9
Faial, 20 de Fevereiro 1811 Caro Senhor, (...) Fiz no Verão pas- sado uma visita com a Sra. Dabney e três dos meus filhos a S. Miguel e passei algum tempo no lugar que é chamado as “Furnace” (de um antigo vulcão, provavelmente), o lugar mais romântico e magnífico que possivel- mente se encontra neste globo. Pelo menos é esta a opinião unânime de todos os estrangeiros, muitos dos quais visitaram a Itália, a Alemanha, a Espanha, os Alpes, &c. &c. (...) O vice-cônsul americano, Thomas Hi- ckling Esq., cuja família fomos visitar, que tem a sua casa na cidade e uma elegante casa e jardins a três milhas da cidade, tem também aqui uma so- berba residência. Uma casa singular, espaçosa e cómoda, com um belo lago de peixes de água doce à frente, rodeado por caminhos de fina gra- vilha e salgueiros chorões, uma ilha no centro para a qual se lança uma singular ponte de arcos. Um lindo parque adjacente com belos cami- nhos de gravilha e bordejados por sebes de buxo com dez pés de altu- ra, e um ribeiro correndo no meio delas, tão fortemente impregnado de ferro, que as pedras sobre as quais corre têm incrustado esse metal. (...) O Sr. Hickling é natural de Boston, aparentado com a família Amory, e reside em S. Miguel há trinta anos. É um excelente e simpático cavalheiro e tem uma família numerosa e amá- vel, principalmente filhas (...) Não há ninguém na terra que desfrute em maior grau do conforto e luxo desta vida. DABNEY, Roxana Anais da Famí- lia Dabney no Faial. Horta : Instituto Açoriano de Cultura – Núcleo Cul- tural da Horta, 2004.Vol. 1, p. 46-48 N.R. – Em carta dirigida a Lemuel Bent, residente no Estado da Virgi- nia (Alexandria), John Bass Dabney relata as impressões da sua primeira visita a S. Miguel, onde travou co- nhecimento com Thomas Hickling, (1743-1834) que desempenhava funções de vice-cônsul nesta ilha. No âmbito das suas actividades co- merciais e consulares, estes dois ame- ricanos viriam a desenvolver uma aproximação e cumplicidade polí- tica crescentes, como testemunha a correspondência de Hickling para o seu superior hierárquico no Faial, da qual transcrevemos alguns exemplos de seguida. John Bass Dabney (1766-1826) Charles William Dabney (1794-1871) Samuel Wyllys Dabney (1826-1893) A casa de Thomas Hickling no Vale das Furnas (c. 1839; in Joseph & Henry Bullar, A Winter in the Azores and a Summer...) Uma visita às Furnas em 1810 Por ocasião do lançamento do livro Os Dabney. Uma família americana nos Açores, publicado pelas Edições Tinta da China com o apoio da Fundação Luso-Americana, a Biblioteca Públi- ca e Arquivo Regional de Ponta Del- gada decidiu organizar uma pequena Mostra Bibliográfica e Documental sobre o tema da obra em apreço, não só de forma a enquadrar com a dig- nidade desejável esta iniciativa edito- rial, mas também para divulgar junto do público, como é seu dever, o má- ximo de informação possível sobre uma família que, sendo americana, pertence sem sombra de dúvida ao património histórico e cultural dos Açores oitocentistas. Nota Editorial Ao longo de três gerações – pai (J.B. Dabney), filho (C.W. Dabney) e neto (S.W. Dabney) – que praticamente abarcam o compasso do século XIX, os Dabney desempenharam, entre 1806 e 1891, funções consulares como representantes dos Estados Unidos da América nas ilhas dos Açores. Embora tivessem deixado marcas – e saudades – particularmente profundas na ilha do Faial, onde estava localizada a sede do consulado, a sua influência fez-se também sentir noutras parcelas do arquipélago, designadamente nas ilhas do Pico e São Miguel, como de resto alguns dos documentos aqui expostos e transcritos o demonstram. Para melhor proveito do público, entendeu-se dever acompanhar esta Mostra de uma publicação que não fosse apenas um mero catálogo dos títulos em exposição, mas que transmitisse igualmente o máximo de informação sobre o percurso dos Dabney nos Açores, e que o fizesse de uma forma tão leve e diversificada quanto possível, oferecendo aos leitores interessados uma miscelânea de notícias que atravessam mais de um século de história. O jornal pareceu-nos o formato mais adequado para esse propósito e, em homenagem ao tema do livro e da exposição, resolvemos baptizar este número único de Correio dos Dabney. Sempre que se revelou necessário ao melhor esclarecimento dos textos das “notícias”, procurámos complementá-las com notas redactoriais (N.R.), isto para além das respectivas referências bibliográficas no final de todos os documentos transcritos. Houve o cuidado de actualizar a ortografia nas transcrições, procurando proporcionar ao público uma fácil leitura, critério esse que, contudo, não levámos ao ponto de traduzir os textos escritos em inglês, quer por falta de tempo e competência, quer porque nos pareceu melhor mantê- los na sua língua original. Nas páginas finais do Correio dos Dabney, os leitores e investigadores interessados poderão encontrar um catálogo completo da documentação exposta, alguma dela graças à boa vontade dos Serviços de Documentação da Universidade dos Açores e do Museu Carlos Machado, a quem a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada agradece reconhecida.

O correio dos Dabney

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Registo histórico sobre a familia Dabney nos Açores. Biblioteca pública e arquivo regional de Ponta Delgada - Ponta Delgada, 17 Setembro de 2009

Citation preview

Page 1: O correio dos Dabney

Faial, 20 de Fevereiro 1811

Caro Senhor, (...) Fiz no Verão pas-sado uma visita com a Sra. Dabney e três dos meus filhos a S. Miguel e passei algum tempo no lugar que é chamado as “Furnace” (de um antigo vulcão, provavelmente), o lugar mais romântico e magnífico que possivel-mente se encontra neste globo. Pelo menos é esta a opinião unânime de todos os estrangeiros, muitos dos quais visitaram a Itália, a Alemanha, a Espanha, os Alpes, &c. &c. (...) O vice-cônsul americano, Thomas Hi-ckling Esq., cuja família fomos visitar, que tem a sua casa na cidade e uma elegante casa e jardins a três milhas da cidade, tem também aqui uma so-berba residência. Uma casa singular, espaçosa e cómoda, com um belo lago de peixes de água doce à frente, rodeado por caminhos de fina gra-vilha e salgueiros chorões, uma ilha no centro para a qual se lança uma singular ponte de arcos. Um lindo parque adjacente com belos cami-nhos de gravilha e bordejados por sebes de buxo com dez pés de altu-ra, e um ribeiro correndo no meio delas, tão fortemente impregnado

de ferro, que as pedras sobre as quais corre têm incrustado esse metal. (...) O Sr. Hickling é natural de Boston, aparentado com a família Amory, e reside em S. Miguel há trinta anos. É um excelente e simpático cavalheiro e tem uma família numerosa e amá-vel, principalmente filhas (...) Não há ninguém na terra que desfrute em maior grau do conforto e luxo desta vida.

DABNEY, Roxana – Anais da Famí-lia Dabney no Faial. Horta : Instituto Açoriano de Cultura – Núcleo Cul-tural da Horta, 2004. Vol. 1, p. 46-48

N.R. – Em carta dirigida a Lemuel Bent, residente no Estado da Virgi-nia (Alexandria), John Bass Dabney relata as impressões da sua primeira visita a S. Miguel, onde travou co-nhecimento com Thomas Hickling, (1743-1834) que desempenhava funções de vice-cônsul nesta ilha. No âmbito das suas actividades co-merciais e consulares, estes dois ame-ricanos viriam a desenvolver uma aproximação e cumplicidade polí-tica crescentes, como testemunha a correspondência de Hickling para o seu superior hierárquico no Faial, da qual transcrevemos alguns exemplos de seguida.

John Bass Dabney (1766-1826)

Charles William Dabney (1794-1871)

Samuel Wyllys Dabney (1826-1893)

A casa de Thomas Hickling no Vale das Furnas (c. 1839; in Joseph & Henry Bullar, A Winter in the Azores and a Summer...)

Uma visita às Furnas em 1810

Por ocasião do lançamento do livro Os Dabney. Uma família americana nos Açores, publicado pelas Edições Tinta da China com o apoio da Fundação Luso-Americana, a Biblioteca Públi-ca e Arquivo Regional de Ponta Del-gada decidiu organizar uma pequena Mostra Bibliográfica e Documental sobre o tema da obra em apreço, não só de forma a enquadrar com a dig-nidade desejável esta iniciativa edito-rial, mas também para divulgar junto do público, como é seu dever, o má-ximo de informação possível sobre uma família que, sendo americana, pertence sem sombra de dúvida ao património histórico e cultural dos Açores oitocentistas.

Nota Editorial

Ao longo de três gerações – pai (J.B. Dabney), filho (C.W. Dabney) e neto (S.W. Dabney) – que praticamente abarcam o compasso do século XIX, os Dabney desempenharam, entre 1806 e 1891, funções consulares como representantes dos Estados Unidos da América nas ilhas dos Açores. Embora tivessem deixado marcas – e saudades – particularmente profundas na ilha do Faial, onde estava localizada a sede do consulado, a sua influência fez-se também sentir noutras parcelas do arquipélago, designadamente nas ilhas do Pico e São Miguel, como de resto alguns dos documentos aqui expostos e transcritos o demonstram.

Para melhor proveito do público, entendeu-se dever acompanhar esta Mostra de uma publicação que

não fosse apenas um mero catálogo dos títulos em exposição, mas que transmitisse igualmente o máximo de informação sobre o percurso dos Dabney nos Açores, e que o fizesse de uma forma tão leve e diversificada quanto possível, oferecendo aos leitores interessados uma miscelânea de notícias que atravessam mais de um século de história. O jornal pareceu-nos o formato mais adequado para esse propósito e, em homenagem ao tema do livro e da exposição, resolvemos baptizar este número único de Correio dos Dabney.

Sempre que se revelou necessário ao melhor esclarecimento dos textos das “notícias”, procurámos complementá-las com notas redactoriais (N.R.), isto para além das respectivas referências

bibliográficas no final de todos os documentos transcritos. Houve o cuidado de actualizar a ortografia nas transcrições, procurando proporcionar ao público uma fácil leitura, critério esse que, contudo, não levámos ao ponto de traduzir os textos escritos em inglês, quer por falta de tempo e competência, quer porque nos pareceu melhor mantê-los na sua língua original. Nas páginas finais do Correio dos Dabney, os leitores e investigadores interessados poderão encontrar um catálogo completo da documentação exposta, alguma dela graças à boa vontade dos Serviços de Documentação da Universidade dos Açores e do Museu Carlos Machado, a quem a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada agradece reconhecida.

