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NAYARA LISBÔA ALMEIDA
COMPARAÇÃO DA SEDAÇÃO DO PONTO YANGLINGQUAN (VB 34) E
ALONGAMENTOS PASSIVOS SOBRE O ALONGAMENTO DOS MÚSCULOS
ISQUIOTIBIAIS
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDO E PESQUISA DO HOMEM - CIEPH
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA
NAYARA LISBÔA ALMEIDA
COMPARAÇÃO DA SEDAÇÃO DO PONTO YANGLINGQUAN (VB 34) E
ALONGAMENTOS PASSIVOS SOBRE O ALONGAMENTO DOS MÚSCULOS
ISQUIOTIBIAIS
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito a obtenção do título de Especialista em Acupuntura pelo Centro Integrado de Estudo e Pesquisa do Homem – CIEPH.
Orientador: Prof. Especialista Cleto Emiliano Pinho
Novo Hamburgo
2005
Autora: Nayara Lisbôa Almeida
Título: Comparação da sedação do ponto Yanglingquan (VB 34) e alongamentos
passivos sobre o alongamento dos músculos isquiotibiais
Aprovado em ____/ ____/ ______, pela banca abaixo assinada:
BANCA
Profº. Esp. Cleto Emiliano Pinho – Orientador: ______________________
Dr. Fabiano Giacomolli: ________________________________________
Profº Dr. Carlos Hoetzel: _______________________________________
RESUMO
Este trabalho constitui-se de uma pesquisa de caráter qualitativo da
comparação da sedação do ponto Yanglingquan (VB34) e do alongamento passivo dos
músculos isquiotibiais através da goniometria do ângulo de flexão do quadril para o
aumento da amplitude de movimento do quadril. Foram utilizados 10 colaboradores
divididos aleatoriamente em 2 grupos, o primeiro recebeu a sedação do ponto VB 34 e o
segundo o alongamento passivo dos músculos ísquiotibiais. Através da análise dos
dados de antes e depois, concluímos que houve aumento da ADM de ambos grupos,
demonstrando que as duas técnicas são eficazes para o alongamento muscular, porém o
grupo que recebeu a sedação do ponto Yanglingquan (VB 34) obteve melhores
resultados.
PALAVRAS-CHAVE: alongamento, amplitude de movimento,
Yanglingquan (VB 34).
PERÍODO: 2005/2.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................... 8
1 EMBASAMENTO TEÓRICO ....................................................... 9
1.1 Sistema Músculo Esquelético ....................................................... 9
1.2 Alongamento e Flexibilidade ........................................................ 10
1.2.1 Propriedades Neurofisiológicas do Tecido Contrátil ..................................... 11
1.2.2 Características Mecânicas dos Tecidos Moles Não-Contráteis ..................... 11
1.2.3 Alongamento Passivo ..................................................................................... 12 1.3 Amplitude De Movimento e Goniometria................................... 13
1.4 OS MÚSCULOS ISQUIOTIBIAIS E A ARTICULAÇÃO DO
QUADRIL ............................................................................................ 14
1.5 O Tao e Os Cinco Elementos ........................................................ 15
1.5.1 Fogo 16
1.5.2 Terra 16
1.5.3 Metal 17
1.5.4 Água 17
1.5.5 Madeira .......................................................................................................... 18 1.6 Yanglingquan (VB 34) .................................................................. 19
7
2 METODOLOGIA ............................................................................ 20
2.1 Delineamento da Pesquisa ............................................................ 20
2.2 Procedimentos ............................................................................... 20
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................... 22
3.1 Análise dos Resultados .................................................................. 22
3.2 Discussão ........................................................................................ 24
CONCLUSÃO ..................................................................................... 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 26
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................. 28
INTRODUÇÃO
Ao término do curso de Graduação em Fisioterapia, a autora deste trabalho
obteve contato com a Acupuntura através da auriculoterapia. Tomando conhecimento de
que a Acupuntura é especialidade do fisioterapeuta, iniciou o curso de especialização
em Acupuntura. Na primeira aula, seu professor pediu a um voluntário que fizesse a
flexão de tronco em bipedestação, mediu de forma empírica o ângulo de flexão de
tronco e ao retornar com o tronco estendido, realizou a sedação do ponto VB 34. Ao
retornar a posição do teste, percebeu-se claramente o aumento da flexão do tronco pelo
relaxamento da cadeia posterior do voluntário.
