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O Destino De Uma Dama

O Destino De Uma Dama - PerSe - Publique-se · 2013-10-24 · pedaços por ter que deixar uma vida que tanto amava. Queria que tudo voltasse a ser como antes, queria poder ter novamente

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Marcia Pimentel

O Destino De Uma Dama

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Copyright © 2011 By Marcia Pimentel

Diagramação e revisão Marcia Pimentel

Capa Marcia Pimentel

Revisoras Sabrina Pimentel da Silva Yasmin Pimentel da Silva

1º Edição Marcia Pimentel 1974 - Nome do livro: O Destino de Uma Dama Editora Perse – 2011

1. Romance Histórico – Ficção

Todos os direitos autorais reservados a autora

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Dedico este livro às três razões de minha vida: Yasmin, Sabrina e Karine

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A Despedida da Fazenda

Inglaterra, Julho de 1744

entia em meu peito que aquela seria a última vez que veria a casa onde morei com meus avós. Meu coração estava em

pedaços por ter que deixar uma vida que tanto amava. Queria que tudo voltasse a ser como antes, queria poder ter novamente ao meu lado as duas pessoas que mais amava na vida. Gostaria de passear a cavalo com meu avô, queria ouvir as histórias que minha avó contava. Eu sempre soube que tinha um pai que vivia em Londres, mas jamais imaginei que um dia teria que viver com ele. Sempre olhei para a fazenda Wellington como um lar permanente. O que fazer para não ter que partir?

S

― Srta. Canning, temos que partir. A senhorita está parada em frente a casa por muito tempo ― o Sr. Smith tentou parecer paciente. ― O Sr. Lewis deu ordens para não viajar com a senhorita durante a noite, se quisermos chegar na hospedaria antes do anoitecer temos que partir agora. Por favor, senhorita, entre na carruagem ― começava a perder a paciência. ― Sei que deve estar sendo difícil para a senhorita tudo o que está acontecendo, mas mudanças sempre acontecem em nossas vidas, e mais tarde vemos que essas mudanças foram para melhor disse como se tivesse― conhecimento no assunto. Eu não quero essa mudança, Sr. Smith. Morei minha vida― toda nessa casa, não quero ir embora continuei olhando para a― casa.

Olhava para a casa e memorizava cada detalhe. Já tinha olhado aquela casa tantas vezes. Nunca imaginei que um dia a olharia pela última vez.

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Agora a senhorita vai morar com seu pai em Londres, ele― cuidará da senhorita. Agora vamos, por favor. Virei e olhei para o Sr. Smith. Ele estava em frente à porta da carruagem que estava aberta esperando por mim. Sua paciência chegara ao limite, era o momento de entrar na carruagem. Era hora de terminar com todo aquele sofrimento. Olhei para a casa pela última vez. Me forcei a entrar na carruagem, o Sr. Smith me ofereceu a mão e me ajudou a entrar. Logo depois que ele entrou a carruagem partiu. Olhei pela janela e vi os criados enfileirados em frente à porta da casa observando minha partida, todos pareciam tão tristes. Aquelas pessoas me viram crescer, pessoas que eu amava como uma família, eu jamais os esqueceria, me lembraria de cada rosto, de cada momento que passei com cada uma daquelas pessoas, eu as levaria em meu coração. Lágrimas se formaram em meus olhos, mas não as deixei cair. Naqueles dois últimos meses já tinha chorado demais pela morte da minha avó. Afastado da casa, vi Parker Bungard, meu melhor amigo, meu companheiro de tantas aventuras, eu o amava como a um irmão. Sentiria tanto a sua falta. Enquanto a carruagem se afastava, ele ficou olhando para ela, havia uma profunda dor em seus olhos. Vi quando seu pai, o Sr. Davis Bungard, ficou ao seu lado e colocou a mão em seu ombro. Sorri ao pensar em tantos momentos felizes que passei nos estábulos ao lado dos dois. Momentos que jamais voltariam a acontecer. Pela janela eu via a casa se afastando, eu via a minha vida se afastando. Quando passamos pelos portões da fazenda, minha vontade foi de sair daquela carruagem e voltar correndo para a casa, me trancar em meu quarto e nunca mais sair de lá. Tive que segurar no banco da carruagem para não fazer o que meu coração mandava. Me senti tão sozinha naquele momento. Eu sabia que sempre estaria sozinha daquele dia em diante. O Sr. Lewis está esperando pela senhorita amanhã logo pela― manhã, por isso não podemos nos atrasar. O silêncio foi quebrado pelo comentário do Sr. Smith. Voltamos a ficar em silêncio por um tempo. Continuei olhando pela janela. A imagem do meu pai veio em minha mente. Como é o meu pai, Sr. Smith? olhei para ele.― ― Um homem muito bom e generoso, senhorita.―

