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nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm nino cais - sem título, 2009 - colagem - 20 x 30 cm
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nino cais - sem título, 2008 - instalação com bastões de madeira, ventosas de borracha e objetos plástico - dimensões variáveis
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Nino CaisSão Paulo, 1969Vive e trabalha em São Paulo
Individuais 2009 Décor - Galeria Virgílio, São Paulo2009 MARP, Ribeirão Preto2008 Nino Cais - Galeria Virgílio, São Paulo 2006 Nino Cais - Galeria Virgílio, São Paulo2005 II Mostra do Programa de Exposições - Centro Cul-tural São Paulo2003 Galeria de arte da Oficina Cultural, Uberlândia2002 Corpo e Caminho, FUNARTE, São Paulo2001 A Trama Refeita - Faculdade Santa Marcelina, São Paulo
Coletivas 2009 Entre Margens - Oi Futuro, Rio de Janeiro, RJ 2009 Obsolecências - Rumos Visuais, Curitiba, PA 2009 Poética Têxtil - Oficina Oswald de Andrade, SP 2009 15º Salão da Bahia - MAM, Salvador 2009 Rumos Visuais - Itaucultural, São Paulo 2009 Realidades Imprecisas - SESC Pinheiros, São Paulo 2008 Pequenos Formatos - SESC Paulista, São Paulo2008 33º SARP, MARP- Ribeirão Preto, SP2008 Fototeca Juan Malpica Mimendi, Veracruz, México2008 Intimidade Pública- E.D.E.Nº 343, São Paulo SP2008 Ateliê Aberto, Campinas, SP2008 Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), São Paulo SP2007 Edital Funarte - Fundação Nacional de Arte (FU-NARTE), São Paulo SP2007 PINTA, Metropolitan Pavilion - New York, NY USA2007 Por um Fio - curadoria Daniela Bousso - Paço das Artes - São Paulo2007 Por um Fio - curadoria Daniela Bousso - Espaço Cultural CPFL - Campinas2007 S. Paulo, SP – Maus Hábitos Espaço de Intervenção Cultural, Porto2007 Textile 07 (Bienal de Arte de Kaunas) - Kaunas, Lituânia2007 Arte BA (16º Feira de arte contemporânea) - Buenos Aires, Argentina2007 Vai Você! - Galeria Olido - São Paulo SP2007 Herança - Museu Murillo La Greca - Recife PE2007 SP-ARTE (Feira internacional de arte moderna e con-temporânea) - Pavilhão da Bienal - São Paulo SP2006 Corpo e Memória - MUNA (Museu Universitário de Arte) - Uberlândia MG2006 Tripé | Objeto - SESC Pompéia, São Paulo SP2006 Instalação - Atelier 397, São Paulo SP2006 SP-ARTE (Feira internacional de arte moderna e con-temporânea) - Pavilhão da Bienal- São Paulo SP2006 Oblique - Galeria Aliança Francesa, São Paulo SP2005 Sempre visível/Grupo Linha Imaginária - Virada Cul-tural, Centro Cultural São Paulo2005 Ocupação - Paço das Artes, São Paulo SP2005 Centro Cultural São Paulo - Programa de exposição CCSP2005 SP-ARTE (Feira internacional de arte moderna e con-temporânea) - Pavilhão da Bienal - São Paulo SP2005 Salão de Arte Contemporânea da Praia Grande, Praia Grande SP
2004 Objeto como imagem/Galeria Espaço Virgílio, São Paulo SP2002 FEIRA/Galeria Espaço Virgílio, São Paulo SP2002 Miolo Espaço de Arte Contemporânea, São Paulo SP2002 “Miolo” Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), São Paulo SP2000 “4 Elementos” Espaço Eugenie Ville, Faculdade Santa Marcelina, São Paulo-SP2000 “Grupo dos 13” Fundação Nacional de Arte (FU-NARTE), São Paulo SP1999-98 “Produção FASM” Espaço Eugenie Ville, Facul-dade Santa Marcelina, São Paulo SP
Formação Acadêmica2001 Bacharelado, Artes Plásticas - FASM Faculdade Santa Marcelina2000 Graduação, Educação Artística - Licenciatura Plena - FASM Faculdade Santa Marcelina-
Cursos Extra-Curriculares2005 História da arte ministrado por Agnaldo Farias - Insti-tuto Tomie Ohtake2003-04 Pesquisa em Pintura ministrado por Sérgio Ro-magnolo - FASM Faculdade Santa Marcelina
