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    Instrumentação emProcessos Industriais

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    2 Eng. Nuno Nhantumbo

    1. Introdução à Instrumentação 

    Instrumentação é a ciência que aplica e desenvolve técnicas para adequação

    de instrumentos de medição, transmissão, indicação, registro e controle de variáveis

    físicas em equipamentos nos processos industriais. Nas indústrias de processos tais

    como siderúrgica, petroquímica, alimentícia, papel, etc.; a instrumentação é

    responsável pelo rendimento máximo de um processo fazendo com que toda energia

    cedida seja transformada em trabalho na elaboração do produto desejado. As

    principais grandezas que traduzem transferências de energia no processo são:

    pressão, nível, vazão, temperatura; as quais se denominam variáveis de um processo.Os processos industriais podem dividir-se em dois tipos: processos contínuos e

    descontínuos. Em ambos os tipos devem-se manter as variáveis próximas aos valores

    desejados.

    O sistema de controle que permite fazer isto se define como aquele que

    compara o valor da variável do processo com o valor desejado e toma uma atitude de

    correção de acordo com o desvio existente, sem a intervenção do operador.

    Para que se possa realizar esta comparação e conseqüentemente a correção,é necessário que se tenha uma unidade de medida, uma unidade de controle e um

    elemento final de controle no processo.

    Como exemplo, mostra-se abaixo um sistema de aquecimento de água. A

    finalidade do sistema é fornecer uma determinada vazão de água aquecida. O meio

    controlado é a água. A variável controlada é a temperatura da água (é o que de fato,

    se quer obter). A variável manipulada (aquela sobre a qual o controlador automático

    atua, no sentido de se manter a variável controlada no valor desejado) neste caso, é o

    vapor.

    Na figura 1 vemos o sistema de aquecimento atuando em malha aberta, além

    de sua representação em diagrama de blocos, e na figura 2, o sistema atuando em

    malha de controle fechada com seu respectivo diagrama de blocos.

    Note que, em malha aberta, a informação sobre a variável controlada não é

    utilizada para ajustar qualquer entrada do sistema para compensar variações nas

    variáveis do processo.

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    3 Eng. Nuno Nhantumbo

    Na malha fechada, a informação sobre a variável controlada, com a respectiva

    comparação com o valor desejado, é utilizada para manipular uma ou mais variáveisdo processo.

    Figura 1 – Controle de Malha Aberta

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    4 Eng. Nuno Nhantumbo

    Figura 2 – Controle de Malha Fechada

    1.1. Termin olo gia

    Os instrumentos de controle empregados na indústria de processos (química,

    siderúrgica, papel, etc.) têm sua própria terminologia. Os termos utilizados definem as

    características próprias de medida e controle dos diversos instrumentos: indicadores,

    registradores, controladores, transmissores e válvulas de controle.

     A terminologia empregada é unificada entre os fabricantes, os usuários e os

    organismos que intervêm diretamente ou indiretamente no campo da instrumentação

    industrial.

    1.2.1. Faixa de Medida (Range)

    Conjunto de valores da variável medida que estão compreendidos dentro do

    limite superior e inferior da capacidade de medida ou de transmissão do instrumento.

    Expressa-se determinando os valores extremos.

    Exemplo: 100 a 500m3 e 0 a 20psi

    1.2.2. Alcance (Span)

    É a diferença algébrica entre o valor superior e inferior da faixa de medida do

    instrumento.

    Exemplo: Um instrumento com range de 100 m3 a 500 m3 

    Seu span é de 400 m3.

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    5 Eng. Nuno Nhantumbo

    1.2.3. Erro

    É a diferença entre o valor lido ou transmitido pelo instrumento em relação ao

    valor real da variável medida. Se tivermos o processo em regime permanente,

    chamaremos de erro estático, que poderá ser positivo ou negativo, dependendo da

    indicação do instrumento, o qual poderá estar indicando a mais ou menos.

    Quando tivermos a variável alterando seu valor ao longo do tempo, teremos um

    atraso na transferência de energia do meio para o medidor. O valor medido estarágeralmente atrasado em relação ao valor real da variável. Esta diferença entre o valor

    real e o valor medido é chamada de erro dinâmico.

    1.2.4. Exatidão

    Podemos definir como sendo a aptidão de um instrumento de medição para dar

    respostas próximas a um valor verdadeiro.

     A exatidão pode ser descrita de três maneiras:

      Percentual do Fundo de Escala (% do F.E.)

      Percentual do Span (% do span)

      Percentual do Valor Lido (% do V.L.)

    Exemplo: Para um sensor de temperatura com range de 50 a 250 °C e valor

    medido 100°C, determine o intervalo provável do valor real para as seguintes

    condições:

      Exatidão 1 % do Fundo de Escala

    Valor real = 100°C ± (0,01 x 250) = 100°C ± 2,5°C

      Exatidão 1 % do Span

    Valor real = 100°C ± (0,01 x 200) = 100°C ± 2,0°C

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      Exatidão 1 % do Valor Lido (Instantâneo)

    Valor real = 100°C ± (0,01 x 100) = 100°C ± 1,0°C

    1.2.5. Rangeabilidade (Largura da faixa)

    É a relação entre o valor máximo e o valor mínimo, lidos com a mesma

    exatidão na escala de um instrumento.

    Exemplo: Para um sensor de vazão cuja escala é 0 a 300 GPM (galões por

    minuto), com exatidão de 1% do span e rangeabilidade 10:1, a exatidão serárespeitada entre 30 e 300 GPM.

    1.2.5. Zona Morta

    É a máxima variação que a variável pode ter sem que provoque alteração na

    indicação ou sinal de saída de um instrumento.

    Exemplo: Um instrumento com range de 0 ºC à 200 ºC, possui uma zona morta

    de ± 0,1% do span. A zona morta do instrumento pode ser calculada da seguinteforma:

    Sendo, ± 0,1% = ± 0,1/100 = ± 0,001, teremos: 0,001. 200 = ± 0,2 ºC

    1.2.6. Sensibilidade

    É a mínima variação que a variável pode ter, provocando alteração na

    indicação ou sinal de saída de um instrumento.

    Exemplo: Um instrumento com range de 0 a 500°C e com sensibilidade de

    0,05% terá valor de:

    1.2.7. Histerese

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    É o erro máximo apresentado por um instrumento para um mesmo valor em

    qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala nossentidos ascendente e descendente.

    Expressa-se em porcentagem do span do instrumento.

    Deve-se destacar que a expressão zona morta está incluída na histerese.

    Exemplo: Num instrumento com range de -50°C a 100°C, sendo sua histerese

    de ± 0,3 %, o erro será 0,3 % de 150°C = ± 0,45°C.

    1.2.8. Repetibilidade

    É a máxima diferença entre diversas medidas de um mesmo valor da variável,

    adotando sempre o mesmo sentido de variação. Expressa-se em porcentagem do

    span do instrumento. O termo repetibilidade não inclui a histerese.

    1.2.9. Linearidade

    É o desvio máximo da indicação obtida tomando com referência a reta que une

    os pontos referentes a 0% e 100% da escala.

    1.2. Funções dos Inst rumentos

    Os instrumentos podem estar interligados entre si para realizar uma

    determinada tarefa nos processos industriais. A associação desses instrumentos

    chama-se malha e em uma malha cada instrumento executa uma função.

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    Figura 4 – Aparência de Alguns Instrumetos: (a) Controlador, (b) Indicador), (c)

    Registrador, (d) Transmissor, (e) Transdutor, (f) Elemento Final de Controle (no caso,uma válvula)

    1.3. Iden ti fi cação dos Ins tr um ento s

    Com objetivo de simplificar e globalizar o entendimento dos documentos

    utilizados para representar as configurações utilizadas para representar as

    configurações das malhas de instrumentação, normas foram criadas em diversos

    países.

    No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através de sua

    norma NBR 8190 apresenta e sugere o uso de símbolos gráficos para representação

    dos diversos instrumentos e suas funções ocupadas nas malhas de instrumentação.

    No entanto, como é dada a liberdade para cada empresa estabelecer/escolher a

    norma a ser seguida na elaboração dos seus diversos documentos de projeto de

    instrumentação outras são utilizadas.

     Assim, devido a sua maior abrangência e atualização, uma das normas mais

    utilizadas em projetos industriais no Brasil é a estabelecida pela ISA (Instrument

    Society of America).

    De acordo com a norma ISA-S5, cada instrumento ou função programada será

    identificada por um conjunto de letras que o classifica funcionalmente e um conjunto

    de algarismos que indica a malha à qual o instrumento ou função programada

    pertence.

    Eventualmente, para completar a identificação, poderá ser acrescido um sufixo.

     A tabela 2 mostra um exemplo de instrumento identificado de acordo com a

    norma estabelecida.

