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Pedagogia 2010
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1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA
LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE
MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE- MEB: SUA
RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA NO MUNICIPIO DE SENHOR
DO BONFIM-BAHIA, NO PERÍODO DE 1961 A 1964.
Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Linha de Pesquisa: Memória, Cultura e História da Educação. Orientadora: Profª Drª Maria Gloria da Paz
SENHOR DO BONFIM 2010
2
LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE
MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE- MEB: SUA
RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA NO MUNICIPIO DE SENHOR
DO BONFIM-BAHIA, NO PERÍODO DE 1961 A 1964.
Monografia apresentada ao Departamento de Educação-
Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte
dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de
Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de
Processos Educativos.
Aprovada em ____ de ________________ de 2010.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Profª Drª Maria Gloria da Paz Universidade do Estado da Bahia –UNEB
Orientadora
_____________________________________________________
Profª. Msc. Simone Ferreira de Souza Wanderely Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Examinadora
_____________________________________________________
Profª. Msc. Maria Elizabeth de Souza Gonçalves Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Examinadora
3
DEDICATÓRIA
Aos meus PAIS Otávio Batista da Silva e Dalva
Andrade da Silva (in memoriam), em eterna gratidão por tudo o quanto significaram de importante na minha vida – Exemplos do que sou.
Aos meus IRMÃOS Luciene e Luciano, no sentido de externar aquilo que o cotidiano vacila em não revelar – Sem vocês a minha vida não teria sentido.
Às minhas FILHAS amadas Larissa e Luana,
verdadeiras preciosidades – Presente maior de DEUS na minha vida. – Amo-as de todo o meu coração.
4
AGRADECIMENTOS
A DEUS, fonte inesgotável de equilíbrio e sabedoria e que se configura, de forma mais efetiva, no imenso AMOR que carrego dentro de mim.
A JOSÉ AMÉRICO ALVES DE ARAGÃO e as IRMÃS MILITÃO, pelo cuidado e o carinho dispensados a mim, no meu processo de alfabetização – elementos
importantíssimo na minha formação humana. Ao CORPO DOCENTE, SERVIDORES E ESTUDANTES do Centro Educacional
Professora Isabel de Queiroz (1974 – 1982), pela ajuda no processo de transição entre a criança e o adulto, sempre alicerçada nos valores morais. Aos(as) AMIGOS(AS) DE INFÂNCIA, porque se não fossem verdadeiros(as), não estariam comigo hoje em dia. Aos(as) AMIGOS(AS) CONQUISTADOS(AS) na minha trajetória de vida, pelo incentivo, pelos sims e pelos nãos, como fatores de equilíbrio e engrandecimento pessoal. Aos FUNCIONÁRIOS e FUNCIONÁRIAS da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, principalmente àqueles(as) que entendem a minha mensagem e dispensaram muito carinho e respeito pela minha pessoa. A todos(as) eles(as) a minha eterna graditão. Aos(às) ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA, em particular à Turma de 2004, cuja caminhada será sempre lembrada com muito carinho e uma certa dose de saudade. Às Professoras CLÉLIA FREITAS e OSVALDINA JAMBEIRO, pela contribuição
fundamental dos seus depoimentos – Sem eles, nosso trabalho não teria a mesma consistência. Ao CORPO DOCENTE da Universidade do Estado da Bahia-UNEB e, em especial, aos Docentes do Curso de Pedagogia, cujos ensinamentos me ajudaram a estender e a ressiginificar as minhas diversas concepções de mundo e de vida.
5
A minha orientadora PROFª DR. MARIA GLÓRIA DA PAZ por manter nas suas raízes laços de família para comigo e, principalmente, pelas lições necessárias, desde sempre, até a conclusão deste trabalho. Ao povo de DONA DALVA (minha mãe) que, depois da sua partida, me adotaram
como filho, sobrinho, neto e etc., o que me torna uma pessoa privilegiada. Aos(às) AMIGOS(AS) que se encontram em OUTROS PLANOS DIMENSIONAIS e em OUTROS CANTOS, em reconhecimento ao quão importantes foram e são, para que chegasse até aqui. A todos(as) os PROFESSORES e PROFESSORES que marcaram a minha vida estudantil, porque também aprendi que toda pessoa sempre é a marca das lições diárias de outras tantas pessoas. Ás CRIANÇAS do Centro Educacional Professora Edneilda Marque (Escola Bem-
Me-Quer) que, durante o meu período de estágio, me mostraram a grande lacuna que existe entre a teoria e a prática. A vocês o meu obrigado carinhoso.
6
EPÍGRAFE (em dobro)
"Não é possível refazer este país, democratizá-lo,
humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes
brincando de matar gente, ofendendo a vida,
destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade,
sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo
Freire)
“Sou um homem de causas. Vivi sempre
pregando, lutando, como um cruzado, pelas
causas que comovem. Elas são muitas, demais: a
salvação dos índios, a escolarização das
crianças, a reforma agrária, o socialismo em
liberdade, a universidade necessária. Na verdade,
somei mais fracassos que vitórias em minhas
lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter
ficado ao lado dos que venceram nessas
batalhas.” (Darcy Ribeiro)
7
RESUMO
Objetivamos, neste trabalho, reconstituir a história do Movimento de Educação de Base-MEB, na região de Senhor do Bonfim, nos anos 60, através dos relatos de duas professoras participantes deste movimento, que foi criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB. A metodologia utilizada neste estudo foi a História oral e a coleta de relatos se deu através de uma entrevista direcionada por um roteiro previamente estruturado, gravada e transcrita posteriormente. As colaboradoras deste trabalho são duas professoras que indicadas pelo Bispo Diocesano da época D. Antonio Monteiro, assumiram a coordenação pedagógica do programa na região. Procuramos, mais especificamente, reconstituir através de relatos orais um dos acontecimentos que permitiu a participação do município de Senhor do Bonfim, numa das grandes experiências da educação popular a das Escolas Radiofônicas – pioneiras da atual concepção de Ensino à distância-EaD.
Palavras- chave: Movimento de Educação de Base – Reconstrução Histórica
8
LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLA SIGNIFICADO
CEPLAR Campanha de Educação Popular da Paraíba
CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CPC Centro Popular de Cultura
EaD Educação à Distância
MCP Movimento de Cultura popular
MEB Movimento de Educação de Base
PNA Programa Nacional de Alfabetização
RENEC Representação Nacional das Emissoras Católicas
UNE União Nacional dos Estudantes
UNEB Universidade do Estado da Bahia
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Cultura, Educação e
Esportes
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA HISTÓRICO PÁGINA
01 Cartilha Benedito ANEXO
02 Cartilha Jovelina ANEXO
03 Cartilha Viver É Lutar ANEXO
04 Cartilha Mutirão – 1º Livro ANEXO
05 Cartilha Mutirão – 2º Livro ANEXO
06 Cartilha Mutirão – 2º Livro para Leitura ANEXO
07 Cartilha Mutirão para a Saúde ANEXO
FONTE: Disponível em http://www.forumeja.org.br/book/export/html/1435
10
LISTA DE MAPAS
MAPA HISTÓRICO PÁGINA
01 Mapa do Território de Identidade do Piemonte Norte do Itapicurú, Bahia, 2004
27
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
1. CAPÍTULO I – O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE: COOPERAÇÃO NA FORMAÇÃO INTEGRAL DE ADULTOS E ADOLESCENTES.
14
1.1. O Contexto Político, Social e Educacional 14
1.2. A Concepção do MEB e suas Finalidades 17
1.3. A Contribuição de Paulo Freire ao MEB 18
2. CAPÍTULO II – OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 21
2.1. A história oral 21
2.2. As fontes de pesquisa 21
2.2.1. Fontes Orais 22
2.2.1.1. Caracterização das colaboradoras 23
2.3. Fontes escritas 23
2.4. Instrumentos da pesquisa 24
2.4.1. A entrevista temática 24
2.4.1.1. Guião de entrevista 24
2.4.1.2. As Questões 25
2.4.2. Carta Cessão de Direitos 25
2.5. Local da pesquisa 26
2.5.1. Mapa de Localização 26
2.5.2. O Município de Senhor do Bonfim 27
3. CAPITULO III – O MEB E SUA IMPLANTAÇÃO NO MUNICIPIO DE SENHOR DO BONFIM
29
3.1. A implantação do MEB em Senhor do Bonfim: uma data imprecisa e uma origem na Igreja Católica.
29
3.2. A formação dos recursos humanos: um treinamento no Grande Hotel de Itaparica.
30
3.3. O aluno do MEB: como era feito o seu recrutamento 32
3.4. O Ministrante: um monitor escolhido pelas comunidade 33
3.5. As aulas no MEB: um aparelho de rádio cativo. 35
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6. FONTES ELETRÔNICAS
7. FONTES ORAIS
8. APÊNDICE
9. ANEXOS
12
1. INTRODUÇÃO
O final dos anos 50 e início dos anos 60 do Século XX apresentou uma conjuntura
regida pela prosperidade e pela confiança, sobretudo, em relação ao crescimento da
economia, que se ancorava no otimismo social. Também nesse momento, os
conhecimentos científicos e os avanços tecnológicos intensificavam as informações,
impulsionavam os meios de transportes e multiplicavam o poder de produção.
