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e Portugal vivem de costas urn para o outro, decada s a fio . E ocioso esmiuc;ar as razoes deste surrealista alheamento : a d i tad ura fa scista d e Salazar' Mas tinhamos uma d itadura fas cista de Vargas aqui . A inten si
loniza <;iio cultural norte-americana no jJ ? No entanto, os grandes escritores
nee ses e italianos do p6s-guerra , sem nlfS ingleses e ate alemiies, coexisti
com a recente enxurrada de esplend iescritores hi spano-americanos: Virgi
Wolf, Doris Lessing , ita!o Calvi no, Pave' Pasolini , Proust, Musil que s6 conheceos tardiamente em tradu<;oes brasileiras .
Fo i urn trabalho sutil ma s eficiente de obia : primeiro, para extirpar toda e
I q u er influ encia cultural portuguesa , com complexes de ex-colonizados poli ente , comec;amos a macaquear, com tados freq uentemente ridicules , urn ntismo aguado , que Mm e. de Stael conia nos filtrar da Alemanha ; depois, veio
mita c;ao servil e igua lme nte inautentica tod os os ismos parisienses importados. E
Olavo Bilac a insuflar carnalidade a asianismo gran itisco de Leconte d e
e. E ai de nos , niio e que urn "preto" do!), Cruz e Souza , da lourissima Santa
ina , desandou a metrif icar palavras as em louver d e alvas musas sim-
·recenternente, pularnos leviana toda a magnifica renova<;ao portu-
(com Teixeira de Pascoais, Fernando e Mario de Sa-Carneiro) para atra
a alfandega , deglutindo-os , antropo· ente , todos de cambulhada nas rna
a Semana de 22, o cubismo, o expressioo futurismo ... Golpe de miseric6rdia :
~ uJ. JH"uJO brasileiro atual elirninou a liteportuguesa de nossos livros didati-·
com uma nor;ao doentia de nacionalis: ehtra Carlos Drummond de Andrade , Fernando Pessoa. Ate a denornina<;ao do
o do portugues empertigou-se de coobjetivas e que nada significarn: ern vez portuguis passamos a estudar lingua·
.Com grande atraso, porem, os brasileise dao conta de que a literatura portu
nao parou corn Ec;a de Queiroz e Pessoa, guru de poucos iniciados.
e, como advertia Virgilio Ferreira, o neo-realisrno , se se pode generalizar, pouco diger!.vel: 'teses poHticas rarissi
dil.o bons romances , mas era a Emigration, a revolta surda dos por
ses que A semelhanc;a dos autores ·a.es diante do nazismo, se recolhiarn a cadas anti-salazaristas, franco-atira
a disparar contra urna estrutura fas-
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o<.o C-- N -tjcVV us ape
disfarca de sacerdote : "Um cebec;io nio t me is que ume colei
brence. Oominis cenis , cole ire de cio divi "Ou enel, pensa einde. Ume especie d
enel de cutidede enfiedo no pescoc;o. "Anel de castidade, hostia fureda , o
be~io que o Inspector gira no eixo du esferografice 6 1 6rbit1 na quelse suspe o corpo dos padres deste mundo. E eles vio: subindo ao ceu, gravitendo nequele eneis, rodendo sobre os mesmos muito hi tos, mios cru11du sobre o pelto, sotainu 1 vento, subindo 1 prumo, subindo nmpre, n -aentido de eternidade. Todo o planeta sobrevoado por padres suspensos em ca ~oes de pureu, a gente e que nio os pod ver por causa dos nouos pecedos .
"Mu este coleira que ceiu em cima secretlrie do inspector tr11 remetente . Co ela muito bem guardeda num envelope mio da Judite bateu a porta dum costurei de teatros, Parque Meyer Lisboa, por pederasta e toucado de capuchinho. Rec nhece? perguntou ."
