Marianne Frank

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  • PEDAGOGIA POR MARIANNE FRANKE - ALEMANHA

    o CORPO SABE EMOSTRA OCAMINHO

    PARTINDO DA PERCEPO DO CORPO PARA FORMASBSICAS DA CONSTELAO FAMILIAR

    Ao longo da minha expenencia profissionalcom a terapia sistmica, trabalhos de Constela-o e como professora e educadora, havia o de-sejo de transmitir esta experincia no ensino aosmeus alunos na escola. Mas como eu poderiaaplicar meu conhecimento, sem nenhum pedidoteraputico, sem a ajuda das Constelaes, naescola?

    Em meu livro Ou gehorst zu uns! (Voc umde ns!) descrevi muitas prticas: como as crian-as, por exemplo, levam seus pais escola pormeio de sua presena invisvel, como pais ou ir-mos podem ser um suporte para os estudos sde receberem permisso para estarem presentesna imaginao e muitas outras possibilidades.

    Neste relato, gostaria de descrever como aaplicao consequente de conhecimento da te-oria dos sistemas - no sentido de interrupodo padro na comunicao verbal e fsica - fezcrescerem insights em minha sala de aula, ondeuma representao ldico me levou a um reco-nhecimento da percepo do representante en-to, como que por si s, s formas bsicas daconstelao familiar.

    Crianas de 12 a 14 anos assumiram com

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    grande entusiasmo todas as sugestes e adicio-naram muitas de suas prprias ideias criativas.

    Novas questes criam novas perspec-tivas - Aproveitando insights do constru-tivismo

    Durante a minha carreira como professora noensino fundamental e mdio, consegui cada vezmais implementar conhecimentos do construtivis-mo e fazer experincias com alunos de turmasdiferentes. Minhas questes principais no erammais "Vocs fizeram a lio de casa? Vocs es-tudaram? Vocs passaram no exame?". As ques-tes agora eram "Como voc conseguiu realizara tarefa? Como conseguiu passar no teste?"

    Ns tnhamos um grande cartaz penduradoem uma parede da classe, no qual se lia 'comoeu consigo isso de forma fcil?'. Muitas crianasfizeram um adesivo com a frase "Para mim f-cil". Assim expressvamos o essencial: as crian-as eram ativas, deviam ter xito e era importan-te que isso fosse obtido com facilidade.

    Como professora, eu senti a necessidade decontinuar com a minha 'pesquisa' sobre como

  • para quem isso bom, quem elas respeitam econsideram e como podemos expressar. O maisinteressante de tudo foram as crianas que eramprovenientes dos pases do Oriente, da Turquia,do Ir, do Afeganisto, e tambm de pases afri-canos como Etipia e Ruanda.

    Todas elas conheciam um gesto que era mui-to pouco conhecido pelas crianas alems emseu dia-a-dia: a reverncia. As crianas de Mu-nique s veem o sacerdote na igreja, atores ouum funcionrio de hotel fazerem isto.

    Nas salas de aula na Bavria voc tem querezar antes do incio da aula. No conseguimospensar em uma orao que fosse simultanea-mente vlida para todos os alunos. Crianas mu-ulmanas, por exemplo, no rezam em conjuntocom crianas crists.

    Ento experimentamos a reverncia. A pri-meira coisa realizada diariamente era a revern-cia: duas crianas - um menino e uma menina -,cuidavam para que a classe ficasse em silncioantes do incio da aula e ento curvavam-se pe-rante a classe fazendo uma reverncia.

    Mostrei-Ihes exatamente como fazer: primeirodeixar cair o queixo no peito, depois soltar maise mais os ombros, dependendo do grau de in-teno da reverncia.

    Isso sempre causava um breve silncio e cli-ma dentro das salas de aula, a qual as prpriascrianas descreveram como respeitosa, que serenovava a cada dia, tanto com as crianas de11 anos de idade, quanto com os adolescentesde 14.

    as crianas poderiam obter xito facilmente ou,pelo menos, com maior facilidade do que antespara atender as demandas dos professores e daescola e toda a matria curricular - de uma ma-neira mais fcil do que anteriormente.

    A escola est situada em um bairro social-mente misto de Munique. L viviam mais de 30%de mes solteiras, na maioria benefici rias daprevidncia social, alm de famlias trabalha-doras de baixa renda. Ali tambm estavam ascasas da maior parte dos refugiados da regiodos Balcs.

