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O INTELECTUAL DA BOLA: MARIO FILHO E O PROJETO DE CONSTRUÇÃO DA
BRASILIDADE A PARTIR DO FUTEBOL ENTRE AS DÉCADAS DE 1930-1950
ELIS DA SILVA OLIVEIRA*
INTRODUÇÃO
É parte de meu entendimento que quando eu ganho uma certa
compreensão sociológica do futebol praticado no Brasil, aumento
simultaneamente minhas possibilidades de melhor interpretar a
sociedade brasileira. (Roberto DaMatta, 1982, p. 21)
Desde o seu processo de inserção como uma prática esportiva no Brasil, o futebol
consiste numa manifestação cultural dotada de significados diversos, variando de acordo com
os contextos históricos e especialmente das apropriações e discursos dos grupos que
controlavam a sua prática. Neste sentido, partindo da premissa suscitada na epigrafe, ao
analisar as diversas práticas e interpretações que são feitas sobre o futebol, o fazemos como
uma forma de observar os variados projetos e visões de mundo defendidos por determinados
segmentos sociais e políticos. Ou seja, analisar o futebol, notadamente os discursos e relações
sociais estabelecidos pela prática deste esporte, consiste numa ferramenta para compreensão
(ou ao menos ampliar a busca pelo entendimento) da sociedade brasileira.
E ainda hoje, muitas abordagens procuram “naturalizar”1 e relacionar o futebol como
uma manifestação cultural de destaque na sociedade brasileira, representado pelo futebol-arte,
símbolo de um estilo próprio de se jogar e de ser brasileiro. Todavia, é necessário mencionar
que este discurso foi engendrado ao longo das décadas de 1930, 1940 e 1950 por meio das
narrativas de Mario Filho em maior escala, e ainda por Nelson Rodrigues, Lyra Filho, Vargas
Neto e Gilberto Freyre.
Nossa proposta então, consiste em analisar o processo de construção do discurso de
um futebol símbolo da brasilidade, do sentimento nacional e da instrumentalização desse
discurso, que culminou com uma prática que se opunha ao discurso elitista e europeizado dos
primórdios dessa prática desportiva. Para isso, objetivamos refletir sobre o uso do futebol
como um fenômeno cultural que foi apropriado como instrumento de propaganda política e
ideológica, constituído pela dinâmica entre sociedade política e sociedade civil, a partir do
* Bacharela e licenciada em História. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História e Estudos Culturais
da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Ensino Superior (CAPES). 1 É importante relembrar que a prática desse esporte em muitas cidades no início do século XX no Brasil,
propunha justamente o contrário, com a defesa do caráter distinto e elitizado do jogo de bola, representando
ainda o discurso de eugenia e de valorização da cultura europeia.
2
conceito gramsciano de “Estado ampliado” e operacionalizado pela figura dos intelectuais,
representados aqui pela figura de Mario Filho.
Para isso, alguns questionamentos são necessários: qual o lugar social ocupado por
Mario Filho? Qual o contexto político em que se insere sua obra? Como e com que
instrumentos foi possível tornar hegemônica a visão do futebol à brasileira? E de um modo
geral, como esta visão de Brasil, a partir do futebol, pode nos auxiliar a compreender a
realidade brasileira vista sob o discurso nacionalista?
MARIO FILHO, O “CRIADOR DE MULTIDÕES”
Nos estudos sobre a história do futebol, notadamente o jornalismo esportivo, a
importância de Mario Filho tem sido tão amplificada que falar sobre futebol entre os anos de
1930 a 1960 confunde-se com a figura emblemática deste jornalista.
Mario Filho é conhecido como o precursor do jornalismo esportivo no Brasil e ainda
como o “criador das multidões” (termo cunhado por seu irmão, Nelson Rodrigues) devido,
conforme argumentam os defensores desta caracterização, ele ter sido um dos principais
intelectuais voltados à popularização do futebol no meio jornalístico e a utilizar termos mais
fáceis para o seu o seu entendimento dentre os mais variados segmentos da população e ainda
por dar ênfase tão significativo ao futebol que criou jornal específico sobre a prática esportiva,
o Mundo Sportivo (1931).
De um modo geral, dois momentos marcam a percepção do papel Mario Filho em boa
parte das considerações sobre o futebol brasileiro. Primeiro as análises que atribuem a ele a
visão do futebol como símbolo nacional e em segundo lugar a caracterização de Mario Filho
na qualidade de uma das, senão maior referência no que tange o jornalismo esportivo.
Entretanto, Capraro (2011) em contraposição a esta visão apoteótica de Mario Filho, ressalta o
processo de “invenção” de sua figura. E indo além destas duas formas de observar este
jornalista esportivo, acreditamos aqui na importância em analisar o contexto geral e o local
social no qual Mario estava inserido e a análise de sua função como um intelectual na
construção de uma visão sobre o futebol como elemento caracterizador da brasilidade, e neste
sentido, atuando diretamente no processo de hegemonização deste discurso e sua apropriação
política do Estado (em sentido estrito).