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Voltei a olhar a paisagem pela janela. Dizer que ele era bom e generoso não me dizia nada. Muitos homens eram bons e generosos por fora, mas cruel e malvado por dentro. Tentei me lembrar do homem que era o meu pai, mas era difícil imaginá-lo, só tinha convivido com meu o pai durante os meus primeiros três anos de vida e desse tempo eu não lembrava nada. Quando fiz quinze anos, ele apareceu na fazenda dizendo que me levaria para Londres para que eu fosse apresentada na sociedade londrina, e que já estava na hora de arrumar um marido. Isso era o que ele pensava. Mas, os meus avós pensavam diferente, por isso, não deixaram que ele me levasse. Até hoje não sei como eles conseguiram que ele mudasse de ideia. No dia seguinte ao acordar, soube que meu pai tinha ido embora, e nem esperou para se despedir de mim. Não me importei com sua partida, não queria ir com ele para Londres, fiquei feliz ao saber que ele tinha ido embora. Um ano depois meu avô morreu, um momento muito difícil para minha avó e eu. Meu avô tinha ido caçar com alguns amigos das redondezas, como fazia todos os anos. Eles pegaram um forte temporal, o que não era comum naquela época. Meu avô voltou da caça muito doente, com um forte resfriado que tomou conta dos seus pulmões que logo o matou. Dias depois, meu pai apareceu novamente na fazenda e conversou com minha avó. Soube, através de Polly que ele queria me levar novamente para Londres e me casar. Disse a Polly que não iria, mas ela disse que ele era meu pai e tinha todo o direito de me levar e fazer comigo o que quisesse, ao ouvir aquilo eu o odiei. Eu ouvi minha avó gritando, mas não entendi sobre o que eles discutiam. Novamente ele concordou em me deixar na fazenda com ela, novamente saindo sem se despedir. Mas agora, dois anos depois do meu avô morrer, ele conseguiu o que tanto queria. Agora que minha avó tinha morrido, não tinha ninguém para lutar por mim, eu estava sendo obrigada a ir para Londres para viver com meu pai. Antes do meu encontro com ele, aos quinze anos. Eu vivi com o meu pai até os meus três anos, quando minha mãe era viva. Dois meses depois de minha mãe morrer, meus avós me levaram para viver com eles na fazenda. Não lembro nada da minha mãe, mas meus avós sempre falavam que ela me amava muito e que era uma mulher muito bonita. Eles não falavam sobre o meu pai, eu também

