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ANO VI - EDIÇÃO N o 349 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 5 de agosto de 2014 LÂMPADAS As incandescentes vão desaparecer do mercado brasileiro Afim de manter o compromisso de melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões de carbono e proteger o meio ambiente as “amerelinhas” saem de cena. DIREITO AMBIENTAL Os lixões são a cara dos prefeitos do País Coluna de Barros Alves apresenta situação geral sobre eliminação dos lixões. Para o articulista, esta será mais uma letra morta. Pág. 4 Pág. 5 A foz do Riacho Maceió acaba de receber um belo parque, mas o curso do rio ainda é marcado por sujeira e desgastes. Conforto ambiental de um lado e desconforto de outro Conforto ambiental de um lado e desconforto de outro CONTRASTE TARCILIA REGO FOTO: TIAGO STILLE Págs. 6 e 7 DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

O Estado Verde - Edição 22312 - 05 de agosto de 2014

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Jornal O Estado (Ceará)

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ANO VI - EDIÇÃO No 349FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 5 de agosto de 2014

LÂMPADASAs incandescentes vão desaparecer do mercado brasileiro

Afim de manter o compromisso de melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões de carbono e proteger o meio ambiente as “amerelinhas” saem de cena.

DIREITO AMBIENTALOs lixões são a cara dos prefeitos do País

Coluna de Barros Alves apresenta situação geral sobre eliminação dos lixões. Para o articulista, esta será mais uma letra morta. Pág. 4

Pág. 5

A foz do Riacho Maceió acaba de receber um belo parque, mas o

curso do rio ainda é marcado por sujeira e desgastes.

Conforto ambiental

de um lado e desconforto

de outro

Conforto ambiental

de um lado e desconforto

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

PMF - ATENÇÃOA questão ambiental pede maior

atenção de todos. Já perdemos 35% dos mangues do planeta, 25 países extinguiram totalmente as fl orestas, 50% das áreas úmidas da Terra estão perdidas, e 30% dos recifes de corais chegaram a um ponto em que é im-possível a recuperação.

É preciso (urgente) a criação de ins-trumentos econômicos que privilegiam princípios como o do Protetor-Recebedor. Trazendo a questão para a dimensão lo-cal, destaco que a Prefeitura de Fortaleza apresentou, dia 1o, através da Seuma, o terceiro componente da nova Política Ambiental da Capital. Infelizmente, a nova política, ainda não contemplou progra-mas como “Pagamento por Serviços Ambientais” que favorece práticas volun-tárias de proteção ambiental por contem-plar o Princípio Protetor-Recebedor.

É preciso começar a pensar nesta questão na nossa Cidade. A melhor for-ma de proteger o meio ambiente, seja natural ou urbano, é legislar de modo a evitar a ocorrência de danos. É ur-gente inovar em termos de políticas, de modo a proteger, efetivamente, o patri-mônio ambiental em consonância com

o meio ambiente urbano, consonância essa, sempre tão bem colocado pela titular da Seuma, Águeda Muniz. DIA DOS PAIS

Os bons ventos começam a sobrar com a proximidade do Dia dos Pais. De-pois do fi asco no período da Copa 2014 as expectativas são boas para comer-ciantes, em especial para os shoppings da Capital. O Iguatemi, por exemplo, pro-jeta crescimento de 12% nas vendas e no fl uxo de clientes, em relação ao mesmo período de 2013. Segundo o gerente--geral do shopping, Luiz Carlos Queiroz, “os segmentos de moda masculina e es-portiva, calçados e eletrônicos” serão os destaques de vendas no período.

A data especial é uma boa oportuni-dade para comprar um presente amigo do meio ambiente e deixar o Dia dos Pais mais verde. Sugiro um relógio so-lar ou talvez, uma cesta repleta com as frutas e os legumes preferidos do seu pai, sem agrotóxicos e vindos direta-mente da horta para a mesa.REFLEXÃO: “O homem é o único ani-mal que pode permanecer, em termos amigáveis, ao lado das vítimas que pretende engolir, antes de engoli-las”. Samuel Butler, escritor britânico.

África tem maior epidemia de ebola já registrada, o vírus mata até 90% dos infectados e não há cura ou vacina disponível para uso na população. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), este é o maior surto da história da doença em quatro décadas e vem acompanhado de desafi os sem precedentes com 1.323 casos e 729 mortes registradas até o momento na África Ocidental.

O Ministério da Saúde informou, em nota, dia 1º/8, que o risco de propa-gação do ebola para o Brasil é considerado baixo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Secretaria de Vigilância em Saúde fizeram recomendações aos controles de fronteiras, apesar de não haver reforço de fiscalização em locais como portos e aeroportos.

Segundo a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, o “surto atual está se mo-vendo mais rápido do que os nossos esforços para controlá-lo. Se a situação continuar a deteriorar-se, as consequências podem ser catastrófi cas em termos de vidas perdidas, mas também perturbações socioeconômicas graves e um alto risco de propagação para outros países”. O fato é que o risco de proliferação do Brasil não é zero, principalmente quando estamos tão próximos da África. Devemos nos preocupar como a situação está sendo tratada em Fortaleza, afinal, não é difícil se deparar com africanos chegando ao Ceará.

EBOLA

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 5 de agosto de 2014

VERDE

09 DE AGOSTODIA INTERNACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS• Proclamado em dezembro de 1994 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução 49/214, de 23 de dezembro) o dia tem como objetivo principal promover e proteger os direitos dos povos indígenas do mundo.Na Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas consta que “os povos e pessoas indígenas têm o direito de pertencerem a uma comunidade ou nação indígena, em conformidade com as tradições e costumes da comunidade ou nação em questão. Nenhum tipo de dis-criminação poderá resultar do exercício desse direito”.

09 DE AGOSTODIA INTERAMERICANO DE QUALIDADE DO AR

• Imperativo para a saúde do planeta e para a vida dos que o habi-tam, o Dia da Qualidade do Ar foi criado, em 2002, pela Associação In-teramericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aidis). O objetivo é conscientizar os cidadãos do mundo que é possível adotar medidas para melhoraria do ar que respiramos.

