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Grátis | Sexta-Feira, 16 de Janeiro de 2011 | Número 1 | nnoticias.weebly.com “Vejo Portugal entregue aos bichos” Sindicatos médicos ameaçam parar urgências Os sindicatos médicos ameaçam fazer greve às horas extraordiná- rias a partir do início de Janeiro. Esta forma de luta porá em causa o funcionamento da maior parte dos serviços de urgência do país, que podem ser obrigados a fechar as portas, avisam. A decisão fica a de- ver-se à redução, para metade, do valor a pagar pelas horas extra no próximo ano.A diminuição decorre das novas formas de pagamento previstas no Orçamento de Estado (OE) de 2012 - que não contem- plam excepções para os médicos, Joe Berardo pede demissão de Cavaco .O empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o compromisso de “defender os portugueses”, nem explicar o seu envolvimento em algumas situ- ações polémicas, pelo que deve “pedir a resignação” do cargo. O empresário justifi ca o pedido de resignação, dizendo que Ca- vaco Silva está “relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos por- tugueses”, e tinha encontros com Oliveira e Costa”. REPORTAGEM Uma ES.COL.A de e para todos Em entrevista Adolfo Luxúria Canibal

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Primeira publicação do jornal N.

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116 Dezembro 2011 - N

Grátis | Sexta-Feira, 16 de Janeiro de 2011 | Número 1 | nnoticias.weebly.com

“Vejo Portugal entregue aos bichos”

Sindicatos médicos ameaçam parar urgênciasOs sindicatos médicos ameaçam fazer greve às horas extraordiná-rias a partir do início de Janeiro.Esta forma de luta porá em causa o funcionamento da maior parte dos serviços de urgência do país, que podem ser obrigados a fechar as portas, avisam. A decisão fi ca a de-ver-se à redução, para metade, do valor a pagar pelas horas extra no próximo ano.A diminuição decorre das novas formas de pagamento previstas no Orçamento de Estado (OE) de 2012 - que não contem-plam excepções para os médicos,

Joe Berardo pede demissão de Cavaco.O empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o compromisso de “defender os portugueses”, nem explicar o seu envolvimento em algumas situ-ações polémicas, pelo que deve “pedir a resignação” do cargo.O empresário justifi ca o pedido de resignação, dizendo que Ca-vaco Silva está “relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos por-tugueses”, e tinha encontros com Oliveira e Costa”.

REPORTAGEM

Uma ES.COL.A de e para todos

Em entrevistaAdolfo Luxúria Canibal

2 - 16 Dezembro 2011N

“Mais uma fábrica que fe-chou”... “Dezenas de funcioná-rios no desemprego”…”Todos os dias, aumenta o número de famí-lias que pedem ajuda às institui-ções de solidariedade social”…

Estas notícias já fazem parte do quotidiano. Somos confron-tados com elas cada vez que abri-mos um jornal ou ligamos a TV. “Crise”… Provavelmente, a pa-lavra mais dita durante o ano de 2011; a palavra que anda na boca de todos e para a qual ninguém encontrou a solução. A dura re-alidade que afecta todos os por-tugueses e, à qual, ninguém está imune.

Portugal é um dos países da União Europeia com uma das

taxas de desemprego mais eleva-das. Queiramos ou não admitir, somos um país pobre. Durante décadas, vivemos muito acima das nossas possibilidades. Os bancos e as agências de crédi-to usam a publicidade para nos aliciar a comprar o dispensável. Créditos para a casa, para o car-ro, para as férias… crédito para tudo e mais alguma coisa. É fácil e rápido de aderir; promete-se dinheiro disponível na hora. O problema chega quando é hora de pagar a factura. No momento de aderir ao crédito, não se referem as letras “pequenas”, as fl utuações dos mercados que infl uenciam as taxas de juro. O consumismo é, assim, caracterizado por ser im-pulsivo, preocupa-se em satisfa-

zer as necessidades do presente. Porém, é o futuro que mais

difi culdades acarreta, principal-mente, num país onde o salário mínimo são uns simbólicos 485 Euros.

A factura já chegou para o Es-tado português. As medidas de austeridade impostas pela troika potenciam a redução das des-pesas e o aumento das receitas, como forma de combater a crise. O aumento do IVA para 23%, os cortes nas deduções fi scais, a ex-tinção dos subsídios de férias e menos quatro feriados por ano, são algumas das medidas a que os portugueses estão sujeitos. E pergunta-se: “Serão estas medi-das sufi cientes?” Não se sabe.

O futuro que espera Portugal

e os portugueses é uma incerte-za. É do conhecimento geral que 2012 irá ser fortemente afectado pela crise. Novas medidas de aus-teridade poderão surgir e a hipó-tese de o país pedir um segundo resgate fi nanceiro, não foi posta de parte pelo governo português.

Entretanto, milhares de portu-gueses sobrevivem graças à ajuda de instituições de solidariedade social, recorrem ao rendimento social de inserção ou ao subsidio de desemprego. Porém, estes me-canismos de ajuda são efémeros e haverá um dia em que os noti-ciários abram com a informação de que a Segurança Social portu-guesa entrou em bancarrota. O problema, é que esta situação já esteve mais longe de acontecer.

EDITORIAL

CRÓNICA: Factor X

Há uns meses, quando o actual governo tomou posse, deu-se por extinto o Ministério da Cultura, que passou a estar directamente dependente do primeiro-minis-tro. Agora, sabe-se que estão pre-vistos (ainda) mais cortes orça-mentais no sector da cultura, que podem chegar aos 30% no caso das fundações mais dependentes do Estado.

Como se não bastasse, An-tónio José Viegas, secretário de estado da Cultura, anunciou que os museus vão deixar de ser gra-tuitos ao domingo. José Viegas não afasta contudo a hipótese de manter um dia de gratuidade por mês nos museus.

O responsável pela Cultura alegou, em entrevista à SIC No-tícias, que a percentagem de en-tradas pagas nos museus é, actu-almente, de 36% quando deveria rondar os 80%.

Vejamos agora as implicações desta medida a nível prático... Até agora os museus apenas ti-nham entrada livre durante as manhãs de domingo. Ao manter--se um dia de gratuidade, será que a facturação das manhãs dos três outros domingos terá assim

tanta expressão nas receitas? E que impacto terá a cobrança de entradas nessas três manhãs sa-bendo que, à partida, isso poderá afastar muita gente dos museus?

É claro que manter e gerir um museu implica elevados custos; mas existem com certeza fontes de receitas alternativas aos bilhe-tes de entrada, como por exem-plo as cafetarias, lojas e merchan-dising nos museus.

Se do lado das receitas para os museus esta medida parece pou-co relevante, para muitas famílias pode signifi car o fi m das visitas aos museus.

Afastar as pessoas dos museus é afastá-las de algo que as per-tence: o património histórico e cultural do país. Mas é também retirar-lhes a oportunidade de se instruirem. E todos sabemos que um povo instruído é um povo mais capaz para contribuir para o seu país.

No fundo retirar a gratuidade dos museus é restringir mais um bocadinho o acesso à Cultura. E nisso o governo tem sido bom. Cristina Soares Domingues

COMENTÁRIO: O preço da Cultura

|OPINIÃO

Portugal tem, no seio da sua população, um terrível proble-ma com a letra X. Há uma cer-ta difi culdade em uniformizar o comportamento social quando se trata da escrita de um símbo-lo como este. Quando há elei-ções nacionais, em que existe a oportunidade gratuita de o povo expressar a sua opinião e estado de espírito relativamente à polí-tica, parece que há um problema de locomoção das pessoas até às assembleias de voto, onde há a possibilidade de os eleitores colo-carem uma cruz num quadrado, ou simplesmente entregá-lo em branco. O mesmo não acontece com os boletins do Euromilhões, Totoloto que semanalmente são invadidos por milhares de cruzi-nhas que tentam desafi ar as leis das probabilidades. Por outro lado, quando a taxa de analfa-betismo assolava o nosso país, o mais frequente era assistirmos ao espectáculo indecoroso das “assi-naturas em cruz”, que eram bem representativas do fraco nível de conhecimento e formação aca-démica dos portugueses relativa-mente à “língua de Camões”.

Falando em cruzes, não pode

ser esquecida a preocupante rea-lidade das “assinaturas de cruz”, que tantas vezes conduzem a situações de descalabro e que põem em causa a honra, credibi-lidade de muitos indivíduos. Os jovens, , através dos telemóveis e dos computadores, também não escapam à sina da utilização dos Xx. Com grande frequência uti-lizam esta letra, de uma forma despreocupada, nos SMS e nas conversas online. Aquilo que é suposto facilitar e acelerar a co-municação poderá conduzir a uma irreversível situação de má escrita da língua portuguesa. Também muitos funcionários que recebem formulários preen-chidos por cidadãos insistem em colocar uma cruzinha na linha destinada à “Assinatura”, quando pretendem indicar o local onde as pessoas devem escrever a sua graça. Esta acção constitui um hábito antigo que, outrora, teve razão de ser, mas que hoje pode-ria ser descontinuada e reformu-lada.

Resumindo e concluindo, tudo isto são “questões-xave”, mas pa-rece que ninguém está para se “xatear”. Pedro Martins

|OPINIÃO

Há cerca de dois/três anos, já não me lembro bem, e por esta altura, já tinha a árvore de na-tal cheia de presentes. Há cer-ca de dois/três anos, mais coisa menos coisa, eu na cozinha da minha avó a temperar 16 belos camarões tigre com sal, pimen-ta e sumo de limão. A pincelá--los com uma pontinha de óleo, e a regá-los, depois de grelhados, com um molho de manteiga fan-tástico cuja confecção já não me recordo bem.

Há uns anos as pessoas a cum-primentarem-me na rua, e eu a pedir que me tratassem por tu sempre que me chamavam se-nhora ou doutora qualquer coisa. Ministra, advogada, política, mé-dica, jornalista ou dentista, con-forme aquilo que ia aparentando.

Há uns anos, por esta altura, eu nos super e hiper-mercados com o carrinho de compras a transbordar e a carteira ainda

com espaço sufi ciente para mais umas quantas aquisições. Há uns anos, eu no corredor dos animais a comprar secos para os gatos e cães da rua. A juntar-lhes uns ossos e umas espinhas quan-do estava bem disposta. E a ser completamente lambusada por todos sempre que me armava em Madre Teresa de Calcutá dos ani-mais.

Há talvez dois/três anos, um bocadinho mais, eu a dar esmo-las aos vagabundos da rua, e a pedir-lhes encarecidamente que fossem trabalhar. A desfi lar nos cinemas, nas feiras, nos festivais. De moda, de verão, de vinho, bi-cicletas, literatura, cultura, polí-tica e até direitos humanos.

Ainda nesse tempo, eu com dúvidas sobre que marcas esco-lher, e que planos desenhar para os longos serões em que os tra-balhos se evaporavam como que por magia. E a olhar as montras

das lojas com a boca entre paren-teses, e a certeza de que ia encon-trar ali algo meu.

Há uns dois/três anos atrás, olhem-me só como o tempo voa, as pessoas a cumprimentarem--me na rua e a chamarem-me se-nhora ou doutora qualquer coisa. Ministra, advogada, política, mé-dica, jornalisa ou dentista, con-forme aquilo que ia aparentando. Hoje ninguém me cumprimenta, e ninguém me chama seja o que for.

Hoje, ainda não fi z compra ne-nhuma de natal. Tenho um pão na mão e uma garrafa, enchida em casa com água da torneira, na mala. Fui a casa da minha avó e abri umas latas de atum e salsichas para o jantar. Pincelei--as com amor, e reguei-as com carinho, porque não tenho mais nada, além disso, para dar. Hoje vou ao super mercado e não pre-ciso de uma moeda de cinquenta cêntimos. Levo um daqueles ces-tos pequeninos quando não me apetece acartar com as compras na mão, e não passo sequer no corredor dos animais. Também já não dou esmolas aos vagabun-dos, e nem lhes peço encareci-

damente que vão trabalhar. Tra-balhar quero eu agora, e quanto menos concorrência melhor.

Eu agora não desfi lo, quanto muito ando por aí a deambular à procura de esmolas. A comprar tudo da marca mais barata, e a olhar as montras das lojas com a boca entristecida, e a certeza de que ali, meu, muito provavel-mente nunca será nada. Eu que agora ossos, só tenho os meus. E até os cães já perceberam isso, porque até eles têm uma reacção diferente sempre que me vêem na rua agora. Antigamente pas-savam por mim e olhavam-me com um olhar matreiro ou então abanavam a cauda à espera que lhes desse um mimo. Hoje sa-bem que não tenho nada, então passam por mim, olham-me com desdém – assim como quem não quer a coisa sabem? – e depois giram em torno das minhas per-nas e cheiram a minha sombra até ela se enrodilhar de tal modo, ao ponto de me fazer tropeçar num misto de vergonha e pena de mim mesma. É, acho que a vagabunda agora sou eu.

Ana Beatriz Saraiva

Hoje fi zeram-me uma per-gunta que me fez refl ectir sobre a infl uência que o actual estado de crise tem sobre o meu comporta-mento e a minha forma de viver o dia-a-dia. A pergunta é muito simples. “Tens planos para a pas-sagem de ano?”, perguntou-me uma amiga através de uma rede social. Mal me reconheci quan-do lhe disse que não tinha sequer pensado no assunto. Foi então que percorri toda a minha agen-da vermelha à procura de um sinal, que indicasse que afi nal o tema não me tinha passado ao lado. No entanto, sem êxito, tive que admitir o óbvio e questionei--me: por que motivo não tinha eu pensado em tal acontecimento?

Como jovem que sou tenho um tremendo gosto e prazer por

planear. A prova está na minha agenda que, por circunstância do momento, não deixei de analisar ao pormenor. Planeio concertos que gostaria de ver, cafés onde gostaria de ir, receitas que gosta-ria de cozinhar e fi lmes que gos-taria de assistir. Mesmo que, no fi m, não realize nem metade dos desejos que passei para o papel, planeei-os e sinto-me bem em tê--lo feito. Mas, então, por que raio não tinha eu rabiscado qualquer coisa sobre a noite de 31 de De-zembro, nunca antes descurada por mim?

