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Notas em torno do desenvolvimento da Geogra ¡ja em Portugal António de BRUM FERREIRA Jorge GASPAR Carlos Alberto MEDEIROS Embora este escrito tenha a sua primeira justifica§áo no cóntexto da homenagem que a Universidade Complutense de Madrid rendeu a Orlan- do Ribeiro e, por isso, também á Geografia Portuguesa, náo deixa de en- contrar razáo de ser no balizamento que aquele Mestre representa nos estudos geográficos cm Portugal. De facto, sém esquecer os mais notá- veis antecessores e contemporáneos de Orlando Ribeiro, que ele muitas vezes faz questáo de referir, a disciplina conhece com a sua acgáo um ím- pulso que a fez projectar, com autonomia, na Universidade e na Socieda- de. Náo nos detendo no desenvolvimento dos estudos geográficos em Por- tugal que atingiram o seu apogeu no século XVI, consideramos que, entre os precursores da moderna Geografía, no século XIX, se deve sa- lientar B. Barros Gomes. Peía mesma época em que, curiosamente, apa- recia uma descriyáo «geográfica» do país, minuciosa, sistematizada com cuidado, mas essencialmente descritiva, da autoria dum engenheiro mili- tar (G. Pery, 1875), publicava ele um trabaiho que, sem os pormenores do anterior, revela larga abertura para a interpreta~áo dos fenómenos ge- ográficos (Gomes, 1878). A actividade profissional de Barros Gomes, co- mo silvicultor, té-lo deslocar-se insensivelmente para este campo: geó- grafo maigré !ui Ihe chamou Orlando Ribeiro (1970, p. 6), que tem sublinhado o contributo importante deste investigador. A institucionaliza 9áo académica da Geografia em Portugal faz-se tar- diamente, cm 1911, coma criaqáo da licenciatura cm Ristória e cm Geo- grafia nas universidades de Coimbra e de Lisboa; mas na reforma de 1930 se a autonomizayáo da licenciatura cm Ciéncias Geográficas. Na linha de outras escolas de maior projec~áo internacional, e cm particular da Francesa e da Alemá, até muito recentemente nunca esteve em causa o conceito de unidade da Geografia, consubstanciado fundamentalmente Anales de Geografía de la Universidad Complutense, núm. 6. lid. Uní’>. Compítitense, 1986

Notas em torno do desenvolvimento da Geogra¡ja em Portugal · Notas em tomo do desenvolvimento da Geografia~. 65 um eritério ao mesmo tempo ilustrativo e selectivo, procurando referen-ciar

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Notasem torno do desenvolvimentoda Geogra¡jaemPortugal

António de BRUM FERREIRAJorgeGASPAR

CarlosAlberto MEDEIROS

Emboraesteescritotenhaa suaprimeirajustifica§áono cóntextodahomenagemquea UniversidadeComplutensede Madrid rendeua Orlan-do Ribeiro e, por isso, tambémá GeografiaPortuguesa,náodeixade en-contrar razáode ser no balizamentoque aqueleMestre representanosestudosgeográficoscm Portugal. De facto, sém esqueceros maisnotá-veis antecessorese contemporáneosde Orlando Ribeiro, queele muitasvezesfaz questáode referir, a disciplinaconhececom a suaacgáoumím-pulsoquea fez projectar,com autonomia,naUniversidadee naSocieda-de.

Náonosdetendono desenvolvimentodosestudosgeográficosemPor-tugal que atingiram o seu apogeuno séculoXVI, consideramosque,entre os precursoresda modernaGeografía,no séculoXIX, sedevesa-lientar B. Barros Gomes.Peíamesmaépocaem que,curiosamente,apa-recia uma descriyáo«geográfica»do país,minuciosa,sistematizadacomcuidado,masessencialmentedescritiva,da autoriadum engenheiromili-tar (G. Pery, 1875),publicavaeleum trabaihoque,semospormenoresdoanterior, revela larga aberturapara a interpreta~áodos fenómenosge-ográficos(Gomes, 1878). A actividadeprofissional de BarrosGomes,co-mo silvicultor, té-lo deslocar-seinsensivelmentepara este campo: geó-grafo maigré !ui Ihe chamou Orlando Ribeiro (1970, p. 6), que temsublinhadoo contributoimportantedesteinvestigador.

A institucionaliza9áoacadémicadaGeografiaem Portugal faz-setar-diamente,cm 1911,comacriaqáoda licenciaturacm Ristória e cm Geo-grafia nas universidadesde Coimbra e de Lisboa; mas já na reforma de1930se dá a autonomizayáodalicenciaturacm CiénciasGeográficas.Nalinha de outrasescolasde maiorprojec~áointernacional,e cm particularda Francesae da Alemá, atémuito recentementenuncaesteveem causao conceitodeunidadedaGeografia,consubstanciadofundamentalmente

Anales de Geografía de la UniversidadComplutense,núm. 6. lid. Uní’>. Compítitense,1986

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na estruturadoscurrículosdoscursosuniversitários,já queao nivel daprodugáocientífica se verificou desdeos primórdios uma organiza9áoquepodemosconsiderartripartida: GeografiaFísica,GeografiaHumanaeGeografiaRegional.

