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O Dr. Allen Sandage, um cientista que acredita na criação divina, e assistente de Edwin Hubble, escreveu o seguinte: “A ciência . . . se importa com o quê, quando e como. Dentro do método científico, por mais poderoso que seja, a ciência não explica, nem pode explicar, o por quê.”

O Dr. Allen Sandage, um cientista que acredita na criação

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O Dr. Allen Sandage, um cientista que acredita na criação divina, e assistente de Edwin Hubble, escreveu o seguinte: “A ciência . . . se importa com o quê, quando e como. Dentro do método científico, por mais poderoso que seja, a

ciência não explica, nem pode explicar, o por quê.”

O Cosmo de Nosso Criador

Élder Neal A. Maxwell (1926–2004) era membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Este discurso foi proferido na Vigésima-sexta Conferência Anual dos Professores do Sistema Educacional da Igreja em, 13 de agosto de 2002, na Universidade Brigham Young.

Élder Neal A. Maxwell

A educação religiosa de nossos jovens e jovens adultos nos seminários e institutos de religião e nas escolas, faculdades e universidades da Igreja é um dos programas mais eficientes e de maior rendimento da Igreja!

Mesmo que seja seu dever servir à nova geração, tenho certeza de que este seu dever já lhes chegou a ser um prazer. Por isso agradeço-lhes de todo o coração! E agradeço ao irmão Randy McMurdie, que tanto ajudou na ela-boração dos slides especiais.

Transmito meu apreço especial ao Professor Eric G. Hintz da Universidade Brigham Young, um astrônomo observador, por suas sugestões tão substanciais e úteis referentes ao meu discurso. Através dele tive o prazer de descobrir que o número de estudantes Santos dos Últimos Dias que fazem pós-graduação em astronomia e astrofísica está crescendo cada vez mais. Para eles e para nós estas palavras de Anselmo se constituem de bons conselhos: “Crede para que entendais,” em vez de “entender para crer.”1 Eu, e somente eu, sou responsável por aquilo que agora direi. O tema é: “O cosmo de nosso Criador.”

Rogo pela ajuda imprescindível do Espírito ao falar-lhes como Apóstolo e não astrofísico. Como testemunha especial lhes falarei do que testifica o universo: “As escrituras estão diante de ti, sim, e todas as coisas mostram que existe um Deus; sim, até mesmo a Terra e tudo que existe sobre sua face, sim, e seu movimento, sim, e também todos os planetas que movem em sua

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ordem regular testemunham que existe um Criador Supremo ” (Alma 30:44; ênfase acrescentada).

Que aquilo que se segue (não as minhas palavras, e sim as palavras assombrosas das escrituras, juntamente com algumas imagens deslumbran-tes, possa nos proporcionar ainda mais assombro e reverência pelas maravi-lhas que o Pai e o Filho fizeram para nos abençoar.

Sob a ordem do Pai, Cristo foi, e continua sendo, o Senhor do universo: “aquele que olhou por sobre a vasta extensão da eternidade” (D&C 38:1; ênfase acrescentada).

Carl Sagan, o falecido cientista que nos ensinava tão bem a respeito da ciência e do universo, observou com perspicácia que “em alguns aspectos a ciência ultrapassou a religião no que se refere ao assombro e reverência. Como pode ser que quase nenhuma religião já tenha estudado a ciência e tenha concluído: ‘É melhor do que pensávamos! O universo é muito maior do que os profetas disseram, mais glorioso, mais sutil e mais elegante. Deus deve ser ainda maior do que imaginávamos’? Em vez disso, dizem: ‘Não, não, não! Meu deus é um deus pequeno e quero que permaneça deste jeito.’ Uma religião, seja velha ou nova, que enfatize o esplendor do universo con-forme revelado pela ciência moderna poderá invocar reservas de reverência e de admiração mal usadas pelas religiões tradicionais. Mais cedo ou mais tarde tal religião surgirá.”2

Não devem faltar aos Santos dos Últimos Dias nem a reverência nem a admiração, levando em conta o fato de que contemplamos o universo no contexto das verdades divinas que nos foram reveladas. Sim, o cosmo “con-forme revelado pela ciência moderna” é “elegante,” como escreveu Sagan. Mas o universo também está cheio de propósitos divinos, de forma que nossa admiração deve aumentar, proporcionando sentimentos até mais elevados de asombro reverente pelo “esplendor do universo”!