    Havia muitas crianas refugiadas vindas doAfeganisto, Paquisto, Etipia e crianas de fa-mlias da antiga Alemanha Oriental e, emboraseus pais tivessem se estabelecido bem, isso nose refletia nas crianas.

    Rapidamente ficou claro para todos, que aaprendizagem coletiva s possvel se voc con-fiar em si mesmo e nos outros do grupo. Comoisso seria possvel, j que diferentes noes so-bre o bem e o mal, o esprito de defesa, a pre-disposio violncia e mnimo desejo de pazregiam a comunicao na sala de aula?

    Logo percebi que apenas a existncia do me-nor denominador comum, portanto uma certezaem nossos corpos, pode apontar o caminho paraa unio. Nestas salas de aulas existia para estesmeninos e meninas, com relao aos seus cor-pos, at ento, apenas uma experincia comum:O (a) mais forte vence.

    Ser que as crianas de Munique, do Afega-nisto, da Bsnia, de Leipzig ou Etipia tinhammais alguma experincia em comum em seuscorpos? Ns conversamos sobre isso em salade aula e trabalhamos juntos no caminho dasnossas 'exploraes'. Isto interessava a eles -mesmo que suas reas de interesse fossem, atento, sexo, crimes e luta.

    A interrupo do padro cria novaconscincia - Um gesto corporal podevincular a todos e expressa postura

    Eu j tinha falado muito com as crianas so-bre haver respeito e considerao pelas pessoas,

    Eu tambm fazia reverncias para as crianasde vez em quando e dizia a elas: "Quando eume curvo diante de vocs, estou me curvandotambm diante de seus pais". Elas mal podiamacreditar nisso. Havia tambm muitas pergun-tas por parte dos pais, se isso era verdade. Eus podia confirmar e Ihes dizer que eu mesmasou me de dois filhos e que eu sei exatamenteo que significa criar filhos e que tenho respeitopor isso. Eu tambm tinha experimentado, comome, que os pais nem sempre sabem o que certo. Isso tranquilizou no s os pais, mas tam-bm as crianas na sala de aula, especialmenteaquelas provenientes de relaes difceis e que,

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  • provavelmente, acreditavam que eu desprezariaas casas de seus pais, se eu soubesse tudo oque os pais faziam. Eu no os desprezava. Eu osreverenciava.

    Posteriormente, fizemos mais tentativas comrelao reverncia. Se algum percebia quan-do no era levada a srio, se de repente umareverncia sria, apesar de, no incio, a inten-o no ter sido essa, como ela funciona emsituaes que uma reverncia no comum, porexemplo, ante os pais. As crianas experimenta-ram isso parcialmente e perceberam o quantoera difcil para os pais reagirem a isso.

    Um aluno natural de Munique fez uma reve-rncia para o pai e lhe disse "A nossa professoranos disse para fazer uma reverncia nos curvan-do diante do nosso pai e me, ento eu faoisso". O pai estava constrangido demais paraconseguir reagir ao comportamento estranho deseu filho. Depois de algum tempo, porm, elereagiu e tomou seu menino nos braos. Quandoo menino me contou isso estava prestes a chorar- h muito tempo seu pai j no o pegava nosbraos. Ele pensava "A reverncia provocou issonele".

    O pai deste menino estava um pouco enver-gonhado quando veio falar comigo sobre isso nareunio de pais e mestres. Primeiro, ele achouque no era bom que eu encorajasse seu filhoa se curvar diante dele. E ele disse depois dealguma hesitao "Eu no sabia se eu ainda po-dia pegar meu filho em meus braos. Eu j batimuito nele".

    Assim, um gesto de respeito podia funcionartambm no mbito familiar, interrompendo umpadro, trazendo para a conscincia do pai aviolncia para com seu filho, causando tambmvergonha. Esta experincia me deu coragempara continuar a pesquisa.

    o posicionamento dos corpos, de umpara o outro, demonstra um reconheci-mento de ordens

    Por ocasio da nossa experincia com a reve-

    rncia, falamos sobre como nos posicionamos fi-sicamente perante os pais. Experimentamos com

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    representantes: uma criana se posicionava pe-rante um representante paro seu pai, escolhidopor elo mesmo entre os colegas de classe: umavez atrs dele, uma vez diante dele, uma vez esquerda, uma vez direito. Depois perguntva-mos: em qual lugar me sinto como filho? Existe

    um lugar onde eu o ajudo? H um lugar ondeme sinto to grande quanto ele? Qual a posi-o que fico na maior porte do tempo perto deleinvoluntariamente?

