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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO MAURO DE OLIVEIRA PLASTINA O TABLET COMO NOVA PLATAFORMA JORNALÍSTICA: AS TENDÊNCIAS NA DIAGRAMAÇÃO DA REVISTA VOCÊ S/A PARA IPAD Orientação: Dr. Eduardo Campos Pellanda PORTO ALEGRE 2014

Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

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Trabalho de conclusão apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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Page 1: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

MAURO DE OLIVEIRA PLASTINA

O TABLET COMO NOVA PLATAFORMA JORNALÍSTICA:

AS TENDÊNCIAS NA DIAGRAMAÇÃO DA REVISTA VOCÊ S/A PARA IPAD

Orientação: Dr. Eduardo Campos Pellanda

PORTO ALEGRE

2014

Page 2: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

MAURO DE OLIVEIRA PLASTINA

O TABLET COMO NOVA PLATAFORMA JORNALÍSTICA:

AS TENDÊNCIAS NA DIAGRAMAÇÃO DA REVISTA VOCÊ S/A PARA IPAD

Trabalho de conclusão apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Orientação: Dr. Eduardo Campos Pellanda

PORTO ALEGRE

2014

Page 3: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

MAURO DE OLIVEIRA PLASTINA

O TABLET COMO NOVA PLATAFORMA JORNALÍSTICA:

AS TENDÊNCIAS NA DIAGRAMAÇÃO DA REVISTA VOCÊ S/A PARA IPAD

Trabalho de conclusão apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Aprovada em: 15 de julho de 2014

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________

Orientação: Prof. Dr. Eduardo Campos Pellanda

_________________________________________________

Examinador: Prof. Me. Fabian Chelkanoff Thier

_________________________________________________

Examinador: Profª. Me. Karen Sica da Cunha

PORTO ALEGRE

2014

Page 4: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho contou com a participação de pessoas importantes

que guiaram minha vida pessoal e profissional até aqui. Sem elas talvez não estivesse

me encontrado no jornalismo, no interesse com tecnologia, ou com o design.

Agradeço em primeiro lugar meus pais, que me apoiaram em todas minhas

escolhas - o curso, os rumos de vida pessoal e os rumos profissionais – e que, com

esforço, me oportunizaram a realização de um dos melhores cursos de jornalismo do

país. A organização e determinação para realizar meus objetivos são qualidades

adquiridas ao vê-los em ação e sem elas não teria chegado até este momento.

Agradeço a Anne que me oportunizou novas experiências de vida e me

influenciou com seus ótimos gostos que me fizeram a pessoa que sou hoje. Sem esta

influência positiva não teria chegado tão precocemente aos objetivos que busco para

meu futuro. Além disto, me ofereceu uma nova família que já considero minha e que

pretendo não me afastar.

Aos professores da Famecos agradeço todo o conhecimento adquirido não

somente em aulas, mas em conversas, trocas de e-mails e orientações de rumos a

seguir na carreira. Sem eles eu não teria encontrado o caminho da união do jornalismo,

tecnologia e design. Ao meu orientador, Eduardo Pellanda, agradeço as orientações

dadas desde o primeiro semestre quanto aos rumos no jornalismo, a confiança por me

dar oportunidade como bolsista e conhecer o mundo acadêmico da pesquisa e, claro,

me guiar neste trabalho com sua experiência e tranqüilidade. Agradeço também ao

mestre Fábian Chelkanoff que me apresentou ao mundo da diagramação e muitos

conselhos me deu sobre os caminhos a seguir nesta profissão.

Agradeço também ao Marcelo Matusiak por ter visto em mim um profissional a se

contar e me oferecer um emprego no qual pude desenvolver as habilidades que aprendi

durante a faculdade e me dar uma oportunidade de carreira, não somente de trabalho.

Vocês todos formam o conjunto que sou hoje e a todos agradeço por me

evoluírem como pessoa e profissional.

A todos que, de alguma forma, me apoiaram e animaram a seguir em frente, esta

conclusão também é de vocês. Muito obrigado.

Page 5: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

Desenhe a arte que você quer ver, comece o negócio que quer gerir,

toque a música que quer ouvir, escreva os livros que quer ler, crie os

produtos que quer usar – faça o trabalho que você quer ver pronto..

(KLEON, 2013, p. 56)

Page 6: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

RESUMO

O presente trabalho visa compreender a nova linguagem do jornalismo de revista para

a plataforma tablet. Com a migração das revistas impressas para o tablet, percebe-se o

surgimento de uma linguagem visual própria da plataforma baseada em características

vistas no jornalismo impresso e jornalismo on-line. Desta maneira, o uso desta nova

linguagem foi analisado através das tendências de uso dos elementos do Design

Editorial, Design de Interface e Design para Tablet na revista Você S/A para iPad.

Foram analisadas seis edições da revista, de novembro de 2013 a abril de 2014. Com a

análise das seis edições pode ser qualificado o uso dos elementos para a compreensão

da união das características do jornalismo impresso e das possibilidades multimídias e

interativas para o desenvolvimento da linguagem de um jornalismo de revista para

tablet. A análise concluiu que a revista Você S/A para iPad ainda recebe muita

influência da versão impressa através dos elementos gráficos do Design Editorial e

utiliza pouco e de forma repetitiva os elementos do Design de Interface e Design para

Tablet. A análise prevê cenários de falta de interesse da editora em investir na

plataforma tablet e de feedback negativo do público quanto ao aumento de uso de

elementos interativos e multimidiáticos na revista para iPad.

Palavras-chave: Tablet. Elementos gráficos. Design Gráfico. Design Editorial. Design

de Interface. Interatividade. Multimídia. Revista. Você S/A.

Page 7: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

ABSTRACT

The following work intends to study the new language of magazine journalism for the

tablet platform. Through the migration from print to tablet magazines, it can be perceived

the emergence of a plataform’s own visual language based on features seen in print and

online journalism. The use of this language has been analyzed through the elements

using tendency of Editorial Design, Interface Design, Tablet Design in the Você S/A

magazine for iPad. It has been analyzed six issues of the magazine, from November

2013 to April 2014. Through the analysis of these six editions it had been described the

use of the elements for understanding the union of the features of print journalism and

multimedia and interactive possibilities for the development of a journalism language for

tablets magazines. The analysis concluded that Você S/A magazine for iPad still gets a

highly influence of the printed version through Editorial Design graphics elements and

little and repetitively uses of the Interface Design and Tablet Design elements. The

analysis provides scenarios with lack of interest from the publishing house to invest in

tablet platform and negative feedback from the public about the increased use of

interactive and multimediatic elements in the magazine for iPad.

Keywords: tablet. Graphic Elements. Graphic Design. Editorial Design. Interface Design.

Interactivity. Multimedia. Magazine. Você S/A.

Page 8: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Gráfico da pesquisa Newspaper Audience by Platform (Audiência de Jornal

por Plataforma)................................................................................................................35

Figura 2 - Gráfico da pesquisa Where American Get News (Onde os norte-americanos

pegam notícias)...............................................................................................................36

Figura 3 - Gestos para telas táteis..................................................................................48

Figura 4 – Capa da edição de novembro da Você S/A...................................................61

Figura 5 – Uso de elementos gráficos.............................................................................62

Figura 6 – Uso de leitura com profundidade...................................................................62

Figura 7 – Anúncio do Grupo Boticário com erro na edição de novembro 2013........... 63

Figura 8 – Uso de quadro rolável....................................................................................64

Figura 9 – Uso de indicação de vídeo.............................................................................64

Figura 10 – Presença de interatividade com sobreposição aninhada.............................65

Figura 11 – Uso da sobreposição aninhada da Figura 10...............................................65

Figura 12 – Capa da edição de dezembro de 2013 da Você S/A...................................69

Figura 13 – Uso de hiperlinks e erro de leitura vertical...................................................70

Figura 14 – Matéria na Exame.com................................................................................70

Figura 15 –Uso de infográfico animado e sobreposição aninhada.................................71

Figura 16 –Uso de apresentação de slide automático....................................................71

Figura 17 – Capa da edição de janeiro de 2014.............................................................75

Figura 18 – Uso de quadro rolável..................................................................................75

Figura 19 – Uso de sequência de imagens.....................................................................76

Figura 20 – Uso de conteúdo da web..............................................................................76

Figura 21 – Capa da edição de fevereiro de 2014..........................................................80

Figura 22 – Capa de seção animada..............................................................................80

Figura 23 – Capa de seção animada (continuação)........................................................81

Figura 24 –Uso da sobreposição aninhada.....................................................................81

Figura 25 – Capa de seção animada..............................................................................85

Figura 26 – Uso de quadro rolável e botão para vídeo...................................................85

Figura 27 – Página com animação .................................................................................86

Page 9: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

Figura 28 – Uso de animação e sobreposição aninhada................................................86

Figura 29 – Uso de animação em segundo plano...........................................................87

Figura 30 – Capa da edição de abril de 2014.................................................................91

Figura 31 – Capa de matéria com animação..................................................................91

Figura 32 – Uso de sobreposição aninhada....................................................................92

Figura 33 – Uso de vídeo................................................................................................93

Page 10: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Gestos para telas táteis com ação e funcionalidade....................................49

Quadro 2 – Elementos do Design Editorial para análise.................................................55

Quadro 3 – Elementos do Design de Interface para análise...........................................55

Quadro 4 – Elementos do Design para Tablet para análise............................................56

Quadro 5 – Elementos do Design Editorial na edição de novembro de 2013.................59

Quadro 6 – Elementos do Design de Interface na edição de novembro de 2013...........59

Quadro 7 – Elementos do Design para Tablet na edição de novembro de 2013...........60

Quadro 8 – Elementos do Design Editorial na edição de dezembro de 2013.................66

Quadro 9 – Elementos do Design de Interface na edição de dezembro de 2013...........67

Quadro 10 – Elementos do Design para Tablet na edição de dezembro de 2013.........67

Quadro 11 – Elementos do Design Editorial na edição de janeiro de 2014....................72

Quadro 12 – Elementos do Design de Interface na edição de janeiro de 2014..............73

Quadro 13 – Elementos do Design para Tablet na edição de janeiro de 2014...............73

Quadro 14 – Elementos do Design Editorial na edição de fevereiro de 2014.................77

Quadro 15 – Elementos do Design de Interface na edição de fevereiro de 2014...........78

Quadro 16 – Elementos do Design para Tablet na edição de fevereiro de 2014............78

Quadro 17 – Elementos do Design Editorial na edição de março...................................82

Quadro 18 – Elementos do Design de Interface na edição de março de 2014...............83

Quadro 19 – Elementos do Design para Tablet na edição de março de 2014...............83

Quadro 20 – Elementos do Design Editorial na edição de abril de 2014........................88

Quadro 21 – Elementos do Design de Interface na edição de abril de 2014..................89

Quadro 22 – Elementos do Design para Tablet na edição de abril de 2014...................89

Page 11: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11

2 EVOLUÇÃO DE PLATAFORMA ................................................................................ 15

2.1 JORNALISMO .......................................................................................................... 17

2.2 INTERNET ................................................................................................................ 19

2.3 JORNALISMO NA INTERNET .................................................................................. 20

2.4 CONVERGÊNCIAS .................................................................................................. 22

2.5 A EVOLUÇÃO DA PLATAFORMA REVISTA ............................................................ 24

3 COMUNICAÇÃO E MOBILIDADE .............................................................................. 26

3.1 JORNALISMO EM PLATAFORMAS MÓVEIS .......................................................... 28

3.2 MIGRAÇÃO PARA TABLETS ................................................................................... 30

4 OS TIPOS DE DESIGN ............................................................................................... 34

4.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA PÁGINA IMPRESSA .......................................... 37

4.2 ELEMENTOS DE DESIGN EDITORIAL .................................................................... 39

4.3 A COMPUTAÇÃO E O DESIGN DE INTERFACE ..................................................... 41

5 UMA NOVA LINGUAGEM .......................................................................................... 45

6 ANÁLISE DAS EDIÇÕES ........................................................................................... 52

6.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 52

6.1.2 A Categorização .................................................................................................... 53

6.1.2.1 Categorias de análise ....................................................................................... 54

6.2 INTRODUÇÃO HISTÓRICA DA VOCÊ S/A .............................................................. 57

6.3 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO ........................................................................ 58

6.3.1 Edição novembro de 2013 .................................................................................... 58

6.3.2 Edição dezembro de 2013 .................................................................................... 67

6.3.3 Edição janeiro de 2014 ......................................................................................... 73

6.3.4 Edição fevereiro de 2014 ...................................................................................... 78

6.3.5 Edição março de 2014........................................................................................... 83

6.3.6 Edição abril de 2014 .............................................................................................. 88

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 95

Page 12: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso traz como tema a importância da

diagramação específica para revistas em tablets levando em consideração as

oportunidades multimídias da plataforma. O estudo será sobre as formas interativas,

multimídias e gráficas presentes em revistas no iPad. A ideia é estudar a união dos

formatos para se contar uma história jornalística nas revistas para tablet.

O estudo será feito a partir da análise de seis edições da revista Você S/A para

iPad, da editora Abril. A escolha deste objeto de pesquisa está relacionada ao formato

exportado da revista para a plataforma. A revista Você S/A existe desde 1998 no

formato impresso e desde 2011 para tablets. Optamos por estudar como uma revista já

consolidada no formato impresso leva o conteúdo para uma nova plataforma

aproveitando as novas oportunidades, mantendo o público-alvo interessado e atraindo

leitores para o novo formato.

Com a análise do periódico para tablet, poderemos identificar as características

essências que devem estar presentes na revista, descrever as oportunidades multimídia

de interação e investigar a percepção do leitor na estrutura interativa de periódicos para

tablet.

O estudo se mostra interessante, pois o tablet é visto como uma nova plataforma

de comunicação tornando-se importante estudar como o jornalismo deve se preparar

para a criação deste novo veículo junto ao rádio, televisão, impressos e Internet. A

migração para a plataforma é comprovada pela pesquisa 1 do International Data

Corporation (IDC)2, que apresenta 2013 como o ano que os tablets superaram os

computadores de mesa e notebooks em número de vendas. Conforme a pesquisa, as

lojas brasileiras comercializaram 8,4 milhões de tablets. A plataforma superou os

computadores de mesa no segundo trimestre de 2013 (1,9 milhão de unidades

vendidas contra 1,5 milhão de unidades) e entre outubro e dezembro ultrapassaram

também os notebooks (3 milhões de unidades vendidas contra 2 milhões de unidades).

1 Para mais informações, consulte: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/03/tablet-ultrapassa-vendas-de-desktop-e-notebook-e-pela-1-vez-no-brasil.html>. Acesso em 04 abr 2014 2 Data Corporation (IDC) é uma empresa americana de análise de mercado especialista em tecnologia da informação, telecomunicações e consumo de tecnologia.

Page 13: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

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Apesar de ser comparado com o jornalismo on-line produzido para computadores,

o tablet vai além por ser uma plataforma que une a mobilidade do veículo impresso, a

interatividade e velocidade da Internet e a utilização de vídeos (TV) e áudios (rádio).

Tudo isto faz com que a plataforma não seja somente uma ferramenta para encontrar

informação como o computador, mas sim uma mídia totalmente nova que necessita de

sua própria linguagem. Como diria McLuhan, mais um “meio de comunicação como

extensão do homem”. (1974, p. 197).

Apesar do iPad ser o tablet mais conhecido no mundo, a história da plataforma

não foi iniciada pela Apple em 2010, mas tem mais de 50 anos. Na década de 50, Tom

Dimond3 apresentou o Stylator, um tablet com caneta que reconhecia escrita à mão

livre em tempo real. Ainda no século anterior, em 1888, Elisha Gray4 registrou a patente

de uma caneta elétrica semelhante às canetas stylus que reconhecia a escrita à mão

livre. Já em 1942, houve o primeiro registro de uma tela touchscreen com

reconhecimento de escrita.

Apesar de Dimond e Gray, foi em 1968 que Alan Kay5, enquanto trabalhava na

Xerox PARC6, desenvolveu um protótipo de computador pessoal voltado às crianças

chamada Dynabook que reunia tela, teclado, bateria e componentes em uma prancheta.

Este é o protótipo mais reconhecido como predecessor dos tablets atuais.

Neste momento embrionário da plataforma tablet como conhecemos hoje,

iniciada pelo iPad em 2010, uma linguagem própria ainda está em desenvolvimento por

grupos de comunicação. Muitos buscam participar desta transformação apenas

reaproveitando a versão impressa de jornais e revistas e colocando no tablet, mas esta

pode não ser a maneira mais cativante para o leitor e nem a mais eficaz do ponto de

vista do aproveitamento da capacidade multimídia da ferramenta.

Desta forma, optamos por estudar os aspectos gráficos de revistas para iPad

para compreender como se comportam os leitores nas diferentes linguagens expressas

nas publicações. Além disso, pretendemos reconhecer as soluções de linguagem para

3 Tom Dimond era um engenheiro e trabalhava no Bell Telephone Labs. Mais informações sobre o Stylator pode ser vista em artigo de Dimond em < http://www.computer.org/csdl/proceedings/afips/1957/5051/00/50510232.pdf>. 4 Elisha Gray foi um engenheiro elétrico e inventor americano e é mais conhecido como um dos desenvolvedores do protótipo do telefone. 5 Alan Kay é um desenvolvedor americano que desenvolveu o primeiro protótipo comercializável de um tablet, o Dynabook. 6 Xerox Palo Alto Research Center (PARC) foi uma importante divisão de pesquisa da Xerox Corporation baseada em Palo Alto, Califórnia, EUA.

Page 14: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

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o melhor aproveitamento da hipermídia da plataforma para contar um fato jornalístico

sem prejudicar a leitura. Para tal, analisaremos a revista para tablet como produto de

diagramação como jornais e revistas impressas, mas também pelo viés do Design de

Interface como websites.

Como forma de estudar a maior parte possível de elementos interativos

analisaremos as edições da Você S/A de novembro de 2013 a abril de 2014. Além de

objetos gráficos clássicos (tipografia, fotografia, linhas, boxes, cor) iremos estudar

também efeitos de transição de páginas, fluxo de leitura de matérias, galeria de fotos,

vídeos, sons e anúncios interativos.

O método de estudo de caso trará a oportunidade de analisarmos o que Yin

(2001, p. 61) chama de “projeto de casos múltiplos incorporados”. Assim teremos como

subdividir a análise de interatividade nas edições e estudar separadamente os

diferentes elementos do design.

