13

narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma
Page 2: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Trajetorlas na formacao de professores de llnguas

de como irao agir como professores. Da mesma forma,Connelly e Clandinin (1990) veem o ensino como umaexpressao da biografia e historias pessoais, ou seja, umanarrativa em acao.

Conforme vemganhando forca a nocao dequeensinare aprender a ensinar sao questoes altamente pessoaisrelacionadas com aidentidade do professor e, portanto, comsua historia de vida, aliteratura sobre formacao de professoresvem deixando de lado a preocupagao com a base deconhecimento que os alunos-professores deveriam adquirir,passando a concentrar-se nos professores e em suacompreensao de seu proprio ensino (CARTER e DOYLE,1995). Essa nocao parece estar causando uma ampliacao daspossibilidades das experiencias de formacao de professores,abrindo espacp para que sejam levadas em conta as historiaspessoais, cotidianas e sociais dos professores, bem como opapel moral de outros, para uma maior compreensao de seupensamento, de seu conhecimento e de sua agao(CLANDININ e CONNELLY, 1995; TELLES, 1996).

Despontam, na decada de 80, na literatura sobreformagao de professores, os estudos voltados para opensamento do professor e nao mais apenas para o seucomportamento, conforme destaca GIMENEZ (1994). Apartirdai, a autora salienta o fortalecimento de termos como"teorias, imagens, interpretacpes, perspectivas, preocupagoes,atitudes, crencas, concepcoes, filosofia de ensino, opinioes,e conhecimento do professor". Com isso, a compreensaodo ensino assume uma nova dimensao, mais complexa equedemanda orientagoes de pesquisa mais introspectivas einterpretativas. Segundo Ornstein (1995), nas ultimas duasdecadas, apesquisa sobre oensino tern se caracterizado poruma tendencia a se distanciar do formato quantitativo eempirico com seus metodos prescritivos e descobertas

144

Trajetorias na formacao de professoresde Iinguas

objetivas. O paradigma qualitativo ou etnografico vem seconsolidando com seu desenho de pesquisa envolvcndoconversas, entrevistas abertas, e estudos de caso de urn, dois,ou alguns poucos sujeitos, frequentemente em formanarrativa. Ornstein esta enfatizando a Pesquisa Narrativa queapresenta registros altamente pessoais e moralmentepersuasivos.

Dentro dessa visao, desenvolvemos um estudo queanalisa narrativas de cinco alunas-formandas (AFs) do cursode Letras Anglo-Portuguesas noturno. Ao todo, havia setealunas nessa turma. No em ntanto, uma delas faltou aoencontro e outra preferiu nao realizar a atividade. Essasnarrativas foram obtidas a partir de umaatividade dadisciplinaMetodologia e Pratica de Ensino de Lfngua Inglesa, com oobjetivo de levar as AFs avincularem aspectos desua biografiacom a experiencia de ensinar. Escolhemos a narrativa,enquanto metodo de coleta de dados de nosso estudo, porentender que ela possibilita conhecer como significados saoconstrufdos ao longo das experiencias humanas (BRUNER,1990), por ela ser capaz de captar sua subjelividade(CONNELLY e CLANDININ, 1990) e por conceder voz aopesquisado (ORNSTEIN, 1995).

A atividade foi realizada no final do segundo semestrede 1996 e registrada em video. A professora supervisor editousua linha de vida com os fatos que a marcaram nos pianospessoal, academico e profissional, atraves deilustracao na lousa,utilizando uma linha horizontal terminada com uma seta. Aolongo dessa linha foram inseridas datas e palavras-chave dosacontecimentos narrados'. Em seguida, asalunas editaram suasbiografias e as apresentaram oralmente, uma a uma.

1Essa atividade nos foi apiesenlada por Joan Tcllcs cm sen ivorJcs/io/i inliltilndo"Fonnaqao de Professores: reco/irar, reconslruir e reviver", durante o U" INPLA,na PUC de Sao Paulo, em 1<W>.

14!

I

I

Page 3: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma
Page 4: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Traietorias na formacao de professores de linguas

An.ilist.- de dados

A analise dos dados baseou-se em procedimentosqualitativos. Os registros feitos em video foram transcritosem sua totalidade. Em uma analise inicial, procedemos aelaboragao de categorias, as quais denominamos escolhas,marcos e expectativas. A partir dessas categorias, buscamosevidenciasque as sustentassem. Embora tenha sido solicitadoque as AFs expusessem apenas aspectos importantes de suabiografia, a forma de edigao em linha apontando para umadirecao pode ter motivado a manifestacao espontanea desuas expectativas com relagao ao seu futuro.