3
Deste modo, antes de analisar diretamente o discurso do futebol à brasileira (o futebol-
arte), consideramos importante observar o lugar social ocupado por Mario Filho neste
processo e suas relações de sociabilidade, como forma de compreender as conjunturas nas
quais suas reflexões estariam inseridas e ainda, com que ferramentas foi possível
operacionalizar e difundir o discurso de defesa desta visão sobre o futebol.
Em meados de 1925, Mario Filho iniciou sua carreira jornalística no jornal “A Manhã”
fundado por seu pai, Mario Rodrigues. Com problemas financeiros, Mario Rodrigues perderia
anos mais tarde a gerência do jornal para seu sócio, Antônio Faustino Porto. Em 1929, com
recursos do então vice-presidente da república, Fernando de Melo Viana, Mario Rodrigues
lançaria o jornal “A Crítica”, periódico de curta duração e que devido o apoio de Fernando
Viana, daria apoio ao governo de Washington Luís.
Desde o início de seu trabalho na condição de jornalista, Mario Filho dedicou-se a
escrever sobre o futebol, em muitos momentos à revelia do pai. A partir da década de 1930,
construindo em torno de si uma importante rede de sociabilidade2 junto a elite intelectual,
econômica e política na então capital federal, Mario Filho consolidou seu papel como
colunista esportivo, trabalhando no jornal “O Globo”, onde construiu forte amizade com
Roberto Marinho. Além de jornalista, Mario Filho seria ainda um dos grandes empresários do
ramo do jornalismo esportivo e junto de Roberto Marinho, compraria em 1936 o “Jornal dos
Sports”, um dos mais reconhecidos jornais sobre a prática esportiva no qual estavam os mais
renomados cronistas sobre futebol nas décadas de 1940, 1950 e 1960.
Em 1936, Mário Filho comprou o Jornal dos Sports, encorajado e financiado pelos
amigos Arnaldo Guinle, Bastos Padilha e Roberto Marinho, que vislumbravam o
sucesso do jornal, caso sua direção coubesse ao já consagrado jornalista esportivo. O
tempo confirmaria suas previsões. O Jornal dos Sports tornar-se-ia um dos mais
conceituados periódicos do país em seu gênero. (ANTUNES, 2004: 129)
De acordo com Haag (2014) o Jornal dos Sports seria o principal jornal sobre a
temática esportiva ao longo de cinco décadas. Nele, além de Mario Filho, teriam papel de
destaque na construção de crônicas e notícias sobre o esporte, especialmente o futebol,
escritores como: João Lyra Filho, José Lins do Rego e Manuel do Nascimento Vargas Neto
2 De acordo com Antunes (2004) Mario Filho frequentava os mais variados centros intelectuais do Rio de
Janeiro, tendo amizade com Arnaldo Guinle (vice-presidente do Fluminense e presidente da CBD durante os
anos de 1920), José Bastos Padilha (presidente do Flamengo), José Lins do Rego, Vargas Neto, Roberto
Marinho, entre outros.
4
(sobrinho de Getúlio Vargas). Junto de Mario Filho, estes intelectuais e políticos (a exemplo
de Vargas Neto, que ocuparia a gestão da Confederação Brasileira de Desportos, vinculada ao
poder público) fariam parte de um importante processo de invenção de tradições e sentidos
nacionalistas para o futebol, não apenas para a prática em si como ainda construindo noções
sobre o ato de torcer e tudo aquilo que fosse relacionado ao futebol.
Ainda com base em sua rede de sociabilidade, sob influência de José Lins do Rego,
Mario Filho aproximou-se também de Gilberto Freyre, este último tendo prefaciado a
primeira edição da obra “O Negro no Futebol Brasileiro”. Juntos, Freyre e Mario Filho seriam
referência de um importante segmento de intelectuais que vinculariam o futebol ao discurso
de brasilidade, num processo que seria denominado nos anos de 1950 por Nelson Rodrigues
(2013) como Brasil: a “pátria de chuteiras”.
Gilberto Freyre fora um importante intelectual ao longo do governo Vargas, sobretudo
no Estado Novo. Publicou artigos no jornal “A Manhã” e ainda na Revista “Cultura Política”,
ambos veículos oficiais de propaganda do governo, onde seria uns dos responsáveis por dar
sentido, não apenas político, como ainda social e cultural, para o projeto político cultural de
um Brasil miscigenado e representado pelo mulatismo e pela democracia racial, argumento
amplamente difundido nos estudos de Freyre (1998) e ainda difundidos pelos pensadores
vinculados ao Movimento Modernista brasileiro e na busca pelas origens e especificidades do
ser brasileiro.