Ele (o projeto integrado) é adequado quando o estudo de caso, único ou múltiplo, envolve subunidades de análise, como, por exemplo, ao se estudar o clima organizacional de uma empresa, o pesquisador decide incluir os funcionários como uma subunidade de estudo. (DUARTE; BARROS, 2012, p. 227)

Sem a compreensão da plataforma e de suas possibilidades, será improvável o

desenvolvimento de uma linguagem específica em curto-prazo fazendo com que o

impresso migre de forma “estática” para o tablet. A partir da pesquisa buscamos que

diagramadores futuros tornem-se também programadores de layout, não somente

“designers de página”7.

O estudo de caso foi escolhido para podermos embasar a oportunidade de

interatividade gráfica presente em uma publicação já estabelecida no mercado, além de

podermos analisar o fluxo de leitura em versões interativas de revistas para tablet. Com

o estudo de caso, adotaremos a análise analítica da publicação para categorizarmos os

elementos presentes e assim dispormos as evidências para a melhor análise qualitativa.

Recorremos também ao método documental, aplicando a pesquisa bibliográfica

em documentos necessários para analisar os elementos tradicionais na diagramação

de revistas e as possibilidades da estrutura da plataforma tablet. 7 A diferença entre “programadores de layout” e “designers de página” seria o conhecimento do design editorial, de interface e para tablet para diagramações de publicações pensadas para a plataforma tablet.

Page 15: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

14

Para estudar pelo viés do jornalismo e da informática uniremos autores que

tratam de comunicação e Internet. A intenção de mesclar as duas áreas visa analisar de

forma clara as possibilidades tecnológicas do tablet para o jornalismo.

A sustentação teórica sobre diagramação, cultura da convergência e meios de

comunicação será dos autores Rafael Souza Silva (1985), Norman (1988), Samara

(2011), Henry Jenkins (2009) e Marshall McLuhan (1974). O olhar da informática será

trazido através das publicações de Steven Johnson (2001) e Mario Garcia e Reed

Reibstein (2012) e Vivian Rodrigues (in Paulino;Rodrigues, 2013).

Na contemplação de todas as possibilidades o estudo será dividido em quatro

capítulos. No capítulo “EVOLUÇÃO DE PLATAFORMA” explicaremos a introdução do

jornalismo na Internet e como ela fez com que se criasse a tendência da convergência

de mídias. Em “COMUNICAÇÃO E MOBILIDADE” será definida a questão de como a

banda larga e plataformas móveis levaram o jornalismo a outros patamares de

mobilidade aos criados pelo rádio e pelo jornalismo impresso além de definir a recente

participação dos tablets como plataforma jornalística diferenciada. Em “OS TIPOS DE

DESIGN” a ênfase será dada à importância da diagramação para o jornalismo impresso

e do Design de Interface ao computador. Em ambos os casos o objetivo é proporcionar

um melhor conforto e compreensão pelo usuário. Assim sendo, estudaremos a união

das vertentes do design para melhor experiência do leitor em revistas para tablets. No

capítulo, “ANÁLISE DAS EDIÇÕES” estudar-se-á a percepção do leitor com as formas

interativas desta nova forma de jornalismo em uma análise comparativa das revistas.

Partindo dos pontos apresentados, a presente monografia objetiva identificar as

possibilidades de design de diagramação e interatividade para o jornalismo em tablets.

Utilizaremos como parâmetro a análise da interatividade entre as edições da revista

Você S/A para o iPad e como o usuário/leitor percebe o diferente fluxo de leitura e

possibilidades presentes na plataforma.

Page 16: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

15

2 EVOLUÇÃO DE PLATAFORMA

A atual geração de tablets como plataformas com tela touchscreen e baixo

desperdício de energia foi iniciada pelo iPad, lançado pela Apple em junho de 2010.

Assim como quando surgiu a Internet para o público de massa, a mídia ainda busca um

formato padrão para estabelecer um fluxo de comunicação que o público tenha

facilidade de usar. Nesta época de migração para o formato de telas táteis, as

publicações têm surgido de três maneiras diferentes para a nova plataforma: através da

transposição do formato impresso para o digital sem interatividade; através de formatos

interativos de publicações impressas pensadas para tablet; e através de publicações

feitas somente para tablets como o The Magazine8 e o O Globo a +9.

A Você S/A é uma publicação consolidada no meio impresso e busca a

transferência para o tablet através do desenvolvimento de uma versão específica

oferecida em aplicativo próprio e em uma banca digital da editora Abril, o IBA10. A Você

S/A foi selecionada por ter um público-alvo não necessariamente familiarizado com a

tecnologia o que faz com que a linguagem interativa usada tenha de ser voltada para

leitores comuns.

Assim como existem as revistas transportadas para a plataforma tablet há

também, jornais, rádios via streaming 11 e programas em vídeo disponibilizados

em apps12. Foi escolhida para o estudo a mídia revista, pois foi ela que teve uma

migração melhor pensada para a nova plataforma na questão de diagramação voltada a

tablets. Os jornais que iniciaram, em 2010, a migração e criação de títulos exclusivos

como o The Daily13, não conseguiram manter suas versões por muito tempo devido à

necessidade de edições diárias. Já as revistas podiam ter tempo para trabalhar suas

diagramações e versões para tablets sem a necessidade da rapidez de publicação do

jornal.

8 The Magazine é uma publicação exclusiva para iOS veiculada de duas em duas semanas 9 O Globo a + é o jornal vespertino do O Globo exclusivo para iPad. É publicado às 18h de segunda a sexta-feira. 10 IBA é a banca digital da Editora Abril disponível como app para iOS, Android e Windows PC 11 Streaming é uma forma de distribuição de dados geralmente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da Internet. 12 App é a abreviação de application que são os programas instalados nos sistemas operacionais móveis. 13 The Daily foi um jornal desenvolvido pela News Corporation em parceria com a Apple em edição totalmente digital sendo o primeiro jornal para tablets do mundo.

Page 17: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

16

Esta transposição do papel para a tela foi vista anteriormente nos e-books14

como o Kindle15 da Amazon16, neste caso, especificamente da transposição de livros de

papel para suas versões digitais de e-ink 17 . Esta transição acaba por acontecer

naturalmente, de certa forma, devido ao tamanho padrão de livros serem mais fáceis de

transpor para a tela.

Segundo Macedo (2013, p. 52): “Esse tipo de suporte se apega muito mais ao

sentido de emulação dos livros, pois as suas dimensões são equivalentes ao tamanho

médio dos livros, o seu peso também é bem parecido com os códex.” Já para jornais e

revistas o tamanho é, de certa forma, um problema já que há uma margem grande de

tamanho entre diferentes títulos. Apesar deste ser um fator crítico na adaptação da

mídia impressa para telas táteis, o tamanho é também uma questão que influenciou o

desenvolvimento maior de revistas voltadas para os tablets ao invés de jornais e a

busca de uma linguagem gráfica diferenciada para a nova plataforma.

Os jornais mantêm características como publicação diária, foco no texto (não tanto em

fotos) e tamanho padrão muito diferenciado do tablet, sendo os mais comuns o

Tablóide (26,5 centímetros de largura por 29,7 centímetros de altura) e o Standard (32

centímetros de largura por 56 centímetros de altura).

As revistas, por outro lado, contém aspectos que a ajudaram a se desenvolver

nos tablets: a qualidade da imagem em texto e fotos, a periodicidade (semanal,

quinzenal, mensal) e o tamanho - o formato mais comum é 20,2 centímetros de largura

por 26,6 centímetros de altura (SCALZO, 2003, p. 37). Estas características básicas da

revista a ajudaram na migração para o tablet. A alta qualidade em texto e imagem se

mantém com as telas retina18 e Gorila Glass19 dos aparelhos, a periodicidade espaçada

auxilia dando tempo às equipes para formatar edições interativas com design bem

pensado para o leitor e o tamanho que se assemelha ao do iPad tela retina que tem

18,57 centímetros de largura por 24,12 centímetros de altura. Este tamanho do iPad

14 E-book significa eletronic book – livro eletrônico. Livro disponibilizado em plataformas digitais. 15 Kindle é um leitor de livros digitais desenvolvido pela subsidiária da Amazon, a Lab126. 16 Amazon.com é uma empresa americana de comércio eletrônico que desenvolve o leitor digital Kindle. 17 E-ink significa electronic ink (tinta eletrônica). O termo que designa tecnologias que procuram imitar o papel convencional com uma impressão eletrônica de textos e imagens, 18 Tela retina é o nome comercial usado pela Apple para as telas LCD que apresentam uma densidade de Pixels suficiente para o olho humano não ser capaz de perceber a pixelação a uma distância padrão. 19 Gorilla Glass é um tipo de vidro produzido pela Corning Inc e projetado para ser fino, leve e resistente a danos.

Page 18: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

17

que reproduz proporção 4:320 é utilizada, exatamente, para facilitar a leitura. Sendo esta

a maior diferença de tablets Android que utilizam a proporção 16:921 que beneficiam a

visualização de vídeos no equipamento.

Outro elemento conhecido das revistas é a segmentação por assunto ou público-

alvo. Isto faz com que se crie um forte vínculo entre o título e o leitor, fazendo com que

este participe ativamente com indicações de pauta, elogios e críticas. Esse

conhecimento claro de quem é o leitor faz com que a revista adeque sua linguagem a

ele.

Como tudo numa revista, é o leitor, também, quem vai determinar o tipo de linguagem gráfica a ser utilizada pela publicação. Não dá para imaginar uma revista de surf diagramada como um semanal de informação, ou vice-versa. É o universo de valores e de interesses dos leitores que vai definir a tipologia, o corpo do texto, a entrelinha, a largura das colunas, as cores, o tipo de imagem e a forma como tudo isto será disposto na página. (SCALZO, 2003, p. 67)

A possibilidade de conhecer o leitor, o vínculo que gera feedback e o maior

tempo para pensar o layout gráfico fez com que a revista se tornasse uma plataforma

conveniente para testes de design, linguagem, fluxo de leitura e interatividade para a

plataforma tablet.

2.1 JORNALISMO

A comunicação sempre foi uma das características mais perseverantes nos

humanos, desde as primeiras tentativas de falas até desenhos nas cavernas se

comunicar é um dos fatores que auxiliou na permanência da espécie no planeta. Com a

evolução, as técnicas de comunicação se aprimoraram até uma fala padronizada e

depois à escrita. O surgimento da escrita foi a gênese do jornalismo.

As pessoas, através dos séculos, foram aprimorando a arte de contar histórias e novidades e também a arte de transmitir fidedignamente essas histórias e essas novidades aos seus semelhantes. Esta arte beneficiou com a invenção da escrita e de suportes como o papiro e, posteriormente, o papel, entre outros. As cartas tornaram-se a principal forma de transmitir notícias. O espaço e o

20 Proporção surgida e utilizada n o cinema e até meados de 1950. Também conhecida como proporção 1,33. Representa que em cada 1 ponto de altura, a imagem tem largura de 1,33 ponto. 21 É a proporção da televisão de alta definição, adotada como padrão HDTV desde os anos 1980. Também conhecido como widescreen. Representa que em cada 16 pontos de largura a imagem tem 9 pontos de altura.

Page 19: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

18

tempo deixaram de constituir obstáculos intransponíveis para a difusão de informações e narrativas. (SOUSA, 2001, p. 18)

Durante a Idade Média surgiu a informação de fatos importantes que saiam das

penas dos cronistas e era copiadas a mão e remetidas aos nobres, eclesiásticos e

personalidades importantes da época. Conforme Sousa (2001) o primeiro jornal

impresso surge entre 1597 (em Praga) ou em 1605 (na Antuérpia) – depende da visão

de cada pesquisador. O primeiro jornal diário surgiu em 1702, na Inglaterra, o Daily

Courant, que só não era veiculado aos domingos. Este foi o primeiro sinal de que o

público buscava ficar ciente das notícias de forma mais rápida. Em 1812, com a

invenção da rotativa por Koning, o jornal acabou tendo seu preço reduzido devido a

possibilidade da impressão em número elevado.

Assim como o jornal, o primeiro periódico chamado de revista foi na Inglaterra

em 1704, apenas dois anos depois do primeiro jornal diário e visualmente muito

parecido com um livro. Já em 1731, em Londres, surge a primeira revista mais parecida

com as de hoje em dia chamada The Gentleman’s Magazine que reunia vários

assuntos e os apresentava de forma leve e agradável. (SCALZO, 2003, p. 19)

Com o aumento do índice de escolarização no século XIX, as revistas se

tornaram moda na Europa e nos Estados Unidos. Apesar de alfabetizado, o público das

revistas não era interessado na profundidade dos livros, mas ainda assim buscava

instrução e mantinha o desejo pela leitura. Nesta época, com o avanço técnico das

gráficas, as revistas começaram a ter mais qualidade e utilizavam diversas imagens

como ilustrações. Este avanço permitiu que a revista se mantivesse entre o livro (para

um público de elite e culto) e o jornal (para os interessados nas últimas notícias).

O aumento de público chamou a atenção de anunciantes que se interessaram

em oferecer seus produtos para nichos específicos fazendo com que o valor de venda

das revistas diminuísse e aumentasse ainda mais sua penetração entre o público.

Page 20: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

19

2.2 INTERNET

A Internet foi desenvolvida pela agência ARPA (Advanced Research and Projects

Agency)22 em conjunto com universidades americanas em 1969, no tempo de Guerra

Fria, com o nome de ARPANet23, para manter a comunicação das bases militares dos

Estados Unidos. Quando a Guerra Fria cessou, a ARPANet ficou disponível aos

cientistas e, mais tarde, às universidades estrangeiras.

As primeiras funções executadas com as tecnologias desenvolvidas pelo projeto

foram as de correio eletrônico, de transferência de arquivos e de acesso remoto a

computadores, denominadas de serviços básicos da Internet. Com o apoio financeiro

da National Science Foundation24 cresceu a quantidade de instituições de educação e

pesquisa dos EUA com acesso à Internet fazendo com que se popularizasse seu uso.

No Brasil foi desenvolvida estrutura para acesso à rede pelo governo federal

através do Projeto da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa25, criado em 1989 pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação 26 com apoio de instituições

governamentais como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo27. A

Internet, propriamente dita, iniciou de fato em 1991 e tornou-se comercial em 1995 por

iniciativa do Ministério das Telecomunicações28 e Ministério da Ciência e Tecnologia.

(MORAIS;LIMA;FRANCO,2012, p. 42)

A forma como conhecemos a Internet vem diretamente dos princípios de sua

interface quando surgiu a web. A web ou World Wide Web29 ou WWW, é um sistema de

22 ARPA era uma agência de pesquisa e desenvolvimento de projetos americana criada em 1958 como DARPA (nome atual) que objetivava a superioridade tecnológica americana no mundo. <http://www.darpa.mil> 23 ARPANet (Advanced Research Projects Agency Network) foi a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e precursor da Internet. 24 A National Science Foundation (Fundação Nacional da Ciência) é uma agência governamental americana que promove a pesquisa e educação em campos da ciência e engenharia. <http://www.nsf.gov/> 25 A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa é uma Organização Social ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia que objetiva a melhora da infraestrutura de redes em níveis nacional, metropolitano e local. <https://www.rnp.br> 26 O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) foi criado em 1985 com competências sobre política nacional de pesquisa científica, tecnológica e inovação; planejamento, coordenação, supervisão e controle das atividades da ciência e tecnologia; política de desenvolvimento de informática e automação; política nacional de biossegurança; política espacial; política nuclear e controle da exportação de bens e serviços sensíveis. <http://www.mct.gov.br> 27 A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é uma agência de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Está ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Inovação e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo. <http://www.fapesp.br/> 28 O Ministério das Comunicações, criado em 1967, tem como suas áreas de competência os serviços de radiodifusão, postais e de telecomunicações, e é responsável por formular e propor as políticas nacionais para estas áreas, bem como a política nacional de inclusão digital. 29 World Wide Web, em tradução livre “teia mundial” representa a rede mundial de computadores que apresenta o conteúdo presente na Internet.

Page 21: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

20

documentos interligados e executados na Internet que podem estar na forma de vídeos,

sons, hipertextos e figuras e conta com um imenso banco de dados. A web é utilizada

através dos navegadores 30 e é um serviço baseado na consulta, recuperação ou

disseminação de informações através da Internet.

Em meados dos anos 1970, antes de Tim Berners-Lee31 criar a World Wide Web,

o New York Times se tornou o primeiro grande jornal a oferecer seu conteúdo on-line

com o “New York Times Information Bank” no qual disponibilizava resumos e artigos de

edições passadas e atuais para assinantes. Conforme Wilson Dizard Jr. (in

MOHERDAUI, 2007, p. 23) em A nova mídia: a comunicação de massa na era da

informação “em 1980, o Columbus Dispatch, um jornal de Ohio, colocou todo o

conteúdo editorial diário à disposição dos possuidores de computadores, colocando

uma taxa pelo serviço por meio do provedor Compuserve”.

Com o surgimento e popularização da Internet, com o uso da web e do serviço

de e-mail, o jornalismo a notou como uma nova plataforma de comunicação. Desde a

década de 1990 o jornalismo on-line tem criado sua linguagem própria além de formas

próprias de sustentabilidade financeira.

2.3 JORNALISMO NA INTERNET

Quando grandes veículos de comunicação resolveram disponibilizar seu

conteúdo na Internet ninguém sabia como fazer. A mídia via a Internet como um recurso

"complementar" ao propósito de informar a sociedade. (SQUIRRA, 2012, p. 271). Os

textos eram os mesmos da mídia impressa, a leitura era cansativa, haviam poucas fotos

(devido a baixa velocidade de conexão da época) e a navegabilidade deixava a desejar.

Com o tempo a mídia aprendeu a trabalhar para a Internet fazendo com que ela se

tornasse uma nova plataforma. Castells (2003, p. 163) afirma que os jornais devem

aproveitar a Internet para estarem em todos os locais.

Jornais estabelecidos têm de estar on-line para estar sempre lá, prontos para seus leitores, para mantê-los sob o mantra de sua autoridade. Assim fazendo,

30 Navegador (ou browser em inglês) é o programa utilizado para visualizar os documentos presentes na internet através das páginas web. 31 Timothy John Berners-Lee (Tim Berners-Lee) é um físico e cientista da informática britânico que criou os protocolos web como conhecemos hoje. Apresentou sua proposta em 1989.

Page 22: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

21

os jornais esperam que o contato físico com o formato muito portátil e fácil de usar do jornal impresso (ou, sob esse aspecto, da revista) continue sendo uma necessidade e acabe por se beneficiar de sua presença ubíqua on-line. (CASTELLS, 2003, p. 163)

A mudança para uma nova plataforma não deve ser vista com receio pelos

jornalistas, eles devem conhecer aos poucos até se criar um padrão novo de linguagem.

