidade no perodo da infncia e
adolescncia.
O BCR uma modalidade caracterizada por jogadores com diferentes graus
de deficincia fsica, e atletas que apresentam limitaes congnitas ou adquiridas.
Obedece praticamente s mesmas regras do BC, especialmente a estas recentes
modificaes das regras referentes ao garrafo (de trapzio para retngulo) e a
linha de trs pontos (distncia de 6,25m para 6,75m) de acordo com Federation
International Basketball Association.(FIBA, 2010).
Durante um jogo de BC ou adaptado, o estresse tem grande influncia na
performance do atleta e consequentemente no resultado final de um jogo,
independente do nvel tcnico. Jones; Hardy (1990) referem que o desempenho
competitivo depende diretamente da combinao de trs fatores: fisiolgico, tcnico
e psicolgico. Entre os fatores psicolgicos, o estresse um dos mais importantes
e muitas vezes, aquele que determina o sucesso do desempenho.
Atualmente existe grande interesse no estudo dos aspectos psicofisiolgicas
relacionados ao estresse como fonte do comportamento individual do atleta e seu
desempenho nas competies. De acordo com Kivlighan; Granger (2006), atletas
17
17
que so mais flexveis ao estresse da competio aumentam suas chances de
vencer, de manter seu desempenho ou de sustentar sua posio no ranking.
Existem algumas pesquisas direcionadas ao BCR, no entanto, na maioria das
vezes so destinadas aos aspectos fisiolgicos e biomecnicos
(VANDERTHOMMEN et al. 2002, VAN DER WOULD et al, 2002, FAUPIN et al.
2004). Diferentemente, no basquete convencional, h muitos estudos apontando os
aspectos psicolgicos e fisiolgicos, na tentativa de relacion-los com indicadores
de nvel do estresse no atleta (CALVO et al., 1997, SIMENS et al., 2005,
CASTAGNA et al., 2010, HE et al., 2010, BRESCIONI, et al., 2011, FRIGETTO,
2012, ARRUDA 2013).
De Rose Jr.(1996), explica que, o estresse competitivo em qualquer fase da
competio e seja qual for o nvel do atleta, pode ser gerado por situaes
diretamente (processo competitivo vinculado ao prprio individuo e/ou meio
ambiente) ou indiretamente relacionado com a competio (vida cotidiana do atleta,
ambiente familiar, escolar ou trabalho).
Alves; Costa; Samulsky, (2006) referem que o overtraining pode ser
decorrente de grandes fatores estressantes, combinado com pouco tempo de
recuperao, de origem multifatorial, essas fontes de estresse podem ser
encontradas em situaes como o excesso de treinos e grande nmeros de
competies, como tambm nas situaes advindas de situaes extra competies,
como as mdicas j existentes, nutrio inadequada frente carga de trabalho e a
fatores ambientais.
Para detectar o estresse fisiolgico esportivo se faz necessrio realizar um
monitoramento das respostas hormonais. O cortisol salivar um os marcadores
fisiolgicos mais empregados neste objetivo, pois alm de facilitar a coleta, no
18
18
invasivo e apresenta resultados fidedignos. (Bouma et al (2009), Simulkova et al
(2008), Coelho; Keller; Silva (2010),Gatti; De Palo (2011) Ribeiro Jr.(2012).
Muitos estudos como Filaire et al.,(1996); Gorostiaga et al.,(1999); Iellano et
al.,(2003), Gozansky et al., (2005), Foley; Kirschbaum(2011) tm focalizado a
atividade do eixo Hipotlamo-Hipfise-Adrenal (HHA) como um ndice de diferena
individual nos nveis e alteraes no cortisol. Por mais de meio sculo a
psicofisiologia da resposta ao estresse tem sido definida atravs deste
componente. O cortisol envolve ativao do eixo HHA e a secreo na circulao.
As secrees dos hormnios da adrenal esto dependentes das funes de
cada hormnio no HHA. O hormnio liberador da corticotrofina (CRH), produzido no
hipotlamo, estimula a liberao de hormnio pituitrio adrenocorticotrfico (ACTH)
pela hipfise anterior, que sua vez, estimula o crtex da adrenal a produzir o
cortisol.
O uso de amostras de saliva como uma ferramenta no invasiva para avaliar
o cortisol j est bem estabelecido em pesquisas de estresse com seres humanos
(KIRSCHBAUM; HELLAMMER, 1994, VAN STEGEREN et al., 2005, FOLEY;
KIRSCHBAUM, 2011).
Portanto, examinar tanto a independncia como a interao dos efeitos do
eixo HHA no contexto da competio pode ser um avano no papel do estresse
sobre a manuteno ou ganho de performance.
Apesar da similaridade das modalidades, onde as regras so praticamente as
mesmas, no BCR o atleta utiliza do equipamento no caso, a cadeiras de rodas
esportivas e os atletas possuem algum tipo de deficincia fsica.
A rea do desporto adaptado, especificamente o BCR, relativamente nova,
existe a pouco mais de sessenta anos, a partir da Segunda Guerra Mundial
19
19
(TEIXEIRA; RIBEIRO, 2001). Ao contrrio do basquetebol convencional, que j
existe a mais de cem anos, criado em 1891 (BAS, 2008). Entretanto, h uma
necessidade de ampliao de conhecimento na rea especialmente de esportes
adaptados.
Mesmo com crescente interesse do monitoramento das alteraes
psicofisiolgicas em atletas, no existem relatos na literatura investigada, sobre a
relao do estresse fisiolgico com o psicolgico em atletas de basquete em
cadeiras de rodas e de basquete convencional.
Em decorrncia disto, esta comparao entre atletas de BCR e de BC pode
auxiliar a identificar, se o comprometimento fsico do praticante de BCR pode causar
diferenas comparando aos atletas do BC no nvel de estresse psicofisiolgico
durante uma competio.
Desta forma,comparar o nvel de estressedestes atletasem competio,
utilizandoos marcadores do nvel de estressepsicolgico (BRUMS) e fisolgico
(cortisol salivar) pode constituir um significativo avano aos estudos na rea das
cincias do esporte.
Isto remete s seguintes questes norteadoras da pesquisa: existem
diferenas significativas nos indicadores psicofiolgicos do estresse ao
compararem-se essas manifestaes, entre atletas BCR e BC em situao
competitiva? Tais indicadores podero de acordo com os resultados, balizar aes
direcionadas a melhoria do desempenho esportivo mais eficiente no futuro?
Para dar respostas a estas e outras questes relativas a esta pesquisa, foram
formulados os seguintes objetivos e hipteses, que so enunciados a seguir.
20
20
1.2 JUSTIFICATIVA
O Basquetebol sobre rodas tem crescido consideravelmente nas ltimas
dcadas em todo o pas, sendo que muitas federaes realizam Campeonatos
Estaduais e a Confederao Brasileira de Basquete em Cadeiras de Rodas realiza
anualmente Campeonatos Nacionais subdivididos em trs divises: 1, 2 e
3(CBBCR, 2010).
O BCR considerado por muitos como um dos esportes mais atrativos,
dinmicos e emocionantes, entre aqueles praticados em cadeira de rodas. Um
exemplo disto, segundo a Federao Internacional de Basquetebol em Cadeira de
Rodas (IWBF), que em Sydney (2000), mais de 300.000 pessoas assistiram aos
jogos durante as paralimpadas (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2001).
O estudo de preditores de estresse, principalmente para atletas de alto nvel
vem se tornando mais difundido, uma vez que os mtodos de avaliao tornam-se,
a cada dia, mais precisos e menos invasivos. O cortisol, por exemplo, alm de ser
um indicador de estresse circulante, atua tambm no hipocampo como responsvel
por detectar a presena de outros agentes estressores no organismo.
(GIRARDELLO, 2004).
Em virtude da familiarizao tanto com o basquete convencional (passado
atltico e tcnico), como no BCR (tcnico), pretende-se assim, com o presente
estudo comparar, o nvel de estresse com indicador fsiolgico e psicolgico, em
diferentes momentos e fases da competio em atletas de BCR e deBC.
Entende-se, portanto que, investigar a relao do nvel de concentrao do
cortisol com o estado emocional destes atletas em diferentes momentos e fases,
em situao competitiva, pode ser de grande valia para os profissionais da rea.
21
21
1.3. Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Comparar o perfil de indicadores de estresse em atletas de BCR e BCem
situao competitiva.
1.3.2 Objetivos Especficos
Compararas respostas psicofisiolgicas dos atletas de BCR e BC entre os
momentos pr e ps-jogo, nas semifinais e finais;
Comparar as respostas psicofisiolgicas entre os atletas BCR e do BC na
situao de vencedores e perdedores, nas semifinais e finais;
Comparar as respostas psicofisiolgicas dos atletas do BCR com as
respostas psicofisiolgicas dos atletas do BC, nas semifinais e finais;
Correlacionar o marcador fisiolgico de estresse (cortisol salivar) com as
respostas de humor (BRUMS) em atletas de BCR e atletas de BC, na fase
semifinal e final;
Correlacionar a resposta fisiolgica do cortisol salivar basal com sua
resposta antes e aps um jogo em atletas de BCR e BC.
