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o 11 Congresso de Estudos Espíritas 26 de julho de 2020 Temas gerais sobre a Ciência e a Filosofia Espírita CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS Mulheres Espíritas AMIGO IGNORADO ZILDA GAMA INSPIRAÇÃO NOS TEMPOS MODERNOS ROSSINI Espiritismo e Arte TRABALHO MARIA DOLORES Grupo de Valorização da Vida Espiritismo e Ciência CAIRBAR SCHUTEL A PASSAGEM DO PRINCÍPIO INTELIGENTE PELA SÉRIE ANIMAL Vida e obra de Deolindo Amorim A MÁQUINA E A FÉ DEOLINDO AMORIM Espiritismo e Ufologia CAMILLE FLAMMARION A PRESENÇA EXTRATERRESTRE NO PASSADO. MUITO ALÉM DO EXÍLIO. Espiritismo e Meio Ambiente EURÍPEDES BARSANULFO DEUS, O HOMEM E O MEIO AMBIENTE

o Congresso de Estudos Espíritas · 2020. 7. 16. · 11º Congresso de Estudos Espíritas VIDA E OBRA DE DEOLINDO AMORIM Tema: A MÁQUINA E A FÉ 2 Deolindo Amorim nasceu no dia

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o11 Congresso de Estudos Espíritas

26 de julho de 2020

Temas gerais sobre a Ciênciae a Filosofia Espírita

CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

MulheresEspíritas

AMIGOIGNORADO

ZILDA GAMA

INSPIRAÇÃONOS TEMPOSMODERNOS

ROSSINI

Espiritismoe Arte

TRABALHO

MARIADOLORES

Grupo deValorização

da VidaEspiritismoe Ciência

CAIRBARSCHUTEL

A PASSAGEMDO PRINCÍPIOINTELIGENTEPELA SÉRIE

ANIMAL

Vida e obrade Deolindo

Amorim

A MÁQUINAE A FÉ

DEOLINDOAMORIM

Espiritismoe Ufologia

CAMILLEFLAMMARION

A PRESENÇAEXTRATERRESTRE

NO PASSADO.MUITO ALÉMDO EXÍLIO.

Espiritismoe Meio Ambiente

EURÍPEDESBARSANULFO

DEUS, O HOMEME O MEIO

AMBIENTE

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VIDA E A OBRA DE DEOLINDO AMORIM

Tema: A Máquina e a Fé

Livro Base: O Espiritismo e os Problemas Humanos

A Doutrina Espírita é um corpo de Princípios Abrangentes, uma vez que engloba todas as

posições do Ser Humano em relação ao Mundo Terreno e ao Mundo Espiritual.

Capítulo VIII, A Máquina e A Fé.

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VIDA E OBRA DE DEOLINDO AMORIM Tema: A MÁQUINA E A FÉ

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Deolindo Amorim nasceu no dia 23 de Janeiro de 1908, embora em seus documentos conste 1906, na cidade de Baixa Grande, Estado da Bahia, e desencarnou no Rio de Janeiro, em 24 de abril de 1989. Foi um Jornalista, Sociólogo, Publicitário, Escritor e Conferencista Espírita Brasileiro. Colaborou no Jornal do Comércio e em praticamente toda a Imprensa Espírita do país. Sobre a questão religiosa no Espiritismo, a sua posição foi a mesma de Kardec. Um dos mais ardorosos defensores das Obras Codificadas por Allan Kardec e profundo admirador de Léon Denis, foi presidente do Instituto de Cultura Espírita do Brasil e presidente de honra da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas.

Levou o Espiritismo ao meio universitário, proferindo bela conferência no Instituto Pinel da Universidade do Brasil, focalizando o tema: "O Suicídio à luz do Espiritismo".

Coordenação Geral: Jane Sodré

Coordenação Imediata: Ana Eliza Fernandes

Organização de Conteúdo e Capa: Equipe de Estudo do Encontro

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Objetivo Geral

Compreender a universalidade do Espiritismo, uma Doutrina que nos oferece lentes capazes de situar e compreender os fenômenos socioculturais no tempo e no espaço.

