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ANO III - N O 13 - nov/2012 - R$3 lcligacomunista.blogspot.com - [email protected] Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil Orgão de propaganda da Liga Comunista O Bolchevique DA PALESTINA A PARAISÓPOLIS + Buenos Aires - Derrotar a direita, CFK e os pelegos! + Polêmica contra os defensores da “Revolução democrática” na Líbia (Resposta do CLQI ao RCIT) + Ato nacional contra o extermínio dos Guaranis e Kaiowas pelo agronegócio, STF, Dilma e o PT! A base material reacionária do gradualismo sem rupturas em todo processo político brasileiro É preciso acabar com o capitalismo para livrar a humanidade do racismo! A insustentável leveza dos partidos burgueses e a necessidade de um forte partido trotskista operário no país ENCARTE: A importância da luta teórico-ideológica nos professores - contribuição da LC à V Conferência Educacional da Apeoesp + Londres - Com os mineiros sul africanos, contra a mineradora inglesa e a burocracia laborista

O Bolchevique # 13

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Jornal da Liga Comunista

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O Bolchevique No13 - novembro de 2012 1

ANO III - NO13 - nov/2012 - R$3

lcligacomunista.blogspot.com - [email protected]

Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil

Orgão de propaganda da Liga Comunista

O Bolchevique

Da Palestina a ParaisóPolis

+ Buenos Aires - Derrotar a direita, CFK e os pelegos!

+ Polêmica contra os defensores da “Revolução democrática” na Líbia (Resposta do CLQI ao RCIT)

+ Ato nacional contra o extermínio dos Guaranis e Kaiowas pelo agronegócio, STF, Dilma e o PT!

A base material reacionáriado gradualismo sem rupturasem todo processo político brasileiro

É preciso acabar com o capitalismopara livrar a humanidade do racismo!

A insustentável leveza dos partidosburgueses e a necessidade de um forte partido trotskista operário no país

encarte: A importância da luta teórico-ideológica nos professores - contribuição da LC à V Conferência Educacional da Apeoesp

+ Londres - Com os mineiros sul africanos, contra a mineradora inglesa e a burocracia laborista

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2 O Bolchevique No13 - novembro de 2012

É bem sabido que o Brasil não possui tradição de partidos políticos. Como uma serpente que muda de pele, a cada 40 anos a burguesia reno-va 100% de suas principais agremiações. Este

não é um padrão burguês mundial, mas uma característi-ca nacional. Nesta questão, o Brasil é diferente dos EUA, Inglaterra, França, Argentina, Índia ou México.

A inconsistência dos partidos políticos burgueses é uma característica típica do modo de conservação do poder pela classe dominante do Brasil, fenômeno que se combina com outro, a falta de processos de ruptura mesmo nos marcos capitalistas, como revoluções vito-riosas (Inglaterra, França, EUA,) ou abortadas (países semi-coloniais).

Acontecimentos como a independência, a instauração da república, o fim da escravidão, a mudança de regimes ditatoriais para regimes democráticos não aconteceram sem rupturas nos outros países 1. No entanto, no Brasil todos estes processos se deram de forma “lenta, gradual, segura e sem revanchismos” 2.

Todos os movimentos regionais de descontentamento popular que entram em conflito com o domínio estabe-lecido (Quilombos, Canudos, Revolta da Chibata, etc.) foram sufocados pela repressão física. Posteriormente, sem que as contradições sejam resolvidas, a revolta é mantida em estado latente pela cooptação das direções remanescentes e por uma apresentação falsificada do atendimento das demandas pela via do gradualismo. Isto permite à classe dominante controlar todas as mudanças tirando delas tanto ou mais proveito do que no estágio anterior, aplicando com rigor a máxima de Lampedu-sa: “Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude.” Certamente as coisas não continuaram iguais, mas também não conquistamos independência econômica das metrópoles imperialistas (Inglaterra suce-dida pelos EUA e UE), a reforma agrária, o fim da opres-são e exploração racistas, uma república plenamente democrática para a maioria da população trabalhadora, o controle do comércio exterior, o fim do analfabetismo funcional, o pleno emprego, etc. Nenhuma destas tarefas da revolução burguesa pendentes poderá ser resolvida por qualquer partido servente da burguesia.

Os partidos nascem e se travestem de uma aparência de paladinos das demandas reprimidas que eles tratarão de sabotar. Neste quadro, os nomes “de fantasia” dos partidos e a função política que exercem como represen-tação de um setor da classe dominante são uma ane-dota pertinente deste processo: de modo que chama-se “Partido Progressista” a legenda controlada por Maluf, herdeira do regime militar, assim como os “Democratas” uma das mais interessadas em regredir a luta de clas-

ses ao incremento da ditadura policialesca Estatal sobre a população. O “Partido dos Trabalhadores”, nascido de uma concessão preventiva do regime burguês a setores da burocracia sindical autêntica contra a criação de um partido operário independente no Brasil, representa hoje no poder os banqueiros e as oligarquias patronais agro-exportadoras. O “Partido Comunista do Brasil” é o grande articulador dos interesses da propriedade privada da te-rra no campo. O Partido Socialista Brasileiro é a expres-são renovada dos interesses das oligarquias nordestinas.

A base material desta existência continuada e letárgica se encontra na evolução excepcional no país do modo de produção agro-exportador baseado na forma escravocra-ta de exploração capitalista e na plantation.

Verifique-se que o sul estadunidense também possuiu um modo produtivo similar que foi arrasado na guerra re-volucionária americana, a primeira guerra colonial bem sucedida após o advento do capitalismo, para que aquela colônia pudesse – pós-guerra civil – realizar as tarefas da revolução burguesa necessárias (independência nacio-nal, reforma agrária, república, controle do comércio ex-terior pelos capitalistas nacionais, ...) para operar o salto de qualidade que lhe conferiu a pujança de imperialismo dominante na atualidade.

Países como a Argentina não viveram sob o domínio hegemônico de formas escravagistas ou feudais de in-tegração ao mercado mundial capitalista, simplesmente porque lá não havia populações indígenas sedentárias para submeter à servidão em uma economia agrícola e a ecologia tornava inviável uma economia de plantation que justificasse a importação de mão de obra escrava

ESTRUTURA BRASILEIRA E PERSPECTIVAS CONJUNTURAIS 2/2

A base material reacionária dogradualismo sem rupturas em todo

processo político brasileiro

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As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação.

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africana. Isto impulsiona a existência de processos de ruptura como a guerra de independência em relação à Espanha, seguida por uma guerra civil interna pela ocu-pação do território vencida por pecuaristas e latifundiá-rios contra a burguesia mercantil, a nacionalização do porto e da aduana, etc.

Em outras regiões, em que se reproduziu a economia colonial agro-exportadora monoprodutora, baseada na utilização de força de trabalho escrava seqüestrada da África, como no Haiti e Cuba, de modo bastante distinto do gradualismo político brasileiro, o que se viu foram pro-cessos revolucionários de ruptura sucessivos. Em 1804, o Haiti conquistava sua independência da França por uma revolução social negra que também aboliu a escra-vidão. Tratava-se do impacto da revolução de 1789 sobre a periferia colonial da França. Quatro anos depois disto, o Brasil segue patinando: a Corte portuguesa transfere-se para cá, fugindo de Napoleão e abrindo os portos bra-sileiros para a exploração inglesa, como pagamento de uma “taxa de proteção” aos piratas britânicos 3.

A migração para Cuba e Porto Rico dos investimentos das oligarquias agrárias sulistas estadunidenses derrota-das na guerra civil norte-americana impulsionou a própria luta pela independência cubana da Espanha, converten-do a ilha em uma semi-colônia de novo amo no final do século XIX, gerando um novo acúmulo de tensão anti-colonial contra os próprios EUA (como ocorreu no Vietnã que mudou de amo francês para amo ianque) e prepa-rando um salto imenso de Cuba em direção à revolução anti-colonialista e anti-capitalista em 1959-61. Ao final, foi a ruptura mais retardada, a cubana, a que foi mais longe, fundando o primeiro e único Estado operário do continen-te americano. Por sua vez, Porto Rico - que assim como Cuba e o Haiti foram bases do sistema plantation no Ca-ribe - foi juntamente com Cuba um dos últimos países da região a deixar de ser colônia espanhola, ... para seguir até hoje sendo uma colônia formal dos EUA.

O gradualismo é a forma superestrutural típica da ma-nutenção da condição do Brasil como nação agro-ex-portadora de commodities sob a base da pilhagem das riquezas naturais e da superexploração da classe tra-balhadora. Nas perspectivas burguesas, o país apenas muda de amo enquanto as bases materiais do gradua-lismo tendem a esgotar-se assim como a paciência da população trabalhadora com os mecanismos de manu-tenção do domínio capitalista. Como a Liga Comunista apontou em janeiro de 2012, BRASIL “6o PIB MUNDIAL” 5/5: “O retrocesso agro-exportador turbinado na era Lula-Dilma caminha para o esgotamento” - http://lcligacomu-nista.blogspot.com.br/2012/02/brasil-6o-pib-mundial-55.html.

Alertamos que o chamado “crescimento brasileiro” se apóia sobre bases que o governo não tem o menor con-trole, como o fluxo de capitais externos movidos por juros altos, por bolhas especulativas imobiliárias ou vinculadas aos mega-eventos previstos e a momentânea alta dos preços das commodities. Este último elemento tem limi-tes intrínsecos como, no caso dos de origem agrícola, a dependência das empresas multinacionais. O Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes. 90% dos fertili-zantes usados na produção agrícola nacional é importa-da de apenas três multinacionais que controlam a venda de fertilizantes para o Brasil: a Bunge, a Cargill e a Yara.

Quanto às commodities de origem mineral, elas obvia-mente se esgotarão como se esgotaram a seu momento todos os ciclos como o do ouro. E o tão propalado petróleo do pré-sal, “embora alguns economistas esperem com-pensar a decadência prevista no preço das commodities com o petróleo do pré-sal, não é por demais lembrar que ‘dada a quantidade de investimentos necessários, cer-tamente a exploração do petróleo do pré-sal retirará re-cursos de outros setores, podendo inviabilizá-los a longo prazo.’(America Economia, Edição internacional, janeiro de 2012)”. Como chamamos a atenção nO Bolchevique #8 “O controle de capitais no Brasil e, obviamente, de todos os países imperializados de uma maneira geral, não passa de uma formalidade fraudulenta. Como se diz no mundo dos negócios tupiniquins, os Investimentos Estrangeiros Diretos que recolhem o IOF (Imposto so-bre Operaçõesde Crédito, Câmbio e Seguros) é porque têm um mau contador. Assim que a marémudar lá vem o Brasil descendo a ladeira. E o “boom” dos preços das commodities que tem sustentado os saldos comerciais e vem beneficiando os governos Lula-Dilma desde 2004 parece estar se esgotando... O esgotamento da primari-zação do Brasil. Apesar das dimensões do país, a fron-teira agrícola não é lá muito grande... a manutenção do modelo agro-exportador da turbosoja brasileira comissio-nista da Cargill, da Bung, etc. requer uma expansão do uso da terra rumo às fronteiras agrícolas do Paraguai e quiçá Uruguai por parte do latifúndio “brasileiro”. Em re-sumo, na melhor das hipóteses, o Brasil “potência” revive algo parecido com o ciclo de crescimento anterior à crise de1930 baseado em um modelo agro-exportador, aquém inclusive da industrialização de economia substitutiva pós-segunda guerra mundial.”

Trata-se do esgotamento do modelo agro-exportador de neoplantation no Brasil, junto com ele se esgotará todo o sistema político e jurídico superestrutural gradua-lista que imperou por mais de 500 anos. Toda tendên-cia super-estrutural que já não tem base estrutural que a alimente só se mantém pela inércia e forçosamente se esgota. Ante a perspectiva desse esgotamento histórico é preciso ir preparando a vanguarda proletária para a oportunidade que se lhe apresenta de constituir um ver-dadeiro partido operário trotskista com proletários fabris, petroleiros e com o conjunto dos assalariados diante do estreitamento evidente da margem de manobra do gra-

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dualismo para realizar a ruptura revolucionária que levará a classe trabalha-dora ao poder e realizar sob bases materiais infini-tamente superiores as que nossos irmão cubanos. É válido destacar que tam-bém o stalinismo castrista, foi incapaz de superar a condição de país mono-produtor que encontrou a economia cubana em 1959 e que por sua vez manteve esta atrofia com sua política de socialismo em uma só ilha. Isto fez com que o país se tor-nasse órfão econômico após a queda da URSS para quem exportava com preços majorados sua pro-

dução agrícola monoprodutora. Por isto, desde a década de 90 retrocede em toda a linha em direção a restau-ração capitalista.

Somente um verdadeiro internacionalismo proletário superior aos limites do foquismo (o único internacionalis-mo político praticado e mesmo este abandonado desde os anos 1970) baseado na legítima democracia operária organizada em cada local de trabalho poderá superar a frágil e dependente economia agro-exportadora mono-cultora na América Latina. Apenas o trotskismo revolu-cionário pode arrancar o continente de seu atraso secular para o salto histórico necessário a uma economia socia-lista que atenda plenamente as necessidades e potencia-lidades da humanidade.