Percebemos claramente o alcance do avanço tecnológico para a sociedade
contemporânea, porque além das facilidades que ele proporciona, em todos os
sentidos, é incontestável o seu desenvolvimento, especialmente no campo da
comunicação. Porém, o que se apresenta como algo tão grandioso é, também,
passível de preocupação, na medida em que tem distanciado os indivíduos dos seus
laços históricos, do cuidado com a preservação daquilo que o identifica e o faz
diferente, e do que o referencia na sua comunidade.
Se, por um lado, a modernização da sociedade tem possibilitado uma nova dinâmica
do cotidiano, viabilizado o contato com outras realidades históricas e culturais, por
outro lado acaba modificando a maneira de ver o mundo e a cultura, e com isso
fortalece a ameaça em favor da aculturação, haja vista o processo sofrido pelos
povos indígenas do Brasil, nos tempos da colonização.
Quando as vozes das testemunhas se dispersam ou se apagam, desaparecem os
guias que ajudam a percorrer os caminhos da história mais remota. No que concerne
à história educativa em alguns lugares, a exemplo do Município de Senhor do
Bonfim, as iniciativas de historicizá-la tem esbarrado em algumas dificuldades,
dentre elas destacamos: a ausência de pessoas que possam, através da oralidade,
oferecer informações; e o difícil acesso aos documentos escritos ora pela falta de
conservação dos mesmos ora pelas restrições ao acesso de pessoas estranhas aos
arquivos das Instituições de ensino.
13
Às vezes, temos a impressão de que a memória rema contra a maré na sua função
de conservação da história. O meio urbano afasta as pessoas que, modificando os
costumes, se dispersam. Já não se visitam, faltam-lhes os companheiros que
sustentam as suas lembranças.
Considerando que a memória é uma construção social, consolidada nas relações
entre os grupos, tendo a lembrança como suporte, reconhecemos o seu valor e seu
caráter coletivo, em consonância com o pensamento de HALBWACHS ( 2006, p. 42)
Se a memória coletiva tira sua força e sua duração por ter como base um conjunto de pessoas, são os indivíduos que se lembram, enquanto integrantes do grupo. Dessa massa de lembranças comuns, umas se apóiam nas outras, não são as mesmas que aparecerão com maior intensidade a cada um deles.
Essas lembranças podem ajudar a reconstituir acontecimentos e experiências
vividas por pessoas individualmente ou em grupos, especialmente em comunidades
ágrafas cuja oralidade é o instrumento utilizado para a transmissão e preservação
dos costumes.
No contexto brasileiro atual, encontram-se muitas comunidades rurais que se
utilizam da oralidade como meio de transmissão das suas experiências de vida.
Tendo em vista que, embora a escola esteja presente fisicamente, é significativo o
número de pessoas sem letramento, o que tem exigido a atenção dos governantes,
que tem incentivado pesquisas e gerado projetos educacionais, já que o
analfabetismo tem sido apontado como uma das causas das desigualdades e da
exclusão social. Ainda sobre o analfabetismo:
Nos primórdios da Guerra-fria, a UNESCO instituía os preceitos da Educação para a Paz e revolucionava a concepção de alfabetização, vinculando o alfabetismo a um processo amplo de socialização do indivíduo e educação para o trabalho. Nestes termos o analfabeto passa a ser identificado como indivíduo vinculado a uma série de incapacidades: de autonomia e organização política, de aptidão para o trabalho, de exercício da cidadania. Edificou-se uma representação do analfabeto que o relegava a posições inferiores nos níveis sociais o destituindo da capacidade de gerenciamento de sua própria vida cotidiana.
1
1.Claudia Moraes de Souza. "Nenhum brasileiro sem escola": projetos de alfabetização e educação de adultos do Estado desenvolvimentista 1950/1963. Disponível em
14
A imagem da pessoa analfabeta, criada então pelo contexto da modernização,
apaga uma história de vida de muitos saberes, experiências de vida dos indivíduos
residentes nas áreas rurais, para refletir somente os males advindos de um estado
de ausência das luzes da Instrução.
No Brasil, a população analfabeta em sua maioria concentrava-se no campo o que ampliou os espaços da educação rural nos projetos educacionais para adolescentes e adultos, fazendo surgir diversas ações do Estado e de outros mediadores sociais através de campanhas de educação rural entre elas a CNER - Campanha Nacional de Educação Rural e os Centros Radiofônicos de Educação Rural do MEB-Movimento de Educação de Base.
2
Para realização deste estudo, escolhemos como temática o Movimento de Educação
de Base- MEB, com o objetivo de reconstituir a sua história no Município de Senhor
do Bonfim, tendo como fonte os depoimentos de professores que atuaram no
programa nos anos de 1962 a 1964, como monitores, coordenadores e professores.
2. Claudia Moraes de Souza. "Nenhum brasileiro sem escola": projetos de alfabetização e educação de adultos do Estado desenvolvimentista 1950/1963. Disponível em www.rumoatolerancia.fflch.usp.br / material /monografias_e_teses/edu/edu. Acessado em 04.01.2009.
15
CAPITULO I - O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE:
COOPERAÇÃO NA FORMAÇÃO INTEGRAL DE ADULTOS E
ADOLESCENTES.
1.1. O Contexto Político, Social e Educacional
O processo político que culminou com o golpe de 1964 precipitou o
desmantelamento do aspecto nacionalista presente na política brasileira desde a
década de vinte, provocando um esquema repressivo que se abateu sobre as
organizações populares. D‘Araújo (1994, 36) acredita que,
―[...]os mecanismos e uso da força repressiva para combater as oposições não foram apanágio apenas dos governos militares, nem se constituíram em uma prática recente, pois o próprio governo Vargas usou excessivamente a repressão, a tortura, as prisões e o exílio contra os seus adversários políticos.‖
Segundo Ianni (1997, p. 173), a radicalização do poder político militar no pós-64
desencadeou um processo de cassação dos direitos políticos de técnicos, políticos,
operários, intelectuais, militares e estudantis. Esse espírito contestador também é
destacado por Reis, (1990, p. 57) para quem o contexto histórico internacional dos
anos 60 foi permeado por várias ‖revoluções de libertação nacional‖ como, Cuba em
1959; Argélia, em 1962 e pela guerra antiimperialista, que se desenvolvia no Vietnã.
Logo, o êxito dessas revoluções fomentou tal espírito dos anos 60.
Tais contestações não se restringiram apenas às organizações de esquerda, mas
permearam a música popular, o cinema, o teatro, as artes plásticas e a literatura.
Reis (1990, p. 57), afirma que ocorreram inúmeras manifestações culturais no Brasil
entre 1964 e 1968, em que os sonhos foram embalados pelos ideais da revolução.
Os manifestantes, ―[..] Cantavam em verso e prosa a esperada ―revolução brasileira‖
– com base principalmente na ação das massas populares, em cujas lutas a
intelectualidade de esquerda estaria organicamente engajada‖.3
3. Maria do Amparo Alves de Carvalho. Dissertação de Mestrado – HISTÓRIA E REPRESSÃO:
fragmentos de uma história oculta em meio às tensões entre a Igreja Católica e o regime militar em
16
Ao contextualizar os anos 60, Ferreira (1996, 115), também trabalha com a
perspectiva de um ideal revolucionário. Mudanças que tinham uma direção precisa e
que foram vetadas pelo golpe militar de 64 e direcionada para outras aspirações.
[...] ―O que produz, entretanto, é uma alteração de trajetória que leva tanto a esquerda quanto o próprio regime à radicalização e a notórias conseqüências. [...] Nesse processo, a esquerda enveredou pela luta armada enquanto o regime adotou o AI-5 radicalizando o controle à liberdade e aos direitos civis e políticos dos cidadãos‖.