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    Tabela 2 - Identificação de instrumentos de acordo com a norma ISA-S5

    Onde:

    P - Variável medida – PressãoR - Função passiva ou de informação – Registrador

    C - Função ativa ou de saída – Controlador

    001 - Área de atividade onde o instrumento atua

    02 - Número seqüencial da malha

     A - Sufixo

     A figura 5 apresenta a simbologia dos sinais utilizados nos fluxogramas de

    processo e segue a Norma ANSI/ISA-S5.1

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    Figura 5 – Símbolos de Sinais de Fluxo

    Na figura 6 podem ser vistos os símbolos de instrumentos utilizados nos

    fluxogramas de processo, com os quais pode-se definir em que local da planta o

    instrumento está localizado.

    Figura 6 - Símbolos de instrumentos utilizados em fluxogramas

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    Tabela 3 - Identificação Funcional dos Instrumentos

     Abaixo são mostrados alguns arranjos típicos de alguns instrumentos. São

    eles:

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    1.4. Telemetria

    Chamamos de telemetria a técnica de transportar medições obtidas no

    processo a distância, em função de um instrumento transmissor.

     A transmissão a distância dos valores medidos está tão intimamente

    relacionada com os processos contínuos, que a necessidade e as vantagens da

    aplicação da telemetria e do processamento contínuo se entrelaçam.Um dos fatores que se destacam na utilização da telemetria é a possibilidade

    de centralizar instrumentos e controles de um determinado processo em painéis de

    controle ou em uma sala de controle.

    Teremos, a partir daqui, inúmeras vantagens as quais não são difíceis de

    imaginar:

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      Os instrumentos agrupados podem ser consultados mais facilmente e

    rapidamente, possibilitando à operação uma visão conjunta do desempenhoda unidade.

      Podemos reduzir o número de operadores com simultâneo aumento da

    eficiência do trabalho.

      Cresce, consideravelmente, a utilidade e a eficiência dos instrumentos face

    às possibilidades de pronta consulta, manutenção e inspeção, em situação

    mais acessível, mais protegida e mais confortável.

    1.4.1. Transmissores

    Os transmissores são instrumentos que medem uma variável do processo e

    transmitem, à distância, a um instrumento receptor, indicador, registrador, controlador

    ou a uma combinação destes.

    Existem vários tipos de sinais de transmissão: pneumáticos, elétricos,

    hidráulicos e eletrônicos.

    1.4.2. Transmissão Pneumática

    Em geral, os transmissores pneumáticos geram um sinal pneumático variável,

    linear, de 3 a 15psi (libras força por polegada ao quadrado) para uma faixa de medidas

    de 0 a 100% da variável. Esta faixa de transmissão foi adotada pela SAMA ( Scientific

     Apparatur Makers Association), Associação de Fabricantes de Instrumentos, e pela

    maioria dos fabricantes de transmissores e controladores dos Estados Unidos.Podemos, entretanto, encontrar transmissores com outras faixas de sinais de

    transmissão. Por exemplo: de 20 a 100kPa.

    Nos países que utilizam o sistema métrico decimal, adotam-se as faixas de 0,2

    a 1kgf/cm2 que equivalem, aproximadamente, de 3 a 15psi.

    O alcance do sinal no sistema métrico é cerca de 5% menor que o sinal de 3 a

    15psi. Este é um dos motivos pelos quais devemos calibrar os instrumentos de uma

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    malha (transmissor, controlador, elemento final de controle etc.), sempre utilizando

    uma mesma norma.Note-se que o valor mínimo do sinal pneumático também não é zero, e sim 3psi

    ou 0,2kgf/cm2. Deste modo, conseguimos calibrar corretamente o instrumento,

    comprovando sua correta calibração e detectando vazamentos de ar nas linhas de

    transmissão.

    Percebe-se que, se tivéssemos um transmissor pneumático de temperatura de

    range de 0 a 2000C e o mesmo mantivesse o bulbo a 00C e um sinal de saída de 1psi,

    este estaria descalibrado.

    Se o valor mínimo de saída fosse 0psi, não seria possível fazermos estacomparação rapidamente. Para que pudéssemos detectá-lo, teríamos de esperar um

    aumento de temperatura para que tivéssemos um sinal de saída maior que 0 (o qual

    seria incorreto).

    1.4.3. Transmissão Eletrônica

    Os transmissores eletrônicos geram vários tipos de sinais em painéis, sendo os

    mais utilizados: 4 a 20 mA, 10 a 50 mA e 1 a 5 V. Temos estas discrepâncias nos

    sinais de saída entre diferentes fabricantes, porque tais instrumentos estão preparados

    para uma fácil mudança do seu sinal de saída.

     A relação de 4 a 20 mA, 1 a 5 V está na mesma relação de um sinal de 3 a

    15psi de um sinal pneumático.

    O “zero vivo” utilizado, quando adotamos o valor mínimo de 4 mA,  oferece a

    vantagem também de podermos detectar uma avaria (rompimento dos fios), que

    provoca a queda do sinal, quando ele está em seu valor mínimo.

    1.4.4. PROTOCOLO HART (Highway Adress RemoteTransducer)

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    Consiste num sistema que combina o padrão 4 a 20 mA com a comunicação

    digital. É um sistema a dois fios com taxa de comunicação de 1.200 bits/s (BPS) emodulação FSK (Frequency Shift Keying ). O Hart é baseado no sistema

    mestre/escravo, permitindo a existência de dois mestres na rede simultaneamente.

     As vantagens do protocolo Hart são as seguintes:

      Usa o mesmo par de cabos para o 4 a 20 mA e para a comunicação digital.

      Usa o mesmo tipo de cabo utilizado na instrumentação analógica.

      Disponibilidade de equipamentos de vários fabricantes.

     As desvantagens são que existe uma limitação quanto à velocidade de

    transmissão das informações e a falta de economia de cabeamento (precisa-se de um

    par de fios para cada instrumento).

    1.4.5. Fieldbus

    É um sistema de comunicação digital bidirecional, que interliga equipamentos

    inteligentes de campo com o sistema de controle ou com equipamentos localizados na

    sala de controle, como mostra a Figura 11.

    Este padrão permite comunicação entre uma variedade de equipamentos, tais

    como: transmissores, válvulas, controladores, CLP etc. Eles podem ser de fabricantes

    diferentes (interoperabilidade) e ter controle distribuído (cada instrumento tem a

    capacidade de processar um sinal recebido e enviar informações a outros

    instrumentos para correção de uma variável – pressão, vazão, temperatura etc.).

    Uma grande vantagem é a redução do número de cabos do controlador aos

    instrumentos de campo. Apenas um par de fios é o suficiente para a interligação de

    uma rede fieldbus, como se pode observar na Figura 11.

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    Figura 7 – Sistema Fieldbus

    Exercícios

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    1) No diagrama P&I acima identifique todos os instrumentos:

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    2) Qual o motivo para que a maior parte dos sinais de transmissão comecem

    com um valor maior que zero (exp: 1~5 Volts , 4~20 mA, 0.2 ~ 1.0 kgf/cm2 , 3 ~ 15PSI) ?

    2. Medição de Pressão 

    2.1. In trodução

    Como já foi escrito, a instrumentação é a ciência que se ocupa em desenvolver

    aplicar técnicas de medição, indicação, registro e controle de processos de

    transformação, visando a otimização da eficiência dos mesmos. Essas técnicas são

    normalmente suportadas teoricamente em princípios físicos e ou físico-químicos e

    utiliza-se das mais avançadas tecnologias de fabricação para viabilizar os diversos

    tipos de medição de variáveis industriais. Dentre essas variáveis encontra-se a

    pressão cuja medição possibilita não só sua monitoração e controle como também de

    outras variáveis tais como nível, vazão e densidade. Assim por ser sua compreensãobásica para o entendimento de outras áreas da instrumentação iniciaremos revisando

    alguns conceitos físicos importantes para medição de pressão.

    2.2. Def in ições Básicas

    2.2.1. Sólido

    Toda matéria cuja forma não muda facilmente quando submetida à uma força.

    2.2.2. Líquidos

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    Toda matéria cuja forma pode ser mudada facilmente quando submetida à uma

    força, porém sem mudar o volume.

    2.2.3. Gás

    Toda matéria cuja forma e volume podem ser mudados facilmente quando

    submetida à força.

    2.2.4. Fluido

    Toda matéria cuja forma pode ser mudada e por isso é capaz de se deslocar.

     Ao ato de se deslocar é caracterizado como escoamento e assim chamado de fluido.

    2.2.5. Massa Específica

    Também chamada de densidade absoluta é a relação entre a massa e o

    volume de uma determinada substância. É representada pela letra Ró () e no SI pelaunidade (kg/m3).

    2.2.6. Densidade Relativa

    Relação entre massa específica de uma substância A e a massa específica de

    uma substância de referência, tomadas à mesma condição de temperatura e pressão.

    Nota:

    1 - Para líquidos a densidade de uma substância tem como referência a água

    destilada a 4ºC e 1 atm cujo valor foi convencionado ser igual a unidade.

    2 - Para gases e vapores a densidade de uma substância tem como referência

    o ar a 15ºC e 1 atm cujo valor foi convencionado ser igual a unidade.

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    2.2.7. Peso Específico

    Relação entre peso e o volume de uma determinada substância. É

    representado pela letra gama () e cuja unidade usual é kgf/m3.