Lévy (2001, p. 68) fala que é "preciso aprender a navegar e familiarizar-se com o

assunto" antes de desistir do próximo passo.

Em cenário, conforme também mostra Jeremy Rifkin (2001), onde tudo está acessível e os recursos informatizados passam a ser disponibilizados o tempo todo, em todo lugar, no que vem sendo chamado de ‘Internet das coisas’, basta ter alguns recursos informatizados e uma boa conexão digital para que uma vigorosa participação on-line difunda relatos comunicativos onde receptores se confundem com emissores. Este horizonte técnico-midiático acabou promovendo mudança radical no modelo de negócio das empresas jornalísticas, tendo atingido também os jornalistas, os conteúdos e os modelos de seleção e divulgação de notícias. (SQUIRRA, 2012, p. 271)

Com o passar do tempo o jornalismo na Internet foi tomando forma e uma

linguagem própria acabou sendo desenvolvida. Isto o fez se tornar uma plataforma

completamente independente do impresso, rádio e televisão.

Castells (2001, p. 165) cita as principais características da Internet definidas por

Packer e Jordan no livro Multimedia: from Wagner to virtual reality32 de 2001.

a) Integração: a combinação das formas artísticas da tecnologia numa forma

híbrida de expressão.

b) Interatividade: a capacidade do usuário de manipular e afetar diretamente a

experiência da mídia e de se comunicar com outros através dela.

c) Hipermídia: a ligação de elementos separados da mídia uns com os outros

para criar uma trilha de associação pessoal.

d) Imersão: a experiência de ingressar na simulação de um ambiente

tridimensional.

e) Narratividade: estratégias estéticas e formais que derivam dos conceitos

acima e que resultam em formas não lineares de história de apresentação da

mídia.

32 Multimídia: de Wagner à realidade virtual (tradução livre do autor)

Page 23: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

22

Estas características acabaram sendo também as principais norteadoras do

jornalismo on-line. Elas valem também, e talvez até mais, para o jornalismo em

tablets que começa a se desenhar nos primeiros anos após a popularização da

plataforma tablet com o lançamento do iPad em 2010.

2.4 CONVERGÊNCIAS

O atual nível de tecnologia em nosso mundo quebra os parâmetros da mídia em

que cada plataforma trabalha separada. Com o aparecimento dos grupos de

comunicação na Internet e o desenvolvimento de uma linguagem própria, a TV, o rádio

e as publicações impressas também se tornaram ubíquas. Esta migração de diversas

mídias para o ciberespaço foi prevista por Lévy (2001) no que diz respeito à

comunicação através das plataformas multimídia.

Os modos de expressão disponíveis para comunicar-se no ciberespaço já são bastante variados e o serão ainda mais no futuro. Desde simples hipertextos até hiperdocumentos multimodais ou filmes em vídeo digital, passando pelos modelos para simulação gráfica interativa e as performances em mundos virtuais.Novas formas de escrever imagens, novas retóricas da interatividade serão inventadas. (LÉVY, 2001, p. 92)

Lévy (2001) vai ainda mais longe afirmando que os elementos do ciberespaço

progredirão rumo à integração, interconexão até o estabelecimento de sistemas

interdependentes. Ao afirmar prever todas estas mudanças na mídia, o autor já pensa

na Internet como algo que ligaria todas as plataformas, não sobrepondo-as (questão

que sempre surge com novas tecnologias de comunicação), mas complementando-as.

Com o surgimento do iPad em 2010 a previsão de Lévy começou a se tornar real. O

jornalismo de tablet não é somente uma convergência de mídias, mas também de

meios e linguagem. Os meios tradicionais como o rádio e o jornal já levavam a

informação de forma portátil ao receptor, porém, para Pellanda (2005), a conectividade

de hoje “amplifica as possibilidades de uma comunicação em tempo real, unindo todas

as linguagens midiáticas e estando disponível independente da posição geográfica”

criando o ambiente propício para a convergência.

Page 24: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

23

O autor ainda defende que empresas de comunicação aproveitem os diversos

veículos que mantém em diferentes meios para adentrar o mundo da convergência com

mais força.

Empresas como RBS, Globo ou Abril que possuem emissoras de TV e rádios e ao mesmo tempo atuam na mídia impressa precisam unificar esses meios para serem realmente empresas multimídias capazes de enfrentar a nova realidade que a Internet está impondo. (PELLANDA, 2001, p. 15)

Este aspecto de unificação de meios ainda não é realizado pelas empresas no

jornalismo on-line feito para sites. Costumeiramente, as organizações mantêm um site

para cada veículo sem que trabalhem agrupados em uma central multimídia. O que é

proposto através do tablet é a possibilidade da criação de um aplicativo que una as

linguagens de diversos meios em uma central de informações.

Hoje, os aplicativos para tablets ainda não unem esta funcionalidade em sua

totalidade, pois os meios ainda são muito separados entre si. Como foi dito no início

deste capítulo, a revista foi melhor adaptada para o tablet devido ao formato da

plataforma e suas características facilitarem sua migração.

No mundo atual, as distintas mídias se tornam possíveis nos displays audiovisuais interativos portáteis e continuamente conectados. Uma transformação robusta acontece na transição das mídias para as formas de estocagem e acesso 'nas nuvens'(Squirra, 2011), sendo que as diferenciações que se dão entre as mesmas são agora delineadas pelo conteúdo e pelas interatividades particularizadas que cada suporte apresenta. E não mais pela mídia em si. (SQUIRRA, 2012, p. 271)

Para Nunes (2013) este tipo de migração pode ser caracterizado por “jornalismo

digital de quinta geração” onde o jornalismo on-line, a mobilidade e a convergência de

mídias, meios e linguagens são formatados para a realidade de tablets e smartphones.

A autora define as características do jornalismo digital de quinta geração (Nunes, 2013,

p. 31):

a) independência do espaço Web;

b) mobilidade;

c) amplificação do potencial off-line: conectividade com relevância para

atualização e download de novas edições, mas não mais para a

leitura/visualização. Há uma expansão da capacidade de leitura off-line, como

Page 25: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

24

no The Daily, em que se pode ler toda a edição off-line. No entanto, links,

vídeos e dados ao vivo não podem ser acessados. Há dependência, porém

com menor intensidade;

d) construção visual, de organização de conteúdo, hierarquização noticiosa e

design gráfico com forte influência dos veículos jornalísticos de papel. Esta

referência dialoga com influências digitais da própria Web, tornando-se um

híbrido entre estes dois.

Estas características representam como o jornalismo impresso pode facilmente

ser migrado para o tablet e receber a aglutinação de conteúdo de outros meios para se

expandir com conteúdo multimídia e interativo.

2.5 A EVOLUÇÃO DA PLATAFORMA REVISTA

Assim como todo avanço tecnológico de plataforma, o novo acaba se baseando

no antecessor até encontrar uma linguagem própria. O início da revista também ocorreu

desta maneira. Historicamente, a primeira revista foi publicada em 1663, na Alemanha,

e chamava-se Erbauliche Monaths-Unterredungen 33 . O que a caracterizava como

revista e não livro eram três princípios básicos que até hoje se mantém: periodicidade

constante, voltada para um público específico e tratava de um assunto (neste caso, a

teologia). (SCALZO, 2003)

Na época pré-corte portuguesa no Brasil, Portugal proibia a imprensa no país.

Com a vinda para o Novo Mundo fugindo de Napoleão, as revistas vieram junto e esta

mesma corte era o assunto das publicações. A primeira revista brasileira circulava em

Salvador, Bahia, em 1812 e chamava-se As Variedades ou Ensaios de Literatura.

As revistas mantêm, desde a Erbauliche Monaths-Unterredungen, características

bem específicas que citamos neste capítulo. Estas características também fazem com

que o trabalho do jornalista seja diferenciado, não trabalhando com a notícia de última

hora como o jornal, tv e rádio, mas sim, projetando e pensando a pauta de forma

diferenciada para o leitor.

33 Edificantes Discussões Mensais

Page 26: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

25

Não dá para imaginar uma revista semanal de informações que se limita a apresentar para o leitor, no domingo, um mero resumo do que ele já viu e reviu durante a semana. É sempre necessário explorar novos ângulos, buscar notícias exclusivas, ajustar o foco para aquilo que se deseja saber, e entender o leitor de cada publicação. (SCALZO, 2003, p. 41)

Este aprofundamento nas pautas junto da periodicidade diversificada permite a

adaptação da revista no âmbito on-line e na preparação do Design Editorial voltado

para o jornalismo digital de quinta geração defendido por Nunes. Isto, atrelado ao

desenvolvimento de aplicativo do veiculo para tablets, permite unirmos o

aprofundamento de matérias dentro das páginas virtuais com as "notícias de última

hora" recebidas através de atualização automática de notícias presente no mesmo

aplicativo.

Assim, a revista para tablets deixa de ser apenas uma publicação aprofundada e

finita, mas sim uma central de notícias de um assunto específico com a possibilidade de

recebimento de "noticias de última hora" dentro de sua nova versão tecnológica.

Page 27: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

26

3 COMUNICAÇÃO E MOBILIDADE

A comunicação obteve, através dos anos, evoluções de plataformas que sempre

privilegiaram a mobilidade. Quando não havia escrita, a mobilidade era necessária para

se levar uma história no boca a boca para outras pessoas. Com o surgimento da escrita,

mensagens começaram a ser gravadas dando início ao processo de comunicação que

vigora até hoje. O processo iniciou em paredes e outro locais imóveis até objetos que

pudessem ser transportados.

Na Roma Antiga eram utilizados cartazes em grandes placas brancas para se

noticiar anúncios do governo de Júlio César em 59 A.C (ASSOCIAÇÃO NACIONAL

DOS JORNAIS: c2014b). Na China do século 2 foi inventado o papel (HISTORY

CHANNEL: c2013), o que leva a aparição do primeiro jornal impresso no ano de 713

(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS JORNAIS: c2014a). Sendo a primeira migração do

fixo para o móvel de um meio de comunicação. Desta época, passando pela reinvenção

da prensa de tipos móveis por Johannes Gutenberg em 1447 (ASSOCIAÇÃO

NACIONAL DOS JORNAIS: c2014a), a comunicação escrita perdurou sozinha até o

século XIX quando a transmissão de som por ondas de rádio surgiu.

O rádio, até a década de 40, era um aparelho fixo nas casas. Com a invenção do

transistor, em 1948, iniciou a fase móvel do rádio, com os receptores portáteis. Esta foi

a segunda migração do fixo para o móvel na comunicação.

A invenção do transistor, como a história relata à exaustão, foi talvez uma revolução que supera a própria base do rádio de transmissão de informações à distância. Isto porque a miniaturização proporcionou que cada indivíduo, letrado ou não, pudesse levar consigo, a qualquer lugar, um aparelhinho que lhe manteria informado. O fato, em um contexto de desenvolvimento das cidades e de grande mobilidade, possibilitou que aqueles conteúdos, até então restritos ao ambiente doméstico, estivessem em qualquer lugar. De certa forma, dava à mobilidade fria das metrópoles um tom de aconchego dos lares. (CUNHA, 2010, p. 4)

Entre os anos 30 e 40, após a Segunda Guerra Mundial, a televisão apareceu

nas casas das pessoas de todo o mundo e tornou-se a principal fonte de informação e

entretenimento por décadas.

Page 28: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

27

Sem desmerecer a contribuição do rádio e da imprensa, é possível afirmar, sem medo de erro, que a televisão é a mídia brasileira mais importante. Em menos de quatro décadas, o vídeo transformou a face do país, modificou os hábitos diários do povo, revolucionou a política, impôs profundas alterações na cultura, estabeleceu parâmetros de comportamento, afetou a fala e inovou a língua dos brasileiros. [...] De outra parte, a televisão se transformou na principal fonte de informação e notícia para as mais amplas camadas de espectadores de todos os níveis, todas as idades, todas as classes, de todos os rincões deste país. A notícia, a reportagem, o discurso, o debate, o comentário televisivo invadiram as casas, os escritórios, as fábricas, as salas, os quartos, trazendo o mundo para perto de nós, e de outra parte, levando-os para mais perto do mundo. (SALLES, 1988, apud SOUSA, 2004, p. 24)

Apesar da fase móvel da televisão surgir ao público nos anos 90, não podemos

considerar esta fase como sendo a terceira, pois ela não se tornou massiva como as

outras. Um dos motivos foi a chegada do computador pessoal em meados dos anos 70.

Conforme Ferrari (2008) “por mais de cinqüenta anos, a TV tradicional reinou absoluta

como sinônimo de mídia de massa. Os telespectadores consumiam passivamente os

programas exibidos”.

Após os computadores de mesa vieram os laptops e notebooks logo no início

dos anos 80, a mobilidade dos computadores estava iniciando.

A partir dos anos 90 com a miniaturização para computadores portáteis e o

surgimento da Internet comercial, este novo ramo tomou as rédeas da comunicação

mundial iniciando a terceira fase da mobilidade com o jornalismo on-line.

A soma dos fatores de miniaturização de componentes eletrônicos com a expansão de redes sem-fio de vários modelos e abrangências tornou a existência de aparatos de comunicação móvel possível. Estes meios portáteis de computação conectados à rede proporcionam o deslocamento do acesso à Internet para qualquer lugar do globo. (PELLANDA, 2005, p. 12)

A vontade pela miniaturização foi tanta que em 1994 foi desenvolvido o primeiro

smartphone34, o Simon, da IBM, que incluía recursos como PDA35, fax e tela sensível

ao toque. Apesar de ter sido o primeiro smartphone, os palmtops ainda eram sucesso

na época. Somente nos anos 2000 os smartphones se tornaram comuns através de

34 Um smartphone (“telefone inteligente” em tradução livre) é um telefone móvel com capacidades mais avançadas que celulares comuns tais como conexão à Internet, GPS, tocador de mp3 e câmera digital. 35 O Personal Digital Assistant (“Assistente Digital Pessoal”, em tradição livre) é um dispositivo móvel que funciona como uma central de informações pessoal semelhante a um smartphone, mas menos avançado tecnologicamente. O primeiro PDA foi o Newton, desenvolvido pela Apple.

Page 29: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

28

aparelhos com Windows Mobile e Blackberrys (nos Estados Unidos) e com o Symbian

da Nokia (na Europa).

A virada dos smartphones iniciou em 2007 quando a Apple apresentou o iPhone,

o primeiro com interface multitoque, e o que mais se próxima aos aparelhos que

conhecemos hoje. Após ele, em 2008 a HTC lançou o HTC Dream (ou HTC G1) com o

sistema operacional Android (BARROS, 2013) e em 2010 o sistema operacional

Android começou a se tornar mais popular integrando smartphones de diversas

fabricantes.

A popularização dos smartphones iniciou uma nova fase da comunicação móvel:

a mobilidade expansiva da Internet. Enquanto os notebooks e modens 3G36 levaram as

pessoas a usufruir da Internet em locais longe de mesas e escrivaninhas, o smartphone

levou as pessoas às ruas fazendo com que pudessem ler notícias da Internet em

qualquer lugar como se estivessem com uma revista ou jornal em papel.

3.1 JORNALISMO EM PLATAFORMAS MÓVEIS

O que antes era deixado em nossa porta de manhã cedo como sendo as

principais notícias do mundo naquele dia começou a mudar com a entrada da mídia na

Internet. O mundo ficou maior em quantidade de informação e menor em distância entre

as pessoas e as notícias. Enquanto a web só estava disponível em computadores de

mesa a necessidade de se mover sustentava a mídia impressa e o rádio. Foi com a

popularização dos notebooks que a mobilidade do jornalismo mundial iniciou e assim os

portais de jornais de todo mundo estavam disponíveis no sofá, em frente à televisão e

na cama, seja antes de dormir, seja pelo prazer de se sentir confortável.

Anos depois, os smartphones, as redes wireless e o 3G, possibilitaram que o

mundo estivesse disponível no bolso de cada pessoa. Seria a oportunidade de um novo

jornalismo, uma nova plataforma que necessitava de conteúdo formatado

especificamente para ela.

36 3G significa 3ª Geração, que representa a terceira geração da tecnologia de comunicação móvel. A rede 3G alcança a transferência de dados de até 200 kbit/s.

Page 30: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

29

São os celulares que verdadeiramente trazem a liberdade de movimento no acesso à Internet, de aceder à rede a qualquer lado, na rua, dentro do carro, ou de um qualquer transporte público, na cidade e fora da cidade. Desde que haja cobertura telefônica para celular, há acesso à Internet. Ou seja, a liberdade de movimentos, de que o celular permite usufruir na transmissão de voz, passa a este dar-se também à transmissão de dados. (FIDALGO; CANAVILHAS, 2009, p. 5)

Apesar de vermos o smartphone como uma nova tela conectada à Internet é

imprescindível que a percebamos como uma plataforma completamente diferente no

que tange a produção jornalística. Fidalgo e Canavilhas defendem que o smartphone /

celular é, primeiramente, um dispositivo de áudio originada do telefone enquanto

laptops são dispositivos visuais com origem nos computadores. Outra característica é

que o celular já faz parte da "indumentária humana" nos acompanhando desde que

levantamos até a hora de dormir. (FIDALGO e CANAVILHAS, 2009)

Dadas as características é clara a intenção da mídia em ocupar o smartphone

como nova plataforma de comunicação. Desta maneira, sites mobile e aplicativos de

grupos midiáticos começaram a aparecer e oferecer possibilidades de os leitores se

informarem de forma instantânea (característica do meio on-line) e informativa

(característica jornalística fundamental).

A primeira grande novidade da Internet móvel para o jornalismo é que as pessoas passam a estar sempre, em toda parte, ao alcance da notícia. Não haverá nem momentos mortos, nem lugares inatingíveis onde as notícias não chegam. E chegando por voz, texto ou imagem, permitirão que as pessoas recebam em repouso e em movimento. (FIDALGO; CANAVILHAS, 2009, p. 19)

Fora as características da plataforma, Fidalgo e Canavilhas crêem que os

smartphones devam receber as notícias em formato curto e fragmentado. Além disso,

eles citam as notícias pull (puxar) e push (empurrar) como modelos para as pequenas

telas e até o envio por terceiros. (FIDALGO e CANAVILHAS, 2009, apud Barbosa e

Seixas In Barbosa e Mielniczuk, p. 59).

Para Pellanda (2005) estar conectado o tempo todo em todo lugar (always on)

"pode ser explicada, em parte, pelo desejo do ser humano de estar conectado aos

demais seres sociais". Desta maneira, a mobilidade para o jornalismo é a oportunidade

dos grupos de comunicação se manterem ao lado do "desejo humano" e assim levar

conteúdo relevante e do interesse do leitor direto para as mãos dele.