Page 2: O correio dos Dabney

2 3

St Michaels, March 26th 1820John B[ass] Dabney, Esq[uire]

Dear Sir

We just learn this schooner proceeds directly (early tomorrow) for Fayal; we gladly embrace the occasion to inclose (sic) a packet left us by Mr. Harris. We have sincere regret in stat-ing that this Government persisted in refusing admittance to the Mexico, and only today we sent her to An-gra. It is needless to say (…) that we have been at war with this Govern-ment since the arrival of this vessel on the 29th January, and are collecting and copying the documents to send you (…) Expect shortly to forward all the papers-copies of everything sent to the Captain General, and re-ally expect some favourable result, as he is not very well disposed to this Government. We inclose (sic) a few papers, we regret they are not the lat-est. Matters are brewing in Europe. The Revolution in Spain (the most important topic) is gaining ground, the conspiracies in England, France, Germany, Ireland &c. &c. will prob-ably give another start to America!(…) We remain with much respect

[Thomas Hickling]

BPARPD. EC – Manuscritos, lv. 186, fl. 36

Minhas queridas meninas, irmãs do coração

Horta 20 de Novembro de 1845

(…)As minhas meninas hão-de querer sa-ber o que fazemos por cá; as Senho-ras quase sempre são curio[sas]…; já vejo que não tenho hoje emenda, o que me valeu foi o quase. Sabê-lo-ão pois, mas se eu disser alguma coisa que desagrade aos meus amigos faia-lenses, o que é muito provável, há-de ser como se lho dissesse ao ouvido, há-de ficar em muito segredo, que não quero ficar inimizado por uma graça. (…)(…)Levanto-me, almoço, e ou escrevo ou saio a arranjos até ao jantar, em que como bem; é perto da noite quando nos levantamos da mesa, saio com a Prima a dar o meu passeio; voltamos a casa de noite ou deito-me sobre a cama à minha antiga moda até ao chá; depois do chá trabalho até à meia-noite quase sempre, tempo em que me vou deitar. (…) no dia 12 de cada mês costumamos fazer madru-gada para ir a bordo do vapor que é o único divertimento que aqui há, de vez em quando vamos a São Louren-ço e já passámos um serão fora, em casa dos Dabney. Não havia ninguém senão nós de fora passámos o serão no quarto da mesa e tomámos chá de mesa redonda: havia chá e café, pão, manteiga e queijo e uns bolinhos de milhos feitos à americana que eram famosos, de que temos a receita que mandarei. Conversou-se, tocou-se, vimos dançar a polka, vimos pintu-ras e voltámos às 10h30m para casa; gostei bastante, pela sem cerimónia, e pela simplicidade. (…)A missa vai comprida… desculpem as minhas meninas tanta imperti-nência; dividam meia folha de papel d’esta carta para cada uma (…).Visitas e mais visitas para as pessoas do costume e disponham.Do seu irmão e amigo muito agra-decido.José do Canto

SDUAÇ. Arquivo Brum da Silvei-ra–José do Canto. Correspondência, 12429-C

Faial, 25 de Novembro de 1845

(...)O meu venerado pai [John Bass Da-bney] foi, posso dizê-lo, pioneiro nestas ilhas. Era um homem de gran-de firmeza de espírito. Após ter-se confrontado com grandes reveses da sorte a sua atenção foi acidentalmen-te dirigida para os Açores. Obteve a primeira nomeação de um cônsul dos Estados Unidos para estas ilhas das mãos do imortal Jefferson e fi-xou residência nesta ilha em 1806. Embora fosse um homem de invul-gar actividade e delicadeza de trato, precisou de muitos anos para cair nas boas graças das pessoas daqui e o seu estabelecimento comercial estava incompleto à data da sua morte que ocorreu em 1826, ou seja, 20 anos depois de ter sido fundado (mencio-no isto para mostrar como é lento o progresso destas coisas).Fui trazido para cá em 1807 tendo somente treze anos de idade e, com excepção de cerca de cinco anos, residi sempre aqui. Por consequên-cia, cresci com a comunidade. Ocu-pava-me com o meu pai à data da sua morte e, tendo desde essa altura

[Ponta Delgada], 10 Maio 1848

(…)A Sociedade a que tenho a honra de presidir foi presente à comunicação que V.ª S.ª Se dignou fazer (…) e grande foi o seu prazer em reconhe-cer os bons ofícios que V.ª S.ª. pela sua muita filantropia está sempre pronto a dispensar-nos.As sugestões de V.ª S.ª sobre a conve-niência d’empregar nos trabalhos da seda as mulheres, rapazes e em geral todos os inválidos, não podiam deixar de ser bem aceites (…); infelizmente não se poderão levar à prática porque não nos chegaram a tempo as enco-mendas de semente que havíamos feito.Na próxima estação experimenta-remos esta útil cultura e por isso a Sociedade agradece encarecidamente a oferta do sarilho para dobar seda que V.ª S.ª generosamente lhe oferece.Dirigindo-se V.ª S.ª aos Estados Uni-dos Americanos, aonde nos quer

prestar os seus valiosos préstimos, não podia a Sociedade deixar de aprovei-tar tão oportuna ocasião de pedir a V.ª S.ª se sirva alcançar-nos algumas sementes de Líriodendron tulipifera (Tulip tree; Tulipeira), Pinus Austra-lis ou palustis (Swamp pine, Pinho branco), Taxodium distichum ou Schubertia disticha (deciduous Cy-press, Cipreste da América) e outras que V.ª S.ª julgar convenientes prin-cipalmente se forem dos Estados do Sul: - igualmente desejávamos ½ onça de semente de bons bichos da seda ; não devendo tudo exceder a 30 dólares. (…)Carta do Presidente da SPAM, José Jácome Corrêa, ao sócio correspon-dente do Faial, Carlos Guilherme Dabnney

BPARPD. SPAM. Registo de corres-pondência expedida, 1844 Fev. 24 – 1848 Dez. 10, Mç. 20.1, fl. 40

[Ponta Delgada], 3 Junho 1850

(…)Tenho a honra d’acusar o seu favor datado de 11 d’Abril último que acompanhava o caixote com as se-mentes de Cedro das Bermudas.Na primeira ocasião que se me ofe-receu informei a Sociedade Promo-tora da Agricultura Micaelense do precioso oferecimento que V.ª S.ª lhe fez. Foram por este motivo votados mui sinceros agradecimentos a V.ª S.ª os quais com muito prazer transmi-to. Cumpre-me declarar ao mesmo tempo a V.ª S.ª que temos em grande apreço as sementes dos Cedros das Bermudas porque julgamos assim como V.ª S.ª que a sua cultura será de grande interesse para estas Ilhas.Geralmente dividem-se entre os só-cios as sementes que nos são dirigi-das, mas como V.ª S.ª lembra que a demora na remessa daquelas que V.ª S.ª teve a bondade de nos oferecer poderá ter prejudicado as suas quali-dades germinativas, julgou a a Socie-dade que seria prudente encarregar uma pessoa hábil de as fazer germi-nar.

A SPAM vai publicar um Almanaque Rural para o ano de 1851, como já tive ocasião de comunicar a V.ª S.ª, e como fazemos diligencias para o tornar interessante e útil a todos os habitantes destas Ilhas, julgamos que deve ter extracção não só nas cida-des, como também nas vilas e luga-res principais, contudo não temos dados suficientes para avaliar o n.º de exemplares que se podem extrair nessa Ilha, por isso rogamos a V.ª S.ª o obséquio de nos mandar dizer na primeira ocasião, que se lhe oferecer, o número de exemplares que de-vemos para aí remeter e ao mesmo tempo, quais os meios que devem adoptar-se para conseguir-se a maior e mais fácil extracção. (…)Carta do Presidente da SPAM, José Jácome Corrêa, ao sócio correspon-dente do Faial, Carlos Guilherme Dabney

BPARPD. SPAM. Registo de corres-pondência expedida, 1850 Fev. 04 – 1860 Ago. 16, Mç. 21.4, fls. 12 – 12 v.

2

desenvolvido uma rede de negócios mais extensa, posso dizer que não existem na ilha cinco indivíduos de alguma importância que não este-jam em obrigação para comigo. As minhas relações com as pessoas não estão limitadas a esta ilha mas, como todas elas, pela sua posição, podem ter propriedade americana nela im-plantada, fui cuidadoso em escolher pessoas de responsabilidade e carácter para actuarem como agentes meus e, em alguns casos, fiquei obrigado para com elas por terem aceite a nome-ação, em vez de serem elas a ficar obrigadas para comigo por terem sido nomeadas. Esta linha de actua-ção foi seguida por mim em todos os campos da minha conduta oficial.(...)Um cônsul para estas ilhas precisa (além da consideração das pessoas) de um estabelecimento capaz de, em caso de necessidade, socorrer os seus compatriotas que aqui possam che-gar em dificuldades. O meu estabe-lecimento é o único destas ilhas que pode fornecer mastros de qualquer tamanho, vergas, etc., etc., para a re-paração dos navios. Desde que ocupo o cargo que nunca se sacrificou pro-priedade americana para equipamen-to ou reparação de navios.

DABNEY, Roxana – Anais da Famí-lia Dabney no Faial. Horta : Instituto

Açoriano de Cultura – Núcleo Cul-tural da Horta, 2005. Vol. II, p. 17-18

N.R. – Esta carta de Charles William Dabney a Charles F. Lester, Director da Alfândega de New London (Es-tado de Connecticut), é escrita na sequência da notícia de que o Pre-sidente dos Estados Unidos, Polk, ti-nha decidido nomear Samuel Haight como substituto de C.W. Dabney no posto consular dos Açores com o ar-gumento de que “os cônsules devem ser, de tempos a tempos, chamados de volta à pátria para que possam ter a oportunidade de contactar com os seus concidadãos e renovar o seu

amor pelo país”. Charles W. Dabney (que, aliás, se viria a manter no car-go) tem uma visão diametralmente contrária – a de que os cônsules de-vem investir sobretudo na criação e aprofundamento das relações com a sociedade de acolhimento – e, ao de-senvolver argumentos nesse sentido, transmite uma visão muito peculiar do que foi a gradual construção da rede consular norte-americana nas ilhas dos Açores, e a necessidade de a alicerçar numa espécie de entrepos-to comercial que, ao mesmo tempo, também cumprisse funções de esta-leiro de reparações navais.

NR - Na 1ª folha do copiador de correspondência de Thomas Hi-ckling (1820 – 1823), Ernesto do Canto refere que o comprou a peso a um fogueteiro. O Fundo Ernesto do Canto foi legado por disposição testamentária à Biblioteca Pública de Ponta Delgada. No inventário então realizado, o acervo foi dividido em quatro partes distintas: monografias, jornais, mapas e manuscritos. Esta última secção contém documenta-ção da mais variada proveniência, como por exemplo, os documentos produzidos e recebidos por Ernes-to do Canto (a correspondência, as genealogias, os extractos do registo paroquial e de documentos micae-lenses, cópias que custeou para pu-blicar no Arquivo dos Açores, o próprio arquivo da família Dias do Canto e Medeiros), documentos oferecidos a Ernesto do Canto por razões diver-sas, como são os casos dos arquivos de família Borges Bicudo, Canto e Castro (Provedores das Armadas) e Costa Chaves e Melo, e documentos comprados a terceiros, como é o caso deste registo de correspondência de Thomas Hickling bem como o ar-quivo da Alfândega de Ponta Delga-da, também comprado a peso, leiloa-do no Verão de 1889 e arrematado a 19 réis o quilo.