Desde então, esta primeira aula marcou a autora, que considera os
alongamentos essenciais para a manutenção da saúde física de qualquer indivíduo e ao
perceber que a acupuntura auxilia inclusive nos alongamentos, teve a curiosidade de
mensurar e comparar a sedação do ponto Yanglingquan (VB 34) com o alongamento
passivo dos músculos isquiotibiais através da goniometria do ângulo de flexão do
quadril.
9
1 EMBASAMENTO TEÓRICO
Neste capítulo serão descritos o Sistema Músculo Equelético, Alongamento
e Flexibilidade, Amplitude de Movimento e Goniometria, Músculos Isquiotibiais, Tao,
a Teoria dos Cinco Elementos e o Ponto Yanglingquan (VB 34).
1.1 Sistema Músculo Esquelético
Consiste do sistema muscular e do sistema esquelético. O sistema
esquelético consiste dos ossos e das várias estruturas que formam as articulações entre
os ossos, dá ao corpo sua forma básica e provê um arcabouço de sustentação para todos
os outros sistemas. Os músculos esqueléticos são os órgãos que nos permitem executar
os movimentos voluntários e controlados do corpo. Sua principal propriedade é a
contratilidade, capacidade de criar uma força de tração e, se necessário, uma mudança
no comprimento enquanto a tração é mantida. (WATKINS, 2001).
Todos os músculos são feitos de fibras musculares, tendo o comprimento e a
orientação das fibras um efeito considerável sobre a função muscular. As fibras
musculares são formadas de sarcômeros similares, e o número de sarcômeros determina
o comprimento de uma fibra muscular. Sarcômero é a unidade estrutural básica de uma
10
fibra muscular que contém o aparato contrátil, os filamentos de actina e miosina.
(WATKINS, 2001). Quando um músculo se contrai, os filamentos de actina e miosina
deslizam juntos e o músculo se encurta. Quando um músculo relaxa, os filamentos se
separam levemente, e o músculo retorna ao seu comprimento de repouso. (KISNER,
1998).
1.2 Alongamento e Flexibilidade
Pode-se definir flexibilidade como a qualidade física responsável pela
execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma
articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de
provocar lesão. (DANTAS, 1999)
A amplitude de movimento é a quantidade de movimento de uma
articulação (NORKIN, 1997). A flexibilidade é a capacidade do músculo relaxar e ceder
a uma força de alongamento, aumentando, assim, a amplitude de movimento de uma
articulação. (KISNER, 1998)
O alongamento é um termo geral usado para descrever qualquer manobra
terapêutica elaborada para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos moles,
aumentando a amplitude de movimento. A elasticidade é a capacidade do tecido mole
retornar ao seu comprimento de repouso após o alongamento passivo. A plasticidade é a
tendência do tecido mole de assumir um comprimento novo e maior após a força de
alongamento ter sido removida (KISNER, 1998).
11
1.2.1 Propriedades Neurofisiológicas do Tecido Contrátil
O fuso muscular é o principal órgão sensitivo do músculo, monitora a
velocidade e a duração do alongamento. Age como receptor de estiramento (KISNER,
1998).
Órgão tendinoso de Golgi: está localizado na junção músculo tendínea, e é
sensível à tensão no músculo (KISNER, 1998).
Ao diminuir o comprimento longitudinal do músculo ou o estiramento de
um tendão exceda um certo ponto crítico, produz-se um reflexo imediato que inibirá a
contração muscular, relaxando a musculatura, eliminando o excesso de tensão (ALTER,
1994). O Órgão tendinoso de Golgi tem a função de perceber a tensão excessiva do
músculo, produzindo um mecanismo protetor de segurança que evita a lesão nos pontos
de inserção dos músculos e tendões (NORRIS, [séc. 19]).