O ritual da passagem de ano sempre me encantou. O motivo é que, sendo Dezembro um mês repleto de simbolismos religio-sos, o dia trinta e um sempre foi um momento à parte de tudo

isso. Não pensamos em Jesus, em Deus, nos Reis Magos, o que seja. É, simplesmente, um dia em que fazemos o que nos dá na real gana. Festejamos o início de um novo ano, de novas conquistas e deitamos para o ar promessas que sabemos que não iremos cumprir. E, para mais, com vin-te anos que tenho, um novo ano é sempre motivo de celebração. Penso frequentemente que será mais um ano de festas, de ami-gos, de diversões e de parvoíces.

Foi então que percebi. A per-gunta que me tenho que questio-nar é: será que eu quero passar este ano em concreto? Se virmos bem, no passado, tudo aquilo que eu idealizava para o ano seguin-te era positivo. Sempre melhor. Ora, este ano, com toda a conten-ção a que somos obrigados pela situação da economia nacional, é lógico que os meus planos, já por si, muitos deles, não realiza-dos, tornar-se-ão completamente impossíveis. Olho para 2012 com

receio. O ano em que eu termino o curso, mas não tenho empre-go. O ano em que a infl ação vai ultrapassar os 3%. O ano em que provavelmente não vou poder ir a um ou outro festival. O ano em que pagarei o dobro pelo meu passe de transportes.

Na verdade, toda esta incerte-za que se verifi ca em relação aos próximos anos, fez-me negligen-ciar, inconscientemente, um dos dias que mais me agradava anti-gamente. A crise, ao implantar--se tão defi nitivamente, fez com que, não só a alegria das pessoas e o seu dinheiro se esvaísse, mas também o seu gosto em sonhar, em projectar. Vou ser sincero. Não me apetecia nada passar este ano nem perder esta minha característica, que é o prazer de planear e, assim, ter que deixar a minha agenda vermelha cada vez mais esquecida e vazia, fruto de um tempo em que até os desejos mais simples e banais são postos de parte. André Vidal

CRÓNICA: E tudo o vento levou

CRÓNICA: Tens planos para a passagem de ano?

316 Dezembro 2011 - N

|OPINIÃO

Há cerca de dois/três anos, já não me lembro bem, e por esta altura, já tinha a árvore de na-tal cheia de presentes. Há cer-ca de dois/três anos, mais coisa menos coisa, eu na cozinha da minha avó a temperar 16 belos camarões tigre com sal, pimen-ta e sumo de limão. A pincelá--los com uma pontinha de óleo, e a regá-los, depois de grelhados, com um molho de manteiga fan-tástico cuja confecção já não me recordo bem.

Há uns anos as pessoas a cum-primentarem-me na rua, e eu a pedir que me tratassem por tu sempre que me chamavam se-nhora ou doutora qualquer coisa. Ministra, advogada, política, mé-dica, jornalista ou dentista, con-forme aquilo que ia aparentando.

Há uns anos, por esta altura, eu nos super e hiper-mercados com o carrinho de compras a transbordar e a carteira ainda

com espaço sufi ciente para mais umas quantas aquisições. Há uns anos, eu no corredor dos animais a comprar secos para os gatos e cães da rua. A juntar-lhes uns ossos e umas espinhas quan-do estava bem disposta. E a ser completamente lambusada por todos sempre que me armava em Madre Teresa de Calcutá dos ani-mais.

Há talvez dois/três anos, um bocadinho mais, eu a dar esmo-las aos vagabundos da rua, e a pedir-lhes encarecidamente que fossem trabalhar. A desfi lar nos cinemas, nas feiras, nos festivais. De moda, de verão, de vinho, bi-cicletas, literatura, cultura, polí-tica e até direitos humanos.

Ainda nesse tempo, eu com dúvidas sobre que marcas esco-lher, e que planos desenhar para os longos serões em que os tra-balhos se evaporavam como que por magia. E a olhar as montras

das lojas com a boca entre paren-teses, e a certeza de que ia encon-trar ali algo meu.

Há uns dois/três anos atrás, olhem-me só como o tempo voa, as pessoas a cumprimentarem--me na rua e a chamarem-me se-nhora ou doutora qualquer coisa. Ministra, advogada, política, mé-dica, jornalisa ou dentista, con-forme aquilo que ia aparentando. Hoje ninguém me cumprimenta, e ninguém me chama seja o que for.

Hoje, ainda não fi z compra ne-nhuma de natal. Tenho um pão na mão e uma garrafa, enchida em casa com água da torneira, na mala. Fui a casa da minha avó e abri umas latas de atum e salsichas para o jantar. Pincelei--as com amor, e reguei-as com carinho, porque não tenho mais nada, além disso, para dar. Hoje vou ao super mercado e não pre-ciso de uma moeda de cinquenta cêntimos. Levo um daqueles ces-tos pequeninos quando não me apetece acartar com as compras na mão, e não passo sequer no corredor dos animais. Também já não dou esmolas aos vagabun-dos, e nem lhes peço encareci-

damente que vão trabalhar. Tra-balhar quero eu agora, e quanto menos concorrência melhor.

Eu agora não desfi lo, quanto muito ando por aí a deambular à procura de esmolas. A comprar tudo da marca mais barata, e a olhar as montras das lojas com a boca entristecida, e a certeza de que ali, meu, muito provavel-mente nunca será nada. Eu que agora ossos, só tenho os meus. E até os cães já perceberam isso, porque até eles têm uma reacção diferente sempre que me vêem na rua agora. Antigamente pas-savam por mim e olhavam-me com um olhar matreiro ou então abanavam a cauda à espera que lhes desse um mimo. Hoje sa-bem que não tenho nada, então passam por mim, olham-me com desdém – assim como quem não quer a coisa sabem? – e depois giram em torno das minhas per-nas e cheiram a minha sombra até ela se enrodilhar de tal modo, ao ponto de me fazer tropeçar num misto de vergonha e pena de mim mesma. É, acho que a vagabunda agora sou eu.

Ana Beatriz Saraiva

Hoje fi zeram-me uma per-gunta que me fez refl ectir sobre a infl uência que o actual estado de crise tem sobre o meu comporta-mento e a minha forma de viver o dia-a-dia. A pergunta é muito simples. “Tens planos para a pas-sagem de ano?”, perguntou-me uma amiga através de uma rede social. Mal me reconheci quan-do lhe disse que não tinha sequer pensado no assunto. Foi então que percorri toda a minha agen-da vermelha à procura de um sinal, que indicasse que afi nal o tema não me tinha passado ao lado. No entanto, sem êxito, tive que admitir o óbvio e questionei--me: por que motivo não tinha eu pensado em tal acontecimento?

Como jovem que sou tenho um tremendo gosto e prazer por

planear. A prova está na minha agenda que, por circunstância do momento, não deixei de analisar ao pormenor. Planeio concertos que gostaria de ver, cafés onde gostaria de ir, receitas que gosta-ria de cozinhar e fi lmes que gos-taria de assistir. Mesmo que, no fi m, não realize nem metade dos desejos que passei para o papel, planeei-os e sinto-me bem em tê--lo feito. Mas, então, por que raio não tinha eu rabiscado qualquer coisa sobre a noite de 31 de De-zembro, nunca antes descurada por mim?

O ritual da passagem de ano sempre me encantou. O motivo é que, sendo Dezembro um mês repleto de simbolismos religio-sos, o dia trinta e um sempre foi um momento à parte de tudo

isso. Não pensamos em Jesus, em Deus, nos Reis Magos, o que seja. É, simplesmente, um dia em que fazemos o que nos dá na real gana. Festejamos o início de um novo ano, de novas conquistas e deitamos para o ar promessas que sabemos que não iremos cumprir. E, para mais, com vin-te anos que tenho, um novo ano é sempre motivo de celebração. Penso frequentemente que será mais um ano de festas, de ami-gos, de diversões e de parvoíces.

Foi então que percebi. A per-gunta que me tenho que questio-nar é: será que eu quero passar este ano em concreto? Se virmos bem, no passado, tudo aquilo que eu idealizava para o ano seguin-te era positivo. Sempre melhor. Ora, este ano, com toda a conten-ção a que somos obrigados pela situação da economia nacional, é lógico que os meus planos, já por si, muitos deles, não realiza-dos, tornar-se-ão completamente impossíveis. Olho para 2012 com

receio. O ano em que eu termino o curso, mas não tenho empre-go. O ano em que a infl ação vai ultrapassar os 3%. O ano em que provavelmente não vou poder ir a um ou outro festival. O ano em que pagarei o dobro pelo meu passe de transportes.

Na verdade, toda esta incerte-za que se verifi ca em relação aos próximos anos, fez-me negligen-ciar, inconscientemente, um dos dias que mais me agradava anti-gamente. A crise, ao implantar--se tão defi nitivamente, fez com que, não só a alegria das pessoas e o seu dinheiro se esvaísse, mas também o seu gosto em sonhar, em projectar. Vou ser sincero. Não me apetecia nada passar este ano nem perder esta minha característica, que é o prazer de planear e, assim, ter que deixar a minha agenda vermelha cada vez mais esquecida e vazia, fruto de um tempo em que até os desejos mais simples e banais são postos de parte. André Vidal

CRÓNICA: E tudo o vento levou

CRÓNICA: Tens planos para a passagem de ano?

4 - 16 Dezembro 2011N

Numa entrevista divulgada pelo PÚBLICO neste domingo (disponível na edição online ex-clusiva para assinantes), Pedro Passos Coelho menciona um dado “muito positivo” resultan-te da transferência do fundo de pensões da banca para a Segu-rança Social: “Existe uma verba excedente de cerca de 2000 mi-lhões de euros que vamos desti-nar a pagamentos à economia.”

Para aquele deputado do PS, eleito por Braga, esta frase prova que “neste Natal, os portugueses só vão ter meio subsídio por op-ção exclusivamente política do Governo, sem necessidade do ponto de vista fi nanceiro, e com consequências gravosas” para a economia.

“Os portugueses fi caram a sa-ber pelo próprio primeiro-minis-tro que há um excedente de 2000 milhões [de euros], não no orça-mento de 2012 mas no de 2011”, acrescenta Laranjeiro. “Pode-se dizer que pela boca morre o pei-xe. Desde Agosto que se sabia da transferência do fundo de pen-sões da banca, e o governo não quis ouvir o Partido Socialista.”

Também neste domingo, em declarações à imprensa, o pri-meiro-ministro veio acrescentar que “os 2000 milhões retirados do fundo de pensões da banca serão injectados na economia através de um processo de regu-larização de pagamentos de dívi-das que o próprio Estado tem”.

Estas palavras são muito seme-lhantes às do secretário-geral do PS, António José Seguro, quando na quarta-feira comentou a con-cretização da transferência dos fundos de pensões. “Também me parece importante que uma parte desse dinheiro possa servir para pagar dívidas”, disse então Segu-ro. “Se as empresas públicas pa-

garem essas dívidas aos bancos, isso signifi ca que os bancos fi cam com mais dinheiro para injectar na economia, ou seja, apoiar a actividade das empresas.”

Miguel Laranjeiro afi rma, po-rém, que “os 2000 milhões de eu-ros [do excedente] são muitíssi-mo superiores à verba arrecada” com o corte de 50 por cento no subsídio de Natal deste ano, que corresponde a cerca de 800 mi-lhões de euros. Ou seja, haveria margem para este ano pagar o

subsídio por inteiro e “fazer pa-gamentos” de dívidas do Estado.

Também na entrevista ao PÚBLICO, Passos Coelho louva o “diálogo intenso” que tem ha-vido entre o PS e o Governo. A este respeito, Miguel Laranjeiro afi rma que “pode ter havido diá-logo” mas, em questões como os subsídios de férias e Natal – ou o aumento do IVA da restauração –, “não houve uma aproximação” entre as opiniões do Governo e as do PS.

| POLÍTICA

Excedente de 2000 milhões prova que “havia margem para não cortar subsídio de Natal”A referência do primeiro-minis-tro a um “excedente de 2000 milhões de euros” prova que “havia margem para não cortar metade do subsídio de Natal este ano”. Quem o afi rma é o de-putado socialista Miguel Laran-jeiro, em declarações à Lusa.

“O nosso partido, que é leal nos acordos, que sabe dar estabilida-de ao país, que sabe que o Gover-no é um, vai podendo verifi car como aquilo que dissemos em campanha se pode ir cumprindo passo a passo, sabendo que uma coligação é um compromisso e sabendo que não vale a pena es-tar com excesso de protagonis-mo porque as pessoas, quanto às medidas que vão sendo tomadas, tem a noção das reformas e da importância que elas signifi cam”, afi rmou Paulo Portas.

Portas destacou medidas que revelam a “identidade” dos de-

mocratas-cristãos, “na certeza que as decisões são tomadas por todos, portanto, o seu efeito e a sua importância são obviamente assumidas no contexto da coliga-ção”. A actualização das pensões mínimas sociais e rurais, a ma-nutenção do IVA para a agricul-tura, o novo modelo de avalia-

ção de professores, a prescrição por princípio activo e o IVA das Instituições Particulares de Soli-dariedade Social, foram algumas das medidas elencadas pelo líder do CDS.

Reconhecendo que “o Orça-mento dá execução a um con-junto de medidas fi scais, muitas

delas nem populares nem simpá-ticas”, Portas desresponsabiliza o Executivo da esmagadora maio-ria dessas medidas. “Noventa por cento das medidas fi scais que estão no Orçamento não são uma opção do Governo, são uma obrigação do Estado português que se comprometeu a tomar es-sas medidas em Abril deste ano, quando o Governo era outro”, ar-gumentou.

Portas referiu-se ainda ao PS, criticando quem se comprome-teu com um memorando e que agora está “a conjugar o verbo va-cilar, hesitar, voltar atrás, parar”. “Quando a única forma de nos libertarmos desta dependência é cumprir, ter as contas em dia”, defendeu. “Falta-lhes temperan-ça, perseverança, determinação e sobretudo vontade de conseguir”, disse.