O monitoramento da qualidade do ar tem como objetivo a quantifi cação de poluentes atmosféricos, bem como a avaliação da qualidade do ar em relação aos limites estabelecidos. Os principais poluentes atmosféricos são: partículas totais em suspensão (PTS) - partículas de até 100 µm de diâmetro; partículas inaláveis (PI) - partículas de até 10 µm de diâmetro; fumaça – parâmetro de-terminado pelo escurecimento de um fi ltro através da deposição de partículas em suspensão; dióxido de enxofre (SO2); monóxido de carbono (CO); dióxido de nitrogênio (NO2) e Ozônio (O3).

11 DE AGOSTODIA DO ESTUDANTE

• Cem anos após a criação dos cursos de direito no País, D. Pedro I, em 11 de agosto de 1827, propõe a criação do dia para homenagear todos os estudantes brasileiros.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a quantidade de estu-dantes caiu de 50,5 milhões em 2012 para 50,04 milhões em 2013, 82,6% destes, estão na rede pública de ensino, 0,6% em escolas federais, 17,4% em particulares, 36% nas estaduais e 46% nas municipais.

AGENDA VERDE

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“As economias da Amé-rica Latina e do Cari-be (Alca) crescerão em média 2,2% em 2014

devido à fraca demanda externa, à bai-xa demanda interna, à falta de inves-timento e ao espaço limitado para a implementação de políticas que promo-vam sua reativação”. É o que assinalou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) ao apresentar a edição 2014 do Estudo Econômico da América Latina e do Caribe, produzido pela própria Cepal e divulgado ontem (4) em Santiago do Chile, sede do orga-nismo das Nações Unidas (ONU).

O relatório mostra que a desaceleração da economia, no último trimestre de 2013, continuou nos primeiros meses de 2014, fazendo com que a região cresça menos que no ano passado, quando alcançou a taxa de 2,5%. Mas, devido a uma melhoria gradual em algumas das principais econo-mias do mundo, as economias regionais podem ter uma recuperação no fi nal de 2014. O documento está disponível , na íntegra, no site da Cepal (www.cepal.org).

Regionalmente, o crescimento em 2014 será liderado pelo Panamá, com um aumento do produto interno bruto (PIB) de 6,7%, seguido pela Bolívia (5,5%), Co-lômbia, República Dominicana, Equador

e Nicarágua, com expansões de 5%. O Brasil deve crescer 1,4%, uma queda em relação aos 2,5% do ano passado.

As fontes de crescimento são anali-sados ao longo das últimas décadas e nota-se que, o novo contexto de susten-tabilidade econômica e social do cres-cimento requer mudanças signifi cati-vas que envolvem, entre outras coisas, aumentar os níveis de investimento e produtividade. A terceira parte do es-tudo contém notas relevantes sobre o

desempenho econômico dos países da América Latina e do Caribe em 2013 e no primeiro semestre de 2014.

CEPALA Comissão Econômica para a Amé-

rica Latina e o Caribe (Cepal) foi criada em 25 de fevereiro de 1948, pelo Con-selho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), e tem sede em San-tiago, Chile. É uma das cinco comissões econômicas regionais da ONU.

Foi criada para monitorar as políti-cas direcionadas à promoção do de-senvolvimento econômico da região latino-americana, assessorar as ações encaminhadas para sua promoção e contribuir para reforçar as relações econômicas dos países da área, tanto entre si como com as demais nações do mundo. Posteriormente, seu trabalho ampliou-se para os países do Caribe e se incorporou o objetivo de promover o desenvolvimento social e sustentável.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 5 de agosto de 2014

VERDE

Relatório da Cepal mostra que a desaceleração da economia da região, no último trimestre de 2013, continuou nos primeiros meses de 2014

Crescimento da ALCA cai para 2,2% em 2014. Brasil deve crescer 1,4%

DESENVOLVIMENTO

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 5 de agosto de 2014

VERDE

POR CECÍLIA VICK*

Após a Rio+20, Conferência das Na-ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a necessidade de diminuir os impactos ambientais tomou conta da agenda pública e também adentrou no ambiente corporativo. Dois caminhos surgiram para as empresas: reduzir a emissão de poluentes com políticas de longo prazo ou neutralizá-los com ações mais simples?

Abaixo, estão cinco das muitas difi cul-dades que as empresas encontram ao ini-ciar planos de redução:

Necessidade produtiva – reduzir drasticamente o consumo de energia e a emissão de poluentes pode impac-tar na produtividade. Com a redução, as empresas operariam com menos máquinas e por isso não conseguiriam se manter competitivas.

Aumento de equipamentos – a evolução tecnológica criou e aperfeiçoou diversos equipamentos voltados para o ambiente corporativo. Porém, há um preço. A maioria aumenta o consumo de eletricidade e, consequentemente, a emissão de gases estufa.

Atuação integral – alguns setores, como os responsáveis por datacenters, operam em um sistema integral, com equipamentos ligados à noite e também aos fi ns de semana. Com máquinas tra-balhando 24 horas ao dia, consequente-mente haverá aumento de energia.

Velhos hábitos – sustentabilidade ai-nda é visto como algo novo no ambiente corporativo. A falta de conhecimento so-bre o tema faz com que velhos hábitos de consumo sejam mantidos, deixando para o “futuro” algumas decisões que poderi-

am implicar na diminuição de poluentes dentro da companhia.

Medo de mais gastos – por fi m, há uma visão errônea de que implantar políticas sustentáveis na gestão implica no au-mento de gastos e na redução de lucros da empresa. Na verdade, é o contrário: ações bem simples possuem resultados efi cazes e garantem até mesmo uma eco-nomia em alguns custos.

Por tais motivos, a neutralização, ou seja, permanecer com a mesma produção, porém combater os respectivos dados caudados, têm sido o caminho mais sim-ples e imediato para que a companhia cumpra com o papel sustentável.