Naturalmente, a Igreja não segue a astrofísica de 2002, nem apoia qual-quer teoria científica específica quanto à criação do universo.

Ao elaborarem seus estudos importantes, os astrofísicos utilizam o método científico e não estão à procura de respostas espirituais. Alguns cien-tistas compartilham nossa crença nas explicações religiosas em relação a estas vastas criações, mas outros encaram nossa crença como sendo sem funda-mento. Desprovidos de uma crença num significado cósmico, alguns cientis-tas, como explica certo escritor, veem os humanos como “seres arrancados e lançados, chorosos, num universo alheio.”3

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De forma poderosa, as escrituras restauradas nos ensinam o contrário!Mas será que as amplas palavras das escrituras, com as quais fomos

abençoados, nos emocionam o suficiente? Será que estamos nos tornando o tipo de pessoas que refletem a respeito de tais doutrinas elevadas devido ao aumento de nossa santificação espritural? Irmãos e irmãs, Deus está reve-lando os segredos do universo, e nós, será que estamos prestando atenção?

Como parte de nosso discipulado diário, somos instruídos que devemos “levantar as mãos cansadas” (Hebreus 12:12). Por que não procurar também “levantar” a mente passiva e provincial que está cansada e não se dá conta da grandeza deslumbrante de tudo isso?

Visto que Deus tem feito de tudo para preparar um lugar para nós neste imenso universo, não devemos cultivar e mostrar uma fé maior? Ao passarmos pelas perplexidades e dificuldades da vida, será que teremos fé que o Criador tomou medidas suficientes para levar a efeito seus propósitos?4

Muitos anos atrás, o Presidente J. Reuben Clark Jr. fez este comentário consolador: “Nosso Senhor não é principiante, nem amador; Ele já passou por este caminho por muitas e muitas vezes.”5

Irmãos e irmãs, não é verdade que Deus já definiu seu caminho como sendo “um círculo eterno”? (D&C 35:1; veja também, 1 Néfi 10:19; Alma 7:20; D&C 3:2).

Um apreço maior pela grandeza do universo nos ajudará a viver com mais retidão dentro de nosso próprio minúsculo universo. De igual modo, uma compreensão maior do governo de Deus sobre as vastas galáxias pode nos levar a governarmos melhor a nós mesmos.

Passaremos agora a uma mistura de escrituras, imagens e comentários científicos.

Contemplem esta primeira foto de nossa bela Terra tirada com a lua em primeiro plano:

Reflitam em quanto tempo levou até que o homem pudesse chegar à lua, ainda que ela se localize, figurativamente, em nosso próprio quintal!

Os recursos tão neces-sários para sustentar a vida humana se encontram em abundância neste plane-ta e, a não ser que sejam

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desperdiçados, sabemos que “há bastante e de sobra” (D&C 104:17). Porém, por maior que seja a Terra, como todos nós que viajamos de avião podemos testemunhar, Stephen W. Hawking nos ofereceu uma perspectiva moderada:

“[Nossa] Terra é um planeta de tamanho médio que des-creve órbita por volta de uma estrela média na periferia de uma galáxia espiral comum, que por sua vez é uma galá-xia dentre mais ou menos um milhão vezes um milhão de galáxias que fazem parte do universo que consegui-mos observar.”6

Um cientista que não acredita no desenho divino, mesmo assim escre-veu que “ao observarmos o universo e identificarmos muitos acidentes . . . que se uniram para o nosso benefício, quase que me parece como se o universo soubesse de alguma forma que estávamos para chegar.”7

As condições nesta terra são aparentemente mais favoráveis do que nos outros plantetas de nosso sistema solar.

Por exemplo, se nosso planeta estivesse mais próximo do sol, estarí-amos fritos, literal e figurativamente; se estivesse mais distante, ficaríamos congelados.

Agora, notem a seta que indica o local aproximado do nosso sistema solar dentro da grande exten-são incrível da nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Nesta imagen nota-se que embora nosso sistema solar tenha uma extensão de milhões e milhões de qui-lômetros, nesta perspectiva é tão minúsculo que nem pode ser visto! Que vastidão incompreensível!