Ao lado de Gilberto Freyre, Mario Filho desempenhou um papel de considerável
importância, notadamente por meio do futebol. Foi Mario Filho o grande precursor da
valorização do futebol como símbolo desta “nova” nação que se materializava na literatura e
reflexão da intelectualidade e ainda a partir de uma forte política cultural dos governos pós-
1930. Neste contexto, Mario Filho ganharia tanto destaque que, de acordo com Antunes
(2004: 130):
O respeito conquistado não apenas no meio esportivo, mas também entre políticos e
intelectuais, permitiu-lhe exercer uma ação política real na conformação e no
desenvolvimento, sobretudo, do profissionalismo do futebol. Conquistou a confiança
de Getúlio Vargas e teve acesso facilitado ao seu gabinete, tanto no período do
Estado Novo, como, posteriormente, durante o mandato ganho nas urnas. Nas
tribunas de honra, sempre teve assento garantido ao lado de personalidades.
Juscelino Kubistschek lhe tinha grande apreço e atenderia com prontidão qualquer
pedido seu, mesmo que fosse um emprego público para o irmão Nelson Rodrigues.
5
Desta forma, mesmo não tendo ocupado um cargo público, Mario Filho atuou como
um importante intelectual3 e teria participação efetiva na construção do discurso nacionalista,
cabendo ao futebol um dos seus maiores representantes. Outra importante referência a posição
de destaque exercida por Mario Filho foi apresentada por Ruy Castro (1992: 207), ao
mencionar que
Sua presença já não cabia nos estádios, nas redações, às vezes nem nas ruas.
Tornara-se o ministro sem pasta do futebol brasileiro, a quem os jogadores, os
clubes e a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) iam pedir conselhos quando
tinham de decidir alguma coisa. E, como nunca ia pedir nada, entrava e saía de
gabinetes de presidentes da República como se fossem a casa da mãe Joana.
Gregório Fortunato, o “anjo negro” de Getúlio, era um que, ao vê-lo entrar no
Catete, dizia: “Ainda bem que o senhor veio, doutor Mário. O homem hoje está num
mau humor de amargar”. A arma de Mário Filho era um lápis.
De tal modo, Ruy Castro (1992) definiria o papel ocupado por Mario Filho neste
cenário como o ministro sem pasta do futebol brasileiro, referência esta que, com base nas
reflexões gramscianas, podemos evidenciar o papel de Mario Filho como um intelectual sendo
“aquele que garante o consenso às forças dominantes, garante a base de massas – através da
persuasão e da educação – à classe dominante.” (GRUPPI, 1978: 62). Embora não se
caracterizasse necessariamente como um intelectual orgânico, Mario Filho exerceu uma
função efetiva em dar sentido para um projeto de nacionalidade a partir do futebol, projeto
este gestado nos segmentos da sociedade civil (notadamente defendido pelas entidades
esportivas) e apropriado pelos governos políticos (principalmente a partir primeiro governo
Vargas).
“ESTADO AMPLIADO”, FUTEBOL E O DISCURSO NACIONALISTA
3 Sobre a função destes, Gramsci enfatiza que: “estas funções são precisamente organizativas e conectivas Os
intelectuais são os ‘comissários’ do grupo dominante para o exercício das funções subalternas da hegemonia
social e do governo político, isto é: 1) do consenso "espontâneo" dado pelas grandes massas da população à
orientação impressa pelo grupo fundamental dominante à vida social, consenso que nasce ‘historicamente’ do
prestígio (e, portanto, da confiança) que o grupo dominante obtém, por causa de sua posição e de sua .função no
mundo da produção; 2) do aparato de coerção estatal que assegura ‘legalmente’ a disciplina dos grupos que não
"consentem", nem ativa nem passivamente, mas que é constituído para toda a sociedade, na previsão dos
momentos de crise no comando e na direção, nos quais fracassa o consenso espontâneo.” (GRAMSCI, 1982: 10-
11)
6
Ampliando a compreensão do processo de construção de um discurso hegemônico do
futebol, além da participação ativa dos intelectuais na construção do discurso nacionalista, os
meios oficiais de comunicação e propaganda do Governo, notadamente durante o Estado
Novo (1937-1945) e nos governos seguintes ao de Vargas, ganhariam considerável espaço e
passariam a figurar na construção e disseminação de uma política cultural capaz de vincular a
realidade política com a cultura e com o cotidiano, onde o rádio, os jornais e as revistas
passariam a ser importantes instrumentos para a propaganda do governo. Um outro
instrumento viria a ser justamente o futebol, na qualidade de um dos, senão maior
manifestação cultural popular presente nas cidades brasileiras, inclusive na Amazônia
(OLIVEIRA, 2014).