Porém, essa prática ainda é bas-tante inferior à emissão de poluentes. Os números seguem assustadores: no Brasil, o consumo de energia elétrica subiu 5,7% no segmento de comércio e serviços em 2013, de acordo com a Em-presa de Pesquisa Energética. O uso da água está na casa de 165 litros por habi-tante/dia, muito acima da recomenda-ção da ONU, que é de 110 litros por habitante (segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento). Em escala global, a emissão de gás car-bônico pulou de 330 para 400 partes por milhão nas últimas três décadas.

Seja reduzindo a emissão de poluentes ou compensando-a de fato com ações práticas (como, por exemplo, o plantio de árvores), é passada a hora das corpo-rações tomarem medidas de responsabi-lidade para com o planeta!

*Cecília Vick é diretora executiva da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no País através do plantio de árvores.

Por que as empresaspreferem neutralizar areduzir o dano ambiental?

ARTIGO

JORNALISTA E ESCRITOR

IrresponsabilidadeO art. 4o da lei em questão assenta

que “A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Fede-ral, isoladamente ou em regime de co-operação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.” Muito bonito para fi car só no papel. E tudo em razão da irresponsabili-dade administrativa dos governantes em todas as instâncias de poder.

Beleza!No art. 18 da referida lei, está defi nido

que: “A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é con-dição para o Distrito Federal e os Municí-pios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a em-preendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem benefi ciados por incentivos ou fi nanciamentos de entida-des federais de crédito ou fomento para tal fi nalidade.” Que beleza! Aliás, esta é uma das leis mais bem elaboradas pelos nossos legisladores. Que pode dar com os burros n’água.

InexequibilidadeÉ muito triste se não fosse trágico ver

que nossos governantes, por manifes-ta incompetência e/ou desídia, afi rmam aos quatro ventos a inexequibilidade

desta lei. É pela boca de seu represen-tante que falam: “A maioria dos prefeitos não tem sequer o projeto. Não há condi-ções para cumprir essa determinação. É uma lei inexequível. O custo para os municípios se adequarem à lei é de R$ 70 bilhões, sendo que a arrecadação total não chega a R$ 100 bilhões”, disse Ziulkoski. Papo furado total desse moço.

PuniçãoA lei em apreço defi ne uma mul-

ta que varia entre 5 mil e 5 milhões de reais para as prefeituras que não cumprirem a determinação legal. E os dirigentes ainda devem responder a processo por crime ambiental, podem o administrador público ser preso. Tudo conversa fi ada, porque ninguém cumpriu a legislação exatamente por-que sabe que nada vai acontecer em termos de punição. Especialmente em ano eleitoral, qual o rato que vai botar o guiso no gato?

ImpasseA ministra do Meio Ambiente, Iza-

bella Teixeira, afi rma que o prazo para o cumprimento da Lei 12.305 não será alterado e que o governo federal pre-tende reunir no próximo dia 22 do cor-rente, autoridades do Ministério Públi-co Federal nos estados para buscar saídas para o impasse que está posto. Com efeito, cerca de 60% dos municí-pios brasileiros não atenderam à nova legislação e continuam patinando nas mãos de prefeitos incompetentes, desleixados, alguns corruptos.

OS LIXÕES SÃO A CARA DOS PREFEITOS DO PAÍS A Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi sanciona-

da em 2 de agosto de 2010 com previsão executória fi nal para 4 anos depois, ou seja, na mesma data deste ano da graça de 2014. Prazo fi ndo sábado passado. Como muitas outras leis do ordenamento legal brasileiro, esta, caso os dirigentes da coisa pública não tomem vergonha na cara, será mais uma lei jogada ao vento. Ou seja, letra morta. A incapacidade das prefeituras se adequarem às determina-ções da referida lei foi quase total em todo o Brasil. Na capital federal, de onde deveria vir o melhor exemplo, é o pior que nos chega. Em Brasília existe o maior lixão do País. Os prefeitos são useiros e vezeiros em gastar milhões de reais com festanças e outras iniciativas que somente contribuem para apequenar o sentido de participação e cidadania. Mas, na hora de agirem para o cumprimento de uma legislação da maior importância, alegam falta de recursos. O que falta, de fato, na maioria das prefeituras do País é vergonha na cara dos dirigentes municipais.

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POR TARCILIA [email protected]

Os dias da lâmpada incan-descente mais tradicional e popular no uso doméstico, estão contados. O Governo

determinou é que este tipo de lâmpa-da, com potência de 60 watts não seja mais fabricado e comer-cializado como já ocor-reu ano passado com as de 150 e 100 watts. A regulamentação consta na Portaria Interministerial n° 1007/2010, do Mi-nistério de Minas e Energia e o desapa-recimento do produ-to do mercado deverá ser gradual.

A medida é importante para o consumo conscien-te da energia no Brasil que estabeleceu índices de efi ci-ência, mas os valores invia-bilizam a produção deste tipo específi co de lâmpada. Para a obtenção do nível mínimo de efi ciência energética de um modelo de lâmpada incandes-

cente, foi considerado o Método de En-saio adotado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro, por meio do Pro-grama Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

A fim de manter o compromisso de melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões de carbono e pro-

teger o meio ambiente, muitos governos no mundo, gra-

dualmente, proibiram o uso de lâmpadas

incandescentes. Ba-nidas na Austrália e na União Europeia, em 2009, e em pa-íses como Vene-zuela, Argentina e Cuba, elas já estão

sendo substituídas em cerca de 40 paí-

ses, segundos dados do Programa Ambiental da

ONU.De acordo com o diretor téc-

nico, Isac Roizenblatt, da Asso-ciação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), a iniciativa de fi xar índices mínimos de efi ci-ência energética para lâmpadas incandescentes comuns come-

çou na Europa e foi seguido por

mais de 50 países, muitos deles já concluí-ram o programa desde 2010. “O programa tem o apoio das Nações Unidas em benefí-cio do aquecimento global e possibilita uma economia de mais de 80% da energia com o mesmo ou maior fl uxo luminoso”.