    2.2.8. Gravidade Específica

    Relação entre a massa de uma substância e a massa de um mesmo volume deágua, ambos tomados à mesma temperatura.

    2.3. Def in ição de Pr es são

    Pode ser definida como sendo a relação entre uma força aplicada

    perpendicularmente (90º) à uma área (fig. 4) e é expressa pela seguinte equação:

    Figura 7 - Exemplo de aplicação de uma força em uma superfície (10 Kgf/cm2).

     A pressão pode ser também expressa como a somatória da pressão estática e

    pressão dinâmica e assim chamada de pressão total.

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    2.3.1. Pressão Estática

    É a pressão exercida em um ponto, em fluidos estáticos, que é transmitida

    integralmente em todas as direções e produz a mesma força em áreas iguais.

    2.3.2. Pressão Dinâmica

    É a pressão exercida por um fluido em movimento paralelo à sua corrente. A

    pressão dinâmica é representada pela seguinte equação:

    Pd =1/2. . V2 (N/m2)

    2.3.3. Pressão Total

    É a pressão resultante da somatória das pressões estáticas e dinâmicas

    exercidas por um fluido que se encontra em movimento.

    2.4. Tip os de Pres são Med idas

     A pressão medida pode ser representada pela pressão absoluta, manométrica

    ou diferencial. A escolha de uma destas três depende do objetivo da medição. A

    seguir será definido cada tipo, bem como suas inter-relações e unidades utilizadas

    para representá-las.

    2.4.1. Pressão absoluta

    É a pressão positiva a partir do vácuo perfeito, ou seja, a soma da pressão

    atmosférica do local e a pressão manométrica. Geralmente coloca-se a letra A após a

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    unidade. Mas quando representamos pressão abaixo da pressão atmosférica por

    pressão absoluta, esta é denominada grau de vácuo ou pressão barométrica.

    2.4.2. Pressão manométrica

    É a pressão medida em relação à pressão atmosférica existente no local,

    podendo ser positiva ou negativa. Geralmente se coloca a letra “G” após a unidade

    para representá-la.

    Quando se fala em uma pressão negativa, em relação à pressão atmosférica

    chamamos pressão de vácuo.

    2.4.3. Pressão diferencial

    É o resultado da diferença de duas pressões medidas. Em outras palavras, é a

    pressão medida em qualquer ponto, menos no ponto zero de referência da pressão

    atmosférica.

    2.4.5. Relação entre Tipos de Pressão Medida

     A figura abaixo mostra graficamente a relação entre os três tipos de pressão

    medida.

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    Figura 8 – Diagrama de Escalas

    2.5. Unidad es de Pres são

     A pressão possui vários tipos de unidade. Os sistemas de unidade MKS, CGS,

    gravitacional e unidade do sistema de coluna de líquido são utilizados tendo como

    referência a pressão atmosférica e são escolhidas, dependendo da área de utilização,

    tipos de medida de pressão, faixa de medição, etc.

    Em geral são utilizados para medição de pressão, as unidades Pa, N/m²,

    kgf/cm², mHg, mH2O, lbf/pol2, Atm e bar.

     A seleção da unidade é livre, mas geralmente deve-se escolher uma grandeza

    para que o valor medido possa estar na faixa de 0,1 a 1000. Assim, as sete unidades

    anteriormente mencionadas, além dos casos especiais, são necessárias e suficientes

    para cobrir as faixas de pressão utilizadas no campo da instrumentação industrial.

    Suas relações podem ser encontradas na tabela de conversão a seguir.

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    Tabela 4 – conversão de Unidades

    2.6. Técnicas de Med ição de Pres são

    2.6.1. Introdução

     A medição de uma variável de processo é feita, sempre, baseada em princípios

    físicos ou químicos e nas modificações que sofrem as matérias quando sujeitas àsalterações impostas por essa variável. A medição da variável pressão pode ser

    realizada baseada em vários princípios, cuja escolha está sempre associada às

    condições da aplicação. Nesse tópico serão abordadas as principais técnicas e

    princípios de sua medição com objetivo de facilitar a análise e escolha do tipo mais

    adequado para cada aplicação.

    2.6.2. Composição dos Medidores de Pressão

    Os medidores de pressão de um modo geral podem ser divididos em três

    partes, sendo fabricado pela associação destas partes ou mesmo incorporado a

    conversores e ai recebendo o nome de transmissores de pressão. As três partes são:

      Elemen to d e rec epção:

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     Aquele que recebe a pressão a ser medida e a transforma em

    deslocamento ou força (ex: Bourbon, fole, diafragma).

      Elemento de trans ferênc ia:

     Aquele que amplia o deslocamento ou a força do elemento de recepção

    ou que transforma o mesmo em um sinal único de transmissão do tipo

    elétrica ou pneumática, que é enviada ao elemento de indicação (ex:

    links mecânicos, relé piloto, amplificadores operacionais).

      Elem en to de in di cação: Aquele que recebe o sinal do elemento de transferência e indica ou

    registra a pressão medida (ex: ponteiros, displays).

    2.7. Principais Tipos de Medidor es

    2.7.1. Manômetros

    São dispositivos utilizados para indicação local de pressão e em geral divididos

    em duas partes principais: o manômetro de líquidos, que utiliza um líquido como meio

    para se medir a pressão, e o manômetro tipo elástico que utiliza a deformação de um

    elemento elástico como meio para se medir pressão.

     A tabela 5 classifica os manômetros de acordo com os elementos de recepção.

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    Tabela 5 – Tipos de Manômetros 

    2.7.2. Manômetros de Líquidos

    A) Prin cípio de fu nc ionamento e co ns trução:

    É um instrumento de medição e indicação local de pressão baseado na

    equação manométrica. Sua construção é simples e de baixo custo. Basicamente é

    constituído por tubo de vidro com área seccional uniforme, uma escala graduada, um

    líquido de enchimento e suportados por uma estrutura de sustentação.

    O valor de pressão medida é obtida pela leitura da altura de coluna do líquido

    deslocado em função da intensidade da referida pressão aplicada.

    B) Líqu ido s de enchimen to

     A princípio qualquer líquido com baixa viscosidade, e não volátil nas condições

    de medição, pode ser utilizado como líquido de enchimento. Entretanto, na prática, a

    água destilada e o mercúrio são os líquidos mais utilizados nesses manômetros.

    C) Fai xa de med ição

    Em função do peso específico do líquido de enchimento e também da

    fragilidade do tubo de vidro que limita seu tamanho, esse instrumento é utilizado

    somente para medição de baixas pressões.

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    Em termos práticos, a altura de coluna máxima disponível no mercado é de 2

    metros e assim a pressão máxima medida é de 2 mH 2O caso se utilize água destilada,e 2 mHg com utilização do mercúrio.

    2.7.3. Manômetro de Líquido Tipo Coluna em “U” 

    O tubo em “U” é um dos medidores de pressão mais simples entre os

    medidores para baixa pressão. É constituído por um tubo de material transparente

    (geralmente vidro) recurvado em forma de U e fixado sobre uma escala graduada. A

    figura mostra três formas básicas.

    Figura 9 – Manômetros em “U” 

    No tipo (a), o zero da escala está no mesmo plano horizontal que a superfície

    do líquido quando as pressões P1 e P2 são iguais. Neste caso, a superfície do líquido

    desce no lado de alta pressão e, conseqüentemente sobe no lado de baixa pressão. A

    leitura se faz, somando a quantidade deslocada a partir do zero nos lados de alta e

    baixa pressão.

    No tipo (b), o ajuste de zero é feito em relação ao lado de alta pressão. Neste

    tipo há necessidade de se ajustar a escala a cada mudança de pressão.

    No tipo (c) a leitura é feita a partir do ponto mínimo da superfície do líquido no

    lado de alta pressão, subtraída do ponto máximo do lado de baixa pressão.

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     A leitura pode ser feita simplesmente medindo o deslocamento do lado de

    baixa pressão a partir do mesmo nível do lado de alta pressão, tomando comoreferência o zero da escala.

     A faixa de medição é de aproximadamente 0 ~ 2000 mmH2O/mmHg.

    Figura 10 – Cálculo da Pressão Manométrica

    Figura 11 - Exemplos de manômetros em “U” 

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    2.7.4. Manômetro de Líquido Tipo Coluna Reta Vertical

    O emprego deste manômetro é idêntico ao do tubo em “U”. 

    Nesse manômetro as áreas dos ramos da coluna são diferentes, sendo a

    pressão maior aplicada normalmente no lado da maior área.

    Essa pressão, aplicada no ramo de área maior provoca um pequeno

    deslocamento do líquido na mesma, fazendo com que o deslocamento no outro ramo

    seja bem maior, face o volume deslocado ser o mesmo e sua área bem menor.

    Chamando as áreas do ramo reto e do ramo de maior área de “a” e “A”

    respectivamente e aplicando pressões P1  e P2 em suas extremidades teremos pela

    equação manométrica:

    P1 - P2 = .(h2 + h1)

    Como o volume deslocado é o mesmo, teremos:

    Substituindo o valor de h1 na equação manométrica, teremos:

    Como “A” é muito maior que “a”, equação anterior pode ser simplificada ereescrita. Assim teremos a seguinte equação utilizada para cálculo da pressão.