O enfoque nas escolhas, marcos e expectativas parececonstituir potencial indicador decomo as AFs irao compreendera acao pedagogica. Embora entendamos que esses topicossejam interligados, apresentaremos os dois primeirosconjuntamente, uma vez que na analise eles frequentementeapareceram sobrepostos. Cabe aqui esclarecer que naoestaremos apresentando as narrativas em si, mas os dados quedao a conhecer as escolhas, marcos e expectativas de cadaAF, as quais alribuimos nomes ficticios.

ALBA

ESCOLHAS E MARCOS

• 87 - Comeca a trabalhar no banco.

• 89 -Transfer§nciade agenda: comeca a morarsozinha;solidao. Tenta vestibular para Administracao,mas nao passa.

• 90 - Tenta vestibular para Direito, mas nao passa.• 91 - Queria Service- Social, mas o curso nao e oferta-

do a noite. Comeca o curso de Letras atravesde vaga remanescente.

Trajetorias na formaqao de professores de linguas

• 92 - Inicia curso de ingles em escola particular.• 95 - Termina o curso de ingles, mas precisa refazer

exame para obter o certificado. Comeca a goslardo curso de Letras; ate entao, nao via nada quechamasse a atencao.

EXPECTATIVAS

"Se eu seguir esse lance de professora, eu nao voupoder mexer com crianca, pelo menosde ini'cio, nao."

"Nao me vejo contente, feliz em ter que dar aula,enfrentar uma escola..."

"Nao e minha intengao dar aula."

Alba, vinte e oito anos, teve sen ingresso no curso deLetras precedido por insucessos em vestibulares para outroscursos. Sua preferencia pelo curso de Service Social foiabandonada por limitacoes financeiras. O trabalho em urnbanco constitui sua unica experiencia profissional.Suspeitamos que Alba tivesse imagens profissionais mais bemdefinidas na area em que vinha atuando do que na area deensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos deAdministracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura comouma grande dificuldade dentro e fora do curso de Letras. Apralica de ensino, atraves dos estagios curriculares, fez comque o curso Ihe parecesse mais relevante e atraente.

Durante a exposicao de sua linha de vida, Albamenciona o significado de concluir urn curso superior. Paraela, a graduacao realiza urn desejo de seu pai que nenhumde seus quatro irmaos conseguiu concretizar. Assim, aimagemdo curso parece estar associada a obtencao de diploma enao a profissao de professor. As expectativas de Albacorroboram la I ideia.

Page 5: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Traietorias na formacao de professores de linguas

An.ilist.- de dados

A analise dos dados baseou-se em procedimentosqualitativos. Os registros feitos em video foram transcritosem sua totalidade. Em uma analise inicial, procedemos aelaboragao de categorias, as quais denominamos escolhas,marcos e expectativas. A partir dessas categorias, buscamosevidenciasque as sustentassem. Embora tenha sido solicitadoque as AFs expusessem apenas aspectos importantes de suabiografia, a forma de edigao em linha apontando para umadirecao pode ter motivado a manifestacao espontanea desuas expectativas com relagao ao seu futuro.

O enfoque nas escolhas, marcos e expectativas parececonstituir potencial indicador decomo as AFs irao compreendera acao pedagogica. Embora entendamos que esses topicossejam interligados, apresentaremos os dois primeirosconjuntamente, uma vez que na analise eles frequentementeapareceram sobrepostos. Cabe aqui esclarecer que naoestaremos apresentando as narrativas em si, mas os dados quedao a conhecer as escolhas, marcos e expectativas de cadaAF, as quais alribuimos nomes ficticios.

ALBA

ESCOLHAS E MARCOS

• 87 - Comeca a trabalhar no banco.

• 89 -Transfer§nciade agenda: comeca a morarsozinha;solidao. Tenta vestibular para Administracao,mas nao passa.

• 90 - Tenta vestibular para Direito, mas nao passa.• 91 - Queria Service- Social, mas o curso nao e oferta-

do a noite. Comeca o curso de Letras atravesde vaga remanescente.

Trajetorias na formaqao de professores de linguas

• 92 - Inicia curso de ingles em escola particular.• 95 - Termina o curso de ingles, mas precisa refazer

exame para obter o certificado. Comeca a goslardo curso de Letras; ate entao, nao via nada quechamasse a atencao.