    Para estas perguntas houve declaraes pre-cisos das crianas.

    Sempre que elas ficavam de frente para seu'representante de pai', sentiam-se como crian-as. Elas podiam, ento, sentar diante dele, tam-bm. A relao pai e filho mantinha-se descem-plicada. s vezes eu as convidava a dizer "Eu souseu filho", algumas at gostaram de fazer isso.Elos chamavam isso de 'nosso jogo da famlia'.

    Naturalmente havia tambm muitos crianasque se recusavam o ficar ou sentar-se de frentepara o representante do pai ou da me. Elas seposicionavam longe ou ao lado de seus respecti-vos pois. E sempre diziam "Assim eu no precisome sentir como filho do meu pai, ou como filhodo minha me". Estas crianas estavam, geral-mente, em desavena com seus pais, o que eudescobri muitas vezes em reunio com os pois,ou eles eram os "filhos favoritos".

    Havia tambm alguns que diziam "Se euficar de p no frente do minha me, me sintoto pequeno, que preciso chorar, e isso eu noquero. Eu me posicionarei 00 lodo dela". Mas orepresentante da me, nestes casos, dizia muitasvezes: "Eu no quero que minha filha fique naminha frente, porque ali elo fica muito pequeno.Quando elo fica ao meu lodo, me sinto mais for-te e elo fico maior".

    O representante de um pai veio at mim comdvidas: "Quando eu era o pai de Olaf me sentito carinhoso, eu queria ter Olaf em meus bra-os. Mos ele meu colega de classe. Como isso possvel? Voc acha que meu pai se sente domesmo maneiro?". Estas foram os primeiros ex-

    perincias em que houve realmente percepesde representao. As crianas prestaram cadavez mais ateno em seus sentimentos modifica-dos e logo puderam ser atribudos, sem hesita-

  • experincia dos mais importantes primeiros pro-cessos da relao com me, pai, avs, irmos.

    E cheguei a uma segunda hiptese: deveainda haver um conhecimento inconsciente emtodos os nossos corpos, que em ns traz umsentimento bom quando as posies dos nossoscorpos entre si correspondem a uma certa or-dem, mesmo que ns sequer alcancemos, muitasvezes, este bem-estar na vida cotidiana.

    Seguiram-se muitas outras experincias comcrianas em idade escolar. Elas se divertirammuito com isso. Elas podiam descobrir, por siprprias, como obter xito, sem palavras, s porse posicionar em um lugar diferente em relaoa um companheiro, sua me, seu pai, evocandonovos sentimentos de relacionamento, por vezes,at mesmo alterando o relacionamento.

    O nosso jogo da famlia no tratava a ques-to de como as pessoas so individualmente,mas sim qual qumica de relacionamento seconfigura entre os representantes participantes.Por meio da localizao de um novo e bom po-sicionamento na constelao foram criados re-lacionamentos de qualidade, rejeio pode sertransformada em afeto, o sentimento de reco-

    nhecimento pode ser experienciado.

    Ento, ns percebemos que nos comporta-mos de acordo com uma relao qumica pr--formada - muitos adultos, como tambm crian-as, pensam "Eu sou assim mesmo!" ou "Nossovizinho assim mesmo".

    MINHAS EXPERINCIAS COM AS CRIANAS DA ESCOLA ME

    LEVARAM LOGO A ACREDITAR QUE TODOS NS TEMOS

    LEMBRANAS CORPORAIS INCONSCIENTES EM NS, TALVEZ

    POSSAMOS DIZER 'UMA GRAVAO' DA EXPERINCIA DOS

    MAIS IMPORTANTES PRIMEIROS PROCESSOS DA RELAO

    COM ME, PAI, AVS, IRMOS.

    E CHEGUEI A UMA SEGUNDA HIPTESE: DEVE AINDA HAVER

    UM CONHECIMENTO INCONSCIENTE EM TODOS OS

    NOSSOS CORPOS, QUE EM NS TRAZ UM SENTIMENTO

    BOM QUANDO AS POSiES DOS NOSSOS CORPOS ENTRE

    SI CORRESPONDEM A UMA CERTA ORDEM, MESMO QUE NS

    SEQUER ALCANCEMOS, MUITAS VEZES, ESTE BEM-ESTAR NA

    VIDA COTIDIANA.

    o, pessoa que representavam. Assim conti-nuou a pesquisa.