22
22
1.4 Hipteses
H1: Haver diferena nas respostas psicofisiolgicas dos atletas de BCR e BC entre
os momentos pr e ps-jogo, nas semifinais e finais;
H2: Haver diferena nas respostas psicofisiolgicas entre os atletas BCR e do BC
na situao de vencedores e perdedores, nas semifinais e finais;
H3: Haver diferena nas as respostas psicofisiolgicas dos atletas do BCR com as
respostas psicofisiolgicas dos atletas do BC, nas semifinais e finais;
H4: Haver correlao entre as respostas do estresse fisiolgico (cortisol salivar)
com o psicolgico (BRUMS) em atletas de BCR e BC.
H5: Haver correlao entre a resposta fisiolgica do cortisol salivar basal com sua
resposta antes e aps um jogo em atletas de BCR e BC.
23
23
1.4. Variveis do estudo
As variveis que sero investigadas, assim como os respectivos nveis de
relao e critrios de categorizao, esto apresentadas no Quadro I.
Quadro I Variveis do estudo
NVEL VARIVEL
Dependente Concentraes de Cortisol Salivar
Escala de Humor de Brunel (BRUMS)
Independente Basquete adaptado e Basquete convencional
Vencedores e perdedores
Momentos pr e ps-jogo
De Controle
Gnero (masculino)
Categoria (adulto)
Nvel tcnico
De Confuso
Influncias externas (torcida, relacionamentos interpessoais,)
Influncias internas (arbitragem de jogo em casa e fora de casa,
relacionamento com comisso tcnica, com colegas de equipe,
placar de jogo, fase do campeonato, momento do jogo,
condicionamento individual). (sem controle)
Tempo de jogo do atleta em quadra
Intensidade do atleta no jogo
Intervenientes
Antidoping (sem controle)
Medicamentos (sem controle)
Eventos dirios (sem controle)
24
24
2REVISO DE LITERATURA
2.1 Origem e breve trajetria histrica do basquete adaptado
As prticas esportivas envolvendo a utilizao de cadeiras de rodas iniciaram-
se h pouco mais de meio sculo em centros de reabilitao nos Estados Unidos e
Reino Unido. H dados que aponta que estes pases passaram a estimular a
atividade esportiva como prtica complementar ao processo de reabilitao de
pacientes decorrentes dos confrontos durante a II Guerra Mundial. (FREITAS, 1997;
RIBEIRO, 2001,BAS; BARIANI; BIM, 2003).
O basquetebol em cadeira de rodas foi criado nos Estados Unidos pelos
veteranos da II Guerra Mundial em 1945. Entretanto, o primeiro registro que se tem
de 6 de dezembro de 1946, quando foi publicado um artigo em um jornal
americano comentando sobre os acontecimentos em uma partida de BCR.
(STROHKENDL, 1996).
Durante este mesmo perodo, surgia na Inglaterra o BCR como prtica
esportiva teraputica. O Dr. Guttmann, responsvel pela direo do centro de
lesados medulares no Hospital Stoke Mandeville, foi um defensor das prticas
esportivas como atividade auxiliar no processo de reabilitao. Posteriormente, este
centro tornou-se reconhecido mundialmente pelos trabalhos realizados com o
esporte para pessoas com necessidades especiais. At hoje, so realizados nas
dependncias esportivas de Stoke Mandeville, eventos envolvendo o esporte
adaptado. O neurocirurgio Sir Ludwig Guttman, introduziu o esporte em 1948, para
portadores de deficincia como medida teraputica na reabilitao de lesados
medulares. Em seguida, foi criada a Federao Internacional de Esportes em
Cadeira de Rodas de Stoke Mandeville. (SAMPAIO et al., 2001).
25
25
Esta prtica ganhou notoriedade, pela notvel melhoram fsica e psicolgica
que seus adeptos passaram a apresentar, como tambm pelo envolvimento
crescente de praticantes que apresentavam outros tipos de sequelas fsicas como
amputao, poliomielite, ou mesmo traumas medulares, no advindos da guerra.
No Brasil, o surgimento do BCR deu-se por intermdio de Srgio Del Grande
e Robson Sampaio que, ao retornarem de um programa de reabilitao nos Estados
Unidos, trouxeram esta modalidade para So Paulo e Rio de Janeiro. Em funo da
receptividade desta modalidade, Robson funda no Rio de Janeiro o Clube do
Otimismo e Del Grande funda em So Paulo o Clube dos Paraplgicos em 28 de
julho de 1958. O primeiro jogo entre equipes brasileiras ocorreu em um confronto
entre paulistas e cariocas, no Ginsio do Maracanzinho, no Rio de Janeiro no ano
de 1960 (MATTOS, 1994).
A equipe de BCR do Brasil participou pela primeira vez em uma Paralimpada,
em 1972, na cidade de Heidelberg, Alemanha Ocidental. A partir da, as
participaes brasileiras tornaram-se efetivas. No tocante ao BCR feminino, a
primeira participao ocorreu na Paralimpada de Atlanta, em 1996, nos Estados
Unidos, como equipe convidada.
As equipes de BCR do Brasil durante este perodo at a ltima Paralimpada
realizada em Londres em 2012, conseguiram a melhor classificao no masculino
um 8 lugar em Beijing, China e no feminino 8 lugar em Atlanta, Estados Unidos.
Recentemente, em Londres, o Canad se sagrou campeo no masculino e a
Alemanha no feminino (IWBF, 2012).
A primeira entidade nacional a dirigir esta modalidade foi a ABRADECAR -
Associao Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas at o ano de 1997. Neste
mesmo ano, em funo do aumento no nmero de equipes, surgiu a necessidade de
26
26
criar-se uma entidade mxima para coordenar, normalizar e incrementar a prtica
desta modalidade no Brasil. Surgindo assim a Confederao Brasileira de
Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBCR) e em nvel mundial, a International
Wheelchair Basketball Federation.(IWBF).
2.1.2 A classificao funcional utilizada no jogo
A classificao funcional um procedimento fundamental para uma
competio mais justa e equilibrada. O sistema de Classificao Funcional utilizado
pelo BCR foi criado visando a valorizar as condies de movimento do atleta e ao
mesmo tempo, dar oportunidade queles que possuem um comprometimento
significativo na mobilidade de terem um espao garantido na prtica da modalidade
em nvel competitivo.
Nos esportes convencionais, encontram-se critrios de classificao que
visam a aproximar os atletas segundo a sua condio motora e/ou biolgica, como
o caso das categorias por idade, peso ou sexo. No esporte adaptado, diversas
modalidades fazem uso de um sistema de classificao, desenvolvido
especificamente para a modalidade. A classificao chamada de funcional pelo
fato de os atletas serem avaliados em relao sua funcionalidade em situao de
jogo. A classificao visa a organizar os atletas em classes para que as equipes
possam competir em condies de igualdade funcional, tornando a competio justa.
Como tambm, objetiva permitir que atletas com maior comprometimento fsico
tivessem oportunidade de participar de competies, assim como atletas que
apresentam um menor grau de comprometimento.
27
27
A modalidade de BCR foi desenvolvida para indivduos que apresentavam
leses medulares, completas ou incompletas, que estavam em processo de
reabilitao hospitalar.
A primeira classificao utilizada na prtica do BCR teve origem na avaliao
mdica, o que resultou em um sistema incapaz de agrupar os vrios tipos de
deficincia segundo a funcionalidade. (CIDADE; FREITAS, 2002).
No entanto, medida que indivduos comprometidos por outro tipo de
deficincia fsica (amputaes, sequelas de poliomielite, mielomeningoncele dentre
outras) comearam a participar desta modalidade, tornou-se necessrio criar
critrios que permitissem a participao de todos, independentemente do tipo de
leso e do nvel de comprometimento que apresentassem (CIDADE; FREITAS,
2002). No ano de 1955, nos Estados Unidos, Tim Nugent, presidente da National
Wheelchair Basketball Association (NWBA), pensando em garantir o direito a todos
que desejassem praticar tal modalidade, formulou o que se tornaria uma regra para
a sua prtica, que ficou conhecida como A Filosofia de Normalizao de Nugent:
qualquer indivduo que apresentar comprometimento nas pernas, ou nas partes
inferiores do corpo, estando desse modo impossibilitado de praticar o basquetebol
convencional, ser considerado elegvel para jogar basquetebol em cadeira de
rodas. (STROHKENDL, 1996).
Esta normalizao utilizada at hoje, ou seja, somente ser elegvel para
jogar BCR aquele que, em funo de uma leso neurolgica, ortopdica e/ou
muscular, encontra-se impossibilitado de realizar os movimentos utilizados no
basquete de andante como correr, saltar, driblar, disputar rebote e girar.
Aps muita polmica em torno da classificao funcional, em funo da
utilizao de sistemas que continuavam apresentando falhas no seu processo de
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avaliao, sendo considerados por muitos atletas como sistemas injustos que
acabavam por prejudic-los em vez de benefici-los, o professor de educao fsica,
Horst Strohkendl, natural da Alemanha, elaborou um sistema de classificao.
O atual sistema de classificao varia de 1,0 ponto at 4,5 pontos,
dependendo do comprometimento do movimento do atleta, sendo que a soma da
pontuao dos atletas em quadra no pode ultrapassar 14 pontos.