NOTAS1. Assim como a ”independência do Brasil” foi obra do filho do dono da me-trópole portuguesa, a “abolição da escravatura” foi obra da filha do imperador sob pressão do novo amo inglês, não havendo nesta canetada da Princesa Isabel nada de revolucionário, ao contrário do que afirma a “teoria do modo de produção escravista colonial” do stalinista reciclado Jacob Gorender co-piada pelo Coletivo Lenin e apresentada pelo mesmo como a “elaboração” mais “original” deste grupo. Vale lembrar que Gorender é autor da revisão anti-operária de que “o proletariado é ontogeneticamente reformista”, e sob esta concepção, Gorender revisa a miséria da teoria stalinista pela direita, apontando a superação do proletariado como sujeito da revolução e indican-do novas vanguardas entre os setores pequeno aburguesados dos trabalha-dores assalariados. Nisto, ele e seus seguidores confessos ou envergonha-dos opõem-se pelo vértice ao marxismo que afirma categoricamente que “de todas as classes que hoje em dia se opõem à burguesia, só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária.” (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista, 1848).

2. Expressão lapidar do General Ernesto Gaisel para a transição entre o re-gime militar (1964-1985) e o regime democrático, que garantiu até hoje que os torturadores e assassinos da ditadura permanecessem impunes e que só em 1989 ocorressem finalmente eleições diretas para presidente do país. É mister a centristas e reformistas superestimar estes processos como fez o fundador da LIT, Nahuel Moreno, caracterizando de “revolução democrática” esta transição gradualista brasileira.

3. Com as mudanças introduzidas pela transferência do Estado maior da me-trópole portuguesa para o Brasil em 1808 seguida pela proclamação forma da independência pelo sucessor do trono da metrópole em 1822 o Brasil passa de colônia portuguesa para semi-colônia inglesa.

“Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo

mude.”Giuseppe di Lampedusa

prefeitos foram eleitos em 50 das 85 cidades mais importantes do país, um aumento de 56% em relação ao desempenho das oposições municipais em relação a 2008. Nas 26 capitais estaduais, foram 20 vitórias oposicionistas em 2012 contra apenas seis em 2008. No mesmo sentido, a taxa de reeleição dos prefeitos das capitais caiu de 95% em 2008 para 55% em 2012, também um mínimo de reeleições desde 2000.

Continuação dá página 7“A insustentável leveza1

dos partidos...”

A CST, seção brasileira da UIT e corrente interna do PSOL, nas-ceu em 1992de uma ruptura com a Convergência Socialista quando esta última foi expulsa do PT. A principal marca da maior ruptura sofri-da pela LIT foi à defesa do mandato parlamentar de Babá (na própria Belém) pelo PT que viria a ser fonte de manutenção dos quadros da CST por mais de uma década. Na Argentina, a ruptura foi encabeça-da pela principal figura pública do MAS, o Deputado Luiz Zamora. Como tinha na manutenção de seus cargos parlamentares sua razão de viver, a CST voltou para o PT.

Hoje, 20 anos depois que a CST rompeu para seguir o caminho do cretinismo eleitoral e parlamentar – fracassado em seu objetivo uma vez que Babá só se elege suplente todas as eleições – o PSTU segue a mesma trilha. É bem verdade que o giro do PSTU à direita, aprofundou-se após o fracasso da unidade sindical entre o PSOL e PSTU no Conclat de Santos em 2010, quando o partido opera um giro a direita tanto em sua política nacional quanto internacional (LIT) adaptando-se a ofensiva imperialista e ao governo Lula em uma con-juntura desfavorável para os trabalhadores, contrariando os próprios prognósticos ufanistas-castrofistas da LIT. Em virtude de que seus aparatos sindicais e estudantis (CSP-Conlutas e ANEL) já chegaram no limite do que poderiam render a direção do PSTU. A partir deste esgotamento, o partido tratou de tirar nestas eleições o maior pro-veito possível de dois acontecimentos excepcionais que não corres-pondem ao crescimento real ou aumento de sua influência política. A popularidade virtual de sua professora natalense e a coligação bur-guesa, financiada pelo empresariado e encabeçada por um quadro político já testado pela burguesia contra os trabalhadores de Belém que o próprio PSTU havia rejeitado aliar-se nas eleições de 2008. Como sinal dos tempos, o PSTU publicou sua posição de “ruptura” apoiadora ou depois que a CST publicou a sua de “ruptura” pero no mucho: http://www.cstpsol.com/viewnoticia.asp?ID=344 Data de Pu-blicação: 21/10/2012 21:16:10. http://www.pstu.org.br/partido_mate-ria.asp?id=14617&ida=0, Data de Publicação: 21/10/2012 22:45:00.

Na Argentina, a seção da LIT aliou-se no passado a direita so-jeira, hoje, é a seção da UIT quem faz frente com os pelegos e a Federação Agrária contra o governo burguês de CFK. (ver p. 18 desta edição).

O PSTU está começando, 20 anos depois, da CST/UIT o curso do cretinismo eleitoral

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A insustentável leveza1 dos partidosburgueses brasileiros e a necessidade de criar um forte partido trotskista da classe operária

ESTRUTURA BRASILEIRA E PERSPECTIVAS CONJUNTURAIS 1/2

Ainda que sem c o n s c i ê n -cia de seus i n t e r e s s e s históricos, a

massa dos trabalhadores resiste como pode cada vez mais desiludida com a democracia dos ricos. Mesmo sendo obrigada a votar e sob um intenso bombardeio ideológico dos partidos do regime e do Estado, que fez destas as eleições mais caras da história do país (quase 600 milhões de reais), os votos brancos, nulos e abs-tenções nacionais subiram para 26,6%. Até em São Paulo, capital econômica do país, onde a acirrada disputa inter-burguesa entre os dois principais partidos hegemônicos na classe dominante, nucleadores da situação e da oposição, PT e PSDB, fizeram grande apelo para ao eleitor, a rejeição foi de 30%. Cerca de 2,5 milhões de eleitores não votaram em nenhum candidato. Destes, 800 mil foram às urnas em meio a sol e chuva intensos que marcaram o clima no se-gundo turno para votar branco ou nulo.

Além disto, estas eleições foram recordistas em disputas nos 2º turnos. Também os candidatos oposicionistas foram vitoriosos sobre os candidatos situacionistas em cada mu-nicípio. Por sua vez, foi a eleição com o menor índice de reeleições desde que foi criado este artifício 2.

Os partidos que se reivindicam socialistas que compu-seram a “Frente de Esquerda” (PSOL, PSTU e PCB) em 2006 foram completamente incapazes de influenciar pro-gressivamente a desilusão popular com as eleições bur-guesas porque simplesmente coligaram-se aos partidos capitalistas, aderindo ao cretinismo eleitoral que tanto enoja de forma crescente os setores mais avançados da classe trabalhadora. O PSOL consolidou sua condição de pequeno partido burguês, aliando-se com todo o espectro nacional, dos governistas PT e PCdoB à direitona do PP de Maluf e Bolsonaro e do DEM de Demóstenes e Caiado, para eleger a todo custo e custeados pelas empresas capitalistas, 49 vereadores e seus primeiros dois prefeitos.

O PSTU, na medida das suas forças, também apelou para o vale tudo eleitoral, abandonou definitivamente o bor-dão “contra burguês vote 16!” para adotar um programa feminista populista e policialesco (Delegacia de Mulheres, Lei Maria da Penha, pela criminalização da homofobia) sem apresentar um programa classista para combater o machis-mo e a homofobia capitalistas e renegou o caráter burguês do PCdoB mas elegeu apenas dois vereadores aprovei-tando-se de situações que não correspondem ao aumento

real de sua influência política. Uma favorecida pela iniciativa de uma então militante de base que teve o desabafo postado no you tube. Lançou um candidato apoiado pelo sindicato dos trabalhadores da construção civil pegan-do carona no PSOL, na coligação com o PCdoB em Belém financiada por construtoras. Ao final, tão oportunista

quanto a integração da frente burguesa-governista de Edmilson em Belém foi a pseudo-ruptura do PSTU com a mesma coligação após a eleição de seu vereador em virtude supostamente da en-trada em cena de Lula e Dilma. O PSTU não só continuou chamando a votar nesta candidatura no segundo turno, agora com Edmilson turbinado pelo apoio do PT e pelas contribuições financeiras que aportam os cabos eleitorais de maior popularidade nacional, como “rompeu” depois que tendências não menos oportunistas do próprio PSOL, como a CST, já o tinham feito (ver box na página 4).

A DESILUSÃO CRESCENTE DA POPULAÇÃO TRABAL-HADORA NA DEMOCRACIA DOS RICOS NÃO ENCON-TRA EXPRESSÃO POLÍTICA ORGANIZADA

A marca reacionária destas eleições não é a fragmen-tação partidária, elemento convencional já integrante do sistema partidário brasileiro e alvo das críticas dos que pro-vavelmente consideram mais progressivo o cerceamento do direito de representação política ou os modelos bi-parti-daristas. O elemento reacionário é o travestismo dos mes-mos interesses econômicos patronais que pulam de uma legenda a outra para serem satisfeitos, tendo encontrado no PT um porto seguro na última década. A base material do travestismo dos partidos brasileiros que se combina com o gradualismo de pactos e conciliações dos processos polí-ticos é explicada no artigo segundo deste especial: “A base material reacionária do gradualismo sem rupturas em todo processo político brasileiro”

O alvo da crítica marxista ao sistema partidário brasilei-ro deve voltar-se exatamente para o sentido inverso, contra o cerceamento do direito a representação política para as organizações dos trabalhadores e em segundo lugar, aler-tar a população que a burguesia troca constantemente seus partidos de representação para melhor enganar as massas e os políticos burgueses tradicionais trocam freneticamente de casaca com a mesma finalidade. No entanto, isto ainda não explica a vida útil relativamente efêmera dos partidos burgueses no Brasil. Acreditamos que a inconstância par-

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tidária burguesa seja um reflexo desigual e combinado da constância no gradualismo dos processos políticos no país.

PT, O ATUAL CENTRO GRAVITACIONALDO CONJUNTO DA CLASSE BURGUESA

O PT se credenciou na virada do século junto ao imperia-lismo e à classe dominante como o partido burguês preferen-cial do capital financeiro, industrial, comercial e do latifúndio. Com razão, nos comícios das últimas eleições Lula voltou a ressaltar: “os empresários deste país têm de acender todo dia uma vela para Deus porque nunca ganharam tanto dinheiro como no meu governo”. (O Estado de São Paulo, 24/10/2012). Como expressão disto, seu partido venceu em 635 prefeituras, 77 a mais (14%) do que nas eleições muni-cipais passadas, 2008, quando elegeu 558 prefeitos. Entre os vereadores, o PT também teve um crescimento acentua-do. O partido elegeu 5.067 integrantes de legislativos muni-cipais, 22% a mais que os 4.168 de 2008. O resultado é uma vitória de parte considerável dos candidatos impostos pelo caudilho Lula ao seu partido, fortalecendo-o politicamente, em meio ao enfraquecimento de sua saúde e da cassação dos principais quadros políticos dirigentes fundadores do PT através do processo do Mesalão, como principal quadro da burguesia nacional. Com a vitória em São Paulo, o PT passa a governar 27 milhões de eleitores, em cidades que reúnem um orçamento conjunto de R$ 77,7 milhões de reais. Mais do que 1/3 do orçamento de todas as capitais brasileiras será administrado pelo PT, sendo 41% deste valor corres-pondente ao orçamento da capital paulista.

Todavia, vale notar que o índice de crescimento de 14% do PT nestas eleições está bem aquém do registrado no período onde ele foi catapultado para a presidência do país, entre 2000 e 2004, quando o partido saltou de 187 para 409 prefeituras (218%!). Ou seja, trata-se de um quadro político que registra a desaceleração do crescimento do partido e em perspectiva aponta a curva declinante do lulismo.

O RESULTADO ELEITORAL DE GUARULHOSANTECIPA 2014 E O DE DIADEMA,ANTECIPARIA 2018?

Além das derrotas do PT em Belo Horizonte (MG) e Cam-pinas (SP) para a dupla PSDB-PSB, outros dois resultados nos parecem emblemáticos. Uma vitória e uma derrota. Em Guarulhos (SP), o PT se reelegeu com o apoio do DEM con-tra o PSDB. Onde o PT governa com vantagem e possui chances de se perpetuar, ocorre uma evidente migração fi-siológica de partidos tradicionais decadentes da órbita do PSDB para o PT. Guarulhos não é tanto uma exceção. Em-bora não predominante nas capitais, alianças com o DEM são mais comuns do que pensa o eleitorado petista que se escandalizou com a coligação de Lula com Maluf. Em uma revoada massiva, ex-demos alojam-se na base go-

vernista que hoje lhes oferece muito mais vantagens do que o decadente tucanato, como aponta o crescimento do novo PSD, do qual trataremos mais abaixo. Este é o resultado na-tural da evolução da política pragmática orientada desde o início dos anos 90 por Lula e Dirceu de ampliação do leque de alianças. O PSOL vem con-cretizando esta estratégia a

passos largos como demonstra a eleição de Clécio com o DEM, PTB e PSDB em Macapá.

