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NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA
INFANTIL
Goiânia-GO
2014
PONTIFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁSA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE NUTRIÇÃO
NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA
INFANTIL
por
ALUNA: LARISSA FERRAZ CAMARGO
PERÍODO: 4º PERÍODO
Agradecimento
Ao nutricionista Marcos Vidal Martins, pela atenção e disponibilidade de me ajudar
na elaboração desse trabalho. A minha mãe por ter me orientado e cedido algumas horas do seu precioso tempo para me
ajudar na pesquisa.. A todos os que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização desta pesquisa.
RESUMO
O câncer é uma doença catabólica, em que o tumor maligno atua de forma a
consumir as reservas nutricionais do hospedeiro, levando ao prejuízo nutricional.
Considera-se como câncer na infância toda neoplasia maligna que afeta a indivíduos
menores de 15 anos. É necessário conferir especial importância a uma boa alimentação
durante essa fase, especialmente porque um regime alimentar adequado pode permitir
que a criança tolere melhor a quimioterapia ou a radiação e acuse menor quantidade de
efeitos secundários, seja curada, cresça e se desenvolva e melhore sua qualidade de
vida. O acompanhamento do paciente pediátrico em cuidados paliativos deve ser
individualizado e realizado por equipe interdisciplinar especializada, com o objetivo de
aliviar os sintomas e promover o prazer e a qualidade de vida. Há várias evidências de
que a alimentação tem um papel importante nos estágios de iniciação, promoção e
propagação do câncer, destacando-se entre outros fatores de risco.
Palavras-chave: câncer, criança, nutrição, terapia nutricional.
ABSTRACT
Cancer is a catabolic illness, where a malignant tumor acts in the way to
consume the host nutritional reserves, leading to nutritional loss. It is considered as a
childhood cancer all malignant neoplasy that affects individuals younger than 15 years.
It needs to give special importance to a good nutrition during this phase, especially
because a proper diet can allow the child to better stand for chemotherapy or radiation
and accuse fewer side effects, be healed, grow and develop and improve their quality of
life. The monitoring of pediatric palliative care must be individualized and carried out
by a multidisciplinary specialized team in order to relieve the symptoms and promote
the enjoyment and quality of life. There are a lot of evidence that feeding plays an
important role in the stages of initiation, promotion and spread of cancer, especially
among other risk factors.
Keywords: cancer, child, nutrition, nutritional therapy.
1. CÂNCER
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em
comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e
órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se
rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando
a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por
outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células
que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente
constituindo um risco de vida13.
É uma doença catabólica, em que o tumor maligno atua de forma a consumir as
reservas nutricionais do hospedeiro, levando ao prejuízo nutricional, e é um importante
problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo
responsável por mais de seis milhões de óbitos a cada ano, representando cerca de 12%
de todas as causas de morte no mundo7,9.
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao
organismo, estando ambas interrelacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio
ambiente (80% a 90% dos cânceres) e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente
social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-
determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões
externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a
probabilidade de transformações malignas nas células normais. Os tipos de câncer que
se relacionam aos hábitos alimentares ainda figuram entre as seis primeiras causas de
mortalidade por câncer no Brasil13,17.
1.1 O que é Quimioterapia?
É um tipo de tratamento em que se utilizam medicamentos para combater o
câncer. Os medicamentos, em sua maioria, são aplicados na veia, podendo também ser
dados por via oral, intramuscular subcutânea, tópica e intratecal (pela espinha dorsal).
Estes medicamentos se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo,
destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo, também, que se
espalhem pelo corpo16.
1.2 O que é radioterapia?
A radioterapia é um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes (raio-x,
por exemplo), que são um tipo de energia, para destruir ou impedir que as células do
tumor aumentem14.
2. PACIENTE ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO
Considera-se como câncer na infância toda neoplasia maligna que afeta a
indivíduos menores de 15 anos. O câncer infanto-juvenil no Brasil é considerado raro,
representando de 2% a 3% de todos os tumores malignos. A sua taxa de incidência na
infância vem crescendo em torno de 1% ao ano1,2,12,13.