    Ns experimentamos tambm como os ir-mos se sentem bem uns em relao aos ou-ros. Elas prprias descobriram quo importante a ordem do nascimento. Uma menina contou"Eu sou a querida da mame, porque me pareomuito com minha av, que faleceu quando mi-nha me era pequena. Na verdade, minha irm a primognita, ela fica muito zangada comi-go e nunca me ajuda". Ento eu aconselhei quedissesse a ela "Eu sei que voc a maior e eua menor".

    Isso provocou um milagre. Ela reconheceuverbalmente as leis da ordem de nascimento.Agora ela se sentia - pela sua prpria descrio- mais perto da sua irm e como uma criana,no to perto da me e da av. Como ela fi-cou orgulhosa quando sua irm a levou para umpasseio na cidade!

    Estas experincias nos inspiraram ainda maisa investigar como os nossos corpos esto umpara o outro e quais sentimentos provocam. Pre-sumi que fisicamente temos um conhecimentobsico em ns, que nos induz sentimentos, de-pendendo de onde nos colocamos fisicamente,ao lado, frente, atrs das pessoas.

    Minhas experincias com as crianas da es-cola me levaram logo a acreditar que todos nstemos lembranas corporais inconscientes emns, talvez possamos dizer 'uma gravao' da

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  • As crianas aprenderam o se questionar, svezes at o mudar suo postura. Naquelas solos,nos quais isso j havia sido entendido, durantea representao de um conflito com a ajuda derepresentantes, algum gritava "Voc tem que seposicionar ao lado do seu amigo, no em frentedele, ou ele vai comear a lutar" ou "Coloque--se ao lado esquerdo dele, para que ele sintaque voc reconhece que ele mais velho e maisforte!" .

    Em muitos exerccios que desenvolvi com osalunos de 60 e 7 o srie, pudemos ver que, narelao com outras pessoas ou desconhecidos,em geral, reproduzimos uma relao muito se-melhante que temos com o pai ou o me, comum irmo, mas tambm com o av ou av, tiasou tios. As crianas sempre se admiraram damaneira como seus corpos podem sentir tudo, sevoc apenas confiar em seus sentimentos.

    Ordens pblicas diferem de ordensfamiliares - Em cada sistema existem ou-tras ordens

    "Que bobagem ridcula essa que vocs es-to fazendo?", perguntou um aluno que veio deuma classe ao lodo e teve de acompanhar o gru-po. "Ns estamos nos conhecendo e aprenden-do o confiar nos sentimentos dos nossos corpos",foi a resposta de seu companheiro escolar. Nohaveria resposta mais precisa.

    E ns tambm falvamos sobre a relao dosalunos com seus professores. "Se a senhora estno minha frente, Sra. Franke", disse certa vez ummenino, "ento, s vezes, eu sinto o mesmo quecom a minha me, e se o senhora ficar ao meulado, ento me sinto muito diferente. Parece quea senhora me ajuda de alguma maneira e eu ficomais livre!".

    Era isso! Ns descobrimos que a relao pro-fessor-aluno , de fato, uma nova proposta deum adulto para as crianas. As crianas saemum pouco do habitual 'ser criana' em casa.Um adulto desconhecido est l para ajudar. Setudo correr bem, a criana pode se deixar con-duzir pela professora ou professor, s vezes elas precisa de acompanhamento, de um pequeno

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    suporte.

    E de que lado? As crianas experimentaram.Mal podiam acreditar, mas quase todos tinham asensao de que elas podiam receber melhor asminhas instrues e propostas quando eu ficavaem p ao lado direito delas. Quando eu ficavado lodo esquerdo, a maioria no deixava mais

    que eu dissesse nada, nem que ajudasse. Se sen-tiam abandonadas. Naturalmente, isto tambmse aplicava o toda o classe - o partir de entoeu me posicionava de lado na sala e evitava fi-car de frente poro a turma. Ento continuamosnossos descobertos.

    Aprender a viver duas ordens

    Uma menino me disse certo vez "Sra. Franke,sinto-me to grande como a senhora". Elo eramuito pequeno, tinha um rendimento ruim noescola, estava frequentemente cansado e noprestava ateno. Ficamos todos surpresos."Bem, ento voc pode me ajudar", eu disse,e pedi a elo que viesse at minha mesa. Todosderam risadinhas, ningum sabia o que acon-teceria. Nem eu. Ela ficou perto do mesa e dolousa, fazia anotaes na lousa ou organizavaos livros. No dia seguinte elo estava novamentel. Os outros alunos riram e disseram "V sentar--se em suo carteiro, voc uma estudante e umacriana". Ento elo sentou-se.