Objetivos Específicos

Entender que, ao tratarmos das relações do Espiritismo com os problemas humanos, não vemos tais problemas pelo prisma exclusivo das necessidades materiais, pois o ser humano,

dentro da concepção espírita, é uma pessoa, e pessoa pressupõe a projeção de uma

realidade que ultrapassa a dimensão físico-social.

Entender que o homem é um ser social e que buscamos, por instinto, a sociedade, onde todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente.

Refletir quanto à proposta da Doutrina Espírita em relação à Educação, que é uma educação onde o homem é orientado a conviver com as mudanças e com os fenômenos que o desafiam, sem se desgarrar do caminho seguro, sem abandonar os valores éticos de sua formação.

Entender que os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm de seu orgulho, seu egoísmo, sua ambição, sua cupidez, seus excessos em tudo.

Refletir sobre a relação entre A Máquina e A Fé, sobre o desentendimento entre o objetivo e o

subjetivo.

Tempo Humano e Tempo Cósmico

O que é o Tempo? Santo Agostinho já observara que sabia o que era o Tempo, mas, se perguntado, não se sentia capaz de explicá-lo. Para Platão, o Tempo era “a imagem móvel da Eternidade”. Aristóteles entendia que o Tempo “é o número de movimento com relação ao antes e ao depois”. Plotino via no Tempo “a vida da alma em movimento, conforme passe de um estado ou ato da experiência para outro”.

Agostinho, embora alegasse as dificuldades que experimentava em definir o Tempo, considerava-o como “presença de coisas passadas, como memória, presença de coisas presentes, como visão, e presença de coisas futuras, como expectativas”

Márcio Tavares. Tempo dos Tempos. Jorge ZAHAR Editor.

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Iniciando os Nossos Estudos

A Máquina e a Fé

1 - Quando tratamos das relações do Espiritismo com os problemas humanos, sem perder a noção do lugar exato dos assuntos, não vemos tais problemas pelo prisma exclusivo das necessidades materiais, uma vez que o ser humano, dentro da concepção espírita, é muito mais do que um indivíduo, é uma

pessoa, e pessoa pressupõe a projeção de uma realidade que ultrapassa a dimensão físico-social.

Poderíamos figurar, aqui, a Representação Ascensional do Homem através de uma Pirâmide: Ciência,

Filosofia, Moral, Arte.

Partindo de baixo, isto é, da base da pirâmide, teríamos a ciência, que se atém ao fato mediúnico;

Em seguida, viria a filosofia, que especula sobre as causas, a origem última do fenômeno;

A moral, por sua vez, isto é, a moral do foro íntimo, não a moral variável dos costumes, indicaria o que devemos fazer das aquisições científicas e filosóficas;

A arte, que seria o vértice da pirâmide, corresponderia à realização integral.

Não se trata de produção artística específica - pintura, escultura, decoração etc. -, mas de arte na acepção implícita de livre realização do homem em si mesmo, independentemente de regras, códigos ou padrões.

Já disse alguém, e com muita felicidade, que "a arte é a síntese suprema da vida''.

2 - Simultaneamente, no sentido de artes em geral, o Espiritismo também abrange as áreas da criação

artística, cujo aprimoramento manifesta o teor de espiritualidade do homem.

Em suma, a Doutrina Espírita propugna a espiritualização das artes.

Temos aí, sem dúvida, a noção de Universalidade do Espiritismo, pois é uma Doutrina que nos oferece lentes capazes de situar e compreender os fenômenos socioculturais no tempo e no espaço.

Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por um caminho mais rápido e mais autêntico; eis por que Ele encarregou os espíritos de levá-la de um polo ao outro da Terra, manifestando-se em todos os lugares, sem dar a pessoa alguma o privilégio exclusivo de ouvir sua palavra.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução II. Ed. CELD.

A Ciência - ao fato mediúnico;

A Filosofia - as causas, a origem última do fenômeno

A Moral - a moral do foro Íntimo A arte - a realização integral

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Em seu conjunto, inteiramente homogêneo, a Doutrina é um corpo de princípios abrangentes, uma vez que engloba todas as posições do ser humano em relação ao mundo terreno e ao mundo espiritual.

3 - Que é a criatura humana, segundo a concepção espírita? É um espírito encarnado, seja em missão, seja em prova.

