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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
JERUZA MARIA SANTOS LIMA
ESTUDO DAS PRESCRIÇÕES DE PSICOFÁRMACOS EM UMCENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO
MUNICÍPIO DE OCARA – CE
FORTALEZA2010
do
do
2
JERUZA MARIA SANTOS LIMA
ESTUDO DAS PRESCRIÇÕES DE PSICOFÁRMACOS EM UMCENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO
MUNICÍPIO DE OCARA – CE
Orientadora:
Eudiana Vale Francelino
FORTALEZA2010
Monografia submetida à Escola de Saúde Pública, como parte dos requisitos para a conclusão da Especialização em Gestão da Assistência Farmacêutica.
3
JERUZA MARIA SANTOS LIMA
ESTUDO DAS PRESCRIÇÕES DE PSICOFÁRMACOS EM UMCENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO
MUNICÍPIO DE OCARA – CE
Especialização em Gestão da Assistência FarmacêuticaEscola de Saúde Pública do Ceará
Aprovado em: _______/________/_________
Banca Examinadora:
________________________________________Msc. Eudiana Vale Francelino
Orientador
________________________________________Msc. Ana Claúdia de Brito Passos
1 º Examinadora
________________________________________Msc. Solange Cecília Cavalcante Dantas
2º Examinadora
do
4
AGRADECIMENTOS
A professora e mestra Eudiana Francilino, orientadora dessa monografia, por todo
exemplo, sabedoria, compreensão e acima de tudo, exigência
em busca do melhor.
A professora e mestra Solange Cecília, professora e mestra Ana Claudia Passos, por
aceitarem participar da banca de defesa desta monografia, proporcionando
discussões e sugestões que servirão para o crescimento, aprendizado e incentivo a pesquisa.
A minha amiga e colega de trabalho Haryella Jucá de Alencar, pela colaboração e
estimulo na realização desta pesquisa, auxílio na coleta de dados e por
todas as sugestões, discussões, busca de resultados e acima de tudo por sua amizade.
Aos gestores do município de Ocara, em especial a secretária da saúde Dra. Fatima
Viana, pelo estímulo, colaboração e compreensão nos momentos de ausência no trabalho para
a elaboração dessa monografia.
As minhas colegas de trabalho da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) que
me ajudaram na coleta de dados para a pesquisa.
Aos meus familiares que sempre me deram amor e força, valorizando meus potenciais.
Em especial aos meus filhos: Lucas Emanuel, Flavio Neto e Gabriele Louise, por quem me
dedico e tento alcançar novos voos para dar a eles o melhor de mim.
Ao meu esposo Flaviano pelo amor e compreensão nos momentos de ausência que
estive me dedicando a essa monografia.
A todos os meus amigos e amigas que sempre estiveram me aconselhando e
incentivando com carinho e dedicação.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução dessa
monografia.
5
RESUMO
OBJETIVO: Os erros de medicação são atualmente um problema mundial de saúde pública,
sendo os mais sérios os de prescrição. O objetivo do estudo foi analisar a prática da prescrição
de medicamentos de controle especial e sua relação com a prevalência de erros de medicação
para pacientes de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a importância da inserção do
profissional farmacêutico. MÉTODOS: Estudo descritivo, transversal, prospectivo
abrangendo 600 prescrições com medicamentos de controle especial. Durante os meses de
agosto a setembro de 2010, foram analisadas todas as prescrições recebidas no CAPS. As
prescrições foram analisadas quanto a: legibilidade, nome do paciente, data, caligrafia ou
grafia, identificação do prescritor, análise do medicamento e uso de abreviaturas. Os erros de
prescrição foram avaliados por dois farmacêuticos e também foi analisado o perfil sócio-
demográfico dos pacientes. RESULTADOS: Houve predomínio do sexo feminino (68,3%),
pacientes casados (45,9%), com renda de até um salário mínimo (58,30%). Houve
dificuldades na identificação do paciente em 11,2% e 88,5% estavam legíveis. No total de 600
prescrições, foram observados 42 não apresentaram concentração, 488 não apresentaram via
de administração. Os medicamentos mais prescritos foram Haloperidol, Carbamazepina e
Fenobarbital. Observou-se o uso intensivo e sem padronização de abreviaturas.
CONCLUSÕES: No atual estudo observou-se que no município de Ocara a maioria dos
receituários eram legíveis, possuíam a dose, a forma farmacêutica e a posologia, em
contrapartida notou-se uma carência expressiva da via de administração e o predomínio de
abreviaturas, fatos que podem comprometer o receituário médico e a vida do paciente.
Descritores: Erros de Medicação. Prescrição de Medicamentos. Medicamentos com
Prescrição. Medicamentos de Controle Especial. Estudos Transversais.
6
ABSTRACT
OBJECTIVE: Medication errors are currently a public health problem worldwide, being the
most serious limitation. The objective of this study was to examine the practice of prescribing
controlled drugs and their relationship to the prevalence of medication errors for patients of a
Psychosocial Care Center and the importance of inclusion of the pharmacist. METHODS:
Cross-sectional study, prospective study involving 600 prescriptions with controlled drugs.
During the months of August and September 2010 were analyzed all prescriptions received at
the Center for Psychosocial Ocara. The prescriptions were checked for readability, patient
name, date, spelling or handwriting, the prescriber's identification, analysis and use of drug
abbreviations. Prescription errors were assessed by two pharmacists and also analyzed the
socio-demographic profile of patients. RESULTS: There were more females (68.3%), married
patients (45.9%), with income below the poverty level (58.30%). There were difficulties in
identifying the patient in 11.2% and 88.5% were legible. A total of 600 prescriptions, 42 were
observed showed no concentration, 488 showed no route of administration. The drugs most
frequently prescribed were haloperidol, carbamazepine and phenobarbital. There are the
intensive use of abbreviations and not standardized. CONCLUSIONS: In the current study
showed that the city of Ocara most prescriptions were legible, had the dose, dosage form and
dosage, however there has been a significant lack of route of administration and the
predominance of abbreviations, facts that may compromise the medical prescription and the
patient's life.
Key words: Medication Errors. Prescription. Prescription Drugs with. Drugs of Special
Control. Sectional Studies.
7
À Deus por me permitir a vida e que através dela eu
buscasse o conhecimento. Aos meus pais, meus filhos e meu
esposo que me impulsionaram a buscar a cada dia novos
horizontes.
8
SUMÁRIO1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................12
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA EM ESTUDO...............................................12
1.2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA..........................................................................12
2. OBJETIVOS......................................................................................................................14
2.1. Objetivo Geral............................................................................................................14
2.2. Objetivos Específicos.................................................................................................14
3. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................15
3.1. Saúde Mental..............................................................................................................15
3.2. Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)....................................................................16
3.3. Objetivos Específicos do CAPS.................................................................................16
3.4. O CAPS no município de Ocara................................................................................16
3.5. Assistência Farmacêutica (AF)..................................................................................19
3.6. Prescrição médica.......................................................................................................20
3.7. Legislação...................................................................................................................20
3.8. Centro de Atenção Psicossocial..................................................................................21
3.9. Prescrição Médica......................................................................................................23
4. METODOLOGIA..............................................................................................................24
4.1. Desenho do estudo.....................................................................................................24
4.2. Local de estudo...........................................................................................................24
4.3. Amostragem...............................................................................................................25
4.4. Critérios de inclusão...................................................................................................25
4.5. Critérios de exclusão..................................................................................................25
4.6. Instrumento para a coleta do perfil sócio-econômico e demográfico........................26
4.7. Análise dos Dados......................................................................................................26
4.8. Aspectos éticos...........................................................................................................26
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................28
6. CONCLUSÃO...................................................................................................................38
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES....................................................39
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................40
9. APÊNDICES.....................................................................................................................43
APÊNDICE I........................................................................................................................43
APÊNDICE II.......................................................................................................................45
APÊNDICE III......................................................................................................................46
APÊNDICE IV......................................................................................................................47
9
10
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 Demonstrativo percentual dos tipos de transtornos acometidos
pelos usuários do CAPS. Ocara-CE, 2010.17
GRÁFICO 2 Demonstrativo percentual dos pacientes do CAPS por UBASF.