Portas recusa “excesso de protagonismo” porque “o Governo é um” O líder do CDS afi rmou que “não vale a pena” o partido es-tar “com excesso de protago-nismo” , até porque as medidas vão sendo cumpridas por um único governo.

“O Presidente da Republica é um pouco responsável por mui-ta coisa que aconteceu até ago-ra”, disse o comendador à Lusa, acrescentando: “Acho que o Pre-sidente da República devia pedir a resignação.”

“O nosso Presidente da Repú-blica, não sei por quanto tempo, vai fi car muito zangado, mas não estou preocupado com o PR, es-tou preocupado é com o que está a acontecer a Portugal, que não há maneira de dar a volta por cima”, acrescentou Joe Berardo.

O empresário justifi ca o pe-dido de resignação, dizendo que Cavaco Silva está “relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos portugueses”, e tinha encontros com Oliveira e Costa”.

“Vi o Presidente da República dizer publicamente que o Dias Loureiro era uma pessoa hones-ta, em quem tinha confi ança, mas já saiu”, referiu ainda o co-mendador.

Segundo Joe Berardo, enquan-to governante, Cavaco Silva, de-fendeu também medidas que prejudicaram o sector das pescas e “agora diz que o Governo devia lançar-se pelo mar”.

Por isso, considera que Cavaco Silva é também responsável por “uma estratégia danosa para o futuro de Portugal, era tudo em-préstimos e realmente pensava que não tínhamos de pagar esta

dívida”.“Se alguém é responsável pelas

coisas com as quais os portugue-ses estão a ser penalizados, não tem outro caminho senão pedir a resignação”, argumenta, realçan-do que “uma coisa é ser econo-mista e outra é ser dirigente”.

E sustenta que Cavaco Silva, que garante que “defende os por-tugueses”, podia começar por dar o exemplo.

Joe Berardo pede demissão de CavacoO empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o com-promisso de “defender os portugueses”, nem explicar o seu envolvimento em algumas situações polémicas, pelo que deve “pedir a resignação” do cargo.

Nas últimas semanas assistiu--se em Portugal a um surto iné-dito de ataques informáticos. Fo

ram atacados sites do PSD, das Águas de Portugal, do Governo, da Assembleia da República e do

Hospital da Cruz Vermelha. Uns fi caram inacessíveis, outros fo-ram modifi cados e exibiam men-sagens dos atacantes.

Um dos ataques mais graves foi diferente: uma intrusão em sistemas informáticos, que cul-minou na divulgação de dois fi cheiros com dados de agentes da polícia. Um deles, retirado de computadores governamentais, divulgou o posto, email, nome e número de telefone de 107 agen-tes da PSP. O outro, retirado dos computadores de um sindicato, continha informação (em muitos casos, incluindo a morada) de 67 polícias. Foi apresentado como uma represália pelos incidentes em S. Bento, no dia da greve ge-ral.

Os atacantes já disseram que os ataques vão continuar. No iní-cio desta semana, num texto pu-blicado online, apelaram à união de “autodidactas e hackers” e

convidaram as pessoas “com co-nhecimentos de informática” a sentarem-se aos computadores. Prometeram um novo surto de ataques e, inspirados numa ac-ção internacional, chamaram--lhe operação #AntiSec PT.

O apelo foi publicado no site TugaLeaks, que tem divulgado informação sobre este género de acções em Portugal e foi lançado em Dezembro de 2010 por Rui Cruz, um informático que deci-diu criar uma réplica do site da WikiLeaks.

Desde então, o TugaLeaks tor-nou-se num site de divulgação de várias acções de protesto, dentro e fora da Internet. Ao PÚBLICO Rui Cruz explica que “o Tugale-aks nasceu porque era - e é - o único canal de media alternativo a publicar notícias sobre movi-mentos activistas e hacktivistas” e mostra simpatia pelos recentes ataques de hackers.

Hackers atacam para “elevar a voz do povo”Há um movimento em Portugal a mimetizar os hackers interna-cionais e a prometer um crescendo de ataques informáticos. Di-zem não ter medo das autoridades e estar numa “luta” contra o Governo e a corrupção, mas com a imprensa não falam.

Natal em Belém mais contido

“O Natal aqui no Palácio de Belém este ano será bastante contido, temos em conta as limi-tações orçamentais e temos em conta também aquilo que se tem pedido aos portugueses nesta fase”, confessou o chefe de Esta-do.

Por isso, revelou Cavaco Silva, “os cartões de Natal que sobra-ram dos anos anteriores” serão aproveitados e os fi lhos dos fun-cionários não irão ter as tradicio-nais prendas.

“Mas teremos com certeza uma confraternização com todo o pessoal que trabalha”, acrescen-tou ainda o presidente.

E, porque não quer misturar outras questões com “a abertura da época natalícia”, Cavaco Silva escusou-se a fazer qualquer co-mentário sobre o excedente de dois mil milhões de euros no Or-çamento de 2011.

O Natal no Palácio de Belém será este ano “bastante conti-do”, sem prendas para os fi lhos dos funcionários, mas com mo-mentos de confraternização.

516 Dezembro 2011 - N

“O Presidente da Republica é um pouco responsável por mui-ta coisa que aconteceu até ago-ra”, disse o comendador à Lusa, acrescentando: “Acho que o Pre-sidente da República devia pedir a resignação.”

“O nosso Presidente da Repú-blica, não sei por quanto tempo, vai fi car muito zangado, mas não estou preocupado com o PR, es-tou preocupado é com o que está a acontecer a Portugal, que não há maneira de dar a volta por cima”, acrescentou Joe Berardo.

O empresário justifi ca o pe-dido de resignação, dizendo que Cavaco Silva está “relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos portugueses”, e tinha encontros com Oliveira e Costa”.

“Vi o Presidente da República dizer publicamente que o Dias Loureiro era uma pessoa hones-ta, em quem tinha confi ança, mas já saiu”, referiu ainda o co-mendador.

Segundo Joe Berardo, enquan-to governante, Cavaco Silva, de-fendeu também medidas que prejudicaram o sector das pescas e “agora diz que o Governo devia lançar-se pelo mar”.

Por isso, considera que Cavaco Silva é também responsável por “uma estratégia danosa para o futuro de Portugal, era tudo em-préstimos e realmente pensava que não tínhamos de pagar esta

dívida”.“Se alguém é responsável pelas

coisas com as quais os portugue-ses estão a ser penalizados, não tem outro caminho senão pedir a resignação”, argumenta, realçan-do que “uma coisa é ser econo-mista e outra é ser dirigente”.

E sustenta que Cavaco Silva, que garante que “defende os por-tugueses”, podia começar por dar o exemplo.

Joe Berardo pede demissão de CavacoO empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o com-promisso de “defender os portugueses”, nem explicar o seu envolvimento em algumas situações polémicas, pelo que deve “pedir a resignação” do cargo.

Nas últimas semanas assistiu--se em Portugal a um surto iné-dito de ataques informáticos. Fo

ram atacados sites do PSD, das Águas de Portugal, do Governo, da Assembleia da República e do

Hospital da Cruz Vermelha. Uns fi caram inacessíveis, outros fo-ram modifi cados e exibiam men-sagens dos atacantes.

Um dos ataques mais graves foi diferente: uma intrusão em sistemas informáticos, que cul-minou na divulgação de dois fi cheiros com dados de agentes da polícia. Um deles, retirado de computadores governamentais, divulgou o posto, email, nome e número de telefone de 107 agen-tes da PSP. O outro, retirado dos computadores de um sindicato, continha informação (em muitos casos, incluindo a morada) de 67 polícias. Foi apresentado como uma represália pelos incidentes em S. Bento, no dia da greve ge-ral.

Os atacantes já disseram que os ataques vão continuar. No iní-cio desta semana, num texto pu-blicado online, apelaram à união de “autodidactas e hackers” e

convidaram as pessoas “com co-nhecimentos de informática” a sentarem-se aos computadores. Prometeram um novo surto de ataques e, inspirados numa ac-ção internacional, chamaram--lhe operação #AntiSec PT.

O apelo foi publicado no site TugaLeaks, que tem divulgado informação sobre este género de acções em Portugal e foi lançado em Dezembro de 2010 por Rui Cruz, um informático que deci-diu criar uma réplica do site da WikiLeaks.

Desde então, o TugaLeaks tor-nou-se num site de divulgação de várias acções de protesto, dentro e fora da Internet. Ao PÚBLICO Rui Cruz explica que “o Tugale-aks nasceu porque era - e é - o único canal de media alternativo a publicar notícias sobre movi-mentos activistas e hacktivistas” e mostra simpatia pelos recentes ataques de hackers.

Hackers atacam para “elevar a voz do povo”Há um movimento em Portugal a mimetizar os hackers interna-cionais e a prometer um crescendo de ataques informáticos. Di-zem não ter medo das autoridades e estar numa “luta” contra o Governo e a corrupção, mas com a imprensa não falam.

Natal em Belém mais contido

“O Natal aqui no Palácio de Belém este ano será bastante contido, temos em conta as limi-tações orçamentais e temos em conta também aquilo que se tem pedido aos portugueses nesta fase”, confessou o chefe de Esta-do.

Por isso, revelou Cavaco Silva, “os cartões de Natal que sobra-ram dos anos anteriores” serão aproveitados e os fi lhos dos fun-cionários não irão ter as tradicio-nais prendas.

“Mas teremos com certeza uma confraternização com todo o pessoal que trabalha”, acrescen-tou ainda o presidente.

E, porque não quer misturar outras questões com “a abertura da época natalícia”, Cavaco Silva escusou-se a fazer qualquer co-mentário sobre o excedente de dois mil milhões de euros no Or-çamento de 2011.

O Natal no Palácio de Belém será este ano “bastante conti-do”, sem prendas para os fi lhos dos funcionários, mas com mo-mentos de confraternização.

6 - 16 Dezembro 2011N

| ECONOMIA

A transportadora portugue-sa foi ainda reconhecida com o prémio de “Melhor vinho tinto servido em Classe Executiva In-ternacional”, uma escolha que partiu da própria revista.

A Singapore Airlines foi eleita a melhor companhia do mundo, a Emirates recebeu a distinção de melhor transportadora em

primeira classe e, na categoria de melhor companhia em trans-porte em classe executiva, foi a British Airways que recebeu o maior número de votos.

A American Airlines, que há dias anunciou um plano de re-estruturação contra a falência, ganhou na categoria de melhor transportadora interna (nos Es-tados Unidos) em viagem em primeira classe.

A TAP, em vias de privatiza-ção, reagiu neste sábado a este re-conhecimento, sublinhado num

comunicado citado pela Lusa a particularidade de que quem vota nesta eleição é passageiro frequente das transportadoras aéreas nomeadas. “O concurso está desde logo vedado à partici-pação dos trabalhadores da Glo-bal Traveler ou dos membros da

indústria de viagens e turismo, que por conseguinte não podem concorrer ao mesmo”, sublinha a transportadora aérea portugue-sa.

A África do Sul foi eleita, pe-los leitores da Global Traveler, o melhor destino internacional.

A TAP foi eleita pelos leitores da Global Traveler, revista amerei-cana de turismo, a melhor com-panhia aérea da Europa.

TAP eleita a melhor companhia aérea europeia

O responsável afi rmou que, além dos campos de golfe, a ac-

tividade do alojamento também vai ser afectada. “Vai levar ao en-cerramento de inúmeras unida-des hoteleiras” no Algarve, disse, no 37º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Via-gens e Turismo (APAVT).

Tendo em conta que existem, actualmente, 80 campos no país

(37 dos quais na região algarvia), o sector poderá assistir ao encer-ramento de sete unidades naque-la zona, se 20% do total fechar as portas.

Diogo Gaspar Ferreira lan-çou duras críticas ao Governo pela decisão de aumentar a carga fi scal para o sector. “Vai ser um drama o que vai acontecer ao Al-garve”, disse.

O sector decidiu não aplicar a subida de IVA para a taxa máxi-ma (23%) por considerar que a sua actividade não deve ser equi-parada à das empresa ligadas à prática desportiva.

Associação receia fecho de campos de golfe

A maior valorização acumula-da foi registada pela bolsa de Mi-lão, que valorizou 11%, seguida do CAC de paris, a que ganhou 10,78%. Dax Alemão subiu 10,70 por cento e o Ibex espanhol acu-mulou um ganho de 10,24%.

Num nível próximo de Lisboa encerrou o FTSE de Londres, a ganhar 7,5 %.

É necessário recuar a 2008 e a antes do colapso do Lehman Bro-

thers, para encontrar uma sema-na com ganhos tão expressivos.

Apesar do clima de grande in-certeza em relação à resolução da crise da dívida soberana na zona euro, os ganhos acumulados fi ca-ram a dever-se à várias aconteci-mentos positivos, o primeiro dos quais foi a união dos principais bancos centrais para fornecer li-quidez aos mercados e aos ban-cos europeus em particular.

Na recta fi nal da semana, foi positiva a posição do banco Cen-tral Europeu, que condiciona a tomada de medidas anti-crise nos países europeus.

Bolsas europeias com a melhor se-mana dos últimos três anos

O presidente do Conselho Na-cional da Indústria do Golfe (CNIG) disse hoje que o aumen-to do IVA no sector “vai ser um drama” para a região.

O principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI 20, ganhou 7,2 %, mas outros índices atingem os 11%.

Citando fontes do governo ale-mão, a Der Spiegel escreve que Berlim poderá reactivar um fun-do de ajuda à banca no caso de o Commerzbank não conseguir angariar capital sufi ciente nos próximos seis meses.

O Commerzbank é conside-rado o segundo maior banco da Alemanha (a seguir ao Deutsche Bank).

Segundo a agência France Presse, o banco de Frankfurt foi fortemente afectado pela crise da dívida soberana grega.

A EBA (regulador bancário europeu) calculou as necessida-des de recapitalização do Com-merzbank até ao fi nal de Junho de 2012 em 2900 milhões de eu-ros.

Este valor representa 60% das necessidades de todo o sector bancário alemão.

O Estado alemão já detém 25% do capital do Commerzbank.