Com isso, o futebol alcançaria grande circularidade de sentidos e apropriações não
apenas entre os segmentos sociais, mas também se tornaria ferramenta política do governo
Vargas4, conforme ressaltado por Drumond (2009: 213-214)
Com a vitória do movimento revolucionário e com a subida de Getúlio ao cargo de
presidente provisório no início de novembro, teve início um período singular na
história brasileira. Nos 15 anos da Era Vargas, o Brasil presenciou uma série de
mudanças que reestruturaram a vida política, econômica, social e cultural do país.
No que se refere à cultura, esse período marcou a promoção do samba e do futebol
como elementos fundamentais para uma nova definição da identidade nacional. O
samba, nascido junto às camadas populares, conquistava as elites; o futebol, que
havia sido um esporte aristocrático em sua chegada ao país, tornara-se uma das
maiores paixões das camadas populares. Ambos, no entanto, foram elevados
símbolos do que era ser brasileiro. Foi justamente essa proximidade do povo e sua
identificação com a nação que aproximou o esporte ao projeto varguista. No novo
governo, a construção da pátria e de um novo ideal de nacionalidade brasileira era o
cerne do plano oficial para a cultural nacional.
Buscando consolidar um discurso hegemônico sobre o futebol, o governo Vargas
difundiu a proposta de uma política cultural que passaria a tratar esse esporte como uma
grande prática cultural nacional. Observando o interesse popular nessa prática desportiva,
amplamente enfatizada por Mario Filho, intensificou o alcance do futebol entre os brasileiros
por meio do rádio e da construção de estádios de futebol. Vargas utilizaria, doravante, dos
espaços destinados para a prática do futebol para a realização de pronunciamentos oficiais e
comemorações diversas, a exemplo do dia do trabalhador e as comemorações da Semana da
4 O governo Vargas não foi o único a utilizar-se do futebol como elemento de propaganda política, mas
enfatizamos o mesmo por consistir no governo que efetivamente incluiu o futebol com o projeto de política
cultural do Estado (em sentido restrito), algo que seria posteriormente aprofundado pelos governos de JK e
principalmente, ao longo da ditadura civil-militar brasileira.
7
Pátria, realizadas no Estádio do Pacaembu (estádio público construído durante o governo
Vargas e inaugurado em 27 de abril de 1940) ou no Estádio de São Januário (estádio do Clube
de Regatas Vasco da Gama, fundado em 21 de abril de 1927).
Foi especialmente a partir da Copa do Mundo de 1938 que o Estado Novo fundiria o
discurso nacionalista ao projeto de um futebol à brasileira, que era defendido pelos
intelectuais da brasilidade (Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Mario Filho, Nelson
Rodrigues). O governo custou significativa parcela das despesas da seleção brasileira no
campeonato mundial e a filha de Getúlio, Alzira Vargas, seria vinculada à figura da seleção na
figura de madrinha da equipe.
Além disso, ao longo da década de 1930, após observar a grande efervescência nos
debates sobre o futebol, o governo tomou para si o controle da prática do futebol, outrora
relegada apenas aos clubes às entidades regionais e a CBD. Em meados de 1935 governo
passou a estreitar relações com as organizações privadas reguladoras da prática do futebol e
em 1936, Luiz Aranha, irmão de Oswaldo Aranha (ministro e amigo de Getúlio Vargas)
assumiria o controle da Confederação Brasileira de Desportos.
Observando a grande importância do futebol como elemento de propaganda política,
não apenas no cenário nacional como também internacional, o governo Vargas passou a
controlar cada vez mais efetivamente o futebol. No tocante a legislação, as mais significativas
e efetivas leis em relação ao controle do esporte seriam criadas durante o Estado Novo:
Decreto-lei n. 526, de 1º de julho de 1938 – criação do Conselho Nacional de Cultura;
Decreto-lei n. 1056 de 21 de janeiro de 1939 – criação da Comissão Nacional de Desportos; e
Decreto-lei n. 3.199, de 14 de abril de 1941 – criação do Conselho Nacional de Desportos
(CND).
Com a relação estreita entre organismos públicos (CND) e privados (clubes e
confederações), o CND (sob presidência de João Lyra Filho, amigo de Mario Filho e um dos
cronistas no Jornal dos Sports) e a CBD passaram a atuar em conjunto para o comando do
futebol, onde “o controle exercido pela CBD era em grande parte orientado e regulado pelo
CND. O conselho detinha controle quase total não apenas sobre os esportes, mas também
sobre as entidades esportivas.” (DRUMOND, 2009: 237).