Ocara-CE, 2010.24
GRÁFICO 3 Frequência quanto a presença da concentração nas prescrições.
Ocara-CE, 2010.34
GRÁFICO 4 Frequência quanto a presença da via de administração nas
prescrições. Ocara-CE, 2010.35
GRÁFICO 5 Frequência de abreviatura nas prescrições. Ocara-CE, 2010 36
GRÁFICO 6 Frequência dos psicotrópicos predominantes entre as prescrições
estudadas. Ocara-CE, 20137
11
LISTA DE TABELAS
TABELA I Demonstrativo percentual dos tipos de atendimentos realizados
pela equipe multiprofissional do CAPS . Ocara-CE, 2010.17
TABELA II Demonstrativo percentual sobre os medicamentos dispensados na
ESF SEDE. Ocara-CE, 2010.18
TABELA III Frequência do Perfil sócio-econômico dos pacientes. Ocara-CE,
2010.28
TABELA IV Frequência da História Psiquiátrica nas famílias. Ocara-CE, 2010. 29
TABELA V Frequência da Renda individual dos entrevistados. Ocara-CE,
2010.30
TABELA VI Frequência do uso de medicamentos controlados pelos
entrevistados. Ocara-CE, 2010.31
TABELA VII Frequência dos medicamentos mais utilizados controlados pelos
entrevistados. Ocara-CE, 2010.31
TABELA VIII Frequência quanto ao à presença do nome do paciente nas
prescrições. Ocara-CE, 2010.32
TABELA IX Frequência quanto à legibilidade das prescrições. Ocara-CE, 2010. 32
do
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AF Assistência Farmacêutica
ATC Classificação Anatomic Therapeutic Chemistry
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
ESF Estratégia da Saúde da Família
HD Hipótese Diagnóstica
OMS Organização Mundial de Saúde
UBASF Unidade Básica de Saúde da Família
URM Uso Racional de Medicamentos
do
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA EM ESTUDO
Como farmacêutica trabalhando na Central de Abastecimento Farmacêutica do
município de Ocara desde 2005, observou-se o aumento da demanda de consumo de
psicofármacos desse município.
Em 2010, realizou-se uma pesquisa para verificar o perfil das prescrições de
psicofármacos e o perfil socioeconômico e demográfico dos usuários e os resultados
mostraram que o medicamento mais utilizado foi o Haloperidol com 14,53%.
A população consumidora deste medicamento foi delineada como: mulheres, casadas
ou com união estável e buscavam no CAPS solução para seus problemas depressivos.
Reconhecendo que o uso de psicofármacos é crescente nos municípios cearenses,
surgiu a necessidade de investigar esse problema, entendendo que o farmacêutico pode
contribuir de forma relevante, promovendo o uso racional desses medicamentos.
1.2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1985), diz que o Uso Racional de
Medicamentos (URM) acontece quando os “pacientes recebem medicamentos apropriados a
sua condição clínica, em doses adequadas as suas necessidades individuais, por um período de
tempo adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade”.
Para promoção do uso racional a Política Nacional de Medicamentos (PNM)
recomenda atenção especial ao receituário médico, principalmente em nível ambulatorial no
tratamento de doenças prevalentes. Além de educação dos usuários frente aos riscos de
automedicação, da interrupção e troca de medicamentos prescritos, bem como a necessidade
da receita para dispensação de medicamentos tarjados (BRASIL, 1998).
A prescrição inadequada acarreta dificuldades no entendimento da terapêutica
prescrita, favorece retornos precoces aos consultórios médicos, realização de novos exames,
agravamento de quadros e possíveis seqüelas (NAVES, 2002). E se a informação não é feita
14
corretamente no consultório e reforçada pelo farmacêutico, ainda incentiva a automedicação
pelo raciocínio inadequado de que a similaridade de manifestações condiciona igual terapia.
A profissão farmacêutica passa por transformações com a finalidade de atender novas
demandas sociais de forma interdisciplinar e intersetorial. Considerando a conjuntura da
atuação do profissional farmacêutico e do desempenho da ação educativa prevista pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), é relevante enfocar todos os níveis por onde transitam
os medicamentos, bem como os procedimentos do Uso Racional de Medicamentos.
A implantação de um sistema de atenção farmacêutica na área de problemas
relacionados ao sistema nervoso central se faz necessário, uma vez que, as dúvidas nessa área
são muitas, além disso, a terapia utilizada é repleta de efeitos indesejados que levam grande
parte dos pacientes a abandonar o tratamento ou reduzir a adesão. O farmacêutico pode criar
uma aliança terapêutica com o paciente e sua família. Em qualquer caso, deve contribuir para
a educação dos pacientes e de sua família, adaptando-se ao nível de compreensão de todos
(CASTRO,1998).
A ausência do farmacêutico no CAPS de Ocara, além de aumentar a sobrecarga de
trabalho da sua equipe de profissionais, deixa uma lacuna na atenção especial a esses
receituários médicos e aos pacientes.
15
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Verificar o uso de psicofármacos através da análise das prescrições médicas de
usuários atendidos no Centro de Atenção Psicossocial no município de Ocara – CE.
2.2. Objetivos Específicos
Descrever o perfil sócio-demográfico dos pacientes atendidos no CAPS;
Descrever o perfil das prescrições de psicofármacos no CAPS;
Avaliar as prescrições médicas quanto aos indicadores de qualidade;
Desenvolver instrumentos para a inserção da atuação do farmacêutico no
CAPS.
16
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Saúde Mental
A avaliação de serviços em Saúde Mental ainda é um campo de estudos bastante
recente no Brasil. Os estudos desenvolvidos (Pitta et al. 1995; ) procuraram criar “novos
instrumentos e indicadores de avaliação” capazes de superar os tradicionalmente utilizados
pela clínica psiquiátrica como número de consultas, internações ou procedimentos
laboratoriais, remissão de sintomas, número de altas, diagnóstico, entre outros, considerados
insuficientes para avaliar os serviços criados a partir do processo da Reforma Psiquiátrica.
Para Pitta et al. (1995) a avaliação no campo da atenção psicossocial introduz algumas
especificidades ao campo da avaliação de serviços de saúde em geral. Segundo a autora, todos
os aspectos objetivos e materiais, mais que em outras áreas, estão atravessados pela
intersubjetividade das relações entre usuários, trabalhadores e instituições de saúde,
aumentando as dificuldades já presumíveis nos processos de avaliar qualidade em serviços de
saúde (Pitta, 1995: 448)
A Saúde Mental é normatizada pela Lei N°10.216, 06 de abril de 2001, a qual dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o
modelo assistencial em saúde mental. Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de
transtorno mental, de que trata essa Lei, são assegurados sem qualquer forma de
discriminação quanto a raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política,
nacionalidade, idade, família, recursos econômico e ao grau de gravidade ou tempo de
evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.