Page 31: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

30

3.2 MIGRAÇÃO PARA TABLETS

Após a popularização dos smartphones e laptops foi o momento do

desenvolvimento de um novo tipo de plataforma móvel eletrônica, o tablet. Quando

Steve Jobs apresentou ao mundo o iPad, em 2010, ele explicou que a empresa

buscava um dispositivo que seria o meio termo entre o smartphone e o laptop. Nesta

mesma apresentação ele cita as principais funcionalidades que este novo dispositivo

teria de fazer melhor entre o laptop e o smartphone para se tornar essencial para as

pessoas – navegar na Internet, ler e-mails, aproveitar e compartilhar fotografias, assistir

vídeos, ouvir música, jogar e ler e-books (JOBS, 2010).

Segundo Jobs (2010): “As pessoas acham que são os netbooks. O problema é

que eles não são melhores em nenhuma destas atividades. Eles são lentos, tem má

qualidade de imagem e rodam velhos programas de computadores”.

Apesar do iPad ser o tablet mais conhecido no mundo, o formato foi concebido

em 1968 por Alan Kay, enquanto trabalhava na Xerox PARC. A diferença é a evolução

da tecnologia da época para 2010 que possibilitou à Apple criar um produto mais

econômico, confortável e útil para os usuários.

O momento de lançamento foi propício para a plataforma, pois foi o início da

época em que as pessoas buscavam estar conectadas a todo momento em qualquer

lugar. Esta foi a prerrogativa de levar uma plataforma melhor e mais confortável que

substituísse o laptop e o smartphone em determinadas atividades on-line.

Apesar de não ter sido dito por Jobs, as empresas de comunicação deveriam

prestar atenção à nova plataforma, pois ela não seria utilizada somente para ler e-

books, mas faria uma união entre o jornalismo impresso e on-line em uma nova

linguagem convergente como Jenkins (2009) antecipou.

Como a Cheskin Research explicou num relatório de 2002, a velha ideia da convergência era a de que todos os aparelhos iriam convergir num único aparelho central que faria tudo para você (à la controle remoto universal). O que estamos vendo hoje é o hardware divergindo, enquanto o conteúdo converge [...]. (JENKINS, 2009, p. 41)

Page 32: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

31

Garcia e Reibsetin (2012) contam sobre a primeira experiência com tablet e

jornalismo em 1990 quando Roger Fidler37, apresentou em uma reunião no American

Press Institute, um protótipo de tablet que Fidler havia desenvolvido como sendo o

jornal de 2020.

Como aconteceu em todas as invenções em meios de comunicação, o novo

adapta o velho. Com o tablet foi igual, sendo o jornalismo impresso esqueomorfado38

para a nova plataforma em formato de .pdf39 de jornais e revistas. Após, a criação de

publicações originais próprias e por último a hibridização de títulos impressos para o

formato tablet. Conforme Nunes(2013) este tipo de migração pode ser caracterizado por

“jornalismo digital de quinta geração”.

O primeiro grupo de comunicação a pensar e criar uma publicação específica

para tablets foi a News Corp., em 2011, com o lançamento do The Daily. Eles foram os

primeiros a unir as características do Design Editorial 40 impresso ao Design de

Interface41 para gerar uma publicação on-line pensada para a nova plataforma.

A equipe que criou a publicação seguiu as recomendações de Steve Jobs no

lançamento do iPad. Eles criaram um jornal com boa navegação, leitura e

compartilhamento de artigos, além do bom aproveitamento de fotografias e vídeos42.

A partir do The Daily, uma nova linguagem começou a ser adaptada na migração

de publicações impressas para o tablet. Como Jenkins (2009) defendeu sobre a

convergência de mídias através do computador, a convergência acabou ocorrendo de

um jeito ainda mais forte com o tablet.

'A indústria da informática está convergindo com a indústria da televisão no mesmo sentido em que o automóvel convergiu com o cavalo, a TV com o Nickelodeon, o programa de processamento de texto convergiu com a máquina de escrever, o programa de CAD convergiu com a prancheta, e a editoração eletrônica convergiu com o linotipo e a composição tipográfica'. Para Gilder, o computador não tinha vindo para transformar a cultura de massa, mas para destruí-la. (JENKINS, 2009, p. 30)

37 Roger Fidler é reconhecido por suas pesquisas em jornalismo digital e mobilidade. 38 Esqueomorfismo é um princípio do design em que objetos simulam formas e características de objetos originais. Exemplo é uma agenda eletrônica que possuías mesmas características de layout de uma agenda física. 39 O PDF (Portable Document Format) é um formato de arquivo, desenvolvido pela Adobe Systems, para representar documentos independente do aplicativo, do hardware e do sistema operacional usados para criá-los. 40 Design Editorial é a vertente do design que trabalha com layout de publicações e periódicos. 41 Design de Interface é a vertente do design que busca facilitar a compreensão do espaço digital pelas pessoas através de técnicas de layout. 42 Introdução ao The Daily: Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=KHILJBw-104>. Acesso em 20 de abr. de 2014.

Page 33: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

32

Apesar da publicação feita “sob medida” para o tablet, há sempre a migração do

meio mais antigo para o novo. McLuhan (1974) explica que o “conteúdo de qualquer

meio ou veículo é sempre um outro meio ou veículo”.

O conteúdo da escrita é a fala, assim como a palavra escrita é o conteúdo da imprensa e a palavra impressa é o conteúdo do telégrafo. A 'mensagem' de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas casas humanas. (MCLUHAN, 1974, p. 22)

Desta maneira o conteúdo do tablet é oriundo da união do impresso com o on-

line e o tablet é o construtor de novas maneiras de jornalismo. Pode-se fazer

comparação à citação de McLuhan sobre a estrada de ferro.

De acordo com McLuhan (1974, p22): “A estrada de ferro não introduziu

movimento, transporte, roda ou caminhos na sociedade humana, mas acelerou e

ampliou a escala de funções humanas anteriores, criando tipos de cidades, de

trabalho e de lazer totalmente novos".

Hoje, temos que pensar e desenvolver nosso conteúdo para uma nova

plataforma e utilizar as características disponíveis nela para levar a mensagem de uma

nova maneira, por um novo fluxo de informação na sociedade. Assim como os

computadores e até mesmo os jornais não são como eram quando surgiram, a nova

plataforma irá evoluir e a linguagem se modificará junto dela. Mas as características

básicas de uma linguagem devem ser criadas para que a evolução se mantenha tanto

em tecnologia como em jornalismo.

As revistas em tablets costumam ficar disponíveis em aplicativos ou integradas a

websites. No caso do iPad as publicações podem ficar alocadas no app Banca (onde

diversos títulos podem ser adquiridos), no app específico do próprio título da revista

como a Você S/A e em aplicativos de empresas que reúnam títulos como o IBA e o

Revisteiro43.

Enquanto no jornalismo impresso a experiência do usuário é determinada pelo

conteúdo, design e qualidade do papel, o jornalismo para tablets ainda lida com a

interface dos aplicativos onde estão disponíveis as publicações. Para oferecer a melhor

43 Revisteiro é um plataforma de banca digital da Magtab que disponibiliza revistas de graça. Mais informações em http://magtab.com/revisteiro/.

Page 34: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

33

experiência é necessário que times multidisciplinares trabalhem juntos tanto quanto em

publicações impressas.

Nós devemos ter bons jornalistas com respeitabilidade no impresso, que conhecem o valor de uma boa história e o impacto de uma excelente escrita. Em adição, nós devemos ter um time visual que dê ênfase na edição de vídeos e fotos, pessoas que pensem o visual e que traduzam a ideia da história em surpresas visuais. Nós devemos ter os especialistas técnicos que podem nos dizer mais sobre o enorme potencial da plataforma e nos informar de suas limitações. (GARCIA; REIBSTEIN, 2012, p. 111)

Na avaliação da migração da revista para o tablet podemos citar três tipos de

modelos: a transposição do jornal impresso em formato .pdf para ser feito download por

um aplicativo no tablet (Elle Brasil 44 ); o original, veículo pensado e desenvolvido

especialmente para a plataforma tablet (The Magazine45); e o híbrido, revista no tablet

semelhante à versão impressa, mas contém interatividade e diagramação que propicia

a mescla do jornalismo impresso com o on-line (Wired46).

Nosso objeto de estudo, a Você S/A, se encaixa no modelo híbrido, pois conta

com a versão impressa e com a versão para tablet pensada e desenvolvida para a

linguagem interativa multimídia.

Conforme Garcia e Reibstein (2012) uma das grandes vantagens da narrativa no

tablet é que a plataforma permite que os editores e designers contem histórias que

aumentem a experiência da narrativa não para tirar vantagem das muitas possibilidades

e enganar os usuários, mas oferecer uma experiência mais rica na leitura.

A partir da experiência aumentada com as diferentes possibilidades multimídia e

interativas dos tablets, mostra-se uma união entre o Design Editorial de impressos, o

Design de Interface voltado para o digital e o Design para Tablets – dadas as

características próprias da plataforma. Com a intersecção dos elementos dos três

segmentos do design é possível ir além da migração de conteúdo, mas sim a criação de

uma linguagem visual aplicada ao jornalismo para tablet.

44 A Elle é uma revista feminina de moda publicada originalmente pela Hachette Filipacchi Médias. No Brasil, a revista é editada pela Editora Abril. 45 The Magazine é uma publicação exclusiva para iOS veiculada de duas em duas semanas. 46 Wired é uma revista norte-americana mensal que trata sobre tecnologia e sua influência na sociedade. É uma das precursoras da migração do impresso para o tablet sendo uma das principais referências à diagramação híbrida.

Page 35: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

34

4 OS TIPOS DE DESIGN

Muitos pensam em design como sinônimo de desenho ou somente de boa

aparência de um produto. Na verdade, o design é o que faz as pessoas gostarem de

algo sem nem mesmo elas saberem disso. Muitas vezes acha-se um produto atraente

por sua beleza (forma-função) e outras pela sua facilidade de uso (mapeamento). Estes

são dois dos vários princípios do design. (Lidwell; Holden; Butler, 2010).

O design surgiu entre os séculos XVIII e XIX, durante a Revolução Industrial,

onde “entraram em campo os artistas, arquitetos, reformadores e burocratas, governos,

indústrias, associações comerciais e profissionais, museus e instituições de ensino,

com o intuito de melhorar o gosto da população e a configuração das mercadorias que

lhes eram oferecidas” (CARDOSO, 2012, p. 6).

Além do design, a Revolução Industrial deu ao jornalismo uma evolução ao

mecanizar o processo de imprensa. Com o padrão de vida das pessoas aumentando

devido ao trabalho assalariado, à variedade de produtos disponíveis com layouts

diferenciados devido ao surgimento do Design Industrial e à vontade da população em

gastar seus salários neles, o ciclo se completava e a imprensa também ganhava

espaço. Periódicos de poesia e filosofia circulavam entre as populações urbanas e

foram os progenitores da revista moderna. (SAMARA, 2011, 7).

No início do século XX, durante o movimento artístico pré-modernismo, William

Morris e Walter Crane, da Inglaterra, e Kolomon Moser e Peter Behrens, da Alemanha,

iniciaram o processo de diagramação das páginas impressas de acordo com os

elementos que elas continham. Na Suíça na década de 1950, a ideia de uma malha de

espaços geométricos relacionados para organizar layouts – o grid – ganhou força na

obra de designers como Jospeh Muller-Brockmann e Richard Lohse. (SAMARA, 2011, p.

8).

Durante a evolução do design uma das questões era se o designer seria um

artista ou um técnico. Collaro (1987, p. 15) declara que para que a composição “cumpra

sua finalidade, tem que ser artística na sua forma e científica nas técnicas de realização

e apresentação”. Esta união é identificada em como Norman (1988, p. 188) afirma que

o design deve fazer: “tornar fácil de determinar as ações possíveis no momento; tornar

Page 36: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

35

as coisas visíveis, incluindo modelo conceitual do sistema, ações alternativas e reações

do resultado; tornar fácil a avaliação do estado atual do sistema; seguir mapeamentos

naturais entre as intenções e as ações necessárias entre as ações e os efeitos

resultantes e entre a informação que é visível e as interpretações do estado do sistema;

em outras palavras, se certificar que o usuário poderá descobrir o que fazer e que ele

poderá dizer o que está acontecendo”.

Sempre ao surgir um novo meio de comunicação é tratada a morte do meio

anterior. Com o jornalismo impresso é a mesma coisa. Após séculos de evolução e

presença junto ao público, o impresso pode estar próximo de ter sua existência física

em átomos acabada para migrar para bytes.

Com a popularização da Internet o design voltado para publicações, chamado de

Design Editorial, entrou em uma época difícil em que a atenção da audiência está

diluída em diversas telas enquanto o papel está ficando longe.

Como base nesta previsão podemos citar duas pesquisas da Pew Reserach

Center com o Pew Research Journalism Project. O indicador Newspaper Audience by

Platform (Audiência de Jornal por Plataforma) mostra que 55% dos leitores lêem jornais

impressos enquanto 45% lêem na web, em plataformas móveis ou em mais de uma

plataforma.

Figura 1 – Gráfico pesquisa Newspaper Audience by Platform (Audiência de Jornal por Plataforma)

Fonte: Pew Research Center

Page 37: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

36

A outra pesquisa, Where Americans Get News (Onde os americanos buscam

notícias) é bianual e a última realizada é referente a 2012. Nela é visto que as

plataformas digitais só não superam a televisão quando como meio de comunicação

para se buscar notícias nos Estados Unidos. A classificação Any Digital News (qualquer

notícia digital) é usada desde 2010 na pesquisa e desde a primeira vez já se mostrava

como segunda colocada entre as plataformas de comunicação para se buscar notícias.

Figura 2 – Gráfico pesquisa Where American Get News (Onde os norte-americanos pegam notícias)

Fonte: Pew Reserach Center

O ano de 2010 coincide com a queda dos jornais como meio de comunicação

onde os americanos buscam notícias e com o surgimento do iPad em junho.

Hoje em dia, os diagramadores devem pensar além da beleza dos periódicos,

mas também na experiência que o leitor deve ter com as publicações. Para Samara

(2011, p. 9) o público pode até ser seduzido por novos truques de impressão ou por

uma fotografia vistosa, mas se o conteúdo for mal organizado, visualmente difícil ou

cansativo, o material será abandonado. A fluidez e rapidez da informação nas telas,

Page 38: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

37

mesmo que nem sejam tão chamativas ou visualmente bonitas ainda atrairão mais,

principalmente a nova geração de leitores.

Produtores de mídia só encontrarão a solução de seus problemas atuais readequando o relacionamento com seus consumidores. O público, que ganhou poder com as novas tecnologias, que está ocupando um espaço na intersecção entre os velhos e novos meios de comunicação, está exigindo o direito de participar intimamente da cultura. Produtores que não conseguirem fazer as pazes com a nova cultura participativa enfrentarão uma clientela declinante e a diminuição dos lucros. As contendas e as conciliações resultantes irão redefinir a cultura pública do futuro. (JENKINS, 2009, p. 51)

Com a evolução dos meios e plataformas de comunicação e a popularização do

tablet entre um público de diversas idades e gerações, as empresas jornalísticas de

publicações impressas estão criando suas próprias versões de publicações digitais.

Como citado no capítulo 2, estas publicações existentes no papel que buscam espaço

no tablet fazem parte do jornalismo digital de quinta geração e são classificadas em

dois tipos: a transposição do jornal impresso em formato .pdf para ser feito download

por um aplicativo no tablet (Elle Brasil); e o híbrido, revista no tablet semelhante à

versão impressa, mas que contenha interatividade e diagramação que propicie a

mescla do jornalismo impresso com o on-line (Wired).

A publicação híbrida que está se tornando comum por oferecer uma nova

experiência para o leitor mesmo que este já leia a versão impressa mantém uma

característica essencial de design para que seja compreendida plenamente pelo leitor:

a união dos elementos do Design Editorial e do Design de Interface. Estes elementos

juntos tornam o formato híbrido e o tablet uma nova plataforma de comunicação a ser

estudado.

4.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA PÁGINA IMPRESSA

Um dos elementos primordiais do Design Editorial é o Grid. Ele proporciona toda

a solução para problemas nos níveis visual e organizacional dos projetos. (SAMARA,

2011, p. 68). Através da organização dos elementos que o compõem a comunicação é

facilitada.

Page 39: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

38

Para alguns designers, ele representa uma parte inerente do ofício do design, assim como a carpintaria é parte do ofício da marcenaria. A história do grid é parte de uma evolução na forma como designers gráficos pensam o projeto, bem como uma resposta a problemas específicos de comunicação e produção que precisavam ser resolvidos. Entre outras coisas, o grid ajuda a resolver problemas de comunicação de grande complexidade. (SAMARA, 2011, p. 68)

Com um Grid bem formulado os projetos tendem a ter melhor clareza, eficiência,

economia e continuidade. A padronização visual de uma publicação é resultado direto

de um trabalho minucioso do projeto do Grid. Além disso, o Grid permite ao designer

diagramar quantidades enormes de informação em um tempo substancialmente menor,

porque muitas das considerações de design já foram solucionadas durante a

construção de sua estrutura. (SAMARA, 2011, p. 68).

Estrutura do Grid (SAMARA, 2011, p 69).

a) Linhas: as linhas são séries de guias horizontais definidas pela existência de

módulos. São separadas entre elas por espaços e branco.

b) Colunas: São alinhamentos verticais de tipos que criam divisões horizontais

entre as margens. Normalmente as colunas contam com a mesma largura,

mas pode ter tamanhos diferentes dependendo do tipo de informação contida

em cada.

c) Margens: São espaços negativos entre a borda da página e o conteúdo. Elas

definem o espaço em que o conteúdo (tipografia e imagens) serão

organizados.

d) Guias horizontais: alinhamentos que dividem o espaço em faixas horizontais

que ajudam a conduzir o olho ao longo da página e podem ser utilizadas para

definir paradas e pontos de partida adicionais para textos e imagens.

e) Medianiz: é a margem interna definida para a página dupla e também define a

largura de espaço em branco entre linhas, colunas e módulos.

f) Módulos: unidades individuais de espaço separados por intervalos regulares

que, quando repetidas ao longo do formato da página, criam colunas e linhas.

g) Zonas espaciais: grupos de módulos que formam campos separados. Cada

campo pode ter um papel específico na exibição de informações como para

imagens, colunas de texto

Page 40: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

39

h) Marcadores: indicadores de posição para textos auxiliares ou que aparecem

de forma consistente como títulos correntes ou de seção, fólios, ou qualquer

outro elemento que ocupe a mesma posição em todas as páginas.

