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BRUCE MONTEIRO CORBETTA
PATRÍCIA DOS SANTOS DIAS
MEMÓRIA SOBRE OS TRILHOS: ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA E SUA PASSAGEM POR ASSIS
ASSIS
2012
Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634
Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br
1
BRUCE MONTEIRO CORBETTA
PATRÍCIA DOS SANTOS DIAS
MEMÓRIA SOBRE OS TRILHOS: ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA E SUA PASSAGEM POR ASSIS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Instituto Municipal de
Ensino Superior de Assis como requisito do
Curso de Graduação em Comunicação
Social com Habilitação em Jornalismo,
analisado pela seguinte comissão
examinadora.
Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde
Analisador:
ASSIS
2012
2
FICHA CATALOGRÁFICA
CORBETTA, Bruce Monteiro DIAS, Patrícia dos Santos
Desenvolvimento do transporte ferroviário no Brasil: Documentário sobre a Estrada de Ferro Sorocabana em sua passagem pelo município de Assis / CORBETTE, Bruce Monteiro. DIAS, Patrícia dos Santos. Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA – Assis, 2012.
36 p.
Orientador: Ms. David Lúcio de Arruda Valverde Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis –
IMESA.
1.Assis. 2.Documentário. 3.Estrada de Ferro Sorocabana. 4.Malha Ferroviária. 5.Transporte Ferroviário.
CDD: 070 Biblioteca da FEMA
4
AGRADECIMENTOS
PATRÍCIA DOS SANTOS DIAS
Primeiramente agradeço a Deus, figura central da minha fé, a quem credito a
passagem negativa ou positiva de todas as pessoas que entraram na minha vida até
aqui e que foram responsáveis pela minha formação enquanto ser humano.
Aos meus pais, Edson e Cláudia, meus heróis de carne e osso, que nestes 21 anos
estiveram sempre ao meu lado na alegria e na tristeza, me ensinando a nunca
desviar dos meus valores morais e éticos para obter algo, e nunca desistir dos meus
sonhos, apoiando minhas decisões e investindo financeiramente em meus estudos.
E à minha irmã, Priscila, minha eterna pirralhinha, por todo apoio que me
proporcionou desde o início de sua existência, apesar das diferenças de
personalidade.
Às minhas avós: Luzia, meu exemplo de mulher, meu colo e a palavra de incentivo
em todos os momentos; e Dona Nena, - minha infância, adolescência e juventude - a
casa onde me sinto protegida de todo o mal. Também não poderia deixar de incluir
em meus agradecimentos minhas tias: Ana Paula, por todas as conversas e apoio
prestados, principalmente nestes últimos 4 anos; e Sônia, que sem indisposições
sempre esteve pronta a me ajudar.
À Fundação Educacional do Município de Assis, que apesar de suas falhas, foi onde
pude enfim dar início ao meu plano profissional. Onde na prática e na teoria, aprendi
o real valor do Jornalismo na construção da sociedade. E onde tive o prazer de
conviver com pessoas maravilhosas que sem dúvida alguma fizeram a diferença em
minha vida.
Aos Mestres, que não se limitaram em apenas transmitir seus conhecimentos
teóricos, mas foram além, se tornaram nossos amigos e dividiram experiências que
irei levar para o resto da vida.
Aos meus companheiros de estágio – representados aqui pelas figuras de Alex
Caligaris e Lutércio Alves - que mais do que colegas de trabalho, tornaram-se parte
da minha família. Os momentos, as experiências e oportunidades que me
proporcionaram são inesquecíveis. A todos esses, que chegaram e partiram durante
5
os quatro anos que lá permaneci, meu singelo “obrigada” por dividirem comigo
conhecimento e alegrias, muitas alegrias.
Aos meus IRMÃOS de classe, pessoas sem as quais meus anos na faculdade não
teriam sentindo algum: Marcos Smania, meu protetor e protegido, amizade que não
me atrevo a definir para não correr o risco de tirar a essência de um sentimento tão
especial; Kallil Dib, o eterno apaixonado, meu irmão desde o primeiro encontro em
uma entrevista de estágio, antes mesmo de as aulas começarem; Renato Piovan, o
Mestre, a simplicidade e humildade aliada a um pouco de sarcasmo, bom humor e
honestidade; Nestário Piovan, o truta, futuro jornalista esportivo mais conceituado do
país, exemplo de profissional; Italo Luiz, outro futuro jornalista esportivo de respeito;
Diego Faustino, meu exemplo de persistência, o riso fácil nos momentos difíceis, a
dispersão da tensão das aulas, profissional a cima de tudo, sem sombra de dúvidas;
Bruce Monteiro, meu parceiro na execução deste trabalho. Amigo pelo qual carrego
um carinho imenso, que me ensinou que se tudo for levado a sério demais, a vida
perde a graça. E outras importantes personalidades que por um motivo ou outro
tiveram de deixar o curso: André (Cid), Bruna Domingues (Bruninha) e Felipe Portes
(Don). E a tantos outros amigos que pela minha vida passaram, obrigada por tudo,
gurizada!
A Thiago de Moraes, pessoa que neste último ano fez toda a diferença, e por quem
tenho imensa admiração.
Enfim, mas não menos importante, meus eternos agradecimentos ao Ms. David
Lúcio de Arruda Valverde, profissional que admiro desde o primeiro dia de aula, e
que me concedeu a honra em me orientar neste trabalho. Junto a ele, agradeço
também a Lucas Decarli e Marco Antonio Scaramboni, que com toda disposição
contribuíram com a parte prática, resultante desta pesquisa. E ainda, a todos os
entrevistados que se disponibilizaram a dar sua contribuição: Seu Arlindo e Seu
Décio, ex-ferroviários da extinta Estrada de Ferro Sorocabana e Seu Reinero,
historiador.
6
AGRADECIMENTOS
BRUCE MONTEIRO CORBETTA
Primeiramente (lógico né) agradeço a Deus, Jeová, Ala, Buda...etc , que é o inicio,
meio e o fim de tudo, o criador do universo e tudo mais.
Aos meus pais, porque sem eles eu não existiria e que também são meu alicerce
Também não posso esquecer-me do resto da família, e que também fazem parte
deste alicerce!
Aos Mestres, que me aguentaram calados todos esses anos, dedico meu imenso
carinho por todos!
Aos companheiros de estágio– Alex Caligaris, Gabriel Camoleze, Lutécio Alves,
Daniele Melo, Fernando Verissimo, Fernando Candido, Joao Vitor Alves, Tayna
Souza, Guilherme Mendes, Carlos William, Augusto de Maio, Amanda Macedo, Igor
Matheus, Italo Luiz, Patricia Dias, Christiano M. Valim, Livia Calamita (que me
pagava lanche todos os dias) ,que tanto me ajudaram quando entrei no estagio e
principalmente a Noeli Pires que me contratou, fica aqui o meu “muito obrigado”.
Não posso esquecer também dos novos companheiros de estágio – Marina Ceconi
sempre torceu pra que tudo desse certo, a Alex Caligaris que me ajudou muito
nesses últimos quatros anos. A Marco A. Scaramboni que nesses dois últimos anos
me deu carona todos os dias. Agradeço também ao povo do busão porque sem eles
eu não conseguiria chegar até aqui!
Aos meus colegas de classe, pessoas sem as quais meus anos na faculdade não
teriam sentindo algum: Claudia Simone,Italo Luiz, Marcos Smania, Fabiane Cavina,
Aline de Cassia, Patricia Dias e Jessica Souza, muito obrigado por tudo!
À Tatiane Oliveira minha protetora e protegida, amizade que não me atrevo a definir
para não correr o risco de tirar a essência de um sentimento tão especial que cultivo
sempre.
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Parabenizo a companheira de aventuras de todas as horas, Patricia Dias, que me
ajudou em vários momentos e me deu a honra de estar fazendo este trabalho com
ela, agradeço eternamente!
Enfim, mas não menos importante, meus eternos agradecimentos ao Ms. David
Lúcio de Arruda Valverde, profissional que admiro desde o primeiro dia de aula, e
que me concedeu a honra em me orientar neste trabalho. Junto a ele, agradeço
também a Lucas Decarli e Marco Antonio Scaramboni, que com toda disposição
contribuíram com a parte prática, resultante desta pesquisa. E ainda, a todos os
entrevistados que se disponibilizaram a dar sua contribuição: Seu Arlindo e Seu
Décio, ex-ferroviários da extinta Estrada de Ferro Sorocabana e Seu Reinero,
historiador.
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RESUMO O presente trabalho traz como proposta a produção de um documentário de caráter jornalístico. Desde logo se visa reconstruir a memória sobre a atividade da Estrada de Ferro Sorocabana, com foco no município de Assis. Cumpre observar que isto foi desenvolvido a partir de relatos de personagens que estiveram diretamente envolvidos na construção da Estrada. Objetivou-se, além de resgatar a memória coletiva de toda a população assisense, promover uma análise social, dos modos de vida, cultura e desenvolvimento do município a partir do ano de 1914, ano em que a Sorocabana chegou à cidade. Desta maneira, buscou-se compreender o passado para assim se entende a realidade presente. Procurou-se questionar a respeito de algumas lacunas como: o que a Estrada de Ferro Sorocabana representou na vida de cada funcionário, e o que representou ao município? Qual o sentimento dos personagens ao se depararem com a falta de manutenção deste que poderia constituir-se num valioso patrimônio histórico do município. O resultado deste trabalho além de remeter o telespectador a um reconhecimento histórico da cidade de Assis, agrega consigo uma importante discussão sobre o desenvolvimento das ferrovias no Brasil, antes considerada um avanço para todo o país e hoje, em muitas cidades, considerada um entrave ao progresso econômico e social.
Palavras-chave: Assis; Documentário; Estrada de Ferro Sorocabana; Malha
Ferroviária; Transporte Ferroviário.
10
ABSTRACT
This work brings as proposed producing a documentary journalistic in nature. Firstly it aims to reconstruct the memory on the activity of Sorocabana Railroad, focusing on the city of Assisi. It should be noted that this was developed from statements from people who were directly involved in the construction of the road. The aim of besides rescuing the collective memory of the entire population assisense, promote social analysis, ways of life, culture and development of the city from the year 1914, the year the Sorocabana came to town. Thus, we sought to understand the past so we understand the present reality. We tried to ask about some shortcomings such as what the Railroad Sorocabana represented in the life of each employee, and who represented the municipality? What is the feeling of the characters when faced with the lack of maintenance that this could become a valuable historical heritage of the city. The result of this work beyond referring the viewer to recognize the historic town of Assisi, brings with it an important discussion on the development of railways in Brazil, once considered a breakthrough for the whole country and today, in many cities, considered an obstacle to economic and social progress
Key words: Assis; Documentary; Rail; Railway Network; Sorocabana Railroad.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12
1. HISTÓRIA E MEMÓRIA ......................................................................
1.1. TEMPO E HISTÓRIA ........................................................................
1.2. PASSADO E PRESENTE .................................................................
1.3. O FUTURO EM PERSPECTIVA .......................................................
2. HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO ............................................................
3. ROTEIRO ENTREVISTAS ...................................................................
4. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................
4.1. ENTREVISTADOS ............................................................................
5. ROTEIRO DO DOCUMENTÁRIO ........................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................
FONTES ...................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................
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INTRODUÇÃO
Originada do grego historie, a palavra história carrega consigo o significado
de “ver” e “procurar”. Sendo assim, pode-se afirmar que história significa
testemunha, ou seja, aquele que vê.
O apogeu da construção das ferrovias no Brasil pode ser encarado por três
atos. O primeiro foi durante o último ano do Império (1880-1888), quando o governo
abriu ao tráfego uma média de 712km/ano.
Ainda no primeiro período do governo provisório da República, foi lançado um
plano de 36 ferrovias, totalizando 19.000km, com o objetivo de integrar todos os
Estados e desenvolver o interior, assegurando assim sua presença nas fronteiras.
No entanto, o plano foi abandonado em menos de seis anos.
A partir dos esforços de investimento, no período entre 1891 e 1898, a malha
ferroviária brasileira foi ampliada para 14.664km.
A terceira intensificação dos investimentos ferroviários ocorreu entre 1904 e
1914, considerada a belle époque, com planos de modernização e saneamento
urbano. Foram entregues ao tráfego, em média, 1.207km da malha ferroviária.
Criada no ano de 1870 por empresários sorocabanos, a Estrada de Ferro
Sorocabana tinha como objetivo inicial viabilizar o transporte do algodão – principal
comércio da cidade de Sorocaba.
A ferrovia chegou a Assis no ano de 1914, fazendo com que, 4 anos mais
tarde, a cidade se tornasse então sede da comarca. A Companhia contribuiu
também para o início do cultivo da lavoura cafeeira, fazendo do município um ponto
de convergência de toda a região.
Em 1971, a Sorocabana contava oficialmente com um total de 17.237
funcionários e 2.016km de extensão. E é a partir do momento em que passamos a
considerar esse número pessoas, que este trabalho se inicia. Foram mais 17 mil
pessoas e famílias que fizeram com que a Estrada de Ferro Sorocabana se tornasse
uma das mais conceituadas do país e mais importantes do estado. Garçons,
maquinistas, ferreiros, chaveiros... esses são os personagens que irão, neste
trabalho, nos contar uma história.
Afinal, quem melhor do que eles, que viveram o período cafeicultor para
documentar tudo o que acontecia na época? Suas escolas, clubes sociais e
esportivos, bandas de música, bibliotecas, armazéns, etc.
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Mais do que contar uma história, os personagens da Estrada de Ferro
Sorocabana nos apresentam uma sociedade diferente da que se vê atualmente,
porém que reside no mesmo ambiente.
Sem o objetivo de contar com a verdade absoluta, neste trabalho o que
prevalece é a visão, o olhar de diferentes pessoas, a partir de diferentes pontos, que
nos remetem a um passado não muito distante.
14
1. HISTÓRIA E MEMÓRIA
História e Memória possuem uma relação de extrema cumplicidade. Para Le
Goff, essa relação se dá, uma vez que a memória não seja considerada história,
mas que se pense a memória como um de seus objetivos, pois é ela quem vai
identificar a identidade de um indivíduo ou um povo.
A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angustia (...)a memória coletiva é não somente uma conquista, é também um instrumento e um objeto de poder (LE GOFF, 1992, p. 476).
A Estrada de Ferro Sorocabana faz parte de um passado recente na cidade
de Assis. Começou a ser construída no município em meados dos anos 1910 e
encerrou suas atividades em 1971. Durante esse período, vários trabalhadores
vivenciaram o dia-a-dia da construção e do trabalho, o que os torna testemunhas
vivas de um importante período no desenvolvimento econômico e cultural da cidade.
De acordo com Le Goff, pode-se compreender ainda que toda história é
contemporânea a partir do momento em que o passado é apreendido no presente.
Toda história é bem contemporânea, na medida em que o passado é apreendido no presente e responde, portanto, aos seus interesses, o que é ao mesmo tempo passado e presente (LE GOFF, 1992, p. 51).
A partir disso, compreende-se a história sob os seguintes pontos de vista: o
tempo, a oposição passado/presente e a relação da história com o futuro.
1.1. TEMPO E HISTÓRIA
Saber identificar o tempo, seja nas horas ou nos períodos da história, é uma
questão fundamental para a nossa existência.
No início dos tempos a maneira encontrada para dominar o tempo era natural.
Os primitivos baseavam-se no sol e na lua para determinarem o dia e a noite, por
exemplo. A isso, aplica-se o tempo natural das coisas.
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Mais tarde surgiram os calendários, com o objetivo de ter um controle maior
das atividades diárias; determinando dias, semanas, meses e anos.
Uma função essencial do calendário é a de ritmar a dialética do trabalho e do tempo livre, o entrecruzamento dos dois tempos: o tempo regular, mas linear ao trabalho, mas sensível a mutações históricas, e o tempo cíclico da festa, mais tradicional(...) (LE GOFF, 1992, p. 518).
O tempo cíclico é medido através dos ciclos da vida e a ideia de retorno, um
processo que se repete incessantemente de modo circular.
Le Goff analisa o tempo cronológico como “um instrumento da história
utilizado para domesticar o tempo natural”. No entanto, para ele,
A concepção dominante da historia continua ser a de uma historia cíclica, passando por fases de progresso, de apogeu e de decadência (LE GOFF, 1992, p. 246).
1.2. PASSADO E PRESENTE
Para compreender a oposição existente entre passado e presente, faz-se
necessário o entendimento de que tal relação não se trata de um dado natural, mas
de construção, uma vez que poder ser mudado de acordo com as épocas. Le Goff
afirma essa oposição como essencial na concepção de tempo.
A distinção entre passado e presente é um elemento essencial da concepção do tempo... esta definição do presente, que é, de fato, um programa, um projeto ideológico, defronta-se muitas vezes com o peso de um passado muito complexo (LE GOFF, 1992, p. 204).
Partindo do princípio de que para entender as circunstâncias do presente é
necessário conhecer e compreender o passado, Le Goff afirma:
A maior parte das sociedades considera o passado como modelo do presente. Nesta devoção pelo passado há, no entanto, fendas através das quais se insinuam a inovação e a mudança... A inovação aparece em uma sociedade sob a forma de um regresso ao passado: é a ideia- força das renascenças (LE GOFF, 1992, p. 213).
A Estrada de Ferro Sorocabana foi a responsável pelo crescimento
econômico da região de Assis, uma vez que viabilizou o transporte de mercadorias
16
agrícolas para destinos distantes, atividade que antes era exercida através do lombo
dos burros em estradas carroçáveis. Esse desenvolvimento, que permitiu ao
município adentrar ao mapa daquele que na época era a principal fonte de renda do
país – o trabalho agrícola -, reflete nos dias atuais como o responsável pela
modernidade do município, o ponta pé inicial para a movimentação econômica da
região.
1.3. O FUTURO EM PERSPECTIVA
É importante ressaltar que, apesar do resgate da história, o fato histórico se
trata de uma montagem que exige trabalho técnico e teórico. Deste modo, descarta-
se a ideia de que a história é uma verdade absoluta, isenta de correções.
A história é o reino do inexato. A história quer ser objetiva, e não pode sê-lo. Quer fazer reviver e só pode reconstruir. Ela quer tornar as coisas contemporâneas, mas ao mesmo tempo tem de reconstituir a distância e a profundidade lonjura histórica (LE GOFF, 1992, p.21).
A partir do momento em que se propõe produzir um documentário sobre a
Estrada de Ferro Sorocabana sobre a visão de diferentes personagens da história –
trabalhadores e historiador -, propõe-se também fugir ao senso comum e permitir-se
chegar a conclusões não usuais.
O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem consciente ou inconsciente, da história da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio (LE GOFF, 1992, p. 547).
Documentar esse fato histórico, ao qual esta pesquisa se propõe a partir da
impressão de quem viveu à época e estudou o período, descarta também que este
seja um documento absoluto.
(...) não existe um documento-verdade. Todo o documento é mentira... falso, porque um monumento é em primeiro ligar uma roupagem, uma aparência enganadora, uma montagem. É preciso começar por desmontar, demolir esta montagem, desestruturar esta construção e analisar as condições de produção dos documentos-monumentos (LE GOFF, 1992, p. 548).
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Segundo Le Goff existem dois materiais passíveis de serem aplicados à
memória coletiva: os documentos e os monumentos.
Para ele, “monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar e
recordar, por exemplo, os atos escritos”, deste modo, possui como característica a
função de se ligar ao “poder de perpetuação voluntário ou involuntária das
sociedades históricas”.
Quando se refere aos documentos, Le Goff explica que não é qualquer coisa
que fica por conta do passado.
O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado. É um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa (LE GOFF, 1992, p. 545).
Em vista disso, destaca-se o caráter do presente trabalho como um
Monumento, ou seja, sua proposta é recordar um passado ainda recente na história
do município, porém um tanto quanto esquecida. O intuito aqui está em perpetuar
essa memória, a partir das recordações de pessoas diretamente envolvidas com o
trabalho na Estrada de Ferro Sorocabana. Quanto ao caráter Documento desta
pesquisa, acrescenta-se às entrevistas o trabalho realizado por um Historiador, o
qual já possui a análise científica do período.
18
2. HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO
Sob as perspectivas de Le Goff e sua visão de história, entendida na estreita
relação entre passado e presente, história e futuro, levanta-se neste momento uma
discussão sobre o ponto de vista dos acontecimentos presentes neste período e a
importância da comunicação enquanto codificadora da história.
Em sua obra “História e Comunicação na Nova Ordem Internacional”, o
pesquisador, Maximiliano Martin Vicente, estabelece diferenças entre os
acontecimentos abordados pela história tradicional e pelos meios de comunicação.
Para a história, o resgate do acontecimento implica a possibilidade de se exercitar a cientificidade manifesta na elaboração de explicações úteis para a compreensão das estruturas e das mudanças. Tal procedimento facilitará o entendimento do tempo presente e do mundo no qual o historiador se situa (VICENTE, 2009, p. 2017)
Os meios de comunicação, por sua vez, participam no processo de
construção da realidade social, através da divulgação dos fatos, o que acaba por
fomentar argumentos, servindo de referência para que o indivíduo forme ou rejeite
opiniões e versões de um mesmo fato.
Apesar de suas narrativas divergirem quanto à construção textual, história e
comunicação se encontram a partir do momento em que ambas estabelecem pautas
comuns que se enriquecem a partir do contato com saberes e experiências
peculiares a cada área.
O passado tem uma analogia íntima com o presente e com a atualidade. Pela história, elaboramos reconstituições interpretativas de modelos sociais, econômicos, políticos e culturais que desembocam na atualidade. Resulta tão importante desvendar o passado como interpretar o presente, o momento atual (VICENTE, 2009, p. 116).
Essa relação entre comunicação e história é claramente perceptível na
execução prática deste trabalho, que resultou em um documentário
caracteristicamente jornalístico, que traz a discussão sobre o desenvolvimento das
ferrovias brasileiras a partir da visão de ex-ferroviários da extinta Estrada de Ferro
19
Sorocabana e um historiador, na qual a partir das memórias e estudos sob época,
questionam o porquê da extinção e os motivos que levam o país atualmente a não
investir no transporte ferroviário.
3. ROTEIRO DAS ENTREVISTAS
ESTRADA DE FERRO SOROCABANA
DOCUMENTÁRIO – TCC
ORIENTADOR: MS. DAVID LUCIO VALVERDE
ORIENTANDO(S): BRUCE MONTEIRO / PATRÍCIA DIAS
VÍDEO ÁUDIO
IMAGENS ANTIGAS DA ESTRADA
DE FERRO SOROCABANA
IMAGENS ATUAIS DA ESTRADA NO
MUNICÍPIO DE ASSIS
IMAGENS DOS OBJETOS
ENCONTRADOS NO MUSEU DO
FERROVIÁRIO – ESTAÇÃO.
IMAGENS DA LOCALIZAÇÃO DA
ANTIGA FEPASA
IMAGENS DA ÉPOCA – OBTIDAS
ATRAVÉS DE DOCUMENTOS,
FOTOGRAFIAS... OBJETOS
FORNECIDOS PELOS
ENTREVISTADOS.
ENTREVISTADOS:
HISTORIADOR
REINERO ANTONIO LERIAS
– QUE IRÁ ABORDAR OS
ASPECTOS HISTÓRICOS DA
ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA, COM FOCO NO
MUNICÍPIO DE ASSIS.
PERSONAGENS
ARLINDO PEREIRA
(telegrafista e chefe de estação)
DÉCIO FRUTUOSO
(artífice)
RESGATE DA MEMÓRIA –
LUGARES QUE NO PASSADO
FORAM DE GRANDE IMPORTÂNCIA
PARA O DESENVOLVIMENTO –
ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL
– DO MUNICÍPIO E QUE, NO
ENTANTO, ENCONTRAM-SE
DESATIVADOS HOJE.
20
PRIMEIRA PARTE -
INICIAR O DOCUMENTÁRIO
ABORDANDO A IMPORTÂNCIA DA
MEMÓRIA, A PARTIR DE IMAGENS
DE LUGARES QUE FORAM
IMPORTANTES NO PASSADO, MAS
QUE HOJE CAÍRAM NO
ESQUECIMENTO DA POPULAÇÃO.
SEGUNDA PARTE –
QUESTIONÁRIO
A IDEIA AQUI, É INTERCALAR A
FALA DE CADA ENTREVISTA –
HISTORIADOR E OS 3
PERSONAGENS – A COMEÇAR
PELO HISTORIADOR.
COMO ERA A CIDADE NO
PASSADO? O QUE MOVIMENTAVA
O CRESCIMENTO DO MUNICÍPIO?
COMO ERA O ESTILO DE VIDA?
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS
LUGARES QUE PODEM SE
DESTACAR NO PASSADO E QUE
HOJE, JÁ DESATIVADOS, CAÍRAM
NO ESQUECIMENTO?
- FALAR SUCINTAMENTE DE CADA
LOCAL.
POR QUE CAÍRAM NO
ESQUECIMENTO?
QUAL A SITUAÇÃO DESSES
LUGARES HOJE? COMO SE
ENCONTRAM AS ESTRUTURAS?
TERMINAR ESSA PRIMEIRA PARTE
DO DOCUMENTÁRIO COM O FOCO
CENTRA DA DISCUSSÃO – A
ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA.
HISTORIADOR –
COMO SURGIU A ESTRADA DE
FERRO SOROCABANA?
O QUE FEZ DA CIDADE UM
IMPORTANTE POLO DA MALHA
FERROVIÁRIA NA ÉPOCA?
COMO ERA A SITUAÇÃO DOS
FERROVIÁRIOS?
COMO SE DEU O ENCERRAMENTO
DE SUAS ATIVIDADES
21
3 PERSONAGENS –
EM QUE ANO COMEÇARAM A
TRABALHAR NA SOROCABANA?
O QUE FAZIA ANTES DISSO?
COMO CHEGOU NA ESTRADA DE
FERRO? – SE NÃO FOR
ASSISENSE, O QUE O MOTIVOU A
SEMUDAR PRA CÁ?
QUAL ERA O TRABALHO
REALIZADO LÁ?
COMO ERA A RELAÇÃO COM A
FAMÍLIA? RECEBIAM ALGUM TIPO
DE BENEFÍCIO?
HISTÓRIAS INTERESSANTES QUE
OCORRERAM NO PERÍODO EM
QUE TRABALHOU NA ESTRADA DE
FERRO.
COMO ERA A RELAÇÃO ENTRE OS
FERROVIÁRIOS?
E A RELAÇÃO COM OS
SUPERIORES? - OU COM OS
CARGOS INFERIORES?
QUANDO ENCERROU SEUS
TRABALHOS NA SOROCABANA?
POR QUÊ?
O QUE A SOROCABANA
REPRESENTOU NA HISTÓRIA DE
CADA UM?
NA ÉPOCA, IMAGINÁVA-SE QUE
UM DIA ELA SERIA EXTINTA?
O QUE SENTE QUANDO PASSA
PELA ESTAÇÃO HOJE, E VÊ O
22
ABANDONO AO QUAL ELA SE
ENCONTRA?
DEPOIS DE RELEMBRAR TODOS
OS ACONTECIMENTOS DURANTE
A ENTREVISTA, QUAL O
SENTIMENTO QUE FICA EM
RELAÇÃO À ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA?
INTERCALAR COM AS
ENTREVISTAS, INFORMAÇÕES
PARALELAS SOBRE O QUE
ACONTECIA NO PAÍS DURANTE AS
ÉPOCAS CITADAS, E DE QUE
MANEIRA ISSO INTERFERIA NO
TRANSPORTE FERROVIÁRIO.
EX.: 1929 – QUEDA DA BOLSA DE
VALORES EM NOVA YORK – E O
BRASIL SOFRIA COM A CRISE. UM
DOS MAIORES EXPORTADORES
DE CAFÉ SE VIU OBRIGADO A
QUEIMAR SEU ESTOQUE
CAFEEIRO. DE QUE MANEIRA
ISSO AFETOU O TRABALHO NA
FERROVIA?
O DOC. DEVERÁ SER ENCERRADO
COM A RESPOSTA DOS
ENTREVISTADOS SOBRE “DEPOIS
DE RELEMBRAR TODOS OS
ACONTECIMENTOS DURANTE A
ENTREVISTA, QUAL O
SENTIMENTO QUE FICA EM
RELAÇÃO À ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA?”
23
4. MATERIAL E MÉTODOS
O desenvolvimento prático deste trabalho contou com o auxílio de três
entrevistados e diferentes visões sobre a passagem da Estradada de Ferro pela
cidade.
Foi elaborado um roteiro de entrevistas que foram conduzidas a partir de 3
pontos de vista distintos sobre a ferrovia que passou pelo município de Assis: dois
ex-ferroviários e um historiador. A partir disso, houve a elaboração do roteiro do
documentário, edição e finalização do trabalho.
4.1 ENTREVISTADOS
Arlindo Pereira (Telegrafista e Chefe de Estação)
Arlindo Pereira iniciou seu trabalho na Estrada de Ferro Sorocabana como
telegrafista, vindo a se tornar mais tarde – por merecimento, como faz questão de
ressaltar – chefe de estação. Aposentou-se após 30 anos de serviço.
24
Em sua entrevista ressalta o orgulho de ser ferroviário; as transformações
econômicas, culturais e geográficas que a ferrovia trouxe ao município de Assis.
Décio Frutuoso (Artífice)
Décio Frutuoso atuou na Estrada de Ferro Sorocabana por 24 anos, como
artífice. Atuava ainda no Associação Atlética Esportiva Ferroviária, equipe
profissional de futebol que disputou a segunda divisão do campeonato paulista, na
década de 1950.
Em sua entrevista ressalta o orgulho em ser ferroviário e as oportunidades
que o emprego lhe proporcionou como a segurança financeira e a conquista de sua
casa própria. Décio relembra ainda toda a movimentação conduzida na Estação
Ferroviária – despedida de famílias, chegadas de parentes, cargas, políticos... -, os
cargos que existiam dentro da empresa e a importância de cada um para o bom
funcionamento do trabalho em geral.
25
Reinero Antonio Lerias (Historiador)
Reinéro Antônio Lérias, pesquisador graduado em História, pela USP;
Pedagogia, pela UNINOVE; e Dr. em História Econômica, pela USP.
Em sua entrevista, traz o olhar de historiador e a criticidade de quem a
acompanhou e estudou o período a fundo. Reinero aborda lado histórico da
passagem da Estrada de Ferro Sorocabana por Assis; sua importância para o
desenvolvimento regional, sem deixar de lado o questionamento sobre a falta de
investimentos no setor ferroviário brasileiro.
26
5. ROTEIRO DO DOCUMENTÁRIO
MEMÓRIA SOBRE OS TRILHOS
ORIENTADOR: DAVID LÚCIO DE ARRUDA VALVERDE
ORIENTANDO(S): BRUCE MONTEIRO CORBETTA / PATRÍCIA DOS SANTOS
DIAS
VÍDEO ÁUDIO
PRIMEIRA PARTE
IMAGENS ATUAIS DOS ANTIGOS
GALPOES DA FEPASA
“A NATUREZA EM SUA SAPIEIS...
NAQUELE BELO DIA, TE DESCOBRI”
POESIA ESCRITA POR ARLINDO
PEREIRA
SONORAS
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“A ESTRADA DE FERRO, ELA TEM UM
COMPONENTE FUNDAMENTAL...SE
NÃO HOUVESSE A FERROVIA”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“EU INICIEI NA SOROCABANA...DE
1950”
“E EU FIZ O CONCURSO...PRA
ENTRAR, FAZER O CURSO EM 1947”
“E FUI ADMITIDO COMO
FUNCIONÁRIO...COMO
TELEGRAFISTA”
“FUI PROMOVIDO...EU TINHA 20
ANOS”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“EU QUANDO EU ENTREI NA
ESTRADA...FOI EM 1958”
27
“EU COMECEI A TRABALHAR,
TRABALHAVA NO DEPÓSITO...NO
DEPÓSITO, NÉ”
“EU FUI AJUDANTE DE
ARTÍFICE...PASSEI A SER ARTÍFICE”
“ARTÍFICE É O MECÂNICO...NO
DEPÓSITO”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“PASSAGEM DO SÉCULO IX
...COMEÇA A SE ESTENDER PARA O
INTERIOR, NÉ’
“AS FERROVIAS, NÃO SÓ COM
RELAÇÃO À SOROCABANA...MESMO
PORQUE A POLÍTICA IMPERA”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“A SOROCABANA TEVE
AQUI...DEPOIS DAÍ EM DIANTE ATÉ
PRESIDENTE EPITÁCIO”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“A ESTRADA DE FERRO, NAQUELE
TEMPO, ERA...MELHOR QUE TINHA
ERA ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA”
“QUANDO OS TRILHOS
‘CHEGOU’....ENTÃO O PROGRESSO
CHEGOU EM CIMA DOS TRILHOS”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“OLHA, ASSIS, ELA, ATÉ
HOJE...ARENOSO, NÉ, E CAMPO.
ENTÃO, É...”
“...A POSIÇÃO GEOGRÁFICA...É UM
TRNCAMENTO”
SEGUNDA PARTE
IMAGENS ATUAIS DA ESTRADA
B.G.: THE PIANO GUYS
28
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“ENTÃO, QUANDO ELA VEIO PRA
CÁ...ENTÃO VEIO TODO O
PROGRESSO PRA CÁ”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“O PROGRESSO NA CIDADE
TODINHA...O PESSOAL IA NA
ESTAÇÃO VER O TREM CHEGAR”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“NÓS RECEBÍAMOS SÓ DE
CAFÉ...TUDO TRANSPORTADO PELA
SOROCABANA, POR ASSIS”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“E O FERROVIÁRIO, ELE TINHA
ORGULHO DE TRABALHAR NA
FERROVIA....COMO A PESSOA DE
SEGUNDA CLASSE”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“A GENTE SEMPRE, SEMPRE TEVE
AQUELE...A GENTE SEMPRE TEVE
AQUELE RESPEITO E MÚTUO”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“A RELAÇÃO ENTRE OS
COLEGAS...ERA UMA FAMÍLIA”
“TUDO ERA A MESMA COISA DE UMA
IRMANDADE”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“QUANDO A GENTE ERA
JOVEM...ERA A MESMA COISA QUE
FALAR JAPONÊS”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“EU TIVE UMA FELICIDADE MUITO
GRANDE...ERA UMA UNIÃO MUITO
GRANDE”
“VOCÊ VIA DIA PRIMEIRO DE
29
MAIO...O DEPÓSITO APITAVA, OS
‘CANHÃO’...”
“TINHA TAMBÉM MISSA, NÉ”
“FORA TINHA A IMAGEM DE NOSSA
SENHORA...MAIS FERROVIÁRIO
COMA A FAMÍLIA IA FRENQUENTAR”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“A SOROCABANA DAVA SUPORTE O
SEGUINTE...PAGAVA O HOTEL,
PAGAVA TUDO”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
“A ESTRADA DE FERRO, PRA DIZER A
VERDADE PRA VOCÊ...TER UMA
CASINHA, TER UMA CASA”
“PRINCIPAMENTE A GENTE QUE NÃO
TINHA UM GRANDE ORDENADO”
“MAS EU CONSEGUI FAZER NA
ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA....15 MIL TIJOLOS”
“ERA MENOS DO QUE SE VOCÊ
COMPRASSE NUMA HOLARIA DA
CIDADE”
“PORQUE PO FERROVIÁRIO TINHA
TUDO”
“TINHA UM ARMAZÉM...QUISESSE NA
SUA CASA, ALIMENTO BÁSICO”
30
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“AH, NA SOROCABANA TRABALHEI 30
ANOS... E CINCO MESES”
“TRABALHEI LÁ, NESSA
SEÇÃO...AINDA ERA JOVEM, 43
ANOS”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“ESSE AQUI, VOCÊ FAZ ESSES
BRINQUEDOS...UMA
HOMENAGENZINHA DO TEMPO EM
QUE EU FUI FERROVIÁRIO”
“EU COM 24 ANOS E 6 MESES...EU
SAÍ PORQUE EU APOSENTEI”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“O QUE TEM QUE SER DESTACADO,
POR EXEMPLO...ENTÃO, ELES TINHA
REALMENTE UMA POSIÇÃO DE
DESTAQUE”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“NA FERROVIA VOCÊ TINHA
DIVERSAS CATEGORIAS...QUE NÃO
EXISTIA SEPARAÇÃO DE
CATEGORIA”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“OS TRABALHADORES DA SOCA,
QUE SE CHAMA...E HOJE É
CONSIDERADO UM OBSTÁCULO”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO’
“O QUE EU VIA NA
SOROCABANA...ACABARAM, NÉ.
ACABARAM COM ELA”
TERCEIRA PARTE
IMAGENS ATUAIS DA ESTRADA DE
FERRO SOROCABANA
31
B.G.: THE PIANO GUYS
G.C.:
RENERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“A PARTIR DOS ANOS 60, O GOLPE
MILITAR...PODEMOS DIZER ASSIM, O
FIM DAS FERROVIAS, NÉ”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“NUNCA EU PENSAVA ISSO”
“VER UMA EMPRESA TÃO
GRANDE...QUE EXISTE NA FACE DA
TERRA”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“EU VOU DIZER UMA COISA PRA
VOCÊ: EU ATÉ HOJE...MAS ACABAR
NÃO!”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIA
HISTORIADOR
“PRIMEIRO A GENTE TER QUE VER O
LADO DO PROFISSIONAL...O
CHEMADO FAMOSO B.G.”
“SERÁ O CHEFE DE TREM...DA
CRISE, VAMOS DIZER, DO
SUCATEAMENTO DA FERROVIA”
“ENTÃO, ATINGE A POPULAÇÃO
COMO UM TODO...EM TODOS OS
LUGARES QUE ERAM SERVIDOS
PELA RODOVIA”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“SAUDADE E BASTANTE COMOVIDO
DE VER...COMO É QUE DAVA
PREJUÍZO? NÃO DAVA”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“MUITAS PESSOAS ‘FALA’: OS
‘TRILHO TÁ’ ATRAPALHANDO...OS
‘TRILHO ERA’ O PROGRESSO”
32
“COMO PODE ACONTECER DE
ACABAR UM TREM...MAS NUNCA,
NUNCA, NUNCA É A ESTAÇÃO
FERROVIÁRIA. É MUITO TRISTE”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“É, FOI TOTALMENTE
PERNICIOSO...O SETOR
PETROLÍFERO, POR EXEMPLO.
