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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE . Instituto Pasteur. Manual de Diagnóstico Labo- ratorial da Raiva. 1. ed. Brasília, 2008, 108p. CORREA, G.L.B.; INDÁ, F.M.C. Vigilância da raiva, através de exames laboratoriais de encéfalos, em Florianópolis, SC. Florianópolis. 2011. (no prelo). CORREA, G.L.B.; LAGAGGIO, V.; TROTT, A.M. et al. Participação de Médicos Vet- erinários na prevenção de zoonoses transmitidas por cães e gatos em Uruguaiana, RS: Importância em Saúde Pública. Hífen, v.22, n.41/42, p 29-36. 1998. SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE DE SANTA CATARINA. Diretoria de Vigilân- cia Epidemiológica. Informativo Epidemiológico Barriga Verde. Uma análise da situação das zoonoses em Santa Catarina-2003 a 2007. Florianópolis: Ano V-n. 01. 2007. NOVAIS, B. A. F., ZAPPA, V. Raiva em Bovinos – Revisão de Literatura. Revista Eletrônica de Medicina Veterinária. Garça: São Paulo. Ed. FAEF. Ano VI. Nº. 10. 2008. SILVA, M. S. P. Revisão de Literatura – Raiva dos Herbívoros. 2008. 31p. Monogra- fia (Especialização em Defesa e Vigilância Sanitária Animal). Universidade Castelo Branco, Corumbá. Foto 1: Desmodus rotundus Fonte: Governo de Rondônia Foto 2: Área do foco. Pantanal, Florianópolis, SC. A raiva é uma encefalomielite aguda, infecto-contagiosa causada por vírus RNA da família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus, que acomete mamíferos (BRASIL, 2008). A transmissão ocorre pelo contato de um hospedeiro suscetível com a saliva de um animal infectado, através de mordedura, arranhadura e lambedura em ferimentos ou mucosas, por onde o vírus penetra (SILVA, 2008). No meio urbano houve uma redução significativa de casos de raiva transmitidos por cães e gatos, devido às campanhas de vacinação anti-rábica implementadas anteriormente e às medidas educativas realizadas pelos médicos veterinários (CORREA et al, 1998). Porém, os morcegos têm papel epidemiológico relevante, visto que são considerados um dos principais reservatórios da enfermidade na natureza e um elo de transmissão entre os ciclos silvestre, rural e urbano (CORRÊA & INDÁ, 2011). Qualquer espécie de quiróptero tem potencial de transmitir a raiva, entretanto os hematófagos são incriminados como os responsáveis pela infecção em herbívoros (NOVAIS & ZAPPA, 2008). Em Santa Catarina, segundo informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, o último caso de raiva humana ocorreu em 1981 (DIVE, 2007). No entanto, ainda são notificados casos de raiva em eqüinos e bovinos, principalmente. No presente relato, foi confirmado um caso de raiva em um eqüino domiciliado no bairro Pantanal, no município de Florianópolis, Santa Catarina. A região onde foi notificado o caso situa-se em zona urbana da capital do estado, próxima à área de Mata Atlântica e é constituída por uma população de classe média. Destacou-se a importância do envio de material encefálico para diagnóstico laboratorial, nos casos de quadros neurológicos, e das medidas de proteção durante a manipulação de um animal suspeito de raiva. Foi atendido um potro Mangalarga, com quatro meses de idade, mantido em domicilio na zona urbana do município de Florianópolis, SC, que adoeceu no dia 05 de março de 2011. O quadro clínico iniciou com apatia, anorexia, salivação excessiva, cabeça baixa e mudança de comportamento. Durante alguns dias, o eqüino foi medicado com antiinflamatório não esteroidal e antibioticoterapia parenteral, tendo apresentado discreta melhora. Posteriormente, o quadro se agravou, com intensa prostração, incoordenação motora, dificuldade de deglutição, decúbito e finalmente veio a óbito, nove dias após os primeiros sinais clínicos. Foi retirado material encefálico e remetido ao Centro de Diagnóstico ”Marcos Enrietti”, localizado em Curitiba, PR, apresentando resultado positivo na prova biológica, para pesquisa de vírus rábico. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Florianópolis foi comunicado e realizou busca ativa na propriedade, sendo constatada a presença de outros animais, incluindo dois cães, um gato e duas cabras, todos em boas condições de saúde. Após a confirmação laboratorial para raiva, os animais e todos os comunicantes receberam vacina anti-rábica. Em toda área perifocal, os moradores foram visitados em seus domicílios, sendo orientados quanto às medidas educativas e preventivas relativas à raiva. Como foi relatada pelo proprietário do potro a presença de morcegos no local, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) foi informada, visando desenvolver as ações de controle na região. Diversas doenças que acometem eqüinos podem apresentar sinais neurológicos confundíveis com a raiva. Desse modo, fica evidenciada a importância do envio ao laboratório, de amostra de material encefálico, para a realização de diagnóstico dessa grave zoonose. O material remetido deverá estar acompanhado de um histórico clínico-epidemiológico completo, acondicionado e preservado adequadamente. A raiva está sujeita a notificação compulsória e apresenta alto risco de exposição humana, exigindo dos profissionais e tratadores, cuidados adequados para evitar o contato direto com a saliva de um animal suspeito. INTRODUÇÃO RELATO DE CASO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RAIVA EQUINA EM ÁREA URBANA, NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS, SC: RELATO DE CASO Fábio de Melo Chaves Indá*, Gilson Luiz Borges Corrêa*, Fábio Macedo de Castro Faria** *Médico Veterinário - Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis-SC ** Estudante de Pós-Graduação da UFSC