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    Figura 12 - Manômetro de Coluna Vertical

    2.7.5 Manômetro de Líquido Tipo Coluna Inclinada

    Este Manômetro é utilizado para medir baixas pressões na ordem de 50

    mmH2O. Sua construção é feita inclinando um tubo reto de pequeno diâmetro, de

    modo a medir com boa precisão pressões em função do deslocamento do líquido

    dentro do tubo. A vantagem adicional é a de expandir a escala de leitura o que é

    muitas vezes conveniente para medições de pequenas pressões com boa precisão

    ( 0,02 mmH2O).

     A figura 13 representa o croqui construtivo desse manômetro, onde “α” é o

    ângulo de inclinação e “a” e “A” são áreas dos ramos. P1 e P2 são as pressões aplicadas, sendo P1  P2.

    Sendo a quantidade deslocada, em volume, a mesma e tendo os ramos áreas

    diferentes, teremos:

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    Figura 13 – Manômetro de Líquido de Coluna Inclinada

    Conseqüentemente, a proporção da diferença entre as alturas das duas

    superfícies do líquido é:

    O movimento da superfície do líquido é ampliado de 

     

      vezes para

    cada tipo de tubo reto. 

    Quanto menores forem a/A e α, maior será a taxa de ampliação. Devido às

    influências do fenômeno de tubo capilar, uniformidade do tubo, etc. é recomendável

    utilizar o grau de inclinação de aproximadamente 1/10. A leitura neste tipo de

    manômetro é feita com o menisco na posição vertical em relação ao tubo reto. O

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    diâmetro interno do tubo reto é de 2~3mm, a faixa de utilização é de aproximadamente

    10 ~ 50mm H2O, e é utilizado como padrão nas medições de micropressão.

    Os manômetros de líquido foram largamente utilizados na medição de pressão,

    nível e vazão nos primórdios da instrumentação. Hoje, com o advento de outras

    tecnologias que permitem leituras remotas, a aplicação destes instrumentos na área

    industrial se limite a locais ou processos cujos valores medidos não são cruciais no

    resultado do processo ou a locais cuja distância da sala de controle inviabiliza a

    instalação de outro tipo de instrumento.

    Porém, é nos laboratórios de calibração que ainda encontramos sua grande

    utilização, pois podem ser tratados como padrões.

    2.7.5 Manômetro do Tipo elástico

    Este tipo de instrumento de medição de pressão baseia-se na lei de Hooke

    sobre elasticidade dos materiais.

    Em 1676, Robert Hook estabeleceu essa lei que relaciona a força aplicada em

    um corpo e a deformação por ele sofrida. Em seu enunciado ele disse: “o módulo da

    força aplicada em um corpo é proporcional à deformação provocada’. 

    Essa deformação pode ser dividida em elástica (determinada pelo limite de

    elasticidade), e plástica ou permanente.

    Os medidores de pressão tipo elástico são submetidos a valores de pressão

    sempre abaixo do limite de elasticidade, pois assim cessada a força a ele submetida o

    medidor retorna a sua posição inicial sem perder suas características.

    a) Funcionamento

    O elemento de recepção de pressão tipo elástico sofre deformação tanto maior

    quanto a pressão aplicada. Esta deformação é medida por dispositivos mecânicos,

    elétricos ou eletrônicos.

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    O elemento de recepção de pressão tipo elástico, comumente chamado de

    manômetro, é aquele que mede a deformação elástica sofrida quando está submetidoa uma força resultante da pressão aplicada sobre uma área específica.

    Essa deformação provoca um deslocamento linear que é convertido de forma

    proporcional a um deslocamento angular através de mecanismo específico. Ao

    deslocamento angular é anexado um ponteiro que percorre uma escala linear e cuja

    faixa representa a faixa de medição do elemento de recepção.

    b) Principais tipos de elementos de recepção

     A tabela abaixo mostra os principais tipos de elementos de recepção utilizados

    na medição de pressão baseada na deformação elástica, bem como sua aplicação e

    faixa recomendável de trabalho.

    Tabela 6 – Principais Elementos de Recepção de Manômetros do Tipo Elásticos

    2.7.6 Manômetro Elástico do Tipo Tubo Bourdon

    Tubo de Bourdon consiste em um tubo com seção oval, que poderá estar

    disposto em forma de “C”, espiral ou helicoidal (Fig. 14), tem uma de sua extremidade

    fechada, estando a outra aberta à pressão a ser medida.

    Com a pressão agindo em seu interior, o tubo tende a tomar uma seção circular

    resultando um movimento em sua extremidade fechada. Esse movimento através de

    engrenagens é transmitido a um ponteiro que irá indicar uma medida de pressão em

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    uma escala graduada. A construção básica, o mecanismo interno e seção de tubo de

    Bourdon, são mostrados nas figuras abaixo.

    Figura 14 – Tipos de Tubos de Bourdon

    Devido ao baixo custo e à boa precisão, os manômetros de Bourdon tipo C,

    apresentados na Figura 14, são os mais utilizados até hoje nas indústrias. Ao se

    aplicar uma pressão superior à atmosférica, o tubo muda seu formato para uma seção

    transversal mais circular.

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    Nos manômetros que utilizam o Bourdon tipo C, devido ao pequeno movimento

    realizado por sua extremidade livre quando submetida à pressão em medição, énecessária a utilização de um mecanismo para amplificação deste movimento.

    Este mecanismo de amplificação empregado nos manômetros é chamado de

    máquina. Os materiais mais usados nos Bourdons são o aço-liga, aço inoxidável ou

    bronze fosforoso, que variam de acordo com o tipo de produto a ser medido e são

    recomendados pelo fabricante. A faixa de aplicação varia de 1kgf/cm2  de vácuo até

    2.000kgf/cm2 de sobrepressão. Por recomendação do fabricante, a faixa da escala que

    possui maior precisão de medição é a faixa compreendida entre 1/3 e 2/3 da escala

    2.7.6. Manômetro do Tipo Membrana ou Diafragma

    É constituído por um disco de material elástico (metálico ou não), fixo pela

    borda.

    Uma haste fixa ao centro do disco está ligada a um mecanismo de indicação.

    Quando uma pressão é aplicada, a membrana se desloca, e esse

    deslocamento é proporcional à pressão aplicada.

     A figura 15 ilustra alguns tipos de diafragma utilizados na fabricação de

    manômetros.

    Figura 15 – Tipos de Diafragma

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    2.7.7. Manômetro do Tipo Fole

    É também muito empregado na medição de pressão. Ele é basicamente um

    cilindro metálico, corrugado ou sanfonado.

    Quando uma pressão é aplicada no interior do fole, provoca sua distensão, e,

    como ela tem que vencer a flexibilidade do material e a força de oposição da mola, o

    deslocamento é proporcional à pressão aplicada à parte interna.

    Figura 16 – Manômetro do Tipo Fole

    2.8. Outros Elementos Sensores Usados para MedirPr es são

    2.8.1. Tipo Capacitivo

     A principal característica dos sensores capacitivos é a completa eliminação dos

    sistemas de alavancas na transferência da força/deslocamento entre o processo e o

    sensor.

    Este tipo de sensor resume-se na deformação pelo processo de uma das

    armaduras do capacitor. Tal deformação altera o valor da capacitância total que é

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    medida por um circuito eletrônico. Esta montagem, se por um lado, elimina os

    problemas mecânicos das partes móveis, expõe a célula capacitiva às rudescondições do processo, principalmente a temperatura. Este inconveniente pode ser

    superado através de circuitos sensíveis à temperatura montados junto ao sensor.

    Outra característica inerente à montagem é a falta de linearidade entre a

    capacitância e a distância das armaduras, devido á deformação não linear. Neste

    caso, faz-se necessário uma compensação (linearização) a cargo do circuito

    eletrônico.

    O sensor é formado pelos seguintes componentes:  Armaduras fixas metalizadas sobre um isolante de vidro fundido

      Dielétrico formado pelo óleo de enchimento (silicone ou fluorube)

      Armadura móvel (diafragma sensor)

     A diferença de pressão entre as câmaras de alta (high) e de baixa pressão

    (low) produz uma força no diafragma isolador que é transmitida pelo líquido de

    enchimento.

     A força atinge a armadura flexível (diafragma sensor), provocando sua

    deformação e alterando, portanto, o valor das capacitâncias formadas pelasarmaduras fixas e a armadura móvel. Esta alteração é medida pelo circuito eletrônico,

    que gera um sinal proporcional à variação de pressão aplicada à câmara da cápsula

    de pressão diferencial capacitiva.

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    Figura 17 – Sensor Capacitivo

    2.8.2. Tipo Strain Gauge

    Baseia-se no princípio de variação da resistência de um fio, mudando-se as suas

    dimensões.