Para análise do estudo, o Grid foi separado dos elementos de Design Editorial,

pois o estamos considerando como a estrutura que dá sustentação ao design de página

na qual colocamos os elementos visuais.

4.2 ELEMENTOS DE DESIGN EDITORIAL

Com base nos elementos visuais do Design Editorial podemos considerar a

dissertação de Damasceno (2012) que atribuiu vinte características presentes em uma

página de jornal e que utilizaremos como base para a pesquisa qualitativa dos

elementos visuais advindos do impresso no objeto de estudo.

a) Cartola: também conhecida como chapéu ou retranca, geralmente é

colocada no topo da página dando o direcionamento para o assunto tratado

ou designando a editoria.

b) Antetítulo: colocado acima do título principal, assim como o título auxilia na

função de instigar a leitura.

c) Título: Além de nomear a notícia também é utilizado para chamar atenção

para o assunto, tanto pela abordagem do texto quanto pelo destaque gráfico

(peso visual) conferido a ele.

d) Linha de apoio: é uma forma de complementação do título, dando-lhe

sustentação. Também é chamada de linha-fina, subtítulo ou sutiã e

usualmente fica abaixo do título.

e) Olho da matéria: pode ser o destaque de um trecho da notícia ou uma

citação da fala de algum personagem desta, nesse caso mediante a

utilização de aspas na maior parte das vezes. De um modo geral, o olho é

usado para quebrar a massa de texto da página, tornando-a mais dinâmica e

atraente para leitura. Também cumpre essa função o entretítulo e uso de

capitular.

Page 41: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

40

f) Lead: é a essência da notícia, responde às questões Quem? Fez o que?

Quando? Como? Onde? Por quê? É objetivo, estabelece a fala e comunica

os aspectos mais relevantes do assunto. Pode vir destacado do corpo de

texto com uso de negrito, por exemplo.

g) Capitular: Letra em tamanho maior usada para marcar o início de um texto.

h) Corpo de texto: parte do texto onde os conteúdos são desenvolvidos pelos

colaboradores. Assim como os demais elementos textuais, evidencia parte da

personalidade da publicação através do uso de tipografia padrão escolhida

pelo jornal.

i) Entretítulo: Colocado no meio do corpo do texto com a finalidade de dividir o

assunto em seções e facilitar a leitura. Também conhecido como intertítulo ou

quebras.

j) Box: texto auxiliar que acompanha a notícia principal com propósito

complementar. Pode ser um conjunto de informações técnicas relacionadas

ao texto principal (serviços) ou servir para dar explicações adicionais ao leitor.

k) Colunagem: a distribuição do corpo de texto em colunas de tamanhos

regulares, espaçadas e utilizadas para ‘encaixar’ os componentes da página.

l) Título secundário: tem a mesma função do título, porém se refere a uma

matéria secundária, ou seja, com menos destaque visual do que o título

principal, mas contando, mesmo assim, com realce em relação ao corpo de

texto e demais componentes da página.

m) Legenda: texto curto que explica a foto ou ilustração.

n) Crédito: Assinatura usada em foto ou para marcar material produzido por

agência ou outra publicação.

o) Folio: área destinada a apresentar o número da página, data e nome do

jornal.

p) Fio: linha utilizada para separar conteúdos na página.

q) Assinatura: Crédito dado ao autor de uma matéria, ilustrações ou

infográficos.

r) Aspas: Declaração inserida em uma matéria.

Page 42: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

41

s) Serviço: Pequeno texto usado no pé da matéria contendo endereço, horário,

página da web ou telefone de algo citado na matéria.

t) Arte: Imagens criadas para ilustrar, complementar ou substituir um texto.

Além dos elementos visuais citados, o projeto gráfico deve se manter uniforme e

atrativo. Para tal, Williams (2006) destaca quatro princípios do design que fazem com

que se forma uma padronização gráfica na publicação.

a) Contraste: O objetivo do contraste é evitar elementos meramente similares

em uma página. Se os elementos (tipo, cor, tamanho, espessura da linha,

forma, espaço, etc) não forem os mesmos, diferencie-os completamente. O

contraste costuma ser a mais importante atração visual de uma página - é o

que faz o leitor, antes de qualquer outra coisa, olhar para ela.

b) Repetição: Repita os elementos visuais do design e espalhe-os pelo material.

Você pode repetir a cor, a forma, a textura e as relações espaciais como a

espessura, as fontes, os tamanhos, os conceitos gráficos etc. Isso cria uma

organização e fortalece a unidade.

c) Alinhamento: Nada deve ser colocado arbitrariamente em uma página. Cada

elemento deve ter uma ligação visual com outro elemento da página. Isso cria

uma aparência limpa, sofisticada e suave.

d) Proximidade: Itens relacionados entre si deveriam ser agrupados. Quando

vários itens estão próximos, tornam-se uma unidade visual integrada, e não

várias unidades individualizadas. Isso ajuda a organizar as informações,

reduz a desordem e oferece ao leitor uma estrutura clara.

A composição dos elementos gráficos definidos por Damasceno (2012) seguindo

os princípios apresentados por Williams (2006) permite a criação de uma unidade

gráfica nas publicações e desta maneira tornar mais fácil e agradável a leitura.

4.3 A COMPUTAÇÃO E O DESIGN DE INTERFACE

A interface é o meio pelo qual dois ou mais sistemas podem ter suas partes

convergidas ao ponto que a mensagem final fique clara para todos. Neste trabalho

Page 43: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

42

usaremos o termo "Interface" como sinônimo de "interface visual" que em computação

representa o que vemos no monitor do computador.

Os seres humanos pensam através de palavras, conceitos, imagens, sons, associações. Um computador que nada faça além de manipular sequências de zeros e uns não passa de uma máquina de aimar excepcionalmente ineficiente. Para que a mágica da revolução digital ocorra, um computador deve também representar-se a si mesmo ao usuário, numa linguagem que este compreenda. (JOHNSON, 2001, p. 17)

Apesar de tratarmos neste trabalho sobre comunicação e não computação o

Design de Interface tem se tornado tão importante para o jornalismo on-line quanto a

diagramação sempre foi para o jornalismo impresso. Com a migração da mídia

impressa para as telas dos tablets e o inicio da criação de uma linguagem própria para

um novo formato - com características do Design Editorial e com a interatividade das

possibilidades hipermidiáticas da Internet - se torna essencial o estudo e a

compreensão do Design de Interface para este novo Design Editorial digital.

O Design de Interface remonta à primeira interface de computador que não era

baseada em códigos de programação e, sim, visavam o público leigo.

Enquanto mexemos nos computadores pulsos elétricos são representados por

zeros e uns em um sistema binário que representa palavras, imagens e o que mais

estivermos vendo no monitor e até mesmo o que não estivermos. Tudo o que vemos

representado na tela como pastas, ícones, atalhos e softwares instalados remonta a

década de 70 e ao Palo Alto Research Center da Xerox. Foi lá que a metáfora do

desktop surgiu e foi incorporada ao computador pessoal.

O enorme poder do computador digital contemporâneo depende dessa capacidade de auto-representação. O mais das vezes, essa representação assume a forma de uma metáfora. Uma sequência de zeros e uns - ela própria ininteligível para a maior parte dos seres humanos - é substituída pela metáfora de uma pasta virtual que reside num desktop virtual. Essas metáforas são o idioma essencial da interface gráfica contemporânea. (JOHNSON, 2001, p. 18)

A metáfora do desktop foi criada pela Xerox, mas popularizada pelo Macintosh

da Apple quando Steve Jobs visitou o centro de pesquisa e conheceu a interface que a

Xerox estava desenvolvendo. Assim como falamos que no jornalismo um novo meio de

Page 44: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

43

comunicação sempre adapta a linguagem do meio antecessor, o mesmo aconteceu

com o computador.

Para levar o computador às pessoas que não estavam familiarizadas com as

linguagens de programação, a metáfora do desktop serviu como adaptação ao novo

meio. O sistema leva itens do cotidiano das pessoas para um equivalente digital para

deixar claros os princípios e funcionamento de tudo. A tela principal era o desktop (área

de trabalho, ou seja, a mesa), existiam arquivos que ficavam dentro de pastas e tudo

organizado "em cima" do local de trabalho. A este tipo de ocasião denominamos de

esqueomorfismo. Tudo que não conhecemos costumamos atribuir um valor similar a

algo conhecido.

Se o computador podia assumir qualquer forma imaginável, por que não o fazer imitar o velho mundo analógico que iria substituir? Era uma espécie de troca imaginativa: se as pessoas iriam abandonar seus fichários e pilhas de papel, por que não simplesmente transferir essas coisas para o mundo digital? Parte da solução era simplesmente funcional. Era possível usar como fundamento o potencial e as aptidões que o usuário já possuía. (JOHNSON, 2001, p. 40)

Para que o esqueomorfismo seja deixado de lado há algumas metas de usabilidade

estabelecidas no design de interação. A usabilidade é o fator que assegura que

produtos são fáceis, eficientes e agradáveis e isto implica em otimizar as interações

estabelecidas entre o usuário e o produto interativo (PREECE; ROGERS; SHARP, 2005,

p. 35-36). A usabilidade é dividida nas metas a seguir:

a) Eficácia: refere-se a quanto um sistema é bom em fazer o que se espera dele;

b) Eficiência: refere-se à maneira como o sistema auxilia os usuários na realização

de suas tarefas;

c) Segurança: implica proteger o usuário de condições perigosas e situações

indesejáveis.

d) Utilidade: refere-se à medida na qual o sistema propicia o tipo certo de

funcionalidade, de maneira que os usuários possam realizar aquilo de que

precisam ou que desejam;

e) De fácil aprendizagem: refere-se ao quão fácil é aprender a usar o sistema;

f) Memorizável: refere-se à facilidade de lembrar como utilizar um sistema, depois

de já se ter aprendido como fazê-lo;

Page 45: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

44

Além das metas de usabilidade existem dez princípios da usabilidade que ajudam

no alcance das metas. (PREECE; ROGERS; SHARP, 2005, p. 48-49)

a) Visibilidade do status: o sistema mantém os usuários sempre informados sobre

o que está acontecendo fornecendo feedback adequado em tempo razoável;

b) Compatibilidade: o sistema fala a linguagem do usuário;

c) Controle e Liberdade: o sistema fornece maneiras de o usuário sair de lugares

inesperados utilizando “saídas de emergência”;

d) Consistência e Padrões: o sistema evita fazer com que o usuário pense que

palavras, situações e ações diferentes significam a mesma coisa;

e) Ajuda ao usuário: o sistema descreve o problema e sugere maneiras de o

usuário resolvê-lo;

f) Prevenção de Erros: o sistema impede erros onde for possível;

g) Reconhecimento: o sistema facilita visualização de objetos, ações e opções;

h) Flexibilidade e Eficiência: o sistema oferece atalhos e aceleradores invisíveis

que o usuário experiente possa utilizar, mas que não atrapalhe a navegação de

usuários iniciantes;

i) Estética Minimalista: o sistema evita o uso de informações irrelevantes ou

raramente necessárias;

j) Ajuda e Documentação: o sistema fornece informações que podem ser

facilmente encontradas e ajuda mediante uma série de passos concretos que

podem ser facilmente seguidos;

Com a migração do jornalismo impresso para o tablet, o Design de Interface acaba

se tornando um campo adicional ao Design Editorial conhecido por jornalistas. Os dez

princípios de usabilidade já se tornaram parte da maior parte de revistas digitais para

tablet, pois os aplicativos onde elas estão presentes são construídos em torno destes

conhecimentos. Apesar de a revista digital não ser o aplicativo de notícias em si, um é a

extensão do outro, e ambos fazem parte da experiência de leitura, da compra do

exemplar até a facilitação da navegação pelo conteúdo. Os dois mundos (editorial e

interface) acabam se unindo em um novo método de design.

Page 46: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

45

5 UMA NOVA LINGUAGEM

Um dos grandes diferenciais do papel para o tablet é a interação que a máquina

proporciona. A Interação Humano-Computador (IHC) juntamente da tela tátil

proporciona uma imersão no conteúdo disponível. A tecnologia sempre incentivou a

interação como forma de imersão em diferentes graus: "desde a televisão, que nos

permite mudar de canal, até videogames, que podem permitir aos usuários interferir no

universo representado" (JENKINS, 2009, p. 189). O importante nesta interação é que

ela deve ser sempre planejada e otimizada pelo designer e isto permanece presente no

Design Editorial para tablets.

Além da interação há aspectos que as revistas para tablets se assemelham, mas

também se distanciam das revistas impressas. Conforme Horie e Pluvinage (2012, p. 9)

a principal característica das revistas para tablet é "a junção de elementos gráficos e

editoriais tradicionais da mídia impressa com recursos digitais, que são os recursos

interativos, hipertextuais e multimídia". Os autores defendem o jornalismo digital de

quinta geração (NUNES, 2013, p. 31), mas creditam como revistas digitais somente

aquelas pensadas para a mídia tablet (HORIE; PLUVINAGE, 2012, p. 9) e não os

arquivos .pdf estáticos de publicações impressas emuladas na plataforma. Segundo

eles "é necessário que a revista tenha, efetivamente, uma linguagem digital, e que reaja

aos toques do leitor na tela do dispositivo de leitura".

Ao apresentar um protótipo de tablet com notícias em 1988 em um encontro de

jornalistas designers no American Press Institute em Reston, Virginia, Estados Unidos,

em um seminário intitulado “The Newspaper of 2020”, Roger Fidler não poderia

imaginar como estava certo e, também, adiantado em sua pesquisa sobre jornalismo e

tablets. Assim como Steve Jobs, em 2010, quando do lançamento do iPad, ressaltou

que a Apple estava buscando um meio termo entre os smartphones e notebooks, talvez

ele não imaginasse como, em tão pouco tempo, o tablet se tornaria um meio termo e

uma união entre jornalismo impresso e web jornalismo.

Esta união entre plataformas jornalísticas acaba fundindo também suas

características. Conforme Horie e Pluvinage (2012, p. 9), as revistas digitais para tablets

Page 47: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

46

presenciam a intersecção de elementos de todas as plataformas na criação de uma

linguagem totalmente nova, são estas:

a) Revistas impressas:

- periodicidade;

- segmentação;

- portabilidade;

- identidade gráfica;

b) Meios digitais:

- Leitura multimídia: os meios digitais oferecem uma narrativa que combina

elementos estéticos, como textos e gráficos, com elementos dinâmicos como

áudios, vídeos e infográficos interativos. Isso permite uma experiência multi

sensorial, que usa a visão e a audição, mais a nova experiência tátil de

manusear informações nos tablets com a ponta dos dedos;

- Interatividade: muito além da experiência de apertar botões (o quê é

considerado uma experiência reativa, ao invés de interativa), há a

possibilidade de acessar a web, sem sair das páginas da revista, além de

acessar redes sociais com o Facebook, Orkut e blogs como o Twitter;

- Hipertexto: a ordem de leitura, no meio digital, superou a linearidade dos

meios impressos. O leitor cria sua própria experiência narrativa por meio de

links inseridos em textos e gráficos.

No tablet o artigo de uma revista digital pode ter um link para uma página

especifica, para um outro artigo, para uma página na web, alterando a sequência em

que o leitor adquire as informações.

c) Revistas Digitais para tablets (características próprias da plataforma)

- Orientação dupla: uma revista digital pode ser lida em dois formatos ou

duas orientações de tela: na vertical e na horizontal. Basta mudar a

orientação do tablet para que o dispositivo mude automaticamente o formato

da revista. O uso de uma orientação dupla não é obrigatório, uma revista

pode ter um formato único. Mas dar ao usuário a possibilidade de alterar sua

experiência de leitura é, com certeza, um atrativo muito forte para um

periódico;

Page 48: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

47

- Profundidade: revistas ocidentais impressas têm uma leitura da esquerda

para a direita. Diversas revistas orientais, como os mangás japoneses, são

famosas por uma leitura oriental da direita para a esquerda. As revistas

digitais, além de suportar esses dois tipos de leitura, ganham uma nova

dimensão: a de profundidade, com páginas acima ou abaixo de outras

páginas. Com isso, é preciso "virar páginas" para cima ou para baixo na tela

dos tablets. Como ainda estamos acostumados com a leitura impressa, é

preciso deixar bem sinalizado que um artigo se estende pelo eixo vertical.

Assim como para lermos uma revista impressa necessitamos comprá-la na

banca, pegar na biblioteca ou aguardá-la pelo Correio, a revista digital para tablets

também mantém esta ligação entre produtor e leitor. Nas revistas para tablet os

aplicativos fazem o papel de distribuidores de publicações. As editoras ou criadores das

publicações desenvolvem aplicativos para oferecerem os títulos de sua autoria nos

tablets. Há ainda a possibilidade de ofertar dentro de aplicativos nativos dos tablets

como na Banca do iPad da Apple ou no Google Play dos tablets Android.

Estes aplicativos (também conhecidos como Apps) são basicamente programas para tablet, assim como jogos eletrônicos, desenho, etc. Os programas voltados para revistas digitais devem exercer duas funções básicas: oferecer, gratuitamente ou por meio de pagamento, publicação desejada e permitir a visualização dessa publicação. Existem aplicativos que disponibilizam a leitura de apenas uma publicação. Isto ocorre, geralmente, no caso de livros interativos e publicações especiais. Já uma revista, por ser periódica, precisa de um aplicativo que disponibiliza para download diversas edições. (HORIE; PLUVINAGE, 2012, p.13)

Enquanto nas revistas impressas, o controle da ordem de leitura do conteúdo é

definido facilmente pelo leitor, na revista digital em tablets há dificuldade, pois não se vê

o tamanho integral da publicação de uma só vez, mas através de sistemas de

visualização na interface do aplicativo da revista. Conforme Garcia e Reibstein (2012, p.

214), há alguns elementos de design de revistas para tablets que facilitam a

visualização de conteúdo, fluxo de leitura e compartilhamento. Alguns deles são

advindos do meio digital, como botões de voltar, avançar e compartilhamento, outros do

meio impresso, como capas de seção e signposting (similar às cartolas de editoria).