Numa noite de céu claro, vocês e eu podemos ver partes da Via Láctea, mas como seria se só pudéssemos ver essas estrelas brilhantes de mil em mil

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anos? Ralph Waldo Emerson escreveu que daí “os homens acreditariam e adorariam e preservariam ao longo de muitas gerações a lembrança da cidade de Deus que lhes fora revelada!”8

Não é de se admirar que as escrituras nos expliquem quão amplo e variado é este testemunho de Deus para nós: “E eis que . . . todas as coisas são criadas e feitas para prestar testemunho de [Deus], . . . coisas que estão acima nos céus e coisas que estão na Terra . . . : todas as coisas prestam testemunho de [Deus]” (Moisés 6:63; ênfase acrescentada).

Agora, contemplem o que constitui um seg-mento só, dentro de nossa imensa Via Láctea:

Que coisa impres-sionante, não é? Especialmente quando levamos em conta que a distância é tão enorme entre cada ponto de luz!

Embora não conhe-çamos o processo criativo de Deus, temos registro de fatos espirituais que rea-firmam o grande início que se deu há tanto tempo atrás.

“E estava entre eles um que era semelhante a Deus; e ele disse aos que se achavam com ele: ‘Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes mate-riais e faremos uma terra onde estes possam habitar; . . . E eles desceram no princípio; e eles . . . organizaram e formaram os céus e a Terra” (Abraão 3:24; 4:1; ênfase acrescentada).

É impressionante que, de acordo com alguns cientistas, “Nossa galá-xia, a Via Láctea, se localiza num dos espaços relativamente vazios entre os Paredões.”9 Certamente há espaço lá.

Ao continuarem a sondar além de nossa galáxia com o telescópio espacial Hubble, cien-tistas capacitados têm descoberto maravilhas

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deslumbrantes como a Nébula Keyhole [buraco de fechadura] que possui suas próprias estrelas.

O telescópio Hubble tem nos revelado até muito mais e certamente tudo isso se trata de algo assombroso!

A próxima imagem é de uma região onde se for-mam as estrelas a partir de material não organizado.

“E como a terra com seu céu passará, assim outra surgirá” (Moisés 1:38).

Em seguido, vemos uma foto do que resta quando uma estrela morre.

“Pois eis que há muitos mundos que pela palavra de meu poder pas-saram” (Moisés 1:35).

Nas palavras do hino “Grandioso és tu,” ao can-tarmos do universo e da expiação, queremos “estar de joelhos entre os santos, na mais humilde e vera adoração.”10

Seja qual for o processo inicial que Deus empregou, sabemos que havia supervisão divina: “E os Deuses vigiaram aquelas coisas que eles haviam ordenado, até elas obedecerem” (Abraão 4:18; ênfase acrescentada).

É de grande significado saber que nós aqui na Terra não estamos a sós no universo. Em Doutrina e Convênios que, por sinal, será o foco de nossos estudos deste ano, lemos que “por ele [Cristo] e por meio dele os mundos são e foram criados; e seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus” (D&C 76:24; ênfase acrescentada; veja também Moisés 1:35).

Não sabemos onde estão nem quantos outros planetas existem, embora pareçamos estar sozinhos em nosso próprio sistema solar.

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Quanto ao papel contínuo do Senhor em meio a Suas vastas criações, muito pouco se tem revelado. Porém, há algumas noções a respeito dos reinos e de seus habitantes.

“Portanto a esta parábola compararei todos estes reinos e seus habitan-tes—cada reino em sua hora e em seu tempo e em sua estação, de acordo com o decreto de Deus” (D&C 88:61).

O Senhor até nos convida para “ponderar em [nosso] coração” aquela parábola específica (versículo 62). Tal ponderação não significa uma especu-lação superficial e sim uma antecipação humilde e paciente de futuras revela-ções. Além disso, Deus só deu uma revelação parcial—não total—a Moisés, sendo “um relato apenas sobre esta Terra” (Moisés 1:4, 35), mesmo assim Moisés aprendeu coisas que “nunca havia imaginado” (versículo 10).

Não obstante, nós não adoramos um Deus de um planeta só!Agora, abram os olhos e fitem esta imagem do que se chama “espaço

profundo”:Quase todo pontinho

de luz desta imagen (cortesia do telescópio Hubble) repre-senta uma galáxia! Pensem em nossa própria Via Láctea. Disseram-me que aqui cada galáxia possui cerca de 100 bilhões de estrelas. Só esta fatiazinha do universo tem mundos incontáveis.