Ao alongar-se um músculo rapidamente, estimulam-se as fibras do fuso
muscular, que se contraem, gerando aumento de tensão no músculo. Quando o músculo
é alongado lentamente, o órgão tendinoso de Golgi inibe a tensão no músculo,
permitindo que o componente elástico (o sarcômero) se alongue (KISNER, 1998).
1.2.2 Características Mecânicas dos Tecidos Moles Não-Contráteis
Os tecidos moles não-contráteis, também chamados de tecidos conectores,
são os tecidos mais abundantes do corpo, dando suporte e união às diversas estruturas
do corpo (ALTER, 1994). Os ligamentos, tendões, cápsulas articulares, fáscias, pele e
tecidos não-contráteis dentro do músculo, afetam diretamente a flexibilidade dos tecidos
que cruzam a articulação, restringindo a amplitude de movimento (KISNER, 1998). A
cápsula articular e os ligamentos constituem os fatores mais importantes de rigidez
12
articular, seguido das fáscias, dos tendões e da pele (ALTER, 1994), devido a isso, o
tecido conjuntivo é o foco físico mais importante dos exercícios de amplitude de
movimento (HARRELSON, 2000).
Os tecidos conectores desempenham o papel fundamental de limitar a
excessiva flexibilidade que pode desestabilizar e debilitar a integridade das articulações
(ALTER, 1994).
A fisiologia do alongamento miotendinoso envolve principalmente a
atividade reflexa do músculo induzida pelo alongamento e o comportamento
viscoelástico da unidade musculotendínea (GRANDI, 1998).
O componente viscoso permite um estiramento plástico que resulta em
alongamento permanente do tecido depois que a carga é removida. Inversamente, o
componente elástico torna possível o estiramento elástico, um alongamento temporário,
com o tecido retornando ao seu comprimento anterior depois que o estresse é removido
(HARRELSON, 2000).
O músculo adapta-se a alterações em seu comprimento por meio da
regulação de sarcômeros em série. Além disso, a posição (encurtada ou alongada) em
que o músculo é mantido, é fator determinante na regulação do número de sarcômeros
em série (diminuindo ou aumentando, respectivamente) (MARQUES, 2000).
1.2.3 Alongamento Passivo
O alongamento passivo é um método no qual um músculo é vagarosamente
alongado até o tolerável (alongamento confortável e com pequena dor) e a posição,
mantida nessa extensão de comprimento tolerada por 15 a 120 segundos (BANDY,
1994).
13
O movimento lento tem como objetivo minimizar a contração reflexa do
músculo e a geração de tensão que ocorreria em um alongamento mais rápido e a
manutenção da posição visa ao relaxamento do estresse (GRANDI, 1998).
Um alongamento de baixa intensidade é definido como um alongamento
baseado na percepção de cada indivíduo, do início do desconforto na musculatura a ser
alongada (ALTER, 1994).
Os benefícios desta técnica lenta de alongamento incluem o fato de que tem
menor possibilidade de facilitar o reflexo de estiramento e aumentar a tensão no
músculo a ser alongado, não irá obter forte reflexo de contração (KISNER, 1998).
Conforme pesquisa realizada por Passos (2005), onde verificou os efeitos
dos diferentes tempos de manutenção do alongamento passivo no grau de flexão do
quadril, com o auxílio do goniômetro e do Teste de Elevação do Quadril, num período
de quatro semanas. Dentre os grupos analisados, o grupo que obteve maior ganho de
ADM foi o de 30 segundos com intervalo de 1 minuto.
1.3 Amplitude De Movimento e Goniometria
A amplitude de movimento é a quantidade de movimento de uma
articulação. Movimento articular é o resultado do movimento de uma superfície
articular em relação à outra. A amplitude de movimento passiva é a quantidade de
movimento obtida pelo examinador sem a ajuda do indivíduo, permanecendo relaxado
durante o teste. A amplitude de movimento proporciona ao examinador informações
sobre a integridade das superfícies articulares e a extensibilidade da cápsula articular,
dos ligamentos e dos músculos associados (NORKIN, 1997).