    Para variarmos a resistência de um condutor devemos analisar a equação geral

    da resistência:

    Onde:

    R : Resistência do condutor

    r : Resistividade do materialL : Comprimento do condutor

    S : Área da seção transversal

    O sensor consiste de um fio firmemente colado sobre uma lâmina de base,

    dobrando-se tão compacto quanto possível.

    Esta montagem denomina-se tira extensiométrica, como vemos na figura 18:

    Figura 18 - Sensor tipo Strain Gauge

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    Observa-se que o fio (figura 19), apesar de solidamente ligado a lâmina de base,precisa estar eletricamente isolado da mesma. Uma das extremidades da lâmina é

    fixada em um ponto de apoio rígido, enquanto a outra extremidade será o ponto de

    aplicação de força.

    Figura 19 - Sensor tipo Strain Gauge

    Da física tradicional, sabemos que um material, ao sofrer uma flexão, tem suas

    fibras internas submetidas a dois tipos de deformação: tração e compressão.

    Notamos que a ligação ideal para um Strain Gauge com quatro tiras

    extensiométricas é o circuito em ponte de Wheatstone (como mostrado na figura 20),

    que tem a vantagem adicional de compensar as variações de temperatura ambiente,

    pois todos os elementos estão montados em um único bloco.

    Figura 20 - Ponte de Wheatstone com sensor Strain Gauge

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    2.8.3 Tipo Sensor Piezoelétrico

    Os elementos piezelétricos são cristais (como o quartzo, a turmalina e o

    titanato) que acumulam cargas elétricas em certas áreas da estrutura cristalina,

    quando sofrem uma deformação física por ação de uma pressão. São elementos

    pequenos e de construção robusta, seu sinal de resposta é linear com a variação de

    pressão e são capazes de fornecer sinais de altíssimas freqüências de milhões de

    ciclos por segundo.

    O efeito piezelétrico é um fenômeno reversível. Se for conectado a um

    potencial elétrico, resultará em uma correspondente alteração da forma cristalina. Este

    efeito é altamente estável e exato e por isso é utilizado em relógios de precisão.

     A carga devida à alteração da forma é gerada sem energia auxiliar, uma vez

    que o quartzo é um elemento transmissor ativo. Esta carga é conectada à entrada de

    um amplificador, sendo indicada ou convertida em um sinal de saída para tratamento

    posterior.

     A figura 21 ilustra, esquematicamente, um sensor tipo piezelétrico.

    Figura 21 - Sensor Piezoelétrico

    Observe a figura 21. Como vantagem, esse efeito apresenta uma relação linear

    Pressão x Voltagem produzida e é ideal para locais de freqüentes variações de

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    pressão. Sua principal desvantagem é o fato de, em condições estáticas, apresentar

    redução gradativa de potencial, além de ser sensível à variação de temperatura. 

    3. Medição de Temperatura 

    3.1. Conceitos Fundamentais

    Todas as substâncias são constituídas de pequenas partículas (moléculas) que

    se encontram em contínuo movimento. Quanto mais rápido o movimento das

    moléculas, mais quente se apresenta o corpo; quanto mais lento o movimento das

    moléculas, mais frio se apresenta o corpo. Então, define-se temperatura como o grau

    de agitação térmica das moléculas.

    Na prática, a temperatura é representada em uma escala numérica, na qual

    quanto maior o seu valor, maior é a agitação das moléculas do corpo em questão.

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    O instrumento usado para medir temperatura é o termômetro. Por exemplo,

    usamos o termômetro para saber se uma pessoa está com febre, porque, com amedida do termômetro, sabemos se o corpo da pessoa está mais quente do que

    normal. Também com o termômetro, podemos verificar qual é a temperatura do

    ambiente: quanto mais fria uma noite, menor a temperatura mostrada pelo termômetro.

    Um conceito que se confunde às vezes com o de temperatura é o de calor.

    Entretanto, calor é energia em trânsito ou a forma de energia que é transferida através

    da fronteira de um sistema em virtude da diferença de temperatura.

    3.1.1. Transmissão de Calor

     A literatura geralmente reconhece três meios distintos de transmissão de calor:

    condução, irradiação e convecção.

    a) Condução

    É um processo pelo qual o calor flui de uma região de alta temperatura para

    outra de temperatura mais baixa, dentro de um meio sólido, líquido ou gasoso, ou

    entre meios diferentes em contato físico direto.

    b) Irradiação

    É o processo de transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas (ondas

    de calor). A energia emitida por um corpo (energia radiante) propaga-se até o outro,

    através do espaço que os separa.

    Sendo uma transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas, a radiação

    não exige a presença do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo

    e também em meios materiais. Entretanto, não são todos os meios materiais que

    permitem a propagação das ondas de calor através deles.

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    46 Eng. Nuno Nhantumbo

    Toda energia radiante (transportada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta,

    luz visível, raios x, raio gama, etc.) pode converter-se em energia térmica porabsorção.

    Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de ondas de calor.

    c) Convecção

    Consideremos uma sala na qual liga-se um aquecedor elétrico em sua parte

    inferior. O ar em torno do aquecedor se aquece, tornando-se menos denso que o

    restante, havendo uma troca de posição do ar quente que sobe e o ar frio que desce. A esse movimento de massas de fluido chamamos convecção, e as correntes de ar

    formadas são correntes de convecção.

    Outros exemplos de convecção são os fluxos das chaminés, o funcionamento dos

    radiadores e as correntes atmosféricas. Portanto, convecção é um movimento de

    massas de fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem significado falar

    em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convecção só ocorre nos fluidos.

    3.2. Medição de Tem peratura

    O objetivo de se medir e controlar as diversas variáveis físicas em processos

    industriais é obter produtos de alta qualidade, com melhores condições de rendimento

    e segurança, a custos compatíveis com as necessidades do mercado consumidor.

    Nos diversos segmentos de mercado (químico, petroquímico, siderúrgico,

    cerâmico, papel e celulose, farmacêutico, vidreiro, alimentício, hidrelétrico, nuclear

    entre outros) a monitoração da variável temperatura é fundamental para a obtenção do

    produto final especificado.

    Termometria significa "Medição de Temperatura". Eventualmente o termo

    Pirometria é também aplicado com o mesmo significado, porém, baseando-se na

    etimologia das palavras, podemos definir:

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      PIROMETRIA - Medição de altas temperaturas, na faixa onde os efeitos de

    radiação térmica passam a se manifestar.  CRIOMETRIA - Medição de baixas temperaturas, ou seja, aquelas próximas ao

    zero absoluto de temperatura.

      TERMOMETRIA - Termo mais abrangente que incluiria tanto a Pirometria como

    a Criometria, que seriam casos particulares de medição.

     A diferença entre a temperatura de dois corpos determina a capacidade de troca

    de calor entre eles. Dois corpos distintos trocarão calor até que estejam em equilíbrio

    térmico, ou seja, até que se igualem as suas temperaturas. Este é o princípio básicoda maioria dos medidores de temperatura.

    3.3. Escalas de Temperatu ra

     As escalas que ficaram consagradas pelo uso foram Fahrenheit e Celsius. A

    escala Fahrenheit é definida atualmente com o valor 32 no ponto de fusão do gelo e212 no ponto de ebulição da água. O intervalo entre estes dois pontos é dividido em

    180 partes iguais, e cada parte é um grau Fahrenheit.

     A escala Celsius é definida atualmente com o valor zero no ponto de fusão do

    gelo e 100 no ponto de ebulição da água. O intervalo entre os dois pontos está dividido

    em 100 partes iguais, e cada parte é um grau Celsius. A denominação "grau

    centígrado", utilizada anteriormente no lugar de "Grau Celsius", não é mais

    recomendada, devendo ser evitado o seu uso.

    Tanto a escala Celsius como a Fahrenheit são relativas, ou seja, os seusvalores numéricos de referência são totalmente arbitrários.

    Se abaixarmos a temperatura de uma substância continuamente, atingimos um

    ponto limite além do qual é impossível ultrapassar pela própria definição de

    temperatura. Este ponto, onde cessa praticamente todo movimento atômico, é o zero

    absoluto de temperatura.

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    48 Eng. Nuno Nhantumbo

     Através da extrapolação das leituras do termômetro a gás, pois os gases se

    liquefazem antes de atingir o zero absoluto, calculou-se a temperatura deste ponto naescala Celsius em -273,15°C.

    Existem escalas absolutas de temperatura, assim chamadas porque o zero

    delas é fixado no zero absoluto de temperatura e as escalas absolutas atualmente em

    uso são: a escala Kelvin e a Rankine.

     A escala Kelvin possui a mesma divisão da Celsius, isto é, um grau Kelvin é

    igual a um grau Celsius, porém o seu zero se inicia no ponto de temperatura mais

    baixa possível: 273,15 graus abaixo do zero da escala Celsius.

     A escala Rankine possui o mesmo zero da escala Kelvin, porém sua divisão éidêntica à da escala Fahrenheit. A representação das escalas absolutas é análoga às

    escalas relativas: Kelvin  0 K e Rankine  0 R (sem o símbolo de grau "°").

     A escala Fahrenheit é usada principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos

    da América, porém seu uso tem declinado em favor da escala Celsius, de aceitação

    universal.