Desta forma, sociedade política e sociedade civil (representada aqui pelas associações
clubistas, jornais esportivos, as federações estaduais e ainda a Confederação Brasileira de
Desportos) faziam parte de um mesmo projeto: controlar a prática e o discurso sobre o
8
futebol, fazendo dele um importante veículo de propaganda do nacionalismo, da brasilidade.
Funcionavam como propagadores dessas ideias Mario Filho, Gilberto Freyre, José Bastos
Padilha, Nelson Rodrigues, Lyra Filho e Vargas Neto.
Ao considerar o conceito de “Estado ampliado”, partimos do pressuposto de que
sociedade civil não é o oposto da sociedade política. Posto que ambas estão mutuamente
relacionadas, tal como pode ser evidenciado na relação entre organismos públicos e privados
mapeáveis ao longo do governo Vargas e a participação efetiva de intelectuais junto aos
jornais e revistas oficiais do Estado, além dos organismos privados.
E Gramsci especifica que “se deve notar que na noção de sociedade civil (no
sentido, seria possível dizer, de que Estado é = sociedade política + sociedade civil,
isto é hegemonia couraçada de coerção” (CC, 3, 244). E ainda: “Por ‘Estado’ deve-
se entender, além do aparelho de governo, também o aparelho ‘privado’ de
hegemonia ou sociedade civil” (CC, 3, 254-255). (LIGUORI, 2003: 180).
Neste sentido, não há como pensar sociedade política de forma dissociada dos debates
e da dinâmica da sociedade civil, esta última entendida como lugar de criação da hegemonia,
consensos e formação de consciência. E notadamente na perspectiva da construção do
discurso nacionalista por meio do futebol, não há como romper a dinâmica entre a política do
Estado (em sentido estrito) e o controle hegemônico de determinados segmentos da sociedade
civil.
Isso significa que, nesta relação ampliada entre Estado restrito e sociedade civil, o
convencimento se exerce em uma dupla direção: dos aparelhos privados de
hegemonia rumo à ocupação das agências do Estado restrito, e, inversamente, da
sociedade política e da coerção em direção ao fortalecimento da direção das frações
de classes dominantes através da sociedade civil, reforçando, a partir do próprio
Estado restrito, seus respectivos aparelhos privados de hegemonia. (MENDONÇA,
2003: 19).
Muito embora Mario Filho, conforme mencionado anteriormente, não tivesse
efetivamente ocupado um cargo público, sua função como intelectual foi determinante na
construção e consolidação do discurso político sobre o futebol nacional. Não apenas ele, como
ainda o próprio Gilberto Freyre, que por vezes escreveu artigos para a revista “Cultura
Política” e ainda o jornal “A Manhã”, veículos oficiais de propaganda do governo. José Lins
do Rego, além de romancista, também foi presidente do Clube de Regatas Flamengo. Outro
destacado intelectual foi Lyra Filho, amigo de Freyre e Mario Filho, cronista no Jornal dos
Sports e ainda presidente do Conselho Nacional dos Desportos e também Vargas Neto,
9
cronista do mesmo jornal e sobrinho de Getúlio. Enfim, sociedade política e sociedade civil
estão entrelaçadas e sua divisão se dá apenas em nível metodológico. (GRASMCI, 1978).
HEGEMONIA DO FUTEBOL-ARTE
De um modo geral, após termos observando o lugar social ocupado por Mario Filho e
sua condição como um importante intelectual a partir do contexto histórico no qual o discurso
sobre o futebol à brasileira se inseriu, se faz imprescindível analisar seus argumentos e quais
os reflexos deste discurso sobre o futebol e sobre a sociedade.
De um modo geral, nas primeiras décadas do século XX as questões socioculturais no
Brasil eram permeadas por proposições defendidas pela classe dominante que objetivava
segregar espaços e grupos sociais (como, por exemplo, a proibição de determinadas práticas
culturais, como a capoeira e o samba). Todavia, é possível observar que ao longo dos anos de
1930 tal postura foi sendo transformada no sentido da construção de um discurso nacionalista
e que, de certa forma, passava a disseminar uma proposta de agregação entre culturas, numa
perspectiva de formação de uma brasilidade.