De acordo com IWBF (2010, p.7), existem quatro fatores que determinam a
classificao do atleta:
1) Funo do tronco
2) Funo do poder dos membros
3) Funo dos membros superiores
4) Funo das mos
Em particular o movimento do tronco e forma de estabilidade, denominada de
Volume de Ao, definida como: o limite pelo qual o jogador pode mover-se
voluntariamente em qualquer direo e retornar para a sua posio sentada o qual
vai determinar sua classificao funcional para cada classe.
As substituies no basquetebol convencional so utilizadas observando critrios
tticos e tcnicos, substituindo jogador por jogador em funo da posio de jogo,
conforme a necessidade imposta por aquele momento no jogo. O tcnico no se
preocupa com nenhuma outra regra alm de encontrar a melhor posio para
explorar o atleta em jogo. Entretanto, no BCR, o treinador, alm de preocupar-se
com a organizao ttica do jogo, precisa respeitar a regra dos 14 pontos. Ou seja,
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quando o tcnico substituir um atleta, seja ele lateral, piv ou armador, ter de
verificar se a substituio ultrapassar os 14 pontos. (TEIXEIRA;RIBEIRO, 2001).
2.1.3. A regulamentao da cadeira de rodas esportiva
As cadeiras de rodas esportiva prprias para a prtica do BCR so
equipamentos confeccionados sob medida ou personalizados para cada jogador de
acordo com a posio de jogo, medida da: largura do quadril, comprimento das
pernas e tipo de leso, com intuito de deixar a cadeira como se fosse parte ou uma
vestimenta ajustada a cada atleta. Existem dois modelos de cadeiras esportivas
utilizadas durante a prtica de basquete: alta geralmente utilizada para os pivs e
baixa conforme modelo adiante. Muitos atletas utilizam a cadeira alta mesmo no
sendo da posio de piv, pois ela permite que o atleta fique mais alto, facilitando
assim o arremesso.
Como a cadeira de rodas considerada parte do jogador, uma ateno
especial destinada a este equipamento. Antes da competio os rbitros fazem a
medio para confirmar se a mesmas esto dentro da regulamentao. Uma
almofada permitida no assento da cadeira de rodas, devendo ter as mesmas
dimenses do assento da cadeira de rodas; no mais que 10 cm de espessura,
exceto para os jogadores pontuao ou classificao de 3.5, 4 e 4.5, em que a
espessura da espuma do assento da cadeira no deve exceder 5 cm. Ela deve ser
a mesma consistncia e densidade por inteira; suficientemente flexvel para permitir
que os cantos diagonais se toquem quando dobrada e de espessura uniforme. O
apoio dos ps, ou quando aplicvel, a barra protetora horizontal na frente/lados da
cadeira de rodas, no devem estar acima de 11 cm do cho no seu ponto mais
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adiante e por toda sua extenso. Esta barra pode ser reta ou levemente curvada,
mas no deve ser pontiaguda. Esta medio deve ser feita com a(s) rodinha(s) da
frente em sua posio de rolamento para frente. A parte de baixo do apoia-ps deve
ser desenhada de forma que previna danos superfcie de jogo.(FREITAS, 1997;
TEIXEIRA; RIBEIRO, 2002).
Uma barra de rolamento pode ser acoplada na parte de baixo do apia-ps
para proteo do piso e uma rodinha anti-rolamento na parte traseira da cadeira de
rodas, por razes de segurana, so permitidos.
Um ou dois dispositivos anti-rolamento utilizando no mais que um total de
duas rodas pequenas presas tanto no quadro quanto no eixo traseiro e localizadas
na traseira da cadeira de rodas (rodinhas que frequentemente, ou at
continuamente, toquem o cho) pode ser adicionado cadeira de rodas.
A altura mxima do topo das laterais dos ferros do assento at o solo,
incluindo o material que forma essa parte da cadeira de rodas, no deve exceder
53cm quando a(s) rodinhas da frente estiverem em sua posio de rolamento para
frente. Geralmente as cadeiras de rodas possuem duas rodinhas de apoio na frente
e uma atrs, alm das duas rodas grandes com pneus. No permitido nenhuma
rodinha ou pneu que marque o cho. Apoios de braos ou outros suportes para
membros superiores, que estiverem presos cadeira de rodas, no devem se
projetar alm da linha das pernas do jogador ou do seu troncoem sua posio
sentada natural. (FREITAS, 1997; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2002).
A maioria das cadeiras de rodas esportivas confeccionada em alumnio,
para torn-las mais leves e mais fcies de manusear e melhorar a velocidade e
performance. H noticias de cadeiras esportivas utilizadas em competies
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internacionais, confeccionada em fibra de carbono, visando aumentar o
desempenho do atleta no jogo.
Os atletas utilizam de cintos ou fitas apropriadas para prenderem seus
membros inferiores quando os possuem e o tronco, com o objetivo de prend-lo e
deix-lo mais seguro. Quando acontece uma queda muitos atletas conseguem se
levantar com apenas uma impulso e fora dos membros superiores, retornando
posio inicial, ou seja, sentado. Esta tcnica de recuperao aps a queda
adquirida atravs de atividades desenvolvidas durante os treinamentos especficos
para este fim. A seguir um modelo de cadeira esportiva prpria para a prtica do
BCR.
Figura 1. Modelo de cadeira esportiva utilizada no BCR
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2.2.1 Caractersticas do jogo de basquetebol convencional
O Basquetebol uma modalidade com mais de cem anos de existncia e que
sofreu muitas alteraes desde o inicio de sua criao pelo canadense James
Naismith no ano de 1891, tanto na evoluo das tcnicas dos fundamentos tcnicos
e tticos, como tambm, nas suas regras do jogo propriamente dito (BAS, 2008).
Nestas ltimas dcadas a modalidade de basquetebol passou por muitas
mudanas nas regras que tem refletido diretamente no ritmo do jogo. Isto vem refletir
diretamente nos sistemas energticos utilizados durante uma partida. A intensidade
do jogo aumentou muito nos ltimos anos, em decorrncia da melhora da
performance fsica e tcnica dos atletas alm das constantes modificaes das
regras do jogo. Dentre estas se podem destacar as divises em quatro quartos de
dez minutos no perodo de jogo, a mudana de 30 para 24 segundos, para se
efetuar o ataque, a reduo do tempo de ultrapassagem da zona de defesa para a
zona de ataque (meio da quadra) de 10 para oito segundos, dentre outras (FIBA,
2010).
O jogo onde o sistema aerbio era predominante durante uma partida passa a
tambm ser muito utilizado sistema anaerbio, tornando-se uma modalidade mista.
O basquete uma atividade contnua. A transio da defesa para o ataque
feita sem interrupo do jogo, que interrompido apenas quando existe uma
infrao (falta, ou violao) ou pedidos de tempo (time out). (GARRET; KIRKENDAL,
2003).
Pesquisadores tm dado ateno ao treinamento intermitente de alta
intensidade, considerado um aspecto crucial no jogo de basquetebol (SIEGLER, et
al, 2003; BALIUNAS et al., 2003; SAMPAIO, et al, 2004).
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Outro ponto a ser destacado alm da melhora condicionamento fsico e do
tcnico a evoluo dos jogadores quanto a sua posio de jogo, de acordo com
suas caractersticas fsicas, conforme o tpico a seguir.
2.2.2 Caractersticas dos atletas de acordo com a posio de jogo
Os jogadores de basquetebol so conhecidos pelo seu bitipo, grande
estatura e fora fsica. No basquete moderno, atletas de elite esto cada vez mais
altos e fortes, como se pode notar em jogos de basquete tanto nos nveis nacionais
como internacionais. Atualmente os chamados baixinhos geralmente so os
armadores epossuem uma altura mdia de 1,85m, os alas ou laterais com 1,95m a
2,05m, e os pivs acima de 2,05m. Ainda se podem observar jogadores com altura
inferior a 1,80m mesmo na NBA, mas esto cada vez mais raros.
Atualmente os atletas tm recebido uma nova nomenclatura referente s
suas posies de jogo a exemplo de como ocorre na Liga de Basquetebol
Profissional Norte Americana (NBA) de acordo com a descrio a seguir: posio 1:
armador nato, habilidoso, rpido, bom passador e articulador de jogadas, posio 2:
para os segundos armadores que auxiliam o armador a organizar o jogo, posio 3:
ala de fora, cujas caractersticas principais so ser: alto, forte e bom arremessador
de longa e mdia distncia, posio 4: denominado de ala-piv por exercerem tanto
a posio de piv como de ala, geralmente alto e gil nas infiltraes e arremessos
de mdia distncia e, por fim, a posio 5: pivs altos e fortes que utilizam a fora
fsica jogam prximos da cesta, muitas vezes dentro do garrafo (BAS, 2008).
Mesmo com esta evoluo fsica e tcnica, os atletas esto cada vez mais
geis.Atletas com altura superior a 2,00m exercem posio de ala e at armador, e
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pivs com altura superior a 2,10m apresentam, alm da fora fsica, muita tcnica e
preciso, como se pode observar nas transmisses de jogos de mundiais e da NBA.
