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eBooksBrasil O Juízo Final John Dekowes Versão para eBook eBooksBrasil.com Fonte digital: Documento do Autor Copyright: © 2000 John Dekowes [email protected] John Dekowes O JUÍZO FINAL SAGA INTERPLANETÁRIA/2

O Juízo Final

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O Juízo FinalJohn Dekowes“Um aventureiro de coração ruiminvadirá um planeta de seus semelhantes,e haverá sangue e ranger de dentes...E o choro de uma criançafar-se-á ouvir pelo cosmo,e uma legião de seres celestiaisouvirão as suas preces,e despertará a ira do Senhor dos Exércitos...”

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O Juízo Final John Dekowes

Versão para eBook eBooksBrasil.com

Fonte digital: Documento do Autor

Copyright: © 2000 John Dekowes

[email protected]

John Dekowes

O JUÍZO FINAL SAGA INTERPLANETÁRIA/2

2000 AD

ÍNDICE Prólogo Capítulo 1 Como diz a Lenda... Capítulo 2 Retrospectiva Terra 2.963 AD Capítulo 3 O Sinal Capítulo 4 O Inominável Capítulo 5 Dogma Capítulo 6 Limpeza étnica Capítulo 7 Planeta Sûdhynn Capítulo 8 A vigília Capítulo 9 Capítulo 10 CONSTELAÇÃO DE ARHYONTE SISTEMA ICXXY PLANETA UTHOR Capítulo 11 Terra Capítulo 12 SHEE-LA-DHON Capítulo 13 “Nada existe sem a Sua presença!“ Capítulo 14 Vega Capítulo 15 Capítulo 16 O Embaixador Capítulo 17 Reencontro Capítulo 18

AHRNACH! Capítulo 19 O Fim Capítulo 20 Final Capítulo 21 Epílogo Sobre o Autor Notas

Para meus filhos

Pablo e Tatiana. Companheiros de viagem.

Para Tiago e Josie

Viajantes estelares.

...e o Sol desloca-se no espaço com a velocidade de 30 km por segundo, levando todo o Sistema Solar em direção da Estrela Vega, da Constelação de Hércules,distante 26 anos luz da Terra...

“Haverá um dia em que você terá que se decidir... ”

PRÓLOGO Diz uma antiga lenda que...

“Um aventureiro de coração ruim invadirá um planeta de seus semelhantes,

e haverá sangue e ranger de dentes... E o choro de uma criança far-se-á ouvir pelo cosmo,

e uma legião de seres celestiais ouvirão as suas preces,

e despertará a ira do Senhor dos Exércitos...”

Situada a milhões de anos luz, num vortex que crescia vertiginosamente engolindo quase que por completo o firmamento, aquela nave era uma poeira perdida naquele oceano de luz. Dentro daquela massa viva e pulsante, refletia em sua fuselagem as imagens do que seria o seu derradeiro fim. A Oficial Öl-gha-M da Tropa Especial de Vega, Comandante da Nave de Arremesso – Classe Triark – mantinha-se fria em seu posto de comando. Fôra pêga de surpresa por aquele evento ao contornar o planeta Odhon, para fechar a rota de um fugitivo. Mas não tinha com o que se preocupar. As naves Classe Triark eram as mais velozes, poderosas e sofisticadas da Frota Especial de Vega. Carregavam um arsenal capaz de acabar com um sistema planetário em poucos minutos. Geralmente ficavam estacionadas estrategicamente no subespaço, em rotas de fugas, perto das fronteiras siderais e precipícios espaciais. A nave da Oficial Öl-gha-M pertencia ao grupo RIVM-Série 2309yhg35/Irk93/Busca e Apreensão. O suboficial avisou que o evento crescia de forma assustadora, e a nave que estavam perseguindo, provavelmente já teria sido engolida para dentro do próprio inferno ou talvez tivesse conseguido se safar, se escondendo no Planeta Odhon. Mas como o rei Lighos declarara guerra a Vega, não podia se expor, evitaria um confronto. Ordenou ao oficial de navegação uma retirada evasiva com todos os motores, aproveitando a própria energia trativa do Vortex, como força de impulso. E aconteceu uma coisa estranha. Apesar de todo o poder que possuía, de repente, viu sua nave ir se desintegrando, soltando peça por

peça, se despregando, se desmaterializando. Ordenou que neutralizassem a perda da força. E foi um alvorôço. No espaço aquele tipo de energia era bastante imprevisível. Ainda mais quando em se tratando de pura força energética gerada por um processo de Síncope