Se o espírito está em experiência terrena, envolvido nas contingências da condição humana, naturalmente necessita da vida social, no que, aliás, a Doutrina Espírita é claríssima, pois ninguém progride afastado de tudo e de todos. (...) Então, o fato de sermos espíritas não nos isenta de participação e responsabilidade na vida social. (...) a Doutrina não se omite no que diz respeito aos

fenômenos sociais e às transições históricas, precisamente por causa do homem, que está no palco dos

acontecimentos.

E o que propõe a Doutrina Espírita neste sentido?

Precisamente uma educação mais profunda, uma educação que oriente o homem para conviver com as mudanças e com os fenômenos que o desafiam sem se desgarrar do caminho seguro, sem abandonar os valores

éticos de sua formação.

A Educação segundo a Doutrina Espírita não é apenas instruir, não é simplesmente incutir hábitos externos; é transformar o homem dando-lhe uma concepção de vida fundamentada na supremacia do espírito e dos valores morais.

Deolindo Amorim. Ponderações Doutrinárias. Definindo Educação.

4 - As grandes crises político-sociais geralmente produzem fenômenos de consequências imprevisíveis, tanto do ponto de vista material quanto do ponto de vista moral. Não podemos fugir do mundo, como também não podemos evitar os envolvimentos de uma conjuntura social, mas podemos resistir a certos arrastamentos. É aí, precisamente, que se faz sentir a influência dos princípios espíritas na educação.

Uma questão intrigante aos economistas é explicar o motivo de algumas nações crescerem mais do que outras. Além dos modelos de crescimento tradicionais, que consideram trabalho, capital fixo e humano, existem formulações complementares que incluem fatores culturais para analisar essa relação, sendo a

religião uma das variáveis que mais influencia os indivíduos, pois oferece uma forma de conduta de vida e hábitos diários praticados pelos fiéis.

Artigo de Pesquisa DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0101-41614835lbe.

O Impacto da Religião no Crescimento Econômico: Uma Análise Empírica para o Brasil em 1991, 2000 e 2010.

(...) a Doutrina Espírita não discute propriamente inflação ou qualquer problema semelhante nem muito menos se adapta à linguagem dos especialistas, mas a verdade é que nos oferece lições de procedimento comedido diante das eclosões inflacionárias e de outros fenômenos perturbadores da

ordem socioeconômica.

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Não julgueis, entretanto, que ao vos incentivarmos, incessantemente, à prece e à evocação mental estamos vos convidando a viver uma vida mística, que vos coloque fora das leis da sociedade em que estais condenados a viver. Não! Vivei com os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até às frivolidades diárias, mas sacrificai-vos a elas com um sentimento de pureza que possa santificá-las.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, XVII - Sede perfeitos – Item 10, O homem no mundo.

6 - A aparência de riqueza, quando as emissões vultosas abarrotam o país de lançamentos de dinheiro e facilitam todos os tipos de negócios, faz muita gente aumentar surpreendentemente o patrimônio

particular e viver de maneira já agora diferente, pois até os hábitos domésticos se modificam com o novo status, como se estivesse criando um mundo de encantos.

A imprevidência e o esbanjamento abrem fendas irremediáveis tanto no orçamento público quanto no orçamento pessoal, como já se observou muitas e muitas vezes. E, daí, a repercussão na própria vida

familiar, com problemas emocionais que podem até culminar com a desagregação do lar.

1. Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará a um e amará o outro, ou se prenderá a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. (Lucas, XVI: 13.)

Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVI. Salvação dos ricos.

Vosso amor pelos bens terrenos é um dos fortes empecilhos ao vosso adiantamento moral e espiritual; por esse apego às posses materiais, destruís as faculdades de amar levando-as todas para as coisas materiais. (...) Nada vos pertence na Terra, nem mesmo o vosso pobre corpo, a morte faz com que o deixeis, assim como a todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários, não vos enganeis com isso; Deus vos emprestou e deveis devolver; e Ele vos empresta sob a condição de que, pelo menos o supérfluo, se destine àqueles que não têm o necessário. (...) O homem que se apega aos bens da Terra é como a criança que somente vê o momento presente; o que se desprende deles é como o adulto que vê as coisas mais importantes, porquanto compreende estas palavras do Salvador: “Meu reino não é deste mundo.”

Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVI. Item 14, Lacordaire. Constantine, 1863.

(...) O fim prático da educação, à luz do pensamento espírita é prevenir, isto é, preparar o homem para enfrentar os fenômenos de sua época sem se iludir com empreendimentos comprometedores. Recorramos mais uma vez a Allan Kardec: “(...)

Os males mais numerosos são aqueles que o homem cria por seus próprios vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cobiça e dos seus excessos em todas as coisas: aí está a causa das guerras e das calamidades que elas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, enfim, da maior parte das enfermidades.

Allan Kardec. A Gênese. Capítulo III. Item VI.

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7 - Ao estudar, por exemplo, a Reforma

Protestante, sob um ponto de vista mais terreno, Max Weber concluiu que o movimento chefiado por Martinho Lutero teve influência

bem relevante na ordem econômica, apesar de inspirado em razões espirituais ou religiosas. Max Weber estabelece até vinculação do

Capitalismo ao Protestantismo.

9 - A associação do Fenômeno Capitalista ao Fenômeno Religioso deu muita relevância à obra de Weber, (20) apesar das críticas. (...) Max Weber examina o procedimento dos Grupos Religiosos em diversos ângulos, suas prescrições, ideias de salvação, Normas de Trabalho etc. dentro dos Quadros Histórico-Sociais em que elas exercem influência.

10 - Embora haja outros critérios na interpretação da tese que vincula o Sistema Capitalista ao Protestantismo, temos a impressão de que um dos elementos de análise deve ser a distribuição geográfica, sem excluir o Catolicismo com a sua ampla organização econômica, pois o Protestantismo e o Judaísmo sempre se expandiram em Países de Tradição Capitalista, como a Inglaterra, Holanda e os Estados Unidos, por exemplo.

68 – Como conceituar o estado de espírito do homem moderno, que tanto se preocupa com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e “trabalhar para enriquecer”?

– Esse propósito do homem viciado, dos tempos atuais, constitui forte expressão de ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de quase todas as conquistas morais. Foi esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a crise moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que o homem físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade que dinheiro, de mais luz que de pão.

O Consolador.

11 - Quanto a nós, justamente pelo fato de estarmos fazendo considerações apoiadas em elucidações espíritas, naturalmente não podemos deter o nosso raciocínio por muito tempo neste tipo de discussão, pois quisemos apenas indicar a Tese de Weber como ponto de

referência em Matéria Econômica.

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12 - A experiência prova que o desenvolvimento econômico e tecnológico sem compromisso com a ordem moral transforma-se em ameaça ao próprio homem, cada vez mais reduzido à condição de simples instrumento de produção. Por isso mesmo, permitimo-nos reproduzir aqui o que escrevemos, a propósito, sob o título "A Máquina e a Fé":

Artur Clarke e Allan Watts... Duas direções de pensamento.

Estão aí, como se vê, duas opiniões divorciadas, duas linhas ideológicas inteiramente desencontradas

7. O Espiritismo amplia o pensamento e lhe abre novos horizontes, em lugar dessa visão estreita e mesquinha que o concentra na vida presente, que faz do instante que se passa sobre a Terra a única e frágil base do futuro eterno, (...) É essa visão de conjunto que os homens não teriam compreendido no tempo de Cristo, por essa razão o seu conhecimento foi reservado para outros tempos.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Ponto de Vista.

Clarke acredita na tecnologia como solução única dos problemas (...). Clarke não vê, por exemplo, como a religião, sendo basicamente dogmática e anticientífica, possa ajudar a humanidade. Justamente por isso, entende ele que não devemos perder tempo com indagações metafísicas... O mundo atual é o

mundo da tecnologia, a hora é da máquina, não é da oração. Diz Watts: "Só a religião será capaz de revolucionar a educação, tornando-a verdadeiramente livre". (...) Diz ele, ainda mais: "Rejeito a tecnologia, como a vê Clarke, e como a veem muitos cientistas, porque o seu fim último é o controle. Sendo um religioso, nada quero controlar, mas apenas compreender.