Outro resultado que nos chamou a atenção, desta vez um revés, foi o de Diadema, ci-dade do ABC(D) paulista onde o PT elegeu seu primeiro prefeito em 1982. Depois de então, esta foi a primeira vez em 30 anos que um candidato sem ligação com o PT venceu na cidade. Perdeu para uma candidatura do PV apoiada pelo governo tucano.

É certo que a derrota em Diadema é uma exceção frente ao crescimento do PT no cinturão operário da grande São Paulo (SBC, Santo André, Osasco, Mauá) e da vitória petista em São José dos Campos sobre Cury, o tucano fascistóide que pôs sua guarda municipal para reprimir brutalmente os sem teto do Pinheirinho ao lado da PM de Alckmin, resulta-dos que deixam o PT mais próximo de finalmente conquistar o governo do Estado em 2014. Todavia, o revés em Diade-ma comprova a tendência que frente ao imenso desgaste do governo burguês petista em um centro operário, o domínio burguês se recicla por meio de uma alternativa da direita burguesa, como tende a ocorrer a partir do crescimento de setores de centro-esquerda dos partidos burgueses, desde o PSB até o PSOL, incluindo o campo alinhado em torno do PV e de Marina Silva. Para 2014 estes setores ainda não devem nem fazer cócegas em Dilma, candidata a reeleição apoiada por Lula e em plena efervescência dos mega-eventos. Mas as alternativas burguesas se cacifarão para 2018, quando a governança federal petista chegará a quatro mandatos consecutivos, uma marca jamais alcançada por nenhum partido na era republicana democrática brasileira e também pouco tolerável para os padrões mundiais de alter-nância de poder exigidos pelo imperialismo a seus peões.

Ao contrário do que conclui a análise superficial e/ou reformista, a direita burguesa não foi derrotada nestas eleições, como por exemplo, avalia a tendência petista De-mocracia Socialista em “O balanço das eleições municipais de 2012 apresentam um quadro geral que aponta um forta-lecimento do campo democrático e popular e um enfraque-cimento das forças ligadas ao neoliberalismo e o conser-vadorismo.” (DS, A vitória do PT nas eleições municipais, 31/10/2012)

http://www.democraciasocialista.org.br/democraciaso-cialista/noticias/item?item_id=396987

Isto não é verdade. Desde os dois mandatos de Lula, os setores majoritários tradicionais e mafiosos da burgue-sia, fisiologicamente, trocaram o PSDB pelo PT sob o lema “se hay gobierno soy a favor”. Todos já estão bem alojados nos mega governos petistas, desde as prostitutas políticas PMDB e PTB, representantes das oligarquias regionais como Sarney, Jader Barbalho, etc., até a conhecida direito-na “neoliberal e conservadora”, reunida nos partidos latifun-diários, situacionista da ditadura militar, como o PP de Maluf e dirigentes das igrejas evangélicas como o PRB da Igreja Universal que assumiu a vice-presidência, como PL, já no primeiro mandato de Lula.

A “nova geração” da direita, nascida dentro do DEM (ex-PFL, ex-PDS, ex-Arena, ex-UDN, ex-PSD), migrou para a base aliada de Dilma sob o comando de Kassab, o fascis-

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tóide prefeito paulista que chegou a proibir até a distribuição de sopa para os mendigos. Se o DEM foi o partido que mais perdeu prefeituras entre 2008 e 2012 (- 217), o PSD, costela do DEM e cujo o apoio a Serra foi um dos fatores responsáveis pela vitória do oponente petista Haddad, fun-dado há um ano, já aparece como o quarto partido em nú-mero de prefeituras, 497 ao total, 6% do eleitorado do país. Em outras palavras, grande parte da direita nacional, entre malufistas, pastores evangélicos e ex-demos kassabistas encontra-se hoje com a situação e não com o bloco Demo-Tucano. Outro elemento que contesta a caracterização de que a direita saiu derrotada é o fato de que apesar de perder o controle sobre a principal “cidadela tucana”, São Paulo, foi o PSDB e não o PT, o partido que mais elegeu prefeitos no segundo turno.

AGORA VEM O PIOR

O resultado destas eleições só reforça o que prognosti-camos antes do primeiro turno na “Carta aos Leitores” dO Bolchevique #12: “Ganhe quem ganhar, não fará igual, fará pior!” Logo serão tomadas medidas de austeridade contra os trabalhadores que serão submetidos a brutais contra-reformas trabalhista e sindical para acabar com os direitos históricos de nossa classe através da implementação do Acordo Coletivo Especial pelo governo federal. Nesta inves-tida, Dilma e o patronato se apóiam nos pelegos da CUT, CTB, Força Sindical, enquanto CSP-Conlutas e Intersindi-cais limitam-se a uma oposição passiva e formal ao ACE, se opõem a organizar a luta direta contra este ataque aos nossos direitos.

Combinado ao crescimento vertiginoso da inflação e da especulação financeira, cresce a repressão militar e policial com a ocupação de novos morros pelo Exército no Rio, das cidades satélites de trabalhadores do entorno de Brasília pela força nacional de segurança, pelo aumento dos assas-sinatos cometidos pela PM/ROTA em São Paulo. Todo este recrudescimento da repressão prepara o país para a apli-cação de novas medidas de austeridade.

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes foi reeleito pelo PMDB com o massivo apoio do governo federal contra o policiales-co candidato psolista Marcelo Freixo (defensor das UPPs, de despejos de sem-teto, adversário do direito de greve do funcionalismo municipal e não por acaso apoiado por seto-res da oposição de direita). Paes confirma nosso prognósti-co já anunciando a agilização dos despejos da Copa, a inter-nação compulsória de crianças, adolescentes e adultos em situação de rua e o aumento do IPTU e do preço das passa-gens de ônibus em 11% para 2013. Medidas similares serão vistas em todo país. Haddad já anunciou que suas promes-sas eleitorais de bilhete de transporte único mensal e do fim da taxa da inspeção veicular vão ter que esperar pelo menos para 2014, enquanto o aumento das passagens de ônibus e do IPTU tendem a serem postos em prática logo no início de

2013.

T u d o isto contri-bui para um aumento da insatisfação popular ma-nifesta defor-madamente de forma

inédita nestas eleições. Insa-tisfação que la-mentavelmente continuará sendo manietada pelas diversas legen-das e sub-legen-das burguesas como o PSOL.

A FILA ANDA

Enquanto os partidos que se reivindicam comunistas não tratarem de crescer para dentro da classe operária, mas por fora da mesma, tomando atalhos por dentro do regime e conciliando de uma forma ou de outra com a burguesia e seus representantes políticos como Edmilson e o PCdoB, atalhos como o PSTU acaba de tomar (via 15 minutos de fama em youtube, rede Globo e coligações burguesas e go-vernistas), suas vitórias conquistas eleitorais conjunturais não passam de giros oportunistas opostos aos interesses históricos dos trabalhadores e portanto vitórias da influencia burguesa dentro da vanguarda militante. Os partidos que se reclamam comunistas hoje no Brasil não chegam a possuir 10% de operários em suas fileiras militantes. Os partidos comunistas não estão imunes à lei que é a coluna vertebral da concepção materialista da história de que a existência determina a consciência. Sua composição social pequeno burguesa determina sua inconcistência programática e seu aburguesamento crescente. Se não se extinguem pura e simplesmente por não justificarem sua existência perante a luta de classes, quando tem a oportunidade de maturarem politicamente, agrupamentos que nascem como correntes centristas de esquerda convertem-se em correntes centris-tas de direita, e estes últimos por sua vez transformam-se em reformistas. A fila anda. Partidos que já nascem com origem pequeno burguesa e programa reformista como o PSOL, ou a seu momento o próprio PCdoB, tendo oportu-nidade de alçarem vôos maiores dentro da luta de classes, convertem-se em partidos burgueses, abandonando até o próprio programa reformista para seguir religiosamente a pauta imposta pelo capital como recentemente fez as candi-daturas realistas de Edmilson e Clecio.

A verdadeira ferramenta do proletariado para a reali-zação das tarefas democráticas e socialistas (revolução agrária, independência nacional, expropriação do capital) pendentes está por ser construída. Somente um partido revolucionário da classe operária pode realizar tal ruptura histórica. Somente o programa do trotskismo, enriquecido pela construção simultânea do partido internacional da re-volução socialista, que o jovem Comitê de Ligação pela IV Internacional impulsiona neste momento poderá cumprir esta tarefa.

Notas1. O título deste artigo é ilustrado parafrasendo o título do livro de Milan Kundera “A insustentável leveza do ser” de 1984, obra que filosofa acerca do preço e o peso da vida. A tradução brasileira trocou por “insustentável” o que no original corresponde a “insuportável” (do checo: Nesnesitelná lehkost bytí).

2. Desde quando foi criado o 2º turno – artifício que induz o eleitor ao “voto útil” e aos candidatos para ampliarem suas frentes de apoiadores a fim de dar mais garantias da estabilidade política aos futuros mandatos – nunca houve tantos segundos turnos, 50 ao total. Os candidatos de oposição aos atuais

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DA PALESTINA A PARAISÓPOLIS

“Não há capitalismo sem racismo!” (Malcolm X)Logo, é preciso acabar com o capitalismo

para livrar a humanidade do racismo!

Todos os dias cerca de 20 pessoas são assassinadas em Gaza pelo exercito israelense. Aproxi-

madamente a mesma quan-tidade de vítimas é fuzilada nos bairros proletários da grande São Paulo atribuídas a “motoqueiros fantasmas” que executam preferencial-mente quem tenha passagem pela polícia, mas que ataca a toda a população pobre e tra-balhadora, espalhando terror estatal “invisível”.

No gueto de Gaza as ví-timas são palestinos impedi-dos de possuírem um Estado, exercito, marinha ou aeronáu-tica, a maioria criança, uma vez que boa parte da popu-lação adulta já foi massacra-da ou se encontra presa nas masmorras de Israel.

No local de moradia da população trabalhadora pau-lista as vítimas são os de sempre: pobres, pretos e jo-vens trabalhadores, arrancados de casa ou perseguidos pelas ruas, capturados, torturados ou sumariamente fuzi-lados sozinhos ou nos bares. Ainda que os acontecimen-tos detonadores das duas guerras sejam completamente distintos, os massacres são cometidos por justificativas ideológicas igualmente racistas. Também nos dois ca-sos, o objetivo é aterrorizar as vítimas com bombas de fósforo branco disparados por caças e ameaça de in-vasão de Gaza pelos tanques israelenses ou grupos de extermínio, que impõem um estado de sítio nas periferias e as ocupam militarmente. Ainda há a ameaça da a inter-venção policial e militar em comunidades como Paraisó-polis (na capital paulista) ou as UPPs no Rio de Janeiro em larga escala. O interesse motriz que está por trás de ambos é aumento da acumulação capitalista.

TERROR DE ESTADOE EXPLORAÇÃO DE CLASSE

Na Palestina, trata-se de re-primir uma resistência de quase 70 anos contra os interesses ex-pansionistas na África e Oriente médio, usando a tragédia dos ju-deus na segunda guerra mundial para aumentar o controle impe-

rialista sobre a região onde se encontra a Palestina, Síria, Iraque, Líbia, Líbano e Irã,... No segundo, os al-vos são as trabalhadoras e os trabalhadores legais, seus filhos ou os reles fun-cionários da hiper-lucrativa empresa ilegal do narcotrá-fico (os verdadeiros patrões desta companhias multina-cionais do ramo da droga são membros intocáveis da burguesia e, portanto, só-cios do Estado e seu apara-to repressivo). Trata-se de uma ofensiva aterrorizante contra a população trabal-hadora que superficialmen-te é apresentada como uma disputa entre a PM e o nar-cotráfico. A burguesia utiliza inclusive do fato do sujeito ter caído no lumpesinato, passando a trabalhar para o tráfico para sobreatrerro-rizar a população proletária

de conjunto, fazendo do Brasil o país de 4ª maior popu-lação carcerária do planeta (500 mil!) em cárceres me-dievais que o próprio ministro da justiça petista, uma vez que tem alguns de seus companheiros correndo o risco de passar alguns dias lá pelo mensalão, reconheça que prefere morrer do que passar alguns dias em uma prisão brasileira. Muitos nunca tiveram passagem por prisões onde seus irmãos já se encontram. Muitos foram parar lá por terem sido convencido pela vida a desistirem antes de serem explorados de forma legal e terem ido trabal-har para patrões do narcotráfico, associados ao Estado e membros intocáveis da burguesia.

E porque o terror estatal e o racismo se associam para favorecer o capitalismo? Por que isto garante que o valor da força de trabalho de um trabalhador negro valha 60% da de um trabalhador não negro. As mulheres negras,

duplamente oprimidas pelo ra-cismo e pelo machismo custam 47% do gasto da mão de obra de um trabalhador branco (se-gundo o Dieese).

Assim, como compreendia Malcolm X, lutar contra o racis-mo é lutar contra o capitalismo. Vale a pena então entender a trajetória da luta contra o racis-

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mo nos EUA para tirarmos lições. Nos EUA que possuí-ram no sul de seu país uma economia sustentada sobre a escravidão negra como no Brasil foi onde a luta anti-racista mais desenvolveu-se. A década de 60 foi o ápice da maturidade e organização política deste movimento negro estadunidense e palco de expressivos protestos anti – racistas. Foi quando o movimento transitou da po-sição de desobediência civil não violenta de Luther King, que já significava um avanço em relação a concepção de retorno a África e o getoísmo, para a introdução das concepções materialistas defendidas no final da vida por Malcolm X que superava suas concepções religiosas.