Palestras2006 Corpo e Memória - MUNA (Museu Universitário de Arte) - Uberlândia MG2006 Tripé - mediação Juliana Monachesi - SESC Pompéia, São Paulo SP2005 Singular - Projeto Educação - Instituto Tomie Ohtake, São Paulo SP2003 Entre, 2003 - UFU - Universidade Federal de Uberlân-dia2001 A trama refeita - FASM - Faculdade Santa Marcelina, São Paulo-SP
Prêmios e outros2009 Prêmio Aquisitivo - 15º Salão da Bahia 2008/2009 Destaque – Bolsa Iberê Camargo2008 Prêmio Aquisitivo / Acervo MARP- Ribeirão Preto 2006 Prêmio Aquisitivo - Salão da Praia Grande, Praia Grande 2005 Mapeado no Rumos Artes Visuais – São Paulo
E se fôssemos abandonados pelas coisas, se
todos os objetos existentes nos deixassem sós,
às voltas com as paredes nuas das casas, em
confronto direto com o corpo da arquitetura,
com seus muros verticais e indiferentes,
sua geometria feita de cimento, tijolos e cal,
produtora de espaços cúbicos regulares,
como uma roupagem padronizada sem
nenhuma afeição pelas nossas dobras, pela
irregularidade orgânica das cabeças, troncos e
membros, pela maleabilidade das mãos, pelo
arqueio flexível dos pés que parece sopesar o
chão à medida em que caminhamos?
Admiramos a arquitetura pelo sentimento de
abrigo que ela nos oferece, mas, pensando
bem, ela é um ser muito diverso de nós,
longe de ter a portabilidade dos objetos,
sem a mesma adesão proposta por eles,
indubitavelmente mais próximos, acessíveis,
extensões evidentes de nós mesmos, o que
se verifica pelo uso continuado, quando eles
se impregnam do nosso suor, quando as
xicrinhas de café têm as bordas de porcelana
gastas pelo contato com os lábios, as alças
das bolsas desfazem-se pelo atrito dos dedos
agarrados, a irregularidade do colchão macio
significa a memória do peso e forma do
nosso corpo, a toalha da mesa converte-se
num mosaico de manchas desbotadas, um
conjunto de nódoas resultantes dos pequenos
desastres que permeiam as infinitas refeições
havidas sobre elas.
Não é que também a arquitetura não receba
nossas marcas, até porque é da nossa natureza
impregnarmos tudo o que está ao nosso redor,
e será fácil verificar que o homem nasceu
desse contato conflituoso com o mundo. Mas
acontece que a maioria das pegadas que
deixamos sobre a arquitetura são oblíquas,
resultam de ações indiretas. Salvo o piso,
é verdade, que se desgasta e escurece na
razão das diminutas marchas domésticas, as
eternas rotas compreendidas entre o ir e vir da
sala para a cozinha, do quarto para o banheiro,
e vice-versa, além do roçar entre corpos nos
corredores, à maneira das formigas no tateio
recíproco das antenas. Por outro lado, temos
que admitir que o piso pertence antes ao
mundo que à arquitetura. E que aquilo que
chamamos de piso nada mais é que o chão, o
mesmo que corre lá fora, desbordado quando
ultrapassa os limites das cidades, apenas que
recoberto por um espaço construído. Ainda
que situado nos confins de um 24º. andar e
em versão azulejada, de porcelanato brilhante,
não importa, o piso é o chão reiterado, a
evidência de nossa submissão à terra.
Ao menos até aqui, a obra de Nino Cais,
desenhos, fotografias, performances, vídeos
e assemblages, afigura-se como uma
tentativa de estabelecer um contato com a
arquitetura através do objeto, uma forma de
suavizar a nossa relação com ela, ao mesmo
tempo que de pesquisar suas possibilidades
. Não exclusivamente, é certo, pois também
se contam as vezes em que a tentativa de
aproximação da arquitetura dá-se através
de usos alternativos do espaço doméstico,
como a fotografia em que o vemos encaixado,
acomodado seria excessivo, no teto do
corredor, logo acima do batente da porta da
cozinha. Mas, no geral, seu trabalho versa
sobre o objeto, uma longa e amorosa relação
com ele e sua capacidade de mediar nossas
relações com o mundo, o mesmo princípio que
rege um navio qualquer, de bote a petroleiro,
fazendo-o necessitar de um porto, um cais que
o apazigúe, impedindo-o de flutuar à deriva.