     A escala Kelvin é utilizada nos meios científicos no mundo inteiro e deve

    substituir no futuro a escala Rankine quando estiver em desuso a Fahrenheit. Existe

    uma outra escala relativa, a Reamur, hoje praticamente em desuso. Esta escala adotacomo zero o ponto de fusão do gelo e 80 como o ponto de ebulição da água. O

    intervalo é dividido em oitenta partes iguais. (representação - °Re).

     A escala Fahrenheit é usada principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos

    da América, porém seu uso tem declinado em favor da escala Celsius, de aceitação

    universal.

     A escala Kelvin é utilizada nos meios científicos no mundo inteiro e deve

    substituir no futuro a escala Rankine quando estiver em desuso a Fahrenheit. Existe

    uma outra escala relativa, a Reamur, hoje praticamente em desuso. Esta escala adota

    como zero o ponto de fusão do gelo e 80 como o ponto de ebulição da água. O

    intervalo é dividido em oitenta partes iguais. (representação - °Re).

    3.4 Conversões de Escalas de Temperatura

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    49 Eng. Nuno Nhantumbo

     A figura 22 relaciona as principais escalas de temperatura.

    Figura 22 – Relação Entre as Escalas de Temperatura

    Desta comparação, podemos retirar algumas relações básicas entre as

    escalas: 

    Outras relações podem ser obtidas combinando, as apresentadas, entre si.

    Exemplo: O ponto de ebulição do oxigênio é -182,86°C. Exprimir esta

    temperatura em:

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    50 Eng. Nuno Nhantumbo

    3.5. Medidores de Temperatura

    Os medidores de temperatura podem ser divididos em dois grupos:

      Os que se baseiam nas alterações físicas dos materiais, tais como volume,

    pressão etc. Exemplos: termômetros de líquido, termômetros bimetálicos,

    termômetros a pressão de vapor ou de gás.

      Os que se baseiam nas propriedades termoelétricas, como diferença de

    potencial, resistividade, etc. Exemplos: termopares, termômetros de

    resistência.

     Alguns instrumentos, como os pirômetros óticos, utilizam a radiação emitida por

    um corpo quente como propriedade termométrica. Nesse caso, o elemento de

    medição não entra em equilíbrio térmico com o corpo sujeito à determinação detemperatura.

    3.6. Líquido

    Os termômetros de dilatação de líquidos baseiam-se na lei de expansão

    volumétrica de um líquido com a temperatura dentro de um recipiente fechado.

    Os tipos podem variar conforme sua construção:

      recipiente de vidro transparente;

      recipiente metálico.

    3.6.1. Termômetros de Dilatação de Líquido em Recipiente deVidro

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    51 Eng. Nuno Nhantumbo

    É constituído de um reservatório, cujo tamanho depende da sensibilidade

    desejada, soldada a um tubo capilar de seção, mais uniforme possível, fechado naparte superior.

    O reservatório e a parte do capilar são preenchidos por um líquido. Na parte

    superior do capilar, existe um alargamento que protege o termômetro no caso da

    temperatura ultrapassar seu limite máximo.

     Após a calibração, a parede do tubo capilar é graduada em graus ou frações

    deste. A medição de temperatura se faz pela leitura da escala no ponto em que se tem

    o topo da coluna líquida.

    Os líquidos mais usados são: mercúrio, tolueno, álcool e acetona. A tabela 7mostra as características de alguns deles.

    Tabela 7 - Líquidos mais usados na construção de termômetros de vidro

    Nos termômetros industriais, o bulbo de vidro é protegido por um poço metálico

    e o tubo capilar por um invólucro metálico.

    No termômetro de mercúrio, pode-se elevar o limite máximo até 550°C,

    injetando-se gás inerte sob pressão, evitando a vaporização do mercúrio.

    Por ser frágil e impossível registrar sua indicação ou transmití-la à distância, o

    uso deste termômetro é mais comum em laboratórios ou em indústrias, com autilização de uma proteção metálica.

     A figura 23 ilustra alguns tipos de termômetros de dilatação de líquido em

    recipiente de vidro e formas de utilização com suas respectivas proteções.

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    Figura 23 - Exemplos de Termômetros de Dilatação de Líquidos em Recipientes de

    Vidro

    3.6.2. Termômetro de Dilatação de Líquido em RecipienteMetálico

    Neste termômetro, o líquido preenche todo o recipiente e, sob o efeito de um

    aumento de temperatura, dilata-se, deformando um elemento extensível (sensor

    volumétrico). Isto pode ser observado através da figura 24.

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    53 Eng. Nuno Nhantumbo

    Figura 25 - Termômetro de dilatação de líquido em recipiente metálico

    · Bulbo

    Suas dimensões variam de acordo com o tipo de líquido e, principalmente, com

    a sensibilidade desejada.

    Tabela 8 - Líquidos mais usados e sua faixa de utilização

    · Capilar

    Suas dimensões são variáveis, sendo que o diâmetro interno deve ser o menor

    possível, a fim de evitar a influência da temperatura ambiente, porém não deve

    oferecer resistência à passagem do líquido em expansão.

    · Elemento de medição

    O elemento usado é o tubo de Bourdon, podendo ser: tipo C, tipo espiral e o

    tipo helicoidal, ilustrados na figura 26.

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    54 Eng. Nuno Nhantumbo

    Figura 26 – Elementos de Medição

     Aplica-se estes termômetros, em geral, na indústria para indicação e registro,

    pois permite leituras remotas e é o mais preciso dos sistemas mecânicos de medição

    de temperatura. Porém, não é recomendável para controle, por causa de seu tempo

    de resposta ser relativamente grande.

    Recomenda-se não dobrar o capilar com curvatura acentuada para que não se

    formem restrições que prejudiquem o movimento do líquido em seu interior, causando

    problemas de medição.

    3.7. Termômetr os a Pres são de Gás

    3.7.1. Princípio de Funcionamento

    Fisicamente idêntico ao termômetro de dilatação de líquido, consta de um

    bulbo, elemento de medição e capilar de ligação entre estes dois elementos, conforme

    pode ser observado na figura 27.

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    55 Eng. Nuno Nhantumbo

    Figura 27 – Termômetro à Pressão de Gás

    O volume do conjunto é constante e preenchido com um gás a alta pressão.

    Com a variação da temperatura, o gás varia sua pressão, conforme a lei dos gases

    perfeitos, com o elemento de medição operando como medidor de pressão. Observa-

    se que as variações de pressão são linearmente dependentes da temperatura, sendo

    o volume constante.

    3.8. Termômetr o à Di lat ação de Sóli dos (Term ômetr osB im etáli cos)

    3.8.1. Princípio de Funcionamento

    Baseia-se no fenômeno da dilatação linear dos metais com a temperatura (umaboa noção pode ser observada nas ilustrações da figura 28).

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    56 Eng. Nuno Nhantumbo

    Figura 28 - Princípio de Funcionamento do Termômetro Bimetálico

    3.8.2. Características de Construção

    O termômetro bimetálico consiste em duas laminas de metal, com coeficientes

    de dilatação diferentes, sobrepostas, formando uma só peça. Variando-se a

    temperatura do conjunto, observa-se um encurvamento que é proporcional àtemperatura. Na prática, a lâmina bimetálica é enrolada em forma de espiral ou hélice,

    o que aumenta bastante a sensibilidade (figura 29).

    Figura 29 - Características de Construção do Termômetro Bimetálico

    O termômetro mais usado é o de lâmina helicoidal (figura 3.11), e consiste em

    um tubo bom condutor de calor, no interior do qual é fixado um eixo que por sua vez

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    57 Eng. Nuno Nhantumbo

    recebe um ponteiro que se desloca sobre uma escala. Normalmente, utiliza-se o invar

    (aço com 64% Fe e 36% Ni), com baixo coeficiente de dilatação, e o latão como metalde alto coeficiente de dilatação.

     A faixa de trabalho dos termômetros bimetálicos é de -50 a 800°C,

    aproximadamente, sendo sua escala bastante linear. Possui exatidão na ordem de +/-

    1 %.

    Figura 30 - Termômetro Bimetálico de Lâmina Helicoidal

    3.9. Med ição de Temperatu ra com Term op ar

    Um termopar consiste de dois condutores metálicos, de natureza distinta, na

    forma de metais puros ou de ligas homogêneas. Os fios são soldados em um extremo,

    ao qual se dá o nome de junta quente ou junta de medição. A outra extremidade dos

    fios é levada ao instrumento de medição de f.e.m. (força eletromotriz), fechando um

    circuito elétrico por onde flui a corrente.

    O ponto onde os fios que formam o termopar se conectam ao instrumento de

    medição é chamado de junta fria ou de referência. A figura 31 mostra um desenho

    esquemático e os componentes de uma ligação para medição de temperatura por

    termopar.

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    O aquecimento da junção de dois metais gera o aparecimento de uma f.e.m.

    Este princípio, conhecido por efeito Seebeck, propiciou a utilização de termoparespara a medição de temperatura.