Por fim, inspirados em Malcolm, assassinado pela CIA, surge a organização da autodefesa armada dos Panteras Negras. Bobby Seale, fundador dos Panteras Negras junto a Huey Newton, proclamava: “Não comba-temos racismo com racismo. Combatemos racismo com solidariedade. Não combatemos capitalismo explorador com capitalismo negro. Combatemos capitalismo basi-camente com socialismo. Não combatemos o imperialis-mo com mais imperialismo. Combatemos o imperialismo com o internacionalismo proletário”.

Todavia, o movimento negro estadunidense, o mais avançado já existente na terra, não conseguiu ultrapas-sar o maoísmo, um desvio stalinista que se combinou com as tendencias getoistas pré-existentes, desprezan-do a necessidade da organização política do conjunto do operariado branco e negro contra o capitalismo racista e cultivando o foquismo urbano como principal método de resistência.

A burguesia imperialista reagiu de forma avassalado-ra, precisava assegurar a estabilidade política na luta de classe interna em meio a guerra contra o Vietnã. Então, tratou de combinar uma brutal repressão policial, com a infiltração espiã e narcotraficante contra os Panteras Negras e, sobretudo, a partir de 1965, o então presiden-te dos EUA, Lyndon Johnson lança mão das chamadas ações afirmativas, ou seja, a reserva de cotas para ne-gros nas universidades, empresas, etc cooptando o mo-vimento negro com a concessão de migalhas e ao mes-mo tempo, preservando a lógica da superexploração da força de trabalho de negros e pardos.

O resultado desta política de concessão de migalhas divisionistas do conjunto da classe operária foi a coop-tação do movimento negro e o estabelecimento de uma pequena burguesia e burguesia negra. Obama e Con-dolessa Rice são os melhores expoentes da conversão da luta anti-racista como fator implosivo da dominação imperialista para porta-vozes da dominação imperialista contra os povos oprimidos dos EUA e de todo o globo. Enquanto o movimento negro foi sendo cooptado, desar-ticulado e desarmado, a reação racista cresceu 755% no governo Obama.

Os casos de Rice e Obama que não tiveram proble-mas em avançar na política genocida do imperialismo são a melhor demonstração de que as considerações de raça, etnia, sexo, orientação sexual e origem migra-tória podem ser progressivas se forma parte de lutas que tenha como estratégia a vitória do proletariado sobre a

burguesia sobre a base da unidade classista de todas as diferenças apontadas. Do contrário, as reivindicações destes setores oprimidos podem servir para espaço de manobra da burguesia em seu intento de cooptação e até convertê-las em um véu elegante com o qual oculte sua verdadeira face classista, genocida e opressora do imperialismo.

AS AÇÕES AFIRMATIVAS VÃO EM DIREÇÃOA COLABORAÇÃO COM O CAPITALISMO RACISTA OU A RUPTURA COM ELE?

Como dizia Trotsky “A sociedade socialista não será construída sobre povos subjugados, mas de um povo livre. O caráter progressista ou reacionário da Autode-terminação está definido pelo fato de fazer progredir ou não a revolução social. Eis o critério.” (…) “As questões a resolver são as seguintes: isso ajudará na destruição do imperialismo americano? (…) Estamos indo em direção a um acordo com o capitalismo ou para romper com ele?”(Autodeterminação para os negros americanos, 11/4/1939). Através da cooptação das ações afirmativas e cotas o movimento é integrado de forma submissa ao regime burguês que não pode existir sem o racismo. Ao conceder 30% das algumas dezenas de vagas na univer-sidade a negros a burguesia esvazia a luta pelo fim do vestibular na universidade elitista-racista mantendo fora do ensino superior milhares de trabalhadores e negros.

Por tudo isto, defendemos que na luta contra o ra-cismo há tarefas fundamentais que a política social de-mocrata adotada pela atual direção do movimento de massas, cooptada pelo PT e pelo “lulodilmismo” se nega a defender, como a dissolução do conjunto do aparato repressivo do Estado capitalista, construção de comi-tês de auto-defesa baseados nos sindicatos e demais organizações de massa, a solidariedade internacional pela destruição do Enclave racista e sionista de Israel, a legalização incondicional de todos os imigrantes, o fim do vestibular, o pagamento de salário igual para trabal-ho igual, a estatização sem indenização e sob controle dos trabalhadores de todo o ensino, etc. Esta luta só um partido revolucionário da classe trabalhadora pode levar adiante, pois na luta contra o racismo só será definitiva-mente vitoriosa com a derrota do capitalismo.

por Geisa Amaral, Leon Carlose Humberto Rodrigues

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Quão estranho é o rostoda “libertação” na Líbia hoje!

1. O artigo de 10.800 palavras de Michael Pröbsting: “Lu-tas de libertação e interferência imperialista – O fracasso do sectárismo ‘anti-imperialista’ no Ocidente: Algumas conside-rações gerais do ponto de vista do marxista sob o exemplo da revolução democrática na Líbia em 2011”, publicado no Boletim “Comunismo Revolucionário”, da Tendência Revolu-cionária Comunista Internacional (RCIT), No12, 24/10/2012 merece alguma consideração, pois procura defender sua in-defensável posição pró-imperialista sobre a Líbia atacando aqueles que tomaram uma posição de princípio. [1]

2. No entanto, rejeitamos a identificação das posições do Comité de Ligação pela Quarta Internacional (CLQI) com as da ICL/espartaquistas e do Grupo Internacionalista/LFI:

“Os sectários ‘anti-imperialistas’ no entanto, colocam-se ao lado do reacionário regime de Gaddafi contra a revolução popular. Exemplos de grupos que assumiram tal posição reacionária são o Comité de Ligação da Liga Comunista (Brasil), do Grupo Revolucionário Marxista (África do Sul) e do Luta Socialista (Grã-Bretanha), a ICL/espartaquistas, o LFI/Grupo Internacionalista de Norden e o grupo stalinista “Partido Comunista da Grã-Bretanha (‘marxista-leninista’)”.

Existem grandes diferenças, esses dois grupos e a Ten-dência Bolchevique Internacional. O terceiro membro da “fa-mília Spartaquista”, se recusou a defender a Líbia contra os rebeldes dirigidos pela CIA em Benghazi na guerra contra Gaddafi desde o início e nunca teve a orientação de prin-cípios da Frente Unida Anti-Imperialista, adotando a linha mais light e incorreta de “bloco militar” contra as posições do Comintern sob Lênin e Trotsky e contra as posições que Trotsky defendeu até seu assassinato em 1940. [2]

3. Mas se o equivocado rótulo de “sectários anti-impe-rialistas” é uma qualificação no mínimo discutível para os primeiros três grupos mencionados, trata-se claramente de um amálgama mentirosa identificar aos demais as posições do ultra-stalinista Partido Comunista da Grã-Bretanha (‘mar-xista-leninista’). O Líder do CPGB, Harpar Brar tomou uma posição totalmente sem princípios de defesa política acrítica de Gaddafi, expressando desprezo para os trabalhadores oprimidos migrantes, em particular, os que sofreram tanto sob o regime e os pactos com o imperialismo, a detenção de imigrantes clandestinos para a Europa em campos de concentração no deserto, etc.

4. Nós rejeitamos também a acusação de que temos a posição do velho WRP de Gerry Healy e a posição do atual WRP de Sheila Torrance, que são igualmente acríticas de Gaddafi ainda que em nome da revolução mundial, estes agrupamentos objetivamente convertem-se em agentes de Kadafi, Arafat, Saddam e até mesmo Khomeini, capitulando a concepção etapista de revolução dos stalinistas, esta é a lógica fundamental das posições Healyistas.

5. O CLQI fez uma analogia entre as posições adotadas por Trotsky em relação a Chiang Kai-shek e a China, em 1937, e as que os trotskistas precisariam tomar diante de Gaddafi. Defendemos “o que existe de independência na Líbia” – Gaddafi não era totalmente controlado pelo im-perialismo (daí a necessidade de ocupar e recolonizar o país). “Os imbecis Eiffelite [2.1] tentam brincar com esta “limitação”.”Os trotskistas”, dizem eles,”servem ao proleta-riado de palavras e a Gaddafi por seus atos”. Participar de forma ativa e conscientemente na guerra não significa “ser-vir a Gaddafi” mas servir a luta pela independência de um país (semi) colonial, apesar de Gaddafi”.[3]

6. O documento consiste em uma longa defesa teórica das posições Rcit, copiadas do arsenal do Workers Power (WP), de onde o RCIT se originou em 2011, a partir de uma ruptura com pequenas diferenças políticas. Em seguida, o RCIT faz uma defesa de sua posição sobre a Líbia sob uma ridícula base de que a situação atual é um grande passo para frente, uma ‘revolução democrática’. No curso da defe-sa teórica, Pröbsting menospreza os grandes princípios do marxismo, leninismo e do trotskismo.

7. Ele diz: “Nós somos antiimperialista, porque nós toma-mos o lado da classe operária... e não o contrário”.

8. Esta é a posição dos “Eiffelites” a quem Trotsky qualifi-ca de “imbecis”. Nós precisamos ser antiimperialista porque Wall Street, dominado pelo capital financeiro global, controla todas as nossas vidas. Argumentando que está tomando “o lado da classe trabalhadora” o RCIT se apóia na mentalida-de média dos trabalhadores pró-imperialistas das metrópo-les que não entendem isso, incompreensão comum a todos os agrupamentos Quinta-internacionalistas originados do WP. “Os bolcheviques comunistas apóiam qualquer movi-mento real das massas populares contra a supressão dos direitos democráticos”, diz Michael. Mas o que é um “mo-vimento real”? Como Trotsky nos ensina, “as massas não são idênticas: existem massas revolucionárias, há massas passivas, há massas reacionárias”.

9. Michael diz: “Na realidade, a intervenção imperialista não ajuda de forma alguma a luta revolucionária democrá-tica, pois corre o risco de bombardeá-la. É por isso que te-

A Liga Comunista publica abaixo a declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional composto pelo Socialist Fight britânico, pela Tendencia Militante Bolchevique argentina e pela LC brasileira, em resposta

a Tendência Revolucionária Comunista Internacional (RCIT) dirigido pelo RKOB austríaco. O RKOB é uma ruptura da Liga pela 5ª Internacional dirigida pelo Workers Power britânico.

A importância deste debate em meio a atual ofensiva da OTAN e de Israel sobre a Síria e a Palestina de-riva do fato de que o RKOB compartilha das mesmas ilusões da maioria da chamada esquerda trotskista que acreditam que a Líbia e a Síria vivem “revoluções democráticas” (no Brasil, o PSTU, o PSOL e POR) ou simplesmente “revoluções” (PCO, LER e MR) e que de alguma forma uma luta conduzida por direções

pró-imperialistas possa servir aos interesses dos trabalhadores por direitos democráticos e sindicais.

DECLARAÇÃO SOBRE A RECOLONIZAÇÃO DA LÍBIA

Resposta do CLQI a Michael Pröbsting e ao RCIT

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Quão estranho é o rostoda “libertação” na Líbia hoje!

A Liga Comunista publica abaixo a declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional composto pelo Socialist Fight britânico, pela Tendencia Militante Bolchevique argentina e pela LC brasileira, em resposta

a Tendência Revolucionária Comunista Internacional (RCIT) dirigido pelo RKOB austríaco. O RKOB é uma ruptura da Liga pela 5ª Internacional dirigida pelo Workers Power britânico.

A importância deste debate em meio a atual ofensiva da OTAN e de Israel sobre a Síria e a Palestina de-riva do fato de que o RKOB compartilha das mesmas ilusões da maioria da chamada esquerda trotskista que acreditam que a Líbia e a Síria vivem “revoluções democráticas” (no Brasil, o PSTU, o PSOL e POR) ou simplesmente “revoluções” (PCO, LER e MR) e que de alguma forma uma luta conduzida por direções

pró-imperialistas possa servir aos interesses dos trabalhadores por direitos democráticos e sindicais.

DECLARAÇÃO SOBRE A RECOLONIZAÇÃO DA LÍBIA

Resposta do CLQI a Michael Pröbsting e ao RCIT

mos apoiado as progressivas lutas de libertação das mas-sas contra as ditaduras, mas, ao mesmo tempo, rejeitamos firmemente as intervenções imperialistas. (Por exemplo, na luta dos bósnios 1992-95, dos albaneses do Kosovo, em 1999, na revolta contra a ditadura de Gaddafi na Líbia em 2011).”

10. Mas a sua “rejeição às intervenções imperialistas” é puramente verbal, uma vez que a apóia na prática e fornece um álibi para a mesma, fazendo de conta que ela não estava acontecendo porque era uma guerra por procuração “restri-ta” ao bombardeio em massa da Líbia, não admitindo que o imperialismo fincasse suas “botas na terra”. Na realidade, havia milhares de soldados do Qatar e das Forças Especiais dos EUA e do Reino Unido operando na Líbia como hoje atuam na Síria. Note-se que isto provoca o “risco de bom-bardear” a “revolução democrática”. Como veremos mais adiante, ele continua a afirmar que o imperialismo falhou nesta empreitada e a “revolução” conseguiu estabelecer uma situação de “duplo poder parcial”.

