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O falso graal

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O Mito do

CasamentoEntre Jesus e

MadalenaE dos filhos que

deles nasceram

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Uma palavra de esclarecimento:

A ilustração da capa é uma pintura de NicolasPoussin (Os pastores de Arcádia), e foimencionada em “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada” de Michael Baigent como sendo deorigem misteriosa.

O seu leitor sem dificuldades há de supor quese trate do túmulo de Maria Madalena, quesegundo o mesmo escritor, teria vivido seusúltimos dias na França, onde, depois de havercriado um filho que tivera com Jesus Cristo, vieraa ser sepultada.

Há (ou pelo menos houve) nesse túmulo umainscrição em latim que alguns espontaneamentetraduziram assim: “Vá embora, eu guardo osegredo de Deus!” , e isso levou outros aimaginar ali já repousaram os restos mortais dopróprio Jesus Cristo.

O objetivo de nossa premissa é investigar ograu de veracidade que possa existir por trás desemelhantes insinuações.

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D entre todas as fontes que consultei arespeito das coisas pertinentes a Maria

Madalena, o mais insinuante, e até certo pontomais pernicioso, foi o documentário de SimchaJacobovici sobre a descoberta do túmulo perdidode Talpiot.

Havíamos antecipado que Jacobovici nãodemonstra tencionar ofensas contra o Evangelhoou mesmo contra o cristianismo como num todo. Ainda assim, o seu trabalho seguirá deturpando otexto do Novo Testamento, ao mesmo tempo em

que dá realce aos livros apócrifos em detrimentodos escritos cristãos oficiais.

Além disso, se mostra disposto a determinarpor meios científicos que a história de JesusNazareno tal como foi contada por seus mais

diletos seguidores não é a mais cristalina verdade. Apesar disso, não o culpo, poisreconheço que não é um homem de fé religiosa,tratando-se apenas de alguém que ficou

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deslumbrado ante a possibilidade de poder

reescrever a história do Ocidente.O fato é que nesta sua busca “criteriosa” ele

acaba sendo atraído para a mesma armadilha quetem apanhado a todos quantos já empreenderama mesma empreitada, a qual outra coisa não ésenão o enveredar-se pelas própriascontradições.

Portanto, hei de levantar a seguinte questão:Segundo todos os cálculos levantados através detantos documentários, palestras e livrosdevidamente preparados para este fim, qual aprobabilidade real de Jesus Cristo e MariaMadalena haverem se unido pelo casamento?

Sinto por decepcionar, mas tal probabilidadenão existe. Todos quantos já trabalharam estahipótese escreveram-na ou a pronunciaram

através de coisas que se contradizem, e nãoobstante, juram haver lidado com provashistóricas ou cientificamente comprovadas.

Mas comecemos por Michael Baigent; não depropósito, mas por ter sido ele um dos primeiros

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a sustentar a hipótese que fez desencadear uma

escola de pesquisadores céticos e críticos quepautaram sobre a possibilidade de um casamentoentre Jesus e Maria Madalena.

Quem foi Maria Madalena na concepção deBaigent? Uma descendente da tribo de Benjamin,último filho do patriarca Jacó; maisprecisamente, Madalena era legítima herdeira dorei Saul, o qual foi o primeiro monarca doshebreus e acabou sendo deposto por Davi,oriundo da tribo de Judá, de cujos rebentostambém surgiu Jesus chamado o Cristo.

Baigent rejeita tenazmente a declaração cristãe talvez infundada de que Maria Madalena tenhasido prostituta antes de haver se tornado fielseguidora do Pregador Galileu. De acordo comesse pesquisador, a intenção ao contrair núpciascom a Madalena ia além das convenções sociaisou da necessidade da procriação; no seuentender, Maria Madalena era descendentedireta do rei Saul a cuja tribo pertencia a cidadede Jerusalém antes de haver se transformado emcapital da nação e sede do governo davídico.

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Deste modo, o casamento de Jesus com Maria

madalena tinha um cunho político que pretendiaunificar as monarquias litigantes.

Somos da opinião de que na prática DanBrown plagiou a obra e o raciocínio de Baigent;portanto, ele segue as suas pisadas,acrescentando que Maria Madalena além de tersido esposa de Jesus Cristo, e mãe de (pelomenos) um filho seu, foi também a continuadorado ministério por ele inaugurado, ou mais queisso; ela teria sido o seu principal apóstolo,ficando acima até mesmo de Pedro e João. Lemos

no seu Código da Vinci que “Segundo os evangelhosnão adulterados (um ou dois apócrifos) aliderança da igreja foi confiada a Maria Madalenae não a Pedro”.