Esta organizagáotem-se mantido, embora se evidenciem algumasaltera9óes,num ou noutroperiodo.De uma maneirageraltem-sealarga-do o dominio da GeografiaHumana e, recentemente,a GeografiaRe-gional, tem concitadomenor interessepor partedos investigadores.Aanáliseestatísticado conteádoda Fin isterra - RevistaPortuguesade Ceo-grafio, feita por J. Gaspar(Gaspar,1985 a), dá algumaspistassobre aevolugáorecenteda investigagáogeográficaem Portugal(Quadro 1). Noperíodo analisado, 1966-1982, devido á política editorial seguida,manteve-seinalteradoo pesorelativo da GeografiaFísicae da GeografiaHumana,mas é já evidenteo declínio da GeografiaRegional,tanto emnúmerode artigos,como denotasede recensñes.Atente-se,por outro la-do, nasaltera~ñessensíveisno interior daGeografiaHumana.

Náo obstanteestastendénciasevolutivas, numa tentativa de brevesíntese sobre o desenvolvimentoda Geografia em Portugal, aquelaorganiza~áotripartida ainda pareceser a mais operativa. Por isso aadoptámosnas presentesnotas. Náo sendopossíveiabrangertodosostrabalhosrelevantesda geografiaportuguesanesteséculo,optámospor

QUADRo 1

Conteúdode Finisterra - RevistaPortuguesade Geografíanos períodos1966-74e 1975-82

Temas

1966-74 1975-82

Artigos Notas ereceusbes Artigos No/aserecensúes

Metodologia 4 2 6Cartografia — 9 1 9GeografíaFísica(geral) 2 3 1 2Climatologia, Hidrografia,Biogeografia 4 6 4 10Geomorfología 13 11 7 7GeografiaHumana(geral) 7 20 5 16GeografíaAgrária (erural) 8 4 8 4GeografíaUrbana 11 9 7 17GeografiadaPopula9áo 1 5 — 2GeografiaSocialePolítica — — 5 4GeografiaRegional 8 10 1Outros 6 30 7 30

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Notasem tomo do desenvolvimentoda Geografia~. 65

um eritério ao mesmotempoilustrativo eselectivo,procurandoreferen-ciar obrasmais significativasnos temasqueindividualizámos.

1 GEOGRAFíA FÍSICA

Os primeiros estudosmodernosde GeografiaFísica em Portugaldevem-seao geógrafoalemáoH. Lautensachque,cm 1929,publicou umestudomodelarsobreaglacia9áoda Serrada Estrelae, poucodepois,nasuaGeograha dePortugal (1932, 1937)» incluíaobserva9ñesnovassobreorelevo, os tipos de tempoe a naturezada vegeta9áo.Estatendénciain-tegradoradosvários aspectosdo ambientefísico, que semantevenaes-cola alemáapesardo sucessodo modelodavisiano,náohaveriade preva-lecer na Geografia Física portuguesa, pelo menos no ámbito dainvestiga~Ao,a qual incídiu, até há poucosanos,quaseexclusivamentesobretemasde Geomorfologia.As influénciasdominantesvieramda es-colafrancesaeperduraramatéhoje.Um factodeterminantefni aestadíade O. Ribeiro em Franga(1937-1940),onde pódeestudarcom o grandemestredaGeografiaFisicaE. deMartonneeconhecerde pertoaobradonñomenosprestigiosoH. Bau]ig.Também,a estadiaprolongada,no nos-so país (1944-45), de P. Birot, que se havia distinguido com uma tesesobrea morfologia dos Pirenéusorientais, foi decisivaparaos progres-sosquea Geomorfologiaportuguesaia, embreve,conhecer.

A década de quarenta e a primeira metade da de cinquentaconstituíram,aliás,um períodobrilhanteda investigagáogeomorfolági-caem Portugal.No limiar desseperíodo,O. Ribeiro (1940) produziuumavigorosa síntesedos problemasmorfológicos do macigo antigo portu-gués,inaugurando,assim,urnalongasériedepublicagóesqueiriam atin-gir o seu apogeupor alturas darealizagáo,em Lisboa, do CongressoIn-ternacionalde Geografia,em 1949.Entreosnumerososestudosgeomor-fológicos publicadosantesdo Congresso,citem-se, pelo caráctermode-lar e importánciade conteúdo,o deO. Ribeiro(1943),sobreaevolugáodafalha do Ponsul,o de P. Birot (1946), sobrea morfologia da regiáodaOharda,e o de M. Feio(1946), acercadosterragosdaparteportuguesadoGuadiana.Mas foi durantee logo apóso Congressode Lisboa que surgí-ram os mais ímportantes estudos de Geomorfologia, geralmentedeíndole regional: no seu livro sobrePortugalCentral, O. Ribeiro (1949b)sintetiza os resultados das suas investigaQóessobre a CordilheiraCentrale depressóesenvolventes;A. FernandesMartins (1949a)apresen-

em Coimbra,a suaimportantetesededoutoramentosobreo MacigoCalcário Estremenho;pouco depois, surgia o trabalbo fundamentaldeM. Feio (1952)sobreaevolu~áodo relevodo Baixo Alentejo eAlgarve. OestudodeP.Birot (1949)sobreassuperficiesde erosáoem Portugalnáopode considerar-seurna sínteseequilibrada da Geomorfologiado país,comoo autor reconhece,masreunemultasobservagóesehipóteses,ain-

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da boje chejasde actualidade,sobretudono que serefereá evolugáodomacigoantigo.

