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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CAMPUS CARIRI CURSO DE ENGENHARIA CIVIL CICERO CEZAR FERREIRA DANTAS MODELAGEM COMPUTACIONAL DOS PROCESSOS DE CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA POR DERIVADOS DE PETRÓLEO: ESTUDO DE CASO HIPOTÉTICO JUAZEIRO DO NORTE 2013

Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CAMPUS CARIRI

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CICERO CEZAR FERREIRA DANTAS

MODELAGEM COMPUTACIONAL DOS PROCESSOS DE CONTAMINAÇÃO

DA ÁGUA SUBTERRÂNEA POR DERIVADOS DE PETRÓLEO: ESTUDO DE

CASO HIPOTÉTICO

JUAZEIRO DO NORTE

2013

Page 2: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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CICERO CEZAR FERREIRA DANTAS

MODELAGEM COMPUTACIONAL DOS PROCESSOS DE CONTAMINAÇÃO DA

ÁGUA SUBTERRÂNEA POR DERIVADOS DE PETRÓLEO: ESTUDO DE CASO

HIPOTÉTICO

Monografia apresentada ao curso de

Engenharia Civil da Universidade

Federal do Ceará – Campus Cariri, como

requisito parcial para obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dra. Celme Torres

Ferreira da Costa.

JUAZEIRO DO NORTE

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca do Campus do Cariri

D192m Dantas, Cícero Cezar Ferreira.

Modelagem computacional dos processos de contaminação da água subterrânea por derivados de petróleo : estudo de caso hipotético / Cícero Cezar Ferreira Dantas. – 2013.

65 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, Curso de Engenharia civil, Juazeiro do Norte, 2013.

Orientação: Profª. Drª. Celme Torres Ferreira da Costa

Coorientação: Prof. Dr. Paulo Roberto Lacerda Tavares

1. Águas subterrâneas. 2. Contaminação. I. Título.

CDD 551.49

Page 4: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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CICERO CEZAR FERREIRA DANTAS

MODELAGEM COMPUTACIONAL DOS PROCESSOS DE CONTAMINAÇÃO DA

ÁGUA SUBTERRÂNEA POR DERIVADOS DE PETRÓLEO: ESTUDO DE CASO

HIPOTÉTICO

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dra. Celme Torres Ferreira da Costa.

Aprovada em / / .

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________________

Profª.Drª. Celme Torres Ferreira Da Costa Universidade Federal do Ceará

(Orientadora)

___________________________________________________________________________________

Prof.Dr. Paulo Roberto Lacerda Tavares Universidade Federal do Ceará

(Examinador)

___________________________________________________________________________________

M. Sc. Claire Anne Viana de Sousa Companhia De Gestão Dos Recursos Hídricos - COGERH

(Examinadora)

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A Deus.

Aos meus pais, amigos e mestres.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar comigo a todo o momento, me abençoando, dando força e

sabedoria para conquistar meus objetivos.

Aos professores Celme Torres Ferreira da Costa e Paulo Roberto Lacerda Tavares

por todo o conhecimento e atenção dados durante o curso e no desenvolvimento desta

monografia.

Aos professores Francisco José, André Freitas, Otávio Rangel, Lilian e Maria

Gorethe, por todo o apoio, atenção e conhecimento passados durante o curso.

Aos amigos, que no decorrer do curso, se tornaram irmãos e me ajudaram a

concluir a missão de me formar, enfrentando longas madrugadas e fins de semana de

estudo. Em especial aos meus amigos Anna Geórgia, Carlos, Elioenai, Emanuel,

Geverson, Hendderson, Jonatas, José Mota, Paulo Roberto, Ricardo e Tarcisio.

Aos meus pais, que me deram forças nos momentos mais difíceis do curso e da

vida.

Ao meu avô (in memoriam), que mesmo não me vendo se formar, sei que me

acompanhou e torceu por mim. Por ser o meu maior mestre e o homem mais importante

da mina vida.

A Camila, por aguentar meus momentos de raiva, por ser companheira e estar

sempre ao meu lado me dando força, coragem e amor.

A todos os meus mestres, que no decorrer da vida, me passaram conhecimentos e

ensinamentos que levarei comigo onde quer que eu vá.

Page 7: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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“Se não houver frutos, Valeu a beleza das

flores. Se não houver flores, valeu a sobra

das folhas. Se não houver folhas, valeu a

intenção da semente.” (Henfil).

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RESUMO

A contaminação das águas subterrâneas por hidrocarbonetos tem gerado grande

problema ambiental nas últimas décadas. Uma das principais fontes de contaminação é

advinda de vazamentos em tanques de armazenamento de combustíveis (TAC’s),

presentes em postos revendedores de combustíveis, devido, principalmente à corrosão

dos tanques, causada por envelhecimento. Dentre os contaminantes advindos do

vazamento de combustível, os constituintes mais nocivos e que primeiro irão atingir as

águas subterrâneas são os compostos do grupo BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e os

três xilenos orto, meta e para), que são hidrocarbonetos aromáticos extremamente tóxicos

à saúde humana. Vale ainda ressaltar que, de acordo com a legislação brasileira, faz-se

necessário a adição de 24% de etanol na gasolina, tal adição possibilita uma maior

solubilidade e mobilidade do BTEX em água, além de dificultar a remediação do solo.

No escopo desse trabalho, será abordada a problemática dos postos de combustíveis, com

ênfase nos hidrocarbonetos do grupo BTEX, mostrando como se comportam após o

vazamento e uma abordagem do principio de funcionamento das principais técnicas

utilizadas para a remediação das águas subterrâneas contaminadas por BTEX.

Adicionalmente, foi apresentado um exemplo de aplicação de contaminação de um site

hipotético com Benzeno, onde há um vazamento oriundo de um posto de gasolina e a

presença de dois poços nas proximidades do mesmo. A simulação revelou a contaminação

dos poços com concentrações superiores ao padrão de potabilidade apresentados nas

normas brasileiras, mostrando assim um cenário de contaminação por hidrocarbonetos

que pode ser comum a muitos locais em nosso país.

Palavras-chave: Águas subterrâneas. Contaminação. BTEX.

Page 9: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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ABSTRACT

The groundwater contamination by hydrocarbons has generated major

environmental problem in recent decades. A major source of contamination is

arising from leaks in storage tanks of fuel (TAC's), present in Gas stations, mainly due to

corrosion of the tanks, caused by aging. Among the contaminants coming from the fuel

leak, the more harmful constituents will reach the first and groundwater are

the compounds of group BTEX (benzene, toluene, ethylbenzene and the

three xylenes ortho, meta and para), which are highly toxic aromatic hydrocarbons to

human health. It is also worth noting that, according to Brazilian law, it is necessary the

addition of 24% ethanol in gasoline, this addition allows greater solubility and mobility

of BTEX in water, and hinder soil remediation. In the scope of this paper, will be

addressed from gas stations, with emphasis on hydrocarbons BTEX group, showing how

they behave after the spill and approach the operating principle of the main techniques

used for remediation of groundwater contaminated with BTEX. Additionally,

we presented an application example of contamination of

a hypothetical site with Benzene, where there is a leak coming from a gas station and the

presence of two wells near the same. The simulation revealed contamination of wells with

concentrations above the potability standards presented in Brazilian standards, thus

showing a scenario of hydrocarbon contamination that may be common to many places in

our-country.

Keywords: Groundwater. Contamination. BTEX.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Representação esquemática de uma barreira permeável ................................ 28

Figura 2 - Esquemático da ação da biorremediação ....................................................... 30

Figura 3 - Comparativo de custos de remediação de aquíferos ...................................... 31

Figura 4 - Esquematização de bombeamento e tratamento de águas subterrâneas ........ 34

Figura 5 - Esquematização do Air Sparging ................................................................... 36

Figura 6 - Discretização hipotética de um sistema de aquífero ...................................... 40

Figura 7 - Municípios da Sub-Bacia do Salgado. ........................................................... 44

Figura 8 - Localização de posto revendedor de combustíveis e poços de bombeamento.

........................................................................................................................................ 46

Figura 9 - Discretização em planta da superfície modelada ........................................... 48

Figura 10 - Discretização espacial da superfície modelada ............................................ 48

Figura 11 - Cargas hidráulicas da superfície modelada .................................................. 50

Figura 12 - Distância (em metros) entre fonte contaminante e poços ............................ 51

Figura 13 – Curvas equipotenciais calculadas no MODFLOW ..................................... 53

Figura 14 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 5 dias .............................................. 54

Figura 15 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 10 dias ............................................ 54

Figura 16 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 20 dias ............................................ 55

Figura 17 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 30 dias ............................................ 55

Figura 18 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 60 dias ............................................ 56

Figura 19 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 90 dias ............................................ 56

Figura 20 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 120 dias .......................................... 57

Figura 21 - Curvas de Concentração do contaminante no tempo ................................... 58

Page 11: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Estrutura e características dos compostos orgânicos ...................................... 20

Tabela 2. Concentração máxima de BTEX permitida em água potável ......................... 25

Tabela 3 – Vantagens e desvantagens da utilização da biorremediação ........................ 33

Tabela 4 – Pacotes de modelagem fornecidos pelo PMWIN ......................................... 41

Tabela 6 – Concentração de benzeno observada nos poços de bombeamento ............... 58

Page 12: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 15

2.1 Geral ................................................................................................................ 15

2.2 Específicos ....................................................................................................... 15

3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 16

3.1 Águas Subterrâneas ....................................................................................... 16

3.1.1 Definições ........................................................................................................ 16

3.1.2 Características das águas subterrâneas ......................................................... 16

3.2 Comportamento dos Hidrocarbonetos nas Águas Subterrâneas .............. 17

3.3 Contaminações por hidrocarbonetos ........................................................... 19

3.4 Problemática dos postos de combustíveis .................................................... 21

3.5 Poluição das águas subterrâneas - Legislação ............................................. 22

3.6 Principais Técnicas de Remediação ............................................................. 25

2.7.1 Barreiras Reativas Permeáveis (PRB's - Permeable Reactive Barriers) .............................................................................................................. 27

2.7.2 Biorremediação .................................................................................... 29

2.7.3 Bombeamento e Tratamento de Águas Subterrâneas ........................ 33

2.7.4 Injeção de Ar na Zona Saturada (Air Sparging) ................................ 35

2.8 Modelos ........................................................................................................... 37

2.9 Métodos Numéricos ....................................................................................... 39

2.9.1 Método das diferenças Finitas ............................................................. 39

2.10 PMWIN ........................................................................................................... 40

2.11 Revisão bibliográfica ..................................................................................... 42

4 METODOLOGIA ................................................................................................. 45

4.1 Modelo Teórico .............................................................................................. 46

4.2 Discretização do Modelo ............................................................................... 47

4.3 Entrada de parâmetros hidrogeológicos no software PMWIN .................. 49

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 52

4.1 Cargas hidráulicas ......................................................................................... 52

4.2 Caminhamento dos Contaminantes ............................................................. 53

4.3 Remediação Proposta .................................................................................... 59

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7 SUGESTÕES ......................................................................................................... 59

8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 62

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1 INTRODUÇÃO

Cada vez mais as águas subterrâneas vêm se tornando uma alternativa de

abastecimento de água para o consumo da população, devido à escassez e à poluição das

águas superficiais. O problema da ausência ou do inadequado tratamento do esgoto, junto

à alarmante disposição de resíduos sólidos, exerce uma enorme pressão sobre os

reservatórios urbanos, periurbanos e drenagens, justificando uma alerta geral em relação

à escassez qualitativa da água (TOMASONI, 2009).