Crentes no desenho divino incluem o eloquente Alexander Pope. Foi assim que ele reagiu às maravilhas deste universo:

Um labirinto poderoso! porém não desprovido de um plano. . . .Embora se conheça Deus através dos mundos inumeráveis,Cabe a nós decobri-lo em nossa própria esfera. . . .[Mesmo havendo] outros planetas que girem em volta de outros sóis.11

Para a nossa felicidade, irmãos e irmãs, a vastidão das criações do Senhor se iguala à natureza pessoal de seus propósitos!

“Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro” (Isaías 45:18; veja também Efésios 3:9; Hebreus 1:2).

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“E mundos incontáveis criei; e também os criei para meu próprio intento; e criei-os por meio do Filho, o qual é meu Unigênito.

“. . . Pois eis que há muitos mundos que pela palavra de meu poder passaram. E há muitos que agora permanecem e são inumeráveis para o homem; mas todas as coisas são enumeráveis para mim, pois são minhas e eu conheço-as” (Moisés 1:33, 35).

Pode-se perguntar: Qual é o propósito de Deus para os habitantes? A melhor e mais simples expressão disso se encontra naquele versículo que todos nós conhecemos: “Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem” (Moisés 1:39).

Portanto, na grande expansão do espaço, há uma pessoalidade deslum-brante, pois Deus conhece e ama a cada um de nós! (veja 1 Néfi 11:17). Não somos seres sem importância num universo inexplicável! Embora a indagação do salmista fosse: “Que é o homem mortal para que te lembres dele?” (Salmos 8:4), a humanidade está no próprio centro da obra de Deus. Somos as ove-lhas de sua mão e o povo de seus campos (veja Salmos 79:13; 95:7; 100:3). Sua obra inclui nossa imortalização, levada a efeito pela gloriosa expiação de Cristo! Pensem bem, irmãos e irmãs, mesmo com sua vida longa, as estrelas não são imortais, mas vocês e eu somos.

As revelações nos dão poucas informações acerca de como o Senhor criou tudo, ao passo que os cientistas se concentram no como, o quê e quando da criação do universo. Contudo, alguns deles reconhecem que há dúvidas quanto ao por quê. Hawking disse: “Embora a ciência possa resolver o pro-blema de como o universo se iniciou, ela não pode responder à pergunta: Por que o universo se importa em existir? Não sei a resposta a esta pergunta.”12

Albert Einstein, ao falar de seus desejos, disse: “Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não me interessam nem este nem aquele outro fenô-meno, nem o espectro de tal elemento ou de tal outro elemento. Quero saber os pensamentos Dele; o que resta são apenas detalhes.”13

O Dr. Allen Sandage, um cientista que acredita na criação divina, e assistente de Edwin Hubble, escreveu o seguinte: “A ciência . . . se importa com o quê, quando e como. Dentro do método científico, por mais poderoso que seja, a ciência não explica, nem pode explicar, o por quê.”14

Felizmente, através das revelações recebemos respostas vitais e essen-ciais aos por quês, que são, aliás, a coisa de maior importância para nós! Havendo visto coisas espectaculares, Enoque regozijou-se, mas com o quê? Regozijou-se com a afirmação pessoal que recebera acerca de Deus: “Contudo

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estás aí” (Moisés 7:30). Enoque até viu Deus chorar devido ao sofrimento desnecessário da humanidade, o que nos revela muito sobre o caráter divino (veja versículos 28–29). Mas este é um assunto para outro discurso.

Notem bem, mesmo tendo recebido revelações notáveis a respeito do cosmo e dos propósitos de Deus, as pessoas podem afastar-se da verdade. A este respeito, lemos em 3 Néfi sobre um povo que se afastou: “E aconteceu que. . . começaram a esquecer os sinais e as maravilhas de que haviam ouvido falar; e admiravam-se cada vez menos com qualquer sinal ou maravilha dos céus, de modo que começaram a ficar duros de coração e cegos de entendi-mento e começaram a duvidar de tudo quanto haviam ouvido e visto” (3 Néfi 2:1).