EXPECTATIVAS

"Se eu seguir esse lance de professora, eu nao voupoder mexer com crianca, pelo menosde ini'cio, nao."

"Nao me vejo contente, feliz em ter que dar aula,enfrentar uma escola..."

"Nao e minha intengao dar aula."

Alba, vinte e oito anos, teve sen ingresso no curso deLetras precedido por insucessos em vestibulares para outroscursos. Sua preferencia pelo curso de Service Social foiabandonada por limitacoes financeiras. O trabalho em urnbanco constitui sua unica experiencia profissional.Suspeitamos que Alba tivesse imagens profissionais mais bemdefinidas na area em que vinha atuando do que na area deensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos deAdministracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura comouma grande dificuldade dentro e fora do curso de Letras. Apralica de ensino, atraves dos estagios curriculares, fez comque o curso Ihe parecesse mais relevante e atraente.

Durante a exposicao de sua linha de vida, Albamenciona o significado de concluir urn curso superior. Paraela, a graduacao realiza urn desejo de seu pai que nenhumde seus quatro irmaos conseguiu concretizar. Assim, aimagemdo curso parece estar associada a obtencao de diploma enao a profissao de professor. As expectativas de Albacorroboram la I ideia.

Page 6: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Trajetorias na formacaode professoresde linguas

CRIS

ESCOLHAS E MARCOS

• 84-Aulasparticularsde ingles para recuperar baixodesempenho naescola: passa a gostardeingles.

• 89 - Queria fazer Psicologia, mas nao tern condicoesfinanceiras; tenta Direito e nao passa.

• 90 - Tenta Direito sem sucesso; entra em Letras comovaga remanescente.

• 93- Inicia curso de ingles particular; para, pordificuldades financeiras.

• 94 - Forma-se em Letras Vernaculas e continua ocurso em Letras Anglo-Portuguesas.

EXPECTATIVAS

"Se eu tivesse que escolher entre dar aula e viver eucertamente escolheria dar aula."

Cris tern vinte e quatro anos e trabalha em umabiblioteca. Sua historia revela queaopcao pelo curso deLetrasfoi precedida de expectativas frustradas de ingresso emoutroscursos; que essas frustrates se deveram tanto a sua situacaofinanceira (a necessidade de trabalhar negou-lhe apossibilidade de tentar urn curso de perfodo integral) quantoao seu desempenho insuficiente para garantir uma vaga nosoutros cursos. Na graduagao, a lingua inglesa, assim como noensino medio, representa uma dificuldade que Cris tentacontomar com aulas particulares. Mas sao as dificuldadesfinanceiras, novamente, que interrompem as aulasparticulares e que devem ter sua parcela de influencia nadecisao de Cris de formar-se primeiro na habilitacao deVernaculas para depois retomar as disciplinas de Anglo.

148

Trajetoriasna formacao de professores de linguas

As expectativas de Cris, poroutrolado, parecem superarsua historia de dificuldades, bem como permitem perceberseu modo romantico de encarar a profissao, no qual ensinarparece ser uma missao. Ate que ponto as limitagoes vividaspor Cris e o seu gosto pela lingua inglesa dao forma as suasexpectativas e algo que nao conhecemos, assim como estasnao nos parecem fortes indicativos de uma identidade coma profissao. Convem acrescentar que Cris desistiu da disciplinaMetodologia e Pratica de Ensino de Ingles, nao se formandonaquele ano.

DANY

ESCOLHAS E MARCOS

• 90- Queria Psicologia, mas optou por Letras por influencia da mae.

• 91 - Primeiras reprovacoes no curso de Letras; passaa estudar a noite.

• 92 - Opta pela habilitagao em Letras Vernaculas;comeca a se dedicar aos estudos.

• 93 - Forma-se em Letras Vernaculas.

• 94 - Inicia especializagao em Lingua Portuguesa.• 95 - Inicia em seu primeiro emprego como professo-

ra de Portugues.

EXPECTATIVAS

"Eu so penso no dinheiro. Se pagarbem, eu estou af. Euestou com ansia de que surja uma coisa nova e nao nessaarea de estar lecionando. Entao, dinheiro pra ter essaindependencia queelas (referindo-se ascolegas) falaram."

Dany,vintee quatro anos, ao ingressar no cursode Letras,provavelmente ja tinhaestabelecidouma imagem do que seria

149

Page 7: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Trajetorias na formacaode professoresde linguas

CRIS

ESCOLHAS E MARCOS

• 84-Aulasparticularsde ingles para recuperar baixodesempenho naescola: passa a gostardeingles.