Governo alemão pode nacionalizar o banco CommerzbankO Governo alemão não exclui a possibilidade de nacionalizar o banco Commerzbank, segundo a revista Der Spiegel.

Na bolsa de Lisboa, a estre-la da sessão foi o BES, em parte justifi cada pelo facto da troca de valores mobiliários permitir ao banco atingir o rácio de “cor tier one” de 9%, o que o livra de re-correr à ajuda estatal.

Para além da valorização, o banco liderou destacadamen-

te em volume de acções tran-saccionadas, que ascenderam a 55,2 milhões de títulos. Durante a sessão, houve um negócio que envolveu um lote de 42 milhões de acções, que ajudou na valori-zação.

A valorização do BES infl uen-ciou positivamente os outros tí-tulos da banca, num dia em que o sector europeu também esteve positivo.

O BPI subiu7,4% , o Banif ga-nhou 5,8% e o BCP ganhou 2,4%. Já Jerónimo Martins liderou as perdas com 1,2%.

BES valoriza 16% e bolsa encerra com ganho de 1,53%A bolsa de Lisboa encerrou po-sitiva, com um ganho de 1,63%, ajudada pela forte valorização do BES, chegou a ultrapassar os 20%, mas fechou em alta de 16,5%.

716 Dezembro 2011 - N

8 - 16 Dezembro 2011N

“Tem que ser uma decisão muito ponderada e assumida em bloco, e o Governo pondera ana-lisar e avaliar toda a situação.” Foi com estas palavras que o se-cretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, se referiu ontem à possibilidade de travar o projecto de construção da po-lémica obra, durante uma entre-vista à RTP Informação. Questio-nado sobre se o Governo admitia a possibilidade de fazer parar a obra, Viegas foi taxativo: “A úni-ca coisa que o Governo não ad-mite é perder a classifi cação.”

Deixando claro que falava em nome do Governo, o secretário de Estado da Cultura respondia as-sim aos diversos organismos que durante o dia de ontem pediam a suspensão das obras, reagin-do à divulgação pelo PÚBLICO de um documento da UNESCO que aponta para um “impacto ir-reversível” com a construção do empreendimento hidroeléctrico.

Reconhecendo que o relató-rio – que chegou ao Governo português já em Agosto, mas que foi mantido em confi dência – “aponta riscos, irregularidades e danos”, Viegas deixou também que claro que a situação é melin-drosa e que ele próprio já havia alertado para a mesma na As-sembleia da República.

“Tudo isto se teria evitado”, disse ainda, “se tivessem sido ou-vidos os organismos da cultura,

designadamente o Igespar e a de-legação regional da Cultura do Norte.” Dirigiu também duras críticas à actuação do Governo de José Sócrates. “O projecto foi aprovado quando o cimento era tudo. Foi uma decisão apressada que marcou o Governo anterior”, acusou, deixando entender que está agora a ser feito um esforço para tentar adaptar o projecto para reduzir ao mínimo o impac-to paisagístico.

| PAÍS

Governo pondera rever processo da barragem no TUA O Governo pondera rever o processo de construção da barragem no Tua e garante não admite pos-sibilidade de a UNESCO vir a retirar a classifi cação de Património Mundial do Alto Douro Vinhateiro.

Apesar desta diferença, Portu-gal está longe de ser o país que pior sai na fotografi a na Europa a 27: na Grécia, por exemplo, 62% dos imigrantes exercem funções abaixo das suas qualifi cações, en-quanto entre os gregos a taxa é de apenas de 18%, ou seja, há uma diferença de 44 pontos percentu-ais. Em Espanha, essa diferença é de 27 pontos percentuais: 58% dos imigrantes são sobrequalifi -cados para o trabalho que exer-cem, contra 31 % dos espanhóis.

Portugal está, de resto, abaixo da média europeia. Segundo as contas do Eurostat, que se baseia

em indicadores de 2008, 34% dos europeus com idades entre os 25 e os 54 anos e que trabalham fora do país de onde são naturais exercem funções abaixo daque-las para as quais se qualifi caram. Entre os residentes de cada país, a taxa baixa para os 19%, ou seja, há uma diferença de 15 pontos percentuais.

Não surpreende assim que a taxa de desemprego seja maior entre os migrantes. Entre quem trabalha no seu próprio país, o desemprego ronda os 6% na mé-dia a 27. Já entre os estrangeiros, a taxa sobe para os 10%. No caso

português, os valores apontados eram de 7% para os nacionais e 9% para os estrangeiros, mas aqui as contas não traduzem a recente escalada do desemprego em Portugal (12,4% no 3.º tri-mestre de 2011, segundo a esti-mativa do INE, que conta 689,6 mil pessoas no desemprego).

Do mesmo modo, contavam--se no espaço europeu 31% de

migrantes em risco de pobreza, enquanto a média para os cida-dãos a residir e a trabalhar no seu próprio país se fi xava nos 20%. No caso português, a percenta-gem de nativos em risco de po-breza fi xava-se nos 22%, enquan-to entre os estrangeiros a residir e a trabalhar no território nacio-nal a taxa subia para os 26%.

Um quarto dos imigrantes tem trabalho abaixo das qualifi caçõesUm em cada quatro estrangeiros residentes em Portugal exerce funções abaixo daquelas para as quais está qualifi cado. A conclu-são está contida num relatório do Eurostat sobre migrações na Europa a 27.

Sócrates depõe no caso da Independente

Sócrates foi arrolado como testemunha do ex-reitor Luiz Arouca, que responde actual-mente em tribunal pela acusação de 20 crimes de associação cri-minosa, corrupção e burla.

Arouca foi professor de Sócra-tes na cadeira de Inglês Técnico, quando ele frequentou a Univer-sidade Independente.

José Sócrates reside actual-mente em Paris, onde estuda Ciência Política. A seu pedido, poderá ser ouvido por videocon-ferência.

Rui Verde, ex-vice-reitor Uni-versidade Independente, já ma-nifestou disponibilidade para fornecer às autoridades os origi-nais do processo de José Sócrates

Os originais apresentam dife-renças em comparação com os documentos consultados pelo MP, assegura Rui Verde.

José Sócrates será ouvido no próximo dia 9 de Janeiro no âmbito do processo da Univer-sidade Independente.

Tomada em conjunto pela Fe-deração Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Indepen-dente dos Médicos (SIM), esta decisão fi ca a dever-se à redução, para metade, do valor a pagar pe-las horas extra no próximo ano. A diminuição decorre das novas formas de pagamento previstas no Orçamento de Estado (OE) de 2012 – que não contemplam ex-cepções para os médicos, como até agora acontecia.

Pelas contas de Pilar Vicente, da FNAM, os médicos que, na categoria mais baixa, recebem agora 13 euros na primeira hora extra e 22 nas seguintes passam a receber 11 euros e 12 euros, res-pectivamente.

O pagamento com valores di-ferenciados e mais elevados do que é normal das horas extra dos médicos foi acordado em 1979, antes da criação do SNS, com a contrapartida de estes serem obrigados a trabalho extraordi-nário nas urgências [12 horas por semana].

Na regulação colectiva com o anterior Governo, os sindicatos inscreveram esta cláusula, mas esta excepção acaba com a entra-

da em vigor do OE de 2012. Desta forma, considera, os

médicos fi cam igualmente “de-sobrigados” de fazer as 12 horas de trabalho extraordinário sema-nais. E, neste cenário, “não have-rá serviço de urgência que consi-ga funcionar no país”, antevê.

Nos últimos anos, a despesa com horas extraordinárias no SNS não parou de crescer, como forma de compensar as aposen-tações e saídas de médicos e en-fermeiros para o sector privado. Em 2010, os gastos ultrapassa-ram os 300 milhões de euros.

Esta tendência inverteu-se este ano. Até Outubro, a despe-

sa com horas extra e suplemen-tos baixou 12,5% nos hospitais e unidades locais de saúde, face ao mesmo período de 2010, to-talizando 253 milhões de euros. O corte nos médicos representa quase dois terços da poupança. Ainda assim, os custos com as horas extra representavam nestas unidades 14,3% da despesa total com o pessoal. Nos centros de saúde, o peso desta rubrica ain-da é superior nalgumas regiões, nomeadamente no Norte (20%).

O Ministério da Saúde prefere, por enquanto, não fazer qualquer comentário à ameaça de greve.

Sindicatos médicos ameaçam parar urgências com greve às horas extraOs sindicatos médicos ameaçam fazer greve às horas extraordinárias a partir do início de Janeiro. Esta forma de luta porá em causa o funcionamento da maior parte dos serviços de urgência do país, que podem ser obrigados a fechar as portas, avisam.

No Portugal de 2011 são 21,4% os que vivem sozinhos, uma re-alidade mais vincada no interior do país, na região Centro e Sul do país, mas também que atinge valores muito elevados nos mu-nícipios de Lisboa e Porto. A di-mensão média das famílias é, em 2011, de 2,6 pessoas, enquanto que em 2001 era de 2,8.

O grupo dos indivíduos casa-dos é o que tem maior peso, em ambos os sexos, pois abrange 47% dos portugueses.

Em 30 anos Portugal perdeu um milhão de jovens (até aos 14

anos) e ganhou 900 mil idosos (mais de 65 anos). Hoje, 19% dos portugueses tem 65 ou mais anos de idade. Mas há excepções: na Madeira a população aumentou 14,1%, nos Açores 2%.

De acordo com o INE, há um duplo envelhecimento dos por-tugueses, por um lado pelo au-mento da população idosa, e por outro pela redução da população jovem, especialmente nas regiões do Alentejo e Centro. Na última década houve um agravamento do índice de dependência total que passou de 48 para 52.

Surge um aumento substancial do nível de ensino médio. Entre 1991 e 2011 subiu em cerca de um milhão o número de pessoas que passou a ter curso superior, quase duplicou, uma tendência também confi rmada no ensino secundário.

Mas apenas 12% da população possui o ensino superior, 13% tem o secundário, o que contras-ta com os 19% população sem qualquer nível de ensino. O en-sino básico 1º ciclo corresponde ao nível mais elevado da popula-ção, 25%.

Famílias de uma pessoa cresceram 37% em dez anosSegundos os dados provisórios dos Censos 2011, as chamadas famílias unipessoais foram as que mais cresceram, muito acima das chamadas “famílias clássicas” cujo aumento se fi cou pelos 10,8%.

“Costuma ser anual. Todos nós considerámos muito pertinentes as propostas” do Governo, disse o padre Lino Maia.

As instituições recebem actu-almente, no conjunto, 1.300 mi-lhões de euros ao longo do ano, repartidos por mais de três mil IPSS, cerca de 400 misericórdias e várias mutualidades, explicou.

“Uma actualização signifi ca um pouco mais do isto, mas pou-co. Queria que acompanhasse a infl ação (3,8 por cento), mas vai certamente ser inferior”, indicou, pedindo a compreensão das ins-tituições, face ao momento que o país atravessa. “Vamos fazer um esforço supletivo”, disse.

Garantindo não estar em con-dições de afi rmar que não haverá instituições a fechar portas, ma-nifestou esperança de que, com os apoios disponibilizados, os efeitos da crise se sintam apenas no fi m de algumas valências.

Na reunião foi também abor-dada a transferência de equipa-mentos sociais do Estado para as instituições.

O ministro Pedro Mota Soares revelou aos jornalistas que esta é uma matéria que gostaria de ver contemplada no novo protocolo e que diz respeito a 40 institui-ções directamente sob a respon-sabilidade da Segurança Social.

Pedro Mota Soares pretende “iniciar nova uma geração” no apoio domiciliário, tendo como parceiras estas instituições. “Gos-taríamos de incluir um conjunto de serviços que nos permitem não ter as pessoas institucionali-zadas”, afi rmou. O ministro quer “mudar o paradigma” da relação entre o Estado e as instituições para um trabalho de parceria, em vez de tutela.

Além de Lino Maia, participa-ram na reunião representantes da União das Misericórdias e da União das Mutualidades.

Acordo entre Governo e IPSS O Governo tenciona assinar até ao fi nal do ano um protocolo de colaboração com as instituições sociais, cujo valor não quer ain-da revelar.

916 Dezembro 2011 - N

Tomada em conjunto pela Fe-deração Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Indepen-dente dos Médicos (SIM), esta decisão fi ca a dever-se à redução, para metade, do valor a pagar pe-las horas extra no próximo ano. A diminuição decorre das novas formas de pagamento previstas no Orçamento de Estado (OE) de 2012 – que não contemplam ex-cepções para os médicos, como até agora acontecia.

Pelas contas de Pilar Vicente, da FNAM, os médicos que, na categoria mais baixa, recebem agora 13 euros na primeira hora extra e 22 nas seguintes passam a receber 11 euros e 12 euros, res-pectivamente.

O pagamento com valores di-ferenciados e mais elevados do que é normal das horas extra dos médicos foi acordado em 1979, antes da criação do SNS, com a contrapartida de estes serem obrigados a trabalho extraordi-nário nas urgências [12 horas por semana].

Na regulação colectiva com o anterior Governo, os sindicatos inscreveram esta cláusula, mas esta excepção acaba com a entra-

da em vigor do OE de 2012. Desta forma, considera, os

médicos fi cam igualmente “de-sobrigados” de fazer as 12 horas de trabalho extraordinário sema-nais. E, neste cenário, “não have-rá serviço de urgência que consi-ga funcionar no país”, antevê.

Nos últimos anos, a despesa com horas extraordinárias no SNS não parou de crescer, como forma de compensar as aposen-tações e saídas de médicos e en-fermeiros para o sector privado. Em 2010, os gastos ultrapassa-ram os 300 milhões de euros.

Esta tendência inverteu-se este ano. Até Outubro, a despe-

sa com horas extra e suplemen-tos baixou 12,5% nos hospitais e unidades locais de saúde, face ao mesmo período de 2010, to-talizando 253 milhões de euros. O corte nos médicos representa quase dois terços da poupança. Ainda assim, os custos com as horas extra representavam nestas unidades 14,3% da despesa total com o pessoal. Nos centros de saúde, o peso desta rubrica ain-da é superior nalgumas regiões, nomeadamente no Norte (20%).