A amplitude de movimento passiva é usada para determinar limitações de
movimento, para determinar estabilidade articular e para determinar a elasticidade dos
14
músculos e outros tecidos moles. É geralmente usada antes das técnicas de alongamento
passivo (KISNER, 1998).
A goniometria refere-se à medida de ângulos criados nas articulações
humanas dos ossos do corpo. Pode ser usada para determinar tanto uma determinada
posição articular como sua quantidade total de movimento. O limite articular pode ser
determinado pela tensão da cápsula articular, pelos ligamentos, pela proximidade dos
tecidos moles, pela tensão passiva do músculo e o contato das superfícies articulares. A
sensação percebida pelo examinador como barreira no final da ADM é chamada
sensação final (NORKIN, 1997).
1.4 Os Músculos Isquiotibiais e a Articulação do Quadril
A articulação do quadril é formada pela cabeça do fêmur e o acetábulo,
que é formado pela fusão dos ossos ilíaco, púbis e ísquio (WATKINS, 2001). É uma
diartrose esferóide, que se mantém unida pela cápsula articular, ligamentos de reforço
(iliofemoral, ísquiofemoral e pubofemoral) e ligamento da cabeça do fêmur. Sua
membrana sinovial forra a cavidade articular, permitindo a realização de todos os
movimentos das diartroses esferóides: flexão, extensão, abdução, adução, rotação e
circundução (CASTRO, 1997).
Os músculos ísquiotibiais são formados por três músculos na região
posterior da coxa. O bíceps crural é formado por duas porções, a porção longa prende-se
no tubérculo isquiático e a porção curta na linha áspera do fêmur, distalmente, unem-se
para constituir um tendão cilíndrico que se insere na cabeça da fíbula. O semitendinoso,
medialmente prende-se no tubérculo isquiático e distalmente, vai à extremidade superior
da face medial da tíbia (pata de ganso). O semimembranoso origina-se no tubérculo
isquiático e inferiormente, insere-se no côndilo medial da tíbia (CASTRO, 1997).
15
Os três músculos posteriores da coxa fazem a flexão da perna (sobre a coxa)
e extensão da coxa (sobre a pelve), e são inervados pelo nervo isquiático (CASTRO,
1997).
Os músculos ísqiotibiais, que passam sobre mais de duas articulações, são
muito curtos para flexionar ou estender completamente de forma simultânea todas as
articulações sobre as quais cruzam. Por sua vez, os ísquiotibiais podem estender o
quadril e flexionar o joelho, mas essas ações não podem ser feitas de forma simultânea;
desta forma, o comprimento do músculo permanece dentro da amplitude de
funcionamento normal. Sua principal vantagem é que a tensão é produzida em um
músculo em vez de dois, o que conserva a energia, e o trabalho dentro dos 100 a 130%
da amplitude permite a flexibilidade máxima na geração de tensão (WATKINS, 2001).
“Uma posição de teste na qual o joelho está fletido produz uma maior ADM
da flexão do quadril do que uma posição de teste na qual o joelho está estendido.
Quando o joelho está estendido, a flexão do quadril é limitada, prematuramente pela
tensão dos músculos isquiotibiais.” (NORKIN, 1997).
1.5 O Tao e os Cinco Elementos
O Tao é tudo que existe, é a essência primária da realidade. É tudo que
está em incessante movimento e contínua renovação. É composto de duas energias, o
Yin e o Yang, que são duas forças opostas, indivisíveis e interdependentes entre si
(CÓRDOVA, 2003). São utilizados como meio de raciocinar sobre as coisas ao analisar
todos os fenômenos no mundo natural. O céu é considerado yang e a terra yin, dia é
yang e noite é yin, calor é yang e frio é yin, movimento é yang e estabilidade é yin;
estes pares de opostos mostram que yin e yang existem dentro de todas as coisas e
fenômenos. O yin e o yang estão sempre em estado de equilíbrio dinâmico, mantendo o
16
equilíbrio, é garantido a saúde (BARBOSA, 2000). “O Yin é o frio perverso e o Yang é
o calor perverso; o Yang produz energia vital e o Yin dá forma ao físico. Por isso é o
frio perverso que, lesa o físico, e o calor perverso, que lesa a energia vital. (BING,
2001, pág: 51).