¹Médico Veterinário – Centro de Controle de Zoonoses de ... · prova biológica, para pesquisa de vírus rábico. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Florianópolis foi

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RAIVA EQUINA EM ÁREA URBANA, NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS, SC: RELATO DE CASO

EQUINE RABIES IN URBAN AREA, OF THE CITY OF FLORIANÓPOLIS,

SC: A CASE REPORTFábio de Melo Chaves Indá¹, Gilson Luiz Borges Corrêa¹, Fábio Macedo de Castro Faria²

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE . Instituto Pasteur. Manual de Diagnóstico Labo-ratorial da Raiva. 1. ed. Brasília, 2008, 108p.

CORREA, G.L.B.; INDÁ, F.M.C. Vigilância da raiva, através de exames laboratoriais de encéfalos, em Florianópolis, SC. Florianópolis. 2011. (no prelo).

CORREA, G.L.B.; LAGAGGIO, V.; TROTT, A.M. et al. Participação de Médicos Vet-erinários na prevenção de zoonoses transmitidas por cães e gatos em Uruguaiana, RS: Importância em Saúde Pública. Hífen, v.22, n.41/42, p 29-36. 1998.

SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE DE SANTA CATARINA. Diretoria de Vigilân-cia Epidemiológica. Informativo Epidemiológico Barriga Verde. Uma análise da situação das zoonoses em Santa Catarina-2003 a 2007. Florianópolis: Ano V-n. 01. 2007.

NOVAIS, B. A. F., ZAPPA, V. Raiva em Bovinos – Revisão de Literatura. Revista Eletrônica de Medicina Veterinária. Garça: São Paulo. Ed. FAEF. Ano VI. Nº. 10. 2008.

SILVA, M. S. P. Revisão de Literatura – Raiva dos Herbívoros. 2008. 31p. Monogra-fia (Especialização em Defesa e Vigilância Sanitária Animal). Universidade Castelo Branco, Corumbá.

Foto 1: Desmodus rotundus Fonte: Governo de Rondônia

Foto 2: Área do foco. Pantanal, Florianópolis, SC.