St. Michaels, 15th May 1820John B[ass] Dabney, Esq[uire]

Dear Sir,

We embrace this opportunity to pay our respects. Yesterday His Excel-lency the General (suit and family) arrived here. You find inclosed(sic) some of our last Papers by which you will see the state of affairs in Spain. A year will not run out without im-portant changes in the Portuguese Dominions. We shall always advise you with pleasure of any news in these parts. We have had no Ameri-can vessels here since the Mexico. The scriveners have been so employed by our Corregedor, who is about to em-bark for the Brazils this week, that it has not been in our power to get the papers ready; they will soon follow.Compliments to Mrs. Dabney and every branch of your amiable Fam-ily being,dear Sir, your most truly [Thomas Hickling]

BPARPD. EC – Manuscritos, lv. 186, fl. 90

Correspondência de Thomas Hickling

A Horta em 1845 A rede consular americana nos Açores

Um jardim no Faial com a ilha do Pico ao fundo (c. 1850; in O Panorama, vol.10 ...)

Os gentleman farmers

O hastear da bandeira americana na residência dos Dabney (c. 1832; in Capt. Boid, A Description of the Azores...)

Page 3: O correio dos Dabney

54

At the meeting held in Boston, June 16, to devise means for adding the sufferers by famine in Fayal, F. E. Parker, Esq., read the following com-munication from United States Con-sul. At the Azores:Friends and Fellow Countrymen: The time has arrived when great ef-forts must be made to avert from the inhabitants of this district the horrors of famine, and wishing to promote the good work beyond my own im-mediate means, where shall I look for aid? To my countrymen, whose benevolence has always been so con-spicuous whenever a well-founded appeal has been made to their phi-lanthropy. I therefore invoke the as-sistance of the Press of my country, ever ready to proclaim the distress that requires the public sympathy, to relive it, to announce that the peo-ple at this district have for many years had most of their potato crop destroyed by the disease, (this alone occasioned very great distress ;) that for the last four years the oidium has ravaged their vineyards, occasioning the ruin of most of the proprietors, and depriving the labourers of em-ployment; that for the last three years the corn crop has been much injured, rendering it necessary to import large quantities of corn; and as wine is the only great staple of export, and as it has been destroyed for the last four years, the corn that was import-ed had to be paid for in cash.This has nearly drained the place of specie, and paralysed almost all operations, so that in addition to the high price of grain, the labour-ing class cannot find employment. Thousands who have hitherto lived independently are now almost pen-niless, having pledged their property at a ruinous rate of interest, or sold it for a very small proportion of its former value.There are thousands, and the number is daily increasing, who sustain life with wild arrow-root – a very acrid, unwholesome kind of food – and some even use the roots of ferns. These resources will soon be ex-hausted. The Windsor bean crop, on which great reliance was placed for a month or six week’s support, has been destroyed. A northerly gale has prevailed the last three days – at one time so violent as to uproot trees, and doing great damage to the com-ing crops. These are the causes of the distress

that compels me to have resource to your philanthropy. I am aware that I am going to occasion trouble, but I am reconciled to it by the considera-tion that it will be only to those who appreciate the luxury of doing good. I subscribe myself your friend and fellow-countrymen.

Charles W. Dabney, United States Consul, Azores.

THE NEW York Times. New York. (18 June1859).

There are very few English or French residents, and no Americans but the different branches of the Consul’s family – a race whose reputation for all generous virtues has spread too widely to leave any impropriety in mentioning them here. Their energy and character have made themselves felt in every part of the island; and in the villages farthest from their charming home, one has simply to speak of a familia, “the family”, and the introduction is sufficient. Almost every good institution or enterprise on the island is the creation of Mr. Dabney. He transacts without charge the trade in vegetables between the peasants and the whale-ships, guar-antying the price to the producers, giving them the profits, if any, and taking the risk himself; and the only provision for pauperism is found in

O Governo de Sua Majestade, em conformidade com a disposição que todos os governos civilizados mani-festaram relativamente aos caçado-res de baleias, aprovou uma ordem excepcional através da intervenção do Sr. Nicolau Anastácio de Bet-tencourt, à data Governador [Civil] do Faial, para permitir que os navios baleeiros desembarcassem o óleo sem precisarem de fundear, pagando, no entanto, taxas portuárias. Este sistema foi aplicado durante mais de vinte anos sem o mais pequeno inconve-niente. (...) Ás vezes chegavam de-pois das três da tarde e conseguiam

The novel beauty of the Dabney gardens can scarcely be exaggerated; each step it was a new incursion into the tropics – a palm, a magnolia, a camphor-tree, a dragon-tree, sug-gesting Humboldt and Orotava, a clump of bamboos or cork-trees, or the strartling strangeness of the great grass-like banana, itself a jun-gle. There are hedges of pittosporum, arbors veiled by passion-flowers, and two of that most beautiful of all liv-ing trees, the araucaria, or Norfolk Island pine – one specimen being some eighty feet high, and said to be the tallest north of the equator. And when over all this luxuriant exotic beauty the soft clouds furled away and the sun showed us Pico, we had no more to ask, and the soft, beau-tiful blue cone became an altar for our gratitude, and the thin mist of hot volcanic air that flickered above it seemed the rising incense of the world.

HIGGINSON, Thomas Went-worth – Fayal and the Portuguese. In: The Atlantic Monthly. Vol. 6, nº 37 (Nov. 1860), p 533.

Faial, 28 Nov. 1870

Minha querida Senhora e AmigaFalta-me o tempo (tão interrompidos temos sido a cada momento desde a nossa chegada há dois dias) mas so-bretudo faltam-me os termos para expressar a V. Ex.ª o nosso profundo

descarregar o óleo e partir na mesma tarde. Como é natural, estes privilé-gios atraíram os navios a este local e viriam a ser um dos ramos mais im-portantes da prosperidade desta ilha. Mais tarde, o Governo britânico ofe-receu grandes estímulos para que os navios baleeiros visitassem S. Helena e as Bermudas, incluindo até a isen-ção de taxas, e o Governo do Brasil, de maneira semelhante, abriu os seus portos. Mas como aqui tem havido todo o cuidado no manuseamento dos bens e a expedição dos mesmos tem sido considerada tão satisfatória, não será fácil desviar os navios para outras regiões enquanto se continua-rem a aplicar os regulamentos actuais.

DABNEY, Roxana - Anais da Fa-mília Dabney no Faial. Horta: Insti-tuto Açoriano de Cultura – Núcleo Cultural da Horta, vol. II, 2005, pp. 350-51

his charities. Every Saturday, rain or shine, there flocks together from all parts of the island a singular collec-tion of aged people, lame, halt, and blind, who receive, to the number of two hundred, a weekly donation of ten cents each, making a thousand dollars annually, which constitutes but a small part of the benefactions of this remarkable man, the true fa-ther of the island, with twenty-five thousand grown children to take care of.

HIGGINSON, Thomas Went-worth – Fayal and the Portuguese. In: The Atlantic Monthly. Vol. 6, nº 37 (Nov. 1860), p 530-31.

N.R. – Thomas W. Higginson (1823-1911), autor americano que lançou a carreira literária de Emily Dickison, passou o Inverno de 1855-56 na ilha do Faial, para onde veio com a espo-sa procurar melhoras de saúde. Anos

reconhecimento da maneira pela qual fomos acolhidos por V.ª Exas. todas. Por certo os mais íntimos não po-diam manifestar mais amizade (…).Tenho realmente pena de não poder dizer a V. Ex.ª e ao Illmo. Sr. José do Canto tudo o que sentimos a esse res-peito mas tenho fé que V. Ex.as. nos entenderão.(…)O Papá queria por força tentar d’escrever ao Illmo. Sr. José do Can-to mas eu pedi-lhe que deixasse para uma outra ocasião quando o pudesse fazer com mais desembaraço porque ainda sente alguns efeitos da queda.(…) o ananás chegou perfeitamente e consegui trazer algumas flores daque-le lindo cestinho para alegrar os olhos dos nossos Faialenses.(…)Sou de V. Ex.ª amiga afectuosa e grata.Rosa L[ewis] Dabney

SDUAÇ. Arquivo Brum da Silvei-ra–José do Canto. Correspondência, 12943-C

Ill.mo Sr. José do CantoFaial, 24 Abril [18]71

Em nome de toda a nossa familia agradeço ao nosso prezado amigo a sua bela cartinha, em que duma ma-neira tão delicada deixa nos ver a ami-zade que sempre teve para com nosso Pai, e que foi por ele tão retribuida. A simpatia serve de grande conforto e sobre tudo em se conhecendo que vem do fundo do coração. Temos uma pena imensa que meu Pai sempre prontissimo em atender à mais leve pedido [sic] dos seus filhos, nunca deu nos o prazer de fazer alguns traços da sua vida pois, começou à [sic] tomar parte numa vida activa tão cedo ten-do só 13 anos quando acompanhou minha Avó e 4 manos para esta nossa ilha. O seu Pai tendo vindo primeiro. Á [sic] certas passagens que sabemos bem mas outras que nunca podem se agora saber. Paciencia! Temos à [sic] respeito de exemplo muito bastante. Quem o pudesse aproveitar. Os meus manos, manas, cunhadas, e cunha-do, pedem mim [sic] de fazer mui-tas lembranças à Ex.ma Srª D. Maria Guilhermina, suas filhas e ao nosso bom amigo tambem. Meu cunhado e mana Francisca embarcam amanhã nà [sic] Fredonia para Boston, deixando a familia mui resumida. (...) A minha mana Rosa mandou por nà [sic] mão dà [sic] despenseira para ser entregue ao nosso bom amigo D.or Henrique um pacotinho para [o] Senhor José do Canto que ela espera lhe causar

N.R. – Este texto (não datado) de Charles W. Dabney sobre o movi-mento de navios baleeiros america-nos no porto da Horta, foi escrito na década 1860 a pedido de António José Duarte Nazaré, da Alfândega de Lisboa, que se deslocara ao Faial em 1856 na sequência do encalhamento (no Pico) de um barco com preciosa carga. A referência ao papel desem-penhado por Nicolau Anastácio de Bettencourt na agilização desse tráfe-go, bem como o escoamento comer-cial do óleo de baleia proporcionado pela casa C.W. Dabney & Sons a par-tir do Faial, explicam por que razão o porto da Horta foi uma escala de eleição para os baleeiros americanos na segunda metade do século XIX, precisamente quando – em jeito de contra ciclo – a caça à baleia viria a entrar em declínio devido à desco-berta do petróleo, que substituiu o óleo como fonte de iluminação.

