10
Mauro Almeida Page 1 of 10 28/08/2022 Conservação e Populações Tradicionais Mauro W B de Almeida email:[email protected] Dias: 26 de fevereiro a 2 de março 30 hs Este curso tratará de conceitos e práticas relativas a populações tradicionais e paisagens naturais, com a atenção dirigida para políticas de conservação no Brasil atual. O ponto de partida é a existência de conflitos em torno do uso de territórios e de recursos naturais. Pode haver conflito, por exemplo, quando se trata de escolher entre melhorar a vida humana localmente utilizando ‘recursos naturais’ como meios para o desenvolvimento econômico, e contribuir para a qualidade de vida do planeta conservando a natureza. Pode também ocorrer, em vez de conflito, negociações e arranjos para conciliar as propostas conflitantes. Uma característica desses conflitos em nosso país é que ele envolve como atores pessoas pobres e excluídas que, no decurso dessas negociações e arranjos, criam novos modos de ação coletiva e modificam suas identidades. Os processos em jogo envolvem portanto não apenas de um lado os socialmente excluídos e de outro a natureza, mas a gênese de novas categorias sociais e a reinterpretação do significado da própria natureza. Na primeira parte do curso, trataremos de abordagens teóricas sobre a relação entre populações pobres e os recursos naturais. As duas primeiras abordagens são da ação racional (neomalthusiana) e a culturalista; a terceira introduz fatores políticos e institucionais na discussão. Na segunda parte do curso, trataremos de exemplificar o rendimento dessas abordagens com exemplos de movimentos Second version 6/01/2006

(Mauro Almeida) Curso Conservação e Populações Tradicionais

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Mauro Almeida na UFPB

Citation preview

Curso Antropologia e Meio Ambiente - HZ566A

Mauro AlmeidaPage 1 of 712/2/2007

Conservao e Populaes Tradicionais

Mauro W B de Almeida

email:[email protected]

Dias: 26 de fevereiro a 2 de maro

30 hs

Este curso tratar de conceitos e prticas relativas a populaes tradicionais e paisagens naturais, com a ateno dirigida para polticas de conservao no Brasil atual. O ponto de partida a existncia de conflitos em torno do uso de territrios e de recursos naturais. Pode haver conflito, por exemplo, quando se trata de escolher entre melhorar a vida humana localmente utilizando recursos naturais como meios para o desenvolvimento econmico, e contribuir para a qualidade de vida do planeta conservando a natureza. Pode tambm ocorrer, em vez de conflito, negociaes e arranjos para conciliar as propostas conflitantes. Uma caracterstica desses conflitos em nosso pas que ele envolve como atores pessoas pobres e excludas que, no decurso dessas negociaes e arranjos, criam novos modos de ao coletiva e modificam suas identidades. Os processos em jogo envolvem portanto no apenas de um lado os socialmente excludos e de outro a natureza, mas a gnese de novas categorias sociais e a reinterpretao do significado da prpria natureza.

Na primeira parte do curso, trataremos de abordagens tericas sobre a relao entre populaes pobres e os recursos naturais. As duas primeiras abordagens so da ao racional (neomalthusiana) e a culturalista; a terceira introduz fatores polticos e institucionais na discusso. Na segunda parte do curso, trataremos de exemplificar o rendimento dessas abordagens com exemplos de movimentos sociais onde se combinam questes ambientais e questes sociais.

O curso constar de aulas expositivas com espao para perguntas e discusso. Haver apresentao de filmes e data-shows.

Ementa do curso

Parte I: conceitos e controvrsias

1. Introduo (data-show)

2. Dilemas de ao coletiva

Leituras:

Hardin, Garret. [1968]. The Tragedy of the Commons. Science, 1968. (Em espanhol e ingls)

McCay, Bonnie J. e James M. Acheson (orgs.). 1990. The Question of the Commons: The Culture and Ecology of Communal Resources. Tucson: The University of Arizona Press. [Leitura: Introduction.]

Leituras adicionais:

Brandon, Karina, Kent H. Redford e Steven E. Sanderson (orgs). 1998. Parks in Peril: People, Politics and Protected Areas. Washington, The Nature Conservancy and Island Press. [Leitura: dois ltimos captulos].