Os casos mais recorrentes de contaminação das águas subterrâneas são

atribuídos aos hidrocarbonetos aromáticos, ocorrendo na maioria dos casos devido ao

vazamento de tanques subterrâneos que armazenam combustíveis derivados de petróleo

(FORTE et al., 2007). Dentre os componentes da gasolina, os que merecem maior

preocupação são os hidrocarbonetos monoaromáticos, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os

três xilenos orto, meta e para, chamados compostos BTEX, devido a sua toxicidade e

maior solubilidade em água (CORSEUIL & ALVAREZ, 1996).

Na década de 70 houve um grande aumento do número de postos

revendedores de gasolina no Brasil. Como grande parte dos tanques de armazenamento

de combustíveis (TAC’s) instalados nesse período eram constituídos de aço, sem proteção

contra a corrosão, tendo em média uma vida útil de aproximadamente 25 anos (FORTE ,

xxxx apud MARIANO, 2006), estima-se que pode estar ocorrendo processos de

vazamento de tanques de armazenamento de combustíveis dos postos de revenda. A

análise e monitoramento de aquíferos em áreas urbanas sujeitas a possíveis

contaminações por compostos derivados de petróleo, proveniente de vazamentos de

tanques combustíveis, já é realizado em outras cidades do Brasil e do mundo (FORTE et

al., 2007; SILVA et al., 2002). Como exemplo, englobando ações dessa natureza, tem-se

a cidade de Joinvile/SC onde a prefeitura local realizou estudos com os sessenta e cinco

postos da cidade e constatou que somente um posto não continha nenhum problema de

contaminação do lençol freático (CADORIN, 1996 apud CARDOZZO, 2000).

Diante do exposto, é perceptível a necessidade de estudo de caso referente à

contaminação por derivados de petróleo, dando ênfase ao composto BTEX, com a

finalidade de se ter uma noção do caminhamento das plumas de contaminação e, a partir

disso, buscar uma alternativa de remediação do aquífero.

Page 15: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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O problema de pesquisa desse estudo é avaliar o potencial de contaminação

das águas subterrâneas de uma região hipotética por compostos do grupo BTEX.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Aplicar a simulação numérica, utilizando um software comercial – PMWIN,

para identificar o potencial de contaminação por compostos do grupo BTEX em uma

região hipotética.

2.2 Específicos

Elaboração de um modelo teórico para identificar o potencial de

contaminação por compostos do grupo BTEX em uma região hipotética;

Simulação computacional do fluxo de água subterrânea e caminhamento de

partículas, aplicando o software PMWIN;

Indicar as técnicas de remediação que podem ser aplicadas no caso de áreas

contaminadas por compostos do grupo BTEX.

Page 16: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Águas Subterrâneas

3.1.1 Definições

Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), água

subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da terra, preenchendo os poros

ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das

rochas compactadas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade)

desempenham um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios,

lagos e brejos. As águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez

que constituem uma parcela da água precipitada que já foi infiltrada.

3.1.2 Características das águas subterrâneas

As águas subterrâneas movem-se lentamente em comparação com a água

superficial. Uma alta velocidade de água subterrânea estaria na faixa de 1,00 metro/dia,

enquanto um rio rápido pode se mover a uma velocidade de 1,00 metro/segundo. Sabe-se

que o tempo médio de residência da água subterrânea no subsolo é estimado em 280 anos

(LVOVITCH, 1970, apud CLEARY, 1989), com alguma água residindo em aquíferos

profundos por um tempo tão longo quanto 30.000 anos ou mais (PEARSON & WHITE,

1967 apud CLEARY, 1989).

Os rios usualmente possuem tempos de residência de algumas semanas. Esses

altos tempos de residências para as águas subterrâneas significam que a taxa de recarga

anual é muito pequena. Esse fato, juntamente com o enorme volume dos poros nos

aquíferos, torna a água subterrânea uma reserva confiável a longo prazo, efetivamente

imune às flutuações anuais de precipitação. Significa também que um aquífero, uma vez

poluído, pode levar séculos ou mais tempo, até que consiga promover a auto-

descontaminação, através de mecanismos de fluxo natural.

Page 17: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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3.2 Comportamento dos Hidrocarbonetos nas Águas Subterrâneas

A contaminação do solo e da água subterrânea tem origem na infiltração do

contaminante através das camadas do solo. A interação solo-contaminante é muito

complexa, uma vez que vários fenômenos físicos, químicos e biológicos podem ocorrer

simultaneamente. São inúmeros os fenômenos que controlam o transporte de

contaminantes em meios porosos, onde o contaminante considerado é a massa de alguma

substância tóxica dissolvida (poluente), movendo-se com algum fluido (água) nos vazios

do meio poroso (solo) seja ele saturado ou não (NOBRE, 1987).

O movimento de contaminantes não depende apenas do fluxo do fluido no

qual essas substâncias estão dissolvidas, mas sim de todos os mecanismos aos quais essas

substâncias são submetidas. Por ser muito pouco solúvel em água, a gasolina derramada,

contendo mais de uma centena de componentes, inicialmente estará presente no subsolo

como líquido de fase não aquosa (NAPL).

Quando um líquido de fase não aquosa (NAPL) é derramado na superfície do

solo ou no meio subterrâneo, move-se por percolação na direção vertical sob a influência

da gravidade, infiltrando-se na zona vadosa (FETTER, 1999, apud RIBEIRO, 2005).

Ao ocorrer o processo de infiltração, parte do volume derramado pode ficar

retido no solo, reduzindo assim o volume de NAPL em circulação ao ponto de impedir a

continuação do movimento, restando uma massa difusa, adsorvida às partículas do solo,

sob a forma de uma saturação em NAPL.

Em casos onde o volume derramado é significativo ou a fonte de

contaminação é continua, a saturação residual pode ser excedida, fazendo com que o

NAPL possua um movimento descendente continuo até atingir o topo da franja capilar

(FETTER, 1999, apud RIBEIRO, 2005).

Os NAPLs acumulam-se no topo da franja capilar, não conseguindo penetrar

na zona saturada, formando uma “toalha” móvel à superfície do nível freático. Ao mesmo

tempo, alguns compostos solúveis podem dissolver-se na água, movendo com ela sob a

forma de uma pluma de contaminação, enquanto os componentes voláteis ascendem em

direção à superfície do solo (NEWELL et al, 1995, apud RIBEIRO, 2005). Devido às

Page 18: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

18

suas características tóxicas e à sua persistência, estes produtos, quando existentes no solo,

devem ser removidos (MARSILY, 1986, apud RIBEIRO, 2005).

De acordo com Fatoreli (2005), os principais processos de transporte dos

hidrocarbonetos em meios subterrâneos são:

a) Sorção: envolve a aderência de um contaminante dissolvido em

compostos orgânicos (carbono orgânico) e inorgânicos (minerais encontrados

na argila) à matriz de um aquífero (FETTER, 1994, apud FATORELI, 2005);

b) Advecção: É o mecanismo de transporte de constituintes químicos

conjuntamente ao movimento da água subterrânea, na velocidade intersticial

do meio poroso (FETTER, 1994, apud FATORELI, 2005);

c) Dispersão Hidrodinâmica: processo pelo qual uma pluma de contaminante

espalha-se em direções que são longitudinais e transversais à direção da

migração da pluma. A dispersão hidrodinâmica é dividida em dois

mecanismos: dispersão mecânica e difusão molecular.

− A Dispersão mecânica possui dois componentes: dispersão longitudinal e

dispersão transversal (horizontal e vertical). A dispersão longitudinal é o

espalhamento de um soluto numa direção paralela à direção do fluxo da

água subterrânea. Enquanto que a transversal é o espalhamento

perpendicular à direção do fluxo de água subterrânea. O resultado geral

da dispersão é o espalhamento e mistura da pluma do contaminante com

a água subterrânea não contaminada (FETTER, 1994, apud FATORELI,

2005);

− A Difusão molecular é o processo pelo qual os gradientes de concentração

fazem os constituintes moleculares ou iônicos migrarem de zonas mais

concentradas para zonas de concentrações menores, resultando num

espalhamento do contaminante (FETTER, 1994, apud FATORELI,

2005);

Page 19: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

19

d) Volatilização: ocorre quando um composto passa da fase aquosa na água

subterrânea para a de vapor no solo. Os compostos são transportados da

pluma da água subterrânea solúvel, através da franja capilar, para a zona

vadosa em forma de gás. Esse processo é significante por permitir a migração

do contaminante para áreas oxigenadas, onde pode ocorrer o processo de

biodegradação (WIEDEMEIER, 1999, apud FATORELI, 2005);

e) Degradação química: através de transformações abióticas, devido à

ocorrência natural de reações químicas, a pluma de contaminação pode sofrer

atenuação por oxidação, redução ou hidrólise (FETTER, 1994, apud

FATORELI, 2005);

f) Biodegradação: Na biodegradação os hidrocarbonetos de petróleo

dissolvidos na água são transformados em dióxido de carbono, metano e água,

ocasionado por micro-organismos presentes no subsolo que, na maioria das

vezes, podem utilizar carbono e energia dos poluentes químicos orgânicos

como fonte de nutrição, resultando na redução da sua concentração e massa

(MINISTRY FOR THE ENVIRONMENT, 1999, apud FATORELI, 2005).

3.3 Contaminações por hidrocarbonetos

O petróleo é um combustível fóssil resultante da transformação e

decomposição de matéria orgânica de plantas aquáticas e animais pré-históricos,

acumulado ao longo de milhões de anos (de 15 a 500 milhões de anos) no fundo dos

mares, lagos e pântanos (UNICAMP, 2001, apud SILVA, 2005). Consiste,

predominantemente, de hidrocarbonetos e, em menor quantidade, de derivados orgânicos

sulfurados, nitrogenados, oxigenados e organometálicos.