11. Michael diz: “Só quando a intervenção imperialista está se tornando a característica dominante da situação po-lítica, os revolucionários devem subordinar a luta democráti-ca à luta contra tal intervenção.”

12. Mas quando é que podemos perceber que “a inter-venção imperialista está se tornando a característica domi-nante da situação política”? Quando a direção do movimen-to apóia de forma inequívoca ao Imperialismo que a fornece, secreta ou abertamente, armas e apoio político total, em to-dos esses casos e agora na Síria, respondemos nós cate-

goricamente.

13. Michael diz: “Nosso antiimperialismo é uma decorrên-cia de nossa posição fundamental na luta de classes e não um princípio primordial, que reside acima da luta de clas-ses.”

14. Se o anti-imperialismo não é “um princípio primordial” deduz-se que poderiam haver algumas lutas pró-imperialis-tas que melhor sirvam aos interesses da classe trabalhado-ra do que derrotar o imperialismo mundial, como derrotar um tirano local com o apoio do imperialismo. Esta é uma brutal declaração oportunista e uma rejeição direta as posições fundamentais do marxismo!

15. Então Michael se detém por um momento e tenta se retratar com um princípio trotskista: “Nosso método é que, durante uma luta democrática ou de libertação nacional fi-camos do lado dos combatentes da libertação (que são na sua maioria estão sob direções burguesas ou pequeno-bur-guesas) e apoiamos sua vitória militar. Para nós existe uma grande diferença entre estas lutas de libertação progres-sistas e os interesses das potências imperialistas. Embora apoiemos o primeiro, estamos totalmente em oposição aos segundos. Por isso nós, comunistas-bolcheviques rechaça-mos qualquer ingerência imperialista e reivindicam a luta pela derrota das forças imperialistas”.

16. Mas Pröbsting não fez nada disso. Os “combatentes da libertação” eram reacionários das forças pró-imperialistas e da Al-Qaeda. Vocês, portanto, apoiaram as forças imperia-listas e reivindicaram sua vitória em nome do “antiimperialis-mo” em todos estes conflitos e agora na Síria.

PRÖBSTING SE CONTRADIZ ABERTAMENTE

17. Pröbsting alega: “No entanto, Lenin e os bolcheviques não chegam à conclusão de que não se deve apoiar as lutas de libertação nacional. A qual conclusão chegaram Trotsky e a Quarta Internacional sobre o fato de que a opinião pública imperialista e pequeno-burguesa na Europa Ocidental e na América do Norte estiveram firmemente a favor do gover-no republicano antifascista na Espanha em 1936-1939 ou da luta de libertação nacional dos trabalhadores chineses, sob a liderança de Chiang Kai-shek contra o imperialismo japonês de 1937 em diante? Eles certamente não sucum-biram à ‘opinião pública’ imperialista e pequeno-burguesa, quando deram apoio crítico, mas incondicional ao governo republicano antifascista ou às lutas chinesas, mas defende-ram o ponto de vista de classe independente e internaciona-lista dos trabalhadores”.

18. Aqui Michael Pröbsting se contradiz. Onde foi parar o “apoio crítico, mas incondicional” quando a Líbia e agora a Síria são atacada pelo imperialismo e seus agentes mili-tares? Pröbsting sucumbiu diretamente ao imperialismo e a “opinião pública” pequeno-burguesa, apoiando o “levante popular”, sem questionar o caráter pró-imperialista e anti-operário do mesmo. Pröbsting acabou “uivando junto com os lobos”, porque buscou o princípio da eqüidistância e postulou uma formulação política impossível: uma luta pró-imperialista que servisse aos interesses da classe trabalha-dora internacional! É um insulto monstruoso querer compa-rar os “rebeldes de Benghazi” aos trotskistas chineses da década de 1930 [4], ou mesmo aos maoístas posteriores, ou aos trotskistas espanhóis [5] ou as fileiras do POUM [6] e anarquistas [7] em Espanha 1936-9.

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19. E agora Michael repudia outro princípio fundamen-tal do marxismo, “Os marxistas não devem ter como eixo a proposição: Como os revolucionários que lutam em países ocidentais imperialistas podem melhor opor-se à pressão da “nossa burguesia”.

20. Mas é exatamente a partir deste princípio que co-meçamos nossa luta se estamos em um país imperialista! Foi isto que nos ensinou Karl Liebknecht com seu famoso panfleto de 1915: “O inimigo principal está em casa”. Docu-mento que se tornou parte do arsenal de qualquer marxista sério desde que foi escrito: “O inimigo principal de todos os povos está em seu próprio país! O principal inimigo do povo alemão na Alemanha: o imperialismo alemão, o partido de guerra alemão, diplomacia secreta alemã. Este inimigo em casa deve ser combatido pelo povo alemão em uma luta po-lítica, cooperando com o proletariado de outros países cuja luta central é contra os seus próprios imperialistas”.

21. E por que, segundo a concepção de Michael, de-vemos rejeitar internacionalismo em favor do chauvinismo nacional? “Esta é uma concepção que nos conduzirá a gra-ves erros. Este é o antiimperialismo dos tolos. É preciso co-meçar a pensar a partir do ponto de vista de qual é a política de classe independente no interesse da classe trabalhadora internacional e dos povos oprimidos”.

22. Este é mais uma típica imbecilidade terceiro campis-ta Eiffelista. Não poderá haver NUNCA um movimento pró-imperialista que sirva aos interesses da classe trabalhado-ra internacional. O antiimperialismo deve estar no DNA de qualquer marxista sério do planeta, só assim se pode servir aos interesses do proletariado internacional.

23. Pröbsting diz: “A Revolução líbia, assim como a revo-lução Síria em 2011 começou como revolução democrática, como parte das revoluções árabes contra as ditaduras bur-guesas. Assim, ao contrário da interpretação dos sectários, essas guerras civis não começaram como uma conspiração do imperialismo – são autênticas lutas de libertação dos tra-balhadores e camponeses”.

24. Pode-se argumentar que ocorreu levantes por direitos democráticos (e não “revoluções democráticas”) na Tuní-sia, Egito, Iêmen, Bahrein e até mesmo a Síria, mas não na Líbia. Desde o início, o “levante” líbio foi organizado e orquestrado por forças pró-imperialistas e agentes da CIA. Nunca houve nada progressista ou libertador nesta “revolta

de Benghazi”, exceto nas mentes de alguns trabal-hadores iludidos e camponeses. Logo no início, os linchamentos de trabalhadores negros [7.1] desmas-cararam esta farsa de uma “Primavera Árabe” sob a intervenção imperialista. Na Síria, qualquer aspecto progressivo do levante foi logo usurpado por forças patrocinadas pelo imperialismo que rapidamente to-maram o controle e passaram a controlar com punho de ferro a oposição a Assad.

25. Sucintamente Paul Wolfowitz [8] rebateu cada palavra do RCIT no Newsnight em 24 de outubro, quando ele foi descrevendo como levar a “revolução” à vitória na Síria. Ele disse: “A Líbia está muito pró-ocidental agora!” Esta afirmação atinge diretamente ao coração da questão. Todos os que são antiimpe-rialistas por princípio e os que estão interessados em transmitir esta concepção para a consciência do pro-letariado internacional procuram a derrota do imperia-

lismo e a vitória de Assad contra o mesmo. Eles defendem isto neste momento a fim de pavimentar o terreno para a construção na síria de uma seção da IV Internacional que tenha por princípios o internacionalismo anti-imperialista do trotskismo.

26. Michael diz: “É preciso analisar concretamente se a luta de libertação nacional e democrática foi dominada total-mente pelas manobras imperialistas e não possui qualquer significativa dinâmica interna para a luta dos trabalhadores e para a libertação dos camponeses. Se este for o caso, os marxistas devem mudar sua posição e apoiar a luta de libertação nacional”.

O IMPERIALISMO NÃO CONSEGUIUEXATAMENTE O QUE QUERIA?

27. E não foi isso que aconteceu na Bósnia, Kosovo, Líbia e Síria? O imperialismo conseguiu exatamente o que que-ria nos três primeiros conflitos. Kosovo é praticamente uma colônia EUA controlada por bandidos mafiosos. A Bósnia não está muito melhor que isto. E é ainda mais notória a si-tuação em que a “revolução” reduziu a Líbia! A Síria terá um destino semelhante, se não pior. Até onde a tragédia desta “revolução” precisa ir para que o RCIT volte atrás? Workers Power nunca se auto-criticou por ter apoiado os mafiosos do KLA e a RCIT – refém desta posição política – tão pouco.[9]

28. Michael escreve: “Complicações como esta, interpe-netrações de interesses diferentes e contradições em um dado conflito militar tendem a aumentar no futuro. Por quê? Por causa da crescente rivalidade interimperialista... Infeliz-mente, este aspecto é completamente ignorado por muitos sectários que não reconhecem que, além do tradicional po-der imperialista – na América do Norte, Europa Ocidental e Japão - também há um novo, através de potências imperia-listas emergentes, em particular a Rússia e a China.”

29. Podem haver novas potências imperialistas no fu-turo, mas é equivocado igualá-las assim. Agora a guerra é liderada por uma força imperialista dominante em nome do capital financeiro mundial que é liderado pelos EUA e por isso é correto que nações como a Síria busquem obter toda a assistência possível a partir do Irã, China e Rússia. Líbia e Síria, mesmo recebendo o apoio de Rússia e China não podem ser equiparadas com as forças de oposição que são a ponta de lança do dos interesses do capital financeiro imperialista, centralmente com base em Wall Street. A Síria

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está agora defendendo o que lhe resta de seu próprio direito de autodeterminação.

30. É claro que se for deflagrada uma guerra direta inte-rimperialista entre um bloco dominado pelos EUA e o bloco Rússia-China-Alemanha então a tática correta e obrigatória será o duplo derrotismo ao mesmo tempo em que apoiamos as lutas de libertação nacional que possa rebentar durante o curso da guerra, mesmo que elas venham ter o apoio de um bloco ou de outro.

31. Michael escreve: “Tudo isso além da conhecida re-pressão assassina ao menor sinal de resistência do povo líbio”.

32. O “povo da Líbia” deve incluir agentes da CIA, con-tratados e subornados por estes agentes e aqueles que as-piravam se tornarem os agentes do capital financeiro impe-rialista quando tomassem o poder, para não mencionar os fundamentalistas da Al-Qaeda que queriam impor a lei Sha-ria e restaurar a opressão das mulheres e que concordou em aliar-se temporariamente aos EUA. De forma análoga, os marxistas devem aliar-se temporários a Gaddafi contra o ataque imperialista.

33. Agora a parte mais ridícula e mais indefensável de todo o documento, Michael pergunta: “Os trabalhadores e a juventude hoje estão em uma situação melhor ou pior do que sob a ditadura de Gaddafi?”

34. Só um sujeito muito ingênuo pode fazer tal pergun-ta para em seguida surpreender-se obtendo uma resposta para a mesma oposta ao que esperava. Observemos o se-guinte informe:

35. “A apropriação do petróleo da Líbia, o objetivo princi-pal das potências da OTAN não é pouca coisa. O petróleo líbio foi privatizado em curto espaço de tempo. Os contratos foram distribuídos de acordo com a responsabilidade e o nú-mero dos bombardeios realizados por cada país: a França, a serviço da Total; a Espanha, pela Repsol; a Itália, a serviço da Eni; a Inglaterra, em nome da British Petroleum; e os EUA pela Marathon e Hess, ConocoPhillips. Isto tem como efeito a redução das receitas para o novo governo, que terá de preencher a lacuna orçamentária com financiamentos, cortando gastos sociais elementares e tomando emprés-timos por parte das instituições financeiras internacionais, como qualquer outro Estado neoliberal.”

36. “Isso não quer dizer que setores da população da Lí-bia (ou da população síria ou iraniana) não tenham queixas legítimas contra suas ditaduras nacionalistas. No entanto, quando um setor da classe dominante destes países se alia ao capital transnacional estrangeiro para servir a manipu-lação imperialista em favor da mudança de regime políti-co, qualquer aliança militar que os adversários do governo de plantão faz com os interesses globalizantes é um ato de traição contra seu próprio povo. Esta é uma guerra de classe mundial e os Estados Unidos e outras potências da OTAN representam os interesses da classe capitalista trans-nacional, não a classe trabalhadora líbia”. [10]

37. É de suma importância observar que em nenhum mo-mento Michael ou o Rcit se opõem à recolonização da Líbia e a apropriação de seu petróleo pelas garras das empresas ocidentais [10.1]. Ele encontra qualquer espaço para atacar a menor capitulação de Gaddafi ao imperialismo, mas fica completamente prostrado em relação aos “rebeldes” e o que acabamos de descrever acima é completamente irrelevante

para ele.

DE FATO, “UMA SITUAÇÃO DEDUPLO PODER PARCIAL”!