Diversos estudos foram realizados à época, dentre estes destacamos os de Gilberto
Freyre, Sergio Buarque de Holanda, que passaram a pensar a formação da “família brasileira”
e nas “raízes do Brasil”. Estes pensadores não mais negavam a participação efetiva da cultura
afro-brasileira e indígena na formação cultural que agora ganhava ares nacionais e ao
contrário, avançavam na perspectiva de superar (ao menos em nível discursivo) a postura de
eugenia em relação a presença destes grupos na sociedade. Luis Fernandes, no prefácio à 4ª
edição do livro “O negro no futebol brasileiro” (RODRIGUES FILHO, 2003: 13), resume
bem este processo:
Para além das paixões clubísticas, a democratização da prática do futebol,
materializada na ascensão de jogadores negros e mestiços, permitiu que esse esporte
viesse a ocupar posição central na construção da identidade nacional. Na ausência de
um maior envolvimento brasileiro em guerras – matéria-prima para a construção de
fronteiras de identidade na formação dos estados nacionais unificados na Europa – o
futebol forneceu um simulacro de conflito bélico para o qual era possível canalizar
emoções e construir sentidos de pertencimento nacional. [...] Em oposição ao
racismo aberto das velhas oligarquias, o novo discurso oficial passou a valorizar a
mestiçagem, associando-a aos sucessos de uma ‘escola brasileira’ de futebol que
expressaria a nossa singular maneira de ser no mundo (marcada pela criatividade,
flexibilidade, informalidade e sensibilidade plástica).
10
O próprio Gilberto Freyre apropriou-se do futebol como forma de vincular a
grandiosidade desta brasilidade com os resultados positivos advindos no futebol a partir da
presença de jogadores negros e mulatos, num estilo próprio de jogo de bola, definido por ele
como um futebol dionisíaco, unicamente brasileiro. E seria Mario Filho, em suas crônicas no
jornal O Globo, Globo Sportivo e Jornal dos Sports, o grande precursor deste projeto de
identificação de um sentimento nacional, de uma brasilidade representada por um futebol
dionisíaco, um futebol-arte.
A torcida levando para a geral, para as arquibancadas, cuícas, pandeiros e tamborins,
enchendo o estádio de sons de samba. Os jogadores não errando o passo, o ritmo do
futebol sendo o do ‘vai-mais-não-vai’ de Romeu. Do ‘vai-mais-não-vai’, do samba,
a nossa dança dionisíaca. Coisa que não escapou à observação de Gilberto Freyre: o
futebol brasileiro era dionisíaco. [...] A multidão não se enganava quando pulava
dentro do campo para carregar Leônidas em triunfo. Os braços se estendendo para
pegar Leônidas, para tocar em Leônidas. Por isso, durante o campeonato do mundo,
depois de uma vitória brasileira, o povo inundava as ruas, e só se ouvia Brasil e
Leônidas. (RODRIGUES FILHO, 2003: 217)
Desta forma, observando a posição de Mario Filho, a marca do futebol abrasileirado
estava em possuir num estilo próprio, na mistura entre dança e jogo, tanto por parte dos atletas
quanto pelos torcedores. Um fenômeno que iria além dos campos e estádios, espraiando-se
pelas ruas, pelas casas e criando um sentimento de pertencimento, de paixão pela bola, pelo
jogo diferenciado e irreverente de Leônidas e culminando, por fim, no enaltecimento do
Brasil.
E o projeto de football moderno, elitista e europeizado, já amplamente difundido e
ressignificado entre os diversos segmentos sociais ao longo das primeiras duas décadas do
século XX, transformar-se-ia no futebol à brasileira, mulato e representante da cultura
nacional, aspecto amplamente disseminado por Mario Filho ao longo dos anos de 1930 a 1950
em suas crônicas esportivas (a exemplo da crônica “o abrasileiramento do futebol”, “o
individualismo no futebol brasileiro”, “a paixão no futebol” e o “para um dicionário das
arquibancadas”, publicados no jornal O Globo), e culminando nas reflexões e em seu livro O
negro no futebol brasileiro (com primeira publicação em 1947), onde enaltecia a presença dos
jogadores negros, ganhando destaque em nível nacional e internacional, atletas como
Domingos da Guia e Leônidas da Silva, representantes do jeito brasileiro de jogar futebol,
onde o football nascido na Inglaterra, seria transformado em “esporte-arte” no Brasil.
11
Este discurso tornou-se hegemônico ao longo da segunda metade do século XX,
chegando aos dias atuais. O projeto de brasilidade a partir do futebol defendido por Mario
Filho e instrumentalizado como política cultural pelos governos pós-1930 pode ser
representado no termo “pátria de chuteiras” criado por Nelson Rodrigues e consolidou-se de
tal modo a visão de um futebol especificamente brasileiro e capaz de diferenciar o Brasil de
todas as outras nações tornou-se um “lugar comum” na percepção sobre o que define e o que
sustenta o sentimento nacional.
Todavia, a apropriação do futebol como elemento nacionalista e ainda a defesa da
popularização do esporte entre os mais diversos segmentos sociais foi utilizada pelos
governos e operacionalizada por intelectuais, como forma de homogeneizar e solapar os
conflitos, ao invés de ampliar as redes de reflexão e contraposição perante às classes
dominantes, ao passo em que estes intelectuais, de forma específica, faziam parte deste grupo.