A performance cada vez maior faz com que estes atletas tenham que ter um
excelente preparo fsico, tcnico e psicolgico, para serem capazes de decidir um
jogo em um lance nos ltimos segundos, ou muitas vezes dcimos de segundos
finais de uma partida.
2.3Indicadores de estresse
O termo estresse originrio da fsica, e significa qualquer fora aplicada
sobre um sistema, leva sua deformao ou destruio. No ser humano o estresse
entendido como qualquer estmulo que afeta negativamente a pessoa. Existem
vrios tipos de estmulos: absolutos (rudo, falta de oxignio, presso fsica) e
relativos (dificuldades do dia-a-dia). (MASCI, 1997).
E complementa o estresse quando em doses adequadas um fator de
motivao. Em doses ideais, a sensao de se sentir desafiado.
Foi Hans Hugo Bruno Selye o pioneiro do termo do estresse foi mencionado
pela primeira vez na rea da sade em 1925, que o definiu como uma sndrome
geral de adaptao, na qual, o organismo do individuo luta para reestabelecer a
homeostase que est fora do seu equilbrio. Este processo segundo Selye (1965) se
desenvolve em trs fases: alarme, resistncia e de exausto. (LIPP, 2005)
Lipp (2000) acrescentou uma nova fase: quase-exausto, que seria uma fase
intermediria entre a resistncia e a exausto.
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35
Ao longo dos anos, o estresse, assim como outras variveis determinantes do
rendimento esportivo, tem sido estudado por muitos pesquisadores no campo das
Cincias do Esporte, e definido de muitas maneiras.
O estresse, de uma forma geral, o produto da interao do homem com o
meio ambiente. Existem fatores pessoais (processos psquicos e somticos) e
ambientais (ambiente fsico e social) que interagem no processo de surgimento e
gerenciamento do estresse, que consequncia das condies internas e externas
e de suas propores. (NITSCH, 1981).
Jones (1990) define o estresse como o estado de ansiedade no qual so
colocadas algumas exigncias individuais, que requerem alcanar algum caminho
para ser capaz de aguentar a situao.
Para Weinberg; Gould (2001), o estresse ocorre quando h um desequilbrio
substancial entre as demandas fsicas e psicolgicas impostas a um indivduo e sua
resposta e sob condies em que a falha em satisfazer tais demandas tem
consequncias importantes. E aponta quatro estgios do processo de estresse:
Estgio 1: demanda ambiental (fsica e psicolgica), Estgio 2: percepo da
demanda ambiental (ameaa psicolgica ou fsica percebida), Estgio 3: respostas
ao estresse (fsica e psicolgica) ativao, ansiedade-trao (cognitiva e somtica),
tenso muscular, alteraes de ateno e Estgio 4:consequncias
comportamentais (desempenho ou resultado.
H uma concepo compartilhada de autores em relao ao estresse: como
um estado de desestabilizao psicofsica ou a perturbao do equilbrio entre a
pessoa e o meio ambiente.(MCGRATH, 1981, SAMULSKY, 1995, NITSCH, 2009).
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Para Spielberger (1989), o estresse considerado como um complexo
processo psicobiolgico que consiste em trs grandes elementos: estressores,
percepes ou avaliaes de perigo (ameaa) e reaes emocionais.
De acordo com Samulski et al., (2002, p.161),o estresse pode ter duas
concepes: biolgica e psicolgica e destaca:
O estresse parte de nossas experincias pessoais do cotidiano, mas ele tambm mltiplo. Est ligado a diferentes problemas, como interveno cirrgica, excitao emocional, cansao mental e corporal, fadiga, dor, medo, exigncia da concentrao, frustraes, perda de sangue em alguns casos ou em um resultado inesperado que exige necessariamente uma mudana no estilo de vida. O estresse encontra-se tambm em um atleta que compete por uma vitria. (espao 1 na linha do pargrafo inicial).
Segundo Nitsch (1981, p. 53), o estresse se apresenta como um produto
tridimensional envolvendo o sistema social, (grupos/organizao), sistema biolgico
(organismo) e o sistema psquico (personalidade) conforme figura 2 abaixo.
Figura 2: Esquema tridimensional do estresse segundo Nitsch
Na prtica desportiva, independente do nvel da competio, o estresse pode
surgir a qualquer momento e por diferentes motivos. Martens (1990) explica que o
ESTRESSE
SISTEMA BIOLGICO
ORGANISMO
SISTEMA PSQUICO
PERSONALIDADE
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estresse tem origem em duas fontes situacionais no esporte: a importncia dada ao
evento (competio) e a incerteza do resultado ,seja pela necessidade de vitria,
seja pelo medo da derrota ou por presses externas, como torcida, dirigentes ou
relaes interpessoais com companheiros de equipe.
Samulski (1995) destaca uma variedade de estressores internos e externos,
que podem desestabilizar fsica e psiquicamente um atleta, antes e durante a
competio: 1) estressores externos: hiperestimulao atravs do barulho, luz, dor,
situaes de perigo; 2) estmulos que induzem as necessidades primrias:
alimentao, gua, sono, temperatura, clima; 3) estressores de desempenho:
superexigncia, falha, crtica, censura, elevada responsabilidade; 4) estressores
sociais: isolamento social, conflitos pessoais, mudana de hbito, falecimento de
parentes, dentre outros.
Em um estudo especfico com atletas de basquete, De Rose Jr. et al. (2001),
referem que os aspectos extracompetitivos que fazem parte da vida de um atleta
podem ser entendidos como possveis causas de estresse, interferindo diretamente
no desempenho esportivo dos mesmos.
H algumas maneiras de indicar o nvel de estresse especialmente em
atletas, que podem ser psicolgicos (aplicao de questionrios) e fisiolgicos
(cortisol e amilase). Os marcadores fisiolgicos do estresse podem ser analisados
atravs do sangue ou saliva. Entretanto, muitos estudiosos tm optado pela coleta
da saliva como uma maneira mais fcil e menos invasiva, especialmente no cenrio
esportivo onde os resultados, muitas vezes, podem ser alcanados pelo nvel do
estresse do atleta.
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38
2.3.2 O Hormnio Cortisol
O cortisol um hormnio produzido pelas glndulas supra-renais e produto
final da ativao do eixo HPA frente a uma situao estressora, independentemente
de que esta seja de origem psicolgica, fsica ou ambiental. Por isto tambm
conhecido como hormnio do estresse. O cortisol, principal glicocorticoide, tem como
principal funo aumentar a resistncia ao estresse fsico, pois aumenta a
concentrao sangunea de glicose. Isto decorre de suas aes: 1) o cortisol
diminui a utilizao de glicose pelas clulas dos tecidos. Como resultado, a glicose
fica acumulada no lquido extracelular, ao invs de ser completamente utilizada
pelas clulas dos tecidos. 2) faz com que as clulas hepticas convertam a protena
e a frao glicerol das gorduras em glicose, cujo processo chamado de
gliconeognese. (GUYTON,1987).
A produo de cortisol tem um ritmo de produo ACTH, que depende do
ciclo circadiano com nveis de pico pela manh e a noite. Os aumentos de ACTH e
cortisol podem acontecer independentes do ritmo circadiano em resposta a estresse
fsico e psicolgico (KREIGER, 1975; FLETCHER, 1987; GUYTON,2000; LEVINE,
2000). De acordo com o Diagnostic Systems Laboratories (2003), os valores de
referncia do cortisol em adultos no atletas so apresentados de acordo com o
ritmo circadiano: 7h00-8h00 (0,14 a 0,73), 16h00-17h00 (0,06 a 0,20), 23h00-24h00
(< 0,11 g/100dL).
Sob condies normais, os nveis de cortisol apresentam um ritmo circadiano
com um pico mximo de liberao pela manh em torno das 07h00 e 8h00 horas e
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um nadir (ponto mais baixo) noite, entre 22h00 e 24h00 horas(GUYTON, 1987,
REILLY, 2000).
A secreo de cortisol intermitente, com pulsos que ocorrem em
periodicidade irregular, com intervalos de 1 a 2 horas, formando uma onda, formada
pela modulao da altura de pulsos sucessivos. Entretanto, sempre que houver a
ao de um agente estressor, ocorrer um aumento dos nveis de cortisol que
podem levar de 20 a 35 minutos para que suas concentraes atinjam seu pico.
Quando o evento estressor termina ou o agente estressor afastado, os nveis de
cortisol salivar tendem a voltar normalidade em poucas horas (LEVINE, 2000).
A determinao do cortisol parece imprescindvel no diagnstico do estresse.
Entretanto, existem situaes peculiares que devem ser observadas: cerca de 90%
dos nveis de cortisol circulante ligado a uma protena transportadora (CBG e/ou
albumina), responsvel pela manuteno dos nveis de cortisol nos rgos alvo, e
outros 10% circulam de forma livre (frao biologicamente ativa) (REILLY, 2000).
Logo, nveis de cortisol srico no so adequados para esta avaliao por
dois fatores, primeiramente porque a coleta de sangue um fator estressor e
segundo, porque em indivduos com algumas patologias, gestao ou uso de
determinadas medicaes podem ser observados resultados que no correspondem
realidade devido a possveis interferncias. (LEVINE, 2000).