A alta proporção de carbono e hidrogênio existente no petróleo mostra que os

hidrocarbonetos são seus principais constituintes, podendo chegar a mais de 90% de sua

composição. Os hidrocarbonetos do petróleo são compostos que se caracterizam por

apresentar alguma solubilidade na água, sendo geralmente mais leves que a água, e são

passiveis de serem degradados pela atividade biológica do próprio solo (ZILIO, 2002).

Page 20: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

20

Esses compostos podem ser transportados a grandes distâncias pelo fluxo

subterrâneo e constituem uma preocupação maior do que a zona dos hidrocarbonetos

imiscíveis que se pode formar sob o nível piezométrico (FREEZE & CHERRY, 1979).

Dentre os principais derivados de petróleo, temos a gasolina, que é um dos

poluentes mais móveis e voláteis (MATTNEY COLE, 1994). O maior problema da

contaminação por gasolina está relacionado com hidrocarbonetos aromáticos, dentre os

quais se destacam benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três xilenos orto, meta e para,

comumente chamados de compostos BTEX. Estes compostos correspondem aos

indicadores específicos utilizados para se caracterizar a contaminação de áreas por

gasolina (MINDRINSZ, 2006), visto que são solúveis em água e, portanto, são os

poluentes que primeiro atingirão os corpos aquáticos subterrâneos.

Os compostos BTEX são os hidrocarbonetos mais abundantes da gasolina,

podendo representar uma parcela de 18% a 25% em massa, sendo 11% de benzeno, 26%

de tolueno, 11% de etilbenzeno e 52% de xilenos, sendo os constituintes que merecem

maior preocupação, devido sua toxidade e solubilidade em água (CORSEUIL &

ALVAREZ, 1996).

Os compostos BTEX são hidrocarbonetos aromáticos, voláteis, menos densos

que a água e de alta toxidade. São compostos solúveis em água, sendo o etilbenzeno e o

benzeno o de menor e maior solubilidade respectivamente, como mostrado na tabela 01:

Tabela 1- Estrutura e características dos compostos orgânicos

Fonte: BEDIENT et al. (1994).

Page 21: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

21

No Brasil, a gasolina comercializada possui um percentual obrigatório de

24% de adição de álcool etílico anidro combustível (BRASIL, 2006). O etanol adicionado

adquire grande importância, pois sua presença altera o comportamento da gasolina em

relação à solubilidade, mobilidade e degradação. Em eventos como estes, os compostos

orgânicos de baixa solubilidade vão se dissolvendo gradualmente dependendo

significativamente de sua densidade relativa à água formando plumas de águas poluídas

na direção do fluxo da água, contaminando o aquífero.

Líquidos menos densos que a água formam uma camada sobre a parte

superior do lençol freático, incluindo-se a fração BTEX da gasolina, tornando-se

agressores e grande aliados ao processo de contaminação dos solos e dos mananciais

(CRAIG et al. 2006; LI et al., 2006; HORING et al., 2008). Em sistemas subsuperficiais,

os principais aspectos que podem afetar o comportamento do BTEX em presença do

etanol, segundo Fernandes & Corseuil (1997) são: o aumento da solubilidade dos BTEX

em água, através do fenômeno de co-solvência com o etanol, e o aumento da mobilidade

dos BTEX dissolvidos na água em presença do etanol, que dificulta a biodegradação

natural dos BTEX, o que aumenta a persistência desses compostos em água (SILVA et

al., 2002).

3.4 Problemática dos postos de combustíveis

Vazamentos em postos de combustíveis provocam graves problemas ao meio

ambiente, principalmente com respeito à contaminação de águas subterrâneas. Para se ter

noção do problema, a Agência de Proteção Ambiental Norte Americana (EPA) estima

que existem mais de 1,5 milhões de tanques subterrâneos de armazenamento de gasolina

nos Estados Unidos. Destes, 400.000 já foram substituídos ou adaptados de acordo com

as legislações federais. Mesmo assim, mais de 250.000 casos de vazamentos já foram

identificados e mais de 97.000 ações remediadoras foram adotadas. Semanalmente, mais

de 1.000 novos vazamentos estão sendo encontrados em todo o território norte-americano

(CORSEUIL & MARTINS, 1997).

Segundo a Agência Nacional de Petróleo - ANP (2011) existem no Brasil

cerca de 38.235 postos revendedores de combustíveis, os quais podem provocar impacto

Page 22: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

22

sobre os recursos aquáticos, principalmente envolvendo águas subterrâneas. Ainda não

existem estatísticas sobre a magnitude do problema da contaminação por BTEX no país.

De acordo com Mindrisz (2006), os vazamentos de combustíveis podem ocorrer em

função dos seguintes motivos:

a) Derramamentos superficiais constantes e sucessivos juntos às bombas

durante a operação de transferência do produto para o tanque ou

abastecimento, devido à infiltração nas rachaduras do piso do posto;

b) Vazamentos na própria bomba de abastecimento, no sistema ou no

tanque, ocasionado pela corrosão;

c) Falhas estruturais ou nas tubulações subterrâneas conectadas ao tanque;

d) Instalação inadequada.

Assim, a contaminação de água subterrânea por vazamento de gasolina nos

tanques de armazenamento de combustíveis (TACs) constitui uma grande preocupação

pelos seus riscos ambientais e para a saúde humana. Em função de muitos tanques terem

mais de 25 anos de uso, acredita-se que a possibilidade de ocorrerem vazamentos é

extremamente grande, principalmente pelo surgimento de rachaduras ou corrosão.

Em um derramamento de gasolina, uma das principais preocupações é a

contaminação de aquíferos que sejam usados como fonte de abastecimento de água para

consumo humano.

3.5 Poluição das águas subterrâneas - Legislação

A resolução CONAMA nº 273, de 29 de novembro de 2000, considera que

toda instalação e sistemas de armazenamento de derivados de petróleo e outros

combustíveis, configuram-se como empreendimentos potencialmente ou parcialmente

poluidores e geradores de acidentes ambientais, além de, considerar que os vazamentos

de derivados de petróleo e outros combustíveis podem causar contaminação de corpos

d’água, subterrâneos e superficiais, do solo e do ar.

O artigo terceiro da lei supracitada informa que os equipamentos e sistemas

destinados ao armazenamento e a distribuição de combustíveis automotivos, assim como

sua montagem e instalação, deverão ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito

do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade. Tais equipamentos e sistemas

Page 23: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

23

devem ser testados e ensaiados, previamente à entrada em operação e com periodicidade

não superior a cinco anos, para comprovação da inexistência de falhas ou vazamentos,

segundo procedimentos padronizados, de forma a possibilitar a avaliação de sua

conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade.

No artigo quinto da resolução CONAMA nº 273, que relata sobre as licenças

(Licença Provisória, Licença de Instalação, Licença de Operação) necessárias à

implantação de um posto revendedor de combustíveis, nota-se demasiada atenção no que

se refere aos tanques de armazenamento de combustíveis (TAC’s), já que para tais

licenças, são obrigatórios a entrega de projetos especificando:

a) Equipamentos e sistemas de monitoramento;

b) Proteção e de detecção de vazamentos;

c) Sistema de drenagem;

d) Tanques de armazenamento de derivados de petróleo e de outros

combustíveis para fins automotivos.

Devendo estes estar em conformidade com as normas ABNT e, por diretrizes

definidas pelo órgão ambiental competente. É necessária ainda a caracterização

hidrogeológica com definição do sentido do fluxo das águas subterrâneas, identificação

das áreas de recarga, localização dos poços de captação destinados ao abastecimento

publico ou privado registrados nos órgãos competentes até a data de emissão do

documento, no raio de 100 metros, considerando as possíveis interferências das atividades

com corpos d’água superficiais e subterrâneos.

O mesmo artigo, ainda exige a necessidade de um estudo que faça a

caracterização geológica do terreno da região onde será inserido o empreendimento, com

analise de solo, contemplando a permeabilidade do solo e o potencial de corrosão,

finalizando com um detalhamento do tipo de tratamento e controle de efluentes

provenientes dos tanques, áreas de bombas e áreas sujeitas a vazamento de derivados de

petróleo ou de resíduos oleosos.

O artigo oitavo da resolução CONAMA nº 273 trata dos possíveis acidentes

ou vazamentos que representem situação de perigo ao meio ambiente ou às pessoas,

ficando assim os proprietários, arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento ou

Page 24: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

24

pelos equipamentos e os fornecedores de combustível que abastecem ou abasteceram a

unidade, responsáveis pela adoção de medidas para o controle da situação emergencial, e

para o saneamento das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo

órgão ambiental licenciador.

Ainda no artigo oitavo, fica estabelecido que na ocorrência de quaisquer

acidentes ou vazamentos, deverá ser comunicada imediatamente ao órgão ambiental

competente, ficando também os responsáveis pelo estabelecimento, equipamentos e

sistemas, obrigados a adotar medidas emergenciais requeridas pelo evento, no sentido de

minimizar os riscos e os impactos às pessoas e ao meio ambiente.

No artigo oitavo, inciso quarto, fica notório que os tanques subterrâneos que

apresentarem vazamento deverão ser removidos após sua desgazeificação e limpeza e

dispostos de acordo com as exigências do órgão ambiental competente. Comprovada a

impossibilidade técnica de sua remoção, estes deverão ser desgaseificados, limpos,

preenchidos com material inerte e lacrados.

No estado do Ceará, a legislação que regulamenta as instalações de postos de

gasolina é a lei nº 12.621, de 26 de agosto de 1996. Tal lei foi posteriormente alterada

para a lei nº 12.703, de 1997. O órgão controlador e fiscalizador é a Superintendência

Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), como expresso no artigo 8º desta legislação.

Tal lei informa no seu artigo 6º, inciso 1º, que os tanques de armazenamento

de combustíveis devem possuir, no mínimo, um acesso ao seu interior, permitindo assim

inspeção por técnico especializado, sem haver necessidade de qualquer serviço de corte

em sua estrutura, atendendo normas da ABNT.

Também é informado no inciso 3º do mesmo artigo, que o tanque deverá estar

protegido externamente por revestimento que não permita o ataque corrosivo, ou por um

sistema que inclui revestimento associado à proteção catódica, conforme normas da

ABNT.

No inciso 7º do artigo 6º, é informado que deve haver poços de inspeção ou

qualquer outro sistema de detecção de vazamentos, sendo que a quantidade de poços de

inspeção deve ser dimensionada de tal forma que seja possível detectar um vazamento

em qualquer tanque ou tubulação do sistema de abastecimento de combustível.

Page 25: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

25

Deve-se ressaltar aqui, que tal legislação pede um mínimo de 03 (três) poços

de inspeção por posto. A NBR 13.784/97, Detecção de vazamento em postos de serviço,

informa que a condição necessária para a utilização desse tipo de sistema é que o nível de

água subterrânea esteja no máximo a 6 metros de profundidade, o tanque não esteja em

contato com a água subterrânea e o combustível a ser detectado seja imiscível em água.