3. Culturas de conservao

Leituras:

Descola, Philippe. 1982. La Nature Domestique. Captulos 8 (Categorias da Prtica), Captulo 9 (A boa vida) e Concluso. [Texto disponvel em espanhol e em ingls]Manuela Carneiro da Cunha e Mauro W. B. Almeida. Introduo em A Enciclopdia da Floresta. So Paulo, Companhia das Letras, 2004.

Diegues, Antonio Carlos. 1998. O Mito Moderno da Natureza Intocada. So Paulo, Hucitec. Leituras Indicadas: Captulo V, pp.63-74 e Captulo VI, pp. 75-98.

Leituras adicionais:

Diegues, Antonio C. e Paulo J. Nogara. 1999 O Nosso Lugar Virou Parque, 2. ed. So Paulo, Ncleo de Apoio Pesquisa sobre Populaes Humanas e reas midas Brasileiras (NAPHAUB)/USP. Cap. 2, Os Diversos Espaos Humanizados, pp. 31-38; Cap. 5, O Modo de Vida e as Tecnologias Caiaras, pp. 79-91; Cap. 8 Sistemas de Acesso Terra e aos Recursos Naturais, pp. 133-140.

Brightman, Robert. 1993. Grateful Prey. Rock Cree Human-Animal Relationships. Berkeley, University of California Press.

Descola , Philippe. 1994. Homeostasis as a cultural system: the Jvaro case. Anna C. Roosevelt, ed, Amazonian Indians from Prehistory to the Present. Tucson: Univ. Ariz. Press, pp. 203 -224. [Texto digital]

Bale, William L. 1989. The culture of Amazonian forests. In Posey Darrel A., Bale, William L., eds. 1989. Resource management in Amazonia: indigenous and folk strategies. Adv. Econ. Bot. 7:pp. 1-21.[Texto digital]

Bale, William. 1999. Footprints of the Forest. New York, Columbia University Press. Chapter 6 (Indigenous Forest Management, pp. 116-165).

3. Enfoques institucionais

Ferreira, Leila da Costa e Eduardo Viola (orgs.). Incertezas de Sustentabilidade na Globalizao. Campinas, Editora da Unicamp, 1996. Captulos: Lcia da Costa Ferreira, Os ambientalistas, os direitos sociais e o universo da cidadania. Antonio Carlos Diegues: O mito do paraso desabitado: as reas naturais protegidas.

Brandon, Karina, Kent H. Redford e Steven E. Sanderson (orgs). 1998. Parks in Peril: People, Politics and Protected Areas. Washington, The Nature Conservancy and Island Press.

Vieira, Paulo Freire, Fikret Berkes e Cristiana S. Seixas. Gesto Integrada e Participativa de Recursos Naturais. Conceitos, Mtodos e Experincias. Florianpolis, APED e Editora Secco, 2005. Capitulo 1, Capitulos 3-5.

4. Movimentos sociais

Keck, Margaret. Social Equity and Environmental Policy in Brazil: Lessons from the Rubber Tappers in Acre. Comparative Politics, vol. 27, no.4. July 1995, 409-424.

Mauro W. B. Almeida. A poltica da conservao ambiental na Amaznia: a luta dos seringueiros. Revista Brasileira de Cincias Sociais.Carneiro da Cunha, Manuela and Mauro W. B. de Almeida. 2000. Indigenous People, Traditional People and Conservation in the Amazon. Daedalus/Journal of the American Academy of Arts and Sciences, vol.129, n.2, pp. 315-338.

Leituras adicionais:

Schmink, Marianne and Charles H. Wood. Contested Frontiers in Amazonia. New York, Columbia University Press. 1992. Cap. 1: Contested Frontiers in Amazonia: Artigos em Razes; e em Boletim Amaznico Introduction (pp. 1-19).

Parte 2. Ambiente e movimentos sociais na prtica.

5. Reservas extrativistas

Required readings:

Almeida, M. W. B. 2002. The Politics of Amazonian Conservation: The Struggles of Rubber Tappers. The Journal of Latin American Anthropology 7(1):170-219, 2002.

Allegretti, M. H. (1990). Extractive reserves: An alternative for reconciling development and environmental conservation in Amazonia. Alternatives to Deforestation: Steps toward Sustainable Use of the Amazonia Rain Forest. A. B. Anderson. New York, NY, Columbia University Press: 252-264.