O câncer infantil já é considerado, atualmente, uma doença potencialmente
curável. Entretanto, apesar dos notáveis progressos verificados nas últimas décadas, há
ainda um grande número de pacientes que não consegue obter a cura e necessita de
cuidados paliativos na fase final de sua doença. Os cuidados paliativos compreendem
um conjunto de medidas que enfatiza o cuidar global do paciente, quando este não
apresenta mais possibilidades terapêuticas de cura4.
O universo do cuidar é mais abrangente do que o de curar. Sob esta ótica, os
cuidados paliativos têm como objetivo atingir o máximo bem-estar físico, psíquico e
social, fornecendo melhor qualidade de vida ao indivíduo e sua família. Por este motivo,
o enfoque maior é dado ao controle da dor, sofrimento e melhora dos sintomas, e não
em restabelecer a saúde integralmente. As necessidades de higiene e nutrição são
valorizadas e oferecidas, pois também são partes do tratamento4.
O câncer infanto-juvenil se apresenta de forma bem diferente daquele que
acomete os adultos (etiologia, histologia, evolução e resposta ao tratamento), tornando a
prevenção e o diagnóstico precoce mais difícil4.
O tratamento, que é a principal estratégia contra o câncer em pacientes
pediátricos, deve ser realizado por equipe multiprofissional (médicos, enfermeiras,
nutricionistas, fisioterapeutas, além de apoio psicológico, social e espiritual) em
instituições especializadas, garantindo maior sobrevida com o mínimo de efeitos
colaterais. No caso da criança, sua família também deve ser incluída nesta abordagem
multidisciplinar4.
O câncer pediátrico acomete mais a criança em idade pré-escolar, com idade
média de cinco anos. As crianças portadoras de câncer geralmente apresentam
inapetência que pode levar a desnutrição protéico-calórica ao diagnóstico ou após o
início do tratamento. A desnutrição em crianças com câncer é clinicamente manifestada
por perda de peso, anorexia e ingestão alimentar inadequada. Ela correlaciona-se com
maior número de infecções, menor resposta terapêutica, maior probabilidade de
recidivas e menores taxas de sobrevida. O grau de desnutrição também está relacionado
ao tipo de câncer, extensão da doença e tratamento estabelecido. O estresse da
internação e a separação da família são outros fatores que podem levar o paciente
pediátrico ao risco nutricional3,4,20.
O metabolismo proteico se encontra alterado em pacientes com câncer. As
necessidades de energia e nutrientes para crianças variam de acordo com a faixa etária,
sexo, peso e estatura e devem permitir um crescimento e desenvolvimento adequados e
a manutenção de um bom estado de saúde4 (Quadro 2).
A nutrição, portanto, deve ter como objetivo oferecer substratos visando manter
ou minimizar as perdas nutricionais comuns nesta população, mas sobretudo
proporcionar conforto emocional, alívio dos sintomas, prazer, auxiliar na diminuição da
ansiedade, aumentar a autoestima e independência, além de permitir maior comunicação
com seus familiares, devendo ser adequada aos hábitos e às condições clínicas da
criança, sempre que possível4.
3. COMO LIDAR COM OS EFEITOS COLATERAIS
Os efeitos adversos causados pela quimioterapia e radioterapia incluem náuseas,
vômitos, mucosites, anorexia, entre outros4.
Por essa razão, é necessário conferir especial importância a uma boa alimentação
durante essa fase, especialmente porque um regime alimentar adequado pode permitir
que a criança tolere melhor a quimioterapia ou a radiação e acuse menor quantidade de
efeitos secundários, seja curada, cresça e se desenvolva e melhore sua qualidade de
vida1.
Os suplementos orais líquidos à base de leite são os suplementos de maior
aceitabilidade, levando em consideração a alteração de paladar nos pacientes em
quimioterapia. Adotando o uso diário de suplementos observa-se um aumento na
adequação das recomendações nutricionais11.
A criança com câncer tem maior necessidade de ingerir as calorias e proteínas
necessárias para o crescimento e para ajudar o organismo no processo de cura. Se o
menor não consegue ingerir as calorias e proteínas necessárias, o médico ou o
nutricionista sugerirão que lhe sejam oferecidos alimentos com alto teor calórico e
protéico, como ovos, leite, pasta de amendoim e queijo. Em certas ocasiões, e mesmo
que se trate de alimentos com alto teor calórico e protéico, as crianças com câncer
podem não ter desejo de comer. Nesse caso, é possível que se deva recorrer à
alimentação por sonda, para ajudar a criança a nutrir-se adequadamente e assim evitar
um quadro de desnutrição1.