Duranteesseperíodo, o conhecímentogeomofológicode Portugalfoitambémenriquecidopelo estudointerdisciplinarde praiase terra~os,le-vadoa efeito por geólogos,geógrafose pré-historiadores.Nessesentido,foi decisivaaestadíaem Portugaldo pré-historiador1-1. Breuil (em 1941-42) e afixaqáodefinitiva, no nossopaís,do geólogoG. Zbyszewskí,a par-tir de 1940. Ambos iriam publicar, poucodepois(1942, 1945), trabalhosfundamentais e, em grande parte, ainda náo substituidos, sobre oQuaternáriode Portugal. Outras contribuiqóessalientes,no ámbito doQuaternário,seriamdadasporO. Ribeiro,M. Feíoe C. Teixeira.

Passadaesta verdadeira«idadede ouro» da Geomorfologia portu-guesa,a GeografiaFísicaatravessariaum períodode relativomarasmo,até finais dos anos sessenta.Este facto resultou, em grandeparte, deurna viragem nas preocupaqóesdos geógrafosportugueses,atraídos,sobretudo,por temasde GeografíaHumanae Regional, tendo-seassistí-do, particularmente,no florescimientode monografíassobreas ilbas doAtlántico. Numa delas,O. Ribeiro (1954)documentaurnaerupgáovulcá-níca,a da ilba do Fogo(experiénciaqueviria arepetir quandodaerup~áodosCapelinhos,nosAgores;verO. Ribeiro e R. 8. Bríto, 1958). De notartambéma importánciaatribuidaaoestudodasformasdo relevoedo cli-ma na monografiade 1. do Amaral (1964)sobreSantiagodeCaboVerde;esteautor publicaria, mais tarde, diversosartígos relativos it géneseeevoluyáodas formas do relevo em Angola (por exemplo, 1. do Amaral,1969). M. Feininiciaría, peíamesmaaltura, investígagóesno SudoestedeAngola, cujos resultadosforam reunidosem lívro recente(M. Feio, 1981).

A fixa9áo,em Portugal, de 5. Daveau,a partir de 1965,veio provocarnovo e importanteimpulso mt investiga~áoem GeografíaFísica. No queserefereit Geomorfología,a actividadecentrou-seno estudogeomorfoló-gico e sedimentológicoda Baciada Lousá,o que,para alémde originaruma importanteMemóría(5. Daveauet al, 1985-1986),queretoma,alargae aprofundaestudosiniciados por O. Ribeiro e P. Birot, constítuiu umasólida iniciaqáo, no campoe no laboratário, paranovos investigadores.Foi namesmalinha de preocupa9óesqueA. de Brum Ferreira,depoisdeurnaprolongadaestadíaem Franga,preparoua suatesede dontoramen-to sobreo relevodo Norte da Beira (A. B. Ferreira, 1978). Emboraelabo-radaem Coimbra,a tesequeF. Rebelo(1975)antesdedicaraásSerrasdeValongofoí tambéminfluenciadapor este«renascimento»daGeomorfo-logíaporquepassavaaescolade Lisboa.

Para além destesestudosregionais, há a salientar também os tra-balhosdes.Daveausobreaevoluqáogeomorfológícaquaternária,nome-adamentea revisáodá glaciaqáoda Serrada Estrela(5. Daveau, 1971) eurna síntesepreliminar sobrea acgáodos climas frios na evolu~áodasvertentesem Portugal(5. Daveau, 1973).Ambasasperspectivas,ou seja,o estudoda evolu§áogeral do relevo,de ámbito regional, e os temasdo

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Notasenz torno do desenvolvimentoda Geografia. 67

Quaternário, estito presentesno trabalbo de G. Coudé-Gaussen(1981),sobreasSerrasdaPenedaedo Gerés.Estesavanosno conhecímentodaGeomorfologiaportuguesapermitiram a elabora§áode uma primeirasíntesecartográfica,a nivel do país, na escalade 1:500.000(D. BrumFerreira, 1981).De índole um tanto diferenteé adissertaQáode doutora-mento de M. E. Moreira Lopes (1979) sobre a Dacia do Rio Umbelúzí(MoQambique);trata-se de um estudo de Geomorfologiaque tenta in-tegraroutrosaspectosdo ambientefísico (clima, vegeta~ito),comvista itcaracterizagáoda dinámicado escoamentonaquelabaciafluvial. Embo-ra da autoríade geólogosestrangeiros,cite-se,peíaimportánciae non-dade, a análisegeomorfolágicada plataforma continentalde Portugal,deJ-R. Vanneye D. Mougenot(1981).

Até ao come9odos anossetenta,a Geomorfologiadominou sempreequaseexclusivamenteosestudosde GeografiaFísicaem Portugal,tal co-mo aconteceuem Franca,de ondevínhamosparadigmase astentativasde tnovacáo.Há cerca de quinze anos, tambémsobo impulso de S. Da-veau, assiste-seao desenvolvimentodos estudosde Climatología.Apro-veitandouma ampla documentagáo,geralmentede boa qualidade,atéentáopraticamenteignorada,elaboroumapasgeraisdaschuvas(5. Da-veaueta?., ¡977) e doscontrastestérmicos enevoeiros(S. Daveaue col.,1985), acompanhadosde desenvolvidasmemórias explicativas. A estaperspectiva,maisdescritivaecartográfica,há queacrescentaroutra,de-dicadasobretudoaosmecanismosda atmosferae suasrelagóescom ostipos de tempo, iniciada a partir do trabalho de D. de Brum Ferreira(1980)sobreosAgores.Estaúltima linha de investigagáoinspira-selarga-menteem trabalhosanglo-saxónícos,querde Climatologia, querde Me-teorología.