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não perguntava, não queria magoá-los fazendo-os pensar que eu amava mais a meu pai do que a eles, meus avós eram a minha vida, e deu todo o amor que uma menina podia ter. Ao lembrar deles uma forte dor apertou meu peito. Uma vez minha avó disse que meu pai era um homem muito― ocupado. Ele continua muito ocupado, Sr. Smith? perguntei,― olhando a paisagem pela janela. Continua, senhorita. Seu pai é um homem muito ocupado,― tem muitos negócios na cidade e fora dela. O seu pai é um ótimo advogado, está sempre ocupado. Vejo que o senhor tem uma grande admiração por ele.― Tenho sim, senhorita. Tudo o que sei e o que sou eu devo ao― seu pai. A senhorita viveu muito tempo longe dele, quando o conhecer melhor verá que o que eu digo é verdade. Se ele é um homem tão ocupado, ele podia ter arrumado― uma outra maneira de pagar as dívidas do meu avô e ter me deixado na fazenda. Por que querer mais um problema? A senhorita não é um problema para seu pai. Ele tem planos― para a senhorita... O seu pai vai casá-la. Mas eu pensei que ele fosse esperar mais alguns anos para me― arrumar um marido. Não posso me casar agora, estou de luto pela minha avó. A senhorita já devia estar casada, já tem dezoito anos ― ― disse como se eu fosse uma velha. O Sr. Lewis teve muitas― propostas de casamentos de várias família de Londres. O Sr. Lewis é um homem muito respeitado na sociedade londrina. Ele poderia já ter escolhido um noivo para a senhorita, mas ele achou melhor que a senhorita escolhesse seu pretendente, por isso a senhorita vai nessa temporada de bailes, para escolher um pretendente. Muita generosidade do meu pai deixar que eu escolha o meu― marido. Eu disse que seu pai era um homem muito generoso disse― ― sorrindo. Balancei a cabeça e pensei que talvez a palavra sarcasmo não fizesse parte do vocabulário do Sr. Smith. Voltei a olhar pela janela. Quando tinha três anos meu pai livrou-se de mim ao me entregar aos meus avós, e agora novamente

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se livraria me entregando ao meu futuro marido. Fechei os olhos e suspirei, eu tinha sido muito feliz da primeira vez, esperava que fosse assim também da segunda vez. Depois de algum tempo olhando pela janela e pensando em como minha vida mudaria quando chegasse em Londres. Voltei a olhar para o Sr. Smith. Ele olhava para alguns papeis em suas mãos. Ele era um homem baixo, quase da minha altura, eu tinha um estatura mediana. Ele era um homem sem nenhum atrativo, tinha uma testa alta e o nariz muito pontudo. Era um pouco nervoso, tudo tinha que está no lugar certo e na hora certa. O Sr. Peter Smith chegou na fazenda com a missão de me levar para Londres em até três dias. No começo eu me recusei. Srta. Jennifer.― A cama estava tão agradável naquela manhã de verão que não tive nenhuma vontade de sair dela. Eu já tinha ouvido Polly me chamar nas duas primeiras vezes, mas me recusei a atendê-la, não queria sair do meu refúgio, queria continuar dormindo para não lembrar que agora estava sozinha no mundo. Minha avó tinha morrido há dois meses, e a dor ainda era a mesma. Srta. Jennifer chamou Polly impaciente. Sei que a― ― ― senhorita está acordada. A senhorita tem que levantar, a senhorita tem visita. Está lá em baixo esperando.

Polly era minha dama de companhia desde os meus 14 anos. Meus avós não viam com bons olhos minha amizade com Parker, por isso contratou Polly para que eu passasse menos tempo com Parker e os cavalos. Mas sempre eu deixava Polly com o Sr. Davis nos estábulos e saía para cavalgar com Parker. Polly sempre dizia para meus avós que tinha passado o dia inteiro comigo. Durante esses anos nossa amizade cresceu muito. Ao me tornar amiga de Polly, passei a reservar algumas horas do dia só para nós duas. Polly era loira de olhos azuis, de lindos olhos azuis, era bem magra, sempre implicava com ela dizendo que qualquer ventinho a levaria embora. Eu gostava muito de Polly. Estava sempre procurando um pretendente para ela, mas ela dizia que só se casaria depois que eu me casasse. Não Polly, não vou me levantar. Estou cansada de ouvir― tantos pêsames, estou cansada que todos me lembrem a todo