A aposentada Silvana Guerra não pare-ce muito preocupada com o aquecimento do planeta. Ela mora em um antigo casa-rão na Praia de Iracema e afi rma que até hoje usa a lâmpada “amarela” [incandes-cente] e já está preocupada com o “desa-parecimento das lâmpadas antigas das mercearias”, confessa.

“Na minha casa, tudo é muito antigo, inclusive a instalação elétrica, e também,

as ‘luzes’ de 60 watts são muito mais bara-tas e como ‘gasto’ pouca energia, continuo com elas”, justifi cando o uso. De acordo com a Abilux, foram comercializadas 250 milhões de unidades ano passado. O pa-cote de luz fornecido pelas lâmpadas in-candescentes de 60 Watts é o mais usual nas aplicações domésticas no mundo.

Atualmente, em tempos de escassez de chuvas, as lâmpadas incandescentes co-muns podem ser substituídas pelas fl u-orescentes compactas com 70/80 % de economia de energia, as lâmpadas LED com 85/90% de economia de energia e as incandescentes halógenas com 20/30% de economia de energia para um mesmo pacote de luz, indica o dirigente da Abi-lux. “Se todas as casas passassem a usar lâmpadas de LED no lugar da incandes-cente, por exemplo, a economia de ener-gia seria igual a todo o consumo residen-cial dos sete estados da região norte do País”, esclarece Roizenblatt.

ENERGIA RESPONSABILIDADE SOCIAL A Coelce, através do Projeto Supe-

ração nos bairros realizou , no últi-mo sábado (2), ação de cunho sócio educativo e levou esclarecimentos às comunidades do entorno do Cuca do Mondubim, sobre o uso eficiente de energia elétrica. O projeto faz parte do Coelce nos Bairros, plataforma de res-ponsabilidade social da companhia de energia com foco em Educação para o Consumo Consciente.

O objetivo da iniciativa é conscienti-zar os moradores sobre a importância do consumo, consciente e eficiente, de energia. Durante a ação, clientes Co-elce tiveram a oportunidade de parti-cipar de palestras educativas, e foram alertados com relação aos riscos de acidentes com a rede elétrica. As pes-soas que levarem a conta de energia paga, puderam trocar lâmpadas in-candescentes por fluorescentes.

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 5 de agosto de 2014

VERDE

As incandescentes vão desaparecer do mercado

LÂMPADAS

Medida é importante para o consumo consciente da energia no Brasil. Começou com as de 150 e 100 watts agora chegou a vez da mais popular: a de 60 watts

MAIS• Estima-se que 41 empresas brasilei-

ras estão começando a produzir produ-tos de iluminação com a tecnologia LED. Estão encapsulando o chip do LED. Es-tão produzindo luminárias dos mais va-riados tipos e para diversas aplicações utilizando LED e módulos de LEDs.

• O calor produzido pelas lâmpadas incandescentes e a produção de energia por usinas térmicas é muito mais dano-

so ao meio ambiente do que a utilização das lâmpadas fl uorescentes compactas.

• Para o uso residencial recomenda-se a aplicação de lâmpadas de cor “quen-te” ou com cerca de 2700 a 3000 Kelvin, chamadas no mercado no caso das fl uo-rescentes compactas de “amarelas”, pois estas tornam o ambiente aconchegante.

Fonte: Abilux

Page 6: O Estado Verde - Edição 22312 - 05 de agosto de 2014

POR SHERYDA [email protected]

Mesmo riacho, paisagens contrastantes. Enquanto na esquina da Avenida Bei-ra Mar com a Rua Tereza

Hinko a foz do Riacho Maceió é emol-durada com o Parque Otacílio Teixeira Lima Neto (POTLN), equipamento urba-no fruto de Operação Consorciada entre a Prefeitura de Fortaleza e a Nordeste Participação e Empreendimentos (Nor-plar), a maior parte do recurso hídrico é repleto de muita sujeira e depredação.

O prefeito Roberto Cláudio e os titula-res da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma), Águeda Muniz e da Secretaria da Regional II (SER II), Cláudio Nelson Brandão, informaram que o corpo hídrico passa por limpezas re-gularmente e deve ser contemplado com mais projetos de urbanização até o fi nal

da gestão. As declarações foram dadas durante a inauguração do POTLN, na úl-tima sexta-feira, 1o de agosto.

De acordo com os gestores, serão mais duas etapas e devem transformar a pai-sagem do Riacho. A primeira delas, se-gundo Roberto Cláudio, será realizada com recursos próprios – e já garantidos - da Prefeitura de Fortaleza e vai contem-plar o Riacho da Avenida Abolição até a Tavares Coutinho. Já a segunda etapa, que vai urbanizar a área até a lagoa do Papicu, será realizada em parceria com uma empresa privada, cujo nome não foi revelado, e a captação do recurso ainda está em fase de estudo. Embora o secre-tário Brandão não tenha apresentado prazo para a realização dessas etapas, o Prefeito afi rmou que pelo menos a pri-meira deve começar até o fi nal do ano.

MAIS DETALHESSegundo o secretário da SER II, até o

entorno da lagoa do Papicu o Riacho rece-berá intervenção tanto urbanística quanto paisagística, assim como ocorreu com a re-gião da Avenida Beira Mar. “Além da lim-peza, haverá restauração do passeio, já que a área está totalmente deteriorada em fun-ção do tempo e da falta de cuidado”, disse. A SER II está estudando a possibilidade de reforçar as paredes do riacho com uma es-trutura de pedra armada na parede de todo o corpo hídrico, que segundo o secretário, ajudará a proteger e dará maior vazão. A estrutura é semelhante à do riacho Pajeú, que passa pelo Centro e Aldeota.