De acordo com o Artigo 3° dessa Lei, é responsabilidade do Estado o desenvolvimento
da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de
transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada
em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que
ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
O Conselho Nacional de Saúde Mental é o órgão de consulta do Governo em matéria
de política de saúde mental, nele estando representadas as entidades interessadas no
funcionamento do sistema de saúde mental, designadamente as associações de familiares e de
utentes, os subsistemas de saúde, os profissionais de saúde mental e os departamentos
17
governamentais com áreas de atuação conexas.
3.2. Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
O CAPS é uma instituição brasileira que visa a substituição de hospitais psiquiátricos
– antigos hospícios ou manicômios – e de seus métodos para cuidar de afecções psiquiátricas.
O CAPS, instituído juntamente com os Núcleos de Assistência Psicossocial, através da
Portaria SNAS Nº 224 – 29 de janeiro de 1992, é uma unidade de saúde local que conta com
população definida pelo nível local e que oferece atendimento de cuidados intermediários
entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois turnos de 4 horas, por
equipe multiprofissional, constituindo-se também em porta de entrada da rede de serviços
para as ações relativas a saúde mental (FREITAS, 2005).
3.3. Objetivos Específicos do CAPS
Prestar atendimento em regime de atenção diária;
Gerenciar os projetos terapêuticos, oferecendo cuidado clínico eficiente e
personalizado;
Promover a inserção social dos usuários de ações intersetoriais que envolvam
educação, trabalho, esporte, cultura e lazer;
Dar suporte e supervisionar a atenção a saúde mental na rede básica, ESF
(Estratégia de Saúde da Família), PACS (Programa de Agentes Comunitários
de Saúde);
Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental de sua área
(Portaria GM 336/ 02 de 19 Fev/2002).
3.4. O CAPS no município de Ocara
O município de Ocara possui em torno de 24.371 habitantes, segundo o IBGE, 2008.
18
O CAPS tem 01 ano e 08 meses de atuação, encontram-se cadastrados 489 usuários, o que
representa 1.64% da população total. Estima-se que a proporção de pessoas acometidas por
transtorno mental em dado território seja de 5% da população local.
No gráfico 1 são descritos os tipos de transtornos que acometem os pacientes do CAPS
segundo o CID – 10.
0%
10%
20%
30% ESQUIZOFRENIA (16%)
TRANSTORNO AFETIVOBIPOLAR (10%)TRANSTORNOSESQUIZOAFETIVOS (3%)TRANSTORNOSDEPRESSIVOS (26%)TRANSTORNOSANSIOSOS (25%)RETARDO MENTAL (10%)
OUTROS (10%)
GRÁFICO 1- Demonstrativo percentual dos tipos de transtornos afetivos acometidos pelos usuários do CAPS. Ocara-CE, 2010.
O CAPS possui na sua equipe de profissionais: Enfermeira, Terapeuta Ocupacional,
Psicóloga, Assistente Social e uma Psiquiatra. Na tabela 1 são descritos os atendimentos
realizados pela equipe multiprofissional no CAPS:
TABELA I - Demonstrativo percentual dos tipos de atendimentos realizados pela equipe
multiprofissional do CAPS. Ocara-CE, 2010.
ATENDIMENTOS N° DE PACIENTES PORCENTAGEMAtendimento Psicológico 18 3,68%
Só com anamnese 88 18%Em tratamento, mas ainda sem HD
definida19 3,88%
Em tratamento e com HD definida 364 74,43%Total 489 100%
Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
Devido a ausência do farmacêutico na equipe do CAPS, a dispensação dos
19
medicamentos da Portaria 344/98, a qual aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e
medicamentos sujeitos a controle especial, é feita na UBASF da ESF Sede.
Dentre os grupos de psicofármacos dispensados, os antidepressivos são os mais
utilizados entre os usuários do CAPS de Ocara. Os grupos terapêuticos foram classificados
segundo o WHO-ATC (Anatomic Therapeutic Chemistry). (TABELA II)
TABELA II - Demonstrativo percentual sobre os medicamentos dispensados na ESF SEDE. Ocara-CE, 2010.
GRUPO TERAPÊUTICO N° DE PACIENTES PORCENTAGEMHipnóticos e Ansiolíticos 38 8,10%
Anticonvulsivante 40 8,58%Antipsicótico e Neuroléptico 72 15,50%
Antidepressivo 154 33,33%Antiparkisoniano 24 5,11%
Ansiolítico, Anticonvulsivante e Hiposedativo 28 5,93%Antipsicótico 3 0,70%Neuroléptico 107 23,10%
Total 998 100% Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
As atividades desenvolvidas pela equipe multiprofissional se dividem em:
Atendimento Individual:
Acolhimento (atendimento inicial/triagem, que pode culminar ou não
com a abertura do prontuário no serviço, efetuada pela realização da
anamnese);
Escuta terapêutica;
Orientação (conversa e assessoramento sobre algum tema específico);
Demais atendimentos específicos de cada área de atuação (prescrição
de medicamentos, psicoterapia etc).
Atendimento em grupo: estão sendo realizados periodicamente grupos
terapêuticos e oficinas terapêuticas, conforme descrito abaixo:
Grupo Existir;
Grupo da Terapia Ocupacional;
Grupo de Educação e Saúde;
20
Grupo Renascer.
Atendimento para a família:
Atendimento nuclear e a grupos de familiares;
Atendimento individualizado a familiares;
Visitas domiciliares;
Grupo Terapêutico para Familiares.
Atividades comunitárias: desenvolvidas em conjunto com as diversas
instituições existentes na comunidade, têm como objetivo as trocas sociais, a
integração do serviço e do usuário com a família, a comunidade e a sociedade
em geral. São exemplos as atividades sócio-culturais.
3.5. Assistência Farmacêutica (AF)
Assistência Farmacêutica é um grupo de atividades relacionadas com o medicamento,
destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o
abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a
conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o
acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre
medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da
comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos (Brasil GM n° 3916/98-Política
Nacional de Medicamentos).
Para a efetiva implementação da AF é fundamental ter como princípio básico
norteador o CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, que é um sistema constituído
pelas etapas de seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação,
com suas interfaces nas ações à saúde.
Pensar em um serviço de Assistência Farmacêutica de qualidade seria imaginar um
serviço que contemplasse todos os critérios referentes aos componentes do ciclo da AF, como:
medicamentos bem selecionados conforme as necessidades gerais da população do município;
quantitativos de medicamentos bem programados suficientes a demanda do município;
aquisição de medicamentos de acordo com os requisitos legais indispensáveis garantindo o
21
abastecimento contínuo dos mesmos; armazenamento adequado obedecendo as Boas Práticas
de Armazenamento; distribuição eficaz e em tempo adequado para evitar o desabastecimento
das unidades; ações referentes a dispensação e utilização de medicamentos; desenvolvimento
de campanhas educativas para o uso racional de medicamentos; avaliação e acompanhamento
das ações da AF; desenvolvimento de ações de farmacovigilância; profissionais capacitados
para o desenvolvimento de suas atividades, entre outros. De fato, falar de qualidade em AF
representa um universo amplo e, para que se possa avaliar o nível de qualidade de um serviço,
diversas condições devem ser cumpridas (Correia, 2009).
Dentro do contexto da Assistência Farmacêutica existem pacientes que fazem uso de
medicamentos, cronicamente, para diferentes patologias e, dentre desses os pacientes
assistidos pelos programas de tratamento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Ocara
que contempla inúmeros profissionais de saúde, destacando-se aí a necessidade de
acompanhamento farmacêutico.
3.6. Prescrição médica
Katzung (2003) afirma que “a prescrição é uma ordem médica para preparar ou
fornecer um tratamento específico, geralmente medicação, para determinado paciente” ou
ainda, “uma ordem escrita dirigida ao farmacêutico, definindo como o fármaco deve ser
fornecido ao paciente, e a este, determinando as condições em que o fármaco deve ser
utilizado”.