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momento da morte da minha avó disse debaixo das cobertas. ― Mas senhorita, as pessoas só querem confortá-la disse― ― Polly docilmente Mas eu acho que o cavalheiro que está lá― embaixo não veio para lhe confortar sobre a morte da sua avó, ele disse que vem de Londres. Rapidamente tirei, com alguma dificuldade, as cobertas de cima da minha cabeça e olhei para Polly com os olhos arregalados. Meu pai está lá embaixo?― Não é o seu pai senhorita, eu o conheço. Mas o cavalheiro― disse que veio em nome do seu pai. Me levantei rapidamente da cama. Ajude-me, pegue um vestido, Polly.― Fui até a bacia com água e lavei meu rosto. Em pouco tempo estava vestida para saber quem era o cavalheiro que estava a minha espera. Dois meses atrás meu pai esteve na fazenda para o enterro da minha avó, depois ficou uns dois dias para a leitura do testamento. Enquanto esteve na fazenda quase não conversamos. Eu ficava o tempo todo chorando em meu quarto e ele ficava o dia todo na cidade tratando de negócios. Depois de dois dias, mandou me chamar e disse que tinha que ir para a Londres para resolver alguns assuntos, mas que voltaria para conversarmos. Agora, depois de dois meses, manda alguém em seu lugar. Ao entrar na sala, vi o cavalheiro em pé a minha espera. Ele não era o que eu esperava. Sempre imaginei que todos os homens londrinos fossem lindos e charmosos, como meu pai, mas o cavalheiro que estava em minha frente não era nenhuma coisa nem outra. Estava muito bem vestido, no momento que entrei estava ajeitando sua peruca, seu chapéu estava embaixo do seu braço. Ao me ver parada na porta, concertou-se e fez uma mesura. Sou Peter Smith, secretário do Sr. Lewis Canning, aos seus― serviços. Vim a mando dele para levá-la para Londres. Me levar para Londres? Para quê? perguntei antes mesmo― ― de cumprimentá-lo. Para morar com o Sr. Lewis em Londres, senhorita. Temos― três dias para partir. Creio que três dias serão suficiente para que a senhorita arrume suas coisas. Não irei para Londres, Sr. Smith. Aqui é minha casa,―

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continuarei morando aqui. Senhorita Canning disse bem devagar. Essa casa não― ― ― pertence mais a senhorita. O olhei sem entender. O que está dizendo?― O Sr. Lewis precisou vender esta propriedade para pagar― algumas dívidas que o Sr. Jackson Wellington deixou. Não pode ser, minha avó nunca disse nada sobre dívidas.― Isso só pode ser um engano. Aquela conversa me deixou muito nervosa, comecei a andar de um lado a outro da sala. O Sr. Smith continuou parado com os braços cruzados atrás das costas, me olhava com um semblante muito calmo, o que me deixou ainda mais nervosa. Não vou sair da minha casa, Sr. Smith. Volte para Londres e― diga isso ao meu pai. A fazenda já foi vendida, senhorita disse calmamente.― ― Aquela calma estava me deixando louca. Por que meu pai não veio pessoalmente me contar isso?― Ele queria senhorita, mas foi obrigado a fazer uma viagem...― Para onde? ― ― o interrompi. O Sr. Lewis teve que viajar para a França, por motivos de― negócios. Para quem ele vendeu? Não pode ter sido para alguém da― região senão eu saberia. Não foi para ninguém da região, senhorita senti que― ― aquela conversa estava cansando o Sr. Smith, mas eu tinha que saber quem era o novo dono da fazenda. Foi um cavalheiro de― Londres. De Londres?... Ele não podia fazer isso. Minha avó disse― que a fazenda seria o meu dote. Não preocupe-se com isso, senhorita. O Sr. Lewis cuidará― disso. Não vou sair daqui disse olhando diretamente em seus― ― olhos. Ele aproximou-se de mim, andando com as mãos ainda para trás, e disse calmamente: O Sr. Lewis viajou para França e deixou uma ordem, para―