Já se sabia, porém até onde podia chegar um artista da pelota, para usar um termo
que ainda sai nos jornais. Branco, mulato ou preto. Porque em foot-ball não havia
mais nem o mais leve vislumbre de racismo. Todos os clubes com os seus mulatos e
os seus pretos. Um preto marca um goal, lá vem os brancos abraçá-lo, beijá-lo. O
goal é de um branco, os mulatos, os pretos, abraçam, beijam o branco.”
(RODRIGUES FILHO, 1947: 293) 5
[...] E quem está na geral, na arquibancada, pertence à mesma multidão. A paixão do
povo tinha de ser como o povo, de todas as cores, de todas as condições sociais. O
preto igual ao branco, o pobre igual ao rico. (RODRIGUES FILHO, 1947: 293)6
Ao enfatizar uma relação harmoniosa entre segmentos da sociedade e focalizar o
futebol como instrumento para o encerramento do conflito social e de classes, Mario Filho
promovia o cerceamento da discussão das contradições existentes na sociedade brasileira.
Soares (1998) observa ainda que referido jornalista, no livro “O negro no futebol brasileiro”,
possui o objetivo de enfatizar a presença dos jogadores negros na memória do futebol, ou
melhor, do abrasileiramento do football, convertendo-se em futebol como algo positivo,
porém o faz de forma limitada ao não promover uma reflexão aprofundada sobre o processo
político e cultural vivido no Brasil nos anos de 1920, 1930 e 1940 e os conflitos inerentes as
relações de classe.
Quem amava o futebol sentia essa dependência. Daí a gratidão de tanto branco, por
um mulato ou preto que ganhava um jogo ou um campeonato. O amor pelo clube
5 Este parágrafo e as notas de rodapé que lhe dizem respeito foram suprimidas na segunda edicação do livro,
estando presentes apenas na de 1947. 6 Nota de rodapé número 82 da obra.
12
transferia-se para os que o defendiam em campo, independentemente da cor. E
talvez a gratidão maior fosse pelo mulato ou pelo preto por um senso de justiça que,
lá no fundo, descerrava o véu de um racismo. O torcedor do Fluminense gostava do
preto dele. Tratava-o como branco. Mas chamava de negro o preto do outro clube.
Para ofender. (RODRIGUES FILHO, 2003: 281).
Deste modo, Mario Filho foi capaz de apropriar-se de um fenômeno que estava
ocorrendo na sociedade carioca em meados da década de 1920, com o processo de
popularização do futebol e com a presença de jogadores negros e pobres nos clubes (algo que
até o início da década de 1930 seria amplamente contrariado por partes dos clubes elitistas na
então capital federal). Entretanto, ao retratar os negros, não o faz, conforme discute Haag
(2010) como forma de efetivamente problematizar a questão racial na sociedade brasileira, ao
contrário, romantiza a figura dos atletas negros e afirma, na conclusão da obra “O negro no
futebol brasileiro” em 1947, que a partir do futebol e do caráter único e diferenciado dos
negros e mulatos no jogo de bola acabam por “superar” o racismo na sociedade.
Influenciado pelas reflexões freyreianas, Mario Filho apresenta a presença dos negros
e mulatos a partir de caracterização estreitamente racial e biológica, diferenciando os negros
dos demais por um estilo inerente a sua cor. O livro de Mario Filho daria ênfase à presença
dos atletas negros para a transformação do football em futebol-arte ou em futebol brasileiro.
Se, por um lado, auxiliou na divulgação da ascensão dos negros no futebol, por outro limitou
este mesmo processo, com uma narrativa que reforçava o racismo na sociedade numa
percepção de que as diferenças raciais seriam determinantes para a composição da tessitura
social brasileira.
E é aqui que se constitui mais um argumento no projeto de Brasil miscigenado e
constituinte de uma democracia racial, nos termos de Gilberto Freyre: a defesa de um discurso
de convivência pacífica entre os grupos sociais, definidos por um critério racial ou de classes,
todavia reforçando suas diferenças numa sociedade altamente hierarquizada. Em suma,
embora a proposta fosse incluir os grupos subalternos como elementos constituintes da
sociedade brasileira, isto se fez de tal modo em que, de fato, não se superou7 o racismo e a
desigualdade social e sim justificou-a sob outros modos.
7 Após a derrota na Copa do mundo de 1950, segundo o próprio Mario Filho na edição feita durante a década de
1960 do livro “o Negro no futebol brasileiro”, parte da população carioca voltou-se contra os jogadores negros,
considerados como os grandes culpados pela derrota da seleção. “Mas quase todos se viraram era contra os
pretos do escrete. ‘O culpado foi Bigode!’ ‘O culpado foi Barbosa!’ ‘A verdade é que somos uma sub raça’. Uma
raça de mestiços. Uma raça inferior. ‘Enquanto dependermos do negro vai ser assim’.” (RODRIGUES FILHO,
2003: 290)
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Ainda se discutia a deterioração do mulato, mais do mulato do que do preto, em
clima nórdico. Portanto a preocupação da CBD não era racista: ela acreditava mais
no branco para jogar no frio, embora a época do campeonato do mundo caísse no
verão sueco. A prova do não-racismo está na convocação dos mulatos e pretos que
acabaram jogando e contribuindo, decisivamente, para a vitória brasileira.