Elementos de visualização em revistas para tablet conforme Garcia e Reibstein

(2012, p. 214):

Page 49: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

48

a) Carrossel: lista horizontal de páginas que facilitam a navegação pela revista;

b) Menu pop-up: menu que aparece ao clicar o botão “menu”, normalmente no

topo de aplicativos de revistas;

c) Visualização zoom-out: visão horizontal que facilita navegação da revista

(parecida com o carrossel, mas as páginas aparecem em tela cheia);

d) Botão voltar: volta à página anterior;

e) Botão avançar: segue para a página seguinte;

f) Capas de seção: usada para separar seções dentro da revista;

g) Barra de artigos relacionados: usada para o leitor se aprofundar sobre

assuntos similares ao que está lendo;

h) Signposting: identificação de editoria e notícia dentro da sessão

i) Botão compartilhar: usado para compartilhar artigo ou a própria revista por

e-mail e redes sociais;

Apesar destes elementos para facilitar a visualização o grande diferencial do

tablet é a necessidade do toque na tela para seu uso. Sendo necessária esta

característica seria impossível a análise dos elementos sem verificar o gesto necessário

para realizar a leitura das revistas. Desta forma utilizamos a análise de gestos táteis

listados por Villamor, Willis e Wroblewski (2011). Como analisaremos a revista Você

S/A para iPad, utilizaremos a lista de gestos para a plataforma iOS da Apple.

Figura 3 – Gestos para telas táteis

Fonte: VILLAMOR, WILLIS, WROBLEWSKI. Touch Gesture Referece Cards. 2011 Legenda – Gestos usados para plataformas com o sistema iOS da Apple

Page 50: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

49

Quadro 1 – Gestos para telas táteis com ação e funcionalidade

COMANDO AÇÃO FUNCIONALIDADES

CLIQUE (TAP)

TOQUE RÁPIDO DO DEDO SOBRE A

TELA

ATIVAR UM BOTÃO

DUPLO CLIQUE (DOUBLE TAP)

DOIS TOQUES RÁPIDOS SOBRE A

TELA

USADO PARA DAR ZOOM (IN OU OUT) NO CONTEÚDO OU IMAGEM

ROLAR (FLICK) PRESSIONAR A TELA COM UM

DEDO E ROLAR PARA O LADO

USADO PARA ROLAR UM TEXTO OU OPÇÕES DE MENU

DESLIZAR (DRAG) DESLIZAR O DEDO PARA O LADO

USADO PARA NAVEGAÇÃO ENTRE TELAS E MOVER OBJETOS

NA TELA

PINÇAR (PINCH) MOVIMENTO COM DOIS DEDOS EM

FORMATO DE PINÇA

USADO PARA DAR ZOOM (IN OU OUT) EM CONTEÚDO OU IMAGEM

PRESSIONAR E SEGURAR

(TOUCH+HOLD)

TOCAR E SEGURAR O DEDO SOBRE A

TELA

USADO PARA APRESENTAR MENU DE INFORMAÇÕES,

AMPLIAR CONTEÚDO SOB O DEDO

ROLAR COM DOIS DEDOS PARA BAIXO (TWO

FINGER SCROLL)

PRESSIONAR A TELA COM DOIS DEDOS E ROLAR

PARA BAIXO

USADO PARA INTERCALAR ENTRE CONTEÚDOS COM

POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO EM MAIS TELAS

Fonte: Elaborado pelo autor Legenda - Gestos para telas táteis com ação e funcionalidade de acordo com Villamor, Willis e Wroblewski

A união dos elementos impressos, de interface e gestuais proporciona uma

leitura mais lúdica da narrativa. A estrutura proporciona um contato além da leitura na

qual leva o leitor a explorar as páginas em busca de funcionalidades e interatividades

como botões, áudios, vídeos e animações que complementem o conteúdo. (PAULINO;

RODRIGUES, 2013, p. 25).

Page 51: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

50

Devido a esta complexidade no envolvimento do usuário/leitor com o hardware

(em nosso caso o iPad) e o software (o aplicativo da revista e a própria revista) com

uma tela constantemente mudando é necessária a manipulação, um princípio do design

de interação que garante que o usuário sempre poderá utilizar softwares e hardwares

cada vez mais complicados (Garcia;Reibstein, 2012, p. 176). Conforme citado no

capítulo 4, Norman (1988) apresenta sua visão de como o design deve ser e defende a

ideia de que é necessário tornar as coisas visíveis e se certificar que o usuário poderá

descobrir o que fazer e que ele poderá dizer o que está acontecendo.

Nesta nova linguagem em desenvolvimento é necessário adaptar o usuário, por

esta razão a maioria das publicações apresenta logo no início um manual de gestos,

símbolos e fluxos de leitura da publicação que está prestes a ler.

Nós como designers temos a obrigação de fornecer a direção de uma forma visual e tátil, sem esforço para o usuário. Nada é tão frustrante para um usuário de tablet que um dedo que toque o limbo. Se o terceiro toque não tiver resultado, você tem um usuário frustrado, perdido no meio do aplicativo. (GARCIA; REIBSTEIN, 2012, p. 210)

A frustração dita por Garcia e Reibstein (2012, p. 2010) é definida por Jenkins

(2009, p. 189) quando este trata sobre como a interatividade tornou a tecnologia

responsiva sempre dando ao consumidor uma resposta (feedback). Feedback que é

outro elemento citado neste trabalho como princípio de usabilidade no Design de

Interface definido por Preece, Rogers e Sharp (2005, p. 48-49).

Além de essencial para o Design de Interface, a usabilidade é uma característica

importante aos tablets. Sendo assim, Paulino (2013, p. 39) elaborou dez categorias de

usabilidade que reúnem tópicos e classificações criadas por Jakob Nielsen, Dan Saffer

e Bastien e Scapin. Desta maneira, a saber, a classificação de Paulino para usabilidade

em tablets.

a) Orientação: interface permite navegação consciente;

b) Contextualização: A interface considera as características do usuário, do

tempo e do espaço;

c) Autonomia: A interface permite que o usuário faça escolhas e seja

correspondido;

d) Padronização: A interface é coerente e coesa;

Page 52: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

51

e) Precisão: A interface minimiza os erros e seus impactos;

f) Assimilação: Navegar pela interface pode ser ensinado e compreendido;

g) Economia: A interface evita esforço desnecessário;

h) Estética: A interface é visualmente eficaz;

i) Documentação: A utilização da interface deve ser explicada;

j) Imersão: A interface é capaz de envolver o usuário;

Em análise de revistas para tablets, Garcia e Reibstein (2012, p. 276)

identificaram também cinco diferentes tipos de capas de publicações. Cada uma

apresenta uma característica do título, a logomarca (em periódicos mais consagrados),

uma imagem da cidade da revista (jornalismo local), fotos de um determinado tema (em

revistas de moda, arquitetura), uma animação (principalmente em revistas semanais e

mensais) ou somente as opções de interface do aplicativo.

a) Logo Door: quando o logotipo é o primeiro item visível na abertura;

b) Ambience Door: foca na geografia que sugere a origem da publicação;

c) Photo Door: foca na foto ou seqüência de imagens que surge ao abrir a

publicação;

d) Animation Door: apresenta animação do conteúdo presente na publicação

(mais usado em revistas e periódicos semanais);

e) Interface Door: apresenta na tela as opções de interface do aplicativo;

Em última análise feita por Garcia e Reibstein (2012, p. 384) foi visto que apesar

de oferecer inúmeras possibilidades hipertextuais, multimídia e interativas (Horie;

Pluvinage, 2012, p. 10-11), o excesso destes elementos sobrecarrega o usuário, sendo

de inteira responsabilidade dos designers e diagramadores para tablet encontrar o

equilíbrio adequado para que isto não aconteça.

Desta forma torna-se necessário o estudo de tendências destas possibilidades

nas revistas digitais para tablets para que diagramadores possam ter uma base teórica

para estabelecer os limites entre o bom senso gráfico (de estética e usabilidade) até o

excesso de elementos para causar surpresa aos leitores.

Page 53: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

52

6 ANÁLISE DAS EDIÇÕES

As revistas têm um conjunto de características próprias do meio impresso, assim

como revistas digitais e as publicações para tablets. No intento de compreender como

todas estas características se comportam na migração do impresso para o tablet, este

trabalho visa analisar as tendências de uso dos elementos de Design Editorial, Design

de Interface e Design para Tablet em seis edições da Você S/A para iPad. Esta análise

propiciará um conhecimento prévio de como revistas consolidadas no formato impresso

buscam criar para uma nova plataforma aproveitando ou não as peculiaridades do novo

meio.

As características foram divididas em Design Editorial (voltado ao impresso),

Design de Interface (voltado ao meio digital) e Design para Tablet (com características

próprias da plataforma). Entre os elementos consideramos analisar a padronização

gráfica, elementos gráficos, usabilidade, capa para tablet, elementos interativos,

elementos de Design para Tablet, além de características próprias de cada meio que se

unem nesta migração para a plataforma tablet.

6.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O procedimento metodológico iniciou com a pesquisa bibliográfica utilizando

autores das áreas de Design Editorial, Design de Interface e comunicação que

fundamentam a necessidade da pesquisa e compreensão do tablet como nova

plataforma de comunicação para revistas. Nesta etapa foram coletadas informações

sobre outras pesquisas similares (análises de revistas para tablets e desenvolvimento

de linguagens interativas) e de autores que pudessem auxiliar na fundamentação

teórica junto a este trabalho.

A segunda etapa se propõe a ser um estudo de caso com vistas a analisar o

conteúdo relacionado ao Design Editorial e Design de Interface de revistas para tablets

objetivando compreender o objeto de estudo não quantificando suas características

gráficas e interativas, mas qualificando-as para identificar o padrão de características

consideradas essenciais para melhor leitura do leitor na plataforma tablet.

Page 54: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

53

Para tanto, a análise será realizada à luz da teoria de YIN (2001, p. 34-35) para

quem o estudo de caso é um modo de investigação, um tópico empírico tendo como

uma das finalidades “ilustrar determinados tópicos dentro de uma avaliação, às vezes

de modo descritivo ou mesmo de uma perspectiva jornalística”.

Os elementos gráficos serão categorizados sob uma ótica de bom senso gráfico

e funcional através dos autores principais desta revisão bibliográfica: Silva (1985),

Norman (1988) e Samara (2011). O Design de Interface será analisado através dos

estudos de Johnson (2001) e através da categorização criada por Rodrigues (in

Paulino;Rodrigues, 2013).

O objeto de estudo deste trabalho é a revista Você S/A que, desde 2011,

mantém uma versão para tablet. Para a análise foram escolhidas as edições de

novembro de 2013 a abril de 2014. Estas foram selecionadas para garantirmos a

análise de qualquer redesenho editorial que modificasse ou incluísse algum elemento

gráfico ou interativo até a edição mais próxima do início do desenvolvimento da

pesquisa.

Utilizando como referência a fundamentação teórica apresentada neste trabalho,

analisaremos, por meio da técnica qualitativa, como os elementos gráficos e interativos

são abordados no objeto de estudo além da dinâmica da possibilidade de download de

edições, visualização on-line e off-line.

Utilizaremos a análise analítica para verificarmos quais os elementos gráficos e

interativos são utilizados e qual a freqüência de seu aparecimento em cada edição.

Após a análise analítica, usaremos a técnica qualitativa a fim de justificar e

compreender os dados obtidos na análise anterior, indicando se a utilização de cada

elemento favorece ou não o fluxo de leitura do leitor na nova linguagem para tablet.

6.1.2 A Categorização

A análise analítica foi escolhida para podermos categorizar os elementos

presentes no objeto de estudo em três grandes segmentos – impresso, digital e tablet.

Com isto poderemos listar as características apresentadas nos capítulos anteriores e

qualificá-las conforme seu aparecimento nas edições analisadas da revista Você S/A.

Page 55: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

54

Este método analítico é defendido por Yin (2005) quando este diz que a

categorização pode ser utilizada para dispor evidências em alguma ordem antes de

realizar a análise. Outro ponto detalhado por Yin (2005) é a importância da criação de

um banco de dados para o estudo de caso. Em nosso caso, após a análise teórica em

que foram classificadas as possibilidades gráficas, de interface e únicas do tablet,

temos de consolidar a coleta de dados de maneira a organizar e documentar o objeto

de estudo.

Conforme Miles e Huberman (1994), o conjunto de manipulações analíticas se resume

em seis tópicos.

a) Dispor as informações em séries diferentes;

b) Criar uma matriz de categorias e dispor as evidências dentro dessas

categorias;

c) Criar modos de apresentação dos dados – fluxogramas e outros gráficos –

para examinar os dados;

d) Tabular a frequência de eventos diferentes;

e) Examinar a complexidade dessas tabulações e seu relacionamento calculando

números de segunda ordem, como médias e variâncias;

f) Dispor as informações em ordem cronológica ou utilizar alguma outra

disposição temporal;

Desta maneira, categorizaremos em três grupos as características do Design

Editorial, Design de Interface e do Design para Tablet, verificaremos os elementos

presentes nas edições da Você S/A de novembro de 2013 a abril de 2014 para

reconhecer quais as tendências na diagramação de revistas para tablets para o objeto

de estudo.

6.1.2.1 Categorias de análise

O estudo será realizado através da seguinte categorização.

Page 56: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

55

Quadro 2 –Elementos do Design Editorial para análise

DESIGN EDITORIAL 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA 1.1 Contraste 1.2 Repetição 1.3 Alinhamento 1.4 Proximidade 2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO 2.1 Periodicidade 2.2 Segmentação 2.3 Portabilidade 2.4 Identidde Gráfica 3 ELEMENTOS GRÁFICOS 3.1 Grid 3.2 Cartola 3.3 Antetítulo 3.4 Título 3.5 Linha de apoio 3.6 Olho da matéria 3.7 Lead 3.8 Capitular 3.9 Entretítulo 3.10 Box 3.11 Colunagem padrão 3.12 Título Secundário 3.13 Legenda 3.14 Crédito 3.15 Folio 3.16 Fio 3.17 Assinatura 3.18 Aspas 3.19 Serviço 3.20 Arte

Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 3 – Elementos do Design de Interface para análise

DESIGN DE INTERFACE 1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS

1.1 Leitura Multimídia 1.2 Interatividade

Page 57: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

56

1.3 Hipertexto 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status 2.2 Compatibilidade 2.3 Controle e liberdade 2.4 Consistência e padrões 2.5 Ajuda ao usuário 2.6 Prevencão de erros 2.7 Reconhecimento 2.8 Flexibilidade e Eficiência 2.9 Estética Minimalista

2.10 Ajuda e Documentação Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 4 – Elementos do Design para Tablet para análise

DESIGN PARA TABLET 1 FORMATO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door 2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET

2.1 Orientação Dupla 2.2 Profundidade 3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD

3.1 Hyperlinks 3.2 Apresentações de slides 3.3 Sequência de imagens 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis 3.7 Conteúdo da Web 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia 3.11 Vídeo incorporado 3.12 Sobreposições aninhadas

4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET 4.1 Carrossel 4.2 Menu pop-up

Page 58: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

57

4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting 4.9 Botão compartilhar 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) 5.2 Duplo Clique (double tap) 5.3 Rolar (flick) 5.4 Deslizar (drag) 5.5 Pinçar (pinch) 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two

finger scroll) Fonte: Elaborado pelo autor

6.2 INTRODUÇÃO HISTÓRICA DA VOCÊ S/A

A VOCÊ S/A nasceu de uma seção da revista EXAME chamada Vida Executiva

que gerava grande interesse nos leitores. Desta seção teve-se a ideia de fazer uma

edição especial chamada VOCÊ S/A focada em temas relacionados à gestão de

carreira. Os idealizadores foram Paulo Nogueira, à época diretor de redação da revista

EXAME, e Maria Amália Bernardi, editora executiva.

A primeira edição da revista foi lançada em abril de 1998, o número zero de

bancas. A revista entrou em linha, com edição mensal, em agosto do mesmo ano com

tiragem de 270 mil exemplares. O foco da revista é ajudar a pessoa física a construir e

gerenciar sua vida profissional, já que a EXAME é uma revista que fala para a pessoa

jurídica, do ponto de vista dos negócios, não de carreira.

A revista contava com seis editorias em seu lançamento: Ponto de partida; Isto é

com você; Seu dinheiro e Sua família; Prazer, Lazer e Saúde; Como fazer tudo melhor;

Espaço Digital. O projeto gráfico inicial da revista foi criado pelo diretor de arte Píndaro

Camarinha Sobrinho com apoio do chefe de arte Paulo Cardoso.

A VOCÊ S/A para tablet teve a primeira edição em junho de 2011 e fez parte da

estratégia do grupo Abril de acompanhar a tendência dos leitores que buscam acesso

Page 59: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

58

ao conteúdo da revista em multiplataformas. Apesar de estar em uma nova plataforma,

o layout da versão para tablet não difere do planejamento gráfico da revista impressa

sendo adaptada para aproveitar os recursos oferecidos pelo tablet.

A migração para o tablet foi uma determinação do ex-presidente da Editora Abril,

Jairo Mendes Leal e, conforme, a diretora de redação, Juliana De Mari, a recepção do

leitor está sendo boa, pois o perfil do público é jovem e digital. Entre os planos para o

tablet está a exploração de recursos da plataforma, especialmente os vídeos que,

segundo a diretora de redação, são bem recebidos pelos leitores na plataforma tablet.

Hoje a VOCÊ S/A impressa tem tiragem mensal de 122 mil exemplares sendo

80% assinantes e a VOCÊ S/A para iPad conta com 67 mil downloads do aplicativo

VOCÊ S/A, 14,3 mil assinaturas em tablets e 14,5 mil download por edição.47

6.3 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO

Neste trabalho utilizaremos a pesquisa qualitativa para analisarmos as

características presentes nas edições da revista Você S/A para iPad. O objetivo do

trabalho não é quantificar a presença de elementos editoriais, de interface ou de Design

para Tablets, e sim, identificar as tendências de utilização destes elementos na

narrativa jornalística da revista.

Conforme Miles e Huberman (1994, p. 6) a pesquisa qualitativa é realizada

através de um contato intenso e/ou prolongado com o objeto de estudo que é visto

como “banal” para a vida cotidiana dos indivíduos, em nosso caso, os leitores.

Através da observação direta do objeto de estudo faremos uma análise narrativa

sobre a presença dos elementos descritos nas tabelas 2, 3 e 4.

6.3.1 Edição novembro de 201348

47 Informações retiradas do Mídia Kit de fevereiro. Disponível em: <http://www.publiabril.com.br/marcas/vocesa/revista/informacoes-gerais>. Acesso em 14 de jun. de 2014. 48 As capturas de tela utilizadas como imagem foram retiradas da edição de novembro de 2013 da revista Você S/A

Page 60: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

59

A edição de novembro de 2013 da Você S/A trata sobre planejamento de carreira

de 2014. Ela apresenta panorama de empregos, cargos e salários para o ano seguinte

na intenção de incentivar o leitor na atualização profissional.