Com a ascensão dos militares ao poder, o aparelho repressivo foi se aperfeiçoando
com a imposição dos ―atos institucionais‖, cerceando a liberdade e os direitos
políticos e civis dos cidadãos. Como lembra Carvalho (2001, P. 164) ―[...] Dado o
golpe, os direitos civis e políticos foram duramente atingidos pelas medidas de
repressão. [...] ―Os instrumentos legais da repressão foram os atos institucionais
editados pelos presidentes militares‖. E afirma ainda que
[...] A cassação aos direitos políticos atingiram desde senadores, deputados, vereadores, dirigentes sindicais, funcionários públicos e muitos professores universitários, pesquisadores, até mesmo alguns militares, que se opuseram ao golpe desde o mais alto escalão, foram afastados. Desmantelaram o movimento sindical e estudantil. Nesse contexto, a única instituição que conseguiu oferecer resistência ao governo militar, mesmo em meio a muitos conflitos, foi a Igreja Católica.
Para Nunes, (2005. p. 56) remontam-se à década de 1950 as experiências que
deram origem aos princípios de educação popular utilizando o rádio como veículo de
transmissão das aulas. Tais experiências tiveram como referência o exemplo bem
sucedido da Rádio Sutalenza, na Colômbia, e que serviu de base para as investidas
do Brasil, através da Diocese de Natal-RN, lá pelos idos de 1958. Com o intuito de
desenvolver um programa de Educação de Base, através das escolas radiofônicas,
a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, juntamente com o Governo
Federal e alguns órgãos financiadores, criam o Movimento de Educação de Base -
MEB. ―O programa teria duração de cinco anos, devendo ser instaladas, no primeiro
ano, 15 mil escolas radiofônicas, a serem aumentadas progressivamente‖. (Fávero,
2006. p. 09)
Terezina. Disponível em www.ufpi.br/mesthistoria/downloads/ uploads_dissertacao/amparo/cap1.doc. Acessado em 04.01.2009
17
Entende-se, assim, que a implantação de tantas escolas radiofônicas representava
uma preocupação dos seus idealizadores, em atingir um contingente maior da
população, principalmente nos estados do Norte e Nordeste do país. Por outro lado,
percebe-se a fragilidade das políticas educacionais daquela época e sua
incapacidade de promover uma educação contextualizada, que atentasse e
atendesse às especificidades regionais.
A educação de base seria, então, esse mínimo fundamental de conhecimentos, em termos das necessidades individuais, mas levando em conta os problemas da coletividade, e promovendo a busca de soluções para essas necessidades e esses problemas, através de métodos ativos. ( FÁVERO, 2008, 2)
Na Bahia, em 1961, foi introduzido o sistema ―teleducação‖ através de um convênio
entre a Secretaria da Educação e Cultura do Estado, o MEB e a CNBB. Integravam-
se, nessa época, à rede geral de emissoras católicas as seguintes rádios: Rádio
Sociedade de Feira de Santana; Rádio Emissora de Alagoinhas; Rádio Educadora
de Santo Amaro e a Rádio Paróquia de São Gonçalo.
Contudo, é em meio a um contexto conturbado, verificado na década de 1960, que
se dá o surgimento do Movimento de Educação de Base. Segundo PAIVA (2009,
p.60)4, é resultante das discussões do ―primeiro Seminário de Educação de Base,
que ocorreu em Aracaju, sob o patrocínio da Representação Nacional das Emissoras
Católicas‖ com a finalidade de oferecer ao homem do campo a oportunidade de ser
alfabetizado e conscientizado para os problemas em sua comunidade.
O MEB foi criado com o objetivo maior de cooperar na formação integral de adultos
e adolescentes, nas áreas subdesenvolvidas do país, e propiciar elementos para que
essas camadas da população tomassem consciência de sua dignidade de criatura
humana, transformando-se em agente do processo de mudança da realidade em
que vivia. (PAIVA, 2009, p. 61)
Após o Golpe Militar de 1964 o MEB sofreu dura repressão e a experiência de
educação popular foi interrompida. O Movimento de Educação de Base existe até
4 PAIVA, Marlucia M. de.(org.).Escolas Radiofônicas de Natal: uma história construída por muitos
(1958-1996). Brasilia: Liber Livro Editora, 2009.
18
hoje, mas jamais conseguiu recuperar a paixão educativa e a motivação política
daqueles primeiros anos da década de 60. Muitos de seus dirigentes e animadores
culturais foram perseguidos, vários foram obrigados a deixar o país. 5
1.2. A Concepção do MEB e suas Finalidades
O MEB foi um movimento criado pela Igreja Católica (CNBB) a partir da expansão
das escolas radiofônicas em 1960, e da necessidade de encaminhamento das
atividades ligadas a estas escolas. Inicialmente a proposta foi implantada em dois
estados do Nordeste: Rio Grande do Norte e Sergipe. E a sua filosofia era
referenciada no pensamento do educador Paulo Freire que aponta o letramento e a
escola libertadora como ―a chave‖ para a mudança da realidade que se vive.
Durante a década de 60, a educação popular assumiu contornos mais efetivos. A
conjuntura política, caracterizada pela Revolução Cubana, a Aliança para o
Progresso como resposta ao perigo socialista, o movimento pelas reformas de base
no governo Jango e o Concílio Vaticano II tornou-se favorável ao clima de mudanças
na sociedade, multiplicando o aparecimento das massas e dos movimentos
populares.
Segundo Sebastião Leite:
―Os grupos culturais constituíram o termo cultura popular, com o intuito de
utilizar a cultura como um instrumento político e educacional, visando
conscientizar as classes oprimidas de sua condição e do seu potencial de
transformação, a educação popular em um instrumento de luta social.
(1983, p. 247-26)‖
Para Carlos Brandão (2002, 77), “a educação popular passaria a ser traduzida como
uma alternativa e prática cultural fundadora de ações políticas, se tornando um
instrumento de ameaça ao sistema econômico vigente”. Como um fundamento de
identidade e um tipo de trabalho que possa estar sendo efetuado em movimentos
5. Ivônio Barros Nunes. Modalidades educativas e novas demandas por educação: A educação a distância apresenta notáveis vantagens sob o ponto de vista da eficiência e qualidade. Disponível em www.agbeno.org.br/resvista/arquivos_pdf/2005/Abeno_5-1.pdf. Acessado em 05/05/2010.
19
sociais e em organizações governamentais ou não, ganhando representações que
partem da ‗escola cidadã, pública e plural‘ a termos mais burocráticos de orçamento
participativo. O que importa, é que a educação popular Expressões como a Teologia
da Libertação, valorização à educação formal e utopia de um sujeito histórico
visavam diluir o sentido real da educação popular, na tentativa de fazê-la recuar
diante dos movimentos populares.
1.3. A Contribuição de Paulo Freire ao MEB
Neste contexto, Paulo Freire e seu pensamento pedagógico baseado no diálogo,
associado aos Movimentos de Educação de Base (MEB) e a atuação da Igreja
Católica na área da alfabetização e conscientização, fundamentam as inúmeras
tentativas de desencadear a construção de um novo sujeito histórico, a partir das
classes populares. Este pensamento encontra resistência por parte do governo
militar instalado após o golpe de 64, quando os trabalhos de conscientização e
organização foram duramente atingidos, sem falar no novo foco da revolução, que
partiria de um âmbito de revolução do social pela revolução cultural.
Os espaços religiosos e as comunidades eclesiais de base transformaram-se em
espaços capazes de realizar uma educação mais voltada aos princípios populares
de libertação, emancipação e transformação do social. O pensamento pedagógico
de Paulo Freire e sua proposta para a emancipação de adultos inspiraram os
principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no país
no início dos anos 60. Esses programas foram empreendidos por intelectuais,
estudantes e católicos engajados numa ação política junto aos grupos populares.
Desenvolvendo e aplicando essas novas diretrizes, atuaram os educadores do MEB
— Movimento de Educação de Base, ligado à CNBB — Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, dos CPCs — Centros de Cultura Popular, organizados pela UNE —
União Nacional dos Estudantes, dos Movimentos de Cultura Popular-MCP, que
reuniam artistas e intelectuais e tinham apoio de administrações municipais. Esses
diversos grupos de educadores foram se articulando e passaram a pressionar o
Governo Federal para que os apoiasse e estabelecesse uma coordenação nacional
20
das iniciativas.6
Em janeiro de 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização que previa a
disseminação por todo Brasil de programas de alfabetização orientados pela
proposta de Paulo Freire. A preparação do plano, com forte engajamento de
estudantes, sindicatos e diversos grupos estimulados pela efervescência política da
época, seria interrompida alguns meses depois pelo golpe militar.
O pensamento pedagógico que se construiu nessas práticas baseava-se num novo
entendimento da relação entre a problemática educacional e a problemática social.