Dan Brown se apóia na hipótese segundo aqual Maria Madalena teve a sua históriamaculada pela fama de “prostituta”,maldosamente atribuída pelos primeiros pais docristianismo, que denegriram a sua imagem como intento de apagar a gloria de seu verdadeiro e“honroso” passado como fiel esposa do Fundador

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da nova religião, e, acima de tudo, ofuscar que ela

havia sido a principal responsável pelacontinuação da propagação do Evangelho emtodo o mundo.

Mas Dan Brown, julgando pronunciargrandezas sobre Maria Madalena, é desrespeitosono tocante ao apóstolo Pedro, que é figurainsigne e proeminente do cristianismo original,principalmente quando assevera que este fielseguidor de Jesus havia sido implacável inimigoda Madalena, e que a perseguiu com ignóbil vilania.

E se dissermos que o seu livro é apenas ficção,não deixaremos de expor que em muitos casosesse autor deixa bem claro que está exprimindoseus próprios sentimentos e inclinaçõesfilosóficas. Mas esse golpe vil desferido contra adignidade do apóstolo Pedro é tão baixo que nemmerece ser refutado.

Já no documentário de Jacobovici, a imagemde Maria Madalena não está necessariamenteligada a uma suposta linhagem real; ela é apenas

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uma mulher originária da próspera cidade de

Magdala, nas proximidades de Tiberíades, ecomo a controvérsia é a marca registrada destaclasse de pesquisadores, Simcha Jacobovici vaitalhando a teoria de que Maria Madalena erairmã de Filipe, também seguidor de JesusNazareno.

Mas quem é o Filipe a que se refere omencionado investigador? Seria um dos setediáconos da igreja primitiva em Jerusalém? Ouse trata de Filipe, um dos doze apóstolos doSenhor? Pelas insinuações de Jacobovici o

personagem em questão é o mesmo a cujo nomefoi associado um evangelho gnóstico bastantedifundido no passado, mas que conhecemosapenas em fragmentos.

Em todo o caso, ele seria um dos dozeapóstolos de Jesus, aquele de quem o NovoTestamento expressamente diz ser natural deBetsaida, uma cidade costeira que não distavamuito de Magadã, à qual chamamos de Magdala.

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E numa visão geral não seria muito sacrifício

supor que Filipe e Maria Madalena, sendo vizinhos, pudessem ser também da mesmafamília. Mas quando cruzamos todas asinformações começam a surgir osinconvenientes, sobretudo, no que se referemBaigent e Dan Brown no tocante à ascendência

real da suposto esposa de Jesus.Porque, para os autores supracitados, Maria

de Magdala definitivamente é herdeira real dacasa de Benjamin, mas é Baigent que vai alémquando traça uma linha nada tênue que liga os

vários ramos da árvore genealógica destapersonagem através da história nos sentidosascendente e descendente, mas sem nada dizer arespeito das origens reais do seu irmão Filipe.Qual o motivo desta omissão?

Teria Baigent, o homem que pretendiareescrever a história ocidental, ignorado que os“Atos de Filipe” , apócrifo tão antigo, testemunhaem favor da fraternidade de Madalena e oapóstolo Filipe? Acho improvável, pois tanto

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Michael Baigent, quanto Brown, mencionam

fragmentos deste evangelho gnóstico.E como contradição pouca é bobagem,

Michael Baigent dá irredutível testemunho deque Maria Madalena e Maria de Betânia são amesma pessoa, e, por conseguinte, irmã de Martae de Lázaro! Mas o ponto crítico que por sinaltambém é a tônica dos livros de Baigent etambém de Brown, é o fato de a herança deBenjamin, via rei Saul, ser transferida através deMaria Madalena, pois já explicamos que deacordo com o costume dos hebreus a sucessão ao

trono só podia ser efetivada através de umherdeiro homem. Então, por que insistir emMaria Madalena e não em Filipe, Lázaro, ou querque seja? Maior cautela teve Jacobovici em nãotrilhar sobre a controversa realeza destadiscípula.

Novamente os pesquisadores tomam acontramão da discrepância, conquanto insistamem trilhar sobre tradições e folclores popularesnão raro recentes demais em relação ao temporeal em que tais acontecimentos se deram.