Quadro 5 – Elementos do Design Editorial na edição de novembro de 2013

DESIGN EDITORIAL USO 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA

1.1 Contraste x 1.2 Repetição x 1.3 Alinhamento x 1.4 Proximidade x

2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO 2.1 Periodicidade x 2.2 Segmentação x 2.3 Portabilidade x 2.4 Identidde Gráfica x 3 ELEMENTOS GRÁFICOS

3.1 Grid x 3.2 Cartola x 3.3 Antetítulo x 3.4 Título x 3.5 Linha de apoio x 3.6 Olho da matéria x 3.7 Lead x 3.8 Capitular x 3.9 Entretítulo x

3.10 Box x 3.11 Colunagem padrão x 3.12 Título Secundário x 3.13 Legenda x 3.14 Crédito x 3.15 Folio x 3.16 Fio x 3.17 Assinatura x 3.18 Aspas x 3.19 Serviço x 3.20 Arte x

Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 6 – Elementos do Design de Interface na edição de novembro de 2013

DESIGN DE INTERFACE USO

Page 61: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

60

1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS 1.1 Leitura Multimídia x 1.2 Interatividade x 1.3 Hipertexto x 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status não 2.2 Compatibilidade não 2.3 Controle e liberdade não 2.4 Consistência e padrões sim 2.5 Ajuda ao usuário não 2.6 Prevencão de erros não 2.7 Reconhecimento não 2.8 Flexibilidade e Eficiência sim 2.9 Estética Minimalista sim

2.10 Ajuda e Documentação não Fonte: Eloborado pelo autor Quadro 7 – Elementos do Design para Tablet na edição de novembro de 2013

DESIGN PARA TABLET USO 1 FORMARO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door x 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door 2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET

2.1 Orientação Dupla x 2.2 Profundidade x 3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD

3.1 Hyperlinks x 3.2 Apresentações de slides x 3.3 Sequência de imagens x 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis x 3.7 Conteúdo da Web 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia x 3.11 Vídeo incorporado 3.12 Sobreposições aninhadas x

Page 62: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

61

4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET 4.1 Carrossel x 4.2 Menu pop-up 4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar x 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção x 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting x 4.9 Botão compartilhar 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) x 5.2 Duplo Clique (double tap) x 5.3 Rolar (flick) x 5.4 Deslizar (drag) x 5.5 Pinçar (pinch) x 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two

finger scroll) x

Fonte: Elaborado pelo autor

A capa da edição de novembro de 2013 da Você S/A lembra a versão impressa

sendo estática unindo arte e informação para transmitir somente o conteúdo que

aguarda o leitor dentro da revista. A página de expediente conta com a primeira

profundidade de conteúdo com uma leitura vertical para ampliar a informação oferecida.

Page 63: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

62

Figura 4 – Capa da edição de novembro da Você S/A

Fonte: Corpus da pesquisa

Além da capa lembrar a versão impressa da revista, notam-se praticamente

todas as características gráficas descritas durante este trabalho. Desde a padronização

gráfica até os elementos utilizados para compor a edição, é perceptível a herança do

físico no virtual.

Figura 5 – Uso de elementos gráficos

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda – Desenhos, título secundário, olho, crédito e folio apresentam a identidade gráfica da revista

Page 64: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

63

Figura 6 – Uso de leitura com profundidade

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda: páginas com setas para baixo no canto direito inferior representam leitura vertical na revista

Além do expediente e a rolagem vertical, o outro uso de interatividade se dá na

próxima página, número sete, com um anúncio do Grupo Boticário, o qual mostra um

contador e pede para que o leitor passe o dedo para revelar uma mensagem. Quando o

anúncio passa a mensagem na íntegra, a revista acaba trancando, não deixa mudar

para a próxima página e não oferece soluções visíveis, tendo o usuário que reiniciar o

tablet. Após algumas tentativas o leitor descobre que clicando na parte superior direita

do anúncio faz com que apareça a interface do aplicativo que, com uma ferramenta

carrossel, permite que se avance para as próximas páginas da revista.

Page 65: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

64

Figura 7 – Anúncio do Grupo Boticário com erro na edição de novembro 2013

Fonte: Corpus da pesquisa

A nova interatividade acontece na página 10, na qual está presente um quadro

rolável que permite um texto maior na página sem que precise modificar o padrão

gráfico da revista. Esta técnica é usada em muitas páginas na revista sendo uma das

características mais presentes na edição.

Page 66: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

65

Figura 8 – Uso de quadro rolável

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda – Quadros roláveis são marcados com indicação de “deslize para ler”

Outro elemento são os vídeos em tela cheia utilizados ao clicar sobre a

mensagem “Toque para ver o vídeo” presente na página. Neste caso é possível virar o

tablet na horizontal para melhor assistir ao vídeo.

Figura 9 – Uso de indicação de vídeo

Fonte: Corpus da pesquisa

Page 67: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

66

Há o que a Adobe chama de “sobreposições aninhadas” quando a revista utiliza

duas interatividades juntas. A mais utilizada pela Você S/A de novembro de 2013 é a

mistura do “quadro rolável” com a “sequência de imagem” no qual faz parecer um

infográfico animado aos olhos do leitor.

Figura 10 – Uso de interatividade com sobreposição aninhada

Fonte: Corpus da pesquisa

Figura 11 – Uso da sobreposição aninhada da Figura 10

Fonte: Corpus da pesquisa

Page 68: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

67

O uso das características impressas, de interface e de tablet proporciona uma

boa fluência na leitura da Você S/A, apesar do problema com anúncio. A revista impõe

o uso da leitura em posição vertical do iPad utilizando a orientação horizontal somente

para facilitar a navegação entre as matérias. Poderiam ser utilizadas outras

possibilidades interativas oferecidas através de fotos, áudios e menus. Apesar da leitura

fluente, a revista pode se desprender das fórmulas clássicas do impresso e aproveitar

as oportunidades multimídia para fazer o leitor imergir no conteúdo.

6.3.2 Edição dezembro de 201349

A edição de dezembro de 2013 da Você S/A traz assuntos sobre como fazer de

2014 um ano diferente. A edição apresenta dicas aos trabalhadores de como aproveitar

as férias sem se preocupar com o trabalho, mas também como voltar e ter um

rendimento melhor no ano.

Quadro 8 – Elementos do Design Editorial na edição de dezembro de 2013

DESIGN EDITORIAL USO 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA

1.1 Contraste x 1.2 Repetição x 1.3 Alinhamento x 1.4 Proximidade x 2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO

2.1 Periodicidade x 2.2 Segmentação x 2.3 Portabilidade x 2.4 Identidde Gráfica x 3 ELEMENTOS GRÁFICOS

3.1 Grid x 3.2 Cartola x 3.3 Antetítulo x 3.4 Título x 3.5 Linha de apoio x 3.6 Olho da matéria x 3.7 Lead x

49 As capturas de tela utilizadas como imagem foram retiradas da edição de dezembro de 2013 da revista Você S/A

Page 69: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

68

3.8 Capitular x 3.9 Entretítulo x

3.10 Box x 3.11 Colunagem padrão x 3.12 Título Secundário x 3.13 Legenda x 3.14 Crédito x 3.15 Folio x 3.16 Fio x 3.17 Assinatura x 3.18 Aspas x 3.19 Serviço x 3.20 Arte x

Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 9 – Elementos do Design de Interface na edição de dezembro de 2013

DESIGN DE INTERFACE USO 1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS

1.1 Leitura Multimídia x 1.2 Interatividade x 1.3 Hipertexto x 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status não 2.2 Compatibilidade não 2.3 Controle e liberdade não 2.4 Consistência e padrões sim 2.5 Ajuda ao usuário não 2.6 Prevencão de erros não 2.7 Reconhecimento não 2.8 Flexibilidade e Eficiência sim 2.9 Estética Minimalista sim

2.10 Ajuda e Documentação não Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 10 – Elementos do Design para Tablet na edição de dezembro de 2013 da Você S/A

DESIGN PARA TABLET USO 1 FORMARO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door x 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door

Page 70: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

69

Fonte: Elaborado pelo autor

Como na edição anterior, a capa da Você S/A de dezembro de 2013 também traz

apenas características impressas com chamadas para matérias e arte da matéria

principal.

2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET 2.1 Orientação Dupla x 2.2 Profundidade x 3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD

3.1 Hyperlinks x 3.2 Apresentações de slides x 3.3 Sequência de imagens x 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis x 3.7 Conteúdo da Web x 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia x 3.11 Vídeo incorporado 3.12 Sobreposições aninhadas x

4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET 4.1 Carrossel x 4.2 Menu pop-up 4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar x 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção x 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting x 4.9 Botão compartilhar x 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) x 5.2 Duplo Clique (double tap) x 5.3 Rolar (flick) x 5.4 Deslizar (drag) x 5.5 Pinçar (pinch) x 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two

finger scroll) x

Page 71: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

70

Figura 12 – Capa da edição de dezembro de 2013 da Você S/A

Fonte: Corpus da pesquisa

A primeira característica própria do tablet aparece logo na primeira matéria que

trata sobre feedback e medo de tirar férias. Esta matéria traz em si a possibilidade de

leitura vertical com profundidade e traz um link invisível para o site da Exame.com. Ao

tentar ler pela primeira vez a leitura vertical não funcionava e qualquer tentativa de

deslizar pela tela levava diretamente para o site da Exame.com. O único possível aviso

de um hiperlink para uma matéria do site seria o antetítulo da matéria “vocesa.com.br”,

o que pode ou não significar um hiperlink para leitores desatentos. Nesta matéria há

também hiperlinks para o Twitter da Você S/A e a FanPage da revista no Facebook.

Page 72: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

71

Figura 13 – Uso de hiperlinks e erro de leitura vertical.

Fonte: Corpus da pesquisa

Figura 14 – Matéria na Exame.com

Fonte: Corpus da pesquisa

A edição de dezembro de 2013 não se diferencia muito da de novembro de 2013.

Os elementos gráficos são usados em sua plenitude. As características do meio digital

aparecem com a leitura multimídia (com aparição de páginas com vídeo), interatividade

(principalmente com uso de quadros roláveis e sobreposições aninhadas) e com o

aparecimento de hipertexto (como visto acima).

Page 73: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

72

Figura 15 – Uso de infográfico animado e sobreposição aninhada

Fonte: Corpus da pesquisa

Uma característica não vista na edição anterior foi a de apresentação de slides

automáticos. Na matéria “Eles fazem o show aparecer” a caixa de imagem tem a

imagem, automaticamente, modificada, sem a possibilidade de parar a reprodução.

Figura 16 – Uso de apresentação de slide automático

Fonte: Corpus da pesquisa

Mais uma vez as possibilidades multimídias da revista se mantiveram em

hiperlink e vídeos.

Page 74: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

73

Assim como a edição de novembro de 2013, o uso das características impressas,

de interface e de tablet proporcionou uma boa fluência na leitura da Você S/A, , mas

ainda poderiam ser utilizadas mais possibilidades interativas.

6.3.3 Edição janeiro de 201450

A edição de janeiro de 2014 da Você S/A aproveita o início do ano e aborda

algumas formas de “como começar”: abrindo um negócio, uma nova carreira, um novo

emprego ou uma nova tarefa. Além disso, apresenta rotinas de trabalho de

personalidades, oportunidades de trabalho e inspiração para o ano.

Quadro 11 – Elementos do Design Editorial na edição de janeiro de 2014

DESIGN EDITORIAL USO 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA

1.1 Contraste x 1.2 Repetição x 1.3 Alinhamento x 1.4 Proximidade x 2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO

2.1 Periodicidade x 2.2 Segmentação x 2.3 Portabilidade x 2.4 Identidde Gráfica x 3 ELEMENTOS GRÁFICOS

3.1 Grid x 3.2 Cartola x 3.3 Antetítulo x 3.4 Título x 3.5 Linha de apoio x 3.6 Olho da matéria x 3.7 Lead x 3.8 Capitular x 3.9 Entretítulo x

3.10 Box x 3.11 Colunagem padrão x 3.12 Título Secundário x

50 As capturas de tela utilizadas como imagem foram retiradas da edição de janeiro de 2014 da revista Você S/A

Page 75: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

74

3.13 Legenda x 3.14 Crédito x 3.15 Folio x 3.16 Fio x 3.17 Assinatura x 3.18 Aspas x 3.19 Serviço x 3.20 Arte x

Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 12 – Elementos do Design de Interface na edição de janeiro de 2014

DESIGN DE INTERFACE USO 1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS

1.1 Leitura Multimídia x 1.2 Interatividade x 1.3 Hipertexto x 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status não 2.2 Compatibilidade não 2.3 Controle e liberdade não 2.4 Consistência e padrões sim 2.5 Ajuda ao usuário não 2.6 Prevencão de erros não 2.7 Reconhecimento não 2.8 Flexibilidade e Eficiência sim 2.9 Estética Minimalista sim

2.10 Ajuda e Documentação não Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 13 – Elementos do Design para Tablet na edição de janeiro de 2014

DESIGN PARA TABLET USO 1 FORMARO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door x 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door 2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET

2.1 Orientação Dupla x 2.2 Profundidade x 3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD

3.1 Hyperlinks x

Page 76: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

75

3.2 Apresentações de slides 3.3 Sequência de imagens 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis x 3.7 Conteúdo da Web x 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia 3.11 Vídeo incorporado 3.12 Sobreposições aninhadas x

4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET 4.1 Carrossel x 4.2 Menu pop-up 4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar x 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção x 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting x 4.9 Botão compartilhar 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) x 5.2 Duplo Clique (double tap) x 5.3 Rolar (flick) x 5.4 Deslizar (drag) x 5.5 Pinçar (pinch) x 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two

finger scroll) x

Fonte: Elaborado pelo autor

A capa da edição de janeiro de 2014, como as duas edições anteriores, mantém

o padrão da revista impressa com chamada para matéria principal e matérias

secundárias. Nesta edição ao invés de uma arte foi utilizada uma foto de estúdio

trabalhada.

Page 77: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

76

Figura 17 – Capa da edição de janeiro de 2014

Fonte: Corpus da pesquisa

O design da revista continua sem orientação horizontal para leitura, somente

para navegação entre matérias. Outra característica que se mantém é o uso da

profundidade em leitura vertical das matérias, hiperlinks, quadro roláveis, sobreposições

aninhadas, sequência de imagens e conteúdos conectados linkados com websites.

Figura 18 – Uso de quadro rolável

Fonte: Corpus da pesquisa

Page 78: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

77

Figura 19 – Uso de sequência de imagens

Fonte: Corpus da pesquisa

Figura 20 – Uso de conteúdo da web

Fonte: Corpus da pesquisa

Em comparação com as edições de 2013, o uso das possibilidades multimídias e

interativas diminuiu, resumindo-se apenas aos quadros roláveis, sequência de imagens,

conteúdo web e leitura em profundidade. Os vídeos que estavam presentes em

Page 79: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

78

algumas matérias nas edições do ano anterior não tiveram espaço na de janeiro de

2014.

Assim como em 2013, as características impressas que marcam a leitura,

estando a revista muito parecida com um .pdf interativo e não com uma revista

adaptada ao tablet.

6.3.4 Edição fevereiro de 201451

A edição de fevereiro de 2014 da Você S/A aborda o sucesso como tema

principal. Após a volta das férias de janeiro, a revista apresenta como as pessoas

devem se sentir confiantes pelo trabalho que têm. Em matérias secundárias ela trata

sobre concursos públicos e novas possibilidades de empregos e como chegar até eles.

Quadro 14 – Elementos do Design Editorial na edição de fevereiro de 2014

DESIGN EDITORIAL USO 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA

1.1 Contraste x 1.2 Repetição x 1.3 Alinhamento x 1.4 Proximidade x 2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO

2.1 Periodicidade x 2.2 Segmentação x 2.3 Portabilidade x 2.4 Identidde Gráfica x 3 ELEMENTOS GRÁFICOS

3.1 Grid x 3.2 Cartola x 3.3 Antetítulo x 3.4 Título x 3.5 Linha de apoio x 3.6 Olho da matéria x 3.7 Lead x 3.8 Capitular x 3.9 Entretítulo x

51 As capturas de tela utilizadas como imagem foram retiradas da edição de fevereiro de 2014 da revista Você S/A

Page 80: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

79

3.10 Box x 3.11 Colunagem padrão x 3.12 Título Secundário x 3.13 Legenda x 3.14 Crédito x 3.15 Folio x 3.16 Fio x 3.17 Assinatura x 3.18 Aspas x 3.19 Serviço x 3.20 Arte x

Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 15 – Elementos do Design de Interface na edição de fevereiro de 2014

DESIGN DE INTERFACE USO 1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS

1.1 Leitura Multimídia x 1.2 Interatividade x 1.3 Hipertexto x 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status não 2.2 Compatibilidade não 2.3 Controle e liberdade não 2.4 Consistência e padrões sim 2.5 Ajuda ao usuário não 2.6 Prevencão de erros não 2.7 Reconhecimento não 2.8 Flexibilidade e Eficiência sim 2.9 Estética Minimalista sim

2.10 Ajuda e Documentação não Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 16 – Elementos do Design para Tablet na edição de fevereiro de 2014

DESIGN PARA TABLET USO 1 FORMARO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door x 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door 2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET

Page 81: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

80

2.1 Orientação Dupla x 2.2 Profundidade x 3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD

3.1 Hyperlinks x 3.2 Apresentações de slides 3.3 Sequência de imagens 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis x 3.7 Conteúdo da Web x 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia x 3.11 Vídeo incorporado 3.12 Sobreposições aninhadas x

4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET 4.1 Carrossel x 4.2 Menu pop-up 4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar x 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção x 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting x 4.9 Botão compartilhar 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) x 5.2 Duplo Clique (double tap) x 5.3 Rolar (flick) x 5.4 Deslizar (drag) x 5.5 Pinçar (pinch) x 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two finger scroll)

x

Fonte: Elaborado pelo autor

A capa da edição de fevereiro de 2014 permanece com o conceito impresso sem

interatividade com as chamadas para matéria principal e secundárias. A imagem de

capa apresenta uma foto trabalhada.

Page 82: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

81

Figura 21 – Capa da edição de fevereiro de 2014

Fonte: Corpus da pesquisa

Apesar de permanecer com a capa estática como uma página impressa, a

edição de fevereiro trouxe pela primeira vez uma capa de seção animada que a

diferenciou de edições anteriores.

Figura 22 – Capa de seção animada

Fonte: Corpus da pesquisa

Page 83: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

82

Figura 23 – Capa de seção animada (continuação)

Fonte: Corpus da pesquisa

Além da inovação na capa de seção animada, a edição de fevereiro contou

também com o uso da sobreposição aninhada para o leitor poder fazer um teste na

matéria principal.