1.5.1 Fogo
O calor produz o fogo, no corpo humano é o Xin (coração), que se
associa à língua. O fogo gera a terra. A cor do fogo é o vermelho, a emoção é a alegria,
nos sabores é o amargor, nos sons é o riso. A alegria em excesso pode lesar o coração,
mas o terror domina a alegria. O frio se sobressai ao fogo (BING, 2001).
No elemento fogo, o Xin é o Zang (órgão) e o Fu (víscera) é o Xiao Chang
(intestino delgado). O Xin têm as funções de governar todos os outros órgãos, regular o
fluxo de sangue e de Qi, abrigar e governar a mente, controlar a consciência, controlar o
suor influenciado pelo calor, influenciar o sono e os sonhos, pode ser lesado pelo
excesso de alegria ou agitação. O Xiao Chang controla a recepção e a transformação
separando os fluidos corpóreos, influencia os sonhos devido à sua relação com o
coração (HOPWOOD, 2001).
1.5.2 Terra
O úmido produz a terra, a terra produz o doce, no corpo humano são os
músculos, nas vísceras é o Pi (baço), sua cor é o amarelo, nas emoções é a ansiedade,
dos orifícios se associa à boca. A terra produz o metal. A ansiedade excessiva lesa o
baço, mas a raiva domina a ansiedade, pois a madeira domina a terra (BING, 2001).
17
No elemento terra, o Zang é o Pi e o Fu é o Wei (estômago). O Pi têm a
função de transformar e transportar os nutrientes, mantendo o equilíbrio hídrico no
corpo, controlar o sangue nos vasos, os músculos e o Qi ascendente e abriga o
pensamento. O Wei controla o amadurecimento, a decomposição e o transporte do
alimento, o Qi descendente e influencia os estados mentais (HOPWOOD, 2001).
1.5.3 Metal
A secura produz o metal, o metal produz o picante, o Fei (pulmão) se
associa ao metal; no corpo, o pulmão determina as condições dos pêlos e da pele. O
metal produz a água. A cor do metal é o branco, nos orifícios é o nariz, nas emoções é a
melancolia, a melancolia excessiva pode lesar o pulmão, mas o excesso de alegria
sobrepuja a melancolia, pois o fogo domina o metal (BING, 2001).
No elemento metal, o Zang é o Fei e o Fu é o Dachang (intestino grosso). O
Fei controla a respiração, é responsável pela entrada de Qi puro e governa a superfície
do corpo. O Dachang remove o alimento e o líquido do intestino delgado reabsorve uma
porção dos fluidos e excreta as fezes (HOPWOOD, 2001).
1.5.4 Água
O frio produz a água, a água produz o salgado, o Shen (rim) se associa à
água e produz os ossos. A água produz a madeira. Sua cor é o negro, seu orifício são os
ouvidos, sua emoção é o terror, estando em excesso pode lesar os rins, mas a ansiedade
se sobrepõe ao terror, pois a terra domina a água (BING, 2001).
18
Na água, o Zang é o Shen e o Fu é o Pang Guang (bexiga). O Shen têm a
função de armazenar o Jing (essência vital), controlar o nascimento, o crescimento e a
reprodução, nutrir os ossos e articulações, controlar as atividades mentais, governar a
água e controlar a excreção das impurezas. O Pang Guang armazena e secreta a urina
(HOPWOOD, 2001).
1.5.5 Madeira
De acordo com Bing (2001, pág. 53) “o Leste corresponde à primavera
quando a energia Yang começa a gerar, já que a energia Yang ascende e se dispersa
para virar vento, portanto, o leste produz o vento. O vento faz com que a madeira
floresça, por isso, o vento produz a madeira. A madeira é um dos cinco elementos, e
gera ácido de acordo com a energia da terra, e gera o Dan (fígado) de acordo com a
energia madeira; portanto, ácido produz o Dan. O Dan mantém os tendões; por isso, o
Dan produz os tendões. Como o Dan produz os tendões, e o Dan se associa à madeira, e
a madeira pode produzir o fogo, portanto os tendões geram o coração”.