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Porque se é a respeito de tradições que temos de

lidar, fica evidente que a ciência e a verdadeirahistória estão sendo postas de lado, restandoapenas a anêmica especulação.

Não obstante, aqueles que têm se aventuradoem rastrear o passado de Maria Madalenadispõem apenas disto; mas se é sobre terrenosmovediços que pretendem caminhar, entãoprossigamos. Aliás, as mais populares tradiçõessugerem que Maria madalena teria sido irmã deLazaro, aquele discípulo de Betânia ao qual Jesusfez ressuscitar após o quarto dia do funeral. E

sabemos que este Lázaro tinha outra irmã,chamada Marta, que também se tornaraseguidora do Pregador Galileu.

Alguém reclamará, então: Mas a Bíblia nadadiz sobre a fraternidade de Lázaro e MariaMadalena! Mais ou menos verdade;expressamente a Bíblia não o diz. Mas quem seimporta? É sobre as tradições que ospesquisadores discorrem! Mas há, de fato, umapouco conhecida tradição que liga MariaMadalena, Marta e Lázaro a uma suposta

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linhagem real. Diz-se que teriam eles sido fruto

da união entre um judeu com uma mulher dosgentios, ou vice-versa. O castelo de Magdala(Flávio Josefo o menciona) teria sido destafamília a habitação antes de haverem se mudadopara a bucólica Betânia, que como julgam alguns,era, juntamente com Betfagé, um reduto da

nobreza clerical judaica.Cafarnaum, cidade marítima à qual a Bíblia

diz ser a morada de Jesus, estava próxima deMagdala, o que teria proporcionado que naocasião nascesse a forte e duradoura amizade

entre o filho do carpinteiro José e a família doabastado Lázaro.

Mas a Madalena, já crescida, tivera uma vidadissoluta, e a princípio não acompanhara osirmãos quando da descida para a pacata Betânia.Há quem queira acrescentar que Marta, asenhora da casa, foi esposa de certo Simão,apelidado de o Leproso, em cuja residência foraoferecida uma ceia na qual Jesus e seusdiscípulos fizeram parte. A este mesmo Simãoteria pertencido o cenáculo de Jerusalém onde o

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Mestre posteriormente realizaria a sua famosa

Última Ceia.Segundo esta tradição, foi durante a ceia em

casa de Simão que Maria Madalena, uma mulherde conduta reprovável, teria roubado a cena,surgindo com um frasco de perfume de altíssimo valor para derramá-lo sobre o corpo do Mestre;ocasião na qual os seus inimigos murmuraram:

_ Se ele fosse Profeta, saberia da fama destamulher!

Michael Baigent também não tem a menor

dúvida de que aquela mulher que invadiu a cenapara ungir os pés de Jesus era Maria Madalena,mas ao título de “mulher pecadora”, atribuído aesta pelos inimigos do Mestre, ele dá esdrúxulainterpretação, afirmando que o seu pecado nãoera a prostituição, mas o culto aos ídolos dopaganismo predominante em Magdala.

Caso não queira se comprometer, Dan Browndeve seguir o mesmo raciocínio de Baigent.Então veremos arrefecer a força de seus

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os inimigos de Jesus fazem:“Se este fosse profeta,

saberia quem e qual é esta mulher!”._Ora, se ela fosse esposa do mesmo Jesus, comonão haveria de a conhecer?! Segue-se que deacordo com as palavras do próprio Baigent, estáevidente que Jesus jamais poderia ter sido esposode Maria madalena.

Historicamente, há como rastrear as origensde Maria Madalena? – Infelizmente, não. Porém,o mais provável é que tenha sido a mesma Maria,irmã de Marta e de Lázaro, e, decerto, dos três foiquem mais de perto seguiu a Jesus. A tradiçãocomum tem-na identificado como a mulherapanhada em adultério no capítulo oito doevangelho joanino; biblicamente, no entanto, issonão pode ser com evidências comprovado. O quenão obsta, de forma alguma, que a Madalena

outrora tenha sido uma mulher devassa.Em todo o caso, fica pendente a seguinte

questão: Por que os judeus não a apedrejavam, setinham a Lei a seu favor? Neste particular éconsiderável se perguntar também se a tradição

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que diz ter sido Maria Madalena filha de um

casamento misto não tem algo de verossímil.Porque se fosse esse o caso, os judeus realmentenão a poderiam condenar à morte sem extrapolarno zelo de suas leis. Vejam que eles mesmostambém desejaram matar a Lázaro; mas por querazão não o fizeram?

