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24/01/13 15:49 Folha de S.Paulo - Paciente morreu durante incêndio no HC - 27/12/2007 Página 1 de 3 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2712200707.htm Assine 0800 703 3000 SAC Bate-papo E-mail E-mail Grátis Shopping BUSCAR São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Paciente morreu durante incêndio no HC Internado desde novembro com câncer, vendedor estava no 9º andar do centro cirúrgico e respirava por aparelhos Segundo o hospital, vítima foi retirada por funcionários ainda durante o fogo e sua ventilação foi mantida manualmente na descida LAURA CAPRIGLIONE DA REPORTAGEM LOCAL RICARDO VIEL COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O vendedor Raimundo Nonato de Azevedo, 56, que estava internado no 9º andar do Centro Cirúrgico do Prédio dos Ambulatórios do HC (Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo), morreu na madrugada do dia 24 para o dia 25 de dezembro, justamente quando pacientes e funcionários tiveram de sair às pressas do hospital por conta do incêndio. Segundo Samir Rasslan, professor titular e médico do HC, que esteve no hospital entre as 22h do dia 24 e as 3h45 do dia 25, uma equipe de enfermeiros providenciou a descida de Azevedo pelas escadas do prédio (o fornecimento de energia elétrica estava cortado) e sua transferência para outro centro de cuidados intensivos, no mesmo hospital. Outros nove pacientes, a maioria entubados e com aparelhos de ventilação, também tiveram de ser removidos. Azevedo estava internado com câncer desde novembro. No dia 4 de dezembro, foi operado para a extração de um tumor no esôfago. No dia 7, foi reoperado. Para piorar o quadro, ele contraiu uma pneumonia. Desde então estava em estado grave no pós-operatório do centro cirúrgico. Azevedo era fumante. A mulher dele, Maria Salete, 56, foi ontem ao HC atrás de informações sobre a morte. A assessoria de imprensa do

Morte no incêndio no HC de São Paulo

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Reportagem para a Folha de S.Paulo, dezembro de 2007

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Paciente morreu durante incêndio noHCInternado desde novembro com câncer, vendedor estavano 9º andar do centro cirúrgico e respirava por aparelhos

Segundo o hospital, vítima foi retirada por funcionáriosainda durante o fogo e sua ventilação foi mantidamanualmente na descida

LAURA CAPRIGLIONEDA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO VIEL COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O vendedor Raimundo Nonato de Azevedo, 56, que estavainternado no 9º andar do Centro Cirúrgico do Prédio dosAmbulatórios do HC (Hospital das Clínicas da Universidadede São Paulo), morreu na madrugada do dia 24 para o dia 25de dezembro, justamente quando pacientes e funcionáriostiveram de sair às pressas do hospital por conta do incêndio.Segundo Samir Rasslan, professor titular e médico do HC,que esteve no hospital entre as 22h do dia 24 e as 3h45 dodia 25, uma equipe de enfermeiros providenciou a descida deAzevedo pelas escadas do prédio (o fornecimento de energiaelétrica estava cortado) e sua transferência para outro centrode cuidados intensivos, no mesmo hospital. Outros novepacientes, a maioria entubados e com aparelhos deventilação, também tiveram de ser removidos.Azevedo estava internado com câncer desde novembro. Nodia 4 de dezembro, foi operado para a extração de um tumorno esôfago. No dia 7, foi reoperado. Para piorar o quadro, elecontraiu uma pneumonia. Desde então estava em estado

grave no pós-operatório do centro cirúrgico. Azevedo erafumante.A mulher dele, Maria Salete, 56, foi ontem ao HC atrás deinformações sobre a morte. A assessoria de imprensa do

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informações sobre a morte. A assessoria de imprensa dohospital chegou a informar, após o relato dela, que não havianenhum Raimundo Nonato de Azevedo no 9º andar doprédio. A informação foi desmentida pouco depois.Maria Salete diz que, no dia 24, entre as 16h e 17h, sua filhaCláudia Maria de Azevedo, 33, professora, visitou o pai nohospital. Encontrou-o inconsciente e entubado. "Mas elavoltou para casa até com uma esperança no coração. Omédico disse que ele estava respondendo bem e que ele eramuito forte", lembrou a mulher.Segundo Rasslan, entretanto, o quadro do paciente eraterminal: "Ele estava recebendo altas doses de noradrenalinapara manter a pressão arterial, tinha um quadro comatoso ede falência orgânica."

Pânico e fumaçaA remoção de Azevedo aconteceu no escuro, em meio àfumaça e ao tumulto provocado pelo pânico generalizado.Mesmo assim, segundo Rasslan, os enfermeiros conseguirammanter a ventilação do paciente (que foi feita manualmentedurante o transporte).Rasslan diz que "o paciente, uma vez removido, chegou àUTI nas mesmas condições em que se encontrava no 9ºandar do Prédio dos Ambulatórios."O documento de óbito, assinado pela médica Inez OhashiTorres, atesta que a morte aconteceu às 2h do dia 25. Oincêndio começou por volta das 22h do dia 24 e, segundo osbombeiros, a fumaça só foi controlada por volta da 1h.A mulher de Azevedo disse ontem que estranhou otelefonema recebido às 3h, pedindo que ela fosse comurgência ao SVO (Serviço de Verificação de Óbitos),providenciar o enterro. "Parecia que eles estavam com pressade se livrar do problema", disse ela. "Foi tudo muito rápidomesmo", afirmou à Folha um funcionário do serviço, ontem,sob condição de não ser identificado.Para o SVO vão os casos de mortes não-violentas, enquantoque, para o Instituto Médico Legal, vão as mortes a seremapuradas. Não foi feita necropsia no corpo de Azevedo, jáque o documento de óbito enumera os seguintes fatorescomo causadores da morte: choque séptico, mediastinite,necrose de traquéia e esofagectomia.Segundo Rasslan, "a morte do paciente ocorreria de qualquerjeito. Era um quadro terminal." "A gente fez a remoçãoporque não tinha outro jeito. Não foi ela [a remoção] que

prejudicou o paciente."Ao se dirigir ao SVO, que fica quase em frente ao prédioincendiado, a família de Azevedo disse ter sentido um fortecheiro de queimado. "Mas a gente só foi saber do que tinhade fato acontecido no Prédio dos Ambulatórios às 7h do dia25, quando meu filho viu as imagens na televisão", dizSalete.

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Salete.No dia 25, a direção do Hospital das Clínicas da Faculdadede Medicina da USP, que está sob a alçada da Secretaria deEstado da Saúde, comunicou que nenhum paciente haviamorrido durante o incêndio.

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