Por outro lado, a coleta de saliva um procedimento simples e no invasivo
livre do estresse da venopuno. Alm disso, amostras de saliva podem ser
coletadas facilmente em qualquer horrio, no nmero de vezes que for necessrio,
podem ser realizada pelo prprio paciente sem a necessidade de assistncia do
corpo de enfermagem. (LEVINE, 2000).
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40
As amostras so de grande estabilidade podendo ser armazenadas em
geladeira (2-8C) por at 7 dias e por 6 meses em freezer (-21C), o que facilita seu
transporte at o laboratrio sem prejuzos ao material biolgico.
Estudos realizados por Kraemer; Fry; Robin (2001)apontam que as
concentraes de cortisol aumentam aps intensos efeitos mentais e fsicos. No
entanto, estas concentraes se apresentam mais altas no perodo deps -
competio do que no perodo de pr-competio.
Frente a estas evidncias, especialmente por ser menos invasivo e pela
facilidade na coleta, que se est disponibilizando nesta pesquisa determinao da
concentrao de cortisol livre salivar, na tentativa de estabelecer um diagnstico
complementar de indicador do nvel de estresse em situao de competio.
2.3.2.1 Realizao do teste de dosagem salivar
A dosagem da concentrao do cortisol salivar foi realizada atravs do
mtodo ELISA por competio. Este teste visa determinar a quantidade de
concentrao de cortisol em soro e plasma humano.
Os mtodos imunolgicos desenvolvidos para quantificar a concentrao de
antgenos e anticorpos, por apresentarem grande sensibilidade e especificidade,
tornaram-se tcnicas padronizadas para pesquisa e aplicaes clnicas. Entre esses
mtodos, um dos mais usados o Enzyme-Linked Immuno Sorbentv Assay (ELISA).
Nesse mtodo, uma enzima, que reage com um substrato incolor para
produzir um produto colorido, covalentemente ligada a um anticorpo especfico que
reconhece um antgeno alvo. Se o antgeno estiver presente, o complexo anticorpo-
enzima ir ligar-se a ele e a enzima catalisar a reao. Ento, a presena de
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produto colorido indica a presena de antgeno. Trata-se de um mtodo eficiente
pois permite detectar quantidades de protena da ordem de nomogramas (10-9 g).
O teste de Cortisol utilizando o mtodo ELISA, baseia-se na interao
competitiva entre o cortisol e o hormnio-enzima conjugado por um nmero limitado
de anticorpos anticortisol imobilizados. A quantidade de hormnio enzima-conjugada
ligado inversamente proporcional concentrao de cortisol na amostra.
Aps a etapa de incubao da amostra e hormnio-enzima conjugado na
cavidade, o conjugado no ligado removido por meio de lavagem. Quando a
soluo substrato adicionada, ocorre o desenvolvimento de colorao azul que
muda para amarelo aps a adio da soluo stop. A intensidade da cor
inversamente proporcional quantidade de cortisol na amostra. A absorbncia dos
calibradores e amostras determinada pelo uso de uma leitora de ELISA. A
concentrao desconhecida das amostras inserida em uma curva padro gerada
pela utilizao dos calibradores com concentraes conhecidas. (DIA METRA,2012).
O mtodo ELISA se baseia na identificao de anticorpos e ou antgenos, por
anticorpos marcados com uma enzima, de maneira que esta enzima age sobre um
substrato e a reao faz com que o cromgeno mude de cor. O produto da reao,
alm de colorido, insolvel para no difundir do local da formao.
Esta reao enzimtica mostrada conforme figura 3, indicando o passo a
passo do processo da dosagem. (MARTINS, 2008).
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Figura 3. Reao enzimtica ELISA
A reao desenvolvida, frequentemente, em microplacas contendo vrios
poos onde so depositados os reagentes. H vrias maneiras (mtodos) de se
processar o ensaio imune-enzimtico.
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Figura 4. Placa de Elisa
Figura 4
Para que seja efetuada a dosagem do cortisol so necessrios alguns
equipamentos bsicos como sero apresentados no tpico a seguir.
2.3.2.2Equipamentos bsicos necessrios para a dosagem
EITOR DE ELISA la
LAVADOR AUTOMT
Figura 5: Pipetas automticas
Figura 6: Leitor de placas ELISA
Figura 7Lavador automtico
44
44
2.3.3 Escala de Humor de Brunel (BRUMS)
Os testes psicolgicos tm sido muito utilizados no cenrio esportivo. A
aplicao de inventrios ou questionrios na maioria das vezes obedece a uma
escala Likert, tipo de escala de resposta psicomtricas(nveis de respostas 3,5,7
alternativas) a soma destes nveis dar o resultado estado em que o sujeito se
encontra no momento da aplicao do teste.
So poucos os instrumentos de psicologia do esporte, direcionados ao
esporte e rea de educao fsica e sade, com especificidade e aplicabilidade no
contexto profissional que fazem uma leitura do fenmeno que se objetiva avaliar.
A relao entre humor e performance tem sido uma importante vertente na
rea de Psicologia do Esporte nos ltimos anos. (WERNECK; COELHO; RIBEIRO
(2002). De acordo com estes autores, investigaes relacionadas ao tema foram
popularizadas em virtude da utilizao de escalas como o Profile of Mood States
(POMS). Em decorrncia disto, surgiram algumas verses resumidas e especficas
para o esporte, como a Escala de Humor de Brunel (BRUMS).
O BRUMS foi desenvolvido e adaptado da verso do original de POMS, que
representa o Perfil de Estado de Humor. Em 2003, uma de suas verses passou a
ser denominada de BRUMS, com intuito de abreviar e facilitar a coleta de dados nos
ambientes de pesquisa (ROLFS et al., 2008).
Segundo esses autores, este questionrio apropriado para avaliaes de
perfil de humor, de overtraining e tambm do estresse, tanto em atletas como no
atletas e leva cerca de apenas dois minutos para ser respondido.
Esta Escala de Humor de Brunel foi desenvolvido por Terry et al., (2003) e
validado e adaptado para o Brasil por Rohlfs et al., (2008), no mtodo de traduo-
45
45
traduo-reversa. Num processo estruturado, tendo como finalidade a obteno de
um instrumento equivalente ao original, no entanto adaptado a sua cultura.
O BRUMS assim como o POMS, representa o estado de humor do sujeito
naquele momento em que o atleta ser avaliado. Este instrumento contm 24
indicadores simples de humor, que so perceptveis pelo individuo que est sendo
avaliado. Os sujeitos respondem como se sentem em relao s tais sensaes de
acordo com a escala de 5 pontos (de 0= nada, 1= um pouco, 2=moderadamente,
3=bastante, 4=extremamente), dispostos em seis subescalas (TENSO +
CONFUSO + DEPRESSO + RAIVA + FADIGA + VIGOR. Sendo que VIGOR
representa uma varivel positiva de humor e as demais variveis negativas
O atleta seleciona dentro de uma escala de avaliao numrica a opo que
ele acredita ser a que melhor represente suas sensaes naquele momento, atravs
do questionamento de Como voc se sente agora? Os itens de cada subescalas
so:
Tenso: apavorado, ansioso, preocupado, tenso (itens 1,13,14,18);
Raiva: irritado, zangado, com raiva, mal humorado (7, 11, 19, 22);
Fadiga: esgotado, exausto, inseguro, desorientado, indeciso (4, 8, 10, 21);
Confuso mental: confuso,, inseguro, desorientado, indeciso (3, 9, 17, 24);
Depresso: deprimido, desanimado, triste, infeliz (itens, 5,6,12,16);
Vigor: animado, com disposio, com energia, alerta (2,15, 20, 23).
As somas das respostas de cada subescalas resultam em um escore que
varia de 0 a 16 pontos. Abaixo se pode observar o quadro 2 onde Rolfhs (2008)
descreve cada varivel do questionrio.
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Tenso
Agitao e inquietao relacionada com alta tenso
msculo esqueltica.
Depresso
Auto-valorizao negativa, isolamento emocional,
tristeza, dificuldade em adaptao e auto-imagem
negativa.
Raiva
Sentimento de hostilidade relacionado a pessoas e
situaes.
Vigor
Nomeia estado de energia, animao e atividade,
relacionado a sentimentos de excitao, disposio e
energia fsica, indica aspecto humoral positivo.
Fadiga
Estado de esgotamento, apatia e baixo nvel de
energia. Provocam alteraes na ateno,
concentrao, irritabilidade, alteraes de sono e
cansao fsico.
Confuso
Mental
Sentimentos de incerteza, irritabilidade para controle
de emoes e ateno. Resposta / resultado
ansiedade e a depresso.
Quadro 2: Subescalas de humor (Rolfs et al. 2008).
Percebe-se a dificuldade da utilizao de instrumentos adequados para
aplicao neste tipo de clientela, no caso atletas, e objetivo pretendido, detectar o
estresse psicolgico. Keller (2006) refere que a maioria dos instrumentos para
detectar o estresse psicolgico, so questionrios ou inventrios que foram
validados para serem aplicados em indivduos no atletas, dificultando a
mensurao dos resultados ao ser aplicado em atletas.