A necessidade da prescrição para a obtenção do medicamento representa limitação da
liberdade pessoal de busca imediata do alívio da sintomatologia, o que impede que o
indivíduo faça preponderar sua própria experiência e vontade (BLENKINSOPPA, 1996).
É possível observar que a prescrição funciona como um elo que une o prescritor, o
farmacêutico e o paciente. Isto porque durante a avaliação e diagnóstico de um problema
clínico, a abordagem terapêutica frequentemente tomada consiste em uma terapia
farmacológica exigindo a presença da prescrição (LOPES, 2008).
3.7. Legislação
A Lei de Saúde Mental tem como objetivo estabelecer os princípios gerais da política
de saúde mental e regula o internamento compulsivo dos portadores de anomalia psíquica,
22
designadamente das pessoas com doença mental (Art. 1° da Lei N°10.216, 06 de abril de
2001).
A proteção da saúde mental efetiva-se através de medidas que contribuam para
assegurar ou restabelecer o equilíbrio psíquico dos indivíduos para favorecer o
desenvolvimento das capacidades envolvidas na construção da personalidade e para promover
a sua integração crítica no meio social em que vive (§ 1, Art. 2° da Lei N°10.216, 06 de abril
de 2001).
As medidas referidas no número anterior incluem ações de prevenção primária,
secundária e terciária da doença mental, bem como as que contribuam para a promoção da
saúde mental das populações (§ 2, Art. 2° da Lei N°10.216, 06 de abril de 2001).
Os princípios gerais da Lei de Saúde Mental são:
A prestação de cuidados de saúde mental é promovida prioritariamente em
nível de comunidade, ou forma a evitar o afastamento dos doentes de seu meio
habitual e a facilitar a sua reabilitação e inserção social;
Os cuidados de saúde mental são prestados no meio menos restritivo possível;
O tratamento de doentes mentais em regime de internamento ocorre,
tendencialmente, em hospitais gerais;
No caso de doentes que fundamentalmente careçam de reabilitação
psicossocial, a prestação de cuidados é assegurada, de preferência, em
estruturas residenciais, centros de dia e unidades d treino e reinserção
profissional, inseridos na comunidade e adaptados ao grau específico de
autonomia dos doentes.
A prestação de cuidados de saúde mental é assegurada por equipes multidisciplinares
habilitadas a responder, de forma coordenada, aos aspectos médicos, psicológicos, sociais, de
enfermagem e de reabilitação (§ 3, Art. 3° da Lei N°10.216, 06 de abril de 2001).
3.8. Centro de Atenção Psicossocial
23
O CAPS estrutura-se como novo espaço da terapia psiquiátrica, lócus extra-hospitalar,
que presta assistência multiprofissional e busca a reinserção social de seu usuário, prevenindo
internações psiquiátricas desnecessárias e compulsivas, combatendo o preconceito e a
discriminação (CUNHA, 2003).
A Portaria 224/92 do Ministério da Saúde cria oficialmente os CAPS e os define
como:
Unidades de Saúde locais/regionalizadas que contam com uma
população definida pelo nível local e que oferecem atendimento de
cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação
hospitalar, em um ou dois turnos de quatro horas, por equipe
multiprofissional (BRASIL, 2005ª, p. 12).
A instituição do CAPS como suporte especializado da saúde mental junto as Equipes
de Estratégia da Saúde da Família (ESF’s) requer a estruturação de uma política de saúde
mental composta de atividades e ações voltadas a constituição de ambientes favoráveis a
saúde, procurando desenvolver junto ao ESF atividades direcionadas a uma promoção da
saúde mental, além de implementar programas que viabilizem a ressocialização dos pacientes
acometidos de transtornos mentais por meio do Saúde da Família (Souza, 2007).
Essas práticas devem ultrapassar o mais rápido possível os espaços internos dos CAPS
e constituir rompedores dos (pré) conceitos, práticas e relações que impedem a promoção da
saúde mental. Todos precisam estar envolvidos nessa estratégia, questionando e avaliando
permanentemente os rumos da clínica e do serviço (BRASIL, 2004).
Com isso o CAPS tem como objetivo oferecer um espaço de tratamento, reabilitação,
acolhimento, relações interpessoais e produção de novas subjetividades as pessoas portadoras
de transtornos mentais (OLIVEIRA, 2002).
Muitos trabalhos publicados na área de Assistência Farmacêutica no Brasil têm
avaliado o perfil de utilização de medicamentos pela população ou por um grupo restrito de
pacientes e o uso dos medicamentos através de indicadores preconizados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). (Correia, Coelho, 2009).
Os Indicadores são: Indicadores de Prescrição (número médio de medicamentos por
24
consulta, porcentagem de medicamentos prescritos por nome genérico, porcentagem de
consultas nas quais psicotrópicos e porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na
Lista de Medicamentos Essenciais), Indicadores da Assistência ao Paciente (tempo médio de
dispensação, conhecimento de dose correta pelo paciente) e Indicadores de Serviço
(disponibilidade da lista de medicamentos essenciais e disponibilidade de medicamentos-
chave) ficando restrito a alguns aspectos. Eles mostram as práticas gerais de prescrição com
independência dos diagnósticos específicos (Correia, Coelho, 2009).
3.9. Prescrição Médica
A prescrição é reconhecida como importante fonte de problemas relacionados aos
medicamentos, pois se realizada de maneira incorreta pode trazer consequências graves para a
saúde da população, tais como eventos adversos que podem vir a ser letais e dificuldade na
diferenciação entre manifestações de doenças e efeitos adversos da terapêutica, eficácia
ilimitada, resistência a antibióticos, fármaco-dependência, riscos de infecção, não adesão ao
tratamento, entre outros (MARIN et al., 2003; FUCHS, 2006; BRASIL, 2007, v.7).
O Guia de Boa Prescrição (2001) ainda reforça que uma maneira de se saber se
existem problemas relacionados a prescrição em determinado lugar é fazer um simples
inquérito sobre o uso de medicamentos, utilizando os indicadores padronizados pela OMS
para investigar o uso de medicamentos em unidades de saúde (LOPES, 2008).
A literatura científica mostra que vários estudos foram realizados com o objetivo de
identificar indicadores da qualidade da prescrição, dentre eles: Bateman et al., (1996);
Campbell et al. 9200); Gómez-Catro et al. (2003) e Parra et al. (2006). Estes indicadores em
geral são resultado de consenso envolvendo médicos e/ou farmacêuticos.(LOPES, 2008)
Como é difícil descrever um cenário com um único indicador, é importante utilizar um
conjunto de indicadores durante a prática da avaliação (BRASIL,2005).
25
4. METODOLOGIA
4.1. Desenho do estudo
Trata-se de um estudo descritivo, transversal, prospectivo, para avaliação de
prescrições médicas com psicofármacos em um Centro de Atenção Psicossocial no município
de Ocara – CE.
A pesquisa foi realizada em 3 fases:
FASE 1: Apresentação do projeto aos prescritores enfatizando a importância de sua
participação na elaboração de indicadores de avaliação das prescrições adaptáveis com a
realidade local.
FASE 2: Entrevista com os pacientes cadastrados no CAPS para descrição do seu
perfil sócio-demográfico.
FASE 3: Seleção das prescrições médicas por amostragem dividida em estudo piloto e
estudo definitivo.
4.2. Local de estudo
O estudo foi realizado em Ocara – Ceará. O município possui em torno de 24.371
habitantes, 10 Unidades Básicas de Saúde da Família (UBASF) e um CAPS. A seguir tem-se
o percentual de pacientes por cada UBASF.