    Quando dois metais ou semicondutores dissimilares são conectados e as

     junções mantidas a diferentes temperaturas, quatro fenômenos ocorrem

    simultaneamente: o efeito Seebeck, o efeito Peltier, o efeito Thomson e o efeito Volta.

    Figura 32 - Esquemático de Ligação de um Termopar

    3.9.1. Efeito Termoelétrico de Seebeck

    Para medição de temperatura o efeito de interesse é o de Seebeck: “O

    fenômeno da termoeletricidade foi descoberto em 1821 por T. J. Seebeck, quando ele

    notou que em um circuito fechado, formado por dois condutores diferentes - A e B,

    ocorre uma circulação de corrente enquanto existir uma diferença de temperatura DT

    entre as suas junções. Denominamos a junta de medição de Tm e a outra junta de

    referência de Tr. A existência de uma f.e.m. térmica AB no circuito é conhecida como

    efeito Seebeck”. 

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    59 Eng. Nuno Nhantumbo

    Figura 33 – Efeito Termelétrico de Seebeck

    Quando a temperatura da junta de referência é mantida constante, verifica-se

    que a f.e.m. térmica é uma função da temperatura Tm da junção de teste. Este fato

    permite utilizar um par termoelétrico como um termômetro.

    O efeito Seebeck se produz pelo fato de que os elétrons livres de um metal

    diferem de um condutor para outro e dependem da temperatura. Quando dois

    condutores diferentes são conectados para formar duas junções, e estas são mantidas

    a diferentes temperaturas, a difusão dos elétrons nas junções se produz a ritmos

    diferentes.

    O sinal de f.e.m., gerado pelo gradiente de temperatura (T) existente entre as

     juntas quente e fria, será, de um modo geral, indicado, registrado ou transmitido.

    3.9.2. Leis Termoelétricas

    Da descoberta dos efeitos termoelétricos, partiu-se, através da aplicação dos

    princípios da termodinâmica, à enunciação das três leis que constituem a base da

    teoria termoelétrica nas medições de temperatura com termopares. Portanto,

    fundamentados nestes efeitos e nestas leis, podemos compreender todos os

    fenômenos que ocorrem na medida de temperatura com estes sensores.

    a) Lei do Circuito Homogêneo

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    60 Eng. Nuno Nhantumbo

    “A f.e.m. termal, desenvolvida em um circuito termoelétrico de dois metais

    diferentes com suas junções às temperaturas T1 e T2, é independente do gradiente detemperatura e de sua distribuição ao longo dos fios".

    Em outras palavras, a f.e.m. medida depende única e exclusivamente da

    composição química dos dois metais e das temperaturas existentes nas junções

    (figura 34).

    Figura 34 – Lei do Circuito Homogêneo

    Um exemplo de aplicação prática desta lei é o fato de podermos ter umagrande variação de temperatura em um ponto qualquer, ao longo dos fios dos

    termopares, sem que esta influencie na f.e.m. produzida pela diferença de temperatura

    entre as juntas. Portanto, pode-se fazer medidas de temperaturas em pontos bem

    definidos com os termopares, pois o importante é a diferença de temperatura entre as

     juntas.

    b) Lei dos Metais Intermediários

    “A soma algébrica das f.e.m. termais, em um circuito composto de um número

    qualquer de metais diferentes, é zero, se todo o circuito estiver à mesma temperatura".

    Deduz-se daí que em um circuito termoelétrico, composto de dois metais

    diferentes, a f.e.m. produzida não será alterada ao inserirmos, em qualquer ponto do

    circuito, um metal genérico, desde que as novas junções sejam mantidas a

    temperaturas iguais (figura 35).

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    Figura 35 – Lei dos Metais Intermediários

    Onde se conclui que:

    T3 = T4  E1 = E2 

    Um exemplo de aplicação prática desta lei é a utilização de contatos de latão

    ou cobre, para interligação do termopar ao cabo de extensão no cabeçote.

    c) Lei das Temperaturas Intermediárias

    “A f.e.m. produzida em um circuito termoelétrico de dois metais homogêneos e

    diferentes entre si com as suas junções às temperaturas T 1 e T3 respectivamente, é a

    soma algébrica da f.e.m. deste circuito com as junções às temperaturas T 1 e T2  e a

    f.e.m. deste mesmo circuito com as junções às temperaturas T2 e T3”. 

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    Figura 36 – Lei das Temperaturas Intermediárias

    Um exemplo prático da aplicação desta lei é a compensação ou correção da

    temperatura ambiente pelo instrumento receptor de milivoltagem.

    3.9.3. Correlação da F.E.M. em Função da Temperatura

    Visto que a f.e.m. gerada em um termopar depende da composição química

    dos condutores e da diferença de temperatura entre as juntas, isto é, a cada grau de

    variação de temperatura, podemos observar uma variação da f.e.m. gerada pelo

    termopar. Portanto, podemos construir uma tabela de correlação entre temperatura e a

    f.e.m. Por uma questão prática, padronizou-se a levantamento destas curvas com a

     junta de referência à temperatura de 0°C.

    Figura 37 - Correlação da f.e.m. Versus Temperatura para os Termopares

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    3.10 Tipo s e característ icas do s term opares

    Existem várias combinações de dois metais condutores operando como

    termopares.

     As combinações de fios devem possuir uma relação razoavelmente linear entre

    temperatura e FEM, assim como desenvolver uma FEM por grau de mudança de

    temperatura que seja detectável pelos equipamentos normais de medição. Foram

    desenvolvidas diversas combinações de pares de ligas metálicas, desde os mais

    corriqueiros, de uso industrial, até os mais sofisticados, para uso especial ou restritos

    a laboratórios. Podemos dividir os termopares em grupos básicos e nobres.

    3.10.1. Termopares básicos

    São assim chamados os termopares de maior uso industrial, em que os fios

    são de custo relativamente baixo e sua aplicação admite um limite de erro maior.São eles:

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    3.10.1 Termopares Nobres

     Aqueles cujos pares são constituídos de platina. Embora possuam custo

    elevado e exijam instrumentos receptores de alta sensibilidade, devido à baixa

    potência termoelétrica, apresentam uma altíssima precisão, dada a homogeneidade e

    pureza dos fios dos termopares.

    São eles:

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    3.10.2. Correção da junta de referência 

    Os gráficos existentes da FEM gerada em função da temperatura para os

    termopares têm fixado a junta de referência a 0°C (ponto de solidificação da água).

    Porém, nas aplicações práticas dos termopares a junta de referência é considerada

    nos terminais do instrumento receptor, encontrando-se temperatura ambiente, que é

    normalmente diferente de 0°C e variável com o tempo. Isso torna necessário que se

    faça uma correção da junta de referência, podendo ela ser automática ou manual. Osinstrumentos utilizados para medição de temperatura com termopares costumam fazer

    a correção da junta de referência automaticamente, sendo um dos métodos adotados

    a medição da temperatura nos terminais do instrumento, através de circuito eletrônico.

    Este circuito adiciona a milivoltagem que chega aos terminais, uma milivoltagem

    correspondente à diferença de temperatura de 0°C à temperatura ambiente, conforme

    apresentado na Figura 38.

    Figura 38 – Correção da Junta de Referência

    É importante não esquecer que o termopar mede realmente a diferença entre

    as temperaturas das junções. Então para medirmos a temperatura do ponto desejado,

    precisamos manter a temperatura da junção de referência invariável. Observe a figura

    39.

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    Figura 39 – Diferença entre as Temperaturas das Junções

    FEM = JM – JR

    FEM = 2,25 – 1,22

    FEM = 1,03mV => 25°C

    Esta temperatura obtida pelo cálculo está errada, pois o valor correto que o

    meu termômetro tem que medir é de 50°C.

    FEM = JM – JR

    FEM = 2,25 – 1,22

    FEM = 1,03mV + mV correspondente à temperatura ambiente para fazer a

    compensação automática, portanto:

    FEM= mV JM – mV JR + mV CA (Compensação Automática)

    FEM = 2,25 – 1,22 + 1,22

    FEM = 2,25mV => 50°C

     A leitura agora está correta, pois 2,25mV correspondem a 50°C, que é a

    temperatura do processo.

    Hoje em dia a maioria dos instrumentos faz a compensação da junta de

    referência automaticamente.

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    3.11. Medição de Temperatur a por Termor res is tênci a

    Os métodos de utilização de resistências para medição de temperatura

    iniciaram-se por volta de 1835, com Faraday, porém só houve condições de se

    elaborarem as mesmas para utilização em processos industriais a partir de 1925.

    Esses sensores adquiriram espaço nos processos industriais por suas

    condições de alta estabilidade mecânica e térmica, resistência à contaminação, baixo

    índice de desvio pelo envelhecimento e tempo de uso.

    Devido a estas características, tal sensor é padrão internacional para a

    medição de temperaturas na faixa de –270°C a 660°C em seu modelo de laboratório.