Tendo em vista esta dificuldade, optou-se pela aplicao do BRUMS, que
um questionrio prprio para atletas e tambm utilizado para detectar o estresse
psicolgico, onde suas variveis mostram serem indicadores diretos do estresse
competitivo.
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47
3. MATERIAL E MTODOS
3.1 Caracterizao do estudo
O estudo caracterizou-se como descritivo com delineamento comparativo ex
post facto onde comparou e correlacionou o nvel de estresse psicofisiolgico
durante um perodo competitivo entre atletas de BCR e BC, entre os momentos
pr e psjogo, como tambm entre vencedores e vencidos. Este tipo de pesquisa
tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenmenos sem, entretanto,
entrar no mrito de seu contedo, no h interferncia do investigador, apenas
procura perceber, com o necessrio cuidado, a frequncia com que o fenmeno
acontece (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).
3.2Populao e Amostra
Do universo de praticantes, a amostra selecionada para este estudo foi
composta por dois grupos, sendo que o grupo um, composto por atletas praticantes
de basquete em cadeiras de rodas (BCR) e o grupo dois, por atletas praticantes de
basquete convencional (BC),escolhidos intencionalmente. Participaram desta
pesquisa,38 atletas do BC e 41 atletas do BCR, das quatro melhores equipes
classificadas no ranking do Estado do Paran, de cada modalidade (BC e BCR)
dosexo masculino, categoria adulta, com participao em competies estaduais e
interestaduais, totalizando 79 sujeitos. A opo pela categoria adulta foi
selecionada de forma intencional no probabilstica, pela facilidade de aplicao e
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48
melhor entendimento dos testes para a participao do estudo e em virtude dos
protocolos empregados.
Foi utilizado como critrio para seleo da amostra, atletas que participam de
competies estaduais e nacionais, e que no faziam uso de medicamentos que
interfiram no desempenho ou que interfiram nos nveis salivares (cortisol).O
protocolo de estudo foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Estadual de Maring (COPEP), parecer n. 731/2011.
Os atletas que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apndice B), assim como o tcnico da equipe e
ou rgo ao qual a equipe est filiada, (Apndice A) para que fossem efetuadas as
coletas em todas as fases do estudo.
3.3Instrumentos e procedimentos
3.3.1 Avaliao antropomtrica
Foi realizada uma mensurao do peso corporal ser realizada em balana
Filizola, com preciso de 100 gramas e capacidade mxima de 150 quilos. Tambm
foram realizadas as medidas antropomtricas, estatura sentada (BCR) e
envergadura. Para a envergadura foi utilizada uma trena de 5 metros, sendo
considerada a distncia entre os dedos mdios dos braos estendidos a 90 da
lateral do tronco. Para a estatura e estatura sentada (basquete adaptado), foi
utilizado um estadimetro da Seca, com preciso de 0,5 centmetros, sendo as
medidas anotadas em quilogramas e metros respectivamente. O avaliado se
49
49
apresentou descalo e vestindo somente trajes leves. Esta avaliao foi efetuada
com o objetivo de caracterizar a amostra.
3.3.2 Avaliao salivar
Foram coletadas amostras de saliva em tubo plstico na condio de
repouso, pr-competio e ps-competio durante o quadrangular final (semifinais
e finais)de uma competio em nvel estadual de ambas as modalidades (BC e
BCR) realizadas nos anos de 2011/2012. Tambm foram coletadas amostras
salivares dos atletas no perodo de repouso das: 7h00-8h00 visando estabelecer
indicadores do ciclo circadiano.
Os sujeitos forneceram1 ml de saliva, pelo menos por amostra em um tubo
de coleta apropriado (Salivette, Sarstedt, Alemanha). No foram ingeridos gua ou
alimentos por pelo menos, 5 minutos antes da coleta da amostra. Foi solicitado aos
avaliados no escovar os dentes dentro de 30 minutos do protocolo e no usar
cosmticos para os lbios, conforme padronizao da Dia Metra.
A saliva foi centrifugada para purificao e depois estocada em freezer at a
realizao das dosagens. Para quantificaes do cortisol foram utilizados kits para
ensaio imuneenzimtico Elisa (EIA) fornecidos pela Dia Metra.
Amostras de saliva foram congeladas a 20C para precipitar mucinas, e
ento descongeladas, centrifugadas a 2000 g 10 min, e os sobrenadantes foram
coletados e armazenados a -80 C at o dia do ensaio.
O cortisol foi mensurado atravs de kit de enzima imunoensaio (EIA) prprios
para este tipo de material biolgico. O Cortisol Saliva, (Dia Metra) foi utilizado
obedecendo ao mtodo ELISA competitivo imunoenzimtico colorimtrico para a
50
50
determinao quantitativa da concentrao de cortisol na saliva. A unidade de
medida utilizada foi a Nanograma por militro (ng/mL). Alguns estudos so descritos
em outras unidades de medidas como Nanomol por litro (nmol/L), ou ainda em
Micrograma por decilitro (g/dL).
3.3.3 Teste do Estado de Humor de Brunel
Para medir o perfil de estado de humor foi utilizado o questionrio BRUMS-
Escala de Humor de Brunel (anexo II) desenvolvido por Terry et al., (2003) e
validado e adaptado por Rolfhs et al.,2004),a partir da verso do original de Profile of
Mood States(POMS).
O BRUMS contm 24 indicadores simples de humor, dispostos em seis
subescalas (Tenso, Depresso, Raiva, Vigor, Fadiga e Confuso Mental) variveis
estas que so perceptveis pelo individuo que est sendo avaliado. Os sujeitos
respondem como se sentem em relao s tais sensaes de acordo com uma
escala de avaliao numrica (de 0= nada a 4=extremamente).
Este instrumento utilizado tanto para detectar a sndrome do excesso de
treinamento, como tambm para o estresse, em indivduos que participam de
programas de atividade fsica e reabilitao, abrangendo uma faixa de adolescente e
adulto. (ROHLFS et al., 2008).
Os questionrios de BRUMS foram aplicados30 minutos antes do incio do
aquecimento das equipes para o jogo e imediatamente ao final de cada jogo das
semifinais e finais da competio, tanto no grupo de atletas da modalidade do
basquete em cadeiras de rodas, quanto no grupo do basquete convencional.
51
51
Todas as coletas foram efetuadas por um grupo de quatro voluntrios
previamente treinados e supervisionado pelo pesquisador.
4 ANLISES DOS DADOS
O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para determinar a normalidade dos
dados.
Para a as variveis psicolgicas (questionrio BRUMS) e fisiolgicas (cortisol
salivar), assim como para comparar as respostas psicofisiolgicas entre os atletas
de BCR e de BC, entre vencedores e perdedores, nos momentos pr e ps-jogo das
fases semifinais e finais, foi utilizado a ANOVA mista de medidas repetidas. A
anlise foi realizada separada entre basquete sobre rodas e basquete convencional.
Para cada comparao entre pr e ps, foi calculado e apresentado o
tamanho de efeito (TE) de Cohen (1988).
Para correlacionar a resposta fisiolgica do cortisol salivar em repouso com
sua resposta antes e aps um jogo em atletas de basquete sobre rodas foi utilizada
a correlao de Spearman (dados no normais), como tambm para correlacionar o
marcador fisiolgico de estresse (cortisol salivar) com o questionrio psicolgico
(BRUMS) em atletas de BCR e de BC. Foi adotado um nvel de significncia de 5%
(p < 0,05) para todos os testes.
4.1 Resultados e Discusso
O presente estudo foi proposto para comparar os indicadores psicofisiolgicos
do estresse entre atletas de BCR e de BC em situao competitiva, por meio do
52
52
cortisol salivar e da Escala de Humor de Brunel (BRUMS), estabelecendo
correlaes entre estas variveis.
Para propiciar uma melhor compreenso dos resultados, a apresentao dos
dados foi estruturada de acordo com os objetivos especficos. Inicialmente so
descritos os dados de caracterizao da amostra que constituda de dois grupos:
BCR e BC. Posteriormente, so apresentados os resultados da mensurao da
parte psicolgica (BRUMS) e as concentraes do cortisol dos atletas das duas
modalidades esportivas antes e aps os jogos da semifinal e final. E finalizando, so
estabelecidas as correlaes do nvel de estresse entre os atletas das modalidades,
nas variveis psicofisiolgicas, nas seguintes condies: repouso, pr-jogo, ps-
jogo.
Considerando que alguns conjuntos de dados nesta anlise no
apresentaram normalidade, optou-se por apresentar os dados em mediana e
amplitude interquartlica.
Na tabela 1 esto os dados antropomtricos de caracterizao da amostra,
idade, peso, altura, altura sentada (BCR) e envergadura dos atletas.
Tabela 1. Dados Antropomtricos de caracterizao da amostra.
Basquete sobre rodas Basquete convencional
Median
a
Amplitude
interquartlica
Median
a
Amplitude
interquartlica
Massa corporal (kg) 70,5 18 91 16
Estatura
Sentada(cm) 89 6 195,5 17
Envergadura (cm) 176,5 14 192,5 17
Idade (anos) 31 11 23 5
53
53
Na caracterizao da amostra, podem-se observar dados dos atletas de BC e
dos BCR, no entanto a altura sentada foi realizada com os atletas de BCR pela
dificuldade de mensurao, pelo fato dos atletas jogarem na posio sentada em
virtude da utilizao do equipamento obrigatrio, no caso, a cadeira de rodas
esportivas, o que vem facilitar a coleta e tornar mais coerente o estudo. Os outros
dados foram coletados igualmente nas duas modalidades.