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que eu a leve para Londres em até três dias, e é o que farei deu― aquela conversa por encerrada. Agora a senhorita poderia pedir― algum criado que me leve até os meus aposentos, gostaria de descansar um pouco. Olhei para ele furiosa, saí pisando fundo e fui em direção ao estábulo. Deixei o Sr. Smith sozinho na sala, ele que procurasse pelo quarto sozinho. Quando entrei no estábulo Parker estava arrumando os fenos. Parker era o filho do Sr. Davis Bungard, o chefe do estábulo. Eu e Parker éramos muito amigos, nos conhecíamos desde criança. Onde está o Sr. Valente, Parker?― Está lá fora, meu pai o está exercitando. Algum problema,― Jennifer? Não, eu só quero dar uma volta com ele.― Quer companhia?― Não Parker, hoje quero cavalgar sozinha.― Quer que eu pegue o Sr. Valente para você?― Não, eu vou até lá. ― Fui até onde o Sr. Davis exercitava os cavalos. Abrir o portão e fui até ele. Senhor David, vou sair com o Sr. Valente.― Espere um pouco Srta. Jennifer, vou mandar que Parker o― sele. Não precisa Sr. Davis, vou montá-lo assim mesmo.― Mas Srta. Jennifer, sabe que sua avó não gostava que a― senhorita montasse o Sr. Valente em pelo. Montei no Sr. Valente. Não se preocupe Sr. Davis, já montei assim muitas vezes.― Não vou demorar. Abra o portão para mim. Assim que o Sr. Davis abriu o portão, apertei os flancos do Sr. Valente e saí em disparada para as colinas. O Sr. Valente era um cavalo selvagem, de cor marrom avermelhado, seu pelo brilhava na luz do sol, o que acontecia naquele momento, seu pelo era liso e macio. Quando chegamos no topo da colina que ficava dentro da propriedade do meu avô, paramos. Fiquei em cima dele olhando a fazenda. De onde estávamos dava para ver quase toda a fazenda. Olhei para a casa e lembrei dos anos que passei com meus avós, dos

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jantares que minha avó fazia para o Rev. Maicon, as festas dos meus aniversários e as reuniões para as senhoras de Thirsk. Como que de uma hora para outra eu teria que deixar tudo aquilo? Por que foi morrer vovó? Como posso lutar contra isso? Me― ajude. Com lágrimas nos olhos, abracei o pescoço do Sr. Valente me sentindo derrotada. Eu não podia fazer nada, meu pai já tinha vendido a fazenda, agora eu teria que me conformar e ir embora para Londres. O Sr. Smith fez o que meu pai lhe ordenou. Aqui estou eu, dentro de uma carruagem indo para Londres. Ele podia ser uma homem baixo e sem atrativos, mas era muito determinado em seguir todas as ordens do meu pai. Quanto anos tem, Sr. Smith? perguntei alto o assustando.― ―

Desculpe se o acordei disse disfarçando um sorriso.― ― Eu não estava dormindo, apenas pensando de olhos― fechados. Sim, sei tentei não ri. Eu lhe fiz uma pergunta Sr.― ― ― Smith. Desculpe senhorita. Qual foi a pergunta?― Perguntei quantos anos tem?― Vinte e quatro, senhorita.― O senhor é casado?― O Sr. Smith ficou encabulado com minha pergunta, o que me divertiu ainda mais. A senhorita é sempre tão direta?― Às vezes não. O senhor é casado?― Não senhorita. Ainda espero aprender um pouco mais com― seu pai. Depois que aprender tudo o que eu puder, me casarei. O restante da viagem foi feito em silêncio. Quando chegamos na hospedaria da cidade de Belford, há muito que já tinha escurecido, o que fez o Sr. Smith me olhar de um modo zangado por causa do percurso que fizemos durante a noite, o que aconteceu por causa da minha demora em deixar a fazenda. Ao chegarmos na hospedaria o jantar já tinha sido servido. O Sr. Smith teve que dar algumas moedas a mais para que a cozinheira esquentasse algo para comermos. Depois que comemos, fomos para

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