Entre as tendénciasrecentesda investigaQáoem Climatologia, quenito é possível,nestasbrevesnotas,pormenorizarnemsequerexemplifí-car,cítem-se,também,o estudodas rela9ñesentreo oceanoe a atmosfe-ra e suasconsequénciasnosmecanismosdo tempo; os estudostopoclí-máticos,sobretudoda regiáode Lisboa; situagóesatmosféricasparticu-lares com reflexos na economíae na vida das populagóes.A própriainvestigagáogeomorfolágicase renova,dando-secadavezmaioraten~áoit evolugáodo Quaternáriorecente,aosprocessoserosivose it dinámicadas vertentes.Muito escassose de alcancelimitado continuama serosestudosde Hidrologia eBiogeografía,apesardo recenteincrementodes-fa última disciplina noensinouniversitário.

Nito obstante o florescimento recente dos estudos de GeografiaFísica, por vezesinovadoresnosmétodosenostemas,asperspectivasdeensino e da investiga~áonestedominio nito parecemserdas meihores,enquantosemantiveraestruturaactualda licenciaturaemGeografíae asuaíntegra9áonasFaculdadesdeLetras.Os alunoshoje sitomuitos,masdeummodogeraldesmotivados(prefeririam ingressarnoutroscursos)evém mal preparadosdo ensinosecundário,ondeosseuscontactoscom a

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GeografíaFísicasito quasenulos ou esporádicos.Poroutro lado, as re-formas curriculares encetadasdepois de 1974, a nivel universitArio, setrouxeram,inegavelmente,maior coerénciae unidadeao ensínoda Geo-grafía, vieram conduzir a um certo isolarnentoda GeografíaFísicaque,antes, emboraatravésde um ensino nernsempreadequadoaos interes-ses dos geógrafos,mantinha pontes estreitase fundamentaiscom asCiénciasda Terra, nomeadamentecorn a Geologia. Tentativasde inter-cámbiode ideias e de alunostém-sereveladodifíceis, e só possíveisnoámbito do ensinopós-graduado,instituido recentemente.Poroutro lado,pelo menosna Faculdadede Letrasde Lisboa,asnecessidadesresultan-tes do grandeacréscimodo númerode alunosultrapassaramascapaci-dadesde apoio ao ensinoqueo Centrode EstudosGeográficosvein pres-tandodesdea suacriaQito. Parece-nosquea ínstituiyito da estruturade-partamentalpoderiaresolveralgunsdosproblemasapontados.Urnano-ta positiva,nestehorizonteincerto, é a promo9ito, parabreve,aonivel dedoutoramento,deurnanovageragitodegeógrafos,de quemélegítimo es-perarurnaac~itoimportantena tarefa de renovayáoestruturaleconcep-tual queparececadavezmaisnecessária.

2 GEoGRAFÍA HUMANA

Deixandode parteasantigasgeografíasecorograjias, berncomo asse-quentesgeografíaseconómicasou comerciais, a GeografíaHumana,ba-seadanosmodernosprincipios enunciadospor Ratzel,comegaemPortu-gal corn Silva Telles, que nito tendo desenvolvidointensa investigayáoprópria, fol nmexcelentepedagogoe introdutor dasmodernascorrentesdo pensamentogeográfico.Desdelogo, o prímeiro marcocorrespondeitsuadisserta§itode concursopara professorde Geografia, disciplina in-tegradano come~odo séculono CursoSuperiordeLetras(criadoem Lis-boa,em 1859,porfl. Pedroy), e que intitulouA ConCep9aodasUnidadesGeográficas.In trodu~ñoá Anthropo-Geografia(1904).

Desdeentito, atéaosanos60, amaiorparteda produgitoemGeografíaHumanapertenceua geógrafosque se dedicaramtambéma outros ra-mos da disciplina.Duranteesteperíododestacam-se,indiscutivelmente,asobrasde Amorim Girito emCoimbra, e de OrlandoRibeiro, emLisboa,emboraseja necessáriaurna referénciaa A. FernandesMartins, conti-nuadordacátedrade Gírito, queemboramaisorientadoparaosestudosde Geomorfologia,escreveu,entreoutros pequenosensaios,umaexce-lente introducito aos Principios de Geografía Humana de Vidal de Laalache,quetraduziueanotou.

DaobraexclusivamentedeGeografíaHumanadeA. Gírito, destaca-sea monografíasobre Viseu(1925), dosprimeiros estudossobreurnacida-de na bibliografía geográficaportuguesa.Interessantespor vezese comfacetasinovadorasno contextoportuguéssito algunsdos artigosque o

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Notas emtomo do desenvolvimentoda Geografía.- 69

professorde Coimbrapublicou no Roletim do Centrode EstudosGeográ-ficosdaquelacidade.Em contrapartida,tém valor maisrelativo as suastentativas,asúnicasdemanuaisde Geografja Humana,Ligóesde Geogra-fia Humana(1935)eGeograjia Humana(1946).Apesarde maispropensoadesenvolvertemasem quese destacavaa accáodo Homem,ostítulosmais significativosdaobrado mesmoautorenquadram-seno ámbitodaGeografíaRegionalcomoadiantefaremosreferéncia.