Carlos Guilherme Dabney, filho de João Bass Dabney, nasceu a 19 de março de 1794 na cidade de Alexandria, no estado da Virgínia da república Norte-Americana. Devido á guerra da independência, tinham seus avós, abastados proprietários que eram, sofrido bastante, e achando reduzida a sua fortuna, resolveu o pai de Carlos Guilherme Dabney passar à França, onde esperava ser feliz no negocio de exportação de vinhos; partiu, pois, para ali, deixando na América seu filho Carlos, que em 1801 veio reunir-se a seus pais em França. Da idade de sete anos fazia uma longa viagem, em companhia de gente para ele toda desconhecida, a já esperançosa criança.Havia algum tempo que uma das nossas ilhas açorianas, tendo morrido numa viagem que fazia, fora sepultado um parente da família Dabney, que então se achava em Bordéus. Foi talvez este acontecimento que despertou em João B. Dabney a ideia de vir habitar a ilha do Faial, como efectivamente fez.Foi ele o primeiro cônsul geral da então jovem república Norte-Americana, que nele encontrou, em 1812, um corajoso defensor e um filho dedicado. A nomeação de cônsul tinha-a ele alcançado em junho de 1806.Quando contava treze anos de idade, veio o jovem Carlos para a ilha do Faial, onde pouco tempo depois da sua chegada se entregou à vida

comercial, como braço direito de seu pai. Já em 1812 o pensar do mancebo de 18 anos seria invejado por muitos com a experiência de 50.Era tal a sua força de vontade, que fumando ele, habito que contraíra desde a idade de 15 anos, julgou não dever fazê-lo, e por uma vez o abandonou! Parecerá isto uma cousa facílima para aqueles que nunca fumaram; mas saberão bem apreciar o sacrifício os que se têm entregue a este inocente, ainda que nocivo, vício.Falecendo-lhe o pai, achou-se Carlos Guilherme Dabney à testa de uma casa já bastante grande, e desempenhando o lugar de cônsul em que substituíra seu pai. Em 1819 casou ele com D. Francisca Pomeroy, em Brighton, perto da cidade de Boston. Em sua esposa encontrou ele uma companheira virtuosa, que lhe encheu de felicidade a vida doméstica, e de quem houve sete filhos exemplares, que todos respeitamos, e que fazem honra à memória de seu falecido pai; destes morreram dois, que seguindo as suas pisadas e conselhos, foram chorados por todos que os conheciam, não podendo em abono do mais velho (do mesmo nome) dizer mais a imprensa periódica da cidade de Boston.Feliz em quase todos os seus negócios, em poucos anos se viu à testa da maior casa comercial do distrito, e talvez de todas as ilhas do arquipélago: desde então cuidou em satisfazer os seus nobres desejos filantrópicos, empenhando-se em auxiliar todos aqueles que para um fim bom buscavam a sua valiosa protecção. Afável para com todos, sem distinção da classe, caridoso para com os pobres, interessado pelo público e pela prosperidade da ilha em que vivia, granjeou as simpatias de todos que o conheceram. (...) Este cidadão tão prestante, este pai tão querido, este amigo tão sincero, depois duma doença de 6 dias morreu a 12 do mês de Março de 1871 (...) O seu enterro no dia 14, foi um acto imponente ao qual concorreu a maior parte dos habitantes desta cidade: as fisionomias dos que acompanhavam, ao som de marchas fúnebres, à sua ultima morada, o cidadão prestante e filantrópico, denunciavam o sentimento de consternação por tão infausta perda. (...) Perdeu o Faial um amigo, o pobre um pai, a sociedade um dos seus mais dignos membros: No céu entrou mais uma alma boa.

A LUZ. Horta. N.º 51 (3 Maio1871), p. 2.

alguma satisfação, mas ela mesmo dentro do tal manda umas palavrinhas explicatorias [sic].Sou com muito respeito e reconhe-cimentoC. P. Dabney

BPARPD. JC. Correspondência, 793

N.R. – Maria Guilhermina Brum da Silveira, esposa de José do Can-to (1820-1898), é a destinatária da primeira das missivas aqui transcrita, sendo que a segunda, endereçada ao seu marido, é a resposta a uma carta de condolências que este enviou aos Dabney na sequência da morte de Charles W. Dabney (12 de Março de 1871).

A fome no Faial

Horta, porto baleeiro

O pai dos faialenses mais tarde, em 1860, publicou nas páaginas do Atlantic Monthly um in-teressante relato dessa estadia.

Cena de caça à baleia nos mares dos Açores (c. 1890; in Açores: quando o príncipe Alberto de Mónaco ...)

O exotismo dos jardins

José do Canto e os Dabney

A morte do patriarca

Thomas W. Higginson (c. 1870)

Estampa de uma araucaria cookei

Page 4: O correio dos Dabney

76

O telefone do professor Bell é de uma construção e de um arranjo simplicíssimo: As suas duas partes es-senciais são o transmissor e o recep-tor, perfeitamente iguais. Qualquer delas é um aparelho de madeira que podemos imaginar dividido em dois corpos distintos: um largo, de peque-na altura, com 7 a 8 centímetros de diâmetro; outro mais estreito, com 15 centímetros de comprimento.(...) Falando relativamente a este assump-to com o sr. Samuel Dabney, disse-me ele que assistira em Abril do ano passado a uma conferencia dada pelo próprio Bell na casa de concertos de Boston. No meio da sessão que se li-mitava a uma troca de palavras e de frases entre estações próximas chegou um aviso ao sr. Bell de um tenor que cantava em Providence, 40 milhas distante de Boston, prestando-se a cantar no transmissor do seu apare-lho. Bell extremamente satisfeito e penhorado participou à assembleia o que sucedera, e depois de um pro-cesso preliminar para estabelecer a rede telefónica, os assistentes ouvi-ram estupefactos a voz do tenor que

Relação dos objectos que figuraram na exibição do Grémio Literário Fayalense, com designação dos no-mes das Ex.as senhoras e cavalheiros que os expuseram para o bazar:

(...)

1 arco usado pela tribo dos Nez Per-cés, América do Norte

1 tapete de junco de cores, obra dos indígenas da América do Norte mais adiantados em civilização. Samuel Willys Dabney.

1 pregadeira de cetim azul com co-berta bordada a branco, produção de uma faialense

1 par de moccasins (sapatos) que fo-ram usados por uma mulher da tribo Nez Percés

1 carapuça de um homem do povo da ilha da Madeira

1 fotografia de alguns chefes das tri-bos Nez Percés

Faial, Agosto 30, 1879

Ex.mo Sr. Ernesto do CantoS. Miguel

Sei que cometi uma falta em não ter mais cedo expressado meu reco-nhecimento a V. Exª pela bondade que teve em fornecer ao Sr. Ivens as informações relativas à familia Peres-trello que me foram pedidas de Paris do Consulado Geral dos E. U.Pela mala de ante ontem recebi res-posta do Sr. Harrisse e um docu-mento dirigido a V. Exª contendo um chuveiro de perguntas, que vai encluso [sic] com esta.Peço a V. Exª desculpa de lhe ter ar-ranjado este não pequeno encomodo [sic] – é privilegio que goza em con-sequencia de se achar na vanguarda

6 ditas de fenómenos astronómicos, tiradas do observatório de Harvard, Estados Unidos

1 estatueta, cópia da Diana do Lou-vre

1 dobadoura de marfim e caixa de jacarandá com embutidos do dito, obra de um frade português que se julga ser o que fez a famosa estante da Matriz da Horta

1 fotografia de um quadro da Anun-ciação por um alemão da escola mo-derna

1 quadro representando uma paisa-gem de Gales (Inglaterra)

1 dito de gravura em aço represen-tando um incidente do poema Her-mann e Dorothea, de Goethe

1 fotografia de uma domadora de feras

1 quadro representando a famosa ca-tadupa do Niagara

1 dito representando uma paisagem com uma cabana antiga dos Estados Unidos, pintura a aguarela por um

Na madrugada do dia 16 do corren-te manifestou-se fogo em uma das casas de depósito de utensílios de navios, situada na relva dos Srs. Da-bneys, e quando se deu pelo incên-dio, tinham-se as chamas apoderado do prédio por tal forma, que poucos objectos se pôde salvar. Não se co-municou felizmente aos armazéns de depósitos de petróleo que ali ficavam próximos.(...)Anúncios – Charles W. Dabney & Sons, agradecem cordialmente a to-das as pessoas, sem distinção, que tão valioso auxilio e socorro lhes presta-ram na madrugada do dia 16 do cor-rente, por ocasião do incêndio na sua propriedade em frente do cais.Quando todos, homens e mulheres e até crianças, lidavam à porfia em ex-

tinguir as chamas, difícil seria apon-tar os mais diligentes. Sentem porém dever fazer particular menção dos artilheiros do castelo de Santa Cruz, por terem sido os primeiros a pres-tar socorros; empregando os maiores esforços para salvar muitos objectos das chamas. Julgam também dever manifestar os seus agradecimentos ao Il.mo Sr. Walter Bensaúde pela prontidão com que uma bomba sua acudiu ao lugar do incêndio. E com quanto a bomba a cargo da reparti-ção das obras publicas não funcionas-se devidamente, nem por isso deixam eles de agradecer ao Il. Sr. Sena o seu zelo e boa vontade.Favores desta ordem feitos espon-taneamente e de tão bom grado na hora do perigo, deixam sempre uma impressão indelével no animo de quem os recebe.

A LUZ. Horta. N.º 19 (20 Set.1871), p. 4

Incêndio Samuel W. Dabney e Ernesto do Canto

dos tempos.Oferecendo os meus pequenos pres-timos sou com alta estimaDe V. ExªAmigo Verdadeiro ObrigadissimoS W Dabney

BPARPD. EC. Correspondência, 1214

Samuel W. Dabney (c. 1870)

(...)Segundo nos informam, está criada na Calheta de Nesquim uma compa-nhia para a pesca da baleia, devido à iniciativa do bem conhecido baleeiro, Sr. Anselmo Silva, e à protecção dis-pensada pelo Ex.mo Sr. Samuel Da-bney, da cidade da Horta, a uma tal empresa. Consta que começarão os trabalhos tão depressa que o tempo permita ir ao Faial buscar as canoas e mais aparelhos necessários. Oxalá que não surja algum embaraço, e que a fortuna não abandone os nossos in-trépidos marinheiros.

O FAYALENSE. Horta. N.º 36 (16 Abr.1876), p. 4.

N.R. – Esta breve nota, reproduzin-do uma notícia publicada no jornal O Picoense, reporta-se à criação de uma das primeiras companhias ba-leeiras da ilha do Pico, encabeçada pelo célebre Capitão Anselmo, cuja figura ficou literariamente gravada nas páginas dos romances de Dias de Melo. Como se infere do teor da notícia, Samuel Dabney foi o patro-cinador desta companhia, associando o seu nome a uma actividade que, do último quartel do século XIX em diante, se viria a tornar emblemática das ilhas dos Açores e, muito em par-ticular, da ilha do Pico.

Companhia baleeira

Uma família de coleccionadores

faialense residente nos mesmos Es-tados

1 paisagem de fantasia

1 Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavalaria, oferecida ao Sr. D. João 6.º por Manoel Carlos de Andrade, um grosso volume com estampas , edição de 1790 (obra muito curiosa e rara.) D. Rosa Dabney.