Antes apontado como causa da pobreza e da marginalização, o analfabetismo
passou a ser interpretado como efeito da situação de pobreza gerada por uma
estrutura social não igualitária. Era preciso, portanto, que o processo educativo
interferisse na estrutura social que produzia o analfabetismo. A alfabetização e a
educação de base de adultos deveriam partir sempre de um exame crítico da
realidade existencial dos educandos, da identificação das origens de seus
problemas e das possibilidades de superá-los.
Além dessa dimensão sociopolítica, os ideais pedagógicos difundidos tinham um
forte componente ético, implicando um profundo comprometimento do educador com
os educandos. Os analfabetos deveriam ser reconhecidos como homens e mulheres
produtivos, que possuíam uma cultura, em substituição a chamada educação
bancária, que considerava o analfabeto uma pessoa ignorante, uma espécie de
gaveta vazia onde o educador deveria depositar conhecimento. ―Tomando o
educando como sujeito de sua aprendizagem, Freire propunha uma ação educativa
que não negasse sua cultura, mas que a fosse transformando através do diálogo.‖
(2002, P-P, 101-111)
Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetização de adultos conscientizadora,
cujo princípio básico pode ser traduzido numa frase sua que ficou célebre: “A leitura
do mundo precede a leitura da palavra”. Prescindindo da utilização de cartilhas,
6 LOPES, Carla. A Educação de Jovens e Adultos no Sistema Educacional Brasileiro. www.
webartigos.com/articles/29760/1/a-educao-de-jovens-e-adultos-no-brasil-tragetrias-histricas-e-pedagicas/ pagina1. html. Acessado em.05.05.2010
21
desenvolveu um conjunto de procedimentos pedagógicos que ficou conhecido como
método Paulo Freire.
O método previa uma etapa preparatória que tinha início com uma pesquisa
realizada pelo alfabetizador, sobre a realidade existencial do grupo junto ao qual ele
iria atuar. Concomitantemente, faria um levantamento do universo vocabular;
destacando as palavras que expressassem as situações existenciais mais
importantes, depois selecionaria um conjunto que contivesse os diversos padrões
silábicos da língua materna, organizando-os, segundo o grau de complexidade
desses padrões, o que se tornou conhecido como palavras geradoras e a partir das
quais se realizaria o estudo da leitura e da escrita.
A metodologia difundida pelo MEB, através das escolas radiofônicas, nos faz crer
que se configura como a primeira experiência de Ensino à Distância do Município de
Senhor do Bonfim, utilizando um veículo de comunicação – o radio, cuja capacidade
de abrangência era extremamente superior às anteriores, que dependiam das
correspondências escritas, o que demandavam, entre outras coisas, um longo
espaço de tempo entre a comunicação educando x conhecimento, se conseguia
chegar em tempo hábil e de uma só vez aos mais longínquos espaços das áreas
mais carentes de letramento e de conscientização política.
Nos anos 60, o rádio ainda era uma peça significativa nos lares brasileiros e se
tornara um companheiro inseparável dos habitantes, principalmente das áreas rurais
da microrregião de Senhor do Bonfim. Além disso, contribuiu muito para a redução
do isolamento em que viviam várias famílias, além de exercer por muito tempo o
papel de socializador, difundindo experiências e conhecimento.
Acredita-se, portanto, que com a implantação do MEB no Município de Senhor do
Bonfim houve de certa forma algum avanço no letramento de jovens e adultos
daquela época, já que a metodologia possibilitava o acesso de uma parcela
considerável da comunidade ao processo de alfabetização, principalmente em
lugares onde o poder do estado era insuficiente e ineficaz.
22
CAPITULO II – OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1. A História Oral
Para realização deste trabalho, utilizamos a História Oral como abordagem teórico-
metodológica, por ser capaz de dar voz aos indivíduos que são parte de uma
construção histórica, através de suas experiências em espaços e tempos
diversificados. Essa premissa é o que nos guia para uma possível reconstituição da
experiência do Movimento de Educação de Base – MEB, no município de Senhor do
Bonfim.
Este estudo tem a sua origem na oralidade de alguns professores que atuaram no
projeto, na década de 60, como monitores, coordenadores e professores. A
especificidade do tema sugeriu a utilização da história oral como instrumento de
coleta de informações, a despeito de desconhecermos a existência de alguma
documentação escrita a respeito desta experiência.
A História Oral é um grande auxilio na busca de informações. É também uma
abordagem metodológica interdisciplinar que permite uma interação benéfica com as
disciplinas das Ciências Sociais, na ampliação do ―... conhecimento sobre
experiências e práticas desenvolvidas‖. (ALBERTI, 2008.p.156). Por possibilitar,
entre outras coisas, uma aproximação com o passado – espaço guardião de
experiências e vivências culturais de grupos, a História Oral constitui, sem dúvida,
um universo fascinante.
2.2. As fontes de pesquisa
Os estudiosos dos acontecimentos, experiências, formas de vidas e costumes do
passado, necessitam de um contato mais estreito entre a memória e as possíveis
fontes que possam revelar vestígios, detalhes, indícios que levem a um
conhecimento sobre o objeto a ser desvendado. Na verdade, as fontes históricas ou
vestígio de ações, apresentam os mais variados elementos que permitem o estudo
23
de ocorrências, acontecimentos ou fatos dentro de um contexto, ancorados em um
determinado tempo e espaço geográfico.
As fontes também podem ser construídas, e o que torna possível esta construção, é
a proposta que foi delineada para o estudo de temas que suscitem uma gama de
instrumentos que sejam capazes de auxiliar na compreensão do objeto a ser
pesquisado.
Para o estudo sobre a trajetória do MEB no município de Senhor do Bonfim,
tomamos dois tipos de fontes: as fontes orais e as fontes bibliográficas.
2.2.1. Fontes Orais
Ninguém passa pela vida sem deixar marcas. Importantes ou não, essas marcas
constituem-se em vestígios da passagem do homem em seu local de vivências e o
que referenciam o seu momento e a sua situação histórica.
As fontes orais são elementos que permitem o fornecimento de pistas para o
desvelamento fatos históricos, permitindo ainda ao pesquisador, estabelecer
relações entre os indivíduos, seus costumes e a sua coletividade.
Trabalhar com fontes orais implica em obedecer a uma série de regras
metodológicas, é preciso respeito aos colaboradores e aos seus depoimentos, daí a
necessidade de se estabelecer critérios de escolha. Segundo Alberti (2008, p. 172),
―Para selecioná-los é necessário um conhecimento prévio do universo estudado; é
preciso conhecer o papel dos que participaram e participam do tema investigado...‖
Partindo desse pressuposto, as colaboradoras deste estudo foram escolhidas após
levantamento de dados entre pessoas que viveram na época e estudiosos, tomando
como critério, a atuação destas pessoas dentro do Movimento de Educação de Base
na Bahia e particularmente no município de Senhor do Bonfim.
24
2.2.1.1. Caracterização das colaboradoras
- Professora Osvaldina Barbosa de Cerqueira (Dona Dina) é viúva, nascida no dia
21 de agosto de 1932, na cidade de Pindobaçu, Bahia. Filha de Martinho Barbosa da
Silva e Balbina Jambeiro da Silva, mãe de 04 filhos, sendo 02 homens e 02
mulheres. Tem na Igreja Católica sua opção religiosa. Cursou o Magistério no
Educandário Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, atualmente reside na Rua
João Rodrigues, 117 em Senhor do Bonfim, Bahia.
- Professora Clélia Oliveira Santos de Freitas (Dona Teinha) é casada com o Sr.
Hélio Freitas. Filha de Jeremias José dos Santos e Angélica Oliveira Santos. É
natural da cidade de Pindobaçu – Bahia, e não quis revelar a data de seu
nascimento. Cursou o Magiatério no Educandário Nossa Senhora do Santíssimo
Sacramento, depois, indo morar em Salvador, cursou Pedagogia e Ciências
Contábeis, atualmente reside na Rua Juvêncio Fialho, nº 242. Ela tem na Igreja
Católica sua opção religiosa.
2.3 Fontes Escritas:
ALBERTI, Verena. (1989). Orientou a utilização das fontes orais na coleta de relatos
de experiência das professoras entrevistadas.
FÁVERO, Osmar. (1984) Uma contribuição para nosso trabalho, com o estudo sobre
os Programas de Alfabetização.
FREIRE, Paulo. (2002) Nos orientou com a contribuição da pedagogia para a
transformação social, através de uma educação libertadora.
HALBWACHS, Maurice. (1990) Que nos ajudou a entender a evocação das
lembranças e da memória.