O Ministério da Saúde prefere, por enquanto, não fazer qualquer comentário à ameaça de greve.

Sindicatos médicos ameaçam parar urgências com greve às horas extraOs sindicatos médicos ameaçam fazer greve às horas extraordinárias a partir do início de Janeiro. Esta forma de luta porá em causa o funcionamento da maior parte dos serviços de urgência do país, que podem ser obrigados a fechar as portas, avisam.

No Portugal de 2011 são 21,4% os que vivem sozinhos, uma re-alidade mais vincada no interior do país, na região Centro e Sul do país, mas também que atinge valores muito elevados nos mu-nícipios de Lisboa e Porto. A di-mensão média das famílias é, em 2011, de 2,6 pessoas, enquanto que em 2001 era de 2,8.

O grupo dos indivíduos casa-dos é o que tem maior peso, em ambos os sexos, pois abrange 47% dos portugueses.

Em 30 anos Portugal perdeu um milhão de jovens (até aos 14

anos) e ganhou 900 mil idosos (mais de 65 anos). Hoje, 19% dos portugueses tem 65 ou mais anos de idade. Mas há excepções: na Madeira a população aumentou 14,1%, nos Açores 2%.

De acordo com o INE, há um duplo envelhecimento dos por-tugueses, por um lado pelo au-mento da população idosa, e por outro pela redução da população jovem, especialmente nas regiões do Alentejo e Centro. Na última década houve um agravamento do índice de dependência total que passou de 48 para 52.

Surge um aumento substancial do nível de ensino médio. Entre 1991 e 2011 subiu em cerca de um milhão o número de pessoas que passou a ter curso superior, quase duplicou, uma tendência também confi rmada no ensino secundário.

Mas apenas 12% da população possui o ensino superior, 13% tem o secundário, o que contras-ta com os 19% população sem qualquer nível de ensino. O en-sino básico 1º ciclo corresponde ao nível mais elevado da popula-ção, 25%.

Famílias de uma pessoa cresceram 37% em dez anosSegundos os dados provisórios dos Censos 2011, as chamadas famílias unipessoais foram as que mais cresceram, muito acima das chamadas “famílias clássicas” cujo aumento se fi cou pelos 10,8%.

“Costuma ser anual. Todos nós considerámos muito pertinentes as propostas” do Governo, disse o padre Lino Maia.

As instituições recebem actu-almente, no conjunto, 1.300 mi-lhões de euros ao longo do ano, repartidos por mais de três mil IPSS, cerca de 400 misericórdias e várias mutualidades, explicou.

“Uma actualização signifi ca um pouco mais do isto, mas pou-co. Queria que acompanhasse a infl ação (3,8 por cento), mas vai certamente ser inferior”, indicou, pedindo a compreensão das ins-tituições, face ao momento que o país atravessa. “Vamos fazer um esforço supletivo”, disse.

Garantindo não estar em con-dições de afi rmar que não haverá instituições a fechar portas, ma-nifestou esperança de que, com os apoios disponibilizados, os efeitos da crise se sintam apenas no fi m de algumas valências.

Na reunião foi também abor-dada a transferência de equipa-mentos sociais do Estado para as instituições.

O ministro Pedro Mota Soares revelou aos jornalistas que esta é uma matéria que gostaria de ver contemplada no novo protocolo e que diz respeito a 40 institui-ções directamente sob a respon-sabilidade da Segurança Social.

Pedro Mota Soares pretende “iniciar nova uma geração” no apoio domiciliário, tendo como parceiras estas instituições. “Gos-taríamos de incluir um conjunto de serviços que nos permitem não ter as pessoas institucionali-zadas”, afi rmou. O ministro quer “mudar o paradigma” da relação entre o Estado e as instituições para um trabalho de parceria, em vez de tutela.

Além de Lino Maia, participa-ram na reunião representantes da União das Misericórdias e da União das Mutualidades.

Acordo entre Governo e IPSS O Governo tenciona assinar até ao fi nal do ano um protocolo de colaboração com as instituições sociais, cujo valor não quer ain-da revelar.

10 - 16 Dezembro 2011N

Uma Es.Col.A de e para todos

| REPORTAGEM

Sentada na biblioteca, Vânia de seis anos, concentra-se no de-senho que está a pintar. A mãe vasculha, por entre a desarruma-ção das prateleiras, as roupas da loja livre. Na loja livre, cada um pode levar as peças que quiser e doar aquilo que já não usa.

As duas frequentam diaria-mente a Es.Col.A - Espaço Co-lectivo Autogestionado do Alto da Fontinha, localizada num bairro modesto no centro do Porto. Depois de cinco anos ao abandono, a escola primária da Fontinha voltou a abrir, desta vez, com um propósito diferente. Ocupada por um grupo de pes-soas preocupadas em devolver aquele local público à comunida-de, a escola transformou-se num espaço de oficinas, leitura, conví-vio e lazer.

Os chamados “okupas” limpa-ram o lixo e os vidros que se en-

contravam dentro e fora do edi-fício, e arrancaram a vegetação que ameaçava invadir o interior. Pintaram as paredes e renovaram o mobiliário.

O bairro da Fontinha aceitou de bom grado a ocupação. A es-cola, antes degradada e vanda-lizada, está agora ao serviço de todos os moradores.

No entanto, apesar da renova-da dinamização do bairro e das boas intenções dos okupas, o projecto esteve em risco. A 10 de Maio de 2011, a polícia despejou os jovens do movimento, deteve sete pessoas e emparedou a es-cola. “Quem ocupa um edifício tem a noção de que está a ir con-tra a lei. Mas isso não impediu as pessoas de afirmar, na prática, as suas próprias ideias. Sabería-mos que mais cedo ou mais tar-de, haveria uma desavença com a autoridade. Não estávamos era à

espera de ser da maneira que foi. Foi muito repentina e demasiado brutal para a dimensão da ocu-pação em si”, revela Marco Antó-nio, um dos okupas.

Durante o tempo em que esta-va interdita a entrada na escola, os okupas resolveram continuar com o projecto mas desta feita em plena rua, mais precisamen-te, no Largo da Fontinha. As pes-soas continuaram a apareçer e mais do que nunca discutiu-se o futuro da iniciativa.

Para que o projecto Es.Col.A se continuasse a desenvolver teve de ser criada uma associação de forma a que se fizesse um con-trato com a Câmara Municipal do Porto: “Foi um processo des-gastante. O projecto foi decaíndo aos poucos e se se tivesse arras-tado por mais tempo podia até nem existir neste momento.” Um dos maiores receios da autarquia

era a de que o fenómeno de oku-pação pegasse moda, numa cida-de feita de muitos edifícios devo-lutos.

No entanto, foi reconhecido o interesse do projecto e dada a permissão para os okupas conti-nuarem na escola, pelo menos, até ao final do ano. “Desde que reocupámos novamente a esco-la, sentimos o mesmo carinho e apoio” da vizinhança, conta Marco. Em Julho, a escola foi no-vamente reaberta e deu-se con-tinuidade à remodelação do edi-fício.

Para facilitar o funcionamen-to da Es.Col.A foram criados seis grupos de trabalho: Princípios do projecto, Infraestrutura, Lo-gística, Jardim, Comunicação, Media. As decisões tomadas são todas discutidas em assembleias populares, abertas a todas as pes-soas interessadas pelo projecto, e

Localizada no centro do Porto, a escola primária da Fontinha estava abandonada há cinco anos. Um grupo de pesso-as decidiu ocupá-la e transformou o local num espaço de convívio, lazer e aprendizagem para os moradores do bair-ro. Sob o princípio de autogestão e sem qualquer tipo de ajudas do governo, os okupas procuram formas diferentes de viver em sociedade.

1116 Dezembro 2011 - N

aprovadas através de consenso. Funciona como uma democracia directa, em que os participantes têm direito a dar a sua opinião. A decisão final só é aceite quan-do todos estiverem de acordo. A Es.Col.A afirma-se ainda como apartidária, com uma estrutura horizontal e livre de hierarquias.

Ao contrário de muitos mo-vimentos, a escola da Fontinha não procura financiamento: “É um projecto não comercial. Não envolve dinheiro, não pede di-nheiro, nem vende nenhum pro-duto a troca de dinheiro. É um projecto que se baseia no prin-cípio da autogestão, onde as pes-soas encontram as suas próprias soluções para resolver os seus próprios problemas. Portanto, é obvio, se nós precisarmos de pintar uma sala ou de pintar uma parede, nós não vamos contratar um pintor, mas podemos conhe-cer alguém que seja pintor, que tenha conhecimentos sobre isso, que arranje material. Mesmo que eu não saiba usar uma trincha, aprendo e à segunda vez vou fa-zer melhor. Isso acontece com a cozinha, com a água, com a in-formática”, explica o okupa que frisa que verbas de patrocínios, de empresas ou do governo não existem, nem são procuradas.

O dia na escola começa sem-pre com apoio educativo aos mais pequenos, seguido de ac-tividades para todos os gostos e idades. “A professora ensina-me os números e a pintar desenhos”, conta Vânia. No espaço da Fon-

tinha, os voluntários disponibi-lizam-se para dar explicações e formação contínua a quem qui-ser. Uma ajuda que para o bairro é uma mais-valia pois muito dos moradores não têm posses para pagar a um privado e contribui também para que os jovens se sintam apoiados e incentivados a aprender.

Aulas de yoga, de capoeira, de guitarra, oficinas de música, de cozinha, de tricot até à leitura e discussão de notícias sobre a ac-tualidade, são só algumas das ac-tividades que contam com a mo-nitorização de voluntários e de grupos, como é o caso do Grupo Capoeira Angola Quilombola, que aceitou ensinar sem receber.

Para além de uma biblioteca e de várias salas, algumas ainda em recuperação, a escola da Fon-tinha tem ainda uma cozinha e um refeitório. Aos poucos, com a contribuição de todos, foi-se adquirindo os materiais e elec-trodomésticos necessários. Nas portas dos armários brancos pode-se ler, escrito a vermelho, “pratos”, “talheres”, “panos”. Tudo de forma a que qualquer pessoa se possa servir deles.

A verdade é que os jantares co-munitários são a actividade a que as pessoas mais aderem. Cada um traz uma sobremesa e bebida, criando-se um convívio natural. A pedido da comunidade, até já houve jantares acompanhados de concertos e karaoke. A cozinha serve também para confeccionar lanches para as crianças que pas-

sam lá a tarde. Além de actividades, na

Es.Col.A também se realizam eventos, como o Hackmeeting Ibérico 2011, algo de inédito em Portugal e que durou um fim-de--semana. A iniciativa trata-se de um encontro livre cujo objectivo é discutir o papel da tecnologia na sociedade. Hackers de toda a parte juntam-se e partilham ex-periências, através de workshops abertos a todos os interessados.

A escola é um processo contí-nuo, que recebe todas as semanas

várias propostas de actividades. Como tal, ainda tem muito para oferecer, até porque o próprio edifício ainda não está comple-tamente aberto, pois há espaços que ainda não estão a funcio-nar. Qualquer pessoa, que tenha vontade e gosto em ajudar, pode aparecer na Es.Col.A e contribuir para que o projecto se desenvol-va. “Essencialmente nós tenta-mos, de certa forma, implemen-tar uma pedagogia para que as pessoas vejam alternativas de es-tar em sociedade”, remata Marco.

| REPORTAGEM

12 - 16 Dezembro 2011N

|CULTURA

DEAD COMBOLisboa Mulata

Um álbum mestiço

TOM WAITSBad As Me

Good As Him

Concerto notável de Panda Bear perante um Lux muito bem composto

O início, com a envolvente “You Can Count on Me”, fez an-tever logo aquilo que a noite se-ria: uma viagem. Canção calma, que se vai construindo lenta-mente... e que não fazia antever a explosão que se seguiria logo com o tema homónimo do dis-co. Houve uma agressividade tão sonora quanto visual que pautou todo o concerto, que tornou cada música num murro no estômago.

Tudo fl uiu na perfeição, com pouco ou nenhum silêncio ao longo de toda a noite, e com os vídeos de Danny Perez (que ia controlando tudo em tempo real) a darem uma carga tão psi-cadélica quanto transcendente a cada pequeno momento.

O que Panda Bear faz ao vivo tem ecos daquilo que os próprios Animal Collective fazem: uma quebra de protótipos e pré-con-ceitos. Cada concerto é diferen-te, e cada concerto em si quebra com as noções que temos em re-lação à forma como o disco ou a

música x poderiam soar ao vivo. Desta vez, foi a agressividade que impressionou, desde o fumo à luz strobe, desde a explosão de “Comfy in Nautica” (inconto-rável e sempre memorável, cla-ro) ao crescente hipnotizante de “Benfi ca”.

Tudo sempre muito coeso, com silêncio devoto por par-te do público (muitos de olhos fechados, com o corpo a balan-çar), e sempre com o sentimen-to presente de estarmos a ver em palco alguém que, realmen-te, difi cilmente tem igual. E é no encore, quando Lennox repesca fi nalmente temas do primeiro disco, Person Pitch, que nos re-lembramos que, afi nal de contas, as coisas sempre foram assim. “Ponytail”, “Comfy in Nautica” (a mais bem-recebida, como seria de esperar) e “Bros” foram a ce-reja no topo do bolo, pondo fi m a um concerto sem falhas, com momentos de ir com o queixo ao chão.

Concerto notável e, como já seria de esperar, surpreendente. Já todos sabemos que Tomboy é um disco genial, que ao vê-lo ao vivo é sempre uma viagem, mas parece que cada concerto de Panda Bear, um dos membros da banda Animal Collective, é uma viagem diferente.

Ao quarto álbum, os Dead Combo voltam à crueza dos inícios do projec-to, com menos arranjos do que no tra-balho anterior.

Em Lisboa Mulata, o destino é Áfri-ca. Nesta viagem sonora, a guitarra de Tó Trips e o contrabaixo de Pedro Gonçalves oferecem-nos ritmos mais quentes e dançáveis.

Um álbum tão mestiço quanto esta Lisboa que os Dead Combo nos apre-sentam. Aos ritmos africanos, juntam--se alguns toques daqui e dali, um cheirinho de western e outro de fado.