38. Michael continua: “Os sectários “antiimperialistas” afirmar que na Líbia a contra-revolução – ou seja, o impe-rialismo e seus agentes da OTAN, os supostos “rebeldes” racistas – ganharam a guerra civil. Conseqüentemente, eles consideram o resultado como uma derrota para a classe tra-balhadora. Nós, por outro lado achamos que a Revolução Líbia terminou em uma vitória parcial para a classe trabalha-dora e os oprimidos, pois derrotou o regime burguês e bo-napartista de Gaddafi. É verdade que a liderança burguesa e pró-imperialista em torno da CNT tenta seqüestrar essa revolução inacabada e democrática para transformá-la em uma contra-revolução democrática. No entanto, este pro-cesso está longe de ter sido concluído. O que temos hoje no pós-Gaddafi da Líbia é um regime em crise, que é dividido por várias facções. Está dividido, não apenas pela luta entre as potência, mas também – e, em grande medida, devido a pressão das massas. O que temos hoje na Líbia é uma si-tuação de duplo poder parcial. O que constitui esta situação de duplo poder parcial?”

39. Este deve ser o parágrafo mais farsante de todo o do-cumento. Uma situação de duplo poder parcial, de fato! Esta expressão foi usada pela primeira vez pelos bolcheviques para descrever a situação na Rússia depois da revolução de Fevereiro de 1917, onde conselhos de massas de trabal-hadores (soviéticos) efetivamente controlavam o país, dis-putando o poder com o próprio governo. Eventualmente, os soviéticos aboliram a democracia parlamentar e instituíram a “ditadura do proletariado”, em que a classe trabalhado-

O governo fantoche do CNT retoma a todo vapor a produção de petróleo a serviço de seus amos do norte.Abaixo, cartaz do Congresso internacional de petróleo e gás organizado pelo CNT em 2012.

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ra governava. Posteriormen-te, esta foi s u b s t i t u í d a pela ditadura da burocracia sob Stalin por volta de 1924.

40. Talvez quando Mi-chael escre-veu isto de “situação de duplo poder parcial” não estivesse uma p e r c e p ç ã o suficiente da realidade para deixar de notar que a classe trabalhadora

não tem um pingo de influência na situação e ele tivesse referindo-se a “situação de duplo poder parcial” entre as mi-lícias fundamentalistas da Al-Qaeda e as forças pró-EUA.

41. Michael caiu no conto divulgado por Carlos Munzer da LOI-DO argentina. Segundo esta última corrente da Argenti-na a Líbia atravessa uma revolução com situações de duplo poder dos trabalhadores e tudo. Contudo, devemos confes-sar a nossa falta de conhecimento das forças da classe tra-balhadora existentes na Líbia hoje. Se estas forças estão ressurgindo como “informa” Munzer então seria necessário claramente chamar tais forças a mudarem de lado contra as influências pró-imperialistas a que estão subordinadas. Mesmo que supostas greves que segundo ele estariam su-postamente levando a uma situação em que “Os trabalha-dores formam novos sindicatos e estão se organizando em estruturas de base, onde têm mais direitos e poder do que sob o regime de Gaddafi”, estes sindicatos seriam organi-zações pró-imperialistas.

42. Vejamos, por exemplo, a posição de Munzer sobre a Síria, onde o principal inimigo é Assad e o imperialismo rus-so-chinês. Não há absolutamente nenhuma oposição aos EUA, UE, Turquia, a burguesia saudita ou o Qatar.

43. “Na Grécia e em toda a Europa, é necessário para-lisar todos os portos e navios que transportem armamen-tos e alimentem o assassino Assad, e em vez disso, que se alimentem de armas a resistência heróica da Síria! As classes trabalhadoras russa e chinesa tem de se revoltar agora contra os a Putin e Hu Jintao assassinos! É urgente parar a máquina de guerra contra-revolucionária de Putin e Hu Jintao, que estão armando até os dentes o genocida Al Assad! É urgente enviar armas, equipamentos e alimentos para as massas que estão lutando em Homs, Damasco, etc! Por Milícias de Combatentes Revolucionárias na Líbia! Por Comitês Voluntários Internacionalistas de Trabalhadores!” http://www.democraciaobrera.org/pag_ingles/medioorien-te/2012/carta_tunez_ delibia042012.html

Maggie Michael, jornalista da Associated Press nos reve-la precisamente que tipo de ‘massas’ são estas:

44. “Cerca de 30.000 pessoas lotaram uma ampla ave-

nida enquanto marchavam ao longo de um lago no centro de Benghazi na sexta-feira nos portões da sede da Ansar al-Sharia [10.2]. Eles carregavam faixas e cartazes exigindo que as milícias fossem dissolvidas e que o governo cons-tituísse uma polícia para tomar o seu lugar para manter a segurança. “Benghazi caiu em uma armadilha”, se lê em um cartaz. “Onde está o exército, onde está a polícia. Em outros cartazes lamentam o assassinato do embaixador dos EUA, Christopher Stevens com as seguintes inscrições: “O em-baixador era amigo da Líbia” e a “Líbia perdeu um amigo”. Helicópteros militares e aviões de combate sobrevoaram, e policiais se misturaram na multidão, impulsionado pelo apoio aos manifestantes “[11].

45. E assim a última esperança para a “revolução” é... An-sar al-Sharia! Eles vieram para substituir os bolcheviques! Quão estranho é o rosto da “libertação” da Líbia hoje! Pa-recem tão estranhos quanto os dos bolcheviques nos dias anteriores ao assalto ao Palácio de Inverno, em 1917, na Rússia, não é?

46. Enquanto escrevemos esta resposta a cidade de Bani Walid está sob cerco. De acordo com a agência de notícias Inter Press Service as milícias pró-governo armados esta-vam tentando matar indiscriminadamente grandes números de pessoas em Bani Walid, por causa de sua história de apoio à Gaddafi. A Anistia Internacional diz que em toda Lí-bia, muitos continuam a ser detidas sem acusação ou sub-metidas a julgamento, foram torturados ou sofreram maus-tratos. O Centro Internacional de Estudos Penitenciários (ICPS) diz que a Líbia detém o maior número de prisioneiros detidos sem julgamento no mundo, cerca de 89 % dos pre-sos. Prisioneiros estrangeiros, muitos deles da África Sub-saariana, são responsáveis por quase 15% da população carcerária da Líbia, e as mulheres são pouco mais de 2%. Nasseer Al Hammary, pesquisador do Observatório da Líbia para os Direitos Humanos disse que a situação dos direitos humanos na Líbia agora é muito pior do que sob Gaddafi. [12]

47. É assim que a classe trabalhadora da Líbia está pres-tes a conquistar o poder? Certamente sofrem alguma “re-volução inacabada” com um “duplo poder parcial” apoiado pelo RCIT!

Notas

[1] A declaração do RCIT que respondemos neste documento pode ser encontrada em: http://www.thecommunists.net/theory/liberation-struggle-and-imperialism/#ds

[2] Ver Stuart King, A frente única anti-imperialista: um debate com o GOR, 30/03/1986 - “Claramente aqui Trotsky não limita a frente única apenas a questão de “blocos militares contra os imperialistas ou contra os senhores da guerra. Na verdade essa posição faz uma divisão não-marxista entre “política” e “guerra”. A guerra é a continuação da política por outros meios”.”Ray e toda a família Workers Power já repudiou estas posições corretas por causa de sua necessidade de defender a sua po-sição sem princípios sobre a Líbia. http://www.fifthinternational.org/con-tent/anti-imperialist-united-front-debate-gor

[2.1] “Na minha declaração para a imprensa burguesa, eu disse que o de-ver de todas as organizações de trabalhadores da China era de participar ativamente e nas linhas de frente da atual guerra contra o Japão, sem abandonar, por um único momento, o seu próprio programa e atividade independente. Mas isso é ‘social-patriotismo!’ Choramingam os Eiffelites. É capitulação a Chiang Kai-shek! É o abandono do princípio da luta de

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classes! O bolchevismo pregou derrotismo revolucionário na guerra im-perialista! Agora, a guerra na Espanha e na Guerra Sino-Japonesa são ambas as guerras imperialistas. Nossa posição sobre a guerra na China é a mesma. A única salvação dos operários e camponeses da China é lutar de forma independente contra os dois exércitos, contra o exército chinês da mesma maneira como contra o exército japonês. Estas quatro linhas, tiradas de um documento Eiffelite de 10 de setembro de 1937, basta para nos dizer: estamos aqui diante, quer com verdadeiros traidores ou imbe-cis completos. Mas imbecilidade, elevado a esse grau, é igual à traição”. (Leon Trotsky, On the Sino-Japanese War, Written: 23/09/1937 http://www.marxists.org/archive/trotsky/1937/10/sino.htm) (Nota da edição bra-sileira, LC)

[3] Convidamos os leitores a verificar a declaração do CLQI na qual verão que a tentativa de criar uma identificação entre nossas posições com as da “família Spartacista’ e o CPGB (ML) é totalmente infundada. http://lcli-gacomunista.blogspot.com.br/2011/04/declaracao-lc-sf-rmg-sobre-libia.html

[4] Ver entrevistas com Wang Fanxi por Gregor Benton, “Wang repete o que foi descrito, isto é, que a posição tomada por seu grupo – e por Trots-ky – não era um dos” derrotismo revolucionário “. O objetivo manifesto era “transformar a guerra contra os invasores estrangeiros em uma revolução para substituir a direção da guerra de resistência e, assim assegurar a vitória da guerra contra o invasor estrangeiro ... ‘Esta política ... alinhou-se a declaração de Trotsky de que as organizações dos trabalhadores deveriam “participar ativamente e nas linhas de frente da guerra contra o Japão”. Chiang Kai-Shek provavelmente não alcancaria uma vitória sobre os japoneses e os trotskistas poderiam ganhar autoridade política na luta militar e da luta política contra as debilidades e traições do Kuomintang. “http://revolutionaryhistory.co.uk/book -reviews/books/reviews/chinese-trotskyism.htm.

[5] Ver Felix Morrow: Revolução e Contra-Revolução na Espanha, New Park Publications. Sobre isto escreve Mandel Earnest: “A Revolução e Contra-Revolução na Espanha de Felix Morrow continua sendo a melhor análise marxista da revolução espanhola e seu fim trágico entre 1936-37. Outras obras, escritos que recorrem a um extenso e original material dão uma explicação mais detalhada dos eventos e lutas (sociais e políticas) que marcaram esses anos dramáticos, e dos eventos que conduziram a eles. Mas nenhum é igual e menos ainda superior a obra de Morrow. Ele analisa as forças das classes sociais e o choque inevitável entre elas, e de como contribuiu decisivamente para o desfecho trágico dos aconte-cimentos a falta de uma direção revolucionária e de consciência política clara por parte das massas trabalhadoras. http://www.marxists.org/archi-ve/mandel/1974/xx/morrow.htm

[6] O Partido Operário Unificado Marxista (em espanhol: Partido Obre-ro de Unificación Marxista, POUM; em catalão: Partit Obrer d’Unificació Marxista) era um partido político comunista espanhol formado durante a Segunda República e, principalmente ativo em torno da Guerra Civil Espanhola. Ele foi formada pela fusão do agrupamento trotskista Esquer-da Comunista da Espanha (Izquierda Comunista de España, ICE) e do Bloco Operário e Camponês (BOC, ligado a Oposição de Direita), contra a vontade de Leon Trotsky, com quem o ICE rachou em 1935.

[7] Embora tenham oscilado entre o bolchevismo e o menchevismo, não cumprindo um papel independente, os anarquistas tiveram um papel im-portante na luta contra Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanho-la. A aspiração de uma revolução social se espalhou por toda a Espanha, com a coletivização da terra e das fábricas e controlada pelos trabalhado-res. Os operários anarquistas realizaram combates heróicos (19/07/1936, jornadas de maio de 1937), os dirigentes anarquistas da CNT e da FAI os-cilaram entre boicotar a formação de soviets por seu anarco-sindicalismo, renunciando a luta pelo poder operário e o ingresso no governo burguês da frente popular. Todas as conquistas sociais da revolução espanhola fo-ram então liquidadas em 1939 com a vitória de Franco, que teve milhares de anarquistas executados. A resistência a ditadura franquista nunca foi inteiramente esmagada, com militantes da resistência a participar de atos de sabotagem e de ação direta depois da guerra civil, realizando vários

atentados contra a vida do governante. Sobre o papel dos anarquistas na guerra civil espanhola recomendamos: o documento: León Trotsky, Escri-tos sobre España, Lección de España; Última Advertencia, 17/12/1937, http://revolucionespanola.elmilitante.org/clasicos/46.htm

[7.1] http://www.youtube.com/watch?v=FzmamhtoAPU

(Nota da edição brasileira, LC)

[8] Paul Dundes Wolfowitz (nascido em 22/12/1943) é um ex-embaixador dos Estados Unidos para a Indonésia, Vice-Secretário de Defesa dos EUA, presidente do Banco Mundial, e ex-reitor da Escola Paul H. Nitze de Estudos Avançados Internacionais da Universidade Johns Hopkins. Atualmente é professor visitante do American Enterprise Institute, trabal-har em questões de desenvolvimento econômico internacional, África e parcerias público-privadas, e presidente do US-Taiwan Business Council. Ele é um líder neoconservador. Como vice-secretário de Defesa, ele era “um grande arquiteto da política do presidente Bush para o Iraque e... seu principal falcão.” (Peter J. Boyer, “O Crente: Paul Wolfowitz defende sua guerra”, The New Yorker, 01/12/2004). Wolfowitz é um dos mais importan-tes teóricos do imperialismo na atualidade.