Ocorre também que crianças nessas condições necessitam de nutrição parenteral
total (total parenteral nutrition, TPN) para complementar suas necessidades nutricionais.
A TPN é uma mistura especial de glicose, proteínas, gordura, vitaminas e minerais que
é administrada por via endovenosa (IV). Muitos chamam a esse procedimento
“alimentação endovenosa”. A TPN proporciona à criança os nutrientes necessários
quando ela é incapaz de ingeri-los ou absorvê-los diretamente dos alimentos1.
Sugestões práticas para lidar com os efeitos colaterais do tratamento, que
possam afetar seus hábitos alimentares3:
Queda do cabelo: a queda do cabelo pode ser total ou parcial e leva geralmente de 14 a
21 dias16.
Prisão de ventre: ocorre quando há dificuldade de evacuar e/ou quando há retenção de
fezes por vários dias. Recomenda-se optar por alimentos ricos em fibras como laranja,
mamão, ameixa, uva, vegetais e cereais integrais e beber mais líquidos (água, sucos,
refrescos, por exemplo)16.
Feridas na boca: a quimioterapia pode provocar o aparecimento de feridas parecidas
com aftas na boca, estômago e intestino. Recomenda-se evitar alimentos ácidos,
condimentados, de consistência dura e quente, alimentos picantes ou salgados,
alimentos ásperos, secos e de textura grossa (verduras cruas, biscoitos salgados,
torradas), dar preferência aos alimentos gelados, líquidos e pastosos15,16.
Hiperpigmentação: alguns remédios utilizados no tratamento quimioterápico podem
causar escurecimento da pele quando exposta aos raios solares, principalmente nas
dobras das articulações, nas unhas e no trajeto das veias16.
Anemia: os remédios usados para combater as células doentes também destroem
algumas das células sadias do nosso organismo. Algumas das células mais afetadas são
as do sangue. Recomenda-se manter uma dieta saudável, rica em legumes, verduras,
frutas e cereais e pobre em gorduras15,16.
Perda de apetite: O tratamento do câncer infantil utiliza algumas drogas que levam a
alterações do apetite devido a efeitos colaterais da droga no sistema digestivo; uma das
queixas sugeridas na literatura que levam a alterações do apetite é a mucosite que pode
agredir desde a boca até o ânus. Essa mucosite pode vir a comprometer a ingestão
alimentar levando a criança a comer menos do que sua necessidade e a rejeitar certos
alimentos que incomodem, além do que compromete também a comunicação. Ofereça-
lhe comidas e refeições ligeiras com alto teor calórico e protéico1,15,20.
Foi feito um estudo em Florianópolis com o objetivo de constatar alterações no apetite
de crianças que estão em tratamento quimioterápico, e foram obtidos os seguintes
resultados: 37% das crianças atendidas, ao passo que 63% não relataram nenhuma
alteração no apetite.
Dor na boca ou na garganta: a radioterapia e os medicamentos podem causar dores na
boca, gengivas ou na garganta, devido ao surgimento de aftas. Alguns cuidados
especiais poderão facilitar o ato de comer: evite alimentos ácidos, picantes, muito
condimentados ou salgados, prefira alimentos fáceis de mastigar e engolir (purê, suflê,
mingau, pudim, gelatina etc)1,3,16.
Mudança nas sensações de olfato e paladar: as sensações de olfato e paladar podem
mudar durante o período de doença ou tratamento. Devido a uma condição a que se dá o
nome de ageusia (perda ou enfraquecimento da sensação gustativa), os alimentos
podem parecer ter gosto amargo ou metálico, especialmente a carne ou outros alimentos
ricos em proteínas. Outros parecerão ter menos sabor. A quimioterapia, a radioterapia
ou o próprio câncer podem causar esses problemas3.