O tema Lisboa Mulata, a música que mais fi ca no ouvido, dá o mote para o início desta viagem com um rit-mo contagiante incentivado pelo eco-ar da voz de Tó Trips, que não resiste em gritar “Lisboa Mulataaa”.

Em Marchinha do Santo António Descambado, que conta com a bri-lhante colaboração de Marc Ribot, a música arrasta-se como que a recu-perar de uma noite de festas popu-lares, num típico bairro da capital.

Já quase no fi m do álbum, surge Ouvi o Texto Muito ao Longe com a participação de Camané num spoken word escrito por Sérgio Godinho, que se funde perfeitamente com esta me-lodia nostálgica.

A última faixa do álbum, Death Drive, marca o fi m da viagem, naqui-lo que parece ser o regresso a casa, em que o carro é lentamente empurrado pela saudade.

Dead Combo num passeio por Lis-boa que se transforma numa viagem pelo mundo.

Bad As Me é uma obra com mui-to swing, alimentada de noitadas com sangue, suor e álcool. O álbum tem temas bastante fortes como o inau-gural Chicago, cheio de instrumentos de sopro e com um ritmo viciante.

O tema Raised Right Men é mui-to mais blues. Com uma batida im-pressionante e uma órgão e con-trabaixo viciantes que não andam muito distantes dos ambientes mais violentos recriados na perfeição por Nick Cave e os seus Bad Seeds.

Talking at the Same Time soa uma balada negra e obscura de Dylan; o eléctrico Get Lost é o típico tema para fazer de banda-sonora enquanto as-sistimos a uma briga num bar; o Face to the Highway é mais uma canção de solidão com os blues muitos presen-

tes e Pay Me é quase um tema sobre o amor com acordeão muito apropriado.

E se sentem falta de um pouco de acção de rock há sempre a canção que empresta o nome ao disco ou Sa-tisfi ed que são malignas o sufi ciente para vos por com os cabelos em pé.

No entanto a calma regressa com o Waits em pleno piano-bar armado em crooner com o belíssimo Kiss Me.

A madrugada já vai alta, mas nós fi -camos para mais um copo a assistir ao último tema, New Years Eve, uma típi-ca canção de embalar o João Pestana do álcool para toda a gente cantar em coro enquanto os mais fortes carregam os outros ébrios pelos ombros. Não fosse um disco, Bad as Me poderia ser quase o slogan de uma noite perfeita.

1316 Dezembro 2011 - N

Gonçalo Ribeiro Telles falou no fi m, como compete ao home-nageado. Com o auditório 2 da Gulbenkian cheio, com muitas pessoas de pé, o arquitecto pai-sagista a quem muitos chamam “mestre” admitiu o desconforto: “Nunca estive tão envergonhado para falar.” Deram-lhe a palavra depois de um dia de testemu-nhos de alunos, discípulos, ami-gos e companheiros de vida polí-tica, uns monárquicos, como ele, outros não.

“Conhecemo-nos no combate à ditadura e é curioso que, sen-do ele um monárquico e eu um republicano dos sete costados, a nossa empatia tenha sido ime-diata”, lembrou Mário Soares já na recta fi nal do encontro Gon-

çalo Ribeiro Telles - Um Homem de Serviço, que a Gulbenkian e o Centro Nacional de Cultura or-ganizaram ontem em Lisboa.

Pensador e político com um sentido cívico inultrapassável, defensor da liberdade e do di-reito à originalidade de ideias, disseram muitos dos oradores, Ribeiro Telles é, sobretudo, “uma pessoa extraordinária”, subli-nhou Soares: “Quando se fala do Gonçalo, há o problema dos afectos. Admiramo-lo pela sua verticalidade, pela sua obra, pela

sua coragem, mas, mais do que isso, temos-lhe um afecto enor-me pela pessoa que ele é.”

Aos 89 anos, o político que foi membro da Aliança Demo-crática, governante e deputado, fundador do Partido Popular Monárquico e do Movimento Partido da Terra, ou o arquitecto paisagista a quem devemos as re-servas agrícola e ecológica nacio-nais e os jardins da Gulbenkian, sente que tem ainda uma pa-lavra a dizer. “Quero ser útil ao momento presente”, dissera ao

PÚBLICO antes da intervenção fi nal.

E ser útil hoje é falar do des-povoamento do mundo rural, da morte lenta das cidades, da “pai-sagem que é ainda um problema”, porque os políticos, desinforma-dos, continuam a dizer que que-rem defender os ecossistemas e a achar, ao mesmo tempo, que um eucaliptal é uma fl oresta: “Eles não sabem que nos eucaliptais não cantam os passarinhos e na fl oresta sim.” O que é que lhes falta para saber olhar para o ter-ritório? “Andar a pé, conhecer o país inteiro, as pessoas”, responde este homem para quem “é mais fácil deixar marcas na paisagem do que nas pessoas”.

Saber falar com as pessoas é uma das qualidades deste paisa-gista afável e atento, garantiu o comentador Luís Coimbra, que contou uma história dos tempos da AD. Andavam na estrada em campanha eleitoral quando Ri-beiro Telles desapareceu. Como todos estavam já à espera, Coim-bra decidiu ir procurá-lo.

Quando um homem cria paraísos devemos chamar-lhe “jardi-neiro de Deus”Gulbenkian e Centro Nacional de Cultura celebraram ontem o paisagista Gonçalo Ribeiro Tel-les. Colegas do ensino e da po-lítica, alunos e amigos quiseram honrar o mestre e, sobretudo, o homem.

Numa conferência de impren-sa hoje em Lisboa, no fi nal de uma semana de fi lmagens, Bour-dain falou sobre o que veio à pro-cura. “O que nos interessa é saber onde é que vocês vão às duas da manhã quando estão bêbados.”

Para saber isso, arranjam contactos em cada cidade que visitam e pedem sugestões. Pri-meiro, Bourdain, ele próprio um chef, fala com os outros co-zinheiros. “Ser chef é como per-tencer a uma máfi a. Tenho esse luxo de poder falar com outros

chefs e dizer ‘estamos a pensar ir a Lisboa, onde é que acham que devíamos ir? Onde é que deve-mos comer?”.

Em Lisboa, Bourdain sabia que queria falar com António Lobo Antunes. “É um autor que admiro muito”, explica. “E sinto--me muito honrado por ele acei-tar.

O outro encontro perfeito foi com a banda musical Dead Combo. Aí, Bourdain seguiu a sugestão das pessoas que con-tratou em Lisboa para o ajudar. “Quando falamos com essas pes-soas, tentamos saber se elas en-tendem realmente o que estamos à procura. E perguntamos-lhes, por exemplo, se conhecem uma

banda que seja perfeita para nós. Eles arranjaram uma óptima: os Dead Combo são exactamente a banda com a qual deveríamos estar.”

Quanto à comida, fi cou-lhe na memória o polvo que foi pescar e comer com uma família de pes-cadores – “comemo-lo grelhado, com batatas cozidas, azeite, um pouco de alho, e vinho barato mas delicioso”. Camarões grelha-dos com sal e azeite – “de cortar a respiração”. E, claro, as bifanas de porco. “Mas também comi coisas óptimas, feitas por che-fes modernos, que estão a tentar levar a comida portuguesa para o futuro, mas ao mesmo tempo honrando as tradições”, contou. “E isso é algo que, onde quer que eu esteja no mundo, me interes-sa muito: como é que se honra o passado nas tradições culinárias”.

Bourdain veio a gravar um episódio do “No Reservations” sobre LisboaBifanas e fado, Lobo Antunes e Dead Combo, chefes modernos a tentar inovar numa cozinha tradicional – será esta a Lisboa que Anthony Bourdain vai mos-trar no seu programa No Reser-vations.

14 - 16 Dezembro 2011N

Adolfo Luxúria Canibal«Vejo Portugal entregue aos bichos»

1516 Dezembro 2011 - N

Porquê Luxúria Canibal?(Risos) Luxúria Canibal vem de um tempo em que era comum as pessoas encontrarem nomes alternativos ao seu nome civil. Eu, para além dessa moda, tinha uma necessida-de de apagar o Adolfo. No pós 25 de Abril, o nome era ainda muito associado a uma per-sonagem da II Guerra Mundial; ao célebre alemão que lhe deu origem. Quando as pes-soas me conheciam, imediatamente me asso-ciavam a essa personagem, o que era bastante irritante. De maneira que precisava de algo que, mantendo o nome, afastasse essa asso-ciação da cabeça das pessoas. Tinham que ser nomes suficientemente fortes para bara-lhar as pessoas e elas perderem essa associa-ção. E nesse sentido, o Luxúria e o Canibal funcionaram na perfeição. As pessoas fica-vam de tal maneira baralhadas com o nome que nunca mais pensavam no Hitler.

Há algo que distingue o Adolfo Luxúria Canibal do Adolfo Morais Macedo?Há uma coisa muito simples: as palavras com que se escrevem os nomes. É evidente que o contexto em que os nomes surgem e são empregues variam. Utilizo o nome civil no meu trabalho profissional e utilizo o nome inventado no meu trabalho artístico. A úni-ca grande diferença é essa, uma diferença de contexto.

É difícil conciliar o Direito com a Música? Nunca pensaste abdicar de um em detri-mento do outro?Difícil não é. A música é um hobby, uma ac-tividade de diletantismo. É festa nas horas vagas, como qualquer hobby. E não, nunca pensei abdicar de uma em função da outra porque nunca quis pensar a música como uma profissão. Sempre quis pensar na músi-ca como uma paixão à qual eu me possa en-

tregar sem estar a fazer cálculos. Tenho a mi-nha base de sustentação financeira na minha profissão, que por acaso é ligada ao Direito, mas podia ser ligada a outra coisa qualquer. A música é uma coisa à parte... É uma paixão e como paixão tem que ficar.

Achas que não é possível viver unicamente da música?Eu penso que é possível. No meu caso pesso-al são contas que eu não faço e que não me interessa fazer, porque não é esse o meu ob-jectivo.

Ter crescido em Braga, uma cidade agarra-da à tradição, pode ter influenciado a tua forma de pensar e a música que depois co-meçaste a fazer com os Mão Morta?O facto de Braga ser uma cidade religiosa e muito conservadora poderá ter originado a que as pessoas mais livres, que se sentiam minoritárias, se conhecessem mais facilmen-te do que numa grande cidade. Mas, tirando isso, não há qualquer influência da cidade nesse sentido relativamente à música que fa-zemos. As influências são muito mais cos-mopolitas do que isso e poderiam acontercer sendo eu de Braga ou de qualquer outra ci-dade.

Quando foste estudar Direito para Lisboa, estavas à espera de encontrar um outro mundo?Quando eu fui para a Universidade, que foi o que me levou para Lisboa, eu pensava que a Universidade seria um outro mundo, um mundo de pessoas mais velhas e cosmopo-litas, onde houvesse ideias. Já nem digo que tipo de ideias. Digo que houvesse pura e sim-plesmente ideias. Foi uma grande decepção que eu tive quando ingressei na Faculdade de Direito, porque não encontrei essas pessoas.

Encontrei pessoas sem ideias, laboriosamen-te estudantes que decoravam as doutrinas cujos mestres lhes punham à frente. O mun-do libertário de troca e confronto de ideias não existia.

Foi durante a década de 80 que a música começou realmente a fazer parte da tua vida. Tiveste alguns projectos, mas como é que naseram os Mão Morta?Os Mão Morta nasceram na sequência de ou-tros projectos e mais como uma brincadeira. Nasceram depois de um dos fundadores, o Joaquim Pinto, ter regressado de uma estadia de um mês em Berlim com alguns contac-tos de bares onde poderíamos tocar e com a ideia na cabeça que tinha cara de baixista. É evidente que a história foi outra e ainda hoje estamos à espera de ir tocar em Berlim. (Ri-sos)

Quais são as tuas influências musicais?São muitas. Quando comecei realmenter a dar importância à música, o que ouvia ba-sicamente era free jazz. Depois, através da audição fortuita dos Stooges, apaixonei-me pelo rock. Mas não há influências directas. Há modelos que eu fui buscar, nomeadamen-te em termos de voz. E o meu grande mode-lo, nesse aspecto, é o Michael Gira dos Swan.

Como foi abrir para os The Bad Seeds e co-nhecer o Nick Cave?Foi a concretização de um sono, porque o Nick Cave era uma das nossas grandes refe-rências. O primeiro disco dele, o From Her To Eternity, é um disco de cabeceira. Portan-to, quando no fim do nosso concerto o Mick Harvey e o Nick Cave entram, pelos nossos camarins, para nos dar os parabéns foi como se o mundo desabasse e nada mais interes-sasse. Foi algo de extraordinário.

Advogado, músico, poeta. Adolfo Mo-rais de Macedo para uns, e Adolfo Luxúria Canibal para muitos outros. Cedeu ao nosso pedido para uma conversa n’A Brasileira, em Braga. Sim-pático, perspicaz e sem meias pala-vras. Assim podemos apresentar esta mítica figura da cultura portuguesa.

16 - 16 Dezembro 2011N

Recordas-te de alguma crítica que te tives-se ficado marcada na memória?A primeira é sempre aquela que deixa mais marcas. A primeira crítica que recemos foi quando fizemos a primeira eliminatória do concurso de música Rock Rendez Vous, em 1986. A crítica foi muito boa e no fundo era a primeira vez que tínhamos o feedback de um desconhecido. Não eram apenas as palmadi-nhas nas costas dos amigos ou o ranger dos dentes dos conhecidos que não gostavam do que fazíamos.

Como é que, depois de todos estes anos, se mantém toda esta irreverência?Ter irreverência em Portugal é muito fácil; basta fazer coisas sem pensar se se vai fe-rir sensibilidades à esquerda ou à direita, à frente ou atrás, de fulano ou de cicrano. Nós fazemos as coisas porque sentimos neces-sidade de as fazer, independentemente das consequências. E isso em Portugal pode fa-cilmente ser pensado como irreverência.