Deve ser notado ainda que caso o solo esteja contaminado, faz-se necessária a utilização

de outro método de detecção de vazamento. As dimensões mínimas dos poços são

informadas na NBR 13.784/97.

No tocante a concentrações de contaminantes no solo, tanto a Portaria do

Ministério da Saúde nº 1469 (procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e

vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá

outras Providências), como a resolução CONAMA nº 396 (classificação e diretrizes

ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras Providências),

quanto à portaria Nº 518 do Ministério da Saúde, informam que as concentrações

máximas de BTEX para consumo humano são:

Tabela 2. Concentração máxima de BTEX permitida em água potável

Constituinte Concentração (mg/l) Benzeno 0,005 Tolueno 0,17

Etilbenzeno 0,2 Xileno total (o-m-p) 0,3

Fonte: Portaria Nº 518 do Ministério da Saúde (2004).

O benzeno é considerado o mais tóxico dentre os BTEX por se tratar de um

composto carcinogênico, com padrão de potabilidade de 0,005 mg/l. (BRASIL, 2004).

3.6 Principais Técnicas de Remediação

Durante os últimos anos, os derivados de petróleo têm sido acumulados no

ambiente, principalmente nas águas subterrâneas, poluindo as mesmas. Técnicas

convencionais como a escavação dos solos contaminados, seguida de tratamento ou

disposição em aterros, têm sido utilizadas para efetuar a remediação de locais

Page 26: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

26

contaminados, apesar de apresentarem, muitas vezes, elevados custos, bem como

possibilitarem impactos adicionais ao ambiente (CETESB, 2007).

Além das técnicas de remoção e redisposição de solos, outras técnicas vêm

sendo aprimoradas, testadas e avaliadas com relação a sua eficiência/eficácia e seu custo.

Atualmente, devido aos altos custos envolvidos na remediação das áreas contaminadas, a

atenuação natural com monitoramento tem sido adotada como uma possibilidade de

intervenção em locais contaminados por substâncias orgânicas biodegradáveis, nas

condições naturais do meio (CETESB, 2007). A adoção de tal alternativa deve ser

precedida de um criterioso estudo, que inclua uma previsão da evolução das plumas de

contaminação, uma metodologia de avaliação de risco e o monitoramento durante todo o

período necessário para que se atinjam as metas de remediação desejáveis.

Outra possibilidade de intervenção seria a alteração do uso e ocupação do

solo, tal alternativa é análoga à atenuação natural com monitoramento, envolvendo os

mesmos princípios, com a diferença de que para garantir a ausência de riscos à saúde

pública ao ambiente e aos demais bens a proteger, faz-se necessária uma redefinição ou

restrição do uso do solo na área afetada. Tal restrição deve permanecer válida por prazo

indeterminado, durante o qual um programa de monitoramento constante deve ser

mantido (CETESB, 2007).

As várias técnicas de remediação praticadas atualmente podem ser

distinguidas em dois “status” de aplicação, ditos tecnologias consagradas e tecnologias

inovadoras ou emergentes. Técnicas consagradas são aquelas sobre as quais já se possui

suficiente conhecimento técnico para prever resultados ou, em função disto, que não

requerem mais testes de laboratório ou testes piloto, podendo ser aplicadas diretamente

no campo, em larga escala (CETESB, 2007).

Tecnologias emergentes ou inovadoras são tecnologias em desenvolvimento,

como opções alternativas de tratamento de locais contaminados àquelas tradicionalmente

empregadas. O princípio empregado no desenvolvimento dessas técnicas é o da

investigação para a remediação diminuir a periculosidade ou nível de toxicidade dos

contaminantes presentes numa determinada área, por meio da degradação biológica ou da

modificação química, utilizando-se reações que neutralizem ou decomponham esses

compostos; ou ainda, por meio da retirada de determinadas frações dessa contaminação,

tais como fases gasosas ou outras.

Page 27: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

27

Dentre os objetivos destas alternativas, além da redução ou eliminação da

periculosidade, inclui-se a redução de custos, porém, nem sempre seguido da redução de

tempo. Embora essas técnicas possam ser empregadas como alternativas plenas de

remediação, normalmente são utilizadas em parceria com outras técnicas ou métodos já

consagrados, a fim de aumentar a sua eficiência (CETESB, 2007).

Serão apresentados alguns dos principais os métodos de remediação

utilizados em sites contaminados por hidrocarbonetos derivados do petróleo.

2.7.1 Barreiras Reativas Permeáveis (PRB's - Permeable Reactive Barriers)

Barreiras reativas permeáveis consistem em uma técnica de remediação da

pluma de contaminação do lençol freático subterrâneo pelo lançamento de um material

reativo no subsolo, direcionando o fluxo da pluma através do mesmo, promovendo ações

que atenuam a carga do contaminante para uma forma ambientalmente aceitável (CRAIG

et al, 2006).

As barreiras podem possuir dimensões e formas variáveis e são

dimensionadas com base em critérios hidrogeológicos específicos da área contaminada e

dos tipos de contaminantes existentes na água subterrânea. De acordo com a CETESB

(2007), as barreiras reativas permeáveis têm sido usadas com sucesso na remediação de

água subterrânea.

O funcionamento das barreiras se dá pela seguinte forma: a água subterrânea

contaminada passa através de uma barreira permeável instalada na subsuperfície. As

barreiras contêm um composto específico que tratam e removem o contaminante da água

subterrânea, como mostrado na figura 3 (CETESB, 2007).

Page 28: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

28

Figura 1 - Representação esquemática de uma barreira permeável

Fonte: CETESB (2007).

O objetivo final é que a água subterrânea saia da barreira com uma

concentração reduzida de contaminante, ou que o contaminante seja transformado em um

composto não nocivo, ou que o mesmo seja eliminado por completo.

Para o dimensionamento e implantação de um projeto de uma PRB, devem-

se coletar dados que caracterizem o local, elaborar um modelo conceitual que será usado

em testes de laboratório para a preparação de um projeto preliminar e um teste piloto.

Com base no teste piloto, é elaborado o projeto executivo para que a barreira possa ser

implantada no local (CETESB, 2007).

Os materiais comumente utilizados nas barreiras para tratamento dos

contaminantes são: ferro de valência zero, metais reduzidos, pares de metais, calcário,

agentes de sorção, agentes redutores e receptores biológicos de elétrons. A eficiência do

tratamento é constatada pela análise de dados obtidos em amostras advindas do sistema

de monitoramento a montante, a jusante e também internamente às paredes ou trincheiras

(CETESB, 2007).

Segundo EPA (2001), as remediações através das barreiras reativas

permeáveis podem levar vários anos, sendo sua duração dependente de dois fatores

principais que variam de sites para sites:

a) Tipo e quantidade de contaminação presentes na água subterrânea;

b) O quão rápido a água subterrânea se move através da PRB.

Page 29: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

29

Dentre as limitações das barreiras reativas permeáveis, podemos citar:

a) Tipo de contaminantes presentes na água subterrânea;

b) Velocidade da água subterrânea (velocidades altas fazem com que o

contaminante tenha tempo de residência inadequada ao tratamento, ao passo

que velocidades baixas podem causar uma sobrelevação da pluma, fazendo

com que o contaminante siga outros caminhos que não sejam a barreira);

c) Concentrações extremamente altas de contaminantes, que podem fazer

com que o tratamento seja insuficiente;

d) Prazo de remediação (tecnologias passivas geralmente resultam em

períodos muito longos para se atingir os objetivos de remediação);

e) Tamanho da pluma (se uma pluma tem uma área muito extensa ou migrou

verticalmente além de 35 metros de profundidade, os custos tornam-se

inviáveis para uso de PRB's).

As espessuras mais usuais das PRB's variam de 30 até 90 centímetros, porém

existem barreiras com espessuras menores que 15 centímetros e outras com espessuras

maiores que 2,70 metros. Os materiais reativos das PRB's podem ser misturados com

cascalho ou areia para aumentar a permeabilidade e reduzir os custos (CETESB, 2007).

De acordo ainda com a CETESB (2007), os principais fatores que influenciam

os custos do método são a condutividade hidráulica, as concentrações dos contaminantes,

as taxas de degradação, as concentrações-alvo da remediação, a profundidade, largura e

espessura saturada da pluma e os materiais reativos da PRB.

2.7.2 Biorremediação

A biorremediação é o processo de tratamento que utiliza a ocorrência natural

de microrganismos (bactérias, fungos e protozoários) para degradar substâncias

toxicamente perigosas transformando-as em substâncias menos ou não tóxicas (CETESB,

2007).

Page 30: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

30

É um mecanismo de estimulação de situações naturais de biodegradação para

a limpeza de derramamentos de óleos e tratamento de ambientes terrestres e aquáticos

contaminados com compostos tais como o BTEX.

Os microrganismos são capazes de biodegradar poluentes tóxicos com a

finalidade de obter energia (alimento), em substâncias como o dióxido de carbono, água,

sais minerais e gases (metano e sulfeto), como representado na figura 04.

Figura 2 - Esquemático da ação da biorremediação

Fonte: USEPA (2001).

Os dois maiores enfoques da biorremediação são a estimulação do

crescimento microbiano no local contaminado e a adição de microrganismos

degradadores de hidrocarbonetos adaptados ou de biosurfactantes.

O contaminante funciona como fonte de carbono para os microrganismos,

sendo necessário o fornecimento de nutrientes como nitrogênio e fósforo, bem como um

agente oxidante, que funcione como receptor de elétrons, além de outros nutrientes

específicos para cada contaminante (USEPA, 2001).

Para que se haja eficiência na remediação, fazem-se necessários uma boa

temperatura, nutrientes (fertilizantes) e uma quantidade de oxigênio devem estar

presentes no solo e na água subterrânea, tais condições permitem o crescimento e

multiplicação dos microrganismos. Quando as condições são adversas, os

microrganismos crescem lentamente ou morrem, além disso, podem criar compostos mais

nocivos. Uma maneira de melhorar as condições do local consiste em bombear ar,

nutrientes e outras substâncias. Às vezes microrganismos são adicionados se não

existirem em quantidade suficiente na subsuperfície (USEPA, 2001).

Page 31: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

31

De acordo com o USEPA (2001), o tempo necessário para remediação de um

site com o uso desta técnica depende do tipo e da quantidade dos compostos químicos

presentes, do tamanho e profundidade da área contaminada.

Estes fatores variam de site para site, podendo demorar poucos meses ou até

mesmo vários anos para que os microrganismos degradem suficientemente os compostos

nocivos para remediar o local.