[9] Ver Kosovo “Estado mafioso” e Camp Bondsteel: Rumo a uma pre-sença militar permanente dos EUA no sudeste da Europa, 14/04/2012, por F.William Engdahl. “Hashim Thaci o atual primeiro-ministro do Koso-vo, trabalha, por assim dizer, para o Departamento de Estado dos EUA”. Segundo The Guardian, 14/12/2010, Hashim Thaçi é identificado como o chefe de uma rede mafiosa ligada ao narcotráfico de heroína e cocaína, prostituição e assassinatos no período preparatório para a guerra de Ko-sovo 1998-1999, passando a ocupar um forte domínio sobre o governo do país desde então. http://www.guardian.co.uk/world/2010/dec/14/kosovo-prime-minister-llike-mafia-boss.

[10] Libia piora após ocupação da OTAN, de 26 de junho de 2012, http://www.thenorthstar.info/?p=1043

[10.1] Líbia aberta para os negócios. “Para os vencedores, os despojos”: “Países que participaram da tomada da Líbia foi prometida uma parte dos despojos. Isso está de acordo com uma carta publicada em 01 de setembro pelo jornal francês Liberation, em que os rebeldes fazem alusão a um acordo prometendo 35 por cento do petróleo da Líbia para a França. Assinado pela Frente Popular para a Libertação da Líbia (o precursor do Conselho Nacional de Transição), a carta refere-se a um acordo ‘para atribuir 35% do petróleo bruto para a França em troca de seu apoio total e permanente do nosso Conselho.’ A carta, escrita em árabe e de 3 de abril, diz que o acordo foi firmado durante a 29 de março cúpula sobre a Líbia em Londres. Com reservas provadas de 46,4 bilhões de barris de petró-leo de alta qualidade e reservas igualmente enormes de gás natural, a Lí-bia tem sido na mira do governo dos EUA durante anos, junto com muitos países europeus. Mesmo que as empresas petrolíferas norte-americanas estão de volta ao país desde 2004, e do francês e italiano gigantes do petróleo Total e Eni nunca saiu, eles não têm sido felizes com os termos. Como The New York Times (15 de novembro), ‘Durante seu longo rei-nado, o coronel Gaddafi concedeu estrangeiros direitos de perfuração em pequenos trechos de campos e os fez assinar acordos que deram o regime mais dos lucros e os deixou com a maioria das contas.’ Agora que o petróleo da Líbia e gás têm sido ‘libertado’, as empresas estrangeiras de energia estão esperando para manter os lucros mais para si e deixar o povo líbio com mais de as contas.” http://pslweb.org/liberationnews/news/libya-open-for-business.html (Nota da edição brasileira, LC)

[10.2] Milícia islâmica líbia criada com patrocínio imperialista que ganhou força após a morte de Gaddafi e reivindica a imposição rigorosa da lei islâmica (a sharia) no país. (Nota da edição brasileira, LC)

[11] http://forums.carm.org/vbb/archive/index.php/t-116767.html

[12] O abuso e maus-tratos de presos em centros de detenção em todo o país, muitos deles executados por milícias, é um problema per-manente. http://observers.france24.com/content/20120625-stranded-without-papers-immigrants-detained-libyan-camps-tripoli-benghazi-detention-migrant-workers-africans - http://www.ipsnews.net/2012/10/

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Pela vitória dos mineiros sul africanos em greve!Nenhuma ilusão nos que buscam tornar mais tolerável

o ajuste! Que o Congresso dos Sindicatos (TUC)convoque uma greve geral por tempo indeterminado!

INGLATERRA - A MARCHA DE 20/10/2012 EM LONDRES

Os mineiros grevistas da África do Sul são hoje a van-guarda do proletariado internacional. O massacre brutal e pré-planejado dos 34 mineiros em 16 de agosto é uma manifestação aguda da crise internacional do capitalis-mo. Todos os trabalhadores com consciência de classe do planeta tem o dever de apoiar e trabalhar para a vitó-ria desses grevistas porque eles estão lutando não ape-nas para o futuro da classe operária sul africana, mas pelo futuro de todos nós.

A crise mundial do capitalismo continua a se aprofun-dar, a crise da dívida grega e da soberana europeia con-tinua se agravando. Vários países da área do euro não pode pagar ou refinanciar sua dívida pública sem deixar de tornar-se reféns da temida troika: o FMI, UE e BCE.

As dívidas dos especuladores e bancos de proprieda-de bursáteis foram transferidas para o saldo bancário na-cional e assim a crise se tornou uma crise da dívida so-berana que agora ameaça a solvência de nações inteiras e a sobrevivência do euro e da própria União Europeia. Isto tem consequências globais, ameaçando rivalidades inter-imperialistas como as que vimos antes das Primeira e da Segunda Guerra Mundial.

Isto tem consequências desastrosas para a classe tra-balhadora e para a população pobre grega, restaurantes precários surgem em toda parte. A verdadeira pobreza e a fome reaparecem na Europa pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A Grécia mostra a todos o futuros que teremos sob este sistema capitalista podre e em crise.

Já é evidente que uma crise habitacional grave está desenvolvendo na Grã-Bretanha, o Sistema Nacional de Saúde está por ser totalmente privatizada. O conselho Tory de Barnet (sub-prefeitura deste bairro londrino) tor-nou-se pioneiro no estilo americano privatização total dos serviços. O “ministro laborista” Ed Bolls (atual chanceler do “Shadow Chancellor” correspondente ao Ministro da Fazenda paralelo laborista) disse ao “The Guardian”: “A população quer que sejamos implacáveis e disciplinados na forma como nós lidamos com as finanças públicas”. E na Conferência do Partido Laborista a ameaça é cris-talina: “não podemos assumir qualquer compromisso de que o próximo governo trabalhista será capaz de reverter o aumento dos impostos ou o cortes dos gastos.”

Após o terrível Massacre Marikana em 16 de agos-to, na segunda-feira 15 de outubro a crise no setor de mineração da África do Sul se agravou quando as nego-ciações entre a Câmara de Minas e sindicatos falhou na contenção da onda grevista. “A situação é grave”, Willie

Jacobsz, diretor de relações com investidores da Gold Fields disse ao Financial Times. “Todas as minas Gold Fields ‘do Africa do Sul, estão agora metidas em gre-ves ilegais, colocando milhares de empregos em risco e aumentando a probabilidade de uma grande reestru-turação.”

As Escolas da África do Sul são tão miseráveis como o sistema de saúde e o desemprego juvenil ultrapassa 50%. Uma grande parte da maioria negra ainda vive em cabanas de lata enferrujadas. O fosso entre ricos e po-bres é agora ainda maior do que nos dias de governo branco, e está entre os piores do mundo.

Uma grande parte dos líderes do Congresso Nacio-nal Africano (CNA) e do NUM (Sindicato Nacional dos Mineiros da África do Sul) tornaram-se multi-milionários, servindo aos interesses do capital financeiro imperialis-ta. Ex-líderes do NUM como Cyril Ramaphosa, Kgalema Motlanthe, Gwede Mantashe, e Motlatsi James utilizaram sua condição de dirigentes sindicais para trair os minei-ros e se tornarem eles próprios capitalistas.

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Socialist Fight - Grã Bretanha(seção do CLQI)

Eles personificam a mudança do CNA que evoluiu de um movi-mento radical de libertação nacio-nalista pequeno-burguês para um partido nacionalista burguês que protege os interesses da burgue-sia negra, dos monopólio capita-listas em mãos de proprietários brancos na África do Sul e também britânicos e de outras empresas estrangeiras, como a multinacional britânica Lonmin e a irlandesa Ge-rry Adams.

A direção tradicional da classe trabalhadora internacionalmente é composta de funcionários burocra-tizados, políticos carreiristas que são dependentes do próprio sis-tema capitalista para manter seu estilo de vida privilegiado. Então, o que mais temem é o próprio movi-mento de massas da classe trabal-hadora que dizem representar e que ameaça esse seu estilo de vida privilegiado.

Nós precisamos de uma nova direção revolucionária.

O domínio desta burocracia sobre as bases do mo-vimento é mais forte agora do que nunca. Eles atuam ativamente com toda força para dividir e subdividir aos trabalhadores. Vimos isso em Ellesmere Port, nos ônibus de Londres e em inúmeros outros locais de trabalho; nas novas contratações de segunda classe apoiadas pelos dirigentes das trade unions, com menores salários e mui-to pior condições de trabalho.

Quase todos os grupos de esquerda não lutam contra isso de maneira séria e não prepararm a classe trabalha-dora para esta catástrofe iminente. As correntes sindicais National Shop Stewards Network, Unite the Resistance e o Coalition of Resistance acolhem em seu seio aos buro-cratas de esquerda e de direita, como o traidor Len Mc-Cluskey, que foi perdoado por todos.

Precisamos desesperadamente de um genuíno mo-vimento organizado na base dos locais de trabalho que lute pela independência da classe trabalhadora não só na Grã-Bretanha, mas internacionalmente. Precisamos reconstruir sob bases verdadeiramente revolucionárias e internacionalistas a IV Internacional.

Para defender a classe trabalhadora a nível local e imediato, precisamos desenvolver campanhas locais, como a campanha em defesa dos sem teto de Counihan em Brent cobrindo-as nacionalmente de solidariedade e exigindo um orçamento que atenda as necessidades de habitação sociais decentes para todos.

Temos de defender os direitos civis e exigir a liber-tação dos presos políticos Republicanos Irlandeses, pa-lestinos, os prisioneiros de guerra naxalita na Índia e to-dos os outros lutadores presos políticos anti-imperialistas internacionalmente.

A direção do TUC prometeu verificar as possibilidades e “aspectos práticos” para a realização de uma greve ge-ral. Mas a greve de um dia seria apenas um mero protes-to para descomprimir a tensão sindical, como na Grécia e na Espanha. Devemos lutar por uma greve geral por tempo indeterminado a colocar na ordem do dia a ques-tão da luta pelo poder como condição de qualquer luta pelo progresso para a classe trabalhadora nesta crise.

Reivindicações para uma luta internacional:

• Estabelecer um fundo internacional para apoiar todos os mineiros em greve na África do Sul!

• Lutar pela nacionalização das minas na África do Sul sob o controle dos trabalhadores e das comuni-dades da classe trabalhadora!

• Democratização dos sindicatos!• Eleições de todos os dirigentes sindicais!• Que os dirigentes sindicais e funcionarios rece-

bam no máximo o salário de um trabalhador especia-lizado da respectiva categoria!

• Pela derrote das leis anti-sindicais!• Por um imposto sobre a riqueza acentuadamente

progressivo!• Obras públicas, com taxas de remuneração es-

tabelecidas pelas trade unions para dar trabalho aos desempregados!

• Rechaço a demanda “empregos britânicos para trabalhadores britânicos!”

• Pela solidariedade internacional de toda a classe trabalhadora e oprimida!

• Por uma Campanha Nacional de Habitação que lute pela habitação social decente para todos!

• Pela libertação imediata e incondicional de todos os irlandeses, naxalitas, palestinos e todos os outros prisioneiros de guerra anti-imperialista!

• Por uma greve geral por tempo indeterminado para derrubar o governo Con-Dem!

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18 O Bolchevique No13 - novembro de 2012

¡No a CFK, a la oposición burguesa de derechay a las burocracias sindicales saboteadoras!

¡Si a una fuerte huelga nacional y a la construcciónde un partido verdaderamente trotskista de

la clase obrera para imponer unasalida obrera independiente y revolucionaria!

ARGENTINA - MANIFESTAÇÃO DE 20/11/2012 EM BUENOS AIRES

El triunfo de las luchas de los trabajadores es la única garantía capaz de evitar una salida reac-cionaria. Para hacer que los conflictos se enca-mine a en una tendencia hacia la huelga general

indefinida . Por una salida independiente y obrera.

El cristinismo, como todo gobierno burgués, ésta ha-ciendo de los trabajadores la principal variable de ajuste para descargar sobre ellos los costos del fin de fiesta del ciclo de los Kirchner. Esto se ve claramente en la erosión de los salarios por vía de la inflación y en las leyes flexibi-lizadoras como la reforma de las demandas por acciden-tes de trabajo. En donde el cristinismo no tuvo problema en votar junto a la oposición de derecha – en este caso el macrismo-que tanto condena.

El fortalecimiento de las tendencias a la derechiza-ción, aprovechando los recientes movimientos de las ca-pas medias urbanas, solo puede ser revertido mediante una entrada decidida de la clase obrera en la lucha po-lítica. Cada conflicto que se dé debe ser aprovechado teniendo en cuenta ese norte estratégico. No por eso hay que sembrar expectativas en las burocracias sabo-teadoras que si se ponen a el frente de los reclamos es porque en función de sus propios intereses burocráticos hoy están en cierta contradicción con el cristinismo y en el fondo nunca van a abandonar su método de encabezar para descabezar usando los legítimos reclamos de los trabajadores como moneda de cambio frente a el gobier-no burgués de turno.