Havera Iugar para uma comoc;ao d leitor diante do monstruoso Elias e su sordidez vulgare solitaria? Com seu lazardo que alimenta com insetos e debaixo de urn copo ; o desejo que pela presa politics bonita , Mena , a do Major hoje rnorto ; a devoc;ao sacros que sente pelas fotografias dos pais e da irrnas mortas ; sua !uta diaria contra os rato que lhe invadern os m6veis , as lernbran<;as a dignidade:
"Na manhi seguinte quando acordar presenc;a des imagens veneradu, faleci irmi, falecidos pais, quando passer revi h ratoerias que deixou de sttntinttla por
guesa se 1 u contra Thomas Mann aux para derrubar o d itador. Era a psi- . do par Lis boa, Elias conte .a casa e as vir inutttis e humilhadu e •nc qUfmdo ele revelou a ponta do cornercial is- cose : armar os catnponeses e os proletarios urbana, da qual o autor trar moveis de familia -pusttados de cage rna antiartistico de Luebeck, na sua Alema- e, com a parte sa do militarismo, esmagar os apavorante e on!.rico :
h 1 'E d · · · h " d corruptos da casta ·do generalato. · "Oo outro lado e que sim· , do outro ledo, Jas insultuosas, quando, enfim, se aproxi n a nata ? ' no oa o propno nm o . e- do Tedutido condado do Liurdo e der claravam, indignados , os defensores do-sta· Como ja em 0 Oelfim , 0 epicentro de Tua da Madalent .a descer, e ·• feira dos ceras com 0 Tejo a sauda-lo, Elias so guard tus quo languid o da Alemanha de entiw. tudo e urn cadaver: aqui os frangalhos apa- · ortopedicos. Ai nunca falta que ver nem que l'l dessa noite a nodoa que I he assinala Ato continuo : Hitler. vorantes, patet icos , do major delirante, dis· meditar. pijema muturbado. Uma lag rima
·o t rt • f h · putados por uma matilha de caes farnintos . "Hoje, gra~as I Ciincia, podemos re· que ele ,·ra -laver a tornei " au or po ugues ez , a anos, uma . 1
d p 1
constituir as partes ·mortas do ser humane:. bre.ve incursao pelo mercado editorial bra- nurna pra1a qua quer e ortuga . Que ·haver1·a mu1·t1·s-Podemos anima-l.as de energia motora e res-sileiro com seu romance 0 Oelfim que agora A ecol• du regard do nouveau roman tituir-lhes as formu e as -expressoes que simos mais trechos a Ed itora - Civilizarao Brasileira lan ~'a , em f • · -1 · 1 d · f d " E · f b · q e essa .. ., ranees pnv1 eg1a o aspecto vi sua as co1- orem 1 J sua natureu - mtnente pro . o ra-pnma u r segunda edic;a o, sem referir-se a data de. sas : e ern parte o que o escritor tam bern faz , Hauloff, de Viena da Austria. o leitor intui, 'para pub'lica~iio da 1'· Paciencia, e a civil iza<;ao aproximando-se do roteiro cinematogrll.fico "Cel~;ada a pino, ceda lofe com o seu vulgare rrieditar sob brasileira. na descri c; ao minuciosa de cenas ate com -cerrlnho de lnvllido expoato I porta como u a imponancia e a pro
pentro da importante renova~iio litera- tomadas de primeiro plano (close up) . E, A estivesse I espere da ordem de partida para fundidade da renova ria !iberica (na Europa o sol se poe no maneira de Manuel Puig em El Beso de La um rally-surpres,1. Vistas do cimo da rua, c;ao que Jose C_ardoso Atlantica) contemporfmea, Jose Cardoso Pi- Mujer Arana , rnescla fontes dispares para -.quelas cedeiras ·resplandecentes parttc:em P1res traz seJa ao f--~~~~~~I:D•I r es ,tern causa do a rna is funda impressiio . compor o seu rornance-rnosaico : ca bec;alhos prontas a rolar fl qualquer momento pelo romance seja 8 condi-Por s ua causa, agitaram-se os meios televi - de jornal, textos de urna revista pornogrAfi- plano lnclinado ..abaixo, ganharem velocida· c;ao hum ana , seja aos · sivos, radiof6nicos , d a imprensa escrita , d o ca estrangeira, depoimentos de testernu- de, altura, e desaparecerem como mlquinas anseios pol!ticos . Em.J.Jiiig~ Parlamento. Por que? nhas na delegacia , ora96es para que se loucu sobrevoando os telhados da cidade. conversa com urn · BaJada da Praia dos Cies (ern edic;ao mal reproduza na parede a 1rnagem do divino . Ao por·do·sol rttcolhem domesticadamenttt, dos assassinos do Chefe costurada da mesma Civiliza<;ao) e parte corac;li.o , ate trechos de uma noticia sobre as I mas ficam as montras (vitrinu) iluminada.s -des-sa Conspira<;ao-que-Nunca-daqHele triptico rnoderno no qual, sem que ocorrencias ern Portugal extraidas de urn I porque essas sic de todas as horas como os 'Houve, o Arquiteto Fontenova
planetariamente interdepen- haj a: influencia mutua nem plagios , tres vespertine brasileiro. Sera necessaria in- -sacrarios dos ex-votos no caminho de quem ·ciou-lhe , com tragica lucidez: que somos, percebemos, (niio sera autores exponenciais de seus pa!.ses foca li- sistir no 6bvio de que para o autor o escritor passa. Exibttm membros articulados, esparti· "Eu creio que o medo e uma form