1 pintura a aguarela sobre vidro, re-presentando flores. Trabalho da ex-positora. D. Frederica Dabney.

O GRÉMIO Litterario. Horta. N.º 6 (1 Ago.1880), p. 47.

O telefone de Mr. Bell cantava no teatro de Providence! O sr. Dabney acrescentou que por vezes o que se ouvia não era positivamen-te um canto, mas um formigueiro de sons, alguma coisa que se parecia com zumbidos de uma mosca, presa por uma perna contra um vidro, o que não obstava também a que por momentos pudessem distinguir cla-ramente todos os sons, a ponto de conhecerem qual era a musica que se cantava.

Como o leitor deve ter notado o te-lefone de Bell não é ainda um apa-relho suficientemente aperfeiçoado e que o facto de empregar correntes eléctricas de indução deve prejudicá-lo muito na intensidade dos sons transmitidos.

O GRÉMIO Litterario. Horta. N.º 5 (15 Jul.1880), p. 37-38.

N.R. – Esta interessante notícia da autoria de Florêncio José Terra (1858-1941), fundador do Grémio Literário Artista Faialense e futuro reitor do Liceu da Horta, dá bem a medida do grau de modernidade e cosmopolitismo que, por via dos Da-bney, se vivia na Horta à entrada da década de 1880, pois a experiência a que se reporta esta notícia (transmis-são eléctrica de sons entre Providen-ce e Boston), testemunhada por Sa-muel Dabney em Boston no ano de 1879, é contemporânea do estabele-cimento das primeiras comunicações telefónicas feitas com o invento de Alexander Bell, as quais ocorreram em New Haven (Connecticut) no ano de 1878. Só alguns anos mais tarde, em 1884, se viriam a estabele-cer comunicações de longa distância entre Boston e New York.

N.R. Esta relação de objectos ce-didos para a Exposição promovida pelo Grémio Literário Faialense do-cumenta, embora de forma parcial, o espírito e gosto coleccionador de alguns membros da família Dabney, sendo de assinalar algumas interes-santes peças de etnografia ameríndia dos Nez Percés (tribo de índios do Noroeste americano, que ocupavam um território hoje correspondente ao dos Estados de Washington, Ore-gon e Idaho).

Canoas de uma companhia baleeira na baía de Porto Pim (c. 1890; in Açores: quando o príncipe Alberto de Mónaco ...)

Alexander Bell e o seu invento em 1876

Grupo de índios da tribo Nez Percés exibindo diversas peças do seu artesanato (c.1902)

j

j

Page 5: O correio dos Dabney
Page 6: O correio dos Dabney

1110

«Mouille! Commandai-je, après une nuite troublée par des orages que s’étaient renvoyés les îles voisines, et l’ancre tomba sur la rade de Horta de Fayal aux Açores.Mes yeux trouvèrent une jolie mai-son à demi cachée sous la verdure luxuriante d’un jardin ; et mon cœur suivit mes yeux, car une famille ami vivait là, étroitement unie dans la paix du travail  : une famille que la venue de l’Hirondelle réjouissait toujours dans la l’invariable fidélité de ses sentiments.Samuel Dabney, consul des Etats-Unis, élevé dans cette île comme son pére déjà revêtu des mêmes fonc-tions, était un vieillard actif, aimable et bienveillant, dont les qualités colo-nisatrices avaient fait la fortune non sans profit pour le développement commercial et agricole de Faial.Leurs bienfaits inappréciables dans un pays où plusieurs mesures fiscales malheureuses on tari de sources de richesse et ouvert la plaie de l’émi-gration , gagnèrent aux trois généra-tions qui y contribuèrent la recon-naissance de la excellente population açoréenne.»

ALBERTO I, Príncipe de Mónaco – La carrière d’un navigateur. Paris : Li-brairie Plon, 1902, p. 212.

--------------------

A bordo do iate de recreio do prín-cipe de Mónaco viaja também o na-turalista francês Mr. Puchet, professor de anatomia no museu de historia

New-Bedford,Mass,. Feb. 7.

The whaling interests, formerly of such magnitude, have greatly depre-ciated in later years, but there are yet some 60 whalers annually cruising in the North Atlantic, all of which hail from this port. During the winter season the majority of these whal-ers put into Fayal for fresh provi-sions, and also to land whatever oil catch they may have made, which is conveyed to the United States by the packet ships plying between the Azores and New England ports.The American Consul at Fayal, the Government seat of the Azores, is a Mr. Dabney who has resided in the islands for some 20 years (…) The Portuguese possess a very service-able fleet of gunboats. When the whaling season is at its height in the Azores one gunboat and sometimes two are detailed to watch the island ports and prevent the illegal depar-ture of the poorer islanders. Many a young man burns with a desire to leave the island and seek his fortune in the United States. But every one who leaves the islands is required to have a passport, and fees charged for the documents are so high that the peasants are not able to buy. To evade the passport laws many attempts are made to board the packets or home-ward-bound whalers by stealth. It is a most hazardous undertaking, and to be caught in this act entails no end of future surveillance, if not imprison-ment. It is a hazardous undertaking for the Captains of vessels too, for it surprised in the act of receiving peo-ple aboard without passports their ships will be seized and they them-selves subjected to fine or imprison-ment, or both.

THE NEW York Times. New York. (8 Feb.1889).

As demonstrações de geral afecto e gratidão do povo faialense, manifes-tadas tão entusiasticamente na bri-lhante regata efectuada na baía desta cidade, no dia 24 de Junho corrente, em homenagem á benéfica e exem-

Como agentes da «Companhia de Navegação Transatlântica» (Brasilei-ra) recebemos em meados de no-vembro de 1875 do capitão do vapor Lidador um pacote lacrado, que se diz conter dinheiro, dirigido a Fran-cisco Leal de Mello, Faial: esse pacote ainda existe em nosso poder nunca tendo sido reclamado.Os únicos esclarecimentos que temos são os seguintes:1º - Parágrafo da nossa carta enviada á dita companhia em 13 de fevereiro de 1876.«Um passageiro, por nome Francisco Leal de Mello, vindo do Rio de Ja-neiro na ultima viagem do Lidador, apareceu a declarar nesta agência, poucos dias depois da sua chegada de Lisboa (pelo Luzo), que perdera o documento que tinha recebido dessa gerência por um pacote de cem libras esterlinas que lá depositara. Agora consta-nos que ele morreu aqui no hospital e que ele tem mulher e filho no Brasil.Ficará em nosso poder, sem comissão e sem responsabilidade, o pacote la-crado com sinete da companhia, en-tregue pelo Sr. Cabral e dirigido ao referido Mello.»2º - Parágrafo da resposta à dita carta recebida do director da companhia com data de 27 de março de 1876.«Com relação ao pacote de libras esterlinas pertencentes ao passageiro Francisco Leal de Mello, que cons-ta ter falecido no hospital dessa ilha, devo dizer-lhes que só poderá ser entregue aos herdeiros do referido

Sábado ultimo alguns tocadores da filarmónica Artista Fayalense foram ao aprazível sitio da Caldeira, levando instrumental e tocando ali algumas peças do seu repertório.Pouco depois de haver chegado o grupo de artistas chegou a Ex.ma fa-mília Dabney sendo recebida ao som do hino americano, subindo ao ar al-guns foguetes. O Ex.mo Sr. Samuel W. Dabney ao agradecer estava prova de imensa estima e muito respeito pela sua fa-mília, prestada pela classe artista faya-lense, que tanto lhe é devedora, em-

natural de Paris, que anda prosse-guindo nos seus estudos científicos.Esta sábio naturalista foi às Lages do Pico, acompanhado pelo Sr. Samuel Dabney, com o fim de adquirir a ca-beça de um cetáceo, dos que ultima-mente ali foram mortos.

O FAYALENSE, Horta. N.º 49 (3 Jul.1887), p.3.

N.R. – Alberto do Mónaco (1848-1922) começou a frequentar os ma-res dos Açores, onde viria a empre-ender diversas viagens e campanhas oceanográficas, no decurso da década de 1880, pelo que teve a oportuni-dade de privar com Samuel Dabney sempre que fazia escala na Horta. O testemunho que deixou escrito nas suas memórias (La Cariére d`un Na-vigateur) reporta-se provavelmente à viagem de 1887, feita a bordo do seu primeiro iate, L`Hirondelle.

plar família Dabney, são uma elo-quente prova do quanto as virtudes e excelentes qualidades do coração são superiores a todas as distinções e grandezas da terra.Com perto de um século de exis-tência no Faial, o nome Dabney tem acompanhado activamente e promo-vido, com extrema dedicação, todos os actos de filantropia e beneficência que se tem realizado nesta terra, á qual em crises de subsistência, dife-rentes vezes, salvou de fome.Enumerar os actos de caridade dos

Mello, que se apresentarem legal-mente habilitados pelo juízo compe-tente. Creio que estes tratam da sua habilitação.»Nada temos mais a acrescentar ex-cepto que fomos informados, em resposta á nossa pergunta feita á au-toridade do hospital da Horta, que não tinha lá falecido o dito Mello; também, dirigindo-nos aos hospitais de Angra e de Ponta Delgada, rece-bemos idênticas respostas.Tencionando brevemente sair do Faial e não aparecendo até essa data pessoa habilitada a receber o dito pa-cote, ficará este devidamente depo-sitado.Horta, 30 de julho de 1891.Charles W. Dabney & Sons

O FAYALENSE, Horta. N.º 49 (2 Ago.1891), p. 3.

bargou-lhe a voz com uma comoção tamanha, expressando custosamente os seus sentimentos de gratidão, o que fez brilhar nos olhos de quase todos os assistentes uma lágrima de saudade.A Ex.ma família Dabney foi, pois, sá-bado, despedir-se da grande cratera, talvez para nunca mais?Deus permita que tal não suceda.O Ex.mo Sr. Samuel Dabney desceu ao fundo da Caldeira, acompanhado de sua Ex.ma família, e dali trouxe um ramo de um arbusto que fora plantado por seu defunto pai há mais de 40 anos.

O AÇOR. Horta. N.º 780 (18 Ago.1891), p. 2.

Na sociedade da Horta (...) encon-tram-se não raro (como creio ter-te já indicado) senhoras das grandes cidades dos Estados Unidos, perfei-tamente cultivadas e elegantíssimas, de uma elegância notável. Passam na Horta os invernos quando padecem de peito, ou esperam ali os maridos, ousados baleeiros, que andam sema-nas e meses à pesca por aqueles con-tornos e ao findar a faina as vêem buscar. (...) Tanta convivência com gente da América (gente única no globo) imprime à cidade da Horta cunho peculiar, que não pode passar despercebido. Daí, a muita afeição que a liga à poderosa República de além-mar. Trará isso, como receiam muitos, tendências separatistas? não o creias; posso afirmar-te que não. No distrito da Horta são grandes as simpatias pela mãe pátria; e a casa de Bragança, com muita especialidade, tem ali verdadeiras dedicações.