O Dan funciona para promover o livre fluxo do Qi, dominar os tendões e
abrir-se nos olhos. Mudanças patológicas no Dan manifestam-se principalmente em
disfunções no armazenamento do sangue e promoção do livre fluxo do Qi e em
distúrbios dos tendões. Uma vez que o Dan nutra os tendões do corpo inteiro para
manter sua atividade fisiológica normal, quando o sangue do Dan é consumido, pode
privar os tendões de nutrição e ocasionar a fraqueza dos tendões, entorpecimento dos
membros e deficiência orgânica das articulações na contração e relaxamento
(XINNONG, 1980).
O Gan (vesícula biliar) está interna e externamente relacionada ao Dan. Tem
a função de armazenar a bile e excretá-la aos intestinos para auxiliar a digestão.
19
Juntamente ao Dan, têm a função de manter o livre o fluxo de Qi e também têm
influência nas mudanças emocionais (XINNONG, 1980). Auxilia a tomada de
decisões, aumenta a coragem individual e a vitalidade (HOPWOOD, 2001).
1.6 Yanglingquan (VB 34)
Localiza-se na face lateral da articulação do joelho, na depressão ântero-
inferior da cabeça da fíbula. Apresenta a função de suavizar o Dan, promover a função
do Gan, eliminar o calor e a umidade, fortalecer a região lombar e as extremidades
inferiores (LI DING, 1996).
O Yanglingquan faz parte dos Oito Pontos de Influência que podem ser
utilizados para tratar distúrbios de doenças de certos tecidos, neste caso, dos tendões e
músculos, onde se emprega para atrofia muscular e fraqueza nas articulações (ESCOLA
DE MTC DE BEIJING, 1995).
O Yanglingquan é o ponto He-Mar do Meridiano Shaoyang do Pé. O Dan e
o Gan são sistemas relacionados interna e externamente. Como o fígado domina os
tendões, o Yanglingquan , que se situa abaixo da articulação do joelho, lugar
convergente dos tendões, é usado para o tratamento de alterações nos tendões, tais como
espasmo e dor nos tendões, hemiplegia ou parestesia (LI DING, 1996).
Segundo Sussmann (2000), o ponto Yanglingquan tem a característica
principal de tonificar os músculos e atuar em todas as enfermidades dos músculos.
2 METODOLOGIA
2.1 Delineamento da Pesquisa
Esse estudo caracteriza-se por uma pesquisa de paradigma qualitativo de
metodologia experimental, da comparação de alongamentos passivos e a sedação do
ponto Yanglingquan (VB 34) sobre o relaxamento dos músculos ísquiotibiais.
2.2 Procedimentos
Foram selecionados 10 indivíduos, de ambos os sexos, com média de
idade de 24 anos e 8 meses. Foi assinado um termo de consentimento livre e
esclarecido, onde ficou explicado o objetivo do trabalho e todo procedimento a ser
realizado. Os colaboradores estavam vestidos com roupas confortáveis e não
interferiram na realização dos procedimentos.
A coleta dos dados foi realizada no período de 22 a 26 de agosto de 2005, na
Clínica de Fisioterapia do IPASEM – NH.
Todos os indivíduos foram avaliados pelo teste de Elevação da Perna
Estendida (EPE), e seu grau de flexão do quadril (ADM) quantificado em graus, com
joelho estendido, com o auxílio de um goniômetro da marca Pró-Fisiomed. Os
21
indivíduos foram randomizadamente distribuídos em 2 grupos: grupo A (n=5) e grupo B
(n=5).
Posicionamento durante o teste: indivíduo sobre um divã, em decúbito
dorsal e pernas estendidas. Um fisioterapeuta assistente, localizado ao lado do
colaborador com a mão direita apoiando o tornozelo e a esquerda estabilizando a pelve,
realizou a flexão do quadril direito com o joelho estendido e tornozelo relaxado,
enquanto o membro inferior contralateral foi mantido estendido sobre o divã. O
fisioterapeuta responsável pelo estudo realizou a goniometria para o teste.