Náuseas e vômitos: a náusea, com ou sem vômito, é um efeito colateral comum da
quimioterapia e da radioterapia. Seja qual for a causa, ela poderá impedir a ingestão
suficiente de alimentos e dos nutrientes necessários. Evite frituras e alimentos
gordurosos, chupar gelo pode ajudar a diminuir o enjôo, beba sucos ou chupe picolés de
frutas cítricas, como limão3.
Diarreia: ela pode ser causada pela quimioterapia, radioterapia da barriga, infecção ou
sensibilidade a certos alimentos. Procure ingerir alimentos como banana, água de coco,
chuchu, cará, pois eles ajudam a controlar ou evitar a diarreia. Evite frituras e alimentos
gordurosos, verduras, mamão, laranja, ameixa e aveia, condimentos fortes como
pimenta, além do leite e seus derivados; evite alimentos açucarados como chocolates;
evite os alimentos com alto teor de fibras, inclusive os seguintes: nozes e sementes,
grãos integrais, feijão e ervilhas secas, frutas e verduras cruas1,3,15,16.
Constipação: alguns medicamentos contra o câncer e outros (como os analgésicos)
podem causar constipação. Esse problema também pode ocorrer quando o regime
alimentar é carente de líquidos ou de volume, ou então quando o paciente fica muito
tempo acamado. Coma alimentos fibrosos: como pão integral, cereais e macarrão; frutas
frescas e verduras; feijão e ervilha; grãos integrais, como cevada ou arroz. Coma frutas
e batatas com casca1,3,15.
Ganho de peso: às vezes, os pacientes engordam durante o tratamento, mesmo sem
ingerirem calorias em excesso. O peso extra é constituído por água, e não significa que
você está comendo demais. Se o medicamento contra o câncer estiver provocando a
retenção de água, o médico poderá pedir-lhe que consulte um nutricionista. Este poderá
ensinar-lhe como
diminuir a ingestão de sal, o que é importante, porque o sal provoca a retenção de mais
água pelo organismo3.
Cáries: o câncer e o seu tratamento podem causar cáries e outros problemas dentários e
gengivais. As mudanças nos hábitos alimentares também podem agravar esse problema.
Evite ingerir alimentos que grudem nos dentes, tais como caramelo ou balas puxa-
puxa3.
Intolerância à lactose: “intolerância à lactose” significa que o organismo não consegue
digerir ou absorver o açúcar existente no leite, chamado lactose. A lactose também está
presente em laticínios e em alimentos que contêm leite3.
A intolerância à lactose pode ocorrer após tratamento com certos antibióticos, com a
radiação no estômago ou com qualquer tratamento que afete o tubo digestivo. Isto
porque a parte do intestino que decompõe a lactose pode ter deixado de funcionar
devidamente durante o tratamento. Em algumas pessoas, poderá ser necessária uma
mudança permanente nos hábitos alimentares3.
Se o leite é uma das principais fontes de proteínas do seu regime alimentar, será
necessário passar a obter essas proteínas de outros alimentos. Certos produtos à base de
soja e os queijos meia-cura ou curados são boas fontes de proteínas e de outros
nutrientes. Também existem leites com pouca lactose, que você pode experimentar, ou
então utilizar certos preparados que ajudam a decompor a lactose presente no leite e em
outros laticínios3.
4. PAPEL DO NUTRICIONISTA
No tratamento do câncer o trabalho do nutricionista tem como objetivo prevenir
e tratar a desnutrição, promover o crescimento e o desenvolvimento normal da criança,
melhorar a resposta imunológica, aumentar a tolerância do paciente ao tratamento e
melhorar a sua qualidade de vida, diminuindo com isso os efeitos nocivos à saúde. A
intervenção nutricional é importante em qualquer etapa do tratamento, porém é mais
eficaz quando iniciada ao diagnóstico. O principal objetivo da terapia nutricional (TN)
em crianças em risco nutricional ou desnutridas submetidas à quimio e/ou radioterapia é
oferecer energia, fluidos e nutrientes em quantidades adequadas para manter as funções
vitais e a homeostase4.