OrlandoRibeiro, quedurantemuitosanosdedicoulaboridéntico aostrés ramosda Geografiaqueaquí consideramos,acaboupor, progressí-vamente,concedermaior quotaparteit GeografíaHumana,berncomo itreflexito teóricae metodológica.Até aosanos60 sobressaemcomoobrasfundarnentais: Contribuig&o para o Estudo do Pastoreio na Serra daEstrela (1941); Portugal, o Mediterráneoe o Atlántico, com a primeiraedigito em 1945, aguardando-sehá mohoa quarta;Atitude a ExplicagáoemGeografíaHumana(1960);Geografíae Civilizagáo: TemasPortugueses(1961); Mediterráneo:Ambientee Tradigdo (1968 b), traduzido para ita-liano ejá comduasedigóesemItálía.

Ainda dentrodaquelelimite temporaldestacam-sealguns estudosdeGeografíaHumana,ou quaseexclusivamentede GeografiaHumana,quesedevema discípulosde OrlandoRibeiro. Assim, a monografiade Fran-ciscoTenreiro sobreA 111-zade Lio Tomé(1961), emboraobedecendoaoesquemade urnaobra de GeografíaRegional,é essencialmenteum tra-balho de GeografíaHumanaecom fortependorsociológico.Poroutro la-do, Judío do Amaral repartiua suaactividadede investigadorpelostrésramosqueternosvindo a considerar,privilegiandona componente‘<hu-mana»a temáticaurbana;deixou-nos,nosanos60, entreoutros,Ensaiode um EstudoGeográficoda RedeUrbana deAngola (1962)eLuanda:Es-tudode GeografíaUrbana (1968).

É a partir de meadosdos anos 60 que se comegaa evidenciar asepara9itoentre GeografiaFísica e GeografíaHumanano dominio dainvestigagito,o queacabapor ter tambémreflexosno ensinouníversítá-río, aínda que dentro de um quadrocurricular que privílegiava urnaperspectiva unítário/regional da Geografía. A progressivaseparagitoentreGeografíaFísicae GeografíaHumana, por um lado, acarretouaprazoa decrescenteimportáncíadainvestiga~itoemGeografíaRegionale,por outro lado>permitiu o alargamentotemáticoe o aprofundamentodosdois ramos.Em GeografíaHumana,alémde semantereme aprofun-daremanterioresparadigmas,desenvolvem-senovaslinhasde pesquisa,incorporandoosprogressosteóricosemetodológicosqueadiscíplinafoiobservando.

Assim, a anterior linha de investíga9ito, radicada no enfoqueecológico/histórico,queprocuradilucidar agénesedapaisagemhumaní-zadae teveemAmorimGirito eOrlandoRibeiro osprincípaismarcosorí-gínais,- foi prosseguidae aprofundada,entreontros,por CarlosAlbertoMedeiros,nomeadamentenumestudosobreacoloniza9áodeumextenso

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território no Sul de Angola(Medeiros, 1976a)enumabrevegeografíahu-manadePortugal(1976b).

A análísedossistemasregionaisfol uma daslinhas com maior aber-tura a partir de finais dos anos 60, tanto numa perspectivaecológico/histórica,bern representadano estudode Carminda Cavacosobreo Algarve Oriental(1976)eno de MaríaAlfreda Cruzsobrea parteda AreaMetropolitanade Lisboaa Sul do Tejo (1973),como na perspecti-va da Teoría dos LugaresCentraisde Christaller, representadano tra-balbode JorgeGasparsobreaArea de Influéncia de Evoraeseusistemade lugarescentrais(1972)ou no estudode Paula Lema sobreos lugarescentraisde Trás-os-Montes(1980).

A vida rural e os sistemasagrários tíveram desdesempreurnaposi§áoprivilegiadano contextode ínvesíiga~itoem GeografiaRegional,massórecentementeestestemasconcitarama autonomíacomo línha depesquisa,evidenciadaem trabalbosde CarmindaCavaco,dequedestaca-mosarecentepublicagitosobrea agriculturaa tempoparcial (1985),nal-guns estudos sobre a ocupagito e o povoamentode montanha (porexemplo, C. Medeiros, 1976 c, 1982, 1. Medeiros, 1984) ou ainda, numaperspectivade evolugitodasestruturasanivel local, no estudode RosaM. Silvasobreurnapequenaáreaanorte do Porto(1981).

Jáo estudoda GeografíaUrbanatem urna longa tradí~áoern Portu-gal, adquirindoalgumaautonomíalogo nasduasprímeirasdécadasdes-te século; todavía, só a partir dos anos60 estecampode investiga9áocontribuíu significativamentepara a produgito científica da Geografíaem Portugal.Nesteperiodo é patentea influéncíada geografíaurbanaanglo-saxónica,do pós-guerra,quesemanífestanosjá referidosestudosde Ilídio do Amaral. S dentro dessalinha, emborarecorrendomaisex-tensivamentea análisesquantitativas,que se insereo estudode MaríaClara Mendes sobre a capital de Mo§arnbique (1979); aínda nestatradigito, incorporandocontributos da teoríamarxista,estáo estudodeTeresaBarata Salgueirosobre o usodo solo e o mercadoda habita9itoern dois municipios suburbanosde Lisboa(1983).Emboramenosmarca-dos, colocam-senesteámbito o trabalbo de J. M. Pereirade Oliveirasobreo Porto (1973), em que analísaas condiyóesnaturaise o padritoviário e de usodo solo, bemcomo o estudoque RaquelSoeírode Untopublicon sobrealguns aspectosde Lisboa (1976)- Finalmente,uma refe-réncíaaostrabalhosde JorgeGasparsobreo desenvolvirnentohistóricoesocioeconómicodascidadesportuguesas,emparticularde Lisboa (porexemplo,Gaspar,1976;1979).