Está evidente que Lázaro foi um homemdevoto da religião judaica; portanto, ele era judeu. Mas se fosse prosélito, o fato de “poder ternascido” da união entre um judeu e uma pagã,não interferiria no tratamento que os seus

correligionários dispensavam entre si.Deveras sugestivo é o fato de que uma de suas

irmãs tivesse um nome romano, já que Martapode, sem contradições, ser traduzido como“Serva do deus Marte” ; o que não era peculiar a um judeu bem nascido. Entretanto, se esta pessoaera nascida de um casamento misto, não seriaestranho que tal acontecesse, e esse filho poderiano futuro escolher a qual deus deveria servir.Mas se optasse em servir aos ídolos das nações,estaria excluído da comunhão e da hospitalidade

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da comunidade judaica zelosa da religião

mosaica.Podemos pelo menos concordar com Baigent

em uma coisa: Maria Madalena e Lázaro eramirmãos. No evangelho de João lemos que Lázaroe Maria (Madalena?) eram irmãos, e que a estaMaria foi a mesma mulher “pecadora” queapareceu na ceia lavando os pés de Jesus comperfume e lágrimas.

Em Lucas (7.39) somos informados que emBetânia a fama desta Maria era das piores. Masisso pode estar ligado ao rigor da cultura judaica,pois ainda que pudéssemos provar que MariaMadalena foi a mulher apanhada em adultério nocapítulo oito do evangelho de João, não seria o bastante para determinar que tivesse levado uma vida de prostituição, mas que apenas cometeraum ato que por pouco não lhe custou a vida.

Os fariseus, é bem verdade, tentaram matar-lhe o corpo, e em não o conseguindo, lograramsucumbir-lhe a moral. Isso, no entanto, não

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ocasião nenhum dos ossários chamou a atenção

de qualquer periódico especializado emarqueologia. Mas depois da explosão dofenômeno de vendas chamadoO Código da Vinci , apolêmica se instaurou. Principalmente porqueem paralelo evidenciou-se a descoberta de queum colecionador particular tinha em sua casa um

ossário datado do primeiro século, cujasinscrições rezavam: “Tiago, filho de José e irmão de Jesus” .

Não demorou muito para que ao mundo fosseanunciado que este ossário havia sido subtraídodo departamento de antiguidades judaicas, e que

fazia parte dos achados da tumba de Talpiot noinício da década de oitenta. Ademais disso, outracoisa ficou evidente: que as inscrições queidentificavam o ossário dedicado a Tiago haviamsido adulteradas por um artesão egípcio (?) apedido do próprio colecionador para der maior

importância à sua relíquia.Alguns estudiosos comentam que apenas a

última parte das inscrições na caixa ossuária éque foi alterada, mas conhecendo omodus operandi

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de alguns arqueólogos, não será demais ficar de

sobreaviso. Mesmo porque, sabendo que odepartamento para antiguidades judaicas emIsrael permitiu que tal tesouro fosse subtraído desuas dependências, e que até os seus registrosforam deletados dos arquivos do museu que acontinha, como não suspeitar que as inscrições

originais nos ossários pudessem ser modificadas?Entendemos que tudo pode não passar de vãleviandade, mas essa gente se sente bem à vontade quando o assunto é lançar qualquer tipode acusação contra a Bíblia e seus autores.Portanto, eis aí o troco.

Por acaso têm eles algum escrúpulo quandoafirmam que o apóstolo Pedro foi o primeiro adifamar Maria Madalena? Têm eles algumareserva quando querem contrariar toda a históriado Novo Testamento, insinuando que Jesus era

casado com a mulher de Magdala, e que tevefilhos com ela?

Destarte, eu também me sinto à vontade paraenumerar as diversas vezes em que cientistas de vários segmentos fraudulentamente adulteraram

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os resultados de suas pesquisas para adequá-las

às suas necessidades ideológicas, profissionais oupessoais.

Ou fingiremos desconhecer que inúmerosartefatos arqueológicos e paleontológicos nãotêm a importância que a comunidade científicalhes tem atribuído? Não me admiraria nem umpouco se houver ocorrido o mesmo com osossários descobertos em Talpiot.

E olhem que razões para desconfiar não nosfaltam.