A biorremediação possui a vantagem de ser um processo natural, podendo o

solo e a água subterrânea contaminados serem remediados no próprio local sem a

necessidade de serem movido para outro lugar. Atingindo as condições ideais, tal

processo pode ocorrer sem a necessidade de bombeamento ou escavações, o que torna os

gastos com o tratamento mais econômicos, como mostrado na figura 5.

Figura 3 - Comparativo de custos de remediação de aquíferos

Fonte: EPA. http://www.e-escola.pt/topico.asp?id=375 (2012).

Além dos fatos supracitados, a ausência de escavações e bombeamentos

permite que os trabalhadores executores da remediação evitem o contato com o

contaminante, além de prevenir a liberação de gases nocivos para o ar. Com consequência

da transformação dos compostos nocivos em água e outros compostos menos perigosos,

poucos resíduos são criados (CETESB, 2007).

De acordo com a CETESB (2007), a biorremediação compreende duas

técnicas: bioestimulação e bioaumentação. A bioestimulação é a técnica de

biorremediação em que o crescimento dos microrganismos naturais, autóctones ou

indígenos da comunidade do local contaminado, é estimulado por práticas que incluem a

Page 32: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

32

introdução de: oxigênio, nutrientes, substâncias para correção do pH do meio e receptores

de elétrons específicos para a degradação da contaminação.

Os microrganismos autóctones ou indígenos são aqueles pertencentes às

espécies nativas de regiões biogeográficas, onde participam de funções reprodutivas,

ciclo de nutrientes e fluxo de energia. Quanto maior a população de microrganismos que

degradam o contaminante dentro da área de remediação, mais rápido e mais eficiente será

o processo de biorremediação (CETESB, 2007).

Em locais onde é identificada uma deficiência de microrganismos indígenos

para a biodegradação do contaminante em questão, mesmo após a tentativa de

bioestimulação, a aplicação de microrganismos não indígenos (alóctones) poderá ser

considerada.

Tal método é denominado de "bioaumentação" ou aplicação de produtos

biotecnológicos e quando bem utilizada, pode acelerar a completa biodegradação do

contaminante devendo, entretanto, serem considerados os seguintes aspectos (CETESB,

2007):

− Deve ser feita uma caracterização do local contaminado, com a finalidade de encontrar

a melhor tecnologia aplicável;

− O produto biotecnológico deverá ser devidamente avaliado e liberado pelo órgão

competente de controle ambiental. Antes de sua utilização, deve ser

identificado, caracterizado e testado em sua toxicidade, ecotoxicidade,

eficiência/eficácia para atingir os objetivos pretendidos e inocuidade ao

ambiente;

− Os microrganismos utilizados devem atuar em sinergismo com as espécies

indígenas do local, sem interferir nos processos biogeoquímicos naturais.

As vantagens e desvantagens da biorremediação serão citadas na tabela a

seguir. Segundo a CETESB (2007), temos como vantagens e da biorremediação, podemos

citar:

Page 33: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

33

Tabela 3 – Vantagens e desvantagens da utilização da biorremediação

Vantagens Desvantagens

Habilidade dos microrganismos de

biodegradar substâncias perigosas ao

invés de meramente transferir o

contaminante de um meio para o outro

Para os compartimentos água e ar, maior

dificuldade de aclimatação dos

microrganismos.

Eficiente em meios homogêneos e de

textura arenosa

Limitações de escala para aplicação “in

situ”.

Baixo custo comparativamente a outras

técnicas de remediação, se os compostos

forem facilmente degradáveis

Limitações em função de

heterogeneidades da superfície.

A tecnologia pode ser considerada como

destrutiva dos contaminantes

Possibilidade de formação de

subprodutos tóxicos.

Fonte: CETESB (2007)

No processo de implantação da biorremediação, deve ser realizada uma

avaliação detalhada para se compreender as populações microbianas presentes no

subsolo, identificar se há populações microbianas que degradem o contaminante de

interesse, caso existam, identificar as necessidades químicas para que se maximize a

produção de energia por as mesmas. Realizar um reconhecimento dos possíveis

subprodutos que os micro-organismos irão gerar e identificar se há compostos que causem

efeitos inibidores as populações existentes ou que contaminem ainda mais o ambiente.

2.7.3 Bombeamento e Tratamento de Águas Subterrâneas

Tal método consiste na remoção das águas contaminadas, por meio de poços

de extração, para que elas sejam tratadas e redispostas. É um dos métodos mais antigos

de remediação, e mesmo tendo sido substituído ou utilizado em combinação com outros

métodos, continua sendo amplamente utilizado. O método de bombeamento e tratamento

de águas subterrâneas também é bastante empregado para a contenção hidráulica de

plumas de contaminação (CETESB, 2007).

Page 34: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

34

O fundamento do método consiste em posicionar geográfica e

estrategicamente um poço (ou série de poços) em uma pluma de contaminação e remover

maior parte possível da água subterrânea contaminada, por meio de processos de

bombeando da água até a superfície pra posterior tratamento. Na superfície, a água vai

para um tanque e então para um sistema de tratamento final, onde será remediada.

O tratamento final envolve o emprego de sistemas que tipicamente empregam

filtros, extração de compostos voláteis em torre de aeração ou carvão ativado. O vapor

extraído também deve ser tratado (CETESB, 2007). A água limpa pode ser colocada

novamente no solo, no sistema público de esgotos ou em alguma lagoa, como na figura 5

(USEPA, 2001).

Figura 4 - Esquematização de bombeamento e tratamento de águas subterrâneas

Fonte: USEPA (2001).

Para um sistema de Bombeamento e Tratamento ser eficiente, a fonte de

contaminação deve ser removida primeiramente, caso contrário, continuará a infiltrar até

a água subterrânea (USEPA, 2001).

A remediação feita através do bombeamento e tratamento é um processo

lento, durando geralmente pelo menos cinco anos, podendo ainda chegar a décadas.

Segundo a USEPA (2001), o tempo de remediação dependerá:

a) Do tipo e quantidade de contaminantes presentes;

Page 35: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

35

b) Do tamanho e da profundidade da contaminação da água subterrânea;

c) Do tipo de solo e rocha na área.

Para se projetar um sistema de bombeamento e tratamento, faz-se necessário

lançar mãos de dados tais como a hidrogeologia local e regional, características

hidráulicas do aquífero contaminado e as características dos contaminantes presentes nas

águas subterrâneas.

Outro aspecto interessante refere-se ao posicionamento dos poços de

extração, que são dispostos dependentemente do objetivo pretendido na extração. Quando

o objetivo é eliminar o máximo possível de contaminantes, os poços são geralmente

locados imediatamente a jusante da fonte de contaminação ou no núcleo mais concentrado

da pluma (CETESB, 2007). Caso o objetivo seja conter o avanço da frente da pluma,

evitando impactos a receptores sensíveis, nos casos em que a pluma esteja migrando para

fora dos limites da área, ou esteja próxima ou já atingindo um receptor, os poços são

locados nos limites da pluma de contaminação.

Atualmente são empregados modelos computacionais para determinar as

zonas de captura em sistemas de remediação por bombeamento e tratamento de águas

subterrâneas, em planta e em perfis verticais. Tais modelos computacionais também são

empregados para fazer análises de desempenho e eficiência dos sistemas projetados,

assim como para estimar os tempos necessários para se atingirem as metas de remediação

estabelecidas.

Poços de monitoramento são empregados de maneira conjugada aos poços de

bombeamento, para monitorar os cones de depressão dos poços de bombeamento, as

mudanças na profundidade da água subterrânea que está sendo bombeada, a qualidade

desta água dentro e fora da pluma e para verificar se a pluma está avançando, diminuindo

ou se está estabilizada (CETESB, 2007).

2.7.4 Injeção de Ar na Zona Saturada (Air Sparging)

O Air Sparging, como é conhecido na língua inglesa, é uma tecnologia de

remediação “in situ”, de águas subterrâneas contaminadas, que reduz as concentrações de

Page 36: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

36

hidrocarbonetos voláteis que se encontram adsorvidos no solo e dissolvidos na água

(EPA, 2004). Consiste na injeção de ar na zona saturada do solo, permitindo a

transferência da fase dissolvida dos hidrocarbonetos voláteis para a fase de vapor (Vik e

Bardos, 2002; EPA, 2004).

Figura 5 - Esquematização do Air Sparging

Fonte: http://nextenvironmental.com/air-sparging.html (2013).

Por outro lado, o Air Sparging também promove a biodegradação dos

contaminantes por parte dos microrganismos. A injeção de ar é aplicada para aquíferos

não confinados (CETESB, 2007).

De um modo geral, a tecnologia do Air Sparging é mais eficaz para

contaminantes de elevada volatilidade (tais como os do grupo BTEX), reduzida

solubilidade e para solos com grande permeabilidade (EPA, 2004). Segundo a EPA

(2004), as principais vantagens da utilização de tal tecnologia são:

a) Equipamento de fácil instalação;

b) Realização do tratamento com perturbação mínima do local;

c) Não requer tratamento, remoção, armazenamento ou descarga das águas

subterrâneas;

d) A remoção do contaminante pode ser promovida pela combinação com o

sistema de extração de vapores.

Page 37: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

37

Dentre os fatores que podem limitar o uso do Air Sparging, temos (EPA,

2004):

a) Inexistência de contaminante em fase livre (a fase livre tem de ser

removida antes da aplicação do Air Sparging);

b) Tal processo não deve ser realizado próximo de caves, tubagens ou outros

espaços confinados enterrados, devido ao risco de propagação de vapores.

Salienta-se que este risco pode ser controlado com a instalação de um sistema

de Extração de Vapor complementar;

c) Apenas eficaz para compostos que se volatilizem facilmente, tal como os

BTEX.

A instalação do air sparging deve ser precedida da execução e interpretação

de resultados obtidos em um teste piloto no local de aplicação. De acordo com a CETESB

(2007) as etapas de pré-projeto, para execução de um teste piloto padrão, devem incluir

os seguintes itens:

a) Avaliação dos poços de monitoramento e pontos de amostragem

existentes e avaliação da necessidade de instalação de poços de amostragens

adicionais, para monitorar os resultados do sistema;

b) Instalação de poços de injeção e poços de monitoramento adicionais

necessários;

c) Determinação das especificações técnica do compressor de ar;

d) Determinação das especificações da instrumentação, incluindo gerador,

medidores de pressão e de nível d'água, medidores de vazão, medidores de

oxigênio dissolvido, medidores de potencial de oxi-redução, e medidor de

vapores orgânicos.