Só as máquinas poderão salvar-nos Só as máquinas poderão salvar-nos A Religião nos livrará do absurdo

O Pragmatismo da Técnica A Transcendência da Religião

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Temos aí, dois valores que se defrontam: o tecnológico e o místico. Em palavras mais simples: A

Máquina e a Fé. Dois polos de espírito irreconciliáveis no diálogo: a predominância dos Valores

Objetivos, com Clarke, porque acredita mais na tecnologia; a predominância dos Valores Subjetivos, com Watts, porque confia mais na força da religião. Podemos tirar de tudo isso, embora apresentado de um modo quase sumário, alguns pontos de referência, começando pelo Aspecto Histórico. Velhas discussões filosóficas... O desentendimento entre o objetivo e o subjetivo... Havia, no passado (sec. XVIII e XIX) uma luta aberta entre a metafísica e o espírito positivo. Também se dizia, já naquele tempo, que era preciso abandonar as indagações de ordem transcendental. O mesmo fosso, o mesmo abismo entre a ciência e a religião. (...) Os partidários das soluções objetivas dão muita ênfase ao "espírito positivo" tal qual se propalava no século passado. Temos, aí, "pensamento positivo", “raciocínio positivo”, "soluções positivas", e assim por diante... Nem tudo é novo, como se pensa. O espírito positivo do século XIX consistia exatamente em desprezar a experiência interna ou subjetiva e valorizar a experiência externa; tomar interesse pelos fenômenos sensíveis e abandonar os fenômenos da vida interior; procurar conhecer o mundo visível e deixar de lado qualquer indagação acerca do invisível. (...) E, por isso mesmo, a ciência positiva responderia pelas soluções de maior interesse, ficando a questão da alma, vida futura, destino, existência de Deus, por exemplo, para o domínio subjetivo, fora da realidade imediata ou exterior. A História da Humanidade, toda ela, é cheia de experiências e contradições, sempre com alguns períodos de exaltação e exagero. (...) É certo que atualmente as coisas não se passam bem assim. Mas que existe uma tendência a hipertrofiar as técnicas e os valores utilitários ou pragmáticos e abandonar a filosofia, a indagação das causas, não há dúvida alguma. Não falta quem diga que o mundo de hoje não é mais para a filosofia, porque é o mundo da tecnologia. E, por isso, no entender de muita gente, a religião deve ser banida definitivamente, porque só serve para "atravancar" o caminho do progresso... Mas... De que conceito de religião se fala?

Naturalmente da forma estática de religião, o ritualismo, o dogmatismo, que sempre se opôs ao raciocínio claro, à investigação, ao progresso. A luta entre o dogma e o espírito científico vem de muito longe. Dogma e Ciência realmente são incompatíveis? E por quê? O que está em declínio, inegavelmente, não é a ideia religiosa em si, é o dogma, é a fé cega, (...).

Aliança da Ciência com a Religião

8. A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana; uma revela as leis do mundo material e a outra, as leis do mundo moral. No entanto, tendo essas leis o mesmo princípio, que é Deus,

elas não se podem contradizer. Se fossem a negação uma da outra, necessariamente uma estaria errada e a outra com a razão, visto que Deus não pode querer destruir sua própria obra. A incompatibilidade que se acredita ver entre essas duas ordens de ideias deve-se a um erro de observação e ao excesso de exclusivismo de uma e de outra parte; daí resultou um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.

Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo I.

É preciso não confundir, entretanto, o formalismo das religiões, o culto puramente material, que não vai nem pode ir à intimidade do ser é preciso não confundir este aspecto com a necessidade da crença, que é inerente à vida interior e se traduz na procura de apoio divino. (...) A tecnologia resolve muitos

problemas (e quem diria o contrário?), remove muitos obstáculos materiais, oferece bem-estar humano

etc. etc., mas não pode dar solução aos problemas espirituais,· não pode chegar à esfera da

consciência no momento em que a criatura humana mais precisa de fé.Religião e tecnologia são duas esferas distintas de realidade e necessidade. Mas existe uma ordem racional de valores: a tecnologia pertence aos valores materiais, que têm sua importância e seu momento, mas a religião pertence aos valores espirituais, não pode ser deslocada de sua categoria.