    Refleti um pouco e de repente entendi a cau-sa dos sentimentos dela: esta menina tinha fugi-do da Srvia com a famlia. O pai estava doenteno como. Ele foro gravemente ferido no guerra.A me, entretanto, precisava trabalhar e s che-gava em casa s seis horas do tarde. A meninoera a mais velho de quatro filhas. Elo buscava osduas irms mais novos na creche, o outro irm jestava no escola. Fazia o dever de caso com ela,cuidava do pai, fazia compras, lavava a roupa,preparava a comida at que a me chegasse e,s vezes, elo at passava a roupa. Elo realizavatodos as tarefas de cosa.

    No era toa que elo estava cansada e sem

    vontade de aprender no escola e que ela se sen-tisse to grande, como a professora. Eu mesmapercebi o que elo realizava. Pedi o elo que con-

  • Marianne Franke-Gricksch foi professora em escolas primanas e secun-drias. psicoterapeuta, terapeuta familiar e consteladora familiar. Sua far-mao como professora e supervisora em constelao de sistemas. Desen-volveu trabalhos com grupos de jovens. Tem a livre prtica teraputica emMunique, onde desenvolve aconselhamento individual, de pais e casais.

    -asse classe sobre suas obri-;;aes em casa. Todos ficaramesoontodos e compreenderam.:: to eu disse a ela "Aqui na

    c asse as coisas vo ficar mais:'ceis para voc. Voc vai re-

    ceber uma ajuda de aprendi-zoqern, e aqui voc pode ficar",m pouco cansada, aqui voce uma criana e no mais re-resentante de sua me. Dei-e-se' encolher' aqu i. Isto dei-ou a menina agradecida. Ela:oi reconhecida e conosco elaoodio ser uma criana entre ascrianas.

    Experincias bsicas eordem familiar

    Nesses estudos sempreouve a descoberta individual

    das crianas "O mais impor-'onte saber como estomoscom a nossa me, Sra. Franke!Se podemos olhar para ela, seela abre os braos para ns".Os representantes faziam estegesto muito frequentemente,mas s vezes tambm no. Al-guns disseram "Meu pai aban-donou minha me quando euainda era muito pequeno. En-to eu tambm no fico maiscom ele".

    Descobriram por si mesmas

    que deve estar tudo bem paraa me a criana querer ir fi-car com o pai, ou ser amadapor ele. Esta foi uma profundacompreenso do que moldanassas vidas.

    Com base em sua crescen-te confiana tambm havia ascrianas que demonstravamprofunda dor com a intenode separao dos pais. A ques-to de com quem eles iriamviver cortava seus coraes.De vez em quando eu atuavanesses casos. Eles podiam es-calher dois representantes parapai e me e algum para simesmo, que ficava posiciona-do de frente para os dois. De-pois eu pedia ao representanteda criana que falasse "Pai eme, me e pai - eu sou o (a)filho (a) de vocs!". Isto deixa-va os representantes dos paismuito emocionados. No incioeles s olhavam para a crian-a, e depois eles se olhavam,algo que ambos no queriamfazer anteriormente.

    Ns conversamos sobreo fato de que eles permane-cem sempre os pais, que nose pode separar uma famlia,mesmo quando se vive sepa-radamente. Ento pedi que arepresentante da criana dis-sesse "Certa vez vocs se ama-

    ram, e ento eu fui gerada echeguei". As crianas gosta-vam muito disso, a maioria jsabia alguma coisa sobre oprocesso da gerao! Ento euacrescentava "Eu sou o milagrede vocs! Vocs permaneceromeus pais para sempre".

    Geralmente os representan-tes dos pais pareciam bastan-te assustados, e depois tristes.Eles falavam exatamente sobreseus sentimentos. A crianaafetada estava sentada ao meulado, algumas manifestavamo desejo de dizer estas frasesuma vez. Depois de um olharmais atento fazia sentido paraelas que as crianas so ummilagre, elas nunca tinham sevisto desta maneira.

    Anos mais tarde, quando osmeus alunos j tinham deixadoa escola h muito tempo, visi-tei novamente meus ex-colegasna sala dos professores. Umaluno para o qual nunca havialecionado se aproximou e meperguntou "A senhora a pro-fessora que disse s crianasque ns somos um milagre?",confirmei isso e pensei comi-ga o quanto so sensveis es-tes valentes de 14 anos, elescontam essas coisas duranteanos. Parece que foi realmenteimportante para eles!

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