Na tabela 2 esto os dados da comparao das variveis psicofisiolgicas
nos momentos pr e ps os jogos das semifinais em atletas de BCR e de BC nas
situaes de vencedores e perdedores.
Tabela 2. Comparao das variveis psicofisiolgicas antes e aps os jogos das semifinais em atletas
de BCR nas situaes de vencedores e perdedores.
Basquete sobre rodas Semifinal
Vencedor (n = 21) Perdedor (n = 20)
Varivel Pr J Ps J P TE Pr J Ps J P TE
Tenso 61,0 (25,0)e 57,0 (20,0)
e 0,118 -0,32 (p) 57,0 (12,0)
b 53,0 (19,0)
b 0,074 -0,48 (p)
Raiva 48,0 (23,0)e 48,0 (16,0) 0,525 -0,13 (t) 46,0 (13,0) 56,0 (21,0) 0,004 0,81 (g)
Fadiga 42,0 (8,0) 49,0 (26,0)e 0,007 0,71 (m) 47,0 (11,0) 51,0 (15,0) 0,007 0,60 (m)
Conf.
Mental 45,0 (21,0)e 45,0 (13,0)
e 0,014 -0,38 (p) 51,0 (12,0)
b 45,0 (13,0) 0,585 -0,14 (t)
Depresso 43,0 (7,0) e 43,0 (4,0)
a 0,425 -0,18 (t) 43,0 (6,0) 50,0 (17,0) 0,007 1,08 (g)
Vigor 69,0 (14,0) 64,0 (17,0)a,e
0,207 -0,37 (p) 66,0 (8,0)b 55,0 (11,0) 0,001 -0,89 (g)
Cortisol
ng/mL) 0,82 (2,77)e 1,67 (3,55) 0,363 0,31 (p) 1,36 (2,67)
b 3,53 (4,64) 0,004 0,83 (g)
Basquete convencional Semifinal
Vencedor (n = 19) Perdedor(n = 19)
Varivel Pr J Ps J p TE Pr J Ps-J P TE
Tenso 51,0 (13,0) 47,5 (15,0) 0,471 -0,22 (p) 46,0 (11,0) 42,0 (7,0) 0,197 -0,27 (p)
Raiva 44,0 (3,0) 48,0 (14,0) 0,006 0,90 (g) 44,0 (7,0) 48,0 (17,0) 0,015 0,63 (m)
Fadiga 40,0 (4,0) 45,0 (6,0)b 0,005 0,59 (m) 47,0 (15,0) 48,0 (25,0) 0,176 0,26 (p)
Conf. Mental 42,0 (3,0) 42,0 (4,0) 0,108 0,39 (p) 42,0 (1,0) 42,0 (6,0) 0,277 0,30 (p)
Depresso 43,0 (0,0)b 47,0 (8,0) 0,018 1,07 (g) 43,0 (14,0) 43,0 (15,0) 0,842 0,04 (t)
Vigor 67,5 (9,0)b 55,0 (20,0) 0,001 -1,41 (g) 56,5 (11,0) 51,5 (16,0) 0,019 -0,54 (m)
Cortisol (ng/mL) 3,67 (4,86) 3,77 (5,01) 0,603 0,13 (t) 6,03 (7,85) 4,71 (4,78) 0,173 -0,45 (p)
Dados apresentados em Mediana (amplitude interquartlica).
TE = tamanho de efeito: p=pequeno; m=moderado; t=trivial; g=grande
Pr J = Pr Jogo Ps J= Ps Jogo
54
54
a=Diferena significativa para a mesma varivel, no mesmo momento do jogo, no jogo de semifinal, no grupo de
jogadores de BCR perdedores.
b=Diferena significativa para a mesma varivel, no mesmo momento do jogo, no jogo de semifinal, no grupo de
jogadores de BC perdedores.
e=Diferena significativa para a mesma varivel, no mesmo momento do jogo, no jogo de semifinal, no grupo de
jogadores de BC vencedores.
A tabela 3 apresenta os valores da comparao das variveis
psicofisiolgicas antes e aps os jogos das finais em atletas de BCR e BC nas
situaes de vencedores e perdedores.
Tabela 3. Comparao das variveis psicofisiolgicas antes e aps os jogos das finais em atletas de
BCR e de BC nas situaes de vencedores e perdedores.
Basquete sobre rodas Final
Vencedor (n = 20) Perdedor (n =21)
Varivel Pr J Ps J p TE Pr J Ps J P TE
Tenso 53,0 (19,0)f 49,0 (19,0) 0,350 -0,18 (t) 53,0 (22,0) 46,0 (17,0)
55
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c=Diferena significativa para a mesma varivel, no mesmo momento do jogo, no jogo de final, no grupo de
jogadores de BCR perdedores.
d=Diferena significativa para a mesma varivel, no mesmo momento do jogo, no jogo de final, no grupo de
jogadores de BC perdedores.
f= Diferena significativa para a mesma varivel, no mesmo momento do jogo, no jogo de final, no grupo de
jogadores de BC vencedores.
Nesta discusso dos resultados, so apresentados e discutidos os dados
analisados e representados nas tabelas. Primeiramente so abordados e discutidos
os dados dos momentos pr e ps-jogos da mesma modalidade esportiva.
Posteriormente, os dados do grupo de vencedores e de perdedores dentro da
mesma modalidade e por ltimo, a comparao dos resultados entre os atletas do
BCR e do BC.
Na tabela 2, na fase semifinal, os resultados das anlises dos dados
apontaram que houve diferenas significativas entre os momentos pr e ps-jogos,
observou-se que houve um aumento nas variveis da fadiga e confuso mental dos
atletas do BCR vencedores. No entanto, pelo grupo de perdedores, a raiva, a fadiga
e a depresso aumentaram, sendo que apenas o vigor diminuiu aps o trmino do
jogo. Com relao concentrao do cortisol, observou-se que tambm ocorreu um
aumento no momento ps-jogo por parte dos perdedores.
Em estudo semelhante com atletas de tnis de campo, Silva (2012) refere que
o nvel da concentrao do cortisol teve um aumento significativo de 50,2 % aps o
trmino do jogo.
Considerando os atletas do BC vencedores, verificou-se um aumento da
raiva, fadiga depresso e diminuio do vigor. Pelo lado dos perdedores, ocorreu um
aumento da fadiga e uma diminuio do vigor.
Segundo Lane; Jackson; Terry (2004), as variveis da raiva e do vigor esto
diretamente associados ao desempenho bem sucedido do atleta.
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Na tabela 3, na fase final nestes mesmos momentos, ocorreu um aumento da
fadiga e da depresso dos atletas do BCR vencedores. Pelo lado dos atletas
perdedores, ocorreu uma diminuio da tenso e do vigor, aumento da fadiga, da
depresso aps o final do jogo. Os atletas do BC tiveram apenas uma diminuio do
vigor do grupo de vencedores. J pelo grupo de perdedores, ocorreu uma
diminuio da tenso e vigor, por outro lado, ocorreu um aumento da raiva, da fadiga
e da depresso.
Silva (2012) em estudo realizado com atletas de futebol suo mster
encontrou uma elevao na escala de humor nas variveis, confuso mental e vigor,
permanecendo semelhantes nas variveis de depresso e raiva.
Com relao comparao dos grupos de vencedores e de perdedores dos
atletas do BCR, nas semifinais, os resultados da tabela 3, mostraram que o grupo de
vencedores estava mais tenso do que o dos perdedores, antes do incio do jogo e a
depresso dos vencedores, no momento ps-jogo, estava mais elevada do que a
dos perdedores, o vigor dos vencedores mostrou valores mais altos do que o grupo
de perdedores.
No grupo dos atletas do BC, a fadiga dos vencedores no momento ps-jogo,
se mostrou mais baixa do que a dos perdedores. J a depresso no incio do jogo
estava mais baixa pelo lado dos vencedores. O vigor dos vencedores estava mais
elevado do que os vencidos antes do incio do jogo.
Na fase final, na tabela 4, observa-se que o vigor dos atletas do BCR
vencedores, no momento ps-jogo, estava mais alto do que o vigor dos perdedores.
Com relao concentrao de cortisol, antes do jogo, os resultados mostraram um
valor mais baixo do que o grupo de perdedores.
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Colaborando com os resultados obtidos, Coelho; Keller; Silva (2010), em
pesquisa realizada com lutadores de alto nvel do Brasil, encontrou um aumento da
concentrao do cortisol na condio de ps-luta, sendo que os resultados
mostraram diferenas significativas entre vencedores e perdedores nas
concentraes de cortisol salivar.
Quanto ao grupo do BC, a tenso e a confuso mental se mostraram mais
baixa antes do incio do jogo, pelo grupo de vencedores. A raiva, a confuso mental
e a depresso dos perdedores se mostraram mais elevados, nos momentos ps-
jogos. Os atletas cadeirantes perdedores revelaram estar altamente deprimidos aps
os jogos.