Portanto, ao ponderarmos sobre a grandeza criativa de Deus, tam-bém nos foi admoestado que considerássemos a beleza dos lírios do campo. Lembrem-se de que “todas as coisas prestam testemunho Dele”! (veja Alma

30:44).Nesta foto vemos os lírios e logo, em close-up,

o desenho divino. O mesmo desenho divino que se aplica ao universo se vê em miniatura nos lírios do campo (veja Mateus 6:28–29; 3 Néfi 13:28–29; D&C 84:82).

No milagre deste planeta estão contidas mui-tas sutilezas maravilhosas. Wendell Berry escreveu o seguinte:

“Quem já contemplou os lírios do campo ou os pássaros do céu e pon-derou a improbabilidade de sua existência neste mundo quente localizado no frio vazio sideral mal duvidará da transformação de água em vinho, que, afinal das contas, foi um milagre muito pequeno. Esquecemos do milagre maior que ainda continua hoje, ou seja, o milagre pelo qual a água, junto com o solo e raios solares, se transforma em uvas.”15

Ao reverenciarmos aquilo que o Senhor criou, devemos reverenciar a Ele e a Seu caráter o suficiente para que nos esforcemos muito

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em nos tornar cada vez mais como Ele é, de acordo com sua ordem (veja Mateus 5:48; 3 Néfi 12:48; 27:27). Não é de se admirar, portanto, que o poder da divindade, que se revela nos lírios, de modo semelhante se revele nas ordenanças de seu evangelho (veja D&C 84:20). De forma temática, estas ordenanças se relacionam à nossa purificação, a nossos convênios, à nossa obediência e à nossa preparação, sendo todos necessários, na prática comportamental, a fim de estarmos capacitados a trilhar a jornada de volta ao lar celestial.

Estas expressões pessoais de amor e poder divinos nos importam muito mais do que a pesquisa para determinar o número de galáxias existentes, ou a comparação do número de planetas ao de estrelas. Afinal, nós leigos não poderíamos compreendê-las. Atingir a santificação espiritual nos importa muito mais do que as quantificações cósmicas.

Assim, ao ampliarmos nossa visão tanto do universo como dos propó-sitos abrangentes de Deus, nós também podemos com reverência exclamar: “Quão grande é o plano de nosso Deus!” (2 Néfi 9:13).

Portanto, ao considerarmos (sondarmos), ponderarmos e aprendermos, certamente devemos nos maravilhar e devemos nos sentir humildes intelectu-almente. O Rei Benjamim nos aconselhou com estas palavras simples porém profundas:

“Acreditai em Deus; acreditai que ele existe e que criou todas as coi-sas, tanto no céu como na Terra; acreditai que ele tem toda a sabedoria e todo o poder, tanto no céu como na Terra; acreditai que o homem não com-preende todas as coisas que o Senhor pode compreender” (Mosias 4:9; ênfase acrescentada).

Por sinal, irmãos e irmãs, em nossos tempos há aqueles que acredi-tam que se eles não compreenderem algo, Deus tampouco o compreen-derá. Ironicamente alguns deles, na verdade, preferem um “deus pequeno.” Convém que todos nós—cientistas e não cientistas—aumentemos a nossa humildade pessoal em vez de diminuir a divindade!

Por mais fenomenal que seja o que a ciência tem aprendido a respeito do universo testificador, mesmo assim é só um pedacinho do todo. Falando acerca dessa foto de um “campo profundo” tirada pelo telescópio Hubble em 1995, dizia-se que “este segmento, a imagem mais profunda dos céus já tirada, cobria . . . ‘uma partícula do céu da largura relativa a uma moeda de dez centavos vista a uma distância de 20 metros.’”16

A alma estremece, irmãos e irmãs!

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O que quer que fosse o segmento que Moisés viu, não é de se admirar que ele foi oprimido e caiu por terra, dizendo que “o homem não é nada” (Moisés 1:9–10).

Embora estejamos assombrados, misericordiosamente, as revelações nos asseguram que Deus nos ama: “Agora, meus irmãos, vemos que Deus se lembra de todos os povos, estejam na terra em que estiverem; sim, ele

conta seu povo e suas entranhas de misericórdia cobrem a Terra. Ora, esta é a minha alegria e minha grande gratidão; sim, darei graças a meu Deus para sempre” (Alma 26:37).