• 89 - Queria fazer Psicologia, mas nao tern condicoesfinanceiras; tenta Direito e nao passa.

• 90 - Tenta Direito sem sucesso; entra em Letras comovaga remanescente.

• 93- Inicia curso de ingles particular; para, pordificuldades financeiras.

• 94 - Forma-se em Letras Vernaculas e continua ocurso em Letras Anglo-Portuguesas.

EXPECTATIVAS

"Se eu tivesse que escolher entre dar aula e viver eucertamente escolheria dar aula."

Cris tern vinte e quatro anos e trabalha em umabiblioteca. Sua historia revela queaopcao pelo curso deLetrasfoi precedida de expectativas frustradas de ingresso emoutroscursos; que essas frustrates se deveram tanto a sua situacaofinanceira (a necessidade de trabalhar negou-lhe apossibilidade de tentar urn curso de perfodo integral) quantoao seu desempenho insuficiente para garantir uma vaga nosoutros cursos. Na graduagao, a lingua inglesa, assim como noensino medio, representa uma dificuldade que Cris tentacontomar com aulas particulares. Mas sao as dificuldadesfinanceiras, novamente, que interrompem as aulasparticulares e que devem ter sua parcela de influencia nadecisao de Cris de formar-se primeiro na habilitacao deVernaculas para depois retomar as disciplinas de Anglo.

148

Trajetoriasna formacao de professores de linguas

As expectativas de Cris, poroutrolado, parecem superarsua historia de dificuldades, bem como permitem perceberseu modo romantico de encarar a profissao, no qual ensinarparece ser uma missao. Ate que ponto as limitagoes vividaspor Cris e o seu gosto pela lingua inglesa dao forma as suasexpectativas e algo que nao conhecemos, assim como estasnao nos parecem fortes indicativos de uma identidade coma profissao. Convem acrescentar que Cris desistiu da disciplinaMetodologia e Pratica de Ensino de Ingles, nao se formandonaquele ano.

DANY

ESCOLHAS E MARCOS

• 90- Queria Psicologia, mas optou por Letras por influencia da mae.

• 91 - Primeiras reprovacoes no curso de Letras; passaa estudar a noite.

• 92 - Opta pela habilitagao em Letras Vernaculas;comeca a se dedicar aos estudos.

• 93 - Forma-se em Letras Vernaculas.

• 94 - Inicia especializagao em Lingua Portuguesa.• 95 - Inicia em seu primeiro emprego como professo-

ra de Portugues.

EXPECTATIVAS

"Eu so penso no dinheiro. Se pagarbem, eu estou af. Euestou com ansia de que surja uma coisa nova e nao nessaarea de estar lecionando. Entao, dinheiro pra ter essaindependencia queelas (referindo-se ascolegas) falaram."

Dany,vintee quatro anos, ao ingressar no cursode Letras,provavelmente ja tinhaestabelecidouma imagem do que seria

149

Page 8: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Trajetorias na formacao de professores de linguas

ser professora, uma vez que cursou magisterio e que sua maetambem era professora. Dany alega que sua mae teve influenciaem sua preferencia por cursar Letras ao inves de Psicologia.

Assim como Cris, a opgao por graduar-se em LetrasVernaculas e tambem precedida por reprovacoes emdisciplinas deIfngua inglesa. Nota-se ainda que sua dedicacaoaos estudos so se da no momenta em que opta por adiar aformagao em Anglo.

O curso de especializacao em Lingua Portuguesa a queDany atende, bem como seu trabalho atual como professoradessa Ifngua em uma escola particular de ensino medio,sugerem identificagao maior com essa lingua do que com oingles. Suas expectativas, porem, descartam oensino de lingua- materna ou estrangeira - como perspectivas profissionaisque possam Ihe proporcionar a almejada independenciaeconomica. Conclufmos, portanto, que mesmo tendoingressado em Letras com uma possivel imagem do que seriaser professora, esta nao garantiu a consolidagao de suaidentidade deprofessora, conforme sugerem suas expectativas.

MAW

ESCOLHAS E MARCOS

• 87 - Cravidez interrompe estudos preparatories paravestibular para Medicina; casamento; sonhosabandonados.

• 90 - Comeca a construir casa.

• 93 - Comeca a dar aulas e ve que a opgao que feznao foi ruim.