---------------------

(...) Dentro de alguns anos, que se-riam muito poucos se os governos olhassem com seriedade para os in-teresses do Arquipélago (...) tenho fé em que um elemento, hoje obscuro, venha restituir ás ilhas uma parte do antigo esplendor. Falo no elemento popular, que vai á América buscar fortuna e volta aos seus montes na-tais trocar em quintarolas e estabele-cimentos de trabalho o rendimento dos anos do seu desterro. (...) O in-sulano e o minhoto volvem à terra natal; é característico da raça latina este apego aos montes e campaná-rios da nossa criação. (...) O insulano (...) traz em si próprio a influência do meio em que viveu, e é operoso, simples, sério, como o inglês da Amé-rica. A sua linguagem, o seu trajar, as suas ideias (...) as suas aspirações, re-velam o homem prático e positivo que se inspirou no pensar e sentir da extraordinária República. É vulgarís-simo na Horta falar-se inglês, e mui-to bem. Todos o entendem; todos o lêem. (...) Digo-o, e disse-o lá muita vez: dos Açores Ocidentais já se avista a América!

--------------

Estes Dabneys, consideradíssimos em todo o Arquipélago, já pela li-sura tradicional das suas transacções comerciais, já pelo prestígio da sua posição (...), já principalmente pelo espírito esclarecido, bondoso, benéfi-co, de todos os membros desta casa, tornaram-se uma das curiosidades mais dignas de menção em todas as ilhas dos Açores. Nunca vi gente mais desprendida, mais útil, mais de-dicada ao bem do seu semelhante, e mais modesta! Senhores de grandes haveres, repartem-nos com os po-bres, sem bulha, sem ostentação. (...) As inteligentes senhoras desta família, habituadas ao mais alto viver nos Es-tados Unidos e nos grandes centros da Europa, aonde vão frequentemen-te, voltam ao Faial e ocupam-se em vestir as criancinhas desvalidas. (...) Por isso o nome dos Dabneys é aben-çoado do fundo do coração por toda a gente, e a memória do primeiro Dabney [John Bass Dabney], o velho e venerável fundador da dinastia na Horta, é um culto para os Insulanos.

CASTILHO, Júlio de – Ilhas Oci-dentais do Arquipélago Açoriano. Lisboa : David Corazzi – Editor, 1886. P. 22; 18-19; 20-21

N.R. – Júlio de Castilho (1840-1919), filho do célebre António Fe-liciano de Castilho, foi Governador Civil da Horta entre 1877-1878 e, não obstante a sua curta passagem pelo cargo, teve tempo suficiente para se aperceber das idiossincrasias próprias das ilhas do grupo Ociden-tal, entre as quais se destacam a in-fluência que sobre elas exerciam os Estados Unidos da América, quer por via da presença consular da família Dabney, quer por via do refluxo da emigração faialense para terras nor-te-americanas.

Julio de Castilho, Governador Civil da Horta

As campanhas de Alberto do Mónaco

Baleeiros americanos e emigração clandestina

Em louvor dos Dabney

Fecho de contas

A última excursão à Caldeira

Samuel Dabney dá as boas vindas a Alberto do Mónaco (c.1890; in Açores: quando o príncipe Alberto de Mónaco ...)

O desmancho de uma baleia (c. 1890; in Açores: quando o príncipe Alberto de Mónaco ...)

cavalheiros e senhoras de tão exce-lente e simpática família encheria grossos volumes e seria uma empresa que iria de encontro á exemplar mo-déstia de almas tão bem formadas.Nós, o mais humilde e obscuro admi-rador faialense de virtudes tão singu-lares, incorporando-nos na multidão que lamenta a ausência, em breve, da família Dabney desta ilha, conside-ramos tal separação uma perda irre-parável e do intimo do coração lhe desejamos quantas felicidades Deus pode liberalizar àqueles que melhor preenchem os ditames da honra e da virtude.A insignificância do meu nome, não obsta a que me afoite a oferecer um ramo de imarcescíveis saudades a tão nobre família Dabney, e lhe vote os mais sinceros e respeitosos sentimen-tos.Horta 28 de junho de 1891Costa Rebello

O AÇOR. Horta. N.º 751 (2 Jul.1891), p.1.

A família de Samuel Dabney (c. 1890)

Anúncio da Casa Charles W. Dabney & Sons numa página da imprensa faialense

Júlio de Castilho retratado por José Malhoa (c. 1920)

Page 7: O correio dos Dabney

1312

14 de Julho

Tudo continua bem. Um belo dia, embora o mar esteja um pouco agi-tado. (...) Devemos chegar amanhã ao Faial. Esta é uma das ilhas oci-dentais dos Açores, onde os Dabney, de Boston, exerceram funções de cônsul, e foi igualmente o cenário do famoso combate entre o corsário John Armstrong e os barcos de guer-ra britânicos, na guerra de 1812. (...) Diz à Ana, ao James e ao Elliot que procurem no mapa estes lugares dos Açores.

15 de Julho

Passámos uma tarde interessante e agradável na cidade da Horta. (...) O pequeno porto fica sobre o quebra mar, e a cidade, muito bela e cheia de cor, estende-se ao longo da praia, prolongando-se depois pelas encostas íngremes. (...) Visitámos o Governa-dor e depois o cônsul britânico, que vive na Fredonia, a velha casa dos Dabney, uma moradia antiga com vista para o porto.

18 de Julho

Passei três dias extenuantes. Partimos de Ponta Delgada hoje ao romper do dia. (...) As poucas horas que passá-mos no Faial, na segunda feira, foram óptimas. É um pequeno lugar longe do mundo, o qual ainda vive muito a memória dos Dabney e das tradições dos velhos navios da marinha mer-cante americana, dos barcos da pesca da baleia, etc.

MESQUITA, Mário – A Escala de Roosevelt nos Açores durante a Primeira Guerra Mundial. Angra do Heroísmo : Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1986. P. 45-47.Sep. de: Boletim do Instituto Históri-co da Ilha Terceira, vol. XLIV (1986).

N.R. - Em 1918, Franklin D. Roo-sevelt, futuro Presidente dos E.U.A. entre 1933 e 1945, passou pela Hor-ta na qualidade de Sub-secretário da Marinha do governo americano. Aquilo que deixou registado no di-ário de viagem e nas cartas escritas à mulher, Eleanor, documenta bem a perenidade da memória dos Dabney na ilha do Faial.

ABS-JC – Arquivo Brum da Silvei-ra-José do Canto

AR. – Armário

AV – Audiovisuais

BPARPD – Biblioteca Pública e Ar-quivo Regional de Ponta Delgada

Cx. - Caixa

EC – (Fundo) Ernesto do Canto

EMP – Empréstimo

EUGC – (Fundo) Eugénio do Canto

FG – Fundo Geral

fl. – folha / folhas

JC – (Fundo) José do Canto

Mç - Maço

MCM – Museu Carlos Machado

NC – (Fundo) Natália Correia

P.P. – Publicações Periódicas

RES – Reservados

SDUAÇ – Serviços de Documenta-ção da Universidade dos Açores

SPAM – Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense

VAR. AÇOR. IMP. – Variedades Açorianas Impressas

Carta de Thomas Hickling para John Bass Dabney. São Miguel, 26 Março 1820BPARPD. EC. Manuscritos, lv. 186, fl. 36

Carta de José do Canto para as irmãs. Horta, 20 Nov. 1845SDUAÇ. ABS-JC. Correspondência, 12429 C

Dabney, Carlos Guilherme – Carta de agradecimento pela nomeação de sócio correspondente. O Agricultor Michaelense. Horta: Typ. da rua do Provedor. Vol. 1, (20 Fev. 1844), p. 64-65.Carta de agradecimento pela nomeação de sócio correspondente onde faz referência a algumas das suas experiências agrícolas.BPARPD JC P.P 734 RES

Não é de hoje nem de ontem a simpatia que nos anima pela grande república norte-americana; é de há largos anos, desde que nesta ilha se estabeleceu a nobre e benemérita fa-mília Dabney, de saudosa e honrada memória, e que para aquele grande e florescente país derivou a corrente de emigração que havia para o Brasil; e essa simpatia vem aumentando dia a dia, pelo acolhimento dado aos nos-sos emigrantes e pelo relativo bem estar de que eles lá gozam – tanto que a quarta parte da população des-te distrito, famílias inteiras, em vinte anos, se espalhou e estabeleceu defi-nitivamente pelos diferentes estados da grande república – essas simpatias, aumentando dia a dia pelas circuns-tâncias apontadas, arreigaram-se ulti-mamente na alma popular, anulando quase totalmente o velho sentimento de patriotismo.(...)Temos o melhor porto dos Açores, o melhor e o mais bem situado; isto

bastava para nos garantir o futuro; mas não só o deixam encher de areia, estragar-se, inutilizar-se, como faci-litam a sua ruína absoluta com um isolamento injustificado, propositado, criminoso. É pois justo, perfeitamen-te justificável, o nosso ressentimento para com a metrópole, o nosso desa-pego para com as tradições nacionais, tanto, pelo menos, como se explica e justifica a nossa simpatia para com a grande república norte-americana, para com o país do trabalho, da li-berdade e da justiça, que nos acolhe, nos protege e tantas vezes nos salva. Pois bem, está aí a chegar um navio de guerra dessa poderosa e simpá-tica nacionalidade; signifiquemos a essa pequena parcela do grande povo amigo, os sentimentos cordiais de ad-miração e reconhecimento que para ele nos inclina.

DIÁRIO dos Açores. Ponta Delgada. N.º 5411 (6 Jul. 1909), p. 2.

N.R. No dia 6 de Julho de 1909, sob a epígrafe “A mensagem dos faialen-ses”, o Diário dos Açores transcrevia uma sucessão de artigos publicados

Sendo nesta vida humana um dos deveres mais sagrados conservar quanto é possível a união de família, ainda que para isso seja necessário fazerem-se grandes sacrifícios, resolvemo-nos há anos partir do Faial – há tanto tempo nossa pátria – para nos estabelecermos nos Estados Unidos da América, onde se achava já a maior parte dos Dabneys Faialenses. Agora é que damos este passo, e não podemos dizer aqui o quanto nos custa.