Então, irmãos e irmãs, o Senhor se lembra de cada uma de suas vastas criações. Vejam mais uma vez os “pontinhos de luz” em só uma fatiazinha de uma galáxia de tamanho nor-mal, a Via Láctea:

Ele conhece todas as criações! Vejam só, o Senhor conhece a todas elas da mesma forma que conhece e ama todos nós, bem como aqueles que se veem nesta foto ou em qualquer outra multidão—na verdade, todos os seres humanos! (veja 1 Néfi 11:17).

A determinação divina é tão consoladora, como indicam estas palavras de Abraão: “E nada há que o Senhor teu Deus se proponha a fazer que não faça” (Abraão 3:17). Sua capacidade é tão notável que ele nos lembra com cor-tesia, porém incisivamente, duas vezes em dois versículos seguidos do Livro de Mórmon que Ele realmente é “capaz” de fazer sua própria obra (veja 2 Néfi 27:20–21). E como!

Ademais, a ordem se reflete nas criações de Deus!“E vi as estrelas e elas eram muito grandes; e vi que uma delas estava mais

perto do trono de Deus; e havia muitas grandes que estavam perto dele; . . .

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“E assim haverá o cálculo do tempo de um planeta acima do outro, até que te aproximes de Colobe; e Colobe segue o cálculo do tempo do Senhor e Colobe está perto do trono de Deus a fim de governar todos os planetas pertencen-tes à mesma ordem daquele em que te encontras” (Abraão 3:2, 9; ênfase acrescentada).

Conta-se que um cientista falou o seguinte a respeito da configuração cósmica: “Pode ser que este-jamos morando no meio de estruturas enormes, ou células, em forma de favo de mel.”17 Alguns cientistas dizem que certas galáxias, não planejadas ao acaso, “parecem estar organi-zadas numa rede de cordas, ou filamentos, em volta de grandes regiões do espaço relativamente vazios e conhecidos como vácuos.”18 Outros astrônomos dizem que já descobriram “um paredão enorme de galáxias, .  .  . a maior estrutura já vista no universo.”19 É elogiável que tais cientistas tão capazes continuem a caminhar para a frente.

Porém, para nós é claro que a Terra nunca foi o centro do universo, como outrora muitos ingenuamente acreditavam! E não faz muitas décadas que muitos, de igual modo, acreditavam que nossa Via Láctea era a única galáxia no universo.

E quanto mais aprendemos mais importantes se tornam as perguntas e respostas essenciais do por quê do universo. Todavia só se obtêm as respostas a estas perguntas através da revelação dada por Deus o Criador, e ainda há mais a ser revelado :

“Todos os tronos e domínios, principados e poderes serão revelados e concedidos a todos os que tiverem perseve-rado valentemente por causa do evangelho de Cristo.

“E também, se existem limites determinados para os céus ou para os mares, ou para a terra seca, ou para o sol, lua ou estrelas—

“Todos os tempos de suas revoluções, todos os dias, meses e anos designados; e todos os dias de seus dias, meses e

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anos; e todas as suas glórias, leis e tempos determinados serão revelados nos dias da dispensação da plenitude dos tempos” (D&C 121:29–31).

Portanto, irmãos e irmãs, ao encararmos o universo, não vemos nem caos nem inquietação cósmica inexplicáveis. Em vez disso, os fieis veem Deus “movendo-se em sua majes-tade e poder” (D&C 88:47). É como assistir a um balé cós-mico, divinamente coreografado—espetacular, dominante e assegurador!

Mesmo assim, apesar de nos sentirmos dominados pela maravilha e assombro, as preocupações mundanas podem nos vencer (veja D&C 39:9). A rotina enfadonha e a repetição cotidiana podem fazer-nos olhar com indi-ferença para o chão em vez de fitar com reverência para cima e para o além. Podemos afastar-nos do Criador, que pode parecer uma estrela distante: “Pois como conhece um homem o mestre a quem não serviu e que lhe é estranho e que está longe dos pensamentos e desígnios de seu coração?” (Mosias 5:13).

Sabemos que o Criador do universo também é o Autor do plano de felicidade. Podemos confiar Nele. Ele sabe perfeitamente o que é que traz a felicidade a seus filhos (veja Mosias 2:41; Alma 41:10).