O grupo A realizou três repetições de alongamento passivo dos músculos
isquiotibiais com 30 segundos de manutenção e intervalo de um minuto entre as
manobras, como concluído na pesquisa de Passos (2005), que verificou este tempo de
manutenção e repouso os mais eficazes. Após esta aplicação, foi novamente realizado o
teste da Elevação da Perna Estendida e a goniometria da flexão do quadril com o joelho
estendido.
O grupo B realizou a sedação do ponto Yanglingquan (VB 34), com a
permanência da agulha durante 20 (vinte) minutos e 2 (dois) movimentos rotacionais
anti-horário, conforme a Escola de MTC de Beijing (1995), que indica a manipulação
da agulha de uma a duas vezes para otimizar a sedação. Logo após foi realizado o Teste
de Elevação da Perna Estendida e a goniometria da flexão do quadril com o joelho
estendido.
Foi realizada somente uma aplicação em cada indivíduo. No membro
inferior contralateral não foi realizado nenhum procedimento. A eleição do membro
inferior direito foi devido à observação do membro inferior dominante dos
colaboradores. A avaliação da ADM foi feita antes e após a execução das manobras.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
3.1 Análise dos Resultados
A análise dos resultados foi feita através da média e do desvio padrão dos
grupos, obtidos pelos testes de antes e depois, realizados no período de 22 a 26 de
agosto de 2005.
Tabela 1 – Resultados dos Testes
colaborador Antes depois aumento aumento %
Alo
ngam
ento
A1 90° 100° 10° 10,00 %
A2 80° 93° 13° 13,98 %
A3 60° 75° 15° 20,00 %
A4 84° 95° 11° 11,58 %
A5 75° 80° 5° 6,25 %
MÉDIA 77,80° 88,60° 10,80° -
DESVIO PADRÃO 11,367 10,597 3,768 -
VB
34
B1 80° 90° 10° 11,11 %
B2 70° 95° 25° 26,32 %
B3 75° 88° 13° 14,77 %
B4 69° 89° 20° 22,47 %
B5 82° 94° 12° 12,77 %
MÉDIA 75,20° 91,20° 16,00° -
DESVIO PADRÃO 5,805 3,114 6,285 -
23
Após a aplicaçã0o das duas técnicas, todos os colaborados tiveram
aumento da ADM, sendo que o maior aumento médio foi do grupo VB 34,
O desvio padrão (variabilidade) diminui nos dois grupos. Através do desvio
padrão, é possível concluir que o grupo VB 34 era um grupo mais homogêneo apesar de
ter um colaborador que obteve um aumento maior que o aumento da maioria do grupo,
o que podemos verificar pelo desvio padrão maior.
A diferença da média do grupo antes e depois de aplicado o alongamento foi
de aproximadamente 14% e a diferença da média do grupo antes e depois de aplicado o
VB 34 foi de aproximadamente 21%. Concluímos que aplicando o VB 34 o aumento da
ADM é maior.
Gráfico comparativo
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
antes depois
ALONGAMENTOVB 34
Figura 1 – Gráfico Comparativo
24
3.2 Discussão
O presente trabalho consiste na comparação do alongamento passivo e a
sedação do ponto Yanglingquan para o aumento da ADM de flexão do quadril através
do alongamento dos músculos isquiotibiais.
Através da análise dos dados, concluímos que houve aumento da ADM dos
dois grupos, demonstrando que as duas técnicas são eficazes para o aumento da
amplitude de movimento, porém o grupo que recebeu a sedação do ponto Yanglingquan
obteve melhor resultado.
Conforme pesquisa realizada por Passos (2005), que avaliou os efeitos dos
diferentes tempos de manutenção do alongamento passivo no grau de flexão do quadril,
verificado com o auxílio do goniômetro e do Teste de Elevação do Quadril, num
período de quatro semanas. Dentre os grupos analisados, o grupo que teve maior ganho
de ADM foi o de 30 segundos com intervalo de 1 (um) minuto.