Lane et al., (2005) utilizou o BRUMS para avaliar a alterao do humor em
atletas de ciclismos submetidos a trabalhos de alta intensidade e exausto. Os
resultados mostraram um aumento da raiva, depresso e fadiga.
Na comparao dos atletas BCR com os atletas do BC na fase semifinal, os
resultados apontaram diferenas significativas na fase semifinal, onde a tenso dos
cadeirantes se mostrou mais elevada nos momentos pr e ps-jogos, tanto pelos
vencedores como pelos perdedores, em relao aos convencionais. Isto constata
que os atletas cadeirantes estavam mais tensos em todos os momentos, antes e
aps os jogos. A raiva no momento pr se mostrou mais elevada pelos cadeirantes.
A confuso mental e o vigor se mostraram mais altos pelos atletas do BCR
perdedores em relao aos atletas do BC.
Entretanto, a concentrao de cortisol se mostrou mais baixa nos momentos
antes do jogo, em relao ao grupo dos convencionais.
Silva (2012) em estudo realizado com atletas mster de futebol suo
constatou que a concentrao de cortisol duplicou na condio ps-jogo.
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Nas finais, os resultados apontaram uma superioridade da tenso e do vigor
dos cadeirantes vencedores antes da partida, um aumento da confuso mental no
momento ps-jogo em comparao com os atletas do BC. Pelo lado dos perdedores,
a raiva dos atletas cadeirantes se mostrou mais baixa do que as dos atletas
convencionais. No entanto, os atletas convencionais se mostraram bem mais
deprimidos em comparao aos adaptados aps o trmino do jogo. A concentrao
do cortisol dos cadeirantes antes do jogo estava mais elevada do que a dos atletas
convencionais.
Por outro lado Filaire et al., (2001), num estudo com jogadores de futebol
profissional, revelou resultados que mostraram aumentos significativos nas
subescalas negativas do estado de humor, na varivel da tenso, raiva, depresso e
fadiga e diminuio do vigor, que uma subescala positiva.
Em relao concentrao do cortisol ocorreram diferenas significantes no
momento pr-jogo, onde os atletas do BC perdedores tiveram uma diminuio
significante em relao aos do BCR.
Brandt et al (2010) estudando atletas velejadores, apontaram resultados
mostrando alto nvel de tenso e fadiga, associados a altos nveis de vigor. Os
homens apresentaram aumento do vigor e fadiga e menor nvel de tenso,
depresso e raiva em relao s mulheres, porm sem diferenas estatisticamente
significativas. Os homens apresentaram aumento do vigor e fadiga e menor nvel de
tenso, depresso e raiva em relao s mulheres, porm sem diferenas
estatisticamente significativas.
Em relao comparao dos vencedores do grupo BCR com o BC, pde-se
observar uma diferena significante na varivel tenso nos momentos pr e ps-
jogo, onde os cadeirantes se mostraram mais tensos do que os atletas do basquete
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convencional. O mesmo fenmeno ocorreu na varivel da confuso mental nos dois
momentos e na depresso antes do jogo.
Isto pode estar relacionado ao fato dos atletas convencionais iniciarem sua
trajetria esportiva antes do que os cadeirantes, tendo em vista que o basquete
adaptado uma modalidade relativamente nova no Estado do Paran, onde a
Federao Paranaense de Basquete em Cadeiras de Rodas foi fundada apenas em
2006. Somente a partir disto comearam as competies oficias. Outro fato a ser
destacado, que a grande maioria dos atletas somente iniciou sua prtica e
participao em competies apenas na idade adulta, pois as competies ocorrem
aps esta fase da vida. (FPBCR, 2013).
Em relao comparao dos grupos de perdedores do BCR e BC, observa-
se que a tenso dos cadeirantes superior a dos atletas convencionais tanto no
momento pr como no momento ps-jogo.
O mesmo ocorre com a varivel da confuso mental, onde os cadeirantes se
mostraram mais confusos em relao aos atletas convencionais, especialmente
antes e aps o jogo.
O vigor dos cadeirantes tambm se mostrou superior comparado com o grupo
de atletas do BC, tanto no grupo de vencedores como no de vencidos nos diferentes
momentos.
A concentrao do cortisol dos atletas adaptados foi inferior dos atletas
convencionais, especialmente nos momentos que antecedem o jogo, independente
do resultado da partida. Isto mostra que mesmo apresentando um histrico menos
denso em competies esportivas, de acordo com a FPBCR, em relao ao grupo
de atletas convencionais, os cadeirantes se mostraram menos estressados antes do
incio dos jogos.
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60
De acordo com Moreira et al.,(2012) em estudo realizado com jovens
jogadores de basquetebol de elite do sexo masculino comparando o nvel de
concentrao de cortisol nos momentos antes e aps de jogos oficiais e no oficiais,
os resultados mostraram aumento significativo nos momentos pr e ps nos jogos
oficias em detrimento dos jogos treinos.
Em relao varivel da concentrao do cortisol, observou-se uma diferena
significante comparando os cadeirantes vencedores com perdedores, sendo que os
cadeirantes perdedores mostraram estar mais estressados. Na comparao dos
perdedores do BCR com o BC, observou-se que os atletas cadeirantes estavam com
valores significativamente superiores, o que pode indicar um nvel maior de estresse,
antes de iniciar a partida.
Segundo Kramer; Fry; Robin (2001), este aumento ps-jogo nas
concentraes do cortisol ocorre em funo da ativao do cortisol durante
atividades de alta intensidade.
No entanto, em uma pesquisa e reviso sistemtica realizada utilizando uma
busca nas principais bases de dados nos ltimos 15 anos, Jorge; Santos; Stefanello
(2010) investigaram centenas de estudos que abordaram o cortisol salivar como
indicador do estresse competitivo. Os estudos apontaram elevaes nos nveis de
cortisol no incio, durante e aps a competio, especialmente quando se competia
jogando em casa.
Na tabela 4 esto os resultados das correlaes entre a resposta fisiolgica
do cortisol com as respostas psicolgicas antes e aps os jogos das semifinais e
finais em atletas de basquete sobre rodas e basquete convencional.
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Observa-se que houve uma correlao moderada entre as variveis da
concentrao do cortisol com a raiva (r=0,311) e o vigor (r=-0,326), no momento
ps-jogo da semifinal dos atletas de BCR.
Tabela 4. Correlaes entre a resposta fisiolgica do cortisol com as respostas psicolgicas antes e aps os jogos semifinais em atletas de BCR e BC.
Basquete sobre rodas - Semifinal (n = 41)
Pr-Jogo Ps-Jogo
Variveis Tenso Raiva Fadiga
Conf.
mental Depresso Vigor Tenso Raiva Fadiga Confuso Depresso Vigor
Cortisol
pr 0,061 -0,247 0,036 -0,136 -0,092 0,091 - - - - - -
Cortisol
ps - - - - - - 0,002 0,311* 0,080 -0,040 0,304 -0,326*
Basquete convencional - Semifinal (n = 38)
Pr-Jogo Ps-Jogo
Variveis Tenso Raiva Fadiga
Conf.
Mental Depresso Vigor Tenso Raiva Fadiga Confuso Depresso Vigor
Cortisol
pr -0,118 0,033 -0,015 0,030 0,097 -0,249 - - - - - -
Cortisol
ps - - - - - - -0,091 0,210 0,043 0,083 -0,089 0,002
Basquete sobre rodas - Final (n = 41)
Pr-Jogo Ps-Jogo
Variveis Tenso Raiva Fadiga
Conf.
mental Depresso Vigor Tenso Raiva Fadiga Confuso Depresso Vigor
Cortisol
pr 0,238 0,058 -0,095 -0,051 0,113 0,222 - - - - - -
Cortisol
ps - - - - - - -0,152 0,120 -0,190 -0,137 0,263 0,116
Basquete convencional - Final (n = 38)
Pr-Jogo Ps-Jogo
Variveis Tenso Raiva Fadiga
Conf.
Mental Depresso Vigor Tenso Raiva Fadiga Confuso Depresso Vigor
Cortisol
pr -0,073 -0,249 -0,020 -0,250 -0,144 0,134 - - - - - -
Cortisol
ps - - - - - - -0,014 -0,052 0,047 -0,148 -0,107 -0,223
*p
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62
Entretanto num estudo com lutadores de elite, Coelho; Keller; Silva (2010)
utilizaram dois questionrios para detectar a relao do estresse fsico com o
estresse psicolgico, os resultados mostraram que no ocorreram diferenas
significantes.
Em estudo com atletas de alto nvel de basquete feminino, os resultados
mostraram no haver diferenas significativas entre as respostas psicofiolgicas
durante o perodo de treinamento observado ARRUDA et al., (2013).
Por outro lado, em estudo utilizando estado de humor e cortisol em atletas de
futebol profissional, os resultados mostraram significncia na associao dos fatores
psicofisiolgicos (FILAIRE et al., 2001).
Na tabela 5 esto os resultados das correlaes entre a resposta fisiolgica
do cortisol em repouso com as resposta do cortisol antes e aps os jogos das
semifinais e finais em atletas de BCR e BC.
Tabela 5. Cor