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Neurociência a serviço da Administração (revista Administrador Profissional do CRA-SP). O autoconhecimento pode ser um aliado importante dos administradores. Um dos grandes mistérios que rondam a humanidade é o funcionamento do cérebro. Ainda estamos engatinhando na tarefa de entender seu modus operandi. No entanto, temos cada vez mais informações por meio dos estudos da neurociência. Diversas áreas, como o marketing, por exemplo, se beneficiam do conhecimento mais aprofundado do cérebro humano. Obviamente, a administração não poderia ficar de fora. A neurociência aplicada à administração já é ensinada em universidades ao redor do mundo e usada por executivos. Ela é uma importante aliada do gestor em momentos de estresse e de tomada de decisões.
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Conhecimento
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Um dos grandes mistérios que rondam a humani-dade é o funcionamento do cérebro. Ainda esta-
mos engatinhando na tarefa de entender seu modus operandi. No entanto, temos cada vez mais in-
formações por meio dos estudos da neurociência. Diversas áreas, como o marketing, por exemplo, se beneficiam do conhecimento mais aprofundado do cérebro humano. Obviamente, a adminis-tração não poderia ficar de fora.
A neurociência aplicada à ad-ministração já é ensinada em uni-versidades ao redor do mundo e usada por executivos. Ela é uma importante aliada do gestor em momentos de estresse e de to-mada de decisões. Entender
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Por Dener Gomes e Mauricio DuarteConhecimento
O autoconhecimento pode ser um aliado importante dos administradores
Neurociência a serviçoda Administração
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Neurociência aplicada à Admi-nistração do Insper, coordena-dor do Programa de Avaliação do Estresse do Centro Avançado em Saúde da Beneficência Portu-guesa de São Paulo e certificado em gestão do estresse pela Har-vard Medical School (EUA). “As grandes lideranças são prepara-das para o desafio e essa prepa-ração não é só teórica. Não é a toa que se investe cada vez mais em treinos de coaching para re-almente desenvolver não só com-petências técnicas, mas também as cerebrais, seja na forma de ge-renciar emoções ou inteligência emocional”, diz
Momento de pausaA primeira dica dada pelos es-
pecialistas é respirar fundo antes de tomar qualquer tipo de deci-são. Muitas vezes, essa pequena parada pode recolocar os hormô-nios no lugar (principalmente o cortisol, que deixa as pessoas mais irritadas e competitivas) e evita alguma decisão desas-trosa, como diz Marinês Pereira. “Quando estiver em uma reunião estressante, o ideal é parar tudo, ir para a academia ou dar uma caminhada para interromper o ciclo. Isso porque o cérebro vai tomando cada vez mais as piores decisões. Essa quebra pode ser feita também com música que relaxa”, indica.
Carla Tieppo, neurocientista, diretora da Inédita e profes-sora da Santa Casa e da PUC-SP, afirma ainda que esse processo pode auxiliar para que se coloque em prática outro fator muito im-portante estudado pela neuroci-ência: a intuição. “É sempre bom respirar fundo, se concentrar nos elementos que são importantes
para aquela decisão. Evitar ser influenciado por outras pessoas, conseguir limpar o ambiente de conteúdos emocionais negativos e se apegar aos conteúdos emo-cionais que são direcionadores, que podemos chamar de intui-ção, mas que é fruto das suas experiências passadas”, afirma.
Palavra-chave: autoconhe-cimento
Para toda essa teoria se en-caixar, é necessário que o administrador trabalhe o autoco-nhecimento para poder contro-lar as emoções que podem afetar
como e por que seu cérebro faz ou deixa de fazer algo é uma in-formação valiosa. E as surpresas da neurociência começam já no início de seus estudos, quando foi identificado que a área cor-respondente às tomadas de deci-sões, na região um pouco acima dos olhos, corresponde a apenas 4% do total do cérebro.