Gráfico 2 - Demonstrativo percentual dos pacientes do CAPS por UBASF. Ocara- CE,
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%ARISCO DOS MARIANOS
BOLAS
CROATÁ
CURUPIRA
JUREMA DOS VIEIRAS
N. HORIZONTE
SEDE
SERENO
SERRAGEM
VILA SÃO MARCOS
26
2010.
Todas as fases foram realizadas na sala de atividades do CAPS.
4.3. Amostragem
1ª FASE : Apresentação do projeto aos prescritores, enfatizando a sua importância.
2ª FASE (PACIENTES) : Foram entrevistados, em média, 10 pacientes por dia, em
dias alternados, no mês de junho de 2010, totalizando em média 120 pacientes/mês.
3ª FASE (PRESCRIÇÕES): Foram estudadas todas as prescrições do período de
outubro a dezembro de 2009. As amostras foram estudadas em dias alternados, escolhidas 50
prescrições, nos meses de agosto e setembro de 2010, totalizando 600 prescrições/mês.
OBS: O número de prescrições não é necessariamente igual ao número de pacientes.
A amostra de pacientes foi calculada da seguinte forma:
N° DE DIAS ALTERNADOS NO MÊS = 3 DIAS NA SEMANA X 4 SEMANAS NO MÊS
N° DE DIAS ALTERNADOS NO MÊS = 3 X 4 = 12 DIASN° DE PACIENTES X N° DEDIAS ALTERNADOS NO MÊS = 10 X 12 = 120 PACIENTES / MÊS
A amostra de prescrições foi calculada da seguinte maneira:
N° DE DIAS ALTERNADOS NO MÊS = 3 DIAS NA SEMANA X 4 SEMANAS NO MÊS
N° DE DIAS ALTERNADOS NO MÊS = 3 X 4 = 12 DIAS
N° DE PRESCRIÇÕES X N° DE DIAS ALTERNADOS NO MÊS = 50 X 12 = 600
PRESCRIÇOES / MÊS
4.4. Critérios de inclusão
Prescrições contendo dois ou mais psicofármacos foram aceitas, estas que foram
realizadas no período do estudo. Todos os grupos de psicofármacos foram aceitos. Pacientes
de ambos os sexos e com idade acima de 10 anos foram inclusos no estudo.
27
4.5. Critérios de exclusão
Prescrições de pacientes usuários do serviço que não receberam uma prescrição
médica contendo psicofármacos no final da consulta e prescrições de usuários de outro
município.
4.6. Instrumento para a coleta do perfil sócio-econômico e demográfico
Foram elaborados dois questionários para a coleta de dados para delinear o
perfil sócio-econômico e demográfico, problemas de saúde e dados sobre o tratamento
farmacológico dos usuários do CAPS.
O primeiro questionário foi adaptado de Passos (2008) para coletar dados
socioeconômicos dos pacientes: idade, sexo, escolaridade, raça, profissão, estado civil, renda
familiar, tipo de moradia e, ainda, informações sobre os problemas de saúde. A entrevista com
os pacientes foi realizada às 9:00 da manhã no CAPS em dias alternados. O paciente foi
abordado e entrevistado individualmente em uma sala reservada. Foi entregue o Termo de
Consentimento e Esclarecimento Livre para o paciente ser informado sobre o projeto e seus
fins (Apêndice IV). Ao termino da leitura, havendo concordância por parte do paciente, foi
realizada a entrevista através do questionário do perfil socioeconômico. Cada entrevista teve
em média 30 minutos, podendo ter esse tempo ultrapassado.
O segundo questionário, por sua vez, investigou os principais dados referentes ao
tratamento farmacológico, a partir das prescrições médicas. A avaliação da legibilidade das
prescrições foi feita por dois farmacêuticos, levando-se em conta a dificuldade em realizar a
leitura das prescrições médicas.
4.7. Análise dos Dados
Os dados foram armazenados e analisados por meio do programa Epi Info, versão
3.5.1 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos).
4.8. Aspectos éticos
28
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Ceará sob o nº de protocolo 114/10 (Anexo 1) e autorização da Secretaria da Saúde
de Ocara (Apêndice III).
Os pacientes foram submetidos ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice IV). A pesquisa manteve em todas as etapas do processo, o anonimato dos usuários
do CAPS, garantindo a não divulgação dos nomes de tais sujeitos.
29
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas 120 entrevistas com 82 pacientes do sexo feminino e 38 do sexo
masculino. A média da idade foi de 39,9 anos, variando de 11 a 86 anos. A maioria dos
pacientes (n= 54) é natural de Ocara, sendo o restante (n= 66) de Aracoiaba. Os dados acerca
da situação conjugal dos participantes demonstraram que 50 são solteiros, 55 vivem em união
estável/casados, 9 são viúvos e 6 separados. A média, para quem tinha filhos, foi de 3,8 filhos
por entrevistado. Quanto a escolaridade, a maior parte dos entrevistados possui o ensino
fundamental incompleto (n= 50). Em relação a religião, 91 são católicos. Dos que apresentam
outra patologia, além de diabetes e cardiopatias, 23 tem hipertensão. Na tabela I, são
demonstrados esses dados.
Tabela III - Frequência do perfil sócio-econômico dos pacientes.
Sexo Masculino 38 (31,7%) Feminino 82 (68,3%)Naturalidade Ocara 54 (45%) Aracoiaba 66 (55%)Estado civil Solteiro 50 (41,7%) Casado/união estável 55 (45,9%) Viúvo 9 (7,5%) Separado 6 (5,0%)Filhos Sim 78 (65%) Não 42 (35%)Escolaridade Analfabeto 29 (24,2%) Ensino fundamental incompleto 50 (41,7%) Ensino fundamental completo 14 (11,7%) Ensino médio incompleto 13 (10,8%) Ensino médio completo 9 (7,5%) Ensino superior incompleto 3 (2,5%) Ensino superior completo 2 (1,7%)Religião Católica 91 (75,8%) Evangélica 22 (18,3%) Sem religião 7 (5,8%)Patologias Diabetes 2 (1,7%) Hipertensão 23 (19,2%) Cardiopatias Outras
3 (2,5%)6 (5,0%)
Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
30
O perfil sócio-econômico e demográfico da população mostra semelhança com o perfil
dos usuários da ESF de outros municípios cearenses (JORGE et al, 2007): predomínio do
sexo feminino, baixa escolaridade e com baixa renda. Portanto verifica-se nessa população o
retrato da desigualdade social ainda vigente no país, o que interfere na saúde mental das
pessoas, aumentando a demanda dos serviços de saúde (PASSOS, 2008).
Autores como Fonseca (1999) e Oliveira (2000) mostram que os serviços de saúde
geralmente se organizam para atender a mulher no seu ciclo gravídicopuerperal, como no
acompanhamento pré-natal, assistência ao parto e puerpério,e mesmo assim de forma
deficiente. Verificamos, então, que o sistema de saúde, daforma como funciona, não atende as
especificidades da mulher, na medida em que está voltado somente para os aspectos físicos e
biológicos, sem levar em conta sua subjetividade. Não se percebe que as queixas recebidas –
na maioria das vezes expressas por sintomas físicos ou psíquicos – são decorrentes de
problemas econômicos e sociais, de desajustes familiares, dentre outros, e devem ser
entendidas de uma maneira mais abrangente. Sem saber lidar com esses problemas, lança-se
mão da medicação como único recurso disponível e de fácil acesso (CARVALHO, 2003).