Little, P. (2001). Amazonia: Territorial Struggles on Perennial Frontiers. Baltimore: Johns Hopkins University Press. Chapter 3 (Saving the Rain Forest, pp. 131-186).

ManuelRuiz-Prez, MauroAlmeida et alii. 2005. Conservation and Development in Amazonian Extractive Reserves: The Case of Alto Juru. Ambio, Volume 34, Number 3, May2005, pages 218223.

Filmes:

Adrian Cowell. Decade of Destruction. The Killing of Chico Mendes. DVD. Chico Mendes (com Robert Redford e Snia Braga).

5. Pescadores

2001 Marques, Jos Geraldo. Pescando Pescadores: Cincia e Etnocincia em uma Perspectiva Ecolgica. So Paulo, NUPAUB, 2001.

2000 Diegues, Antonio Carlos (org.). A Imagem das guas. So Paulo, Editora Hucitec, 2000. 5. Filmes

6. Conexes globais.

Leituras:

Escobar, Arturo. 1995. Encountering Development: The Making and Unmaking of the Third World. Princeton: Princeton University Press. [Captulo sobre desenvolvimento e ambiente].

Leituras adicionais:

Agrawal, Arun. 2005. Environmentality. Technologies of Government and the Making of Subjects. Durham and London, Duke University Press. Chapter 6 (Making Environmental Subjects: Intimate Government, pp. 164-299) and Chapter 7 (Conclusion: The Analytics of Environmentality, pp. 201-230).

Peluso, Nancy Lee. 2003. Territorializing Local Struggles for Resource Control. A Look at Environmental Discourses and Politics in Indonesia. In Paul Greenough and Anna Lowenhaput Tsing (editors), Nature in the Global South. Environmental Projects in South and Southeast Asia, Durham and London, Duke University Press, pp. 103-123.

Peluso, Nancy Lee. 1992. Rich Forests, Poor People. Resource Control and Resistance in Java. Berkeley, University of California Press.

Bibliography

Agrawal, Arum. 2005. Environmentality. Durham and London, Duke University Press.

Allegretti, M. H. 1990. Extractive reserves: An alternative for reconciling development and environmental conservation in Amazonia. In Alternatives to Deforestation: Steps toward Sustainable Use of the Amazonia Rain Forest. A. B. Anderson. New York, NY, Columbia University Press: 252-264.

Almeida, M. W. B. 2002. The Politics of Amazonian Conservation: The Struggles of Rubber Tappers. The Journal of Latin American Anthropology 7(1):170-219, 2002.

Bale William L. 1989. The culture of Amazonian forests. In Posey Darrel A., Bale, William L., eds. 1989. Resource management in Amazonia: indigenous and folk strategies. Adv. Econ. Bot. 7: pp. 1-21.

Berkes, Firket, J. Colding and C. Folke. 2003. Navigating Social-ecological Systems. Cambridge, Cambridge University Press.

Brandon, Karina, Kent H. Redford e Steven E. Sanderson (orgs). 1998. Parks in Peril: People, Politics and Protected Areas. Washington, The Nature Conservancy and Island Press.

Brightman, Robert. 1993. Grateful Prey. Rock Cree Human-Animal Relationships. Berkeley, University of California Press.

Carneiro da Cunha, Manuela and Mauro W. B. de Almeida. 2000. Indigenous People, Traditional People and Conservation in the Amazon. Daedalus/Journal of the American Academy of Arts and Sciences, vol.129, n.2, pp. 315-338.

Cultural Survival. 2002. Quilombos and Land Rights in Contemporary Brazil. Cultural Survival Quarterly, 25 (4), January 31, 2002. http://209.200.101.189/publications/csq/csq-article.cfm?id=1398 [dec. 2005]

Descola , Philippe. 1994. Homeostasis as a cultural system: the Jvaro case. Anna C. Roosevelt (ed.), Amazonian Indians from Prehistory to the Present. Tucson: Univ. Ariz. Press, pp. 203-224.

Descola, Philippe. 1997. In the Society of Nature: A Native Ecology in Amazonia. Cambridge, Cambridge University Press. Dove, Michael R. 2003. Forest Discourses in South and Southeast Asia. A comparison with Global Discourses. In Greenough and Tsing, pp. 103-123.