“PREFEITURA TAMBÉM TEM QUE TRABALHAR”

“O Maceió não está sujo, pode obser-var que não há odor nenhum”, afi rmou Águeda Muniz, durante a inauguração do Parque. Disse que “o Riacho passa por limpezas regularmente, mas a população precisa entender que se ela joga um saco

de lixo na rua, ele vai parar no recurso hídrico mais próximo. Se é feita a ligação de esgoto de forma clandestina, então al-gum rio, lago ou lagoa será poluído. Se o riacho está sujo não é por falta de ação do Poder Público, e sim por falta de parceria da sociedade para com a cidade”.

A responsabilidade da população é re-conhecida pelos moradores do entorno da esquina da Rua Alísio Mamede com a Canuto de Aguiar, na Varjota, área visi-tada pela reportagem do Caderno O Es-tado Verde. No local, a margem do Ria-cho Maceió está repleta de sacos de lixo, entre outros resíduos. Os moradores re-clamam da quantidade de mosquitos à noite, que também incomodam os clien-tes de uma academia e de um restauran-te, este último instalado na margem. A área livre e arborizada que existe no local não oferece estrutura para a prá-tica de caminhada ou passeio. Ao invés disso, é utilizada como estacionamento.

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 5 de agosto de 2014

VERDE

Duas faces de um mesmo riachoCONTRASTE

Na última sexta-feira, a foz do riacho Maceió, na avenida Beira Mar, recebeu um belo Parque. No restante do corpo hídrico, porém, sujeira e desgaste marcam a paisagem

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Page 7: O Estado Verde - Edição 22312 - 05 de agosto de 2014

“As pessoas não ajudam. Tá vendo que não pode jogar lixo num lugar como esse? Mas a Prefeitura também tem que trabalhar. Aqui, por exemplo, bem que poderia ter uma praça para fazer cami-nhada, trazer crianças para brincar e

praticar esportes”, comenta o estudante de economia Lucas Lopes, 23, que tam-bém se queixa da pouca iluminação à noite. Para ele, a urbanização que ocor-reu na foz do Maceió fi cou muito boa, e o ideal é que toda a extensão do curso d’água receba o mesmo tratamento.

O morador sonha com a volta dos bons tempos do Riacho, que conhece pelas histórias que a avó conta. “Ela mora no bairro há muitos anos e sem-pre me diz que antigamente as pessoas banhavam-se nesse rio. Hoje em dia não tem mais nem condições de fazer isso”, lamenta. Para ele, o contraste en-tre o local e o Parque do Riacho Maceió deve-se a uma questão de localização, já que a área recém-inaugurada está lo-calizada em um ponto turístico.

Segundo Águeda, as ações de educação ambiental da Prefeitura ocorrem diaria-mente por meio dos agentes de saúde, que estão capacitados para orientar ci-dadãos sobre a forma correta de descarte de resíduos e a convivência harmoniosa da sociedade com o recurso natural.

POLÍTICA AMBIENTALO Parque do Riacho Maceió foi regu-

lamentado no dia 10 de janeiro através da Política Ambiental de Fortaleza que está em curso. Ele foi contemplado no componente da Política , Águas da Ci-dade, que visa à despoluição de todos

os recursos hídricos da Capital, inclu-sive a orla, por meio de diagnósticos, identifi cação e tamponamento de liga-ções clandestinas de esgoto, ações de educação ambiental, entre outras. “O primeiro contato do Riacho com a Po-lítica Ambiental da Cidade foi por meio da regulamentação do Parque e ele re-presenta a essência dessa Política, que é a integração entre o meio ambiente natural e o meio ambiente construído”, explicou Águeda, reforçando que os es-forços da Prefeitura visam à completa despoluição do corpo hídrico.

FIM DA CELEUMAEm janeiro do ano passado, o jornal

O Estado noticiou o início das obras do Parque Otacílio Teixeira Lima Neto, cujo terreno é razão de polêmicas des-de a gestão Juraci Magalhães. Para o diretor da Terra Brasilis, Eduardo Ponte, empresa subsidiária da Nor-plar, a inauguração representa a “re-alização de um antigo sonho que há 17 anos perseguíamos que era fazer essa Operação Urbana Consorciada. O que significa, urbanizar esta área e obter o direito de construir na parte alta do terreno”. O local é considerado Área de Preservação e por isso não poderia receber empreendimentos.

A Operação Consorciada dá à empresa o direito de utilizar a área citada, onde,

segundo Ponte, serão construídas quatro torres, totalizando 88 unidades. Em tro-ca, a empresa teria que construir o Parque e disponibilizá-lo para a população, além de promover melhorias na foz do Riacho e se responsabilizar pela manutenção do espaço por 10 anos. Os investimentos no projeto foram mais de R$ 7 milhões, se-gundo a empresa e a Prefeitura. Na inau-guração, Ponte declarou que não houve ações de desapropriação do terreno para a realização do Projeto, mas segundo as declarações da então consultora jurídica da empresa, Rachel Melo, dadas ao O Es-tado em 2013, pelo menos 70 negociações nesse sentido foram feitas.

Para a Prefeitura, as Operações Con-sorciadas são um bom negócio, pois promovem melhorias para a população sem onerar os cofres públicos. “Esse tipo de negociação deve ser aprofunda-da, e inclusive no dia 14 vamos realizar um seminário com um banco de inves-tidores e consultores de outros estados para falar de áreas da Cidade onde te-mos grande interesse em realizar ope-rações como esta”, declarou Roberto Cláudio. Atualmente, outras parcerias entre o Poder Público e empresas pri-vadas semelhantes à do Parque estão acontecendo em Fortaleza, como a construção do Shopping Rio Mar, cuja contrapartida do investidor é a manu-tenção da Lagoa do Papicu.