2.8 Modelos

Os modelos são ferramentas que visam aproximar as condições físicas reais

de campo e são fundamentais para o planejamento e previsão de situações reais. Quanto

a sua tipologia, os mesmos podem se classificado tanto como físicos quanto matemáticos,

Page 38: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

38

porém os modelos físicos são mais comuns em laboratório, enquanto que os modelos

matemáticos são mais utilizados, na pratica, para a modelagem de aquíferos (CABRAL

E DEMÉTRIO, 1997).

Sanford et al. (2001) citam que a poluição das águas subterrâneas tem se

tornado uma importante questão para a sustentabilidade dos corpos hídricos, sendo que

isto tem motivado o desenvolvimento de modelos hidrogeológicos que auxiliam as

investigações sobre a trajetória destes poluentes.

Os modelos matemáticos se dividem em analíticos e numéricos, sendo que os

primeiros utilizam soluções analíticas para a resolução de problemas simplificados,

enquanto que os modelos numéricos lançam mão de soluções numéricas para a

aproximação da solução das equações diferenciais parciais que regem o fluxo de água

subterrânea.

Dentre os modelos numéricos se destacam os modelos que usam diferenças

finitas e elementos finitos para resolver as equações diferenciais, sendo mais utilizado o

que usa diferenças finitas para a simulação do fluxo.

A modelagem numérica é utilizada para a resolução das equações de fluxo,

de forma aproximada, uma vez que os sistemas aquíferos geralmente não são homogêneos

e não apresentam contornos bem definidos, ou seja, onde os métodos analíticos não

resolvem com precisão as equações.

A utilização da modelagem matemática do fluxo e do transporte de poluentes

é relativamente recente, revelando sua importância na década de 70, com trabalhos como

o de Dey e Morison (1979) e atualmente, os modelos numéricos dominam os estudos de

modelagem de água subsuperficial devido, principalmente, aos grandes avanços na

tecnologia computacional.

Existem muitos softwares, tais como PMWIN, ArcGIS (utilizando a

ferramenta ArcMap 9.1), FEFLOW, GMS (Groundwater modeling system), disponíveis

no mercado para modelagem de fluxo e de transporte de contaminantes, cabendo ao

usuário escolher o que mais se adapte ao seu caso específico.

Page 39: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

39

2.9 Métodos Numéricos

A ideia básica dos métodos numéricos é o processo de discretização, que

reduz o problema físico, contínuo, com um número infinito de variáveis, a um problema

discreto com um número finito de variáveis, podendo ser resolvido computacionalmente

(FRANCO, 2006). Existem vários tipos de métodos numéricos utilizados como

ferramentas para solucionar uma equação diferencial parcial, tais como: método dos

elementos finitos, método dos elementos de contorno, métodos dos volumes finitos,

método das diferenças finitas. O software que será utilizado trabalha com o método das

diferenças finitas, logo tal procedimento será exposto a seguir.

2.9.1 Método das diferenças Finitas

O método numérico das diferenças finitas é usado como uma abordagem

alternativa para obter a aproximação da solução de uma equação diferencial parcial. A

ideia básica desse método é transformar a resolução de uma equação diferencial em um

sistema de equações algébricas, substituindo as derivadas por diferenças. (RUGGIERO,

1996).

O método numérico das diferenças finitas é facilmente executado em

computadores. Ele consiste na discretização do domínio e na substituição das derivadas

presentes na equação diferencial por aproximações utilizando apenas os valores

numéricos da função. A ferramenta básica no cálculo das aproximações das derivadas é

o método de Taylor (FRANCO, 2006).

A discretização, que consiste na divisão de uma região em quadrículas, é feita

com auxílio de uma malha retangular com espaçamentos que podem ser uniformes, variar

ao longo de cada eixo ou variar de eixo para eixo. Cada quadricula corresponde a um nó,

onde serão colocadas as incógnitas do problema. Quanto maior a quantidade de nós de

uma malha, mais próximo do real estará o modelo, pois cada conjunto de parâmetros

atribuídos a um ponto é considerado constante para cada célula (ou quadricula) a sua volta

(figura 06).

Page 40: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

40

Figura 6 - Discretização hipotética de um sistema de aquífero

Fonte: McDonald, M. G. e Harbaugh A.W (1984).

2.10 PMWIN

Entre os métodos numéricos utilizados para resolver a equação diferencial de

fluxo, o Método de Diferenças Finitas é mais usado por causa da disponibilidade do

programa PMWIN através do United States Geological Survey (USGS). O programa foi

originalmente escrito em linguagem FORTRAN 66, tendo como autores Michael G.

McDonald e Arlen W. Harbaugh em 1984.

O PMWIN, oferece muitas opções para tratar todas as situações

hidrogeológicas importantes. Todas as explicações sobre os conceitos físicos e

matemáticos nos quais o modelo é baseado e a explicação de como esses conceitos está

incorporado na estrutura modular do programa computacional podem ser encontrados e

consultados no Manual de Referência do PMWIN da Waterloo Hydrogeologic.

De modo geral, o fluxo de água subterrânea no aquífero é simulado através

de aproximações por diferenças finitas utilizando nós centrados nas células da área

discretizada. As camadas aquíferas podem ser simuladas como confinadas,

semiconfinadas e livres e o regime de bombeamento pode ser escolhido entre permanente

e transiente.

O modelo admite as seguintes condições de contorno: Carga hidráulica

especificada (condição de Dirichlet), Fluxo especificado (condição de Neumann) e Fluxo

Page 41: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

41

dependente da carga hidráulica (condições de Robim ou de Cauchy). As equações geradas

pela aproximação por diferenças finitas são resolvidas pelos métodos iterativos SIP e

SSOR.

O PMWIN consiste de quatro telas principais: principal, entrada de dados

(Input), simulações (run) e saída dos resultados (output). No principal você cria ou abre

um arquivo, determina as unidades de trabalho, dimensiona sua malha e tem acesso aos

módulos (input, run e output). O módulo de entrada de dados permite ao usuário

graficamente atribuir todos os parâmetros necessários na construção de um modelo de

fluxo de água subterrânea e/ou do modelo de transporte de contaminantes.

O módulo de pesquisa permite que seja selecionado o regime de

bombeamento, time-step, as cargas iniciais, tipos de recarga, tipologia dos aquíferos,

escolher se o meio é isotrópico ou anisotrópico, e finalmente fazer as simulações. O

usuário também tem acesso a pacotes que realizam outras simulações, como apresentado

na tabela 4.

Tabela 4 – Pacotes de modelagem fornecidos pelo PMWIN

PACOTE OBJETIVO

MODFLOW

Construção do modelo numérico do fluxo, que após serem inseridos dados de porosidade, condutividade, carga hidráulica e atividade das células em estudo, calcula o fluxo de água subterrânea e indica suas equipotenciais.

PMPATH

Realizado após simulação no Visual

Modflow, calcula a zona de captura de poços de bombeamento ao se inserir uma partícula contaminante em uma região.

MT3D

MT3DMS

MOC3D

Ao se realizar a simulação de fluxo no Visual Modflow, os softwares realizam a simulação de transporte de contaminantes. O MT3D realiza a simulação sem considerar efeitos de decaimento de contaminante, sorção, biodegradação e co-solvência. O MT3DMS considera todos os efeitos desconsiderados pelo MT3D. O MOC3D considera os mesmos efeitos do MT3DMS, no entanto, o método de cálculo é diferenciado, sendo necessário

Page 42: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

42

uma máquina mais potente para realizar simulações.

PEST

UCODE

Realizam a calibragem de modelo de fluxo, tentando deixar o mesmo mais próximo do real.

Fonte: Waterloo Hydrogeologic (2012).

O software que se trabalhará mais nesta simulação é o MT3D, que conta com

quatro esquemas: método das características (MOC), método modificado das

características (MMOC), método hibrido das características (HMOC) e método das

diferenças finitas a montante. Os três esquemas mais trabalhados são o MOC, o MMOC

e o HMOC, não se atentando para os procedimentos de cálculo dos mesmos, o tutorial do

PMWIN que:

a) MOC – é um modelo de cálculo virtualmente livre de dispersão numérica, que

cria dificuldades em muitos esquemas numéricos. Tal tipo de esquema requer um

maior processamento do computador;

b) MMOC – tal modelo tem o intuito de tornar insignificante erros numéricos no

cálculo da dispersão;

c) HMOC – é um método que combina características do MOC com o MMOC,

facilitando os cálculos e reduzindo os erros na simulação.

2.11 Revisão bibliográfica

A contaminação das águas subterrâneas por derivados de petróleo é um

estudo recente em nosso país, como principais fontes de contaminação temos os postos

revendedores de combustíveis, que devido o envelhecimento de seus tanques de

armazenamento de combustíveis (TAC’s) possibilitam o vazamento de combustíveis e

com isso a consequente contaminação do solo e das águas subterrâneas nos seus

arredores. Por ser uma preocupação relativamente recente em nosso país, há pouca

informação sobre tal assunto na literatura. Neste tópico são apresentados alguns resumos

de trabalhos anteriormente realizados no país acerca de tal assunto.

Silva et al.(2002) utilizando a cromatografia gasosa com sistema purge and

trap, utilizando-se um cromatógrafo DFI/DIC – HP 5890 II, seguindo metodologias as

Page 43: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

43

EPA, coletaram amostras de águas provenientes de dez poços de captação de água, sendo

estes do tipo cacimba ou poções tubulares com profundidade variando de 6 a 20 metros,

localizados em Itaguaí, Rio de Janeiro, em períodos secos e chuvosos para determinar a

concentração de BTEX nas mesmas devido vazamento de um TAC ocorrido dois anos

antes.

Foi possível perceber que, mesmo depois de dois anos, dos dez poços, dois

apresentavam concentrações de benzeno com cerca de cem vezes acima do valor máximo

permitido pela legislação federal, resolução CONAMA nº 396, que é de 5 µg.L��,

indicando um grave risco no consumo de tal água pela população, que por exposição

crônica, pode desenvolver doenças do sistema nervoso central ou leucemia.

Ainda com a utilização do método purge and trap, Bezerra (2011), investigou

a contaminação do aquífero da bacia do rio Lucaia, Salvador, Bahia, por derivados de

petróleo devido a vazamentos de tanques de combustíveis, identificando pontos com

concentrações de benzeno muito acima do permitido pelo CONAMA, verificou-se

também uma redução significativa das concentrações de BTEX, principalmente o

benzeno, tendo uma diminuição de 82% em 6 meses.

Santos & Dutra (2010), avaliaram o risco à saúde da população residente em

uma área vizinha a um posto de combustível no Distrito Federal, cujo vazamento

contaminou a água subterrânea e alimentos cultivados na região, em 2002.

Foi identificado na água subterrânea da área vizinha a presença de BTEX na

concentração de 2.127 µg/L, mostrando assim uma grande quantidade de tais poluentes e

sua grande possibilidade de contaminação da população.