Easton, Thomas A. (ed.) 2006. Taking Sides. Clashing Views on Environmental Issues. 11th ed. USA, McGraw Hill.

Escobar, Arturo. 1995. Encountering Development: The Making and Unmaking of the Third World. Princeton: Princeton University Press.

French, Jan Hoffman. 2004. Mestizaje and Law Making in Indigenous Identity Formation in Northeastern Brazil: After the Conflict Came the History". American Anthropologist106:4, 663-674.

Gibson, Clark C., Margaret A. McKean, and Elinor Ostrom. 2000. People and Forests. Communities, Institutions and Governance. Cambridge, Mass., The MIT Press.

Greenough, Paul and Anna Lowenhaput Tsing (eds.). Nature in the Global South. Environmental Projects in South and Southeast Asia, Durham and London, Duke University Press.

Hardin, Garret. [1968]. The Tragedy of the Commons. Science, 1968.

Krech III, Shepard Krech. Reflections on Conservation, Sustainability, and Environmentalism in Indigenous North America. American Anthropologist, vol. 107, n.1, march 2005, pp. 78-86.

Little, P. 2001. Amazonia: Territorial Struggles on Perennial Frontiers. Baltimore: Johns Hopkins University Press.

ManuelRuiz-Prez, MauroW. B. Almeida et alii. 2005. Conservation and Development in Amazonian Extractive Reserves: The Case of Alto Juru. Ambio, Volume 34, Number 3, May2005, pages 218223.

Mattos, Hebe. Remanescentes de Quilombos: Memory of Slavery, Historical Justice, and Citizenship in Contemporary Brazil. 2005. Proceedings of the Seventh Annual Gilder Lehrman Center International Conference at Yale University: Repairing the Past: Confronting the Legacies of Slavery, Genocide, & Caste. October 27-29, 2005 Yale University, New Haven. Connecticut.http://www.yale.edu/glc/justice/mattos.pdf

McCay, Bonnie J. e James M. Acheson (orgs.). 1990. The Question of the Commons: The Culture and Ecology of Communal Resources. Tucson: The University of Arizona Press.

Nugent, Stephen and Mark Harris (eds.). Some Other Amazonians. Perspectives on Modern Amazonian. London, Institute for the Study of Americas, n.d. (c. 2005).

Peluso, Nancy Lee. 2003. Territorializing Local Struggles for Resource Control. A Look at Environmental Discourses and Politics in Indonesia. In Greenough and Tsing, pp. 103-123.

Peluso, Nancy Lee. 1992. Rich Forests, Poor People. Resource Control and Resistance in Java. Berkeley, University of California Press.

Raffles, Hugh. In Amazonia. A Natural History. Princeton and Oxford, Princeton University Press, 2002.

Rosa Elizabeth A. Marin and Edna M. R. de Castro, 2005. Black Peoples of the Trombetas River: Peasantry and Ethnicity in the Brazilian Amazon, pp. 37-56. In Stephen Nugent and Mark Harris (orgs.), Some Other Amazonians. Perspectives on Modern Amazonia. London, Institute for the Study of the Americas, 2005.

Silberling, Louise. S. 2003. Displacement and quilombos in Alcntara, Brazil: modernity, identity, and place. International Social Science Journal, Volume 55,Number 1, March 2003, pp. 145-156(12).

Slater, Candace (ed). 2003. In Search of the Rain Forest. Durham and London, Duke University Press.

Tsing, Anna. 2005. Friction. An Ethnography of Global Connection. Princeton, Princeton University Press.

2000 Diegues, Antonio C. e Virgilio M. Viana (orgs.). Comunidades Tradicionais e Manejo dos Recursos Naturais da Mata Atlntica. So Paulo, NUPAUB (Nucleo de Apoio Pesquisa sobre Populaes Humanas e reas nidas Brasileiras Universidade de So Paulo) e LASTROP (Laboratrio de Silvicultura Tropical Esalq Universidade de So Paulo).

2004 Manuela Carneiro da Cunha e Mauro W. B. Almeida. Introduo em A Enciclopdia da Floresta. So Paulo, Companhia das Letras, 2004.

PAGE Second version 6/01/2006