Os problemasda Geografíada Indústría nito constituiram durantemuito tempo rnn temacentral da GeografíaPortuguesa.Esta situagitomodificou-se significativamentenos últimos anos, sendo de destacarduasrecentesdisserta9óesde doutoramento:a de Joito Ferrito (1985),sobreo processoindustrial eavalorizagáodo capital;a de Lucília Caeta-no (1985), sobrea industrializagitona áreade Aveiro. Forarnentretanto

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Notascm tamodo desenvolvimentoda Geograf¡a.-. 71

divulgadosoutrosestudos,de menoramplítude,encontrando-seem cur-somaisinvestigagitonestedominio.

TambémaGeografíaPolíticanito concitoudurantemuitotempoo in-teressedosgeógrafosportugueses,limitando-seabibliografíanacionalaum ou outro artigode alcancereduzido.Naúltima década,nito sósedáasuainclusitono ensino,emboraao nivel de disciplinade opQáo,comfun-cionamentoirregular, como, e sobretudo,sedesenvolvempesquisas,emparticular no dominio dosestudoseleitorais. Estalinha de investiga~áoteve que ver, por um lado, cern a novasituagito política do país e, poroutro lado, cern a boa qualidadee actualizagitodas estatísticaseleito-rais. Refirarn-senestecampo os traballios de JorgeGaspar,alguns emcolabora9itocom diferentesautores(Gaspare Vítoríno, 1976; Arroz etal,. 1977; Gasparcf aL, 1984; Gaspar,1985 b). O estudodas fronteirastambém despertourenovadoínteresse,emboranito existanenhumtra-baiho de grandevulto areferir desdea análiseda situa9áofronteiri9adoRio Minho, coordenadapor C. Cavaco(1973). ludio do Arnaralestudouepublicouum trabalhosobreafronteira meridionaldeAngola(1981).

A Geografíada PopulaQitotem extensabibliografia, emboranuncatenhasido objectode investígagitosistemáticae aprofundada,sendoderessalvar, em certa medida, o estudo de Jeito Evangelista sobre aevolugitodemográficade Portugalentre1864 e 1960 (1971).Mesmo o fe-nómenoemigratório,aíndanito deu lugar, porpartedosgeógrafosportu-gueses,a estudosaprofundados,sendono entantode referir as tentati-vasdeJorgeArroteia(porexemplo,Arroteia, 1984).

Do mesmomodo,o turismo, apesardasuaimportánciadecisivaparaaeconomíae ageografíado país»aíndanito deuorigemaumcampoautó-nomo de ínvestíga~ito,nito obstanteos estudos de Carminda Cavaco(1980-a;-b), quetambémrealizoupesquisasemItália, naRiviera do Peen-te (1974).

Entre oscamposde investigacitode menorpesoe tradkáo, urnarefe-réncia deveráser feita aos estudosde dífusito de inovagóes,nomeada-menteum sobrea proliferagito espacialda hepatiteinfecciosa (Arroz,1979) e outro queprocuracornpreendera difusito dasineva9óesna agri-cultura atravésdasredesde comunicagiteentreos agricultores,para,apartir daí,poderprogramara introdu9ito de outrasinovaQñes(Boura,ctal., 1983).

Numa tito curta resenhasobrea geografiaportuguesanito fica natu-ralmente espa~opara a referéncia circunstanciadaaos geógrafosdeoutros paísesque de algurn modo exerceramactividade científica emPortugal.No quetocaaGeografiaHumanaosseuscontríbutossitosigni-ficativos, tanto no que respeitaás inovagoesteóricase metodológicas,como ás temáticas.Nito deixaremos,entretanto,de mencionartrés no-mes que concíliararn o ensine na universidade portuguesacom ainvestigagitosobretemasdeGeografíadePortugal:Míchel Dram, queen-sínou na Uníversidadede Coimbrae que, entreoutros trabalbes,publí-

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cou recentementeum estudo sobre a Reforma Agrária Portuguesa(Dram, 1982); Bedo Freund foi professorvisitante na UniversidadedeLisboa e tem dedicadomuito do seulabor científico á análísede proble-masportugueses(porexemplo,Freund, 1970; 1979); por último, maisre-centemente,Chris Jensen-Butíertem vindo a ministrar nosúltimos anosum semináriono Mestrado de GeografíaHumanae PlaneamentoRe-gional e Local, da Universidadede Lisboa,aemesmotempoquetemleva-do a cabovários estudosern colaboragitocern geógrafosportugueses(porexemplo,Ferritoe Jensen-Butíer,1984;1986;Gaspar,Jensen-ButíereJeppensen,1986),mantendoalgunsem curse.

Ao mesmotempoquepermaneceme se revitalizamlínhasmaisen me-nos tradicionais de investiga9ito em GeografíaHumana, da GeografíaHistórica á Geografíado Comportarnentoespago-temporal,outrasfren-tes setém vindo a abrir, algumasjá cern resultados,outrasaindanumafase inicial: basesde dadospara o planeamentoregional; estudospros-pectivossobreaocupaqitoeorganízagitodo terrítório; papeldesserví9osno desenvolvimentoregional; telecornunicagáese organizagáodo territó-río.