No nosso estudo, a maioria dos entrevistados (n= 118) registrou a existência de casos
de transtorno mental na família, fato esse demonstrado na tabela II.
Tabela IV - Frequência da História Psiquiátrica nas famílias
H. PSIQUIÁTRICA FREQUÊNCIA PORCENTAGEMSIM 118 98,30%NÃO 2 1,70%
TOTAL 120 100,0% Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
Kaplan e Sadock (1998) afirmam que é elevada a incidência dos transtornos de humor
e ansiedade na população. Estudos conduzidos em populações ocidentais demonstram que
cerca de 90% da morbidade psiquiátrica encontradas eram caracterizadas por distúrbios não
psicóticos, principalmente depressão e ansiedade (CHENG, 1998; GOLDBERG, HUXLEY,
1992).
Dos participantes, 5 relataram morar sozinhos, 55 moram com cônjuge e filhos, 52
vivem com os pais, 6 vivem com familiares, que incorporam parentes e amigos. Dos
entrevistados, 103 tem moradia própria, 4 moram em imóveis alugados e 13 moram em
31
residências cedidas por outros. Dessas moradias, 38 as consideram boa, 60 como regular e 22
como precária. A maioria apresenta um bom relacionamento familiar (n =72).
Em relação ao recebimento de benefícios, 63 participantes afirmaram têlos e 57 não. O
número de dependentes variou entre 1 a 10, com média de dependente igual a 3,9. Dos
participantes, 86 trabalham e 34 não. Dentre os que estão trabalhando, a maioria era agricultor
(n =46), seguido de autônomos (n= 23) e doméstica (n= 17). Esse é o perfil da maioria da
população de Ocara, a maioria são agricultores que vivem da própria produção familiar, o
restante faz trabalhos temporários sem renda fixa.
A renda pessoal ou individual dos entrevistados se concentra na faixa de até um salário
mínimo mensal (n= 70). Entre os participantes, 35 não possuem renda. Poucos entrevistados
têm renda superior a essa faixa: 9 declararam receber entre 700,00 e 1.050,00 reais. Na renda
familiar, a maioria (n= 62) é até um salário mínimo. O número de dependentes variou entre 1
a 10, com média de dependente igual a 3,9.
TABELA V- Frequência da Renda Individual dos entrevistados
RENDA INDIVIDUAL FREQUÊNCIA PORCENTAGEMATÉ R$ 510,00 70 58,30%
SEM RENDIMENTO 35 29,2%DE R$ 501,00 A R$ 700,00 9 7,50%DE R$ 701,00 A R$ 1050,00 6 5,00%DE R$ 1051,00 A R$ 1750,00 0 0,00%
TOTAL 120 100,0% Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
Em relação aos hábitos, 109 não consomem bebida alcoólica, e a maioria (n= 81) não
fumam. Na literatura, há relatos de associação entre depressão e o convívio diário em
ambientes de violência, pobreza, uso de drogas, álcool e poluição. Por outro lado, condições
sócio-econômicas desfavoráveis tais como:condições inadequadas de moradia, ausência ou
baixa escolaridade, desemprego estão associados a violência (MARÍN-LEÓN et AL., 2003).
A maioria (n= 95) não praticam atividade física. Dos que praticam (n=25), a principal
atividade física foi a caminhada (n=6), seguida de futebol (n=5) e alongamento (n=2).
Quanto ao histórico medicamentoso, observou-se que a maioria dos entrevistados (n=
107) usava psicotrópicos e três entrevistados não usavam.
32
Tabela VI - Frequência do uso de medicamentos controlados pelos entrevistados
USOU MEDICAMENTOS CONTROLADOS
FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
SIM 107 97,50%NÃO 3 2,50%
TOTAL 120 100,0% Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
Os medicamentos psicotrópicos mais utilizados pelos participantes são: Fluoxetina,
Diazepam, Haloperidol, Clonazepam e Amitriptilina.
Tabela VII - Frequência dos medicamentos mais utilizados pelos entrevistados
USOU MEDICAMENTOS CONTROLADOS
FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
HALOPERIDOL 26 14,53%FLUOXETINA 22 12,29%
DIAZEPAM 20 11,17%CLONAZEPAM 16 8,94%
AMITRIPTILINA 14 7,82%OUTROS* 81 45,25%
TOTAL 179 100,0%*Outros: Carbonato de Lítio comp(n=10); Valproato de sódio (n=10); Imipramina comp (n=15);
Levomepromazina (n=15), Biperideno (n=15), Clorpromazina (n=16) Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
A fluoxetina tem ação anorexígena, além de antidepressiva, o que constitui em
possível explicação para o consumo elevado em relação aos outros antidepressivos.
Acrescente-se a esta, o fato de que este fármaco assumiu importante papel no imaginário da
população, em razão de que a fluoxetina poderia resolver todos os problemas emocionais do
indivíduo. Esta concepção é bastante estimulada pelo marketing das indústrias produtoras,
com possível reflexo sobre o prescritor (ANDRADE, 2004).
Devido a ação antidepressiva da fluoxetina, vem a tona a realidade da maioria dos
pacientes entrevistados, já que os mesmos quando eram questionados sobre sua história
psiquiátrica, a maioria referia buscar no CAPS solução para seus problemas depressivos, a
maioria de cunho depressivo com diagnóstico confirmado pelos médicos do CAPS.
Com relação ao que sentem quando tomam o medicamento, 73 sentem alívio, 17
dependência, 14 não sentem efeito nenhum, 11 sentem que estão curados e dois tomam por
33
obrigação. Nos últimos 15 dias, a maioria dos participantes (n= 84) não tomou nenhum outro
tipo de medicamento. O mesmo ocorre ao período anterior aos últimos 15 dias, 111 não
tomaram outro tipo de medicamento.
Quanto à avaliação das prescrições, das 600 analisadas, a maioria (n=529) possuía o
nome do paciente, sendo que 2 não possuíam e 67 estavam ilegíveis (11,8%). A maioria tinha
a data (n=572) e a assinatura (n=588).
Segundo Luiza (2004), a prescrição médica constitui o documento que firma o acordo
estabelecido entre o médico e o paciente ou seu cuidador. Assim, a assinatura e o carimbo,
além de serem exigências legais, constituem uma possibilidade concreta de responsabilizar o
prescritor e identificá-lo em caso de dúvidas ou problemas. Por outro lado, a ausência de
informações quanto a posologia, dosagem e duração do tratamento nas receitas não só
dificulta possíveis orientações feitas pelos dispensadores, como também aumenta o risco
potencial de utilização inadequada (GUIMARÃES,2008).
Tabela VIII- Frequência quanto à presença do nome do paciente nas prescrições
PRESENÇA DO NOME DO PACIENTE FREQUÊNCIA PORCENTAGEMSIM 531 88,5%NÃO 2 0,3%
ILEGÍVEL 67 11,2%
TOTAL 600 100,0% Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
Quanto à legibilidade, 529 estavam legíveis e 71 não estavam. Dentre os que estavam
ilegíveis, a maioria estava confusa (n=69) e dois de forma ambígua.
Tabela IX - Frequência quanto à legibilidade das prescrições
NOME MEDICAMENTO FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
SIM 529 88,2%
NÃO 71 11,8%
TOTAL 600 100,0% Fonte: Pesquisa direta. Ocara, 2010
Os dados apresentados quanto à legibilidade das receitas apontam importante
credibilidade das prescrições de controle especial, facilitando o momento da dispensação pelo
profissional farmacêutico. A dificuldade da letra do prescritor tem sido responsável por relatos
34
de graves problemas de saúde, sendo, inclusive, classificada como falta ética pelo Art. 39 do
Código de Ética Médica (CFM, 2003). O aviamento de prescrições nestas condições pode
levar a erros de manipulação com a possibilidade de não atingir o efeito terapêutico desejado
ou o aparecimento de reações não desejadas e inclusive fatais (ANDRADE, 2004).