MACHADO, Paulo Batista. (1991). Historiador regional, trouxe contribuições a
respeito da história de D. Antonio Monteiro, o Bispos que contribuiu para a
25
implantação do MEB na Região de Senhor do Bonfim.
PAIVA, Marlúcia Menezes de (Org.) (2009). Contribuiu para o conhecimento sobre o
MEB em Natal, RN.
WANDERLEY, Luiz Eduardo W. (1984). Auxiliou com seu estudo sobre a educação e
os movimentos de transformação da Igreja Católica.
2.4. Instrumentos da pesquisa
2.4.1. A entrevista temática
Escolhemos esta forma de abordagem, entre outros instrumentos, por concordarmos
com a concepção de Alberti (2008, p 175), de que ―... As entrevistas temáticas são
as que versam prioritariamente sobre a participação do entrevistado no tema
escolhido‖, o que se comprova satisfatoriamente na escolha das fontes que deram
origem a este estudo.
A entrevista temática, aplicada como instrumento principal deste trabalho,
proporciona um momento de interação aos envolvidos: pesquisador e
colaboradores; e mesmo que esta conversa tenha um guia, a conversa sobre o
objeto estudado, tende a fluir com mais liberdade.
2.4.1.1. Guião de entrevista
O Guião é um roteiro de perguntas elaboradas de acordo com o objetivo da temática
em estudo, para este trabalho foi utilizado um guia dividido em cinco partes, assim
composto:
1. Identificação dos colaboradores;
2. Informações sobre o Movimento de Educação de Base no Município;
3. O aluno e os professores do MEB;
26
4. As aulas se seus desdobramentos;
4.1. Os recursos e materiais didáticos utilizados;
5. A orientação pedagógica.
2.4.2. Carta Cessão de Direitos
CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB
1 – Pelo presente documento...........................brasileira, estado
civil)......................(profissão)..........carteira de identidade nº......., emitida
por.................... CPF nº................, residente e domiciliada
em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e
transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII
da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos
patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de
2010, perante o pesquisador..........................................................................................
2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções
internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do
depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício
pleno dos seus direitos morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre
terá seu nome citado por ocasião de qualquer utilização.
3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no tido ou em parte, editado
ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, Brasil e/ou no exterior.
Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses,
assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito.
...............[ assinatura da entrevistada ]............
TESTEMUNHAS:
____________________________ _____________________________
27
2.5. Local da pesquisa
2.5.1. Mapa de localização7.
7 PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do
Sahy. Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009
28
2.5.2. O Município de Senhor do Bonfim
O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa da Bahia
– segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de uma
lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e
aventureiros que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária,
iam ao encontro das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco.
Seu povoamento origina-se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade
pertencente ao Município de Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por
remanescentes indígenas e que, inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos
Franciscanos.
―Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização, isto é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a indígena.‖ (Waldísio Araújo, 2001)
Senhor do Bonfim, conta atualmente com um índice populacional de
aproximadamente 72.511, distribuídos em seus 816,70 Km². O município vem
experienciando, timidamente, alguns avanços em seu desenvolvimento,
principalmente, na expansão do comércio – sua vocação principal:
―[...] O permanente caráter transitivo, aliado a elementos como a relativa escassez de água, a diminuição gradual do território e a ascendência do setor de serviços, liderado pelo comércio, sobre a economia local dão tônica a história de Bonfim, dos primeiros tropeiros até os dias de hoje.‖ (Waldísio Araújo, 2001)
Outro aspecto importante que se destaca é o crescente oferecimento de vagas nas
várias áreas do ensino, com especial atenção para o ensino superior. Desde o
pioneirismo da Universidade do Estado da Bahia - UNEB até a mais recente
instalação da Universidade do Vale do São Francisco - UNIVASV, inúmeras são as
vagas oferecidas, inclusive em cursos à distância. E foi através de um ensino de
qualidade que a educação em nosso município foi referência no Estado,
principalmente, até a década de 60 e início da década de 70, e que busca hoje a
29
consolidação, mais uma vez, como pólo educacional do nosso Estado. Resultante
dessa visibilidade educativa/cultural do Município de Senhor do Bonfim,
referenciadas, principalmente, pelo Colégio Maristas e pelo Educandário Nossa
Senhora do Santíssimo Sacramento e, também, por outros estabelecimentos
públicos.
30
CAPITULO III – O MEB E SUA IMPLANTAÇÃO NO MUNICIPIO DE
SENHOR DO BONFIM
3.1. A implantação do MEB em Senhor do Bonfim: uma data
imprecisa e uma origem na Igreja católica
O Movimento de Educação de Base – MEB, foi uma iniciativa da Igreja Católica,
implantada pela da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB, por volta de
1961. Fávero (2004) credita ao então Arcebispo de Aracajú – D. José Vicente Távora
– a iniciativa de formalizar à Presidência da República, a proposta de ampliação do
Programa Brasileiro de Alfabetização e Educação de Base, através das Escolas
Radiofônicas. É importante ressaltar que a experiência de D. Eugênio Sales, em
Natal, foi o grande marco inspirador para a iniciativa de D. José Vicente.
O Movimento em si foi criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil-CNBB e concretizada a partir da parceria com a Presidência da República,
alguns Ministérios e Órgãos Federais, Estaduais e Municipais.
―O Programa teria a duração de cinco anos, devendo ser instaladas, no primeiro ano, 15 mil Escolas Radiofônicas, a serem aumentadas progressivamente. (Fávero, 2004)
Para a concretização desta proposta, a Igreja Católica – via CNBB – colocaria à
disposição do Governo Federal a Rede de Emissoras filiadas à Representação
Nacional de Emissoras Católicas - RENEC.
Segundo narrativas de duas professoras que participaram do movimento, o
programa pretendia atingir sete municípios da circunscrição da Diocese, mas
somente foi possível instalar em quatro: Senhor do Bonfim, Jacobina, Campo
Formoso e Antônio Gonçalves. A data de sua implantação é motivo de dúvida, em
virtude das participantes não se lembrarem com precisão. Para a primeira
colaboradora, a implantação se deu “No primeiro semestre...não me lembro o
31
mês...do ano de 1962.”, para a segunda colaboradora a implantação se deu “mais ou
menos...deve ser em 60 e 61, (...)”, provavelmente, a implantação do MEB em
Senhor do Bonfim, se deu por volta de 1961, pelo então Bispo da Diocese, D.
Antônio Monteiro, como lembra a Prof. Clélia:
Dom Antônio Monteiro...aí Dom Antônio mandou... eu recebi o convite...que eu fosse lá a tarde, ao Bispado. Aí eu fui, quando eu cheguei lá... foi aí que eu tive o primeiro contato com a palavra – com o nome MEB... com o movimento...Ele disse: Professora Clélia, vai haver um movimento...É um projeto...falou do projeto...E que esse projeto iria ser criado aqui em Bonfim também e que eu tinha sido escolhida pra uma das representantes aqui...Eu fui a primeira.
Dom Antonio Monteiro foi o 4º Bispo da Diocese de Senhor do Bonfim, tomou posse
em 09 de junho de 1957. Dentre as conquistas mais importantes no seu Ministério
em Senhor do Bonfim, destacam-se: A realização do Congresso Eucarístico
Diocesano, em outubro de 1958; a criação do Círculo Operário, em 01 de maio de
1959 e a criação do Instituto Bonfinense de Assistência e Previdência Social - IBAPS
e a Inauguração do Hospital Regional, ambos em 1966, e a implantação do MEB em
Senhor do Bonfim.
Por volta de 19618, na Conferência da CNBB realizada no Rio Grande do Norte, os
bispos do Brasil decidem pela necessidade de mobilizar para reduzir as
desigualdades de acesso à educação, especialmente nas classes populares; criando
um movimento de alfabetização através do radio, conhecido como as Escolas
Radiofônicas. A proposta de alfabetização das classes populares é uma atividade
identificada por uma das colaboradoras como uma proposta da Igreja. “Olha, o MEB
foi um movimento criado por religiosos... pelo menos aqui na Bahia, não sei te falar
em outro lugar.”