En este sentido es tan reaccionaria la burocracia opositora de el moyansimo como los sectores de la CTA “opositora” hoy enfrentadas con el cristinismo. Mas allá de las diferencias en el discurso que puede haber entre el conjunto de las fracciones burocráticas hoy enfrentadas a el cristinismo todas de hecho deben su razón de existir a su rol de sabotear las luchas de los trabajadores. En este sentido es tarea de los trabajadores de vanguardia aprovechar las contradicciones que hoy tiene la clase enemiga y que se reflejan en las contradicciones de sus agentes burocráticos para organizarse y apuntar a recu-perar las organizaciones sindicales, sin caer en tentacio-nes fraccionalistas fáciles generalmente fomentadas por corrientes que en esencia responden a los intereses de la pequeñoburguesia, expulsando a las camarillas burocrá-ticas de las organizaciones sindicales mismas.

El cristinismo hoy se sostiene solo por la inercia que mantiene en función del asistencialismo que en su mo-mento construyo y ésta en un contexto donde la pérdida

de competitividad de la economía semicolonial- que es patética en la desinversión que hubo en esta década en la infraestructura básica –transporte y energía- , ya ma-nifestada en accidentes ferroviarios que cuestan la vida de los trabajadores y en apagones energéticos. Es por lo tanto está perdida de competitividad económica, con su manifestación en el desmoronamiento de la infraestruc-tura, lo que ya le puso fecha de vencimiento a el crsiti-nismo mas allá de toda capacidad de maniobra política.

El hecho de que crezca la oposición de derecha a el cristinismo y el rol saboteador de las direcciones burocrá-ticas – mas por cierto que las fracciones de la burocracia que hoy siguen aliadas a el cristinismo – no nos debe ha-cer perder de vista que s el triunfo de los reclamos de los trabajadores, contra la caída de el salario real por vía de la inflación y contra la pérdida de sus conquistas la única vía de frenar a la propia oposición de derecha y superar el carácter burgués cobarde y vacilante de el cristinismo.

No solo en que el cristinismo pueda contener a la derecha deberá cuidarse de poner expectativas todo lu-chador obrero y popular, sino que también en la política oportunista y que en realidad lleva agua al molino de la propia oposición de derecha que constituye la oposición pequeñoburguesa agrupada bajo el nombre de la “iz-quierda “ como caso del FIT que de conjunto como en

UIT/CST FAZ VERGONHOSA FRENTE COM OS PE-LEGOS E A DIREITA CONTRA CFK: Pollo Sobrero - da Izquierda Socialista (UIT, CST/PSOL no Brasil), membro da FIT com o PO e PTS - na esquerda da foto, na Conferência de Imprensa dirigida pelos ultra-pelegos Moyano (CGT) e Micheli (CTA), empresários e Eduardo Bussi, da Federação Agrária, representante da reacionária pequena burguesia sojeira (não confundir com camponeses pobres).

Moyano

Bussi

Sobrero

Micheli

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maior crescimento de área plantada de cana-de-açúcar do país. Os canaviais ocu-pam 650 mil hectares, que renderam, na última safra, R$ 1,9 bilhão, o equivalente a 4,8% da produção nacio-nal. Outros dois milhões de hectares são planta-dos com grãos. O estado é hoje o quarto maior produtor nacional de algodão e o quinto de soja. E o governo financia o “agronegócio”, com recur-sos da CEF, BB e BNDS.

Todo este quadro comoveu de sobremaneira setores da juventude que resolveram apoiar a causa indígena, mas não a maioria das organi-zações que se dizem defensoras desta causa, que não compareceram ao ato ou por serem go-vernistas e aliadas do latifúndio (PT e PCdoB) ou, no caso dos que se proclamam “oposição de esquerda”, por se tratar de uma atividade estran-ha ao seu vício sindicalista economicista, eleito-ralista ou academicista. Muitos membros destas organizações se contentaram em “curtir” e “com-partilhar” virtualmente o apoio à causa.

Também é necessário destacar que parte da direção do movimento que organizou os atos é governista e onguista que se passa como anti-partidária para sob a base de uma reacionária despolitização, como bem denunciaram com-panheiros do Movimento Indígena Revolucioná-rio, parasitar a causa em busca de projetos de captação de recursos para suas ONGs. Estes são os mesmos setores que em plena manifes-tação contra o genocídio e o extermínio elogiam a ação da PM que neste momento incrementa em todo o país e, sobretudo em São Paulo, o massacre da população trabalhadora e pobre da periferia. Em suas faixas e falações na ma-nifestação a LC delimitou-se destes setores. “Nossa faixa, que abriu e conduziu a manifes-tação, denunciava claramente: Somos todos guarani-kaiowas contra o genocídio a mando do agro-negócio e seus lacaios: o Supremo Tribunal Federal, Dilma e o PT”. Há meses denunciamos: “OS ‘INDÍOS’SOFREM MASSACRES COMO NO PINHEIRINHO HÁ MAIS DE 500 ANOS - Go-verno Dilma: Opior inimigo dos povos originários a serviço da recolonização do Brasil!” Os abo-rígenes, sejam guaranis ou mapuches chilenos, são aliados do proletariado na luta contra o ini-migo comum: os capitalistas latifundiários sócios da política colonialista do imperialismo sobre o país e o continente. São aliados na luta pela re-volução agrária contra os exterminadores do lati-fúndio, o conjunto do aparato repressivo estatal, a justiça burguesa e os governo burgueses em nível federal, estadual e municipal.

NENHUMA ILUSÃO NA JUSTIÇADO LATIFÚNDIO NEM NAS DEMARCAÇÕESDO ESTADO CAPITALISTA

Sob a pressão popu-lar e por pura demagogia paliativa, no dia 30/10, o governo federal anunciou a suspensão de uma das 3 liminares que determi-nava a retirada dos índios

guarani-kaiowá da Fazenda Cambará, em Mato Grosso do Sul. Com a decisão da Justiça, cer-ca de 170 índios que vivem no acampamento atualmente devem permanecer no local até que a demarcação de suas terras seja definida. To-davia, quando nós manifestantes fomos entregar “Carta dos Movimentos Populares” de reivindi-cações ao TRF neste dia nacional de luta, toda a cúpula desta instância judiciária se recusou a receber e a sequer protocolar o documento, com a desculpa esfarrapada que os três magistrados responsáveis pelo órgão estavam de férias. É por isto que alertamos em nossas falas na ati-vidade que enquanto existir latifúndio e o Estado defensor da propriedade privada, a demarcação de terras estará sempre condenada a reveses e tanto a luta como a existência de todos os que vivem como camponeses pobres estarão constantemente ameaçadas. Só em 2011 fo-ram registrados, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 56 conflitos fundiários no país envolvendo índios em 16 estados. São dispu-tas que ocorreram em áreas demarcadas e fora delas. Somente com a expropriação nacional e sem indenização da terras, com a extinção do latifúndio burguês, ou seja, através da luta pela revolução social é que poderemos acabar com o genocídio, a exploração de classe,a desagre-gação social e a lumpenização seculares a que estão submetidos os povos originários.

Em última instância, o sangue indígena corre nas veias do proletariado estruturado de todo o continente americano. Os povos nativos originários se somam na composição da carne e dos ossos do único setor da população trabalhadora capaz de, ao se sublevar, arrastar consigo todos os demais oprimidos como a população indígena e fazer saltar pelos ares toda bar-barie agrária artificialmente coservada, que como dis-se Trotsky, é a praga mais sinistra da economia mun-dial contemporânea. “Espoliando a riqueza natural dos países atrasados e restringindo deliberadamente seu desenvolvimento industrial independente, os magna-tas monopolistas e seus governos concedem simul-taneamente seu apoio financeiro, político e militar aos grupos semi-feudais mais reacionários e parasitas de exploradores nativos. A barbárie agrária artificialmente conservada é, hoje em dia, a praga mais sinistra da economia mundial contemporânea. A luta dos povos coloniais por sua libertação, passando por cima das etapas intermediárias, transforma-se na necessidade da luta contra o imperialismo e, desse modo, está em consonância com a luta do proletariado nas metrópo-les. Os levantes e as guerras coloniais, por sua vez, fazem tremer, mais que nunca, as bases fundamentais do mundo capitalista e tornam menos possível que nunca o milagre de sua regeneração.” (O Marxismo em nosso tempo, 1939).

Tendência MilitanteBolchevique - Argentina

(seção do CLQI)

el caso del PO y el PTS se negó a llamar a la clase obrera y la juventud a boicotear a la movi-lización reaccionaria de las ca-pas medias si no que en caso de miembros del propio FIT como IS (izquierda socialista), y también la CS (convergencia socialista), por fuera del FIT, participaron es-candalosamente en la moviliza-ción de derecha. Todo esto para la vanguardia obrera debe ser visto como parte de sus tareas de elevación de la conciencia y organización de la lucha para echar las bases de una genuina herramienta política que repre-sente los interese histórico de los trabajadores es decir un partido obrero revolucionario.

¡Por escala móvil de los sala-rios para que estos no se licuen la inflación y por el 82 % móvil para los jubilados, apuntando a obtener una elevación de sala-rios y jubilaciones que los hagan equivalentes a la canasta fami-liar!

¡Por la derogación de la úl-tima legislación flexibilizadora dada por el cristinismo – acciden-tes de trabajo – apuntando a de-rogar la flexibilización de los 90 que los Kirchner se “olvidaron” de derogar!

¡Por el cese del pago de la deuda externa, contraída por el conjunto de el capital oligopolio y sus representantes, tanto en el periodo de la dictadura iniciada con el golpe del 76 como en el periodo post-dictatorial que hoy deben pagar los trabajadores, para esa forma garantizar un programa de obras públicas que incorpore a los trabajadores des-ocupados a la producción!

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ATO NACIONAL CONTRA O EXTERMÍNIO INDÍGENA

Somos todos Guaranis e Kaiowas contra o genocídio a mando do

agronegócio e seus lacaios:STF, Dilma e PT!

No dia 9 de novembro de 2012 ocorreram atos em defe-sa dos povos guarani-kaiowas em 50 cidades do Brasil. Em São Paulo, a maior manifestação nacional contou com mais de três mil pessoas que se concentraram no MASP desde as 13h até as 18h. Primeiramente, no início

da tarde, os manifestantes se dirigiram à sede do Tribunal Regional Federal da Avenida Paulista para entregar a “Carta dos Movimentos Populares” pedindo a urgência na demarcação de terras e a anulação dos despejos. A segunda concentração, às 17h, marchou da Avenida Paulista até o Vale do Anhangabaú e encerrando-se às 21h.

Desde a chegada dos portugueses a estas terras, há mais de meio milênio, o dia 9 de novembro entrará para a história como a data em que mais aconteceram protestos pela causa dos povos originários e contra o Estado capitalista em toda a história do Brasil.

O movimento ganhou força quando os Guarani-Kaiowás no Mato Grosso do Sul passaram a ser ameaçados de extinção. Quando os portugueses chegaram havia aproximadamente 10 milhões de índios no país. Hoje não chegam a 1 milhão. Enquanto a população bra-sileira cresceu para quase 200 milhões de habitantes, o avanço do latifúndio capitalista sobre o qual se assentou a economia da colônia no princípio e agora da semi-colônia fez com que a população abo-

rígine retrocedesse violentamente. Graças ao servilismo de todos os governos burgueses, o país nunca passou de uma economia agro-exportadora a serviço do grande capital internacional.

O GOVERNO DILMA:O PIOR INIMIGO DOS POVOS ORIGINÁRIOSA SERVIÇO DA RECOLONIZAÇÃO DO BRASIL

No governo do PT, ao contrário desta situação sequer ser ame-nizada, ela se agravou. De 2003 a 2011, 503 índios foram assas-sinados, sendo que destes, 279, ou seja, mais da metade, foram guarani-kaiowás. Os governos de Lula, que elegeu os latifundiários assassinos como “heróis”, e de Dilma mantêm as aldeias como cam-po de confinamento indígena, destinado ao estrangulamento de suas populações através da lumpenização das mesmas. Não por acaso, sem qualquer perspectiva de vida, um jovem guarani-kaiowá se sui-cida por semana. Isso, quando não são diretamente executados pelo latifúndio interessado em roubar-lhes as terras, para o plantio de cana e soja, para a pecuária (que tem como garota propaganda a arqui-reacionária atriz Regina Duarte) ou simplesmente para a especu-lação, aproveitando-se da bolha imobiliária impulsionada pela política econômica do governo federal, cujo carro chefe são o famigerado Programa de Aceleração do Crescimento e os mega-eventos. Não por acaso, o PT converteu em sua base aliada um setor crescente do agronegócio antes ligado à oposição de direita demo-tucana, como a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD do Tocantins).

O latifúndio pressiona o governo para, em caso de desapropriação, receber indenização não apenas pelas “benfeitorias” custeadas com empréstimos a fundo perdido pelo governo (as dívidas milionárias são anualmente anistiadas), mas também pelo valor da terra, turbinado pela bolha imobiliária, o que não está legalmente previsto, mas que a justiça burguesa, a bancada ruralista e o governo darão um jeitinho de conciliar.

No ano passado, o estado do Mato Grosso do Sul registrou o

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