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P elos escritos de Michael Baigent, DanBrown e outros de menor fama, somos

informados que Maria Madalena teve morte esepultamento em algum lugar desconhecido daFrança; talvez nas cercanias de Rennes-le-Château, onde o famoso pintor Nicolas Poussin,

sendo membro de uma sociedade secreta(Priorado de Sião?) que se ocupava em ocultar eproteger a sagrada descendência de Jesus Com aMadalena, teria pintado a sua magnífica e muitosugestiva obra: Os Pastores da Arcádia , apresentadoum túmulo onde supostamente a esposa doNazareno ( Ou ele mesmo?) estaria sepultada.

Jacobovici, entretanto, não dá bolas paraescritores como Baigent, e segue a opinião de queMaria Madalena até pode haver peregrinado pelointerior da França, mas que por fim veio a falecerna Palestina, recebendo sepultura em Talpiot.

Para Baigent, Jesus e madalena teriam nãoum, mas vários filhos, e ele mesmo acredita que o bandido Barrabás havia rebentado do Nazareno.

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Esse escritor, todavia, é de uma ignorância

estupenda, posto que desconsidere o fato por elemesmo notificado de que Jesus era um nazireu eque em tal condição só podia contrair núpciasdepois de haver atingido a idade mínima detrinta anos. Mas se Jesus, como é provável, foi julgado e condenado por Pilatos aos trinta e três

anos de vida, como poderia ter sido pai deBarrabás?

Dan Brown toma outro rumo, e seguedeclarando que o Priorado de Sião, após acrucificação de Jesus, fez fugir a Maria Madalena

para a França, levando em seu ventre o únicofilho que viera ter com o herdeiro do rei Davi;mas com o flagrante detalhe: a criança nascidadeste relacionamento era uma menina, a quemchamaram de Sara.

Qual é logo a razão deste palavrório? A razão éque os acusadores do Evangelho vivem a trocarpunhadas, e ainda assim garantem estarnarrando a verdadeira história de Jesus Cristo.

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Jacobovici se precipitou ao extremo, pois ao

descobrir que na tumba de Talpiot foraencontrado um ossário contendo os restosmortais de uma criança chamada Judas, julgouconvenientemente que se tratava de um provávelfilho de Jesus com Maria Madalena. E desdeentão não contraria apenas o depoimento do

bíblico, mas aos próprios “estudiosos” da nuncaexistente linhagem sagrada.

Ora, Dan Brown se apega à tradição na qual sediz que imediatamente à crucificação (embora ahistória definitivamente prove o contrário),

Maria Madalena fugiu para a França, levando umfilho ainda em fase de gestação.

Apesar dos pesares, Baigent parece aquiescercom esse raciocínio. Isso obrigatoriamentesignificaria que se eles (Jesus e Madalena)tivessem outro filho, no caso o suposto Judas,cujos restos foram encontrados na Tuma deTalpiot, ele decerto a teria acompanhado durantea fuga para o interior da França, já que atémesmo Jacobovici é da opinião de que um grupo

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de servidores de Jesus teria se encarregado de

proteger a sua descendência com a Madalena.Mas, se como ocorre à concepção de

Jacobovici, Maria madalena tivesse retornado daFrança para morrer e ser sepultada emJerusalém, e isso só poderia ter ocorrido muitosanos mais tarde, é de se supor que o seu filhoJudas já não fosse mais uma criança.

Logo, como explicar que os ossos de umacriança encontrados em Talpiot pudessem ser dosuposto filho de Jesus, cuja sina o teria feitoperegrinar por tantos anos na França?

A precipitação de Jacobovici torna-se aindamais evidente quando ele aplica particularinterpretação ao texto do evangelho de João hápouco mencionei. Ele, para explicar que Jesus eMaria Madalena tiveram um filho, entende que a

passagem evangélica se interpreta assim:“Ora Jesus, vendo diante de si Maria Madalena, e

o seu filho Judas, disse à sua mulher: “Madalena,este é o teu filho” Depois ele disse ao moço:

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“ Judas, esta mulher é a tua mãe” De modo que

desde aquele dia Judas passou a recebê-la em suacasa”.

Precisamos anuir que tal interpretação vai doforçoso ao absurdo? Pois qualquer leitor atentode pronto compreenderá que nesse texto do

evangelho Jesus está se dirigindo ao jovemapóstolo João, e que a mulher ali mencionada éMaria, a mãe do Salvador e não Maria Madalena.