?) qu e a literatura portuguesa mode r- ·zam o crime de gravador em punho: Norman que , sozinho, sa be e dispoe do destine de lhos dramlticos que lembr~m palacios de drematica de solid eo. Uma forma limite tam das mais vivas de ntro daquele celere MailtH com seu prisioneiro, Truman Capote todos os protagonistas de seu romance aca- tortura, pesco~os de metal, protese e fundas bem, porque corresponde a ruptura do equi sculo dos Deuses literarios europeu, com os assassinos de A Sangue Frio. Jose bou? E que os documentos e as declarac;oes medicinals. Numa das vitrinas, em moldura Hbrio do individuo com aquilo que lhe
fogos d e artificio e marcha funebre . Cerdoso Pires arrna urn quebra-cabec;as poli- tarnbem focalizarn , cada urn A sua maneira , de veludo·reliquia, estl o professor Hasaloff t!Xterior. Mas o pior e que esse ruptura aca Cardoso Pires talvez nao tenha passad o tico , como Jorge S.mprun ern A Segunda· a tragedia central? a proferir as suas palavras redttntoras sobre por criar uma logica de defesa, eu pelo do despercebido daqueles que ainda · Mort<t' de R.amon Merceder. Com urna dife- _Se houvesse diividas quanta A grandeza as partes mortas do corpo." . . inenos apercebi·me disso, a logica do medo autores ·portugueses , dissocia:ndo inte- renc; a: Sernprun inspira-se em Proust na sua de Jose Cardoso Pires como criador, basta- As policias, a Judic1aria,'-alcunhada de <vai estabttlecendo certas rela~oe5 alienadas
ente a cultura da politica. Ou sera biogl.'afia do assassino de Trotsky, no Mexi- ria este livr9 para dissipar as diividas dos a Judite, e a Pide, disputam os imputados de valor•• ate um ponto em que se sente que Cardoso Pires urn colonizador de An- co a mando de Stalin. Cardoso Pires narra, descrentes . Insere-se no cotidiano das in- como os caes a estrac;alhar os restos .padres c medo se torna assassino". agente da Pide, policia secreta temi- de maneira adrniravel, o choque de duas vestigac;oes policiais sabre o crime todo urn do major assassinado par seus companhei- A estas reflexoes como que saidas de salazarismo, a torturar os resistentes esquizofrenias : de fora, a estrutura rigid a riqu!.ssirno submundo e rnundo paralelo das ros de revolu<;ao inexistente. A burocracia, urn ensaio de Camus, Jose Cardoso Pire
ita no em Luanda? Ao.contra- , qQ ffls.<;,i._,s_rq_o _sliJC!.Z_C!.rista., sua ':I_ei.e ordem", coisas existentes e das coisas sonhadas : detalhista e ociosa , faz crescer os autos ate acrescenta ,-ern sua s6bria ·Nota Final :\ txf'sfa "cons"equeiite ,Amas~ d e~ siia,~ flip-gcrisi a·· !itl'a .... o:p:ressacr: ·-sua"-mesquj' ' • ~liri~s ·-mentais ao lado '!ie -su·rreali'smos ) · atingirem a 1fltura de oito 'grossos volumes, "Entio como hoje -ele (o ~rqutteto) n
\'P O'l' v qtte'; ~e ria'O '-'C'onf6 seria Iihe'Z; "ai!"cH!ii.tr~:·'um hia ' o'f'f~ualine'"n'1e' ei:l-' ' re8.fS.'E1ic&,·i ndelevel , ines'quecive1, a'!lgif.~ repetiti~os (mo~ofo'rios_, vazados no estilo . que ' na ~~ tragedia individual itxistru ~urn I
' . dvgrnafire~e:-rio '"we-ialismo I l~ileeidG-, .:qtie ~: afu B-nt:e:,bin arqu~· ra -do :investi-gador Elias, oapelidado-de..Qo- : ; hinebre das -poHCia~:totalitS.ri as . Fugindo a lplrte mafor de erro col•ctivo; -qu• :..~socie ' I· sffi',"Cfemo'Cra tico:' Sera )>or 'iSt:o 't:j ue '• teto E!'\tm,-obre-dioabo de :urn !eabo deserter vas -per sua·macabra reputac;ao 'de im:placa- · essa monotonia de funcionarios publicos dades de terror se servem dos ~rimes evul
nao agrada a tanta gente ? Afinal , de- do Exercito prepara uma alucinada revolu- vel coveiro de presos politiCC'" !:.;~.,s eram que nao tern muita escolha entre arrancar o sos para justificarem o crime social que ciar as mazelas de urn regime ditatorial cao esquerdista em Portugal. Tudo dentro seu preferido filet migl'lvn num sinistro sangue alheio e escrafunchar o pr6prio npresentam por s i mesmas e que em
delatores nao ~ "sujar o prato em que de uma casa, 8 espera de apoios e arm as menu de torturas e crimes "legais", em nariz, ha os saltos fantasiosos a Ia De Sica •sses crimes a sua mio est I presente , A mesma onl-a de indignac;ao bur;· e punca houve e -nunca che ~arao ern seu defesa da " Seguranc;a do Estado". Passean- do au tor : como no caso da cie de colei- todos." Leo Gll•on Rlbe
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