Figura 24 – Uso de sobreposição aninhada

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda – Sobreposição aninhada é utilizada para teste interativo com leitores

Page 84: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

83

A revista contou com pouco conteúdo interativo apesar do uso da capa de seção

animada e do teste com uso da sobreposição aninhada. A característica com maior

aumento de uso foi o conteúdo da web. Na matéria de concursos públicos foi

disponibilizado um link em cada concurso que guiava para um site com o edital.

6.3.5 Edição março de 201452

A edição de março de 2014 da Você S/A traz a produtividade como tema central

unindo a qualidade de vida com o aumento de rendimento no trabalho. As matérias

secundárias contam com questões como felicidade e sucesso, liderança e

oportunidades de trabalhos rentáveis no Brasil.

Quadro 17 – Elementos do Design Editorial na edição de março de 2014

DESIGN EDITORIAL USO 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA

1.1 Contraste x 1.2 Repetição x 1.3 Alinhamento x 1.4 Proximidade x 2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO

2.1 Periodicidade x 2.2 Segmentação x 2.3 Portabilidade x 2.4 Identidde Gráfica x 3 ELEMENTOS GRÁFICOS

3.1 Grid x 3.2 Cartola x 3.3 Antetítulo x 3.4 Título x 3.5 Linha de apoio x 3.6 Olho da matéria x 3.7 Lead x 3.8 Capitular x 3.9 Entretítulo x

3.10 Box x

52 As capturas de tela utilizadas como imagem foram retiradas da edição de março de 2014 da revista Você S/A

Page 85: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

84

3.11 Colunagem padrão x 3.12 Título Secundário x 3.13 Legenda x 3.14 Crédito x 3.15 Folio x 3.16 Fio x 3.17 Assinatura x 3.18 Aspas x 3.19 Serviço x 3.20 Arte x

Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 18 – Elementos do Design de Interface na edição de março de 2014 da Você S/A

DESIGN DE INTERFACE USO 1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS

1.1 Leitura Multimídia x 1.2 Interatividade x 1.3 Hipertexto x 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status não 2.2 Compatibilidade não 2.3 Controle e liberdade não 2.4 Consistência e padrões sim 2.5 Ajuda ao usuário não 2.6 Prevencão de erros não 2.7 Reconhecimento não 2.8 Flexibilidade e Eficiência sim 2.9 Estética Minimalista sim

2.10 Ajuda e Documentação não Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 19 – Elementos do Design para Tablet na edição de março de 2014 da Você S/A

DESIGN PARA TABLET USO 1 FORMARO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door x 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door 2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET

2.1 Orientação Dupla x 2.2 Profundidade x

Page 86: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

85

3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD 3.1 Hyperlinks 3.2 Apresentações de slides 3.3 Sequência de imagens 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis x 3.7 Conteúdo da Web x 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia x 3.11 Vídeo incorporado 3.12 Sobreposições aninhadas x

4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET 4.1 Carrossel x 4.2 Menu pop-up 4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar x 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção x 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting x 4.9 Botão compartilhar 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) x 5.2 Duplo Clique (double tap) x 5.3 Rolar (flick) x 5.4 Deslizar (drag) x 5.5 Pinçar (pinch) x 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two

finger scroll) x

Fonte: Elaborado pelo autor

Apesar da capa da edição de março de 2014 permanecer estática utilizando uma

arte e as chamadas de capa, a revista optou por continuar a usar uma capa de seção

animada. Como a capa de seção utiliza a mesma arte da capa da revista, a questão

pode ter sido não repetir a mesma animação dentro e fora da revista.

Page 87: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

86

Figura 25 – Capa de seção animada

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda: Animação nas setas e relógios

Apesar da pouca interatividade presente, algumas páginas chamam a atenção

pela união de diversos elementos em um mesmo local. Na página da figura 23 há um

quadro rolável acima de uma foto que contém um botão com link de um vídeo.

Figura 26 – Uso de quadro rolável e botão para vídeo

Fonte: Corpus da pesquisa

Page 88: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

87

Após a edição de fevereiro que contou com a primeira animação em uma página

da Você S/A, a edição de março optou por trazer novas opções para deixar a leitura

mais dinâmica e diferenciada.

Figura 27 – Página com animação

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda: Animação na câmera de filme, ponteiros do relógio e luzes do trem

Figura 28 – Uso de animação e sobreposição aninhada

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda: Animação nos círculos azuis e uma sobreposição aninhada no infográfico

Page 89: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

88

Figura 29 – Uso de animação em segundo plano

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda: Patas de leão atravessam a tela quando se abre a página

As figuras 24, 25 e 26 representam o investimento em animações que a Você

S/A começou a fazer em fevereiro para diferenciar a leitura da versão para tablet da

revista. Apesar de tirarem a atenção da leitura, as animações tendem a fazer com que o

leitor se impressione com a página e pode servir como subsídio para leitura da matéria.

A edição de março de 2014 tem mantido a diminuição de possibilidades

interativas do leitor trazendo poucos vídeos, nenhum áudio e nenhuma sequência de

imagens. Os elementos que permanecem em ascensão são a leitura vertical em

profundidade, a sobreposição aninhada que é muito utilizada desde a primeira edição

analisada (novembro de 2013), o conteúdo de web em botões com hiperlinks nas

páginas e, principalmente, o maior número de animações na revista.

6.3.6 Edição abril de 201453

A edição de abril de 2014 traz como matéria principal a revolução no sistema de

gestão das empresas para um modelo sem hierarquia. Há também matéria sobre como

a tecnologia está assumindo funções humanas no mercado, quais os profissionais mais

53 As capturas de tela utilizadas como imagem foram retiradas da edição de abril de 2014 da revista Você S/A

Page 90: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

89

procurados pela indústria do entretenimento e como a falta de sono prejudica a

produtividade no trabalho.

Quadro 20 – Elementos do Design Editorial na edição de abril de 2014

DESIGN EDITORIAL USO 1 PADRONIZAÇÃO GRÁFICA

1.1 Contraste x 1.2 Repetição x 1.3 Alinhamento x 1.4 Proximidade x 2 CARACTERÍSTICAS DO IMPRESSO

2.1 Periodicidade x 2.2 Segmentação x 2.3 Portabilidade x 2.4 Identidde Gráfica x 3 ELEMENTOS GRÁFICOS

3.1 Grid x 3.2 Cartola x 3.3 Antetítulo x 3.4 Título x 3.5 Linha de apoio x 3.6 Olho da matéria x 3.7 Lead x 3.8 Capitular x 3.9 Entretítulo x

3.10 Box x 3.11 Colunagem padrão x 3.12 Título Secundário x 3.13 Legenda x 3.14 Crédito x 3.15 Folio x 3.16 Fio x 3.17 Assinatura x 3.18 Aspas x 3.19 Serviço x 3.20 Arte x

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 91: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

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Quadro 21 – Elementos do Design de Interface na edição de abril de 2014

DESIGN DE INTERFACE USO 1 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DIGITAIS

1.1 Leitura Multimídia x 1.2 Interatividade x 1.3 Hipertexto x 2 PRINCÍPIOS DE USABILIDADE

2.1 Visibilidade do status não 2.2 Compatibilidade não 2.3 Controle e liberdade não 2.4 Consistência e padrões sim 2.5 Ajuda ao usuário não 2.6 Prevencão de erros não 2.7 Reconhecimento não 2.8 Flexibilidade e Eficiência sim 2.9 Estética Minimalista sim

2.10 Ajuda e Documentação não Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 22 – Elementos do Design para Tablet na edição de abril de 2014

DESIGN PARA TABLET USO 1 FORMARO DE CAPA

1.1 Logo Door 1.2 Ambience Door 1.3 Photo Door x 1.4 Animation Door 1.5 Interface Door 2 CARACTERÍSTICAS DO TABLET

2.1 Orientação Dupla x 2.2 Profundidade x 3 ELEMENTOS INTERATIVOS PARA IPAD

3.1 Hyperlinks x 3.2 Apresentações de slides 3.3 Sequência de imagens 3.4 Panoramas 3.5 Deslocamento e zoom 3.6 Quadros roláveis x 3.7 Conteúdo da Web x 3.8 Áudio 3.9 Áudio em segundo plano

3.10 Vídeo em tela cheia x 3.11 Vídeo incorporado

Page 92: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

91

3.12 Sobreposições aninhadas x 4 ELEMENTOS DESIGN REV TABLET

4.1 Carrossel x 4.2 Menu pop-up 4.3 Visualização zoom-out 4.4 Botão voltar x 4.5 Botão avançar 4.6 Capas de seção x 4.7 Barra de artigos relacionados 4.8 Signposting x 4.9 Botão compartilhar 5 GESTOS PARA TELAS TÁTEIS

5.1 Clique (tap) x 5.2 Duplo Clique (double tap) x 5.3 Rolar (flick) x 5.4 Deslizar (drag) x 5.5 Pinçar (pinch) x 5.6 Pressionar e segurar (touch+hold)

5.7 Rolar com dois dedos para baixo (Two finger scroll)

x

Fonte: Elaborado pelo autor

Como nas edições anteriores, a edição de abril de 2014 também conta com uma

capa estática sem interatividade. A falta de interatividade se mantém como uma

característica da edição, com pouco uso de todos os elementos determinados no

capítulo 5. Como nas outras edições analisadas o foco editorial da revista de abril é a

leitura vertical em profundidade, a sobreposição aninhada e o quadro rolável.

Page 93: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

92

Figura 30 – Capa da edição de abril de 2014

Fonte: Corpus da pesquisa

Mesmo com o aumento do uso de animações na edição de março de 2014, a

Você S/A não manteve o recurso muito presente em abril. Nesta edição somente uma

página contou com animação, e foi a capa de seção da matéria de saúde.

Figura 31 – Capa de matéria com animação

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda: A resistência aumenta e diminui a luminosidade da tela

Page 94: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

93

Apesar do baixo nível de interatividade, a edição de abril permaneceu utilizando

a sobreposição aninhada para oferecer testes ao leitor.

Figura 32 – Uso de sobreposição aninhada

Fonte: Corpus da pesquisa

Legenda - Sobreposição aninhada é utilizada para teste interativo com leitores

Os vídeos têm aparecido pouco durante as revistas. A edição de abril contou

com apenas uma página utilizando o vídeo.

Page 95: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

94

Figura 33 – Uso de vídeo

Fonte: Corpus da pesquisa

A edição de abril de 2014 não manteve o crescimento em interatividade presente

em fevereiro e março. Apesar dos poucos elementos do Design para Tablet, é visto que

os quadros roláveis, profundidade e sobreposição aninhada permanecem como

tendências na diagramação da Você S/A.

A análise das edições de novembro a abril da Você S/A para iPad apresenta uma

constante influência do jornalismo impresso com pouca intervenção multimídia e

interativa em uma interface pouco elaborada e pesada. Apesar de ser uma revista

migrada para o tablet, a Você S/A ainda pode pensar além no desenvolvimento e união

de linguagens para criar um espaço totalmente novo para o leitor de tablets.

Page 96: Monografia Mauro Plastina - O Tablet como nova plataforma Jornalística

95

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos elementos editoriais, de interface e próprios do tablet da

revista Você S/A para iPad podemos perceber um padrão nas tendências do projeto de

diagramação. O desenvolvimento do título próprio para o tablet não deixa dúvidas

quanto à natureza impressa da redação que o desenvolve. De acordo com a

categorização de elementos criada para a análise, a Você S/A para iPad utiliza todos os

elementos listados do Design Editorial gráfico. Por outro lado, as questões ligadas à

plataforma como o Design de Interface e elementos de diagramação específicos para

tablets ainda precisam ser mais bem utilizados.

A Você S/A para iPad ainda é considerada um membro do jornalismo digital de

quinta geração (NUNES, 2013) que une jornalismo on-line, mobilidade e convergência

de mídias, mas ainda é clara sua influência do impresso em detrimento dos recursos

multimídias e interativos oferecidos pela plataforma. A intenção de não utilizar apenas

um .pdf interativo, mas sim, desenvolver um projeto que una todos as possibilidades

oferecidas é poder ir além do usual e explorar a capacidade da plataforma, com os

elementos, e do leitor, com uma nova forma narrativa.

Quando Steve Jobs lançou o iPad e disse que buscavam um meio termo entre

smartphone e laptop, o resultado não poderia ser mais propício para uma migração da

mídia impressa. O design do iPad foi pensando para leitura e, sendo assim, não seria

possível levar uma publicação sem levar junto todas as características estudadas até o

momento para facilitar a leitura e deixá-la mais agradável ao leitor. A presença dos

elementos do Design Editorial em revistas para tablets não é mera coincidência, mas as

publicações não devem se fixar nestas características e deixar a interatividade e

convergência de mídias em segundo plano.

A tabela de Design Editorial nas análises das edições permanece inalterada, pois,

como dito, a Você S/A para iPad mantém todas as características das revistas

impressas. Além dos elementos gráficos, a Você S/A segue os padrões impressos

também na padronização gráfica trabalhando com os princípios do design identificados

por Williams (2006) que faz com que se crie uma identidade própria da revista. Fora a

parte gráfica, a revista digital para tablet também mantém a segmentação de público

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características do meio revista, a fácil portabilidade e a periodicidade, sendo a Você S/A

uma revista mensal.

A leitura da Você S/A para iPad foi realizada através do aplicativo IBA da editora

Abril. Sendo assim, a interface analisada através dos princípios de usabilidade

acabaram sendo as mesmas já que não houve atualizações no aplicativo durante o

processo de análise das edições.

Apesar do fácil acesso às edições de revistas, o IBA deixa a desejar em

velocidade de abertura do aplicativo, organização da biblioteca e feedback ao leitor

quanto ao estado do aplicativo. Estas faltas fazem com que os usuários possam sair

frustrados com suas experiência.

Ao abrir uma edição da revista, o layout de interface permanece o mesmo com

as funcionalidades presentes em uma barra de ferramentas na parte superior e uma

barra de rolagem na parte inferior que ao ser tocada abre um menu carrossel das

páginas.

Na barra de ferramentas é possível voltar à página principal do aplicativo com as

revistas baixadas para o iPad, um índice em menu rolável, um botão voltar para ir à

página vista por último, uma estrela para marcar a página como favorita e um último

botão que, como a barra inferior, abre um menu carrossel da revista.

Na interface foram analisados dez princípios de usabilidade definidos por

PREECE, ROGERS e SHARP (2005). Destes, somente três fazem parte do IBA -

Consistência e Padrões, Flexibilidade e Eficiência e Estética Minimalista. Alguns

princípios como Visibilidade do Status, Controle e Liberdade, Ajuda ao Usuário e Ajuda

e Documentação, poderiam fazer com que a leitura fosse mais agradável, fluída e sem

receios por parte de novos e experientes leitores da plataforma.

Como uma revista para tablet, a Você S/A para iPad foi analisada também pelos

elementos específicos para a plataforma como as interatividades, elementos de design

e gestos táteis. Nas duas primeiras seções, a revista deixar a desejar, pois trabalha

basicamente com as mesmas características em todas as edições. Apesar de os gestos

táteis serem utilizados sempre da mesma maneira nas edições é compreensível que

isto não se modifique ao longo do desenvolvimento. Nesta seção o que poderia

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melhorar seria o zoom na tela para facilitar a leitura, pois somente algumas oferecem

este recurso.

A capa foi sempre considerada utilizando o “Photo Door” que, por definição de

Garcia e Reibstein (2012), é uma “foto ou seqüência de imagens que surge ao abrir a

publicação”. Nas características a revista possibilitava a orientação dupla, mas na

horizontal o aplicativo permitia somente a navegação entre as reportagens. A chamada

profundidade é considerada quando uma “página” contém um rolamento para cima ou

para baixo que permita maior espaço para elementos gráficos e interativos na

reportagem em questão.

Entre os elementos interativos é possível identificar o interesse da equipe pelos

Quadros Roláveis que, em muitos casos, se tornavam substitutos dos “boxes” do

Design Editorial e oportunizavam mais conteúdo em pouco espaço de página. Além dos

Quadros Roláveis, as Sequências de Imagens também estavam presentes em muitas

edições. O terceiro elemento mais utilizado foi a Sobreposição Aninhada que permite

que se una mais de uma interatividade em um mesmo espaço na página para que se

consiga um efeito diferente para o leitor. Esta característica era usada muitas vezes

para criar infográficos interativos que misturavam Quadros Roláveis com Sequência de

Imagens para criar um efeito de transição e movimento em animações e testes.

Nas características de Design para Tablet há um pouco de mistura com a

interface do aplicativo e o Design Editorial, mas que consideramos analisar também

nesta seção. As capas de seção (existentes também em revistas impressas) e

singpostings (que no Design Editorial podem ser as cartolas) estão presentes em todas

as edições e estão ligadas diretamente à experiência impressa. Já o Carrossel e o

Botão Voltar aparecem na revista, mas não na diagramação em si, e sim na interface do

aplicativo, por isto estão selecionadas nesta tabela como parte da operação de leitura.

Foi identificado ao longo das edições que acontecia um desenvolvimento maior

de interatividade entre as edições de fevereiro e março, mas em abril a Você S/A para

iPad voltou à diagramação influente do impresso com pouca interatividade e recursos

multimídia. Com esta “volta ao básico” na questão de elementos no Design para Tablet

é possível sugerir três cenários: a) leitores deram feedback negativo ao tipo de leitura

com mais elementos interativos; b) a redação não está preparada ou não tem equipe

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suficiente para desenvolver várias reportagens multimídia e interativas para uma

mesma edição; c) a editora Abril não está investindo na plataforma tablet como um fator

alavancador de aumento de receita, mas somente como mais uma plataforma para

estar presente e não ser deixada para trás em frente à concorrência.

Em 2013, a editora Abril iniciou uma reestruturação e em agosto fechou quatro

revistas e demitiu 150 funcionários 54 . Para tanto o cenário projetado de falta de

investimento no tablet e na contratação de pessoal capacitado para criar melhores

revistas para a plataforma é um ponto forte nesta época para a editora.

Neste trabalho identificamos as tendências de elementos usados na

diagramação da Você S/A para iPad. Achamos importante avaliar até onde a

interatividade e a oportunidade multimídia deve comparecer para a melhor experiência

de leitura de revistas na plataforma tablet. Tal pesquisa poderá ser um trabalho a ser

elaborado com mais tempo e mais conhecimento através de grupos focais. Desta

maneira poderemos compreender o comportamento do público misto de iniciantes e

experientes em tablets para ter um feedback direto da leitura. É possível aprender muito

ainda como se dará a nova linguagem na união entre a linguagem do impresso, do

digital e do tablet.

54 Informação retirada da Folha de São Paulo em < http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/08/1320324-editora-abril-vai-fechar-4-revistas-um-portal-e-demitir-150-pessoas.shtml> Última visualização em 08 de junho de 2014

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