3 GEoGRAFÍA REGIoNAL

Trabalhoscomo osde G. Pery (1875)eH. BarrosGomes(1878), atráscitados,assinalamosprirnórdios dumaverdadeirainvestiga~ito de geo-grafía regional do país.Semesquecé-los,nema ontros contributoscon-ternporáneosou anteriores,mais incipientes, de ámbito espacialva-ríável, teráde reconhecer-seque sódepoisde introduzídeem Portugaloensino da Geografíano nivel superior, seregístao impulso decisivo,oqual se deve, naturalmente,aos primeiros professoresuniversítáriosportuguesesdaquelamatéria; juntam-se-lhesdepois geógrafos estran-geirosque,entrenós,procederama investigagóes.

A escalado país,circunstánciasacídentaislevaramá elaboraQitodebreves sínteses,por partede Silva Telles, de Lisboa, e de A. FerrazdeCarvalho, de Coimbra: o prímeire colaborennas obrascolectivasqueacompanharamas exposñóesnacionaisdo Río de Janeiro(1908)e de Se-vílha (1929); o segundo, nurna Geografia Universal, editada emBarcelona(1929).Entretanto, o prímeiro traballio desenvolvidosobreageografíade Portugalé do alemito 14. Lant’ensach(2 veIs., 1932-37),atrásmencionado;nestaobra, elaboradasegundométodosmodernos,o prí-meiro volume trata do paísno sen conjunto,focandoosdiversostemasgeográficos,eo segundo,da divisito regionaLPeucodepois,e daautoríade Amorím Girito, apareceuoutro livro desenvolvidosobre Portugal(1941). Apresentam-secern índole diferentee menoresdirnensñeso ma-gistral ensajode síntesede O. Ribeiro, tambémreferido, mais ligado áGeografíaHumana(1945),no qual seanalisamasinfluénciasgeográficas

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presentesern Portugal,e o livro de P. Birot (1950), condensado,sólido,dandogranderelevo á parte regional. Finalmente,foi ainda O. Ribeiroquem,háurnatrintena de anos,publicouaúltirna geografiadePortugaldesenvolvidade que dispomos(1955), trabalhoqueconstituí um marcofundamentalno conhecimentodo país.Depois,enquantoestasobrassedesactualízavamem parte(na realidade,elasretratamum estadorural,em largamedidaapoiadonassuas colónias,de urbanizagitomuito inci-piente,quejá nito correspondeárealidade),aspríncípaisreferéncíasglo-baisá geografíado nossopaísapareceramapenascm trabalhosdeámbi-te mais geral, designadamentesobrea PenínsulaIbérica, tarnbémnitomuito recentes.

Os estudosde GeografíaRegional de conteúdomaisrestríto tiveramdesenvolvimentoprecocena activídadecientífica ligadaá Universidade.O primeiro com carácterverdadeirarnentecientífico foí tambéma prí-meira díssertaváoportuguesade deutoramento(Gírito, 1922). Resultouum trabalhobernestruturado,segundoosmoldesclássícoscorrentesnaépoca,nito obstanteo inconvenientedo quadro territorial escolhido—umabacíahidrográfica—que,depoisdehaverconhecidocertayoga,jánito seconsiderava,naaltura, o maisapropríadoparainvestiga9óesdes-ta índole(expostapor PhilippeHuachecm meadosdo séc. XVIII, ateoriadasbaciasfluvíais foí difundida em FranQapelo ensínoaté fins do sec.XIX). Mas Girite insistin até tarde nos seus méritos (1953) e, sob ainfínéncíadele, entresestudosdo mesmogéneroacabararnpor apare-cer, desígnadamenteo de A. FernandesMartíns (1940), sobrea bacíadoMondege,desenvolvidoe cern observagóesvaliosas,sobretudona partede geografíahumana.Assinale-seainda aquí o livro de Gírito sobre aserradoMenternuro<1940).

Entretanto,asduasdíssertagóesde doutoramentoqueseseguíramádesteúltimo autor foram de novetrabalhosde GeografíaRegional:adeY. Taborda (1932) é urna aná]ise de Alto Trás-os-Montes,rica deinformagito e equilibradano tratarnentodostemas; o «esbogogeográfi-co» sobreaArrábída, de O. Ríbeiro (1935), concedesobretudoaten9itoágeografía física, cern um complementodemasiadobreve relativo itocnpatitehumana,o quesedeveem boaparteáscaracterísticasdaáreaestudada;o autor actualizonbastantedepois o assunte,seba forma denoticia dumaexcursitode estudo(1968a).

E, apartir do come.odosanos40, torna-semuiteescassaabibliogra-fía respeitanteit geografiaregionaldo território continental,pelomenosnosmoldeshabituaisde tratamentedosvários aspectosfísicos ehuma-nos,aíndaquenito necessariarnentecernperfeito equilibrio. O Congres-soInternacionaldeGeografía,reunidoem Lisboa,cm 1949,deuorigemitelabora~ito de valiosos lívros-guías de excursóesque, embora cern osseusplanos subordinadosaositinerários daquelase relativosa espaQosmais ou menosheterogéneos,dito urna bela irnagemda díversídadere-gional do país(1. Días; M. Ecio; A. F. Martins; Y. Rau e G. Zbyszewski;O.