Além disso, essa região é mais “nova” (das últimas a se desen-volverem plenamente), e sujeita a ação de outras partes mais ve-lhas, como a emoção. Não man-ter o controle emocional pode ser trágico para os negócios, como explica Marynês Freixo Pereira, pós-graduada em administra-ção e neurocoach da Provider Solutions. “A parte do cérebro que toma decisões responde ao emocional e só depois disso é que a tarefa é executada. É como se a razão fosse uma espécie de empregado. Temos de controlar nossos dragões para que o im-pulso não implique em demitir pessoas erradas ou gastar muito por ego”, explica.
Essas características são muito claras em momentos de crise como o que vivemos no Brasil atualmente, onde as expectativas e a incerteza econômica jogam cada vez mais pressão sobre os gestores. A área mais racional, chamada de córtex pré-frontal, acaba sendo desligada pelo corpo e entra em funcionamento outra, chamada amídala, que é respon-sável pelas emoções e pelo medo, e pode levar os líderes a cometer algum erro na tomada de uma de-cisão importante.
Porém, um administrador bem preparado pode conter esse quadro, como explica Armando Ribeiro, psicólogo, professor de
Segundo Armando Ribeiro, é possível desenvolver competências cerebrais
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balhar esse autoconhecimento pode ajudar não apenas a em-presa como também o profissio-nal, que tende a ser visto como diferenciado no mercado de tra-balho. “A maior compreensão so-bre o funcionamento do cérebro pode levar esses futuros adminis-tradores a terem diferencial no mercado de trabalho. A própria psicologia e a medicina vão se enriquecendo com esses estu-dos”, enfatiza.
Ferramenta novaO uso da neurociência na for-
mação de um administrador vem ganhando mais espaço no mer-cado, mas ainda sofre um pouco de resistência das empresas que insistem em uma abordagem mais tradicional. Ribeiro exem-plifica ainda que, nos Estados Unidos, esse tipo de assunto já é abordado nas universidades em larga escala, o que não ocorre no Brasil. “Os americanos são muito bons em se antecipar a essas ten-dências, ou seja, na escola de ad-ministração de Harvard o assunto neurociência já esta inserido no conteúdo programático do curso. Aqui ainda existe desconfiança, resistência”, diz.
Marynês Pereira é entusiasta desse tipo de abordagem, mas alerta que ela tem que vir da parte de cima da cadeia, ou seja, dos líderes e não dos co-laboradores. “Muitas vezes as pessoas vêm falar para mim que acharam ótimas minhas ideias, mas que não conseguiriam im-plantar isso por que os chefes não deixariam. Nesse caso não funciona. Eu aconselho que as mudanças devam começar pe-los líderes, pois eles que dão o tom da equipe”.
negativamente um momento decisivo para a empresa. O as-pecto mais importante de todo o processo é saber como a pessoa reage diante de uma situação de stress e pressões elevadas, me-lhorando assim a capacidade de leitura emocional do gestor.
Para isso existem algumas ferramentas que podem aju-dar a manter o controle. “Você tem estratégias como o coa-ching, que cria uma sequência de atividades que amadurecem o processamento emocional, o conhecimento do seu perfil psi-cológico e depois estratégias de reconhecimento emocional, usando essas informações de forma positiva”, explica Carla.
Para Armando Ribeiro, tra-
Construir um ambiente em que a equipe se sinta valorizada e veja as consequências de suas açõesCriar metas realistasEntender que a hierarquia não é o mais importante das relações interpessoaisReconhecer e parabenizar decisões bem sucedidas dos colaboradoresFlexibilizar horários, para que as pessoas possam trabalhar nas horas em que são mais produtivasCriar um sistema claro de percepção de erros e acertos dentro da equipeFonte: Carla Tieppo
O que é preciso para ter um ambiente propício a decisões acertadas
Para Carla Tieppo, a neurociência aperfeiçoa o autoconhecimento
De acordo com Marynês, a razão é uma espécie de “empregado” do emocional
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