Quando se deseja estudar/avaliar prescrições, o recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS, 1985) é que “pacientes recebem medicamentos apropriados a sua
condição clínica, em doses adequadas as suas necessidades individuais, por um período de
tempo adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade”.
Uma prescrição incorreta pode acarretar um aumento no índice de automedicação. O
farmacêutico é responsável pela orientação dos pacientes quanto a tomada do medicamento,
explicando as alterações, dosagem certa, como também tirar eventuais dúvidas do usuário/ou
acompanhante de maneira simplificada sobre os efeitos adversos, colaterais e o número de
doses que o usuário deve tomar ao dia (DENISE,2009)
A maioria das prescrições (n=558) apresentou a concentração do medicamento e 42
não apresentou. Dos que apresentaram a concentração, 494 estavam corretas e 64 Incorretas,
sendo isso uma limitação relevante para a avaliação das prescriçrições.
A prescrição dos psicofármacos com a omissão da concentração ou concentração
duvidosa é importante nesse tipo de tratamento. É fundamental a administração da dose
correta evitando reações adversas ou não alcançando os objetivos farmacoterapêuticos.
CORRETA
INCORRETA
0 100 200 300 400 500 600
494
64
35
Gráfico 3 - Frequência quanto à presença da concentração nas prescrições
Quanto à forma farmacêutica, 529 das prescrições apresentam. Destes, 458 tiveram a
forma escrita corretamente. Segundo a ANVISA (Brasil, 2008) medicamento é todo "produto
farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa
ou para fins de diagnóstico. É uma forma farmacêutica terminada que contém o fármaco,
geralmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos". Ou seja, quando falamos em
"medicamento certo", nos referimos ao fármaco apresentado em determinada forma
farmacêutica, para utilização por uma via específica. Este ponto do princípio de Galeno que
estamos utilizando como norteador nesta discussão não pode ser contemplado quando é
impossível identificar a forma farmacêutica ou a via de administração a ser utilizada para um
medicamento. Assim, os pacientes podem receber um medicamento numa forma farmacêutica
ou por uma via que não seja a mais adequada no seu caso. O problema poderá se tornar ainda
mais crítico se,além deste dado, não pudermos identificar o prescritor (CRUCIOL-SOUZA,
2008).
A ausência de informações quanto a posologia, dosagem e duração do tratamento nas
receitas não só dificulta possíveis orientações feitas pelos dispensadores, como também
aumenta o risco potencial de utilização inadequada, uma vez que os medicamentos ali
dispensados não são acompanhados de bulas (GUIMARÃES, 2008).
Quanto a via de administração, 488 das prescrições não apresentaram. Estes números
podem ser muito significativos, pois a presença desta informação é de fundamental
importância para a redução dos riscos de medicação. O medicamento poderá ser administrado
em uma via inadequada, podendo gerar graves danos ao paciente.
Na literatura, estudos relatam a ocorrência de morte como resultado de erro de via de
administração, cuja escolha é dependente do efeito desejado pelo médico e, assim, dependente
da prescrição (SILVA, 2007).
36
Presente19%
Ausente81%
Gráfico 4 - Frequência quanto à presença da via de administração nas prescrições.
A maioria (n=524) apresentaram a posologia, dentre elas 477 estavam corretas.
Quinhentos e uma prescrições analisadas apresentaram abreviaturas, destas a maioria se
concentra na posologia e forma farmacêutica.
Estudos afirmam que as prescrições médicas não devem conter abreviações, uma vez
que podem causar dúvidas nos outros profissionais, e consequentemente conduzir ao erro
(GUIMARÂES, 2008).
0
100
200
300298
159
44
Abreviaturas
37
Gráfico 5 - Frequência quanto à presença de abreviatura nas prescrições.
A falta de padronização e o frequente uso de abreviaturas mostram falhas latentes que
podem contribuir para a ocorrência de erros de medicação. A utilização de abreviaturas em
prescrições médicas está entre as causas mais citadas de erros de medicação por seu potencial
de confusão e falhas de comunicação, sendo já antiga a idéia de eliminar o seu uso (ROSA,
2009).
Dos entrevistados, 546 (91%) utilizavam apenas um tipo de medicamento e 54( 9%)
mais de um, destes a maioria utilizava dois medicamentos. Todos esses tipos de erros de
prescrição relatados anteriormente são preocupantes do ponto de vista de segurança do
paciente. Podendo levar a disponibilidade de quantidades equivocadas, formas inadequadas,
doses e posologias incorretas e principalmente, troca de medicamentos, sendo este último
mais agravante para a saúde do paciente (LUIZA, 2004).
A falta de informação na prescrição pode interferir com a comunicação
interprofissional, prejudicando-a, e pode levar a erros de medicação ao paciente. Prescrições
incompletas impedem a eficiência do trabalho de dispensação dos medicamentos, colocando
em risco a qualidade da assistência farmacêutica ao paciente (CRUCIOL ,2008).
Das 600 prescrições analisadas, 54 (9,0%) possuíam mais de um medicamento. Dentre
os medicamentos mais prescritos, o Haloperidol aparece em 21,8% das prescrições, seguido
da Carbamazepina (20,9%), Fenobarbital(17,3%) e a Prometazina (9,1%).
38
HALOPERIDOLCARBAMAZEPINA
FENOBARBITALPROMETAZINA
FENITOINABIPERIDENO
CLORPROMAZINANEOZINE
AMITRIPTILINACARBONATO DE LITIO
FLUOXETINAIMIPRAMINA
VALPROATO DE SODIO
0 5 10 15 20 25 30
2423
1910
7666
322
11
Gráfico 6 - Frequência dos psicotrópicos predominantes entre as prescrições
estudadas.
39
6. CONCLUSÃO
O presente estudo evidenciou que mulheres, casadas, com filhos, com baixo índice de
escolaridade e com renda inferior a um salário mínimo podem ser fatores determinantes para
uma maior utilização de psicofármacos. Vale ressaltar que o uso prolongado e indiscriminado
destes medicamentos podem levar a complicações como Reações Adversas, risco de
dependência e custos sócio-econômicos.
Neste contexto, se faz necessário a Promoção do Uso Racional de Psicofármacos no
intuito de garantir a segurança do paciente, eficácia terapêutica e adesão ao tratamento. Um
aspecto importante para o uso racional desses fármacos seriam prescrições adequadas e com
qualidade. No atual estudo observou-se que no município de Ocara a maioria dos receituários
eram legíveis, possuíam a dose, a forma farmacêutica e a posologia, em contrapartida notou-
se uma carência expressiva da via de administração e o predomínio de abreviaturas, fatos que
podem comprometer o receituário médico e a vida do paciente.
40
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Tendo em vista que os Transtornos Mentais Comuns (TMC) são altamente prevalentes
e têm sido consistentemente associados a piores condições socioeconômicas em diferentes
países, torna-se cada vez mais relevante estudos que enfoquem o perfil da população que
utiliza os psicofármacos, bem como a qualidade das prescrições destes medicamentos.
A informação a respeito do medicamento é essencial e pode ser decisiva no sucesso
terapêutico. Neste sentido, torna-se importante aprimorar meios de fornecer informações ao
paciente. Isso envolve a organização de programas de educação continuada para os
profissionais da instituição, formação de equipe multiprofissional qualificada, reorganização
do tempo dedicado à orientação quanto à prescrição no consultório médico, atuação direta do
farmacêutico no que se refere à orientação e dispensação dos medicamentos, bem como a
conscientização dos profissionais e dos pacientes no que concerne ao Uso Racional do
Medicamento.