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VIDA E OBRA DE DEOLINDO AMORIM Tema: A MÁQUINA E A FÉ

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Conclusão: O Espiritismo veio na hora exala, e nenhuma doutrina soube repor as coisas em seus lugares com mais justeza e maior senso de equilíbrio. A Doutrina Espírita valoriza o esforço das ciências e das técnicas como fruto da capacidade humana empenhando-se cada vez mais em criar melhores condições de vida terrena; mas a Doutrina também afirma o primado espiritual, apesar de tudo isso. Pelo fato de dependermos das técnicas em muitas coisas, não vamos ficar escravizados à máquina, desprezando os valores espirituais, as riquezas da cultura, as belezas da criação artística, que são obras do espírito, e também necessárias à vida; pelo fato de já podermos utilizar certos instrumentos, que nos trazem recursos de sobrevivência na luta constante contra o meio físico, não vamos desprezar a fé nem desdenhar a prece, que é um recurso insubstituível nos momentos mais agudos de nossas experiências. A Doutrina Espírita, finalmente, não veio formar devotos, não preconiza um tipo de vida puramente mística, assim como não quer que nos entreguemos demasiadamente à oração, esquecendo os deveres ou compromissos de ordem material, mas a doutrina ensina, ao mesmo tempo, e com acerto, que não nos devemos agarrar demais aos interesses terrenos, porque tudo isso é transitório. Então, no debate entre as duas tendências em choque - a que se inclina mais pela máquina e a que se identifica mais com a fé - o caminho que a doutrina espírita nos aponta é o do meio

termo, evitando sempre a inversão da ordem natural das coisas: no momento das necessidades

materiais, é o instrumental das ciências e das técnicas que resolve os problemas; no momento

das necessidades espirituais, é a fé que sustenta e ilumina. E sem a fé, mas a fé em termos de convicção, não há força interior, por mais poderoso que seja o aparelhamento tecnológico.

Não basta dizer ao homem que ele tem que trabalhar; é preciso também que aquele cuja existência depende do seu trabalho encontre ocupação, e isto é o que nem sempre acontece. Quando a falta de emprego se generaliza, toma as proporções de um flagelo, como a miséria. A ciência econômica procura o remédio, no equilíbrio entre a produção e o consumo; este equilíbrio, porém, supondo que ele seja possível, apresentará sempre intermitências e, durante esses intervalos, o trabalhador não pode deixar de viver. Há um elemento que quase não se faz pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de uma teoria: é a educação; não, a educação intelectual, mas a educação moral; tampouco a educação moral, através dos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, a

que incute hábitos, pois a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Quando se considera a massa de indivíduos, lançados, todos os dias, na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues aos seus próprios instintos, devemos nos espantar com as consequências desastrosas que daí resultam? Quando esta arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá, no mundo, hábitos de ordem e de previdência, para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os inevitáveis maus dias. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem compreendida pode curar; aí está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos.

Comentários de Allan Kardec. LE. Capítulo III. Segunda Parte, Lei do Trabalho, q. 685, Nota.

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o11 Congresso de Estudos Espíritas

Temas gerais sobre a Ciência e a Filosofia Espírita

Todos os temas que serão estudados no dia de hoje serão mais-bem

compreendidos com o tema de um dos Encontros, que é “A Ideia de Deus”.

À medida que a Ideia de Deus vai crescendo no ser humano, à medida que este

compreenda que o Espírito “veio de Deus e caminha para Deus”, consegue ver uma

razão maior para a sua vida, para o seu trabalho, para o seu aprimoramento,

entende todo o caminho feito pela alma humana, desde os tempos antigos até os

atuais, entende as glórias, as quedas, os motivos das quedas das civilizações…

Entende também, com a Ideia de Deus, a finalidade da mediunidade no ser

humano, os objetivos inseridos na tarefa de ser médium e de ser médium espírita.

Com a Ideia de Deus, entende, de maneira mais fácil, a Doutrina de Amor

trazida por Jesus, que veio trazer a humanidade para um outro patamar de

sentimentos.

Portanto, em cada um de vossos estudos de hoje, coloquem a Ideia de Deus

como “pano de fundo” de vossos estudos e sairão daqui com o coração mais

fortalecido para continuar nesta Jornada que se chama Evolução.

Que o Senhor da Vida a todos abençoe.

Paz,

Vitor

(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mário Coelho,em 01/2/2020, no CELD-RJ.)