O artista percebe os objetos mais próximos
ao corpo do que a arquitetura; eles seriam
mais cientes das suas necessidades e
desejos, solidários em suas ações por
ordinárias que sejam, como a cadeira que se
presta ao descanso, o copo que amplifica e
profissionaliza a concha formada pelas mãos.
O mundo sem objetos seria quase desabitado.
Embora com suas paredes e teto a arquitetura
nos resguarde das intempéries, sem a
presença dos objetos ela se tornaria uma
casca ainda mais vazia e nós nos sentiríamos
definitivamente tomados pela solidão. O objeto
não, o objeto cabe na mão, pode ser acariciado
por tatos e olhos, percutido com os dedos, o
que é um modo de referir-se ao quanto eles
contribuem para que os nossos sentidos se
depurem. Daí nossa afinidade e cuidado para
com eles, daí também a razão pela qual eles
se convertem em testemunhos imediatos de
nossas ações e acontecimentos, o motivo pelo
qual gostamos de estar rodeados por eles do
mesmo modo como quem gosta de se ver
rodeado por amigos. Mas amigos silenciosos
e inescrutáveis, sem a subserviência vexatória
dos cães, esses escravos da atenção alheia.
NINO CAISA EDUCAçãO PELOS OBJETOS por agnaldo farias
A aura do objeto, a singularidade assumida ao
passar dos anos, obtida às custas do convívio
humano, é algo tão poderoso que não nos
furtamos ao interesse por aqueles encontrados
em antiquários e brechós. Veja bem: quando se
muda para uma casa a primeira providência é
pintar suas paredes, velar as marcas deixadas
pelos antigos moradores, os vestígios de suas
presenças. Por outro lado, interessa-nos as
cicatrizes dos objetos e, salvo quando eles
exijam reparos para prosseguir no pleno
desempenho de suas promessas funcionais,
não os recuperamos. Interessa-nos contemplar
os objetos até para pensarmos qual teria sido
a longa viagem da origem até aqui, até a mesa
de centro, como essas pequenas vagas que
finalmente desembocam na praia do nosso
corpo.
É notável a delicadeza que Nino Cais devota
aos objetos, o modo como equilibra seu
corpo magro sobre eles, deixando-os que se
interponham entre seu corpo e o chão, seu
corpo e a parede. Taças e copos, panelas
e xícaras, vasos e baldes, embora todos
sejam tão artificiais quanto a arquitetura, o
são menos. A ergonomia que preside suas
dimensões e formatos, a praticidade das alças,
o conveniência das alturas dos espaldares,
tudo isso concorre para que o artista utilize-
os como ponte entre ele e o resto do mundo.
Certas soluções, como a pilha formada por
canecas e panelas de ágate, com as quais o
artista, de olhos fechados, meditativo, preme
a cabeça sobre a parede, assemelha-se a um
periscópio, um instrumento por intermédio
do qual ele ausculta sabe-se lá o quê, toma
conhecimento sobre o que vai além ou, talvez,
sobre si mesmo. Do mesmo modo, o arriscado
exercício de se equilibrar com os joelhos sobre
os pés de duas taças emborcadas contra o
chão, equivale ao personagem de um conto
de Virgilio Piñera, que se lançava à prática de
nadar no seco e, reagindo aos comentários
de quem o presumia louco, volta e meia
mergulhava a mão nos ladrilhos para em seu
interior, “nas profundezas submarinas”, agarrar
e oferecer um peixe.
Que mundo será esse inventado por Nino
Cais? Seriam os objetos os instrumentos
de captação de uma realidade oculta e o
emprego de novas sintaxes entre eles o
deflagrador de novos espaços e, com eles, de
novas possibilidades do nosso corpo? O fato
é que, nesse mundo de parcas experiências,
o que pode o nosso corpo trazer sob a forma
de memória? A necessidade de reinventá-lo
passa forçosamente pela reeducação dos
nossos gestos e ações, voltarmos a receber
outras lições das coisas, as mesmas coisas
de sempre.