(RODRIGUES FILHO, 2003: 323)
Com isso, o futebol que ao longo da década de 1920 apropriado pelas classes
subalternas como forma de resistência ao discurso de elitização desta prática esportiva, foi por
Mario Filho difundido como uma forma de apaziguar no âmbito discurso a contradição, o
conflito de social e de classe, em prol da visão de um Brasil homogeneizado na figura abstrata
do mulato, projeto este inserido ainda como política cultural do governo Vargas
(operacionalizado em concordância com a visão de mundo difundida por intelectuais como
Mario Filho, representantes dos grandes jornais esportivos, clubes e confederação brasileira
de desportos).
Vemos assim a ideologia das classes ou da classe dominante chegar às classes
subalternas, operária e camponesa, por vários canais, através dos quais a classe
dominante constrói a própria influência ideal, a própria capacidade de plasmar as
consciências de toda a coletividade, a própria hegemonia. (GRUPPI, 1978: 68)
E tendo como parâmetro a afirmação gramsciana em relação a Igreja (religião), escola,
educação, serviço militar, manifestação do folclore, cinema e rádio, incluímos aqui o discurso
do futebol-arte como mais um canal de hegemonia da classe dominante, com a apropriação
discursiva da popularização do futebol e sua transmutação como forma de controle e sujeição
das classes subalternas, num processo que teve na figura de Mario Filho um dos seus
principais difusores e precursores, sendo denominado aqui como o intelectual da bola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo de nossas reflexões sobre a construção da visão hegemônica do futebol
brasileiro, difundida por Mario Filho, recorremos ao uso de alguns termos, tais como: natural
e lugar comum. E o fizemos como forma de enfatizar o quão efetiva foi a construção deste
discurso e o quanto ele continua sendo eficaz.
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Mario Filho na condição de intelectual, apropriou-se de um processo que se gestava
pelas classes subalternas, como uma conquista de espaço social frente a uma visão de um
football elitista. Todavia, apropriando-se de um fenômeno social capaz de representar as
tensões sociais, Mario Filho retratou a ascensão dos negros, dos pobres e dos mulatos como
um importante fenômeno, mas sem apontar as contradições sociais presentes na sociedade
brasileira, possuindo ele mesmo uma narrativa ambígua.
Ao valorizar o papel dos negros no futebol e a importância do futebol na sociedade em
geral, Mario Filho construiu uma narrativa que ao invés de potencializar o papel do futebol
como lugar de disputa, auxiliou para homogeneizar uma dada visão sobre a sociedade,
extirpando e anulando possibilidade de uma ampla percepção das contradições sociais, numa
defesa da posição hegemônica das classes dominantes.
Não primamos aqui condenar as reflexões de Mario Filho, ao contrário, elas nos
auxiliam a entender como e com que argumentos a visão de um nacionalismo de chuteiras foi
gestado. Entretanto, nossa maior preocupação consiste na reprodução acrítica deste discurso,
da hipervalorização da figura de Mario Filho, como o “criador das multidões” e como
defensor dos negros e classes subalternas. Mario Filho desempenhou um papel de suma
importância, mas como intelectual que organizou uma dada visão sobre o futebol, criando
consensos e coesão num processo que fortaleceu o projeto da classe dominante e dos
governos da época.
Além disso, reforçamos a necessidade de analisar os discursos sobre o futebol posto
que na atualidade este esporte ainda tem sido amplamente vinculado à visão difundida por
Mario Filho que tanto ao exaltá-lo quanto ao criticá-lo, ele é visto, em grande medida,
somente a partir deste discurso hegemônico que o coloca como um meio de controle
ideológico e não como um objeto cultural em disputa.
Se faz necessário, portanto, romper com a narrativa de observar o futebol apenas como
o futebol-arte símbolo da brasilidade e sim, problematizar esse processo e analisar a
historicidade do futebol para além dos grandes jornalistas, das crônicas, das canções e das
propagandas políticas. Rompendo então com a visão unilateral, a partir de um único discurso,
sobre a prática do futebol e percebendo a grande capacidade que o futebol tem em refletir
questões sociais, políticas e econômicas, e ainda o papel deste esporte (e em maior escala, da
cultura) em criar novos enredos e formas para as relações em sociedade, até mesmo porque
como diz DaMatta (2006: 67): “a bola corre mais que os homens...”.
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