Se o riacho está sujo não é por falta de

ação do Poder Público, e sim

por falta de parceria da

sociedade com a cidade

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VERDE

Águeda Muniz, titular da Seuma

Page 8: O Estado Verde - Edição 22312 - 05 de agosto de 2014

POR: SHERYDA [email protected]

Contribuir para melhorar o meio ambiente e a educação é dever de todos, e cada um pode fazer a sua parte. É nisso que acredi-

ta o funcionário público Denis Furtado, 50. Ele fala com orgulho da iniciativa que leva a família e amigos a recolher resíduos eletrônicos, como computado-res quebrados e outros itens, na Praça da Igreja de Fátima, localizada na Ave-nida 13 de Maio. Quem entrega peças, recebe em troca uma muda de planta. Apesar de a ideia ter partido do fi lho de mesmo nome, é o pai quem toma a fren-te para falar do projeto que inclui ainda uma biblioteca gratuita em pleno espa-ço público. “Muita gente diz que eu sou

doido. Pode até ser... E daí?”, desafi a o funcionário público.

Há um ano e meio um representante da família, geralmente, o fi lho Kelvin Furtado, 15, guarda a estrutura impro-visada repleta de livros e revistas doa-das pela própria comunidade, além das mudas e dos resíduos arrecadados. O jovem assegura que a atividade volun-tária não atrapalha os estudos, mesmo quando fi ca no local o dia inteiro. “Vou à aula à noite e tenho muito prazer em vir pra cá”, explica. As peças arrecada-das são consertadas e vendidas, ou ain-da, utilizadas para ações em comunida-des carentes do Jangurussu, onde mora Dênis, o pai. “Já realizamos cursos de informática com um computador que consertamos e em seguida, doamos o equipamento”, conta.

Não há como obter lucro com o pro-jeto, o objetivo é conscientizar a popu-lação sobre a destinação correta dos resíduos eletrônicos e evitar o descarte, no lixo comum além de também, esti-mular a leitura. Segundo o idealizador da ação, Dênis Furtado, 22, a família compra as mudas. Os livros e revistas, à mostra são doados sem qualquer bu-rocracia e sem pedir nada em troca, é só chegar e levar. “Algumas pessoas reclamam quando veem uma revista muito antiga, mas aqui é assim: você lê o que doa”, diz o jovem.

TRABALHADORES NA PRAÇA CONTRIBUEM

A comunidade no entorno já dedica simpatia à iniciativa da família, princi-palmente os mototaxistas, que têm um ponto praticamente ao lado. Um deles é Samuel Rodrigues, 37, que já levou resí-duos eletrônicos e em troca, recebeu um celular quebrado, que foi consertado por ele, depois. “Esse projeto ajuda até a gente conseguir corrida, às vezes, a pes-soa pára com a intenção de conhecer ou contribuir com a ação e aí, a gente chega junto oferecendo o serviço”, narra. Se-gundo Kelvin, os profi ssionais cuidam da estrutura quando alguém precisa sair para se alimentar e resolver algo, além de usufruir da leitura nos momentos de folga, o que acaba contribuindo para o bom convívio na Praça.

FAMÍLIA PLANEJA ESTRUTURAÇÃO DO PROJETO

O projeto da família Furtado que mobiliza pelo menos 15 pessoas entre amigos e familiares dos Dênis pode ga-

nhar força. Segundo ele, a intenção é registrar a iniciativa e criar uma ONG – Organização Não Governamental, obter um CNPJ, para que seja possível captar recursos. Assim, outras praças poderiam ser contempladas com a ini-ciativa, que também poderia ter a aju-da de agrônomos para orientar quanto à forma correta de escolher e cultivar as mudas. “O maior desafi o é a buro-cracia”, reclama.

A aposentada Margarida Furtado, 74, avó de Denis, o fi lho estimula a ini-ciativa. Para ela, além da satisfação, a contribuição com a comunidade é o mais importante. “Eu acho muito legal, porque sei o quanto fi cam felizes, eles sempre gostaram de plantas e de leitu-ra, então, eu acho que precisam conti-nuar”, declara a senhora que , não se mostra nem um pouco interessada em conter a tal “loucura” dessa família.

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Ela troca mudas de plantas por resíduos eletrônicos em praça de Fortaleza. Peças arrecadadas são consertadas e vendidas, ou ainda, doadas

Uma família

pelo verdeloucaVOLUNTÁRIOS

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A intenção do grupo é ampliar a iniciativa para outras praças da Cidade

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Foi divulgada a lista das novas iniciativas de conservação da natureza que serão apoiadas pela Fundação Grupo Boticá-

rio de Proteção à Natureza a partir do segundo semestre de 2014. No total, serão doados R$ 2,1 milhões para 20 novas iniciativas, nos seis biomas bra-sileiros, além do ecossistema marinho. A lista pode ser visto no site www.fu-dacaogrupoboticário.org.br. Apenas no Nordeste sete novos projetos serão fi nanciados, com um total de quase R$767 mil investidos na região, nos biomas Mata Atlântica e Caatinga.

As iniciativas foram selecionadas por meio de editais públicos da Fundação Grupo Boticário, instituição que realiza chamadas semestrais desde 1990 e que já apoiou 1.397 pesquisas em todo o país, sendo 225 delas no Nordeste. A maior

parte dos projetos selecionados tem du-ração de até dois anos, sendo que alguns se estendem por três ou quatros anos.

Entre as pesquisas que receberão apoio no Nordeste destaca-se o estudo que acontece na Estação Biológica de Canudos (BA), abrigo da arara-azul--de-lear (Anodorhynchus leari), espé-cie que desde 2012 é considerada como ’ameaçada’ pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). O projeto tem como objetivo o fortalecimento e o reconhecimento efetivo dessa área como Unidade de Conservação (UC), na categoria de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). O reco-nhecimento visa a contribuir com a conservação do Bioma Caatinga, espe-cialmente importante para a preserva-ção da arara-azul-de-lear.

9VERDE

Mais de R$ 700 mil de investimentos em pesquisas para o Nordeste

CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

Projetos eólicos voltaram a predominar no cadastro para participação

LEILÕES DE ENERGIA

1.034 empreendimentos estão inscritos para o Leilão A-5/2014. Marcado para o dia 31 de outubro de 2014, o Leilão de Energia de Reserva 2014, marcado para o dia 31 de outubro de 2014,recebeu inscrições que representam oferta potencial de 26.297 megawatts (MW) de capacidade instalada. O desta-que é que os projetos eólicos voltaram a predominar no cadas-tro para participação nos leilões.

Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Leilão de Energia de Reserva 2014 recebeu cadastro de 626 projetos de energia eólica. O número de inscrições de empre-endimentos a energia solar fotovoltaica é signifi cativo, com 400 projetos cadastrados, totalizando 10.790 megawatts (MW) de capacidade instalada. Também foram registradas inscrições de oito termelétricas a biogás e a resíduos sólidos urbanos (RSU).

A energia proveniente dos empreendimentos vencedores no leilão será contratada como energia de reserva para atender toda a carga do Sistema Interligado Nacional (SIN), com início de suprimento previsto para 1º de outubro de 2017.

Fonte: Ministério de Minas e Energia

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 5 de agosto de 2014

Os recursos vão contribuir com a conservação do Bioma Caatinga

DIVULGAÇÃO

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Povo indígena isolado estabele-ce primeiro contato. O grupo de índios fez contato com ser-vidores da Fundação Nacional

do Índio (Funai) e indígenas da etnia ashaninka, pela primeira vez, dia 29 de junho, no Acre. Um dos servidores da fundação fi lmou o encontro. Os grupos de índios isolados na região de frontei-ra acreana do Brasil com o Peru, estão envolvidos em confl itos armados entre si, buscam proteção no lado brasileiro.

O primeiro contato com os índios isolados foi estabelecido, de forma pa-cífi ca, pelo índio Fernando Kampa. Os ashaninka da Aldeia Simpatia se apro-ximaram e os isolados gesticulavam

pedindo a calça de servidor da Funai, que estava com os ashaninka e que por isso aparece de cueca no vídeo que pode ser visto no Blog da Amazônia (http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog). O blog obteve com exclusividade o vídeo inédito do primeiro contato.

Os índios isolados preferiram não se identifi car , temem serem alvos de matança organizada de índios, por par-te de outros grupos indígenas. No en-tanto, a situação mais grave envolve os narcotrafi cantes e madeireiros perua-nos. A maioria desse grupo contatado é de jovens e eles tomaram a iniciativa de estabelecer os primeiros contatos.

Segundo publicado no Blog da Ama-zônia, além dos massacres perpetra-dos há anos por madeireiros e narco-traficantes do lado peruano, os povos indígenas isolados habitam fronteira do Acre com o Peru e também, correm risco de extermínio, por causa do des-preparo e da falta de estrutura da Fu-nai do lado brasileiro.

Há mais de dois anos, à Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) da Fu-nai, foi invadida por peruanos, os ser-vidores da Funai bateram em retirada e desde então, foi abandonada pelo governo brasileiro. O pessoal da FPE acompanhava a aproximação dos ín-dios isolados desde o dia 13 de junho.

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VERDE

Índios matém primeiro contato com Funai, no Acre

ISOLADOS

Há 10 anos cuidandoda energia que move

a sua vida.

M at r i z : R . C a r i r é 6 4 , F a r i a s B r i t o – F o r ta l e z a / C E – C E P : 6 0 0 1 0 - 7 3 0 - T e l : ( 8 5 ) 3 3 9 2 . 6 9 5 0

N ata l / R N : R . V i va l d o P e r e i r a d e A r a ú j o 4 0 9 , I g a p ó – N ata l / R N – C E P : 5 9 1 0 6 - 1 3 0 – T e l : ( 8 4 ) 3 2 1 4 . 4 4 1 0

C a r u a r u / P E : Av. J o s é R o d r i g u e s d e J e s u s , 5 3 0 , I n d i a n ó p o l i s – C a r u a r u / P E – C E P : 5 5 0 2 6 - 0 0 0

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INDICAÇÃO DE LEITURA

Com histórias sobre o surgi-mento do açaí ou a explicação de como as estrelas apareceram no céu, Kuery traz ao leitor um pou-co da cultura indígena por meio de suas lendas e mitos. Ilustrado por Weberson Santiago, o livro é dividido em cinco histórias, que abordam o cotidiano nas aldeias, onde os personagens são os pa-jés, caciques e os caçadores, res-ponsáveis pelo sustento da tribo.

Entre os mbiyá a palavra Kuery signifi ca “plural” e o autor escolheu essa palavra como título do livro pensando nos múl-tiplos aspectos do ser humano, índio ou não, prendendo-se destacadamente em um deles: o amor. Não para apresen-tá-lo como diferente, mas, antes, para deixar claro como é igual e ao mesmo tempo tão singelo entre os vários grupos tribais do imenso e diverso Brasil. Para Júlio Emílio Braz o amor é o tema central da obra e é esse sentimento tão gran-de e intenso que é capaz de aproximar a realidade de outra cultura a nossa.

Voltado para leitores mais fl uentes, a obra é um mergulho na cultura indígena e uma oportunidade para que as crian-ças entrem em contato com as tradições de nossos índios.

Sobre o autorJúlio Emílio Braz nasceu em abril de 1959. É mineiro de

Manhumirim, mas aos cinco anos foi morar no Rio de Ja-neiro, cidade que adotou como lar. É autodidata. Lê desde os seis anos e aprendeu a ler sozinho, em revistas de terror da Editora Vecchi, do Rio de Janeiro. Começou sua carreira escrevendo histórias em quadrinhos e, mais tarde, começou a escrever livros de bolso de bangue-bangue sob 39 pseudô-nimos diferentes.

Em 1986, ganhou o Prêmio Angelo Agostini de Melhor Roteirista de Quadrinhos e, em 1988, publicou seu primeiro livro infanto-juvenil, Saguairu, pela Atual Editora, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Autor Revelação no ano seguinte. Hoje tem textos publicados em várias editoras do Brasil e de outros países. Na Áustria, ganhou o Austrian Children Book Award, pela versão alemã do seu livro Crianças na escuridão (Kinder im Dunkeln), e pelo mesmo livro também faturou o Blue Cobra Award, do Swiss Institute for Children’s Book.