De acordo com a Teoria dos Cinco Elementos, o ponto Yanglingquan (VB
34) é o ponto He-Mar do Meridiano Shao Yang do Pé, que pertence ao Elemento
Madeira, e comanda os músculos e tendões (LI DING, 1996). O Dan nutre os tendões,
através da sua função de armazenamento e controle do volume de sangue em circulação,
mantendo-os em estado normal de contração e relaxamento. O elemento Terra tem a
função de transporte e transformação dos nutrientes e mantém o sangue dentro dos
vasos; com isso, permite que os músculos recebam aporte adequado de nutrientes e
água, influenciando na espessura e força muscular. (ESCOLA DE MTC DE BEIJING,
1995). O elemento Madeira recebe energia da Terra para nutrir os músculos (BING,
2001). Então os músculos estão sob comando do elemento Madeira, mas é afirmativa a
influência do elemento Terra.
25
CONCLUSÃO
Podemos concluir que a Acupuntura atua de forma diversa ao alongamento,
porém obtém resultados semelhantes.
De forma sistêmica, a Acupuntura nos mostra o quão abrangente se faz para
o tratamento do sistema músculo-esquelético dos indivíduos. Através do equilíbrio
energético do Yin e do Yang, que são energias opostas e interdependentes, há o estado
de harmonia dinâmico que é mantido por meio de um ajuste contínuo, onde a
acupuntura se faz importante. Por meio dos pontos de acupuntura, que são vias de
acesso aos órgãos internos, podemos estabelecer ligação direta com o sistema Zang Fu
para reequilibrar o organismo.
Os alongamentos se fazem importantes devido aos benefícios físicos nas
estruturas articulares e musculares, bem como para fazer circular a energia por vezes
estagnada em certas regiões do corpo, que também colaboram para o equilíbrio do Yin e
do Yang.
Por meio desta pesquisa, deduzimos que a sedação do ponto Yanglingquan
atua de forma eficaz para o relaxamento muscular, assim como os alongamentos
passivos.
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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Ao assinar este documento, estou consentindo formalmente em participar do
trabalho de pesquisa de Nayara Lisbôa Almeida, pós-graduanda do Curso de
Acupuntura do Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem em Novo
Hamburgo/ RS, sob orientação do Profº Cleto Emiliano Pinho. Esta pesquisa tem por
objetivo a comparação de alongamentos passivos e a sedação do ponto Yanglingquan
(VB 34) sobre o alongamento dos músculos ísquiotibiais.
Recebi da pesquisadora as seguintes orientações:
� A pesquisa iniciará após a leitura, esclarecimento de possíveis dúvidas e do meu
consentimento livre e esclarecido por escrito. A assinatura será em duas vias,
permanecendo uma delas comigo;
� A avaliação e a coleta de dados serão feitas pela pesquisadora com a ajuda de
um auxiliar, na Clínica de Fisioterapia do IPASEM-NH;
� Minha identidade será mantida em anonimato;
� Os procedimentos realizados comigo durante a pesquisa não acarretarão risco
para minha saúde;
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� A minha participação será voluntária. Concordando ou recusando em participar
da pesquisa, não obterei vantagens ou serei prejudicado;
� A participação na pesquisa envolverá as seguintes fases: avaliação do grau de
flexão do quadril, procedimento a ser pesquisado e reavaliação do grau de flexão
do quadril;
� Para os procedimentos deverei usar roupa confortável;
� Sei que, em qualquer momento, poderei solicitar novas informações e modificar
minha decisão. Poderei cancelar assim que desejar minha participação na
pesquisa entrando em contato pessoalmente com a pesquisadora ou pelo telefone
(51) 9259. 1551;
� Autorizo a utilização dos dados coletados pela pesquisadora para fins de
pesquisa tendo a minha identidade preservada.
Assinatura do colaborador:_______________________________
Data: ____/_____/ 2005.
Pesquisadora: _________________________________________ Nayara Lisbôa Almeida – CREFITO 5 – 52.666/F
Orientador Responsável: _________________________________
Profº Cleto Emiliano Pinho