3.2 A formação dos recursos humanos: um treinamento no Grande
Hotel de Itaparica
Para a concretização dos objetivos pedagógicos inseridos na proposta de
alfabetização do MEB, se fazia necessário, entre outras coisas, um trabalho de
8 MEB - Quem somos? http://www.bicopapagaioam.hpg.com.br/meb.htm
32
capacitação/formação dos professores que atuariam na implantação e realização do
projeto. ―(...) E a partir daí eu tive contato com o pessoal de Salvador...Aí eu fui pra
Salvador, fiz um curso, se não me engano de 15 dias, parece... no Grande Hotel de
Itaparica (...)”. Capacitar e/ou formar educadores e educadoras para trabalhar com
jovens e adultos analfabetos é um grande desafio, pois necessita de tempo e
recurso financeiro para que seja desenvolvido um trabalho que nem sempre alcança
os resultados desejados. Essa clientela requer um tratamento especial, daí a
necessidade de se elaborar programas que sejam capazes de auxiliar os
professores na melhoria das suas práticas pedagógicas em sala de aula,
reconhecendo a vivência, dessas pessoas, fora da escolarização.
Se por um lado, o Movimento de Educação de Base propunha uma leitura
pedagógica alinhada com a valorização do código oral e da Cultura Popular, além do
processo de conscientização dos trabalhadores, por outro lado, havia certa
desconfiança por parte das elites e setores militares que visualizavam um caráter
subversivo nesse tipo de educação.
(...) nós tínhamos que apresentar à sociedade bonfinense o movimento que ia surgir...(...) nós fomos convidadas pra um jantar, me lembro bem,no Rotary Club, que foi ali na 25, cujo o diretor presidente era o Sr Lamartine. Ele nos convidou – nós fomos,,, e lá, nós falamos o que era o movimento.
Após o período de aproximação com os objetivos do Movimento, no treinamento
realizado em Salvador-Bahia, tanto D. Clélia quanto D. Osvaldina, foram as
responsáveis pela difusão do movimento, na cidade de Senhor do Bonfim e região,
(...) Mais o movimento mesmo, o Movimento de Educação de Base era ensinar as
pessoas – alfabetizar as pessoas que não tiveram condições de serem alfabetizadas
no tempo certo.
De acordo com Manhas:
―Dentre as formas de educação, a educação popular é a que mais se aproxima de uma formação para a cidadania, que respeita e difunde a diversidade, além de ter em seu horizonte a emancipação das pessoas que participam dos processos educativos, sejam elas educandas ou educadoras.‖ (2010, p. 65)
Portanto, o processo de capacitação para professores formadores, seria o caminho
33
mais viável para que pudessem utilizar a nova metodologia, e o uso do rádio, como
veículo de comunicação e de educação, já que tinha a capacidade de atingir um
maior número de pessoas em pouco tempo. Nascia aí, neste momento, uma forma
de educação à distância. Para Paiva (2009) ―A formação de pessoal em todos os
seus níveis de atuação, era das grandes preocupações do MEB, considerando a
necessidade de capacitação específica para atividades próprias de um sistema rádio
educativo.‖ ( p. 114).
Assim, a formação dos professores que atuaram no MEB, em Senhor do Bonfim,
seguiu a mesma metodologia desenvolvida em outros Estados, inclusive, alcançado
algum êxito na implantação da proposta do movimento, apesar das circunstâncias
adversas.
3.3 O aluno do MEB: como era feito o seu recrutamento
O ―recrutamento‖ dos alunos para os programas de alfabetização de jovens e
adultos, desde a proposta do MEB até os dias atuais, ainda são basicamente os
mesmos: geralmente os professores ou monitores dos programas vão até as
associações ou de casa em casa, em busca de pessoas que não tenham
completado a escolarização ou pessoas que sejam analfabetas – tipo de clientela a
quem se destinam a maioria dos programas. No depoimento de Dona Osvaldina, fica
clara a classificação dos alunos a quem se destina o MEB “[...] O analfabeto ou
semianalfabeto[...], o que revela uma das faces da população pobre do Brasil, num
momento de transição de governo, em que a modernização do estado era uma
prioridade, porém deixando como legado um momento de desequilíbrio financeiro na
chegada de novo governo. Provavelmente este episódio tenha sido mais um motivo
de preocupação da Igreja Católica no Brasil, que sob novos princípios – Vaticano II,
sai em defesa dos mais necessitados.
Como se dava esse recrutamento, professores e monitores saiam em busca de
pessoas que estivessem dentro desta classificação: analfabetos ou semianalfabetos,
para isso, segundo depoimento de Dona Clélia,
34
―[...] Nós íamos para os distritos ou para a periferia – De manhã – chegávamos de manhã [...] Aí nós íamos de casa em casa, avisar o pessoal que ia ter uma reunião – Perguntava como era melhor!!! O pessoal dizia 05 horas! Aí já tínhamos uma casa, quando tinha uma reunião, como geralmente toda casa é um pequeno quadrado né...aí nessas casas...[...]a gente criava uma escola.‖
Tal revelação nos remete à realidade de Programas atuais como, por exemplo, o
TOPA – Todos pela Alfabetização, instituído pelo Governo da Bahia e cujo processo
de recrutamento dos alunos, sugere a mesma metodologia usada pelo MEB, ou seja,
o professor alfabetizador para criar as suas classes se deslocam até o aluno,
fazendo visitas nas residências ou nas reuniões de associações da comunidade,
buscando pessoas com idades entre 18 até 100 anos, “(...) A partir dos 18 anos até,
se possível, 100 anos”; com pouca ou nenhuma escolaridade, para participarem do
referido programa. Dona Clélia deixa transparecer que a convocação acontecia com
certa rigidez:
Era assim; nessa reunião a gente falava sobre a importância disso...desse trabalho e aí tinham vários senhores que trabalhavam com agricultura que plantavam... e eles, a gente não dizia assim você vem, você vem, você vem, não. Era uma coisa espontânea, eles vinham e nos dias das aulas ficava cheio.
Obviamente, que entre a atuação do MEB e os programas atuais, existem elementos
que convergem e divergem ao mesmo tempo. Como ponto de convergência,
destacamos: as formas de recrutamento e o ambiente as aulas, que ainda continuam
funcionando em casas de famílias, depósitos ou salões paroquiais. Por outro lado,
outros elementos não se assemelham com os programas da atualidade. O trabalho
é remunerado e os recursos financeiros que são satisfatórios para garantir toda a
logística do programa. E ainda, o MEB que utilizava o rádio para transmissão das
aulas, além de manter um monitor voluntário em cada sala, acompanhando e tirando
as dúvidas dos alunos, atualmente o caráter presencial dos alfabetizadores e
monitores dão a tônica de todo o processo ensino/aprendizagem.
3.4 O Ministrante: um monitor escolhido pelas comunidades
Na maioria das vezes, os monitores eram indicados por membros da Igreja Católica.
No exemplo de Bonfim, essa indicação era extraída das diversas discussões feitas
35
com a participação da comunidade, como lembrou Dona Osvaldina. Além das
referências descritas anteriormente, os monitores possuíam a atribuição de serem
líderes comunitários, portanto, pessoas conhecedoras das demandas do povo da
sua comunidade. A partir de uma concepção de mundo estruturada nas mais
diversas áreas do conhecimento, os atuais monitores vinculam-se aos mais recentes
paradigmas da educação contextualizada, estabelecendo um elo necessário com a
proposta ―freiriana‖ e os princípios da Educação Popular. Contudo, isso não significa
que as estratégias de formação dos monitores no Movimento de Educação de Base
fossem inferiores ou não tivesse algum valor significativo.
Assim, nos reportamos aos recentes trabalhos da Universidade – nas áreas de
coordenação e formação dos alfabetizadores, no sentido de que ela ressignifica e
consolida ainda mais os valores de toda a trama da educação. Dentre as proposta
do MEB para a seleção dos monitores, destacamos esse perfil a partir dos escritos
de Wanderley (1984) que, segundo princípios definidos pelo movimento, sugere o
seguinte:
Monitores, elementos da comunidade, que desenvolviam trabalho voluntário e gratuito, na instalação de escola, matrícula dos alunos, controle de sua freqüência, auxilio aos alunos para o aproveitamento das aulas radiofonizadas, aplicação de provas, envio de relatórios mensais sobre o andamento da escola. Fixava-se como requisito mínimo que soubessem ler e escrever e demonstrasse capacidade de seguir as instruções das aulas radiofonizadas. Eram treinados para as suas funções e apoiados pelos supervisores, inclusive nos trabalhos comunitários. Para isto, desejava-se que tivessem liderança efetiva, ou pelo menos potencial, e cuidava-se de sua capacitação e promoção.(p. 125)
Através da citação podemos entender que o monitor era um facilitador, não recebia
remuneração para exercer a função. Para Dona Dina “Um monitor [era] escolhido pela
comunidade e depois de aceitar voluntariamente a missão, comparecia na sede do
Município de Senhor do Bonfim para um curso de orientação durante 05 dias.”