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Ríbeiro: todas as referéncíasse reportarna 1949 e há reimpressóesre-centesdo segundoe de último livros). Entre os raros trabalhosposte-riores, mencione-seo estudodo Algarve elaboradopor um geógrafoita-liano, ende é sensívela infínéncia metodológícade O. Ríbeiro (Ferro,1956). Porentro lado,deveaindaacrescentar-se(paraalémdasque 1 ígu-ram em obrasgerais)apropostade divisito regionalapresentadapor Gí-rito (1933),onde aíndaboje seencontramdiversasobserva~óescom inte-resse;mais modernamente,outro geógrafo, J. Gaspar,colaborou nurngrupo interdíscíplínar que apresentonurn projecto de regionalizagito(Mínistério da Adminístra~itoInterna,1976).

Os geógrafosportugueses,ou que trabalhamsobrePortugal, témop-tado nosúltimos tempos,conforme se dísse atrás,por ínvestíga~óesdefeí~ito mais on menosespecializada,emberapor vezescm quadresre-gionais,dequeconsíderamaspectosdiversos.É, em parte,o próprio con-ceito de GeografíaRegionalque estarátalvez cm causa,pelo menostalcometem sido apresentadocorrentementee se entende,aliás,nestaspá-ginas.De qualquerforma, devesublinhar-seestaprecocefalta de eonti-nuidadeduma linha de estudosde GeografiaRegional(no sen sentidoclássico),relativos ao Continente,facto que atécerto pontosurpreende,devidoit infínénciapredominanteexercidacm Portugalpeíaescolafran-cesa,tal como fícon definida nos comegosdo século(ínfluéncia quesemanteveaté bem tarde), a qual se apresentavabastanteligada áquelalinha. Como explicayite, baveráque tomar em coma o escassíssimonú-mero de geógrafosportuguesesaté aes anos 60, para mais solicitadostambémpeíainvestígagitonaMadeira,nosA9oresenasantígascolónias:quando aqnele número se alargen, foram já estudos temáticos queatraíramesinvestigadores.

Aliás, o mesmoacontecenno que se refere ás colóniassituadascmáreascontinentais,comexcepgitede trabalbosde dimensitodiversa,rela-tivos a deis desmaispequenesterritóries: um artigo de O. Ribeiro (1952)sobreaGuiné e urn livre de R. 5. deBrito (1966)sobreGoa,Damito e Diu,esteúltimo publicado quandojá nito se exercia admínístragitoportu-guesaem nenhumaáreadaIndia.

A verdade,porém,é queum dosmaisfecundosrurnosdeinvestigaQitoda escolageográficade Lisboa foi o estudode diversasilbas, encaradoem termosmonográficos.Tudo comegoucerna prepara9itodumadasex-cursóesdo já referido CongressoInternacionalde Geografiade 1949, aqual tevepor obiectoaMadeira; O. Ribeire optoupeíaelaboraqitedumaverdadeiramonografíada ilba, em vezdo livro-guía segundoo itinerário,quehaviasidoadoptadoparaostrabalbosde campono Continente(1949a; versito portuguesa,1985). 0 estudoda erupgáoocorrida no Fogo em1951 denaomesmoautoraoportunídadedeelaborara monografíadestadha(1954), enquanto,influenciadapelo livre sobrea Madeira,conformeexpressamenteafirma, R. 8. de Bríto dedicon a 5. Miguel a suadissertayite de deutoramento(1955). Seguíram-seos trabalhes de F.

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Tenreiro sobre 5. Tomé(1961) e de 1. do Amaral sobreSantiago(1964),tambémdissertaqóesde deutoramento,eos de C. A. MedeirossobreoCorvo (1967) e A. B. Ferreiras¿brea Graciosa(1968), estesdeis últimosdisserta~óesde licenciatura, revistaspelos autoresantesda publícaQitodefinitiva. Entretanto,R. 5. deBríto escreveutambémurn artigo sobreoPríncipe (1967) e, pouco depois, aparecíaurna primeira tentativa desíntesede todosestesestudos,no querespeitaá ocupa~itohumana(C. A.Medeiros, 1969). Aliás, é correntea análisedo ambientefísico aparecernelesalígeirada,como dadopreliminar a tomar em conta, o quenosle-vou a consideraratráso lívro de F. Tenreiromaiscomo urnaobrade geo-grafia humana; mesmo assim, deve assinalar-senaignos casos uroesforgono sentidodedardesenvolvimentoaosternasde geografíafísica.

De qualquerforma, sito de tal modo acentuadosos progressosnainvestígayitodosdiversosramosda geografía,comutilizagito detécnicase métodosde análísecadavez maissofisticados,que setorna realmentedifícil conseguirum justo equilibrio, tomandoem consideragitoaquelesprogressos.Talvezempartepor isgomesmo,resultou umtanto ou quan-te frustrantea tentativarecentede J. G. Fernandes»no sentidode reto-mar estalinha de estudosinsulares,cern uma monografíasobrea Ter-ceira(1985),apresentada,denovo, cornodisserta9itode doutoramento.

A partir daquí, poderíarnosretomar as consíderagñesatrásexpres-sas,e que nito cabedesenvolverpor agora, quantoao ámbito e ao con-teúdo da própria GeografíaRegional,cujasvirtualidadesestitolonge deseconsiderarextintas.

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