Ou seja, achas que em Portugal aquilo que é mais genuíno pode ser compreendido como irreverência?Em Portugal, quando se sai das normas, sai--se do colectivo e assume-se a individua-lidade. Assumir a individualidade é sair da norma colectiva, é ser-se irreverente. Tudo o que, em Portugal, sai das normas é irreverên-cia.

A palavra é uma componente essencial em todo o teu trabalho. Em que é que te inspi-ras a nível literário? A palavra é efectivamente importante e a mi-nha inspiração é vasta. Com os Mão Morta, já tivemos a oportunidade de trabalhar alguns autores específicos, desde os situacionistas como o Debord e o Vanegueim, passando

pelos beatniks, nomeadamente o Ginsberg. E até passando pelos escritores de ficção cien-tífica ligados à pop-arte, como é o caso do Ballard, e por escritores do século XIX como o Isodre Ducasse, conde de Lautréamont. Também nos inspiramos nalgumas coisas portuguesas, como o Herberto Hélder.

O que é que queres dizer às pessoas quan-do cantas quase falando? Há alguma men-sagem que tu ou os Mão Morta queiram transmitir? A questão de utilizar uma voz mais próxima do spoken word tem a ver com as aptidões próprias para utilizar a voz. Uma pessoa quando não tem aptidões para fazer como os outros, tenta sublinhar e explorar os pontos positivos da sua própria voz. É o que eu faço. Em termos de transmissão, não temos nada a transmitir porque não é esse o nosso papel. Gostamos de pensar que fazemos obras de arte e, na nossa perspectiva, uma obra de arte não tem mensagem. Uma obra de arte é a fi-xação de uma vivência ou de um sentimento, enquando que uma mensagem é uma espécie de comunicado. Nós não temos qualquer re-cado a dar a quem quer que seja. Não somos polícias, não somos líderes de opinião, não somos mandatários de formas de viver. Não queremos dar pontos de vistas nem directri-zes, querermos apenas discutir e partilhar essa discussão.

Viveste durante cerca de cinco anos em Pa-ris. Como foi essa experiência?Foi uma boa experiência. Deu para perceber que em Portugal uma pessoa é muito explo-rada e muito mal paga. Deu para perceber que em França, apesar da ideia de que o cus-to de vida é mais alto, a coisa não anda mui-to diferenciada do custo de vida português. Há um maior desafogo financeiro e há me-

nos preocupações de sobrevivência, por isso as pessoas são muito mais criativas e muito mais felizes.

Como é que vês o estado de Portugal, neste momento?Neste momento vejo Portugal entregue aos bichos, digamos. (Risos) A propósito de uma dívida pública põe-se o país a saque, entre-gando-o ao capitalismo mais desenfreado. Aproveita-se a desculpa do endividamento público para transformar Portugal num país ultra-liberal do tipo americano, em que no fundo é o salve-se quem puder e quem pode é quem tem dinheiro. Portanto, salvem-se os ricos e morram os pobres e os remediados, que mais mais cedo ou mais tarde serão po-bres também.

O que tens ouvido e lido nos últimos tem-pos?Ultimamente tenho ouvido o último disco de Rodelius, música electrónica, crow kid rock mais concretamente, e tenho lido umas coi-sas muito obscuras que me deram recente-mente. Mas o que eu oiço é sobretudo rock e rock antigo. Ando em contínuas re-desco-bertas de coisas antigas, que me passaram ao lado ou que não conhecia quando saíram. As coisas recentes gosto mais de lhes deixar o pós assentar e ir descobri-las mais tarde. Já em termos de literatura, estou sempre a ler coisas novas, mas sempre dentro do mesmo estilo. A história da literatura é tão grande que há sempre livros velhos que para nós são novos.

Então não tens andado muito atento à emergência de novos artistas?Não, nem aqui nem lá fora. Não ando par-ticularmente atento, mas também não ando com as antenas completamente em baixo.

1716 Dezembro 2011 - N

Mas é com eu disse, prefiro deixar que a po-eira assente para descobrir se as coisas têm efectivamente substância ou se não passou tudo de um mero hype.

No último álbum dos Mão Morta, o Pesa-delo em Peluche, vocês focaram-se muito na influência dos meios de comunicação de massa sobre o indivíduo. Como é que vês a atitude dos media? Acho que o jornalismo perdeu um bocado o papel que tinha no início, de busca da ver-dade, denúncia de situações de repressão e injustiça para se transformar numa espécie de megafone de directivas governamentais ou do poder económico. Por exemplo, quan-do há dois ou três anos se levantou a questão da gripe suína, discutia-se muito na net a ne-cessidade de se tomar as vacinas e de haver possibilidade daquilo se transformar numa pandemia. Mas a comunicação limitava-se a transmitir as opiniões oficiais da Organiza-ção Mundial da Saúde e dos governos. Cria-ram uma espécie de pânico populacional e quase uma necessidade ontológica de tomar a vacina. Depois as vacinas acabaram por se perder e afinal não houve pandemia nenhu-ma. A comunicação foi apenas um megafo-ne de poderes e não questionou o que estava por detrás disto, nem procurou perceber por que motivo se queria vender a todo o custo as vacinas. Isto é um exemplo da forma como a informação funciona ao serviço de interes-ses e muito longe dos parâmetros clássicos do que defendem como sendo o jornalismo.

Mas achas que o jornalismo é demasiado ingénuo e deixa-se usar ou, pelo contrário, tem consciência...Eu não estou por dentro de uma redacção, mas acho que há um bocado de tudo. Há jor-nalistas ingénuos, de início de carreira, que ainda não percebem muito bem o que é que estão a fazer. Mas há também manipulação

objectiva de chefias e interesses dos deten-tores dos jornais. São muito conhecidos os casos de jornais que não dizem mal de fula-no porque é um grande anunciante. Há uma censura como no tempo do Estado Novo, mas agora já não não há nada a censurar porque os próprios jornalistas e conselhos de redacção se auto-censuram.

Mudando de assunto... Sabemos que estás a colaborar com Guimarães 2012, capital europeia da cultura. Podes explicar em que consiste a iniciativa que estás a desenvol-ver?Lançámos o projecto Krisis, onde trabalha-mos com grupos distintos: pessoas com ren-dimento de inserção, bairros sociais tidos como problemáticos, escolas, idosos, imi-grantes, associações. Queremos, com estas pessoas, preparar um espectáculo, com gran-de preponderância musical, mas de alguma forma multi-disciplinar, para apresentar no encerramento da capital europeia da cultura. É um projecto em que as pessoas se questio-nam sobre os seus próprios problemas e no qual esse questionamento é depois sublima-do num trabalho artístico.

No fundo, estás a tentar fazer com que as pessoas possam utilizar a arte para se ques-tionarem... É isso?Estamos a fazer com que as pessoas se ha-bituem a questionar-se a si e a questionar o mundo em que vivem. E que isso de algumas formas tenha reflexos artísticos, isto é, que esse seja também um questionamento artís-tico, que possa ser abstractizado de forma a tornar-se universal. Que os problemas não sejam únicos daquela pessoa em concreto, mas que possam ser entendidos na China ou nos EUA, como problemas universais das pessoas que vivem em sociedade e que vivem num mundo que é o mesmo para toda a gen-te.

O quê que um artista deve ter para que o consideres como tal?É difícil porque há muitas formas de eu gos-tar de um artista. A primeira coisa necessá-ria é que a sua obra, de alguma forma, me diga algo e me questione. Mas um questio-namento que me dê a liberdade de encontrar respostas. É que não me agradam questiona-mentos que dêem respostas.

Existe alguma coisa que não tenhas feito e gostasses de fazer?(Risos) Essa é uma pergunta interessante porque é uma pergunta que eu às vezes me faço, e chego sempre à mesma conclusão. Eu nunca quis fazer nada. O que eu mais gosto de fazer é preguiçar. As coisas acabam por surgir por necessidade ou por interferência de terceiros. Há sempre incentivos e inquie-tações que me são induzidas e que depois vão criando as coisas que eu vou fazendo, que não são pensadas como metas. Não te-nho rigorosamente nada feito que algum dia pensasse que gostaria de ter feito.

Estavas a dizer que gostas de preguiçar... Mas esse preguiçar não será antes ter tem-po para pensar? Sim, aqui o preguiçar é num sentido bené-fico. É o preguiçar do velho filósofo grego e de ter tempo para nós próprios. Não é ficar em casa a dormir virado de um lado para o outro à procura de mais sono quando o sono já não existe. No fundo, é ter disponibilidade para o silêncio, para o passar do tempo. Ter disponibilidade para não ter preocupações.

Para o nosso bem, esperemos que não este-jas a pensar parar, pelo menos para já...(Risos) Não. Eu sempre fui assim, sempre tive esta ânsia de preguiça.

18 - 16 Dezembro 2011N

| DESPORTO

Só a derrota recente na Madei-ra pode retirar alguma tranqui-lidade ao Benfi ca. Já com a qua-lifi cação garantida, uma proeza alcançada num dos palcos mais difíceis da Europa e frente ao Otelul, a pior equipa desta edição da Liga dos Campeões, resta aos “encarnados” uma coisa: manter o primeiro lugar, que vale ouro.

É este posto, de liderança no Grupo C, que permitirá ao Ben-fi ca fugir ao confronto com os tu-barões nos oitavos-de-fi nal. Mas há mais coisas em jogo. O triunfo garantirá mais 800 mil euros. E, a título pessoal, Jorge Jesus, caso

vença o Otelul, alcançará a 21.ª vitória no clube, ultrapassando as duas dezenas de Sven-Goran Eriksson e passando a ser o trei-nador com mais triunfos nas provas europeias.

Depois da eliminação da Taça de Portugal frente ao Marítimo, Jesus quer agora relativizar o re-sultado alcançado na última sex-ta-feira. “Vimos de 22 jogos po-sitivos e perdemos um jogo. Não é essa derrota que nos vai tirar o moral. O Benfi ca está a fazer um início de época brilhante e não é uma derrota que nos vai tirar a confi ança em relação ao que es-

tamos a fazer”, assegurou.O objectivo é entrar de novo

no caminho certo. “Vamos preci-sar de jogar a esse nível para po-dermos vencer o jogo e sermos primeiros do grupo”, prosseguiu, enunciando de seguida as van-tagens de terminar esta fase no topo da tabela. “Se vencermos o jogo, batemos o Manchester Uni-ted e depois há a componente fi nanceira. As vitórias dão mais dinheiro”.

Pela frente, o Benfi ca terá o Otelul, que soma apenas três golos, contra 10 sofridos. Ainda assim, o treinador lança o alerta. “Espero um adversário que ainda não pontuou, mas que vai procu-rar encaixar algum dinheiro. À partida, não vamos esperar um adversário desmotivado. Acredi-tamos que vai ser um jogo com-plicado, mas também que vamos jogar a um nível alto”.

Assim parece ser, segundo o capitão do Otelul. “Não viemos cá para passear, nem fazer com-pras. Viemos para ganhar pon-tos, nem que seja um”, frisou Ser-giu Costin.

Para o defesa-central dos cam-peões romenos, participar é já uma prenda: “Tem sido uma experiência grande e fantástica para os jogadores. Nunca pen-sei em participar na Champions, ainda mais quando estou em fi m de carreira”, contou o jogador de 33 anos.

Benfi ca quer arrecadar 800 mil euros e segurar a liderança

A Câmara do Porto não acei-tou organizar uma prova do Mundial de Turismos (WTCC) no circuito da Boavista também em 2012 (mantendo o plano de receber o evento em anos alter-nados) e a Federação Internacio-nal do Automóvel (FIA) optou pelo Estoril para o calendário do próximo ano, embora ainda não haja acordo fi nal com pista deti-da pelo Estado português.

“Estamos a conversar e ainda não há a certeza de que prova se vai realizar no Estoril”, reagiu, em declarações ao PÚBLICO, Domingos Piedade, administra-dor do Autódromo do Estoril, depois de a FIA ter revelado o calendário de 2012, onde está, à condição, uma prova na pista portuguesa.

“O circuito da Boavista inte-grou o calendário do WTCC em 2007, 2009 e 2011, estando pre-vista nova aparição em 2013. A organização do Mundial, no en-tanto, mostrou interesse em pas-sar pelo centro do Porto também em 2012, o que não foi aceite pela

autarquia.“Houve uma abordagem, mas

não houve interesse da Câmara do Porto em fazê-lo. Por razões logísticas e fi nanceiras”, disse ao PÚBLICO Florbela Guedes, as-sessora da autarquia portuense, referindo-se que foi decidido manter o plano de receber a pro-va “em anos alternados”.

O calendário do WTCC para

2012 inclui novamente 12 pro-vas, iniciando-se em Monza (a 11 de Março) e terminando em Macau (a 18 de Novembro).

Segundo o comunicado da FIA, a prova no Estoril está pre-vista para 3 de Junho do próxi-mo ano, embora o site ofi cial do WTCC avance com outra data, o dia 10 de Junho.

Federação Internacional do Au-tomóvel (FIA) quer organizar ma prova do Mundial de Turis-mos (WTCC) em Estoril, já no próximo ano.

Estoril no calendário do WTCC, mas ainda sem confi rmação

O Sport Lisboa Benfi ca tem agora como objectivo assegurar a li-derança para evitar o confronto conta o Real Madrid e o Barcelo-na. A equipa de Jorge Jesus quer ainda arrecadar 800 mil euros.

Tubarão ameaça mundial de vela

O avistamento de um tubarão de quatro metros deixou em aler-ta a organização dos Campeona-tos do Mundo de Classes Olím-picas, a decorrer na Austrália.

O director da prova, John Longley, sublinhou que foram tomadas precauções extraordi-nárias durante esta quarta-feira, incluindo patrulhas aéreas. O aviso foi feito por um pescador, que terá avistado um tubarão de quatro metros perto da área onde se desenrola a competição, perto de Fremantle, no estado da Aus-trália Ocidental.

“É um pescador profi ssional e que encaramos como uma fonte credível”, vincou Longley. “In-formámos as autoridades, que garantiram que o helicóptero de patrulha de tubarões vai con-centrar-se na área de Fremantle”, acrescentou, citado pelo “Sidney Morning Herald”.