Mas para não decepcionarmos aossimpatizantes de Jacobovici, vamos imaginar queo discípulo amado em questão fosse o possívelfilho de Jesus com a Madalena, o que issosignificaria? – Significaria que Jacobovici nãopresta muita atenção nas coisas sobre as quaisestá comentando, pois é mais do que provávelque o discípulo com ao qual Jesus se dirige às

raias da própria morte não é uma criança, e oteor de suas palavras deixa isso tão claro quantoo dia.

Ademais, o texto nos permite entender que odiscípulo em questão já era perfeito adulto, e

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talvez fosse casado, já que está escrito que desde

aquele instante ele recebeu Maria em sua casa.Por tais considerações, como podem aqueles

ossos de infante encontrados na tumba deTalpiot ser da mesma pessoa a quem Jesus falouem sua agonia final? E devemos considerar,sobretudo, que o discípulo ao qual o Evangelhose refere em hipótese alguma podia ser filho deJesus com quem quer que fosse, até porque,como já antecipamos, o Mestre haviaabandonado o nazireado aos trinta anos, vindo afalecer aos trinta e três; logo, ou sendo esse o

caso, ele não podia ter um filho que tivesse maisdo que dois anos de idade.

Portanto, deve o meu leitor julgar por simesmo se estas pessoas que pretendemtranstornar a história de Jesus Cristo,inventando mil mitologias, merecem melhorrespeito. Ou por que não aceitar a explicaçãopura e simples apresentada pelos verdadeiros biógrafos do Nazareno?

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Maior confusão nos foi apresentada pelo

Professor Morton Smith da Universidade deColumbia, ao insinuar que tinha se apoderado deum documento antiqüíssimo que seria umaautêntica carta de Clemente de Alexandria, naqual o renomado padre do cristianismo teria feitorevelações bombásticas a respeito da vida sexual

de Jesus.Porque, partindo de tudo o que se possa supor,

a tal carta nos revelaria particularidades da vidado Salvador que não encontrará ecos nem nosescritos mais ácidos de nossa época. De acordo

com Morton Smith, num texto original que porconveniências foi subtraído do evangelho deMarcos1, onde se dizia que aquele moço queapareceu despido no Horto do Getsêmani empleno ato da captura de Jesus, era Lázaro, odiscípulo a quem o Mestre “amava”.

1 Note-se que o mesmo evangelista é considerado como fundador do cristianismo

em Alexandria, onde também teria permanecido os originais ou mesmo uma cópia

autêntica do seu evangelho. N.A.

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Na premissa concebida pelo Professor Smith,

aquele rapaz teria se conduzido nu ao jardim emplena escuridão por sugestão do próprio Jesuspara um encontro amoroso, já que não se tratavaapenas de um discípulo predileto, mas de umamante também.

Mais veemência há de ter o apelo de MortonSmith pelo fato de admitir que o mesmoClemente de Alexandria, na condição de talvez omais importante patrono do cristianismo de suaépoca, e que embora deplorando o possívelrelacionamento homossexual entre Jesus e

Lázaro, esforçou-se para que os textos aos quaisBaigent chamou de “Evangelho Secreto deMarcos” fossem suprimidos do escopo original deseu evangelho.

Esse fato novo teria sido notificado porClemente em uma missiva escrita de seu própriopunho, e o Professor Smith declarava possuí-la,mas além dele mesmo ninguém mais chegou a ver ou ler esta carta diretamente.

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E a existência de tal documento, se pudesse

ser comprovada, não implicaria em eventualreviravolta, como se fôssemos obrigados a rever ahistória do Messias de Nazaré; os “estudiosos”costumam escrever mil coisas díspares a respeitode fatos novos da vida de Jesus, e ainda assimafirmam que estão discorrendo sobre a

verdadeira história.Mas afinal, quantas verdadeiras histórias de

Jesus foram ou estão sendo escritas? Jesus nãopodia se casar até aos trinta anos, mas aos trintae três já era pai de adultos; Ele era casado com

Maria Madalena, mas mantinha umrelacionamento homossexual com o seu cunhadoLázaro... O Mestre teve um único filho comMadalena, nascido na Palestina, e se chamavaJudas; ou melhor: era uma menina, se chamaSara e nascera no interior da França!

Para esse grupo de pesquisadores Jesus teriamorrido com cerca de oitenta anos de idade noEgito, na França, na Caxemira, em Massada...Seu corpo teria sido sepultado em Alexandria, em

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