• 94- Forma-se em Letras Vernaculas; continua ahabilitacao em Letras Anglo-Portuguesas;comeca a trabalhar na penitenciaria.

• 95 - Comeca a dar aulas de Portugu§s em escolaparticular.

150

I

u

\a

•i

Trajetorias na formacao de professores de linguas

EXPECTATIVAS

Vontade de melhorar, de fazer es|3ecializagao emLiteratura ou Gramatica.

"Gostaria de ser aquele professor mais aberto, mas meencaixo no autoritario."

Na edigao da linha de vida de Malu, evidencia-se comoacontecimentos em sua vida pessoal dao rumos diferentesdaquelesaspirados. Gravidez e casamentoparecemconlribuirpara a realizacao de piano material - construqao de casa.Ensinar ingles especificamente naoaparececomoexpectativafutura. Na historia de Malu, tambem, suspeitamos que essaIfngua tenha representado urn obstaculo, em virtude de suadecisao de graduar-se primeiro em Vernaculas.

Apesar de Malu trabalhar em uma penitenciaria, elapode ja demonstrar uma identificagao com a profissao deprofessora, possivelmente proporcionada pela percepgaopositiva de sua pratica de ensinar como voluntaria,experimentada antes de cursar as disciplinas de estagiocurricular, pelo seu desejo de continuar se especializando,bem como pela imagem de professora "mais aberta" queprojeta em suas expectativas.

MARA

ESCOLHAS E MARCOS

• 78 - Mae abandona a familia; Mara assume o papelde dona-de-casa.

• 82 - Inicia em seu primeiro emprego, em urn cartorio,aos 14 anos.

• 86 - Tenta Direito e nao passa.• 87 - Tenta Direito sem sucesso.

151

Page 9: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Trajetorias na formacao de professores de linguas

ser professora, uma vez que cursou magisterio e que sua maetambem era professora. Dany alega que sua mae teve influenciaem sua preferencia por cursar Letras ao inves de Psicologia.

Assim como Cris, a opgao por graduar-se em LetrasVernaculas e tambem precedida por reprovacoes emdisciplinas deIfngua inglesa. Nota-se ainda que sua dedicacaoaos estudos so se da no momenta em que opta por adiar aformagao em Anglo.

O curso de especializacao em Lingua Portuguesa a queDany atende, bem como seu trabalho atual como professoradessa Ifngua em uma escola particular de ensino medio,sugerem identificagao maior com essa lingua do que com oingles. Suas expectativas, porem, descartam oensino de lingua- materna ou estrangeira - como perspectivas profissionaisque possam Ihe proporcionar a almejada independenciaeconomica. Conclufmos, portanto, que mesmo tendoingressado em Letras com uma possivel imagem do que seriaser professora, esta nao garantiu a consolidagao de suaidentidade deprofessora, conforme sugerem suas expectativas.

MAW

ESCOLHAS E MARCOS

• 87 - Cravidez interrompe estudos preparatories paravestibular para Medicina; casamento; sonhosabandonados.

• 90 - Comeca a construir casa.

• 93 - Comeca a dar aulas e ve que a opgao que feznao foi ruim.

• 94- Forma-se em Letras Vernaculas; continua ahabilitacao em Letras Anglo-Portuguesas;comeca a trabalhar na penitenciaria.

• 95 - Comeca a dar aulas de Portugu§s em escolaparticular.

150

I

u

\a

•i

Trajetorias na formacao de professores de linguas

EXPECTATIVAS

Vontade de melhorar, de fazer es|3ecializagao emLiteratura ou Gramatica.

"Gostaria de ser aquele professor mais aberto, mas meencaixo no autoritario."

Na edigao da linha de vida de Malu, evidencia-se comoacontecimentos em sua vida pessoal dao rumos diferentesdaquelesaspirados. Gravidez e casamentoparecemconlribuirpara a realizacao de piano material - construqao de casa.Ensinar ingles especificamente naoaparececomoexpectativafutura. Na historia de Malu, tambem, suspeitamos que essaIfngua tenha representado urn obstaculo, em virtude de suadecisao de graduar-se primeiro em Vernaculas.

Apesar de Malu trabalhar em uma penitenciaria, elapode ja demonstrar uma identificagao com a profissao deprofessora, possivelmente proporcionada pela percepgaopositiva de sua pratica de ensinar como voluntaria,experimentada antes de cursar as disciplinas de estagiocurricular, pelo seu desejo de continuar se especializando,bem como pela imagem de professora "mais aberta" queprojeta em suas expectativas.