Várias são as possibilidades de administração da TN, desde a terapia nutricional
enteral (TNE - nutricionista, médico e enfermeiro) via oral ou via sonda até a TN via
parenteral (farmacêutico, médico e enfermeiro), sendo esta última somente indicada na
vigência da impossibilidade total ou parcial do uso do trato gastrointestinal. A TNE via
oral (nutricionista) é a mais recomendada e deve ser a primeira opção quando a ingestão
alimentar for menor do que 75% das recomendações em até cinco dias consecutivos. A
TNE via sonda deve ser considerado mediante a impossibilidade da utilização da via
oral ou na presença de ingestão alimentar inadequada (menor do que 60% das
recomendações por até cinco dias consecutivos), sem expectativa de melhora da
ingestão4.
A atuação do nutricionista é ampla e deve estar presente em todas as fases do
tratamento curativo e paliativo do paciente oncológico pediátrico, incluindo avaliação
nutricional (AN), cálculo das necessidades nutricionais, instituição da terapia
nutricional (TN) e acompanhamento ambulatorial. Devido ao crescimento contínuo da
criança, a AN periódica permite que os problemas sejam detectados e tratados
precocemente. As necessidades energética, protéica e hídrica para crianças variam de
acordo com a faixa etária. A TN adequada minimiza os efeitos debilitantes da doença e
aumenta a ingestão oral, promovendo melhora do estado nutricional4.
O acompanhamento do paciente pediátrico em cuidados paliativos deve ser
individualizado e realizado por equipe interdisciplinar especializada, com o objetivo de
aliviar
os sintomas e promover o prazer e a qualidade de vida. Embora seja de primeira ordem
o papel da nutrição na atenção global à criança, só recentemente ela tem sido
reconhecida como parte integrante do complexo multidisciplinar que envolve a
abordagem do pequeno paciente portador de neoplasia maligna4,10.
Mesmo com necessidades nutricionais aumentadas, as recomendações de
nutrientes para criança com câncer são as mesmas das crianças saudáveis. O
acompanhamento através de controle de ingestão alimentar deve ser realizado para
verificar se as necessidades nutricionais estão sendo atingidas. A escolha de uma dieta
adequada e seu monitoramento é imprescindível, para se evitar a superalimentação e
suas conseqüências indesejáveis4.
4.1 Suporte emocional, suspensão do tratamento e alívio da dor
Um dos aspectos mais importantes durante o tratamento da terapia intensiva é o
suporte emocional e psicológico para a criança e os seus familiares, assim como atenção
direcionada ao alívio da dor. A criança mais velha, com maior capacidade cognitiva,
deve ser informada sobre a sua doença de forma sincera e dentro de seus limites de
compreensão. Oferecer espaço para conversa e expressão de sentimentos de medo e
angústia aumentam a relação de confiança entre médico, paciente e familiares18.
As decisões são tomadas conjuntamente com a família, respeitando-se os
princípios básicos de autonomia, beneficência e não maleficiência. Na criança menor, as
decisões são tomadas pelos pais, mas a situação é mais complicada nos casos de
adolescentes. Devem ser respeitados os princípios de ética, assim como os aspectos
espirituais e religiosos da família18.
O controle adequado da dor constitui etapa importante do tratamento, não só
devido ao aspecto humanitário, mas também a todas as repercussões deletérias que o
estímulo doloroso causa sobre o sistema hormonal, cardiovascular e imunológico,
comprometendo ainda mais a homeostase das funções orgânicas. Unidades de terapia
intensiva que admitem crianças com câncer devem possuir apoio de psicólogos com
experiência neste tipo de situação18.
5. ALIMENTAÇÃO COMO FATOR DE RISCO E PREVENÇÃO DO CÂNCER
Há várias evidências de que a alimentação tem um papel importante nos estágios
de
iniciação, promoção e propagação do câncer, destacando-se entre outros fatores de
risco5.
Acredita-se que uma dieta adequada poderia prevenir de três a quatro milhões de
casos novos de cânceres a cada ano. Relatos de estudos epidemiológicos observacionais
têm evidenciado que a ingestão de micronutrientes, tais como vitaminas e minerais,
pode prevenir alguns tipos de câncer. Dentre os micronutrientes tem-se focalizado o uso
da vitamina A e dos denominados antioxidantes, ou seja, os carotenóides, as vitaminas
C e E, e em alguns casos, o selênio e o zinco5,19.