Neste meio tempo em que alguns passam pelas situações da vida coti-diana, sentindo-se desprezados e não amados, podem estar certos de que, apesar de tudo isso, Deus os ama! Suas criações assim testificam.

Portanto, podemos reconhecer Sua mão em nossa vida pessoal da mesma forma que reconhecemos Sua mão no deslumbrante universo (veja D&C 59:21). Se reconhecermos Sua mão agora, um dia todos nós que esta-mos no berço de suas criações poderemos saber o que significa “ser envolvidos pelos braços de Jesus” (Mórmon 5:11).

O regozijo reverente que agora procuro inspirar nos irmãos por este comentário já existia há muito tempo no passado. Ao passo que o plano do Criador era apresentado na vida pré-mortal, alguns até “jubilavam” (Jó 38:7). E por que não? Pois “o homem existe para que tenha alegria” (2 Néfi 2:25). Que vocês sejam abençoados para que possam contagiar seus alunos com sua reverência e assombro pelas criações do Senhor e por Seu plano para nós.

Ao concluir, eu testifico que a obra maravilhosa de Deus é maior que o universo que conhecemos. Também testifico que os planos de Deus para

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seus filhos predatam a criação deste nosso lindo planeta! No santo nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

1. Saint Anselm [Santo Anselmo]: Basic Writings [Escritos básicos], tradução de Sidney Norton Deane, 2a ed. (La Salle, IL: Open Court Publishing, 1962), 7.

2. Carl Sagan, Pale Blue Dot: A Vision of the Human Future in Space [Um pontinho de azul claro: Uma visão do futuro humano no espaço] (New York: Ballantine Books, 1994), 50.

3. Morris L. West, The Tower of Babel [A Torre de Babel] (New York: William Morrow and Company, 1968), 183.

4. Joseph Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, compilado por Joseph Fielding Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), 220.

5. J. Reuben Clark Jr., Behold the Lamb of God [Eis o Cordeiro de Deus] (Salt Lake City: Deseret Book, 1962), 17.

6. Stephen W. Hawking, A Brief History of Time: From the Big Bang to Black Holes [Uma breve história das idades: do Big Bang até os buracos negros] (New York: Bantam Books, 1988), 126.

7. Freeman J. Dyson, “Energy in the Universe,” Scientific American 224, no. 3 (September 1971): 59.

8. Ralph Waldo Emerson, “Nature,” in The Complete Works of Ralph Waldo Emerson, centenary edition, 12 vols. (Boston: Houghton, Mifflin and Company, 1903), 1:7.

9. Stephen Strauss, “Universe May Have Regular Pattern of Galaxies, New Findings Suggest,” [“Novas descobertas indicam que o universo talvez tenha um padrão sistemático de galáxias”] Deseret News, March 4, 1990, 2S.

10. Stuart K. Hine, “Grandioso És Tu,” Hinos (Asunción, Paraguay: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1991), no. 43.

11. Alexander Pope, “Essay on Man” [“Ensaio sobre o Homem”], in The Poems of Alexander Pope, ed. John Butt (New Haven, CT: Yale University Press, 1963), 504–505.

12. Stephen Hawking, Black Holes and Baby Universos and Other Essays [Buracos negros, mini-universos e outros ensaios] (New York: Bantam Books, 1993), 99.

13. Albert Einstein, in Ronald W. Clark, Einstein: The Life and Times [A vida e os tempos de Einstein] (New York: World Publishing Company, 1971), 19.

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14. Allen Sandage, “A Scientist Reflects on Religious Belief” [“Um cientista reflete na crença religiosa”] Truth Journal, Internet edition, vol. 1 (1985), leaderu.com/truth/1truth15.html.

15. Wendell Berry, “Christianity and the Survival of Creation” [“O cristianismo e a sobrevivência da criação”], in Sex, Economy, Freedom, and Community: Eight Essays (New York and San Francisco: Pantheon Books, 1993), 103.

16. Michael Benson, “A Space in Time,” [“Um espaço no tempo”] Atlantic Monthly 290, no. 1 (July–August 2002): 105.

17. David Koo, in Strauss, “Universe May Have Regular Pattern” [“Universo talvez tenha um desenho sistemático”], 2S.

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