Não houve regatas adiadas por causa do alerta, mas a organiza-ção frisou que a segurança dos atletas é a prioridade, daí terem sido alteradas as regras que pe-nalizam os velejadores que pre-cisem de ajuda para voltar aos barcos em caso de capotamento.

Desde Setembro registaram-se três ataques fatais de tubarões na Austrália Ocidental.

Na conferência de imprensa do treinador português, antes do jogo do Real Madrid com o Ajax, houve um incidente linguístico e Mourinho questionou a tradu-ção das suas palavras.

José Mourinho tinha sido questionado sobre a polémica gerada no ano passado pelas ex-pulsões de Xabi Alonso e Ser-gio Ramos, na partida diante do Ajax. PO caso foi recuperado a

propósito do regresso do Real Madrid a Amesterdão, numa partida que se disputa nesta quarta-feira.Questionado sobre o assunto, Mourinho optou pela ironia: “Se tiver de ser castigado para termos um futebol melhor, tudo bem”.

“Mas não, o castigo foi só para mim. O futebol continua a ser o mesmo, as pessoas são as mes-mas, há gente que continua a fa-zer a mesma coisa e não é casti-gada. De maneira que o castigo foi só para mim”, acrescentou José Mourinho, que respondia em inglês à questão de um jorna-lista britânico.

O tradutor da UEFA fez de seguida a tradução para caste-lhano. Mas Mourinho não fi cou contente. “Não”, disse imediata-mente. “Eu não disse isso”, acres-centou, abanando negativamente a cabeça.

“O que ele traduziu não tem nada a ver com o que eu disse”, disse o técnico português, visi-velmente desagradado. Os jor-nalistas espanhóis pediram a Mourinho que repetisse então em espanhol o que tinha dito em inglês, mas o treinador do Real Madrid negou-se: “Não sou tra-dutor”.

O incidente fi cou aparente-

mente resolvido no fi nal da con-ferência, com Mourinho a abra-çar o tradutor da UEFA.

José Mourinho irritou-se e inter-rompeu a tradução durante a conferência de imprensa antes do jogo do Real Madrid com o Ajax.

Incidente de Mourinho com o tradutor

Os dois arguidos acusados do crime de dano qualifi cado, na sequência dos incidentes ocor-ridos após o Benfi ca-Sporting, negaram nesta quarta-feira todas as acusações, durante a primeira sessão do julgamento.

Bruno Mouta e Gonçalo Fer-nandes foram ouvidos no Juízo de Pequena Instância Criminal de Lisboa, no Campus da Justi-ça, onde rejeitaram ter arrancado corrimões e cadeiras do Estádio da Luz e arremessado as mesmas contra os vidros da caixa de se-gurança instalada para os adep-tos do Sporting.

Os arguidos, que respondem cada um por um crime de dano qualifi cado no âmbito de espec-táculo desportivo, foram ouvidos separadamente e atribuíram as acusações a erro na identifi cação dos verdadeiros autores, que pro-vocaram estragos avaliados pelo Benfi ca em 3890 euros.

No início da sessão, a defe-sa apresentou um requerimen-to para que o caso fosse tratado como um processo comum ou, caso o tribunal o rejeitasse, que fosse desqualifi cado para dano simples, alegando depois que se tratavam de crimes de natureza

semi-pública e pedindo por isso o fi m do julgamento, uma vez que aquele tipo de crimes reque-rem a apresentação de queixa por parte do alegado lesado, o que o Benfi ca não fez.

O procurador do Ministério Público qualifi cou de “ridícula” a pretensão de considerar os cri-mes como semi-públicos, lamen-tando o “incidente injustifi cado” apresentado pela defesa, e a juíza considerou que os crimes de que são acusados os dois arguidos são inequivocamente de nature-za pública, indeferindo o reque-rimento e decidindo-se pelo “jul-gamento sob a forma especial de processo sumário”.

Bruno Mouta e Gonçalo Fer-nandes, que afi rmaram serem adeptos do Sporting, mas não sócios, negaram todas as acusa-ções, contrariando o depoimen-to de um dos agentes da PSP que procedeu às detenções. O outro agente policial deveria também ter sido ouvido nesta quarta--feira, mas a indisponibilidade do advogado de defesa motivou o adiamento da sessão para 14 de Dezembro, às 14h00.

Este processo surge depois dos incidentes registados no Estádio da Luz, em Lisboa, após o jogo entre Benfi ca e Sporting da 11.ª jornada da Liga portuguesa de futebol, que terminou com a vi-tória dos “encarnados” por 1-0.

Arguidos do Benfi ca-Sporting negam as acusaçõesOs dois arguidos acusados do crime de dano qualifi cado, na sequ-ência dos incidentes ocorridos após o Benfi ca-Sporting, negaram nesta todas as acusações, na primeira sessão do julgamento.

SCP prepara jogo à porta fechada

O Sporting, que está a prepa-rar o jogo frente ao Nacional, da 12.ª jornada da Liga, trabalhou numa sessão que decorreu na Academia de Alcochete, à porta fechada.

O técnico Domingos Paciên-cia ensaiou, assim, a estratégia para o jogo de sábado longe de todos os olhares, numa altura em que o central Alberto Rodríguez é a principal dúvida no plantel.

Baixas confi rmadas para o próximo jogo são os lesionados Rinaudo, Jeff ren e Izmailov, en-quanto Schaars fi ca de fora de-vido a castigo. O médio interna-cional holandês, que viu o quinto cartão amarelo no jogo com o Benfi ca e fi ca de fora na próxima partida, falou à sua assessoria de imprensa sobre o jogo com o Be-lenenses, da Taça de Portugal, e o golo que marcou.

“Vi o Ricky em boa posição de receber a bola, bem no centro, e imediatamente fi z o movimento para a tabelinha. Consegui que a bola lhe fosse endereçada nas melhores condições”, afi rmou.

O jogo entre Sporting e Nacio-nal está agendado para sábado, pelas 20h30 (TVI), no Estádio José Alvalade, em Lisboa, e será arbitrado por Vasco Santos (Por-to).

1916 Dezembro 2011 - N

Na conferência de imprensa do treinador português, antes do jogo do Real Madrid com o Ajax, houve um incidente linguístico e Mourinho questionou a tradu-ção das suas palavras.

José Mourinho tinha sido questionado sobre a polémica gerada no ano passado pelas ex-pulsões de Xabi Alonso e Ser-gio Ramos, na partida diante do Ajax. PO caso foi recuperado a

propósito do regresso do Real Madrid a Amesterdão, numa partida que se disputa nesta quarta-feira.Questionado sobre o assunto, Mourinho optou pela ironia: “Se tiver de ser castigado para termos um futebol melhor, tudo bem”.

“Mas não, o castigo foi só para mim. O futebol continua a ser o mesmo, as pessoas são as mes-mas, há gente que continua a fa-zer a mesma coisa e não é casti-gada. De maneira que o castigo foi só para mim”, acrescentou José Mourinho, que respondia em inglês à questão de um jorna-lista britânico.

O tradutor da UEFA fez de seguida a tradução para caste-lhano. Mas Mourinho não fi cou contente. “Não”, disse imediata-mente. “Eu não disse isso”, acres-centou, abanando negativamente a cabeça.

“O que ele traduziu não tem nada a ver com o que eu disse”, disse o técnico português, visi-velmente desagradado. Os jor-nalistas espanhóis pediram a Mourinho que repetisse então em espanhol o que tinha dito em inglês, mas o treinador do Real Madrid negou-se: “Não sou tra-dutor”.

O incidente fi cou aparente-

mente resolvido no fi nal da con-ferência, com Mourinho a abra-çar o tradutor da UEFA.

José Mourinho irritou-se e inter-rompeu a tradução durante a conferência de imprensa antes do jogo do Real Madrid com o Ajax.

Incidente de Mourinho com o tradutor

Os dois arguidos acusados do crime de dano qualifi cado, na sequência dos incidentes ocor-ridos após o Benfi ca-Sporting, negaram nesta quarta-feira todas as acusações, durante a primeira sessão do julgamento.

Bruno Mouta e Gonçalo Fer-nandes foram ouvidos no Juízo de Pequena Instância Criminal de Lisboa, no Campus da Justi-ça, onde rejeitaram ter arrancado corrimões e cadeiras do Estádio da Luz e arremessado as mesmas contra os vidros da caixa de se-gurança instalada para os adep-tos do Sporting.

Os arguidos, que respondem cada um por um crime de dano qualifi cado no âmbito de espec-táculo desportivo, foram ouvidos separadamente e atribuíram as acusações a erro na identifi cação dos verdadeiros autores, que pro-vocaram estragos avaliados pelo Benfi ca em 3890 euros.

No início da sessão, a defe-sa apresentou um requerimen-to para que o caso fosse tratado como um processo comum ou, caso o tribunal o rejeitasse, que fosse desqualifi cado para dano simples, alegando depois que se tratavam de crimes de natureza

semi-pública e pedindo por isso o fi m do julgamento, uma vez que aquele tipo de crimes reque-rem a apresentação de queixa por parte do alegado lesado, o que o Benfi ca não fez.

O procurador do Ministério Público qualifi cou de “ridícula” a pretensão de considerar os cri-mes como semi-públicos, lamen-tando o “incidente injustifi cado” apresentado pela defesa, e a juíza considerou que os crimes de que são acusados os dois arguidos são inequivocamente de nature-za pública, indeferindo o reque-rimento e decidindo-se pelo “jul-gamento sob a forma especial de processo sumário”.

Bruno Mouta e Gonçalo Fer-nandes, que afi rmaram serem adeptos do Sporting, mas não sócios, negaram todas as acusa-ções, contrariando o depoimen-to de um dos agentes da PSP que procedeu às detenções. O outro agente policial deveria também ter sido ouvido nesta quarta--feira, mas a indisponibilidade do advogado de defesa motivou o adiamento da sessão para 14 de Dezembro, às 14h00.

Este processo surge depois dos incidentes registados no Estádio da Luz, em Lisboa, após o jogo entre Benfi ca e Sporting da 11.ª jornada da Liga portuguesa de futebol, que terminou com a vi-tória dos “encarnados” por 1-0.

Arguidos do Benfi ca-Sporting negam as acusaçõesOs dois arguidos acusados do crime de dano qualifi cado, na sequ-ência dos incidentes ocorridos após o Benfi ca-Sporting, negaram nesta todas as acusações, na primeira sessão do julgamento.

SCP prepara jogo à porta fechada

O Sporting, que está a prepa-rar o jogo frente ao Nacional, da 12.ª jornada da Liga, trabalhou numa sessão que decorreu na Academia de Alcochete, à porta fechada.

O técnico Domingos Paciên-cia ensaiou, assim, a estratégia para o jogo de sábado longe de todos os olhares, numa altura em que o central Alberto Rodríguez é a principal dúvida no plantel.

Baixas confi rmadas para o próximo jogo são os lesionados Rinaudo, Jeff ren e Izmailov, en-quanto Schaars fi ca de fora de-vido a castigo. O médio interna-cional holandês, que viu o quinto cartão amarelo no jogo com o Benfi ca e fi ca de fora na próxima partida, falou à sua assessoria de imprensa sobre o jogo com o Be-lenenses, da Taça de Portugal, e o golo que marcou.

“Vi o Ricky em boa posição de receber a bola, bem no centro, e imediatamente fi z o movimento para a tabelinha. Consegui que a bola lhe fosse endereçada nas melhores condições”, afi rmou.

O jogo entre Sporting e Nacio-nal está agendado para sábado, pelas 20h30 (TVI), no Estádio José Alvalade, em Lisboa, e será arbitrado por Vasco Santos (Por-to).

20 - 16 Dezembro 2011N

Atenas - A greve dos trabalhadores de recolha de lixo levou ao acumular de lixo na cidade.

HORIZONTAIS: 1 - Vaso pequeno de barro, do feitio de ân-fora. Expelir pus ou maus humores. 2 - Relativo a leigo. Grito prolongado e lamentoso do cão. 3 - Peça representativa do elefante no jogo do xadrez, agora chamada bispo. Andam à roda. 4 - Que consome com avidez. Peça elástica, de metal ou outra substância, destinada a reagir, depois de haver sido dobrada, vergada, distendida ou comprimida. 5 - Senão. Ex-traterrestre (abrev.). Nome da letra grega correspondente a n. 6 - Brilho intenso. 7 - Direcção Assistida (abrev.). Boa quali-dade de sangue. 8 - Género de moluscos acéfalos hermafrod-itas que vivem encerrados numa concha bivalve. Avenida (abrev.). Aspecto (fi g.). 9 - Natural ou habitante da Sardenha. Biscoito com a forma de letra. 10 - Rio afl uente do Zêzere, que atravessa a cidade de Tomar. Conjunto de animais próp-rios de uma região ou período. 11 - Agastamento. Palpitar.VERTICAIS: 1 - Remoinho de água (prov.). Impossibilitado de falar, por defeito orgânico ou por acidente. Contracção de “em” com “a”. 2 - Erva rasteira e fi na. Queimam. 3 - Giba ou curvatura anormal da coluna vertebral de convexidade pos-terior. Aquilo que não pode ser discutido ou em que não se pode tocar (fi g.). 4 - Actuar. Serrano. 5 - Metade de um batal-hão. Espécie de sedeiro, em que os cardadores recardam a lã. 6 - Plural (abrev.). Administre diligentemente. 7 - Assunto. Interjeição que designa nojo ou desprezo. 8 - Nocivo. Que fl oresce no Inverno. 9 - Fêmea do javali quando já desenvolv-ida completamente ou velha. Coragem! (interj.). 10 - Aprecio o merecimento de. Burra. 11 - Capital da Itália. Tornar-se raro.

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16 DEZEMBRO 2011SEXTA-FEIRA

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Redação:Praça Coronel Pacheco, nº8 4050-453Cedofeita - Porto

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JornalistasAna Beatriz Monteiro SaraivaCristina Soares DominguesRita Vicente TavaresSara Raquel Duro da Cunha

ColaboradoresAndré VidalDiogo dos SantosJoão VidalPedro MartinsSara Batalha