41
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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44
45
9. APÊNDICES
APÊNDICE I
QUESTONÁRIO DO PERFIL SOCIOECONÔMICO
DADOS PESSOAIS1.Data de Nascimento:2. Sexo: 1.Masculino 2.Feminino3. Naturalidade:4. Estado Civil: 1.Solteiro 2.Casado/União Consensual 3.Separado 4.Viúvo5. Filhos: 1.Sim 2.NãoSe sim, quantos:6. Bairro /Município:7. Escolaridade:1.Analfabeto 5.Ensino médio completo2.Ensino fundamental incompleto 6. Ensino superior incompleto3.Ensino fundamental completo 7.Ensino superior completo4.Ensino médio incompleto 8.Informação inexistente8. Religião:9.Histórico de outras patologias:
Diabetes 1. Sim 2. NãoHipertensão 1. Sim 2. NãoCardiopatias 1. Sim 2. NãoOutras (especificar):
10. História psiquiátrica:1. Sim 2.Não 3. NS/NRDADOS FAMILIARES1.Com quem mora:
1.Sozinho 4.Parentes/ amigos2.Família de origem 5.Sem residência fixa3.Família conjugal 6.Outros (especificar):__________________________
2.Relacionamento familiar: 1.Ótimo 2.Bom 3.Regular 4.RuimDADOS SOCIO-ECONÔMICOS1. Profissão:2.Trabalha atualmente: 1. Sim 2.Não
Se sim, que profissão:3.Renda Individual: 4.Renda Familiar: (1) Até 510,00 (m1) (2) 501,00 – 700,00 (2) (3) 701,00 – 1.050,00 (3) (4) 1.051,00 – 1.750,00 (4) (5) 1.751,00 – 3.500,00 (5) (6) SEM RENDIMENTO (6)4. Recebe benefício: 1. Sim 2.Não5.Número de dependentes da renda familiar (incluindo paciente):6. Status da moradia: 1.Própria 2. Alugada 3.Outros:____________7. Condições de moradia: 1. Boa 2. Regular 3.PrecáriaDADOS SOBRE HÁBITOS1. Ingestão de bebida alcoólica:
1. Não bebe 4. 2 ou 3 dias da semana2. Ocasionalmente 5. 4 ou mais dias na semana3. 1 dia da semana
46
2.Tabagismo: 1.Nunca fumou 2.Ex-fumante 3.Fumante3.Atividade Física: 1.Pratica 2.Não pratica Se pratica, qual: ____________________________DADOS SOBRE USO DE MEDICAMENTO1. Já fez uso de medicamento controlado:1. Sim 2.Não 3.NS/NRSE SIM, RESPONDA A QUADRO 1OBS: SE NS/NR, SABER SE O PACIENTE LEMBRA DAS INFORMAÇÕES PARA RESPONDER O QUADRO 1; SE SIM, RESPONDER QUADRO 1.2. O que você sente ao usar o medicamento controlado?
1. Alívio 4. Obrigação2. Cura 5. Inúti/Sem efeito3. Dependência 6. Outros: _______________________________________
2.Usou algum outro medicamento nos últimos 15 dias: 1.Sim 2.Não 3.NS/NRSE SIM, RESPONDA A QUADRO 23.Usou algum outro medicamento em período anterior à última quinzena: 1.Sim 2.Não 3.NS/NRSe sim, quais: ______________________________________________________________
Questionário adaptado Passos, A.C.B, 2008
47
APÊNDICE II
FORMULÁRIO: TRATAMENTO FRMACOLÓGICO
NOME COMPLETO DO PACIENTE:1. SIM 2. NÃO 3. ILEGÍVEL
DATA:1. SIM 2. NÃO
ASSINATURA:1. SIM 2. NÃO
O NOME DO MEDICAMENTO ESTÁ LEGÍVEL:1. SIM 2. NÃO
SE NÃO, É AMBÍGUO OU CONFUSO?
PODE CONFUNDIR COM?
CONCENTRAÇÃO DO MEDICAMENTO?1. SIM 2. NÃO
SE SIM, A CONCENTRAÇÃO ESTÁ CORRETA?
FORMA FARMACÊUTICA1. SIM 2. NÃO
SE SIM, A FORMA FARMACÊUTICA ESTÁ CORRETA?
VIA DE ADMINISTRAÇÃO1. SIM 2. NÃO
POSOLOGIA1. SIM 2. NÃO
SE SIM, A POSOLOGIA ESTÁ CORRETA?
UTILIZA ABREVIATURA?1. SIM 2. NÃOONDE:
UTILIZA MAIS DE UM MEDICMENTO:1. SIM 2. NÃOSE SIM, QUANTOS?QUAIS MEDICAMENTOS?
48
APÊNDICE III
Solicitação de Anuência da Secretaria Municipal de Saúde
Eu, Maria de Fátima Viana Góis, Secretária de Saúde do município de Ocara, declaro
que fui informada dos objetivos da pesquisa, e concordo em autorizar a execução da mesma
neste município na ESF Sede e no CAPS. Sei que a qualquer momento posso revogar esta
autorização sem a necessidade de prestar informação adicional.
Declaro também que não recebi ou receberei qualquer tipo de pagamento por esta
autorização.
Fortaleza, ____de _____________ de 2010.
___________________________
Maria de Fátima Viana Góis
Secretária de Saúde
49
APÊNDICE IV
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (T.C.L.E)
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Você não
deve participar contra a sua vontade. Leia atentamente as informações abaixo e faça qualquer pergunta
que desejar, para que todos os procedimentos desta pesquisa sejam esclarecidos. Esclareço também
que a entrevista terá um tempo médio de 30 minutos.
O presente estudo tem como objetivo avaliar o uso de psicofármacos através do estudo de
prescrições médicas de usuários atendidos no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no município de
Ocara – CE.
Através desse estudo, podemos conhecer melhor os pacientes atendidos no CAPS e suas
necessidades. E avaliar a importância do profissional farmacêutico no acompanhamento desses
pacientes. A entrevista será individual, evitando assim possíveis constrangimentos ao paciente.
Declaro que fui orientado (a) sobre os objetivos e finalidades deste estudo, não havendo
nenhuma dúvida a respeito. Compreendo que não sou (paciente) obrigado a participar deste estudo, e
estou ciente de que posso desistir de participar a qualquer momento. O nome do paciente não será
utilizado nos documentos pertencentes a esse estudo e a confidencialidade dos registros médicos será
garantida.
JERUZA MARIA SANTOS LIMAESCOLA DE SÁUDE PÚBLICAAV. ANTONIO JUSTA, 3161 – MEIRELES85 92021933
O abaixo assinado _______________________________, ____, RG nº
______________ declara que é de livre e espontânea vontade que está participando como voluntário
da pesquisa. Eu declaro que li cuidadosamente este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e
que, após sua leitura tive oportunidade de fazer perguntas sobre o consentimento do mesmo, como
também sobre a pesquisa e recebi explicações que responderam por completo minhas dúvidas. E
declaro ainda estar recebendo uma cópia assinada deste Termo.
Ocara, ____/___/____
Nome do Voluntário: _____________________________ DATA:____/____/_____
Assinatura: _____________________________________
50
Nome do Pesquisador: ____________________________ DATA:____/____/_____
Assinatura: _____________________________________
Nome da Testemunha (se o paciente não souber ler): _____________________________
DATA:____/____/______
Assinatura: _____________________________________