Para o estudo, foi feita uma estimativa do tempo de exposição da população

ao benzeno, obtido a partir de modelagem utilizando o software visual MODFLOW

levando em consideração a concentração máxima de benzeno de 5 µg/L na água

subterrânea, conforme portaria n° 518/2004.

Utilizando-se a metodologia de avaliação de risco da ATSDR (Agency for

Toxic Substances and Disease Registry) adaptada à experiência brasileira, verificaram-

se, na população em estudo, alterações de comportamento psicológico relacionados à

perda de sonhos e ideais, explicado possivelmente pelo fato do BTEX ser um grande

Page 44: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

44

depressor. Além da alteração da saúde indicando na população em estudo o surgimento

de coceiras, dores de cabeça, tonturas, enjoos e mal estar.

Ainda na análise e identificação de compostos BTEX nas águas subterrâneas,

a prefeitura de Joinville/SC realizou estudos com os 65 postos de combustíveis da cidade

e verificou que apenas um deles não continha nenhum problema de contaminação do

lençol freático.

Na região do Cariri não foram encontrados dados relativos à contaminação

das águas subterrâneas, no entanto deve-se ressaltar a sua vulnerabilidade em caso de

contaminação do subsolo por derivados de petróleo.

A região do Cariri se localiza na Sub-Bacia do Salgado, segundo a

Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH (2009), essa sub-bacia possui

uma extensão de 308 km, com uma área de 12.623,89 km², a sub-bacia do salgado

compreende um total de 23 municípios integralmente, como mostrado na figura 7.

Figura 7 - Municípios da Sub-Bacia do Salgado.

Fonte: COGERH (2008).

Na região do cariri, as principais cidades: Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte

possuem um total acumulado de 402.855 habitantes (IPECE, 2008), sendo a grande

Page 45: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

45

maioria abastecida por poços (COGERH, 2008), percebendo assim que uma

contaminação dessa região implicaria em sérios problemas para a saúde populacional.

Diante do exposto até aqui e observando que a região do Cariri Cearense, por

apresentar relativo desenvolvimento comercial, somando-se a isso sua o fato de possuir a

maior e mais importante bacia sedimentar do Araripe, sub-bacia do rio salgado e de que

os recursos hídricos subterrâneos representam a maior e mais importante fonte de água

para abastecimento humano, faz-se necessário um estudo para identificação dos

compostos BTEX nas águas subterrâneas.

4 METODOLOGIA

Para realização da simulação de contaminação de uma subsuperfície com

derivados de petróleo, mais precisamente o benzeno, por ser o componente mais solúvel

e móvel dos BTEX, foi realizada uma simulação utilizando o software PMWIN,

caracterizado como um software que, através do método as diferenças finitas, realiza uma

simulação de fluxo, fornecendo o caminhamento tanto do lençol freático, como da pluma

de contaminação. Para a realização da simulação foram necessárias as seguintes

considerações:

a) Por simplificação, a superfície hipotética se caracteriza como uma

superfície homogênea e isotrópica, ou seja, suas características são similares

em todos os pontos de estudo;

b) Por ser o elemento mais solúvel e de maior mobilidade em água, além do

fato de mais agressivo à saúde, o benzeno será o único elemento do composto

BTEX a ser simulado;

c) Será feita uma simulação com uma concentração ininterrupta, ou seja,

supõe-se que houve vazamento advindo de um posto de gasolina e que o

mesmo não pôde ser interrompido;

d) O sistema em estudo não considera taxas de recarga;

e) Nesta simulação não serão considerados efeitos de degradação natural do

contaminante, nem efeitos de sorção.

Page 46: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

46

A partir dessas informações, foi possível realizar uma simulação de fluxo de

contaminantes em uma área hipotética. O primeiro passo da simulação é informar

parâmetros hidráulicos que serão utilizados pelo programa para processar os dados e nos

informar os valores buscados na modelagem. No pacote MODFLOW, que modela o fluxo

de águas subterrâneas, foi preciso decidir quais as localizações do posto revendedor de

combustíveis e dos dois poços de bombeamento, juntamente com as vazões de cada

elemento. Após isso, é feita a modelagem do fluxo subterrâneo.

Sequencialmente, serão informados dados do contaminante no pacote MTD3,

que simula o caminhamento da pluma de contaminantes em um dado período de tempo.

Foi realizada a simulação, com o pacote MT3D, que fornece a pluma de contaminação da

região em estudo, possibilitando assim descobrir se os poços de bombeamento estavam

sujeitos à contaminação por benzeno. Finalizando, foi dada uma possível solução para a

descontaminação do aquífero em questão.

4.1 Modelo Teórico

O modelo teórico trata-se de uma região hipotética, que apresenta um ponto

caracterizado como um posto revendedor de combustíveis (P0), e dois pontos

caracterizados como poços de extração de água (P1 e P2), como mostrado na figura 10.

Figura 8 - Localização de posto revendedor de combustíveis e poços de bombeamento.

Fonte: Dantas (2013).

Page 47: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

47

A área modelada apresenta as dimensões de 50 x 50 metros, apresentando um

total de 2500 m², a camada de solo possui espessura de 10 metros, apresentando as

seguintes características:

a) Carga hidráulica no lado oeste: 9 m;

b) Carga hidráulica no lado leste: 8 m;

c) Condutividade hidráulica horizontal: 0,0001 m/s;

d) Porosidade efetiva: 25%;

e) Poços: 2 poços com taxa de bombeamento de 0,00075 m³/s;

f) Fonte de contaminação: taxa de injeção de 0,0001 m³/s

g) Concentração do contaminante: 18000 mg/m³;

h) Dispersividade longitudinal: 10.

Deve-se ressaltar que a seleção da maioria dos valores foram definidas por

valores Default do software, sendo escolhidos apenas os valores de vazão, carga

hidráulica (para indicar o fluxo preferencial da água) e concentração do contaminante.

4.2 Discretização do Modelo

A área modelada foi dividida em 50 linhas e 50 colunas, apresentando um

espaçamento de 1,00 metros entre cada uma (figura 11). Na vertical, o modelo foi

discretizado em apenas uma camada de espessura de 10,00 metros (figura 12).

O modelo apresenta um total de 2500 células ativas, devendo-se ressaltar

ainda, que quanto maior o número de células na simulação, mais precisos serão os

resultados extraídos.

Page 48: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

48

Figura 9 - Discretização em planta da superfície modelada

Fonte: Dantas (2013).

Figura 10 - Discretização espacial da superfície modelada

Fonte: Dantas (2013).

O software PMWIN utilizado para simular a região é uma versão gratuita,

limitando a utilização de apenas 5.000 células ativas. A razão de não se utilizar nesta

simulação um total de 5.000 células ativas deve-se a dois fatos:

a) O melhor aproveitamento seria uma malha de 70x70, que apresentaria um

total de 4900 células ativas, no entanto, as dimensões de cada célula seriam

de 0,714 metros. Portanto, preferiu-se trabalhar com células de números

inteiros, para esta simulação as células apresentam as dimensões 1,00 x 1,00

metros.

Page 49: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

49

b) Quanto maior a quantidade de células, maior o processamento de dados.

Quanto maior o processamento de dados na simulação, mais capacidade o

computador deve apresentar, ao se simular muitas células, o computador pode

não suportar a simulação, levando horas para realizar os cálculos.

4.3 Entrada de parâmetros hidrogeológicos no software PMWIN

Para realização da simulação, é preciso dar entrada em parâmetros que o

software necessita, tais como tempo, porosidade, condutividade, carga hidráulica, dentre

outros. Vale ressaltar que o PMWIN requer o uso de unidades consistentes durante todo

o processo de modelagem. Isso implica que se estivermos usando a unidade de

comprimento em metros e o tempo em segundos, a taxa de bombeamento que deveremos

informar nos poços deve ser dada em metros cúbicos por segundo (m³/s), a condutividade

hidráulica será expressa em unidades de metro por segundo (m/s) e a dispersividade será

em unidades de metros (m).

De início é preciso definir a unidade de tempo que iremos trabalhar, na

simulação em questão. A unidade de tempo foi definida como sendo o segundo (s), foram

adotados tempos de simulação de 0, 5, 10, 20, 30, 60, 90 e 120 dias, os valores de entrada,

em segundos.

Em seguida, foram dadas entradas referentes às cargas hidráulicas do modelo.

Foram especificadas cargas hidráulicas na posição mais a oeste e na posição mais a leste

do modelo, tal fato faz-se necessário com a finalidade de se determinar o caminhamento

preferencial do contaminante, com isso, as células mais a oeste apresentaram carga

hidráulica de 9 m, já as células a leste apresentaram carga hidráulica de 8 m (figura 13).

Page 50: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

50

Figura 11 - Cargas hidráulicas da superfície modelada

Fonte: Dantas (2013).

Nas células centrais não se determina quais são as cargas hidráulicas, visto

que o MODFLOW irá calcular as mesmas. É perceptível, no entanto, que o caminhamento

das partículas se dará da esquerda para a direita, visto que a água está sempre em

movimento de áreas de potencial maior para áreas de potencial menor, no presente caso,

de uma carga de 9,00 m para 8,00.

Após serem inseridos os valores de carga hidráulica, o software pede os

valores de condutividade hidráulica. A condutividade hidráulica é uma medida da

capacidade do aquífero de conduzir água sob a influência do gradiente de uma superfície

potenciométrica. Na área em questão, o software pede valores de condutividade

hidráulica horizontal, que serão informados com a unidade de comprimento/tempo, dada

em metro/segundo (m/s), para a simulação em questão, o valor da condutividade

hidráulica adotado foi de 0,0001 m/s.

O software PMWIN também necessita de dados de condutividade hidráulica

vertical, no entanto como este modelo trabalha com apenas uma camada, não há a

necessidade de preencher esse parâmetro.

Outro parâmetro a ser preenchido é o da porosidade efetiva. Porosidade é o

volume de vazios dividido por seu volume total. Representa a quantidade máxima de água

que um dado volume de solo pode conter. Para o modelo em questão, a porosidade efetiva

foi estimada em 25%.

O próximo passo foi decidir o ponto onde irão ser inseridos a fonte de

contaminante e os poços de bombeamento, assim como suas respectivas vazões de

Page 51: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

51

bombeamento. No pacote MODFLOW foi inserido uma fonte de contaminante, de

denominação P0, localizada na célula 1,25,2 com uma vazão de 0,0001 m³/s.

Foram inseridos também dois poços, o poço P1 ficou localizado na célula

1,28,23 e o poço P2, na célula 1,21,43. Os poços P1 e P2 apresentam uma taxa de

bombeamento no valor de 0,00075 m³/s. Os poços P1 e P2 ficam a 22,00 m e 42,00 m de

distância da fonte contaminante (P0), como mostrado na figura 14.