Nos estudos que envolvem câncer e dieta em diversas populações, um dos temas
mais discutidos é a existência de uma diferença na incidência das várias formas de
câncer, que pode estar relacionada às variações na ingestão de determinados
componentes da dieta5.
5.1 Qual tipo de alimento necessário?
Uma boa regra é ingerir vários alimentos diferentes todos os dias. Nenhum
alimento ou grupo de alimentos contém todos os nutrientes necessários. Para manter o
vigor do organismo, a dieta deve conter porções diárias dos seguintes grupos de
alimentos3:
• Frutas e vegetais: as frutas e as hortaliças têm assumido posição de destaque
nos estudos que envolvem a prevenção do câncer. Estudos destacaram as evidências
epidemiológicas de que o consumo de frutas e hortaliças tem um efeito protetor contra
diversas formas de câncer. Verduras cruas ou cozidas, frutas e sucos de frutas são fontes
de algumas vitaminas (como A e C) e de sais minerais necessários ao organismo3.
• Alimentos protéicos: as proteínas contribuem para a regeneração do organismo e o
combate às infecções. Carnes em geral, peixes, aves, ovos, leite, iogurte e queijo
fornecem não só proteínas como também muitas vitaminas e sais minerais3.
• Cereais: os cereais, tanto in natura quanto os presentes no pão, nas massas e arroz,
fornecem vários carboidratos e vitamina B. Os carboidratos são uma ótima fonte de
energia, sendo necessários para que o organismo funcione bem3.
• Laticínios: o leite e seus derivados fornecem proteínas e muitas vitaminas,
constituindo a melhor fonte de cálcio. Dependendo do tipo de tratamento que você está
recebendo e do modo como se sente, é provável que você precise de mais calorias e de
mais proteínas, que podem ser obtidas com a ingestão de carnes e laticínios. O médico
ou o nutricionista também podem sugerir a inclusão na dieta de suplementos
alimentares comercializados, para garantir a ingestão de quantidade suficiente de
proteínas, calorias e outros nutrientes durante o tratamento3.
5.2 Preparo, conservação e armazenamento de alimentos
Outros aspectos a serem considerados na prevenção do câncer, são os métodos
de preparo e conservação dos alimentos, visto que ambos, quando adotados, podem
colaborar de forma direta ou indireta no desenvolvimento de certos tipos de neoplasias5.
O emprego inadequado de alguns métodos de conservação de alimentos é fator
de risco, principalmente, para os cânceres de estômago e esôfago - como conservas,
picles e defumados, contendo grande quantidade de nitratos e nitritos - quando são
consumidos rotineiramente, como hábito alimentar do indivíduo5.
Preparar as carnes com temperaturas elevadas, produzindo um suco queimado,
ou expor a carne diretamente ao fogo, como durante o preparo do churrasco, tem sido
desaconselhado pela World Cancer Research Fund, por produzir componentes
carcinogênicos na superfície do alimento e aumentar o risco de câncer do estômago5.
O óleo de peixe, quando exposto ao ar, à luz ou ao calor sofre uma rápida
degradação devido a peroxidação lipídica e a outras alterações químicas. Como
alimento conservado, para ser consumido vários dias após o processo, pode apresentar
redução nas concentrações de ácidos graxos poliinsaturados-PUFAs da família ômega 3,
que é um fator protetor contra o câncer. Além disso, o alimento conservado possui
vários tipos de contaminantes (aditivos alimentares e resíduos químicos da agricultura),
que poderiam ter efeito carcinogênico5.
Quanto aos alimentos, outro aspecto importante é o processo de armazenamento.
Este deve ser adequado para prevenir o desenvolvimento de certos tipos de fungos que
produzem a aflatoxina, uma substância altamente carcinogênica, sendo apontada como
um dos fatores de risco para o desenvolvimento de tumores hepáticos5.
Conclusão
Com o estudo realizado, percebe-se que o câncer em crianças cresce anualmente.
É uma doença bastante influenciada pelo tipo de alimentação que o paciente possui,
uma dieta adequada poderia prevenir milhões de casos de cânceres.
O papel do nutricionista é de fundamental importância para estabilizar o quadro
do paciente oncológico, juntamente com outros profissionais da saúde, necessitando de
um suporte emocional e psicológico para a criança e os seus familiares.
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