    3.11.1. Princípio de funcionamento

    Os bulbos de resistência (veja a Figura 34) são sensores que se baseiam no

    princípio de variação da resistência em função da temperatura. Os materiais mais

    utilizados para a fabricação destes tipos de sensores são a platina, o cobre ou oníquel, metais com características de:

      Alta resistividade, permitindo assim uma melhor sensibilidade do sensor

      Alto coeficiente de variação de resistência com a temperatura

      Rigidez e ductilidade para ser transformado em fios finos

    Figura 40 – Bulbo de Resistência

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    3.11.2. Vantagens e Desvantagens dessa Medição

    a) Vantagens

      Possui maior precisão dentro da faixa de utilização do que outros tipos

    de sensores

      Com ligação adequada, não existe limitação para distância de operação

      Dispensa utilização de fiação especial para ligação

      Se adequadamente protegido, permite utilização em qualquer ambiente

      Tem boas características de reprodutibilidade

      Em alguns casos, substitui o termopar com grande vantagem

    b) Desvantagens

      É mais caro do que os sensores utilizados nessa mesma faixa  Deteriora-se com mais facilidade, caso haja excesso na sua

    temperatura máxima de utilização

      Temperatura máxima de utilização de 630°C

      É necessário que todo o corpo do bulbo esteja com a temperatura

    equilibrada para fazer a indicação corretamente

    4. Medição de Nível 

    4.1. In trodução

     A medição de nível, embora tenha conceituação simples, requer por vezes

    artifícios e técnicas apuradas.

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    O nível é uma variável importante na indústria não somente para a operação do

    próprio processo, mas também para fins de cálculo de custo e de inventário. Ossistemas de medição de nível variam em complexidade desde simples visores para

    leituras locais até indicação remota, registro ou controle automático.

    Na indústria se requer medições tanto de nível de líquidos como de sólidos.

    Para facilitar a compreensão costuma-se definir nível, como sendo a altura do

    conteúdo de um reservatório, que poderá ser um líquido ou um sólido.

    4.2. Métodos de med ição de nível de líquido

    Os três tipos básicos de medição de nível são o direto, o indireto e o

    descontínuo.

    4.3. Med ição de nível direta

    É a medição para a qual tomamos como referência a posição do plano superior

    da substância medida. Neste tipo de medição podemos utilizar réguas ou gabaritos,

    visores de nível, bóia ou flutuador.

    4.3.1 Medidor de Nível Tipo Régua ou Gabarito

    Consiste em uma régua graduada que tem o comprimento conveniente, para ser

    introduzido dentro do reservatório onde vai ser medido o nível (Fig. 41).

     A determinação do nível se efetuará através da leitura direta do comprimento

    marcado na régua, pelo líquido. São instrumentos simples e de baixo custo permitindo

    medidas instantâneas. A graduação da régua deve ser feita a uma temperatura de

    referência, podendo estar graduada em unidades de comprimento, volume ou Massa.

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    (a) (b)

    Figura 41- (a) Régua e Gabarito, (b) Exemplos de Régua

    4.3.2 Visores de Nível

     Aplica-se nestes instrumentos o princípio dos vasos comunicantes. Um tubotransparente é colocado a partir da base do reservatório até o seu ponto mais alto,

    permitindo a leitura precisa do nível do líquido, mesmo para altas pressões.

    Os visores de nível se destinam exclusivamente à monitoração do nível de

    líquido ou da interface entre dois líquidos imiscíveis, em vasos, colunas, reatores,

    tanques, etc. submetidos ou não à pressão.

    Os visores são aplicados quase na totalidade dos casos de monitoração local

    do nível, devido ao seu baixo custo em comparação com outros tipos de instrumentos,

    a não ser em casos onde a pressão e temperatura sejam excessivas e impeçam a sua

    utilização.

    Devido às suas características construtivas, os visores de nível são de fácil

    manutenção e construídos de maneira a oferecer segurança na operação.

    Para atender as mais variadas aplicações em diversos processos existem

    atualmente os visores do tipo tubular, de vidro plano, magnéticos e os especiais para

    uso em caldeiras.

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    Todos serão analisados um a um nos itens subseqüentes.

    a) Visores de Vidro Tubular

    Estes visores são normalmente fabricados com tubos de vidro retos com

    paredes de espessuras adequada a cada aplicação. Estes tubos são fixados entre

    duas válvulas de bloqueio de desenho especial através de união e juntas de vedação

    apropriadas a cada especificação de projetos (ver Fig. 42).

    O comprimento e o diâmetro do tubo irão depender das condições a que estará

    submetido o visor, porém convêm observar que os mesmos não suportam altas

    pressões e temperaturas.Para proteção do tubo de vidro contra eventuais choques externos, são

    fornecidas hastes protetoras metálicas colocadas em torno do tubo de vidro ou com

    tubos ou chapas plástica envolvendo o mesmo.

    Figura 42 - Visor Tubular

    Os tubos de vidro têm diâmetros normalizados onde para cada dimensão estão

    relacionados valores de pressão e temperatura máximas permissíveis.

    Devido às características construtivas, os visores de vidro tubular não suportam

    altas pressões e temperaturas, bem como apresentam alta probabilidade de quebra

    acidental do vidro por choque externo.

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    Devido às limitações quanto a sua resistência a segurança, os visores de vidro

    tubular são recomendados para uso em processos que não apresentam pressõessuperiores a cerca de 2,0 bar e em temperaturas que não excedam a 100 graus

    Celsius.

    Não se recomenda o seu uso com líquidos tóxicos, inflamáveis ou corrosivos,

    visto que a fragilidade destes instrumentos aumenta a possibilidade de perda de

    produto contido no equipamento.

    Recomenda-se que o comprimento do tubo não exceda os 750 mm. Caso seja

    necessário cobrir faixas de variação de nível maiores, recomenda-se usar dois ou mais

    visores com sobreposição (ver Fig. 43) de faixas visíveis.

    Figura 43 - Esquema de Visor com Sobreposição das Faixas Visíveis

    b) Visores de Vidro Plano

    Os vidros planos substituíram, ao longo dos anos, quase a totalidade dosvisores tubulares.

    Esse fato decorre da inerente falta de segurança apresentada pelos visores

    tubulares em aplicações com pressões elevadas. Atualmente, os visores planos

    representam cerca de 90% das aplicações de visores de nível em plantas industriais.

    http://ampliaimagem%28%29/

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    Os visores de vidro plano têm o aspecto mostrado na Fig. 44 (a). São

    compostos de um ou vários módulos onde se fixam barras planas de vidro. Estesmódulos são conhecidos como seções dos visores.

     Apesar da diversidade de modelos e fabricantes, cada seção apresenta uma

    altura variando de 100 a 350 mm e, dependendo do desnível a ser medido, os visores

    podem ser compostos de várias seções (visor multisseção). Contudo, recomenda-se

    que cada visor tenha, no máximo, quatro seções. Ultrapassado esse limite, o peso da

    unidade torna-se excessivo e o visor pode deixar de ser auto-sustentável,

    necessitando de suportes adicionais. Caso sejam previstas variações amplas na

    temperatura do fluido, o visor deverá ser provido com loops de expansão parapossibilitar a dilatação ou contração resultantes.

    Quando o desnível, a ser medido, exigir um número de seções adicionais serão

    sobrepostos como mostra a Fig. 44 (b).

    (c)

    Figura 44 (a) - Visor de Vidro Plano com Três Seções, (b) - Visores Sobrepostos e (c)

    Exemplo de Aplicação

     A principal desvantagem dos visores multisseções são as regiões de não

    visibilidade entre seções adjacentes que medem tipicamente 38 mm.

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    4.3.3 Medidor de Nível tipo Flutuador

    a) Medidor de Nível com flutuador interno

    Neste medidor de nível, dispositivo esférico é colocado a flutuar no tanque, (como

    mostra a figura 45) e seu movimento vertical é convertido pela alavanca em

    movimento rotativo para um indicador externo.

     A rotação da alavanca produz uma indicação direta ou acima um contato

    magnético. O flutuador tipo esférico é normalmente usado quando grande resistência à

    pressão é desejada.O flutuador é desenhado de modo que a linha de centro da esfera coincida com o

    nível da superfície do líquido, proporcionando uma máxima sensibilidade na mudança

    de nível.

    O medidor de níveis com flutuador interno é usualmente utilizado em tanques

    abertos. Deve-se ter o cuidado para assegurar que não ocorra vazamentos quando

    estes são usados com pressão ou em tanque de vácuo.

    Fig. 45- Medidor de Nível com Flutuador Interno.

    b) Medidor de Nível com Flutuador Externo

    Neste medidor o flutuador é colocado em uma câmara montada do lado de fora

    do tanque, como mostra a figura 46. Conforme varia o nível do flutuador movimenta-se

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    verticalmente. Este por sua vez transmite esta variação ao elemento indicador através

    de um sistema de alavancas.Sua vantagem sobre o sistema com flutuador interno está no fato deste ser

    menos afetado por oscilações na superfície do líquido contido no tanque ou por sua

    vaporização. Com este medidor pode-se obter o nível em tanques sob pressão ou

    vácuo, medir nível de interface entre dois líquidos de densidade diferentes e medir

    nível de líquidos corrosivos. É indicado especialmente para os casos em que a

    instalação de um flutuador tipo bóia den