Temporal 1. Os processadores da nave pesquisam em frações

infinitesimais todos os tipos de atividades de energia existentes e buscam a defesa ideal para a nave. Mas quando se tratava desse fenômeno, todos os equipamentos ficavam completamente fora de controle, havendo uma espécie de black-out nas defesas, e em todos os níveis e potências, então era acionado o sistema de autodestruição, já que o sistema de segurança considerava que a nave estava fora dos padrões estabelecidos, e sendo invadida por elementos estranhos. E quando isso ocorria não existia mais solução, e a evacuação tornava-se eminente em até 5 minutos. Mas nesse ínterim, a nave ia sofrendo transformações físicas. Impossibilitando qualquer tipo de fuga organizada. Portas e paredes que num momento estavam ali, na outra não existiam mais, contudo permaneciam sólidas e invisíveis. Às vezes abriam-se buracos que engoliam toda a tripulação, e se fechavam de imediato. E assim ia até atingir o espaço/tempo determinado para a aniquilação total. A comandante Öl-gha-M tinha plena consciência do que estava acontecendo, como também sabia que se houvesse uma chance de escapar, deveria agir rápida. Ordenou um salto tridimensional com a metade dos motores, antes que tudo se transformasse numa tragédia. Ao concentrar energia para a fuga, acabaram criando um campo neutro polarizado de antimatéria. E a nave ficou estanque num bolsão de vácuo. Por mais que tentassem, não conseguiam escapar. E a oficial viu a sua nave e toda a tripulação ir sendo levada para dentro daquele buraco infernal. Sentia uma sensação inusitada. Sua mente conturbada buscava lembranças no passado... E as imagens começaram a ficar distorcidas, e depois um imenso vazio dominou. E não viu mais nada.

CAPITULO 1

Como diz a Lenda...

Kelschxer, pertencente à terceira tribo do povo das Dunas de Hyammandy, ainda criança, achou uma pedra que emitia raios intermitentes e de muita energia; escondeu-a e nunca mostrou para ninguém, mas durante toda a sua infância sempre teve visões aterradoras, quase reais de mundos completamente destruídos, universos devastados, milhões de vidas sendo dizimadas por causa daquela pedra que guardava com temor que alguém viesse a descobri-la. E acordava de manhã com medo de abrir os olhos e ver que tudo realmente acontecera. O interessante é que todos os seus desejos de infância foram sempre atendidos. Mas depois de um certo tempo, quando se tornara adulto, toda vez que segurava aquela pedra sentia uma espécie de formigamento pelo corpo, e que suas forças também se exauriam quando eventualmente a tocava. Então, pegou uma vara, enrolou fios com as três cores representativas dos clãs, e na ponta pendente, amarrada com outro fio, a estranha pedra que brilhava toda vez que qualquer coisa viva se aproximava dela. Ainda tinha que perguntar ao feiticeiro Grykl que poder era aquele que emanava daquela pedra. Mas, uma força desconhecida estava tentando dominar a sua mente e, aos poucos, ia se sentindo de uma forma muito estranha. Tudo ao seu redor estava adquirindo contornos diferentes: seu planeta, as estrelas, a atmosfera, até a sua doce Layhana, a filha do serralheiro Othsü-Ghuâar. Numa noite começou a passar mal. Chamou Layhana para perto de si, e os seus dois amigos de infância O-Nãhy-Chul e Hõl-Bhap-K. O feiticeiro não saía de perto dele, assim como também chefes de tribos locais. Kelschxer sentia tonteiras; vozes em línguas estranhas povoavam a sua mente. Visões de seres descomunais surgiam a sua frente. Cada vez mais se sentia menos dono de suas ações, seu corpo não mais o obedecia. E todos aqueles pesadelos de infância estavam voltando com mais intensidade, só que agora eram reais. Seus olhos pareciam querer soltar de órbita, emitiam faíscas prateadas, sua cabeça doía cada vez mais, parecia em chamas. Seu corpo estava sendo todo desmembrado. Queimava, pulsava. Não compreendia essa sensação,

esse sentimento de dor e desatino. Estava muito febril, senil.

* * *

Kelschxer aos poucos foi sendo absorvido e moldado pelas energias sutis que partiam do Cristal Thribäry. O seu lado mal foi aflorando lentamente, e tempos depois, aquela criatura serena, tranqüila que todos adoravam, se transformou num monstro sