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AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 4º tri 2020 MERCADO DE TRABALHO DO

MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO

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Page 1: MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO

AGRONEGÓCIOBRASILEIRO4º tri 2020

MERCADO DE TRABALHO DO

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do MERCADO DE TRABALHODO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O Boletim Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro é uma publicação trimestral, elaborada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), que aborda aspectos da conjuntura e da estrutura do mercado de trabalho do setor. O agronegócio, setor foco deste boletim, é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou pri-mária, agroindústria (processamento) e agrosserviços. A pesquisa do Cepea utiliza como principal fonte de informações os microdados da PNAD-Contínua e, de forma complementar, dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS-MTE) e de outras pesquisas do IBGE. É importante mencionar que as análises do Cepea se baseiam na PNA-D-Contínua, que não contempla indivíduos que atuam no setor pro-duzindo apenas para próprio consumo. A descrição metodológica do cálculo e o acompanhamento do mercado de trabalho do agronegó-cio podem ser obtidos mediante solicitação: [email protected].

ELABORAÇÃO: CEPEA – CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA

BARROS, G.S.C.; CASTRO, N.R.; MACHADO, G.C.; ALMEIDA, F.M.S.; ALMEIDA, A.N. BOLETIM MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). PIRACICABA, 4º TRIMESTRE 2020, 2021.

Coordenação Geral: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros.Equipe técnica: Dra. Nicole Rennó Castro, Msc. Gabriel Costeira Machado, Msc. Felipe Miranda de Souza Almeida, Dr. Alexandre Nunes de Almeida. Jornalista responsável: Alessandra da Paz (MTb: 49.148)Revisão e diagramação: Flávia Gutierrez (Mtb: 53.681) e Nadia Zanirato (MTb: 81.086)

Notas Metodológicas

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

SUMÁRIO EXECUTIVO• Em 2020, a PO no agronegócio somou 17,3 milhões de trabalhadores, queda de 5,2% (ou de 949 mil pessoas) frente a 2019. Na mesma comparação, o número de ocupados no Brasil diminuiu 7,9% (7,3 milhões de pessoas), de modo que a participação do agronegócio no mercado de trabalho brasileiro aumentou para 20,1%, contra 19,5% em 2019. • O resultado do mercado de trabalho do agronegócio em 2020 refletiu as quedas nos empregos em todos os segmentos do setor, com destaque para a agroindústria e os agross-erviços. • Essa diminuição foi em grande medida atípica, o que pode estar atrelado, ao menos em partes, à crise da covid-19. Reduções abruptas ocorreram especialmente entre abril e junho, e sinais de retomada do mercado de trabalho foram observados já no terceiro trimestre, o que se confirmou no último trimestre do ano. • Análises desagregadas por grupos de trabalhadores mostraram que os mais afetados foram os empregados sem carteira assinada, os com menores níveis de instrução formal e as mulheres. Esses dados corroboram o resultado de que, diante dos choques no mercado de tra-balho, os trabalhadores com perfis mais vulneráveis foram os primeiros e mais afetados. • Os rendimentos médios mensais efetivos do agronegócio cresceram em 2020, com destaque para a categoria de empregadores. Essa alta pode estar relacionada também à saída do mercado de trabalhado do agronegócio daqueles indivíduos que foram mais afetados pela crise – e possuem menores rendimentos, destarte, elevando a média de rendimentos do setor.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

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MERCADO DE TRABALHO

AGRONEGÓCIO PERDE EMPREGOS EM 2020, MAS EM MENOR INTENSIDADE QUE O PAÍS

A população ocupada (PO) no agrone-gócio somou 17,3 milhões de pesso-as em 2020, redução de 5,2% (qua-

se 949 mil pessoas) na comparação com 2019 – Figura 1. Na mesma comparação, o número de ocupados no Brasil diminuiu 7,9%, mais de 7,3 milhões de pessoas (Ta-bela 1). Diante desses movimentos, a parti-cipação do agronegócio no mercado de tra-balho brasileiro aumentou para 20,1% em

2020, frente aos 19,5% de 2019 (Tabela 1). A Figura 1 apresenta a evolução do número de ocupados no agronegócio desde 2012. Nota-se que, ao longo dos anos, houve tendência de queda da PO, com alguma esta-bilização em 2018 e 2019. Contudo, a redu-ção observada em 2020 foi bem mais acentu-ada, o que se pode atribuir aos efeitos da crise causada pela pandemia de covid-19.

Figura 1 - População ocupada no agronegócio, de 2012 a 2020

Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

Segmentos 2019 2020 %

Insumos 226.800 218.334 -3,73%

Primário 8.259.407 8.073.960 -2,25%

Agroindústria 3.844.017 3.565.667 -7,24%

Agrosserviços 5.921.254 5.444.911 -8,04%

Agronegócio 18.251.479 17.302.873 -5,20%

Brasil 93.389.380 86.053.321 -7,86%

Agronegócio/Brasil 19,54% 20,11%

Tabela 1 - Número e variação da população ocupada (PO) no agronegócio, seus segmentos e no Brasil como um todo (2020/2019) Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

Como evidenciado no relatório an-terior, os movimentos retratados na Tabela 1 são em grande medida atípicos (de mag-nitude mais elevada do que a usual), e é provável que estejam, ao menos em partes, relacionados à crise da covid-19. Essa hipó-tese é reforçada quando são verificadas as oscilações do contingente de trabalhado-res do agronegócio ao longo de 2020, com

quedas abruptas observadas especialmente entre abril e junho, e sinais de retomada do mercado de trabalho já no terceiro trimes-tre, o que se confirmou no último trimestre do ano. Até mesmo na agroindústria, seg-mento do agronegócio mais afetado pela pandemia, houve aumentos no número de ocupações no segundo semestre do ano.

O resultado do mercado de trabalho do agronegócio em 2020 reflete as quedas nos empregos em todos os segmentos do setor, com destaque para a agroindústria e os agrosserviços, que apresentaram re-duções de 7,24% e de 8,04%, respectiva-

mente – ver Tabela 1. Em termos absolutos, as perdas de ocupações nos segmentos foram as seguintes: 8,46 mil pessoas em insumos; 185,44 mil pessoas na agropecu-ária; 278,35 mil pessoas na agroindústria e 476,343 mil pessoas nos agrosserviços.

PERFIL: MAIS VULNERÁVEIS SÃO MAIS AFETADOS NO CENÁRIO DE REDUÇÃO DE OCUPAÇÕES

A análise do perfil de trabalha-dores do agronegócio brasileiro contem-pla as seguintes categorias: (i) posição na ocupação e categoria de emprego; (ii) nível de instrução e (iii) gênero (Tabela 2). Na Tabela 2 são apresentadas as dinâmi-

cas do perfil do trabalhador do agrone-gócio na comparação entre 2019 e 2020. 5

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

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Categorias2019 2020 %

Posição na ocupação e

categorias de emprego

Empregado c/ carteira

6.478.593 6.098.111 -5,87%

Empregado s/ carteira

3.184.946 2.757.957 -13,41%

Empregador 804.313 747.345 -7,08%

Conta própria 5.942.883 5.836.117 -1,80%

Outros 1.840.745 1.863.343 1,23%

Níveis de instrução

Sem instrução 877.817 740.937 -15,59%

Fundamental* 8.248.001 7.422.688 -10,01%

Médio* 6.356.896 6.212.614 -2,27%

Superior* 2.768.765 2.926.635 5,70%

GêneroMasculino 12.511.750 11.908.375 -4,82%

Feminino 5.728.707 5.385.516 -5,99%

Tabela 2 - Número e variação na PO do agronegócio por classes de posição na ocupação e categorias de emprego, de níveis de instrução

e por gênero (2020/2019)

Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS

* ou com até um ano de estudo; ** completo ou incompleto; *** não inclui a CNAE 01999.

Quando verificadas as posições na ocupação e categorias de emprego dos trabalhadores, observa-se que o grupo de empregados sem carteira assinada foi o que apresentou a maior queda relativa no nú-mero de trabalhadores, de 13,41% (quase 427 mil pessoas). Logo, mediante a defla-gração da crise econômica e sanitária, os postos de trabalho mais vulneráveis foram os mais afetados. Mas não se pode desprezar a redução do número de trabalhadores com carteira assinada – ainda que tenha sido re-lativamente menor (5,87%), representou a redução de cerca de 380 mil indivíduos no setor. Para os grupos de empregadores e tra-balhadores por conta própria, as quedas fo-ram de 7,08% (57 mil pessoas) e de 1,80% (cerca de 107 mil pessoas), respectivamente. A análise dos níveis médios de qua-lificação de mão de obra corrobora o re-sultado anterior no que se refere às carac-terísticas que tornaram o trabalhador mais

ou menos vulnerável aos choques ocorridos no mercado de trabalho. Conforme relató-rios anteriores, já se percebia anualmente uma tendência de aumento dos níveis mé-dios de qualificação no mercado de trabalho do agronegócio – que decorria da redução do número de trabalhadores com menores níveis de instrução concomitante a um au-mento do contingente de trabalhadores com maiores níveis de formação (ainda que essa “troca” ocorresse de maneira desproporcio-nal). Verificando os números de 2020, em relação a 2019, somente a categoria de tra-balhadores com ensino superior avançou em número de ocupações (5,70% ou cerca de 158 mil pessoas), ao passo que as catego-rias de trabalhadores sem instrução formal ou com, no máximo, ensino fundamental apresentaram as quedas mais relevantes, de 15,59% (cerca de 137 mil pessoas) e 10,1% (cerca de 825 mil pessoas), respectivamente.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

ANÁLISE SETORIAL: INDÚSTRIA AGRÍCOLA REGISTRA A MAIOR PERDA DE OCUPAÇÕES DENTRE OS SEGMENTOS

Por fim, a análise da variação da PO de acordo com o gênero mostrou que, proporcionalmente, o número de mulhe-res empregadas no agronegócio caiu de

forma mais intensa do que o de homens: 5,99% ou cerca de 343 mil mulheres, con-tra 4,82% ou cerca de 603 mil homens.

Nesta seção, é feito o detalhamen-to das variações no número de ocupados para os setores e atividades específicos que compõem cada segmento do agronegócio. A Tabela 3 se refere ao de insumos. Compara-tivamente aos demais segmentos, o número de trabalhadores é pequeno, de modo que

a análise se torna suscetível aos problemas de caráter amostral da PNAD-C. Em 2020, o número de ocupados no segmento apre-sentou queda de 3,7% na comparação com 2019, reflexo da redução no núme-ro de ocupados das indústrias de rações.

2019 2020 2020/2019

% ΔFertilizantes 27.358 27.756 1,5% 398

Defensivos 6.234 6.324 1,5% 91

Rações 113.055 99.356 -12,1% -13.699

Med. veter-inários

17.068 18.309 7,3% 1.240

Máquinas agrícolas

63.086 66.590 5,6% 3.504

Segmento insumos

226.800 218.334 -3,7% -8.466

Tabela 3 - SEGMENTO DE INSUMOS: número de ocupados e variações no agronegócio

Fonte: Cepea, com base em PNAD-C (IBGE), RAIS e metodologia própria.

A Tabela 4 mostra os dados desa-gregados para as atividades do segmen-to primário, da agricultura e da pecuária. Como já visto na Tabela 1, em 2020, foram observadas quedas na PO agropecuária na comparação com 2019. Apesar desse com-portamento não ser muito incomum para agropecuária, refletindo mudanças estru-turais com uma tendência de longo prazo, em análises complementares do Cepea*,

* BARROS, G.S.C.; CASTRO, N.R.; ALMEIDA, F.M.S.; BOLETIM MERCADO DE TRABALHO DA AGROPECUÁRIA BRASILEI-

foram encontradas evidências de que o im-pacto da pandemia foi intenso no núme-ro de ocupados na agropecuária, mas foi se dissipando a partir do terceiro trimestre.

RA. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). PI-RACICABA, N.7, 2020. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Cepea_setembro2020_Relatorio%20MERCA-DO%20DE%20TRABALHO(1).pdf>.

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2019 2020 2020/2019

% Var. absoluta

Cereais 471.659 505.004 7,1% 33.346

Algodão 6.215 3.111 -49,9% -3104,131146

Cana-de-açúcar 294.287 264.943 -10,0% -29.345

Fumo 272.005 273.708 0,6% 1.703

Soja 410.576 439.991 7,2% 29.415

Horticultura 535.359 598.108 11,7% 62.749

Laranja 152.362 144.883 -4,9% -7.480

Uva 93.050 88.314 -5,1% -4.736

Flores e plantas ornam.

48.401 39.429 -18,5% -8.973

Café 635.695 651.414 2,5% 15.719

Cacau 144.024 137.151 -4,8% -6.873

Outras lavouras 1.780.526 1.745.484 -2,0% -35.042

Sementes/mudas 14.156 11.469 -19,0% -2.687

Produção florestal 376.488 282.841 -24,9% -93.647

Agricultura e floresta

5.241.792 5.191.617 -1,0% -50.175

Bovinos 2.064.966 1.974.456 -4,4% -90.511

Suínos 106.335 109.244 2,7% 2.909

Aves 240.492 262.633 9,2% 22.140

Outros animais 170.400 134.970 -20,8% -35.430

Pesca e aquicultura 431.389 397.827 -7,8% -33.562

Pecuária e pesca 3.017.615 2.882.342 -4,5% -135.272

Agropec. total 8.259.407 8.073.960 -2,2% -185.447

Tabela 4 - SEGMENTO PRIMÁRIO: número de ocupados e variações no agronegócio

Fonte: Cepea, com base em PNAD-C (IBGE), RAIS e metodologia própria.

Nota-se que a redução da PO entre os anos de 2019 e de 2020 se deveu sobre-tudo ao comportamento na pecuária, em que houve baixa absoluta de mais de 135 mil pessoas (ou de 4,5%). Ao se analisar as atividades separadamente, observa-se que

aquelas que mais influenciaram para essa redução foram a bovinocultura de corte e de leite e a pesca e aquicultura. Ainda no seg-mento primário pecuário, por outro lado, as criações de suínos e de aves registraram cres-cimentos no número de ocupados em 2020.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

Para a agricultura, houve queda de apenas 1,0%, ou de aproximadamente 50 mil pessoas na comparação entre os anos. Consi-derando-se a representatividade de cada ati-vidade em termos de número de ocupados, nota-se que a redução do segmento refletiu principalmente a menor população ocupada nas atividades de produção de cana-de-açú-car, na produção florestal e no grande grupo de “outras lavouras”*. Apenas cinco das ati-vidades agrícolas avaliadas tiveram expan-são da PO no período: a horticultura e as pro-duções de cereais, de soja, de café e de fumo, o que contribuiu para amenizar o impacto negativo no segmento primário agrícola. A Tabela 5 apresenta os dados para as agroindústrias de base agrícola e pecu-ária. A Tabela 1 havia mostrado que houve

* Inclui banana, abacaxi, melancia, melão, mandioca, feijão, batata, cebola, entre outras atividades temporárias e permanentes menores em valor de produção

redução no número de ocupados na agroin-dústria na comparação entre os anos. Da Tabela 5, nota-se que essa queda se atrelou sobretudo à indústria de base agrícola, que teve redução de 9,5% ou de aproximada-mente 269 mil trabalhadores – refletindo o comportamento para as indústrias de ves-tuários e acessórios, produtos e móveis de madeira, moagem e produtos amiláceos, be-bidas, papel e celulose e massas e outros. Em geral, essas atividades apresentaram retra-ções de produção em 2020, que se refletiram então no mercado de trabalho, ressaltando a redução de 23,7% na produção de vestuá-rios, frente a 2019. Entre todas as atividades industriais avaliadas no ramo agrícola, ape-nas a indústria de óleos e gorduras vegetais apresentou aumento relevante da PO, resul-tado que também é coerente com o desem-penho do PIB da indústria no ano passado.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

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2019 2020 2020/2019

% Var. absoluta

Indústria de açúcar

116.634 114.740 -1,6% -1.894

Indústria do etanol

83.435 83.742 0,4% 307

Indústria de café 21.381 14.762 -31,0% -6.619

Suco de frutas e conservas

99.110 90.033 -9,2% -9.077

Óleos e gorduras 23.069 27.877 20,8% 4.808

Moagem e produ-tos amiláceos

174.609 153.452 -12,1% -21.158

Massas e outros 386.438 375.783 -2,8% -10.655

Bebidas 168.762 139.318 -17,4% -29.444

Indústria do fumo 30.161 24.342 -19,3% -5.818

Têxteis de base natural

90.161 83.323 -7,6% -6.838

Vestuários e acessórios

576.381 494.077 -14,3% -82.303

Produtos de madeira

402.367 323.130 -19,7% -79.238

Móveis de Madeira

461.787 452.020 -2,1% -9.767

Papel e celulose 188.491 177.165 -6,0% -11.326

Agroindústria base agrícola 2.822.788 2.553.765 -9,5% -269.023

Abate de animais 502.050 521.537 3,9% 19.486

Laticínios 260.565 261.332 0,3% 766

Couro e calçados 258.614 229.034 -11,4% -29.580

Agroindústria base pecuária

1.021.230 1.011.903 -0,9% -9.327

Tabela 5 - SEGMENTO AGROINDUSTRIAL: número de ocupados e variações no agronegócio

Fonte: Cepea, com base em PNAD-C (IBGE), RAIS e metodologia própria.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

RENDIMENTOS: RENDIMENTOS MÉDIOS MENSAIS EFETIVOS DO AGRONEGÓCIO CRESCEM EM 2020

No tocante à agroindústria de base pecuária, conforme exibido na Ta-bela 5, houve apenas ligeira redução de 0,91% da PO. Esse resultado refletiu a re-dução da PO de couro e calçados, uma vez que se observou crescimento na PO da indústria de abate e a quase estabilida-de no número de ocupados de laticínios. Como destacado no relatório an-

terior, a agroindústria foi o segmento mais afetado pela crise desencadeada pela pan-demia, em comparação ao segmento pri-mário, por exemplo – buscando atender às medidas de distanciamento social, houve desde concessão de férias coletivas aos tra-balhadores até paralisação de atividades; além disso, muitas agroindústrias tiveram um importante choque negativo de demanda.

Essa seção avalia os rendimentos médios mensais efetivos do agronegócio e do Brasil. Os números apresentados nes-se relatório estão a preços de novembro de 2020 (corrigidos pelo IPCA). Os dados são apresentados para três grupos de trabalha-dores: empregados, empregadores e traba-

lhadores por conta própria (ver Figura 2). No caso dos empregados, os rendimentos do trabalho representam o salário recebido; no caso dos empregadores e trabalhadores por conta própria, a medida acaba captando algo similar ao faturamento do estabelecimento.

Figura 2 - Rendimento médio mensal efetivo no agronegócio e no Brasil, para empregados, empregadores e trabalhadores por conta

própria (em R$ de novembro de 2020)

Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

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MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | 4º TRI DE 2020

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Chama atenção a magnitude do crescimento dos rendimentos médios men-sais efetivos dos empregadores no agrone-gócio. Outrossim, os rendimentos médios mensais efetivos das categorias de empre-gadores e trabalhadores por conta própria também cresceram, relativamente a 2019. Deve-se atentar, contudo, que a esses po-dem estar atreladas a saída do mercado de trabalhado do agronegócio daqueles indivíduos que foram mais fortemente afe-tados pela crise, conforme discutido ante-riormente – empregados, inclusive infor-mais; e trabalhadores com baixo grau de escolaridade, por exemplo – o que faz com que a média aumente. Para o Brasil, na mes-ma comparação, se observou crescimento apenas nos rendimentos dos empregados. Para os empregados no agrone-

gócio, o aumento real foi de 2,2%, abaixo do aumento de 3,8% registrado no salário médio dos empregados do Brasil como um todo – em termos monetários, a média sa-larial dos empregados no agronegócio foi de R$ 2.052 (abaixo da média brasileira, R$ 2.547) em 2020. Para os empregado-res do agronegócio, o crescimento real foi de 3,0%, chegando, em 2020, à média de R$ 6.065 (acima da média brasileira, R$ 5.835). No caso dos trabalhadores atuando por conta própria no agronegócio, o rendi-mento cresceu 1,34%. No Brasil como um todo, a queda foi de 7,89%. O valor médio no agronegócio chegou a R$ 1.330, ainda menor que a média do Brasil (R$ 1.571).

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