Os supervisores contavam com a ajuda dos Maristas, que cediam uma sala de aula
para que houvesse o treinamento dos monitores. As dificuldades eram muitas, sem
transporte e sem lugar para se instalarem nas comunidades rurais, como relata
Dona Clélia, ― mais...era uma dificuldade tão grande da gente ir que a gente passava
o dia quase todo sem beber água...eu tenho que registrar isso, a gente levava...a
36
gente levava laranja para a gente chupar, porque era aquelas água sem tratamento,
era assim, passava o dia todo seco [...]”, já os coordenadores atuavam orientando
os monitores a cada semestre, contando com a colaboração de uma supervisora que
vinha de Salvador para ajudar nesta tarefa.
3.5. AULAS NO MEB: Um aparelho de radio cativo
As experiências com ensino à distância remontam a décadas anteriores e se davam
através das Escolas Radiofônicas, com a utilização do rádio incorporado na
metodologia de ensino do MEB. “[...] era um radio você sabe disso né, as aulas eram
transmitidas pelo rádio...[...] as aulas, muitas vezes era, era transmitidas de Feira de
Santana... acredita?”. O relato de Dona Clélia afirma a utilização desse veículo de
comunicação, o que acabava tendo um nível de abrangência maior, mais célere e
próximo da realidade de comunidades mais distantes.
Segundo informação de Dona Dina, os aparelhos de rádio eram oferecidos pela
CNBB, logo após o treinamento realizado em Salvador. Ela lembra ainda que os
rádios eram padronizados e sintonizados apenas para recepção exclusiva via Rádio
de Feira de Santana, “Através de um aparelho de rádio (cativo), isto é, focalizado apenas
na Emissora de Feira de Santana, com a supervisão do monitor.” Por ser ―cativo‖ pode se
considerar que havia o controle por parte da Igreja Católica, e tinham uma função
específica já que os rádios não emitiam outras informações, senão, aquelas de
interesse do programa.
A metodologia aplicada nas aulas do MEB tinha como objetivo a escolarização e a
conscientização política das pessoas. Percebe-se, também, que havia um cuidado
com a aplicação de conteúdos, estes deveriam ter algum significado representativo
para a proposta do programa: a formação cidadã e político-ideológica como afirma
Paiva (2009)
[...] dessa forma, [a educação] poderia motivar os camponeses a lutarem unidos pela modificação das condições injustas em que viviam, a se sentirem participantes da vida da sua comunidade, do Estado e até mesmo do País e do Mundo. ( p. 76)
37
O que se nota é que havia uma unicidade na aplicação dos princípios que norteavam
a proposta do MEB, sendo estes princípios observados em todas as regiões,
inclusive em Senhor do Bonfim, como nos relata uma das entrevistadas “ Primeiro
que tudo a alfabetização, para que pudessem se inteirar e conhecer os problemas
do nosso país, conhecer seus direitos e deveres, [ posteriormente] saber escolher os
governantes, escolher formas de governo, etc.”
A duração das aulas era de 02 (duas) horas, geralmente no horário das 19:00 horas
às 21:00 horas, assim estabelecido após discussão e aprovação dos alunos e todo o
pessoal da comunidade,
―O método utilizado nas aulas radiofônicas, em si, não se constituía uma inovação. O novo foi a aplicação através do rádio, direcionada a jovens e adultos, utilizando uma temática relacionada à realidade do campo, possibilitando o questionamento dessa realidade.‖ (Paiva (org), 2009, p. 76)
Também ficam claras as dificuldades em termos das condições materiais para
realização das aulas, pois além do rádio, o monitor administrava também os poucos
recursos disponíveis.
O Material didático era dado pela igreja era fornecido pelo pessoal da Igreja, era o que? Era cartilha, era alguma coisa nesse sentido, antigamente, quando eu estudei era ABC, existia isto ou era alguma coisa diferente apostila ou outra coisa neste sentido.(Dona Clélia) ―Quadro de giz, uma cartilha, cadernos, lápis e folhetos mensais, de acordo com os assuntos a serem focalizados.‖ (Dona Dina)
As dificuldades se estendiam a toda operacionalização do programa, e não somente
quanto a questão de material didático,
Professor, lápis com caneta, não tinha muito recurso não, desde o inicio eu lhe falei que nós não tínhamos transporte não é? Aí depois ficou...você sabe que Bonfim é grande...os lugares bem distantes eles iam com Jipe... a gente já tinha um Jipe para que pudesse viajar né de um lugar para outro, que eu acho que foi um conforto...o marido de Edinha, outro motorista foi o esposo de Edite ela poderá falar isso...Eu sei que foi Edilza ou Dinha... quando eu saí Dinha ficou e não sei quem mais...era uma dificuldade tão grande da gente [para]ir [...] a gente passava o dia quase todo sem beber água...eu tenho que registrar isso... a gente levava...a gente levava laranja para a gente chupar porque era aquelas água sem tratamento, era assim... passava o dia todo seco...eu e Dinha no inicio, eu e Osvaldina trabalhei um tempo com ela.
Apesar de todas as dificuldades encontradas para implementação desse programa
38
em Senhor do Bonfim, encontramos em vários momentos, nas falas das nossas
entrevistadas, que atuar neste, enquanto colaboradora no MEB, foi prazeroso e
gratificante. A nota triste fica por conta da cassação dos ideais do movimento pelo
governo militar. Para Dona Clélia, o movimento deveria ter ido adiante.
―Eu queria acrescentar que fiquei com pena de ter terminado esse movimento, que o pessoal sentiu, porque era muito bom, para as pessoas que trabalham na, na... na periferia e que não tem tempo de estudar de dia... porque trabalham o dia todo na lavoura e a noite está livre.‖
39
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfim, o fim... ou será um novo começo?
É a partir dessa indagação que nos permitimos a tecer algumas considerações
sobre o esforço desprendido nessa tentativa de reconstituição, em pequenos
fragmentos, de um importante acontecimento que fez parte da história da educação
do município de Senhor do Bonfim, nos anos 60.
Registrar relatos sobre o Movimento de Educação de Base- MEB nesta região, foi
sem dúvida, um exercício não tão simples, mas um dos mais agradáveis,
considerando a nossa aproximação com histórias que revelaram algumas
metodologias como a utilização do rádio para transmissão de aulas à distância.
Prática presente hoje em varias modalidades, tais como: Telecursos, Ensino
Superior a Distancia-EaD, dentre outros mais avançados e que são vistos hoje como
uma grande novidade.
Esse estudo possibilitou, entre outras coisas, uma aproximação com os estudos de
Paulo Freire e as suas contribuições para o MEB, o que nos levou a um
entendimento sobre esse movimento educacional. E que através de uma escola
radiofônica fez chegar o programa de alfabetização de jovens e adultos, aos lugares
mais recônditos do país. Além disso, o estudo nos fez compreender as reações
causadas por esse acontecimento na vida das pessoas que atuaram nesse
processo. “[...[ na minha cabeça aquilo ia ser bom para o povo...então naquele momento
que era bom para o povo, que eu estava ajudando o povo foi no sentido, ninguém ...eu nunca
sentir ameaça, depois que eu saí foi que veio o medo.”D. Clélia
As entrevistadas em seus relatos, nos fizeram ver quão rica foi esta experiência,
apesar do receio que ainda demonstram ao tocar em determinados assuntos, como
a tomada do Movimento de Educação de Base pelo governo militar, inclusive
levando-as a situações constrangedoras. Uma dessas situações foi a de ter que
40
prestarem depoimentos sobre a sua atuação no programa, preconcebida como uma
provável conduta política antigoverno.
Apesar desse transtorno e da interrupção do programa, ainda é possível dizer que
foi uma experiencia exitosa, visto que, a distância que nos separa daquela época
não foi suficiente para apagar da memória todos os passos dados para a
implantação do programa no município.
Para elas, esta ainda foi uma bela experiência e, mesmo tendo pouca duração,
deixou a certeza de que poderia ter dado certo “[...] Eu queria acrescentar que fiquei
com pena de ter terminado esse movimento, que o pessoal sentiu.”
Finalizando, assumimos que nunca foi nossa pretensão esgotar a discussão sobre o
MEB neste trabalho; é nosso desejo continuarmos insistindo na busca de novas
evidencias que consequentemente nos levem a outras histórias, para que possamos
através de relatos e documentos, reconstituir a história desse movimento em toda
nossa microrregião
41
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTI, Verena . História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, 1989. ALMEIDA, Luciano Mendes de... [et al].Igreja e Educação Popular – O MEB: Ontem e Hoje. Cadernos da AEC do Brasil, nº 24, Brasília (DF), AEC, 1985. BOSI. Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos 10. ed São Paulo: Companhia das Letras, 2003. Brandão, C. R. Os deuses do povo. São Paulo, Brasiliense, 1980.