ESSES SE BENEFICIÁRIAM. OS
DEMAIS NÃO”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“SE ELA, COMO PROGREDIU
TANTO...UMA EMPRESA QUE ERA A
MAIOR ESTRADA DE FERRO”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“EU QUERO DIZER PRA VOCÊ O
SEGUINTE: EU TODA VIDA
PENSEI...FICA OLHANDO, FICA
OLHANDO, SABE POR QUE?”
“EU SEMPRE MOREI PERTO DA
ESTRADA DE FERRO SOROCABANA,
NÉ...HOJE TÁ ESTORVANDO EM
TUDO QUANTO É CIDADE”
G.C.:
REINERO ANTONIO LERIAS
HISTORIADOR
“O QUE PERMITE AO HOMEM
ROMPER... SÃO AS FERROVIAS”
G.C.:
ARLINDO PEREIRA
TELEGRAFISTA – CHEFE DE
ESTAÇÃO
“É, EU FICO ATÉ
CONTRARIADO...SENDO MAL
USADA”
G.C.:
DÉCIO FRUTUOSO
ARTÍFICE
“ESSA PERGUNTA QUE VOCÊ ME
FAZ, ME DÁ UM PONTADA NO
CORAÇÃO...É MUITO TRISTE”
33
“EU NÃO SEI, EU...VOCÊ NÃO
ACREDITA CERTAS COISAS”
IMAGENS ATUAIS DA FERROVIA
B.G.: THE PIANO GUYS
POEMA DE ARLINDO PEREIRA
“QUANDO CAIU A
TARDE...DESCANSANDO MEU
CORAÇÃO.”
CRÉDITOS FINAIS, COM VÍDEO DO
ARQUIVO DO INSTITUTO HISTÓRICO
GEOGRÁFICO E GENEALÓGICO DE
SOROCABA - IHGGS
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da clara diferença entre a escrita histórica e a escrita da comunicação,
não se pode negar que ambas caminham juntas.
Enquanto a história busca nos fatos argumentos para explicar e entender a
evolução da sociedade e suas mudanças até aqui, a comunicação, por sua vez,
apresenta o papel de documentadora desse estudo, de construtora da realidade
social.
Para tal feito, a comunicação busca na memória subsídios para levar a seu
público conhecimentos que os possibilitem compreender suas raízes, formar sua
própria opinião e, por fim, resgatar sua identidade.
A Estrada de Ferro Sorocabana, mais do que contribuir para o
desenvolvimento econômico nacional, foi a responsável pela urbanização de
inúmeras cidades do interior paulista.
Sua contribuição não foi além dos efeitos econômicos e refletiu na vida dos
assisenses, que passaram a sair do campo e instalar-se na cidade.
O início do comércio local, os primeiros restaurantes e armazéns, também se
deram em função de toda a movimentação que a ferrovia gerou naqueles tempos.
Não por acaso, seu fim também refletiu claramente a vida dessas pessoas.
Ao se proceder a análise dos discursos proferidos pelos entrevistados surge
então uma importante discussão sobre o fim das ferrovias no país – dado a
interesses internacionais e principalmente nacionais – e, mais do que isso, a
importância do período para a história do município de Assis, o descaso atual com
as lembranças da época e, deste modo, o valor da memória enquanto construção da
identidade coletiva.
A bem da verdade, quanto mais se buscam respostas para sua extinção, se
descobre que para além de uma razão definitiva se elevam perguntas sobre seu
legado histórico capaz de construir um memorial coletivo inesquecível e inseparável
de três conceitos que inundam o imaginário da modernidade, quais sejam:
velocidade, tempo e espaço.
35
FONTES
BIBLIOTECA DE ASSIS. Economia. Documento eletrônico {on line} disponível na Internet
via WWW.URL: <http://www.bibliotecadeassis.sp.gov.br/assis.htm>. Acesso em 28 de maio
de 2011.
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dos Trilhos e Variação Anual. Documento eletrônico {on line} disponível na Internet via
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DNIT FERROVIÁRIO. A História da Locomotiva. Documento eletrônico {on line} disponível
na Internet via WWW.URL: <http://www1.dnit.gov.br/ferrovias/historico.asp>. Acesso em 28
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ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS. Estrada de Ferro Sorocabana: histórico da linha.
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PLURICOM. Importância da Estrada de Ferro Sorocabana e suas relações de trabalho.
Documento eletrônico {on line} disponível na Internet via WWW.URL:
http://www.pluricom.com.br/ clientes/fundacao-editora-da-unesp/noticias
/2008/12/importância- da-estrada-de-ferro-sorocabana-e-suas/?searchterm=> Acesso em
28/05/11
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão, et all. 2° Ed.
Campinas: UNICAMP, 1992.
LOSNAL, Célio José. Nos Trilhos da Memória: Trabalho e Sentimento – História da Vida
dos Ferroviários da Companhia Paulista e FEPASA. Volume 1. São Paulo: Editora
Unesp, 2004.
LOSNAL, Célio José. Nos trilhos da Memória: Ferro e Sangue – História da Vida de
Ferroviários da Noroeste do Brasil e RFFSA. Volume 2. São Paulo: Editora Unesp, 2004.
MOREIRA, Maria de Fátima Salum. Ferroviários, Trabalho e Poder. São Paulo: Editora
Unesp, 2008.
SILVEIRA, Márcio Rogério. A Importância Geoeconômica das Estradas de Ferro no
Brasil. Dissertação (Doutorado em Geografia). Universidade Estadual Paulista Faculdade
de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente – SP, 2003.
VICENTE, Maximiliano Martin. História e Comunicação na Ordem Internacional. São
Paulo: Editora Unesp, 2009.