Bastava unicamente aquele espectáculo brilhantíssimo do dia 24 de Junho e a manifestação espontânea que o acompanhou, para nos mostrar quão profundas eram as raízes que nos prendiam aqui e que estávamos num meio onde a alma fala à alma, mesmo sem se expressar em palavras.Desde isso e antes disso temos sempre recebido provas duma afeição e amizade que não tentamos agradecer, mas que vivamente reciprocamos.Vínculos desta sorte não podem ser quebrados por distancias quaisquer: ou nas margens do Atlântico ou do Pacifico, onde quer que nos acharmos, tudo que toque os

n’ O Fayalense a 14, 21 e 25 de Ju-nho, por ocasião da visita ao porto da Horta do navio escola norte-americano Ranger. O excerto aqui publicado reporta-se ao primeiro desses artigos (Horta, 14 de Junho 1909) e o jornal de Ponta Delgada, na nota redactorial que antecedia a sua transcrição, não poupava críticas aos sentimentos separatistas e pró-americanos da ilha do Faial, dizendo o seguinte: “Uma das mais sensacio-nais notícias que nos últimos dias nos vieram das ilhas de oeste, foi a da mensagem levada por uma comissão de faialenses a bordo do navio esco-la norte-americano Ranger. Para dar dela informação aos nossos leitores, escusamos de descrevê-la porque dis-so se vai encarregar completamente o diário da Horta O Fayalense. No próprio Fayalense, de resto, lê-se não só a essa manifestação, mas a signifi-cação dela, a íntima significação desse acto rebelde. (...) Contra o protesto do Faial, protestam, altiva e patrioti-camente, os micaelenses”.

açorianos, principalmente aos faialenses e picoenses, vai achar eco nos nossos corações: e levamos a esperança de algum dia voltar a ver estas queridas ilhas e os seus amados habitantes. (...)Oferecendo os nossos préstimos nos Estados Unidos, só nos resta dizer mais uma vez – adeus.

Horta, 12 de Janeiro de 1892Família Dabney

A CHRONICA. Horta. N.º 2 (17 Jan. 1892)

O adeus aos Açores

O afecto pelos E.U.A.

Franklin D. Roosevelt no Faial

A baía de Porto Pim vendo-se, à direita, a residência dos Dabney no Monte da Guia (Fotografia Goulart, c. 1900; in Two Brothers Goulart ...)

Catálogo da Mostra bibliográfica e documental

Siglas e abreviaturas

Arquivo Periódicos

Relação nominal dos senhores sócios honorários e correspondentes da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense. [Ponta Delgada, 184-?]BPARPD. SPAM. Cx. 3

Cópia do alvará do Governador Civil do Distrito da Horta que nomeia Carlos Guilherme Dabney vogal da Comissão de Agricultura do Distrito. Horta, 20 Nov. 1848BPARPD. SPAM. Cx. 8

Carta do Presidente da SPAM, José Jácome Corrêa, ao sócio correspondente, Carlos Guilherme Dabney. [Ponta Delgada], 2 Jun. 1849BPARPD. SPAM. Registo de correspondência expedida (1848 Dez. 6 – 1849 Dez. 29). Mç. 20.2, [fl. 34 v.]

Carta de Rosa Lewis Dabney para [Maria Guilhermina Taveira Brum da Silveira]. Faial, 28 Nov. 1870SDUAÇ. ABS-JC. Correspondência, 12943 C

Carta de Clara Pomeroy Dabney para José do Canto. Faial, 24 Abr. 1871BPARPD. JC. Correspondência, 793

Carta de Samuel Wyllys Dabney para Ernesto do Canto. Faial, 30 Ago. 1879BPARPD. EC. Correspondência, 1214

UM JARDIM na ilha de S. Miguel. O Panorama: Jornal Litterario e Ins-tructivo. Lisboa: Typ. de ª J. F. Lopes. Vol. 10, 3ª série, n.º 2 (1853), p. 137.Ernesto do canto, acrescentou ao título a seguinte nota “aliás Fayal com a ilha do Pico em frente”. Supõe-se ser os jardins do Cônsul Dabney.BPARPD EC P.P. 658 RES

NAUFRáGIO do Ravenswood. O Açoriano Oriental. Ponta Delgada: Editor F. J. Pereira de Macedo. Ano 20, n.º 1097 (9 Fev. 1856), p. 2.Troca de correspondência entre o Gover-nador Civil da Horta e o Cônsul dos EUA, Carlos G. Dabney, sobre o socorro a prestar a este navio encalhado, próximo da ilha do Pico.BPARPD JC VAR.AÇOR.IMP. 17 RES

HORTA. Governador Civil (San-ta Rita) – Relatório de s. ex.ª o sr conselheiro Governador civil d’este districto. O Fayalense. Horta: Editor Bento Joaquim Cordeiro. Ano 13, n.º 25 (6 Fev. 1870).Ref. pesca da baleia e importância da Casa Dabney no provimento dos navios que chegavam ao porto da Horta e ao comércio do azeite para os EUA, entre outros assuntos.BPARPD FG/PP

J. E. F. – Carlos Guilherme Dabney e o districto da Horta. A Luz. Horta: Editor M. J. Da Silveira. Ano 1, n.º 51, (3 Maio 1871), p. 2-3.Breve história da vinda da família Dab-ney para a ilha do Faial. Notas biográfi-cas sobre Carlos Guilherme Dabney.BPARPD FG/PP

O GREMIO LITTERARIO. Hor-ta : Gremio Litterario Fayalense. Ano 1, Vol. 1, n.º 5 (15 Julho 1880)Samuel Dabney assiste a uma conferência de Alexander Bell acerca do telefona na casa de concertos de Boston.BPARPD FG/PP

Costa Rebello – A’ ex-ma familia Dabney. O Açor. Horta: Editores La-batt & C.ª. Ano 3, n.º 751, (2 Julho 1891), p. 1.Comentário à demonstração de afecto e gratidão do povo faialenese por ocasião da regata que se realizou em homenagem à família Dabney a 24 de Junho.BPARPD FG/PP

O TELEGRAPHO. Horta. Ano 1, n.º 81 (6 Dez. 1893)Notícia de um eventual regresso de Sa-muel Dabney aos Açores em busca de me-lhoras para a sua saúde.BPARPD FG/PP

A

Page 8: O correio dos Dabney

1514

WARDEN, D. B. – On the origin, nature, progress and influence of consular establishments. Paris : Printed and sold by Smith, 1813.BPARPD EC AR.7 B/74 RES

zBOID, capitão – A description of the Azores or Western Islands from per-sonal observation... London : Bull and Churton, 1834. BPARPD JC B/317 RES

zBULLAR, Joseph – A winter in the Azores and Summer at the baths of the Furnas. London : John Van Voorst, 1841..BPARPD JC B/745-746 RES

zPLANTAÇãO das multicaules nos Açores. Revista Universal Lisbonen-se. Lisboa: Typ. J. A. S. Rodrigues. N.º 7 da 4ª série, n.º 43 (28 Jul.1842), p. 505.BPARPD EC P.P. 608 RES

zO TULIPEIRO (Liriodendron). Al-manak Rural dos Açores para 1853. Ponta Delgada: Sociedade Promotora da Agricultura Michaelense. 2º ano (1853), p.132-134.Ref. ao jardim dos DabneyBPARPD JC P.P. 601 RES

zHUNT, Thomas Carew – O pro-gresso comercial de S. Miguel. Al-manak Rural dos Açores para 1854. Ponta Delgada: Sociedade Promotora da Agricultura Michaelense. 2º ano, nova ed. (1853), p.146 155.BPARPD EC P.P.

zSILVA, José Augusto Cabral de Melo e – Ode dedicada ao ilustríssi-mo Senhor Carlos Guilherme Dabney consul geral dos Estados-Unidos da América nas ilhas dos Açores... An-gra : Typ. de M. J. P. Leal, 1859. 8 p. BPARPD JC VAR.AÇOR.IMP.106/7 RES

Monografias DROUET, Henri – Catalogue de la flore des îles Açores, précédé de l’itinéraire d’un voyage dans cet archipel. Paris : J. B. Baillière & Fils, 1866.BPARPD EUGC B/1048 RES

zGODMAN, Frederick du Cane – Natural history of the Azores or West-ern Islands. London: John Van Voorst, 1870.BPARPD JC B/252 RES

zMACEDO, António Lourenço da Silveira – História das quatro ilhas que formam o districto da Horta.... Horta : Typ. de P. da Silveira Corrêa, 1871. BPARPD EC AR.6 A/269-271 RES

zSILVA JUNIOR, Francisco José da – A emancipação dos Açores. Ed. fac-símile. Lisboa : Typographia Uni-versal, 1871. BPARPD NC 10271 RES

zNOTICE sur le port artificiel de la ville de Horta, Ile de Fayal, Archipel des Açôres. [Ponta Delgada] : Typ. Miner-va insulana, 1877. 8 p., 1 mapa des-dobr.BPARPD AÇORES 627.2(469.913) N791

zBENJAMIN, S. G. W. – The Atlantic Islands as resorts of health and pleasure. New York : Harper & Brothers Pub-lishers, 1878. BPARPD JC B/332 RES

zBAKER, C. Alice – A summer in the Azores with a glimpse of Madeira. Boston : Lee and Shepard Publishers ; New York : Charles T. Dillingham, 1882. BPARPD JC A/2057 RES

CASTILHO, Júlio de – Ilhas Oci-dentais do Arquipelago Açoriano. Lis-boa : David Corazzi - Editor, 1886. (Biblioteca do Povo e das Escolas ; nº139).BPARPD EC Cx.50.7 RE

GUERNE, Jules – Excursions zoolo-giques dans les îles de Fayal et de San Miguel (Açores). Paris : Gauthier-Vil-lars et Fils, Imprimeurs-Libraires, 1888.BPARPD EC AR.4 B/225 RES

zREID, Samuel Chester – The His-tory of the wonderful battle of the brig-of-war General Armstrong with a british squadron at Fayal, 1814... Boston : L. Barta & Co. Printers, 1893. BPARPD EC Cx.49.15 RES

zBAPTISTA, António – Faial jardim dos Açores. Coimbra : Livraria F. Fran-ça Amado Sucessores, [19-?]. BPARPD FG B/2531 (BPARPD

zALBERTO I, Principe de Monaco – La carrière d’un navigateur. Paris : Li-brairie Plon, 1902.BPARPD EUGC A/638 RES

zTERRA, Florêncio – Família Da-bney. Álbum Açoriano. Lisboa : Editores Oliveira & Baptista, 1903. P. 465-466. Il.BPARPD AÇORES 946.99”1901” A297 RES

zTERRA, Florêncio – Dabneys.. Boletim do Núcleo Cultural da Horta. Horta: NCH. Vol. 2, n.º 1 (1959), p. 23-34. BPARPD AÇORES 008(05)

HIGGINSON, Thomas Went-worth – Letters and journals of Thomas Wentworth Higginson: 1846-1906. Ed-ited by Mary Thacher Higginson. [2ª ed.]. New York : Negro Universities Press, 1969.Cartas dirigidas a Charles Dabney, p. 125, 126, 133, 134, 135 e 142-144.SDUAÇ 820(73)-6 H541l

zROGERS, Francis Millet – Boston brahmins in the Azores. In :Atlantic islanders of the Azores and Madeiras. [1st. ed]. North Quincy [Mass.] : Christopher Publishind House, cop. 1979. p. 145-173.BPARPD EMP AÇORES 910.4(469.9) R631a

zAFONSO, João – Dos «Anais da Família Dabney» para a história dos Açores. In. Açores em novos papeis ve-lhos. Pref. De José Guilherme Reis Leite. Angra do Heroísmo : Sec. Reg. da Educação e Cultura, 1980. P. 235-249BPARPD AÇORES 946.99.2(081) A199a

zLIMA, Marcelino – A família Da-ney. In: Anais do Município da Horta : ilha do Faial. 3ª ed. East Providence, R.I. : A & H Printig, Inc., 1981. P. 597-603.Fac-símile da edição: Famalicão: Grandes Oficinas Gráficas “Minerva”, 1940.BPARPD AÇORES 946.991.3 L669a

zDABNEY, Roxana Lewis – Annals of the Dabney family in Fayal. [S.l. : s.n., 1986?] ; (Boston : Press of Alfred Mudge & Son).BPARPD AÇORES 929.2 DAB-NEY, R. D112a

zMESQUITA, Mário – A escala de Roosevelt nos Açores durante a Primeira Guerra Mundial. [Angra do Heroís-mo: Inst. Histórico da Ilha Terceira] 1986.Sep. de: Boletim do Instituto Histó-rico da Ilha Terceira. Vol. 44 (1986).Col. Particular