BRANDÃO, Carlos R. O que é método Paulo Freire. Coleção primeiros passos n. 38, 5ª edição. Editora Brasiliense. São Paulo, 1983. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. São Paulo: Mercado de Letras, 2002. CARVALHO. José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 164. D‘ARAÚJO, Maria Celina. Os anos de chumbo: memória militar sobre a repressão. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994. FÁVERO, Osmar. Uma Pedagogia de Participação Popular: Análise da Prática Pedagógica Do MEB (1961 A 1966). São Paulo, PUC, 1984.(Tese de Doutorado) __________. MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE – Primeiros tempos: 1961 – 1966. Texto apresentado no V Encontro Luso-Brasileiro de História da Educação, realizado em Évora, Portugal, de 05 a 08 de abril de 2004, página 02. FERREIRA, Elizabeth Fernandes Xavier. Mulheres, militância e memória. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1996. FREIRE, Paulo. ―O processo de Alfabetização Política – uma introdução . IN Ação Cultural para a Liberdade e outros escritos. São Paulo:Editora Paz e Terra, 2002, PP-101-111. _____________. Pedagogia da Autonomia – saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. São Paulo. 1999. _____________. Pedagogia do Oprimido. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1981. GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos Sociais e Educação. São Paulo, Cortez, 1992.
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HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. IANNI, Octávio. Formação do estado populista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. IANNI, Otávio. O colapso do populismo no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997, p. 173. LEITE, Sebastião Uchoa. Cultura popular: esboço de uma resenha crítica. In FÁVERO, Osmar (org). Cultura, Educação popular: memória dos anos 60. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983. p.247-26 MACHADO, Paulo Batista. Dom Antonio: um santo vela sobre nós! : CEPRE. 1991. Movimento de Educação de Base – MEB – 40 anos – Crônicas. Brasília, MEB Arte e Movimento, 2001. NUNES, Clarice. Ensino e Historiografia da Educação in Revista Brasileira de Educação (1): Jan/Fev/Mar/Abr 1996. PAIVA, Vanilda. ―Estado e educação popular: recolocando o problema‖ IN A questão política da educação popular. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
PAIVA, Marlúcia Menezes de (Org.) Escolas Radiofônicas de Natal: uma história construída por muitos (1958-1966). Brasília : Líber Livro Editora, 2009. PAZ. Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy – Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-Graduação em Educação,.Natal, 2009. 204,f. REIS FILHO, Daniel Aarão. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. Ed. Brasiliense: São Paulo, 1990. p. 57.
ROMANELLI, Otaíza Oliveira. História da educação brasileira (1930-1973). Petrópolis, RJ: Vozes, 1984. WANDERLEY, Luiz Eduardo W. Educar para Transformar: Educação Popular, Igreja Católica e Política no Movimento de Educação de Base. Petrópolis, Ed. VOZES, 1984.
43
6. FONTES ELETRONICAS
www.anped.org.br/reunioes/27/gt05/p051.pdf www.fundaj.gov.br www.telebrasil.org.br/ead.pdf www.catolicanet.com www.domhelder.com.br www.forumeja.org.br/book/export/html/1435 www.abeno.org.br/revista/arquivos_pdf/2005/Abeno_5-1.pdf. www.webartigos.com/articles/29760/1/a-educao-de-jovens-e-adultos-no-brasil-tragetrias-histricas-e-pedaggicas/pagina1.html. www.waldisio.com/ensaios/humanas/004senhordobonfim.php www.bicopapagaioam.hpg.com.br/meb.htm www.ufpi.br/mesthistoria/downloads/uploads_dissertacao/amparo/cap1.doc http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/material/monografias_e_teses/edu/edu
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7. FONTES ORAIS
Clélia Oliveira Santos e Freitas, entrevista cedida no dia 19 de abril de 2010 Osvaldina Barbosa de Cerqueira, entrevista cedida em 04 de maio de 2010
45
46
8.
APÊNDICE
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AS QUESTÕES:
PARTE I
Dados pessoais, endereço e formação.
PARTE II
1. O que pode nos informar sobre o MEB?
2. Quando foi a sua implantação na Bahia e no Município?
3. Em quais comunidades o MEB foi implantado?
PARTE III
1. Quem era o aluno do MEB? E como é que o aluno era recrutado?
2. Quem era o ministrante das aulas do MEB?
PARTE IV
1. Como eram as aulas do MEB?
2. Que tipo de recurso era utilizado para ministrar as aulas?
3. Que tipo de material didático era utilizado pelos alunos e professores?
PARTE V
1. Havia alguma orientação pedagógica? E quem fazia esta orientação?
2. A senhora gostaria de falar mais alguma coisa sobre o MEB?
48
9.
ANEXOS
49
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO / CAMPUS VII COORDENAÇÃO DE TCC DISCIPLINA: MONOGRAFIA PROFESSORA: SIMONE WANDERLEY
TERMO DE COMPROMISSO DO ALUNO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
NOME DO ALUNO(A): Lucimar Batista de Andrade
ENDEREÇO: Rua Otávio Mangabeira, 371 – Bairro da Lagoa
TELEFONE: (74) 9199-7970
E-MAIL: [email protected]
NOME DO ORIENTADOR(A) e QUALIFICAÇÃO:
MARIA GLORIA DA PAZ / Doutoranda em educação (Cultura e Historia da
Educação) pela UFRN
ENDEREÇO PROFISSIONAL:
Departamento de Educação- Campus VII, Senhor do Bonfim-Bahia
TÍTULO DO PROJETO DE MONOGRAFIA:
História dos Movimentos Sociais: O Movimento de Educação de Base – MEB, no
Município de Senhor do Bonfim-Bahia, no período de 1962 a 1964.
PROJETO DE PESQUISA DO QUAL FAZ PARTE (se for o caso):
LOCAL ONDE SERÁ DESENVOLVIDO: __________________________________ DATA DE INÍCIO DO PROJETO:
RESUMO DO PROJETO:
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Declaro que tomei ciência da programação e objetivos que regem a disciplina
Monografia, obrigatória para os alunos de Licenciatura em Pedagogia, na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Departamento de Educação – Senhor do Bonfim.
Senhor do Bonfim, _______ de _______________ de 2008.
_______________________________________ Aluno
_______________________________________ Orientador
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FIGURAS
FIGURA 1 – CARTILHA BENEDITO FIGURA 2 – CARTILHA JOVELINA
FIGURA 3 – CARTILHA VIVER É LUTAR
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FIGURA 4 – CARTILHA MUTIRÃO 1º LIVRO
FIGURA 5 – CARTILHA MUTIRÃO 1º LIVRO
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FIGURA 6 – CARTILHA MUTIRÃO 1º LIVRO
FIGURA 7 – CARTILHA MUTIRÃO PARA A SAÚDE
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII – SENHOR DO BONFIM
CURSO: PEDAGOGIA CURRICULAR: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC DISCENTE: LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE
NOME DA PESQUISADA:_____________________________________________
1. O que pode nos informar sobre o MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. Quando foi a implantação do MEB na Bahia e em Bonfim? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Em quais comunidades o MEB foi implantado? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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4. Quem era o aluno do MEB? E como era que o aluno era recrutado? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Quem era o ministrante das aulas? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Como eram as aulas no MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________ 7. Que tipos de recursos eram utilizados para ministrar as aulas?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________
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____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Que tipo de material didático era utilizado pelos alunos e professores?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Havia alguma orientação pedagógica? E quem fazia esta orientação?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
10. Qual o período em que senhora atuou no MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11. O que pode nos informar sobre o MEB? Sua opinião particular.
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
12. Quem era o Bispo de Bonfim na época de funcionamento do MEB? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
13. O Bispo apoiava o Movimento? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14. Qual a função da senhora no MEB? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15. Qual a faixa etária de alunos do MEB?
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16. Onde as salas de aula funcionavam?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
17. Quem eram os monitores e como eram selecionados? ____________________________________________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18. Qual o tempo de duração das aulas? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19. A senhora lembra o nome de algum aluno(a) ou monitor(a)? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20. Em sua opinião, qual era principal proposta do MEB em termo de educação? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
21. Além da Senhora, que outras pessoas colaboraram com o MEB em Bonfim?
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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Que tipos de dificuldades a senhora encontrou durante ou após a extinção do MEB? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
23. As Escolas Radiofônica atingiram seus objetivos perante os(as) alunos(as) e perante à comunidade?
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________