¹Médico Veterinário – Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis – SC ; ² Estudante de Pós-graduação da UFSC

A raiva é uma encefalomielite aguda, infecto-contagiosa causada por vírus RNA da família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus, que acomete mamíferos (BRASIL, 2008). A transmissão ocorre pelo contato de um hospedeiro suscetível com a saliva de um animal infectado, através de mordedura, arranhadura e lambedura em ferimentos ou mucosas, por onde o vírus penetra (SILVA, 2008). No meio urbano houve uma redução significativa de casos de raiva transmitidos por cães e gatos, devido às campanhas de vacinação anti-rábica implementadas anteriormente e às medidas educativas realizadas pelos médicos veterinários (CORREA et al, 1998). Porém, os morcegos têm papel epidemiológico relevante, visto que são considerados um dos principais reservatórios da enfermidade na natureza e um elo de transmissão entre os ciclos silvestre, rural e urbano (CORRÊA & INDÁ, 2011). Qualquer espécie de quiróptero tem potencial de transmitir a raiva, entretanto os hematófagos são incriminados como os responsáveis pela infecção em herbívoros (NOVAIS & ZAPPA, 2008).

Em Santa Catarina, segundo informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, o último caso de raiva humana ocorreu em 1981 (DIVE, 2007). No entanto, ainda são notificados casos de raiva em eqüinos e bovinos, principalmente. No presente relato, foi confirmado um caso de raiva em um eqüino domiciliado no bairro Pantanal, no município de Florianópolis, Santa Catarina. A região onde foi notificado o caso situa-se em zona urbana da capital do estado, próxima à área de Mata Atlântica e é constituída por uma população de classe média. Destacou-se a importância do envio de material encefálico para diagnóstico laboratorial, nos casos de quadros neurológicos, e das medidas de proteção durante a manipulação de um animal suspeito de raiva.

Foi atendido um potro Mangalarga, com quatro meses de idade, mantido em domicilio na zona urbana do município de Florianópolis, SC, que adoeceu no dia 05 de março de 2011. O quadro clínico iniciou com apatia, anorexia, salivação excessiva, cabeça baixa e mudança de comportamento. Durante alguns dias, o eqüino foi medicado com antiinflamatório não esteroidal e antibioticoterapia parenteral, tendo apresentado discreta melhora. Posteriormente, o quadro se agravou, com intensa prostração, incoordenação motora, dificuldade de deglutição, decúbito e finalmente veio a óbito, nove dias após os primeiros sinais clínicos. Foi retirado material encefálico e remetido ao Centro de Diagnóstico ”Marcos Enrietti”, localizado em Curitiba, PR, apresentando resultado positivo na prova biológica, para pesquisa de vírus rábico. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Florianópolis foi comunicado e realizou busca ativa na propriedade, sendo constatada a presença de outros animais, incluindo dois cães, um gato e duas cabras, todos em boas condições de saúde. Após a confirmação laboratorial para raiva, os animais e todos os comunicantes receberam vacina anti-rábica. Em toda área perifocal, os moradores foram visitados em seus domicílios, sendo orientados quanto às medidas educativas e preventivas relativas à raiva. Como foi relatada pelo proprietário do potro a presença de morcegos no local, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) foi informada, visando desenvolver as ações de controle na região.

Diversas doenças que acometem eqüinos podem apresentar sinais neurológicos confundíveis com a raiva. Desse modo, fica evidenciada a importância do envio ao laboratório, de amostra de material encefálico, para a realização de diagnóstico dessa grave zoonose. O material remetido deverá estar acompanhado de um histórico clínico-epidemiológico completo, acondicionado e preservado adequadamente. A raiva está sujeita a notificação compulsória e apresenta alto risco de exposição humana, exigindo dos profissionais e tratadores, cuidados adequados para evitar o contato direto com a saliva de um animal suspeito.

INTRODUÇÃO

RELATO DE CASO

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RAIVA EQUINA EM ÁREA URBANA, NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS, SC: RELATO DE CASO

Fábio de Melo Chaves Indá*, Gilson Luiz Borges Corrêa*, Fábio Macedo de Castro Faria**

*Médico Veterinário - Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis-SC** Estudante de Pós-Graduação da UFSC