MESQUITA, Mário – A vida quo-tidiana na ilha do Faial ao tempo da família Dabney. In: A Regra da instabi-lidade. Pref. de Norberto Lopes. Lis-boa : Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1987. P. 59- 70.BPARPD AÇORES 323(469) M545r

zMONTEIRO, George – O Faial de Thomas Wentworth Higginson: 1855-1856. In: SEMANA DE ES-TUDOS DOS AÇORES, 9, Angra do Heroísmo, 1988 - Conhecimento dos Açores através da literatura : comu-nicações apresentadas na IX Semana de Estudos dos Açores. Angra do Heroís-mo : Instituto Açoriano de Cultura, 1988. P. 149-165.BPARPD AÇORES 946.99.85 S47c

zROGERS, Francis Millet - St. Michael’s Hicklings, Fayal Dabneys, and their British connections. Arqui-pélago. Número especial 1988: Re-lações Açores - Grã-Bretanha. Ponta Delgada : Universidade dos Açores. Nº esp. (1988), p. 123-148.BPARPD AÇORES 93(05)

zAFONSO, João – Açores: quando o príncipe Alberto de Mónaco visitou as ilhas. Horta: Secretaria Regional dos Transportes e Turismo, [199-?]BPARPD AÇORES 910.4(469.9):92 ALBERTO A199

zCOSTA, Ricardo Manuel Madru-ga da Costa – Algumas notas sobre o 1º Cônsul Geral dos EUA nos Açores e um contributo para uma bi-bliografia sobre os Dabney. Boletim do Núcleo Cultural da Horta. Horta: NCH. Vol. 10 (1991/92), p. 89-140. BPARPD AÇORES 008(05)

zCOSTA, Ricardo Manuel Madru-ga da – Faial : 1808-1810 : Um tem-po memorável. Boletim do Núcleo Cultural da Horta. Horta: NCH. Vol. 11 (1993/95), p. 135-284. BPARPD AÇORES 008(05)

VERMETTE, Mary T. Sílvia – Os yankes e o Faial. In: COLÓQUIO O FAIAL E A PERIFERIA AÇO-RIANA NOS SÉCS. XV A XIX, Horta, 1993 – Actas do colóquio re-alizado nas ilhas do Faial e Pico de 10 a 13 de Maio de 1993. Horta : Núcleo Cultural da Horta, 1995. P. 291-299.BPARPD AÇORES 94(469.913) C693f (1)

zCOSTA, Ricardo Manuel Madru-ga da – Breves notas para a história do porto da Horta seguidas da trans-crição da correspondência Dabney-Bensaúde. Boletim do Núcleo Cul-tural da Horta. Horta: NCH. Vol. 12 (1996/97), p. 9-109. BPARPD AÇORES 008(05)

z DIAS, Fátima Sequeira – Uma estratégia de sucesso numa econo-mia periférica : a casa Bensaúde e os Açores 1800-1870. Ponta Delgada : Ribeiro e Caravana, 1996. (Colecção Khrónos).Diversas referências à importância das re-lações económicas e comerciais com a com a casa Dabney.BPARPD AÇORES 658.5(469.9)”1800/1870” D532u

zROCHA, José Elmiro – Arquivo da Horta : fundos públicos e privados : organização e informatização. In: Documentação e arquivos insulares: ac-tas do Seminário Internacional: Funchal, 15 a 19 de Setembro de 1997. Coord. Alberto Vieira. [1ª ed.]. Funchal: CEHA, 1999.- P. 39-42BPARPD AÇORES 930.25 D666

zVERMETTE, Mary T. Silva – Re-lações açor-americanas. In: TWO brothers Goulart: photography in New Bedford and the Azores = Dois Irmãos Goulart: fotografia em New Bedford e nos Açores. Catálogo patrocinado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. New Bedford : Old Dartmouth HistoricalSociety, 1997. P. 13-17.MCM 77:061.4 TWO BRO Cx.9.17

ARRUDA, Luís M. – Os natura-listas, o Faial e a periferia açoriana até ao séc. XIX. In: COLÓQUIO O FAIAL E A PERIFERIA AÇO-RIANA NOS SÉCS. XV A XX Horta, 1997 – Actas do Colóquio rea-lizado nas ilhas do Faial e S. Jorge de 12 a 15 de Maio de 1997. Horta : Núcleo Cultural, 1998. P. 621-639.BPARPD AÇORES 94(469.91) C693f (2)

zDIAS, Fátima Sequeira – A visão oficial do distrito da Horta no século XIX. Horta : Núcleo Cultural da Horta, 1998. P. 269-304Sep. de: – Actas do Colóquio realiza-do nas ilhas do Faial e S. Jorge de 12 a 15 de Maio de 1997. Horta : Núcleo Cultural, 1998.BPARPD AÇORES 946.991.3”18” D532v

zPORTEIRO, Filipe M. ; SANTOS, Ricardo Serrão ; HARTEL, Kars-ten E. – De Olivia Dabney para Lou-is Agassiz : uma colecção de peixes do litoral dos Açores depositada desde o século XIX no Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Har-vard In: COLÓQUIO O FAIAL E A PERIFERIA AÇORIANA NOS SÉCS. XV A XX Horta, 1997 – Actas do Colóquio realizado nas ilhas do Faial e S. Jorge de 12 a 15 de Maio de 1997. Horta : Núcleo Cultural, 1998. P. 603-619.BPARPD AÇORES 94(469.91) C693f (2)

zARRUDA, Luís M. – Sobre algu-mas cartas de Carlos Dabney a José do Canto. In: COLÓQUIO O FAIAL E A PERIFERIA AÇO-RIANA NOS SÉCS. XV A XX Horta, 1997 – Actas do Colóquio rea-lizado nas ilhas do Faial e S. Jorge de 12 a 15 de Maio de 1997. Horta : Núcleo Cultural, D.L. 2004. P 349-353.BPARPD AÇORES 94(469.913) F145(3)

zDABNEY, Roxana Lewis – Anais da família Dabney no Faial. 1ª ed. Horta : Instituto Açoriano de Cultu-ra : Núcleo Cultural da Horta, 2004. 571p.BPARPD AÇORES 929.2 DAB-NEY, R. D112a

Page 9: O correio dos Dabney

CORRESPONDÊNCIA dos côn-sules dos Estados Unidos na Açores : 1795-1863 [Documento electrónico]. Angra do Heroísmo : Instituto Aço-riano de Cultura, 2005. 1 disco (cd rom).BPARPD AV

zVIEIRA, João António Gomes – Família Dabney : Fayal - Azores memó-ria de um legado. Lisboa : Intermezzo-Audiovisuais, 2005. 259 p.BPARPD AÇORES 929.5 DAB-NEY V715f

zDABNEY, Frances – Saudades. Ed. bilingue. Ponta Delgada : Presidência do Governo Regional. Direcção Re-gional das Comunidades, 2006.BPARPD AÇORES 869.0-94 DABNEY, F. D112s

zDOTY, William F. – Esboço históri-co do Consulado Americano nos Açores. Horta : Núcleo Cultural, D.L. 2006. 71 p.BPARPD AÇORES 341.81(469.9)”1806/2006” D765e

zCOLÓQUIO O FAIAL E A PE-RIFERIA AÇORIANA NOS SÉCULOS XV A XX, Horta, 2006 – Actas do IV Colóquio [reali-zado] 7 a 12 de Maio de 2006. Horta : Núcleo Cultural, D.L. 2007. No Bicentenário do Consulado dos E.U.A. nos Açores: o tempo dos Da-bneyBPARPD AÇORES 94(469.913) E145(4)

z

SILVEIRA, Carlos Manuel Ra-mos da – A Horta antiga. [S.l.] : Edi-ção do Autor, 2007. 219 p. ; il.Col. particular

zABDO, Joseph C. – No limiar da história : a história da família Dabney na ilha do Faial do arquipélago dos Aço-res. 10th ed.. Lisbon : Joseph C. Abdo Unipessoal, 2007. 502 p.BPARPD AÇORES 929.2 DAB-NEY D112l

zCOSTA, Ricardo Manuel Madru-ga da – De New Bedford aos mares do sul: uma viagem da barca Sea Ranger com escala pelo Fayal em 1869. Horta : Núcleo Cultural da Horta, 2008.Col. Particular

zFUNDAÇãO LUSO-AMERICA-NA – Roosevelt no Faial: 1918-2008: exposição e colóquio a propósito da escala de F.D.R. na Horta em 1918. Comis-são organizadora: Cood. Mário Mes-quita, Carlos Riley (comissário da Exposição [e] João Silvério]. [Horta] : FLA, 2008. 1 desdobrável.Contém: Fotografias do portão de entrada para a Fredonia, uma das an-tigas casas dos Dabney, visitada por F.D. Roosevelt e da Casa Dabney (traseiras), com vista para o porto da Horta.BPARPD

Ficha Técnica: Título - Correio dos Dabney

Proprietário - Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada

Redacção - Largo do Colégio, s/nº 9500-054 Ponta Delgada

Coordenação Redactorial - Direcção da BPARPD

Redactores - Francisco Silveira (Monografias); Catarina Teixeira (Periódicos); Pedro Pacheco de Medeiros (Arquivo); Jorge Mello-Manuel ( Arquivo)

Grafismo - Vitor Marques

Digitalizações - Albano Martins do Vale

Tiragem - 500 ex.

Páginas centrais - Desenho de John Bullar publicado na página que antecede o frontispício do vol.1 da obra A Winter in the Azores; and a Summer at the Baths of the Furnas

zCOSTA, Ricardo Manuel Madru-ga da – O século Dabney: uma pers-pectiva das relações entre os Açores e os Estados Unidos da América à luz da correspondência consular: 1806-1892. Ponta Delgada : Universidade dos Açores, 2009.Trabalho realizado no âmbito do projecto de Pós-Doutoramento.SDUAÇ 946.99 C875s

zOS DABNEY : uma família ame-ricana nos Açores. Antologia elabo-rada a partir dos Anais coligidos por Roxana Dabney ; coord. e pref. de Maria Filomena Mónica ; selec., org. e notas de Paulo Silveira e Sousa ; [trad., João C.S. Duarte] com asses-soria de Ricardo Madruga da Costa. 1ed. Lisboa : Tinta da China, 2009. BPARPD AÇORES 929.2 DAB-NEY D112u

z