Figura 12 - Distância (em metros) entre fonte contaminante e poços

Fonte: Dantas (2013).

Ao se informar os dados referentes ao MODFLOW, é dado início à simulação

de fluxo, que calculará as cargas hidráulicas por todo o modelo. Finalizado o processo de

cálculos no MODFLOW, se inicia a simulação do fluxo de contaminantes com o pacote

MT3D, que se caracteriza como uma extensão do PMWIN que a partir dos dados gerados

no MODFLOW juntamente com dados do contaminante inseridos no MT3D, simula o

caminhamento do contaminante, mostrando sua pluma de concentração.

Para se trabalhar no MT3D, é necessário informar a concentração inicial do

contaminante em todos os pontos do modelo, foi adotado uma concentração inicial de

0,00 mg/litro para toda área simulada.

Após se definir a concentração inicial do contaminante, parte-se para a

definição do esquema de solução matemática que o simulador irá utilizar. O MT3D tem

como esquemas principais o MOC, o MMOC e o HMOC. O HMOC trabalha combinando

os métodos MOC e MMOC, que facilita os cálculos e reduz erros de simulação.

Page 52: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

52

Com isso, o método escolhido para a simulação foi o método HMOC. A partir

de dados fornecidos por Cardozzo (2000), foi inserida uma concentração inicial de 18

mg/litro, como as unidades do PMWIN devem ser consistentes durante toda a

modelagem, a taxa de contaminante injetada na simulação será de 18.000 mg/m³, sendo

simulado o vazamento de gasolina com uma vazão de 0,0001 m³/s.

Na sequência da modelagem, é necessário informar o valor da dispersividade

longitudinal, sendo utilizado o valor default do programa, que é 10. Finalizando a entrada

de parâmetros, é necessária a definição do esquema de reação química que será trabalhado

no simulador, sendo utilizado o esquema de não sorção.

Após o término de preenchimento dos parâmetros, é dado o início da

simulação, que informará os parâmetros relativos à concentração e caminhamento das

plumas de contaminante.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Serão apresentados neste capítulo todos os valores obtidos após processo de

simulação utilizando o software PMWIN, com auxílio dos seus pacotes MODFLOW e

MT3D, que simulam respectivamente o fluxo subterrâneo de águas e o caminhamento de

partículas (contaminante) em meio poroso.

Ao se simular o caminhamento de contaminante, de início, foram estimados

parâmetros tais como cargas hidráulicas constantes nas posições mais a leste e mais a

oeste, tal artifício é realizado no intuito de se determinar para onde o fluxo irá se deslocar.

4.1 Cargas hidráulicas

Como se determinou um valor de carga hidráulica de 9,0 m na face oeste e

de 8,0 m na face leste, juntamente com a inserção de um poço de injeção de contaminante

com taxa de 0,0001 m³/s e dois poços de bombeamento com uma taxa de 0,00075 m³/s

cada um, o pacote MODFLOW realizou os procedimentos de cálculo, fornecendo assim

todas as cargas hidráulicas na superfície, como mostrado na figura 15.

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Figura 13 – Curvas equipotenciais calculadas no MODFLOW

Fonte: Dantas (2013).

Como esperado, nota-se que o caminhamento do fluxo se dá da esquerda para

a direita, também é perceptível que a presença de um poço injetor de contaminante (célula

em azul) não altera de forma significativa a distribuição das cargas hidráulicas visto que

o mesmo apresenta uma baixa taxa de injeção. Ao se analisar os poços de bombeamento

(células em preto) percebe-se que por apresentarem vazões significativas, alteram a

direção das linhas equipotenciais, como esperado na simulação.

4.2 Caminhamento dos Contaminantes

Ao ser realizada a simulação, o MT3D forneceu os caminhamentos do

contaminante. Nas imagens extraídas do MT3D, o ponto em vermelho representa a célula

onde houve o derramamento do contaminante, as células em azul claro, no centro da

malha, representam os poços de captação de água, as células em azul escuro representam

as cargas hidráulicas constantes. As figuras 17 a 23 mostram as plumas de contaminação

para os tempos simulados.

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Figura 14 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 5 dias

Fonte: Dantas (2013).

Figura 15 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 10 dias

Fonte: Dantas (2013).

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55

Figura 16 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 20 dias

Fonte: Dantas (2013).

Figura 17 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 30 dias

Fonte: Dantas (2013).

Page 56: Monografia - Cicero Cezar F. Dantas

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Figura 18 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 60 dias

Fonte: Dantas (2013).

Figura 19 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 90 dias

Fonte: Dantas (2013).

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57

Figura 20 - Concentração de Benzeno (mg/m³) t = 120 dias

Fonte: Dantas (2013).

Foi possível perceber que a partir do quinto dia a pluma atingiu, no poço de

bombeamento P 01, uma concentração muito superior ao que preconiza os padrões de

potabilidade vigentes no Brasil (5 µg/litro), no poço P 02 tal fato ocorreu no décimo dia.

No trigésimo dia, toda a área simulada foi contaminada com concentrações de benzeno.

Vale ressaltar aqui que esta simulação não levou em consideração efeitos de

sorção, de decaimento, nem de degradação natural do contaminante, com isso o

contaminante está escoando através do solo sem nenhuma barreira que impeça seu

deslocamento, implicando assim em elevadas concentrações de contaminante. Também é

perceptível o crescimento da pluma de contaminação com o passar do tempo, como

mostrado nas figuras anteriores.

O deslocamento da pluma se deu da esquerda para direita, ou seja, seguindo

o gradiente hidráulico de 9,00 m para 8,00 m. É possível, com o auxílio do MT3D, saber

a concentração de contaminante atuante em cada célula, com isso para cada variação de

tempo, foram verificados os valores de concentração de cada poço e colocados em forma

de tabela, como mostrado na tabela 6.

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Tabela 5 – Concentração de benzeno observada nos poços de bombeamento

Poço P 01 Dias 0 5 10 20 30 60 90 120

Concentração (µµµµg/l) 0 49,25 510 987,82 1175,917 1242,25 1241,79 1238,23 Poço P 02

Dias 0 5 10 20 30 60 90 120 Concentração

(µµµµg/l) 0 0,0017 11,58 183,17 436,72 583,45 605,46 606,32

Fonte: Dantas (2013).

Após processamento das concentrações observadas em cada poço, foi gerado

um gráfico de concentração de benzeno x tempo.

Figura 21 - Curvas de Concentração do contaminante no tempo

Fonte: Dantas (2013).

A partir do gráfico 01 gerado, percebe-se que a concentração vai aumentando

ao longo do tempo até chegar a um ponto onde adquire um valor constante, como se pode

ver na tabela 06, a concentração do contaminante no posto P 01 começa a decair,

indicando que a pluma de contaminante está se deslocando no sentido do fluxo, como

acontece em uma situação real. O motivo de a concentração do contaminante no ponto P

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 30 60 90 120 150

Co

nce

ntr

açã

o (

µµ µµg

/L)

Dias

Concentração de Benzeno x Dias

Concentração P 01 (mg/L)

Concentração P 02 (mg/L)

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59

02 não ter decaído, advém do fato de o mesmo estar mais distante da fonte contaminante,

captando ainda as grandes concentrações advindas da mesma.

4.3 Remediação Proposta

Ao se propor um tipo de remediação em um site contaminado, deve-se

primeiramente encontrar a fonte de contaminante que está vazando e estancar tal

vazamento, fazendo a retirada do tanque de armazenamento de combustível.

Sequencialmente, é necessário fazer um estudo das características hidrogeológicas da

área contaminada, dando sequência a uma análise do caminhamento da pluma de

contaminante, que é fornecida por softwares, tais como o PMWIN. A partir disso, com

análises relativas a custo de implantação e eficiência de remoção do contaminante, é

proposto um método de remediação. O método aqui apresentado não foi testado, sendo

apenas uma possível proposta para uma remediação.

É sugerida uma remediação combinada entre barreiras reativas e

biorremediação. O motivo de se sugerir a utilização das barreiras reativas é que as mesmas

apresentam grande eficiência. A sua utilização consiste no lançamento de um material

reativo no subsolo, direcionando o fluxo da pluma através do mesmo, promovendo ações

que atenuam a carga do contaminante para uma forma ambientalmente aceitável. Assim,

a água contaminada passa através da barreira permeável, que trata e remove o

contaminante.

Após a utilização das barreiras reativas permeáveis, permite-se que os

organismos indígenas do solo trabalhem com o processo de biorremediação, utilizando

os contaminantes do solo para realização de seus processos metabólicos.

7 SUGESTÕES

Como sugestões para trabalhos futuros, é indicado:

a) Reestruturar o caso hipotético de forma que os dados de entrada produzam

resultados mais próximos da realidade;

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b) Estudo de uma área real;

c) Modelar testando as diferentes técnicas de remediação;

d) Realizar simulações com mais de um contaminante, envolvendo BTEX e etanol;

e) Realizar simulações envolvendo fenômenos de co-solvência, reações de

decaimento, sorção e efeitos de biodegradação do solo;

f) Destacar a necessidade de calibração dos parâmetros.

8 CONCLUSÃO

A modelagem do fluxo hídrico de contaminantes é de extrema importância,

visto que é notório o aumento de vazamentos oriundos dos tanques de armazenamento de

combustíveis no mundo, sendo ainda fato pouco estudado no país. Um estudo das

características de uma região aliados a um poderoso software de análise de contaminantes

evitaria problemas no estuda de uma possível contaminação, facilitando a tomada de

decisões quanto a forma de remediação de um aquífero contaminado.

O trabalho aqui exposto teve como principal contribuição fornecer subsídios

básicos para se utilizar uma ferramenta computacional de simulação de fluxo de

contaminantes no subsolo, que se utilizados os parâmetros corretos, apresenta resultados

rápidos e confiáveis. Neste sentido, procurou-se contribuir com órgãos que têm a

necessidade de se dispor de conhecimentos sobre um instrumento que facilita a análise de

uma contaminação além de ajudar na tomada de decisão no que se refere à

descontaminação do subsolo.

Neste trabalho, procurou-se alertar sobre os efeitos catastróficos causados não

só ao ambiente, mas aos seres vivos, dos problemas advindos de um derramamento de

combustíveis no fluxo subterrâneo.

A não utilização de parâmetros físicos reais, assim como a homogeneidade e

isotropia da região simulada impossibilitam comparações com modelos reais de

simulação, não deixando, no entanto, de ser um trabalho relevante no que se refere à

contaminação do solo.

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Como explicado, neste trabalho não se trabalhou com a contaminação de

etilbenzeno, tolueno e xilenos orto, meta e para, assim como o etanol, podendo ser

realizado em trabalhos futuros.

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