• Com informações da Editora Moderna.Título: KueryAutor: Júlio Emílio BrazEditora: ModernaAno: 2014

De Júlio Emílio Braz, a obra conta lendas indígenas

Segundo o representante de uma das maiores marcas de roupas do mundo, somente um pano úmido é sufi ciente para a limpeza da peça. Ele está há um ano sem lavar a calça

A economia de água é importante pois o precioso líquido, que está cada vez mais escasso em várias partes do mundo. Com isso, precisamos

adotar hábitos que promovam a economia, como escovar os dentes com a torneira fecha-da, usar baldes ou regadores para molhar as plantas, parar de lavar os jeans... Não acredi-ta? Pois Chip Bergh, diretor executivo (CEO) e presidente de uma das marcas mais famo-sas de jeans, a Levi Strauss & Co, recomendou que os consumidores parassem de lavar suas calças jeans. Segundo ele, a lavagem desgasta a peça e desperdiça água.

A sugestão foi recebida com espanto pelos que participavam da discussão na conferência “Brainstorm Green”, da revista Fortune, reali-zada em maio na Califórnia, Estados Unidos. Na ocasião, Bergh ainda afi rmou que sua calça, que já usa há mais de um ano, nunca foi lava-

da. “Sei que isso soa nojento, mas acredite, é possível. Você pode passar um pano úmido e colocar pra secar, e funciona. Nunca tive pro-blema de pele, nem nada parecido”, afi rmou. Então, quem topa fazer essa experiência?

PESQUISABergh ressaltou que, segundo uma pesquisa da

marca, metade do consumo de água é desperdi-çada na produção e a outra metade na lavagem em casa, em seguida, sugeriu que os consumido-res reduzissem esse gasto doméstico, mantendo o vestuário longe da máquina de lavar.

Nos últimos anos, a marca tem buscado ser mais sustentável por meio de mudan-ças na produção das peças, como é o caso da linha “Water Less”, que é fabricada com redução de 96% de água.

Fonte: CicloVivo.

Chip Bergh considera que a lavagem é desperdício de água

“Pare de lavar seu jeans”

ÁGUA

VIVI

AN R

EIS

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POR JÚLIA MANTA*

“Choveu tanto que há ruas de água.Sem placas sem nomes sem esquinas.” Manoel de Barros

Visitamos o arquipélago fl uvial de Anavi-lhanas, no rio Negro, Amazonas. Visto de cima, da dimensão do espaço, é como se um tapete escuro se vestisse com um ren-

dado labiríntico verdejante. Visto de baixo de uma pequena embarcação que ora desliza por um es-pelho negro, ora salta aos solavancos nas barés do rio, a dimensão do tempo estende-se quase ao infi -nito. É como um oceano, imensidão de água negra.

São cerca de 400 ilhas, centenas de lagos, rios, para-nás, furos e igarapés que compõem o Parque Nacional de Anavilhanas, mas na época em que fomos, quando a fl oresta encontra-se inundada por causa das chuvas, não pudemos apreciar suas praias de areias brancas.

Fomos guiados rio a dentro por entre as ilhas, con-duzidos pelo barqueiro seu Acrísio, mais conhecido

como Ceará, que há 30 anos trocou o sertão pela vida no Amazonas. Como num poema de Manoel de Barros, quando “é preciso transver o mundo”, incor-poramos a paisagem dentro de nós e calamos a voz. O zumbido contínuo do motor e o balanço do barco, somado à ventania ribeirinha, nos conduziu ao que os yogues chamam de pratyahara, o recolhimento dos sentidos, onde alternávamos entre o estado de sonolência e o mergulho interior, cuja contempla-ção era a própria imagem de deus: a fl oresta.

Por volta das três horas da tarde, aportamos na margem do rio. Mordidos pelo “idioleto manoelês”, começamos a “entrar em estado de árvore”, e a sofrer de “alguma decomposição lírica”, prevendo o encon-tro que viria. Após alguma caminhada, lá estava ela, soberana naquele trecho da fl oresta, uma Sumaúma (Ceiba pentandra) de aproximadamente 600 anos.

Sumaúmas são as magnânimas catedrais da fl ores-ta amazônica, templos legítimos ligando a terra ao céu. Árvore de porte gigantesco, suas raízes tabulares conhecidas como sapopemas se estendem num raio de longa distância de seu tronco. Há quem as chame de “telefones da fl oresta”, pois ao bater em suas sapo-pemas produzem um som grandioso, parecendo uma explosão e possibilitando, outrora, a comunicação entre os povos da fl oresta. As Sumaúmas são mais frequentes nas várzeas e em solo argiloso e fértil. Ka-pok, a paina que envolve suas sementes, é utilizada para fazer colchões e travesseiros. Seu espírito é in-vocado pelos pajés, em rituais de cura.

Um de nós muito bem disse estar diante do maior ser vivo já visto por ele em sua vida. Ali, entre suas

raízes, nos ajuntamos e entramos em contato com a ancestralidade desse ser. Novamente nos cala-mos. Nos despedimos e retornamos para o barco, seguindo de volta para Novo Airão.

E os primeiros pingos começaram a cair, era a hora da chuva. Bonito ver a chuva caindo no rio Negro. A proa passando por cima da copa das árvo-res submersas, podíamos pegar nelas. Ainda incor-porando Manoel de Barros, para alargar a percep-ção: “Uma chuva é íntima/Se as cigarras se perdem de amor pelas árvores/E o escuro se umedeça em nosso corpo”. E cada um se umedeceu de um jei-to diferente, uns recebendo os pingos grossos nos rostos e rindo dos açoites de água, outros contem-plativos, admirando as andirobas, as seringueiras, os buritis, na paisagem acinzentada, outros ainda sonolentos e imersos em sonhos.

Enfi m, já noite, chegamos, abismados de tanto verde e tanta água, extasiados de tanta beleza.

*INTEGRANTE DO MOVIMENTO PRÓ-ÁRVORE

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Filigranas de verde redundante