MARA

ESCOLHAS E MARCOS

• 78 - Mae abandona a familia; Mara assume o papelde dona-de-casa.

• 82 - Inicia em seu primeiro emprego, em urn cartorio,aos 14 anos.

• 86 - Tenta Direito e nao passa.• 87 - Tenta Direito sem sucesso.

151

Page 10: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma
Page 11: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma
Page 12: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma

Trajetorias na formagao de professores de linguas

quanto ao seu conhecimento e bu.i ...made de ir para oexterior e se aperfeigoar. Levantam-se, assim, ties questoes:1) Que experiencias o curso de Letras poderia proporcionara seus alunos para que o sentido fundamental da identidadeprofissional fosse encorajado? 2) Quao satisfatoria e suficiente,para professores e alunos, tern sido a experiencia de ensinare aprender ingles no curso de Letras? 3) Quao satisfatoria esuficiente, para professores e alunos, tern sido a experienciade ensinar a ensinar e de aprender a ensinar?

O impacto que a pratica durante o estagio curricularteve sobre Alba proporcionou-lhe maior satisfagao com ocurso.Da mesma forma, a experiencia de ensinar de Malu, antes decursar as disciplinas onde estao previstos os estagios, propiciouuma percepcao positiva da escolha pelo curso de Letras. Issonos leva a crer queoportunidades de atuaremsala de aula nosanos iniciais da graduacao podem ser caminhos que despertemno aluno apercepcao da finalidade do curso eque contribuampara sua identificacao com a profissao.

Conforme dito anteriormente, o proposito da atividadeera possibilitar as alunas vincular aspectos de sua historiapessoal a sua compreensao da pratica pedagogica. Nessaprimeira tentativa, a atividade que desenvolvemos pareceterproporcionado as participantes urn reviver de suas propriashistorias, amedida em quemostrou como nocoes de passado,presente e futuro (CONNELLY e CLANDININ, 1990)estiveram presentes nas narrativas analisadas. No entanto,apenas Malu foi capaz de vincular sua biografia a sua agaopedagogica.

Este estudo nao envolveu as AFs na analise de suashistorias, o que reconhecemos como uma limitagao.Acreclitamos que, em experiencias futuras semelhantes,possamos levar nossas interpretagoes as AFs e conhecer suareacao a estas. Esperamos com isso proporcionar-lhes, atraves

154

Trajetorias na formacao de professores de lingua?

do auto-conhecimento, forga necessaria para se lornaremsujeitos de suas escolhas.

Alinha de investigacao de narrativa pessoal e historiade vida sugere que tornar-se professor envolve questoesfundamentals de como desenvolver uma identidade e lidarcom asdificeis tarefas de cbnstruir imagens pessoais que deemconta das realidades complexas de salas de aula e escotas eque possam fornecer uma base para aatuacao como professor(CARTER e DOYLE, 1995). Poderfamos questional" como epossivel urn curso realizar atarefa de formar professores diantede quadros semelhantes ao que se nos apresentou. Ascaracteristicas desse quadro nao podem ser vistas comoobstaculos mas, sim, como pontos a partir dos quaispoderemos repensar o curso de Letras.

Referencias Bibliograficas

BRUNERJ.S. Acts ofMeaning. Cambridge, Massachussets: HarvardUniversity Press, 1990.

CARTER, K.; DOYLE, W. Preconceptions in Learning to Teach. TheEducational Forum, v. 59,p. 15-28, Winter 1995.

CONNELLY, F. M.; CLANDININ, D. ]. Stories of Experiences andNarrative Inquiry. Educational Researcher, v. 19, n.5, p. 7-18. ]une-July, 1990.

GIMENEZ, T.N. Learners Becoming Teachers: an Exploratory Study ofBeliefs Held by Prospective and Practising EFL Teachers in Brazil. 1994.(Doctoral) - Lancaster University, Lancaster.

ORNSTEIN, A. C. The New Paradigm in Research on Teaching. TheEducational Forum, v. 59, p.53-62. Winter, 1995.

TELLES, J. A. Being a Language Teacher: Stories ofCritical Reflexionon Language and Pedagogy. 1996. Thesis (Doctoral)- Urmrisih niToronto, Toronto.

Page 13: narrativa em acao. na area em que vinha atuando do que na area de ensino, face a suas escolhas iniciais pelos cursos de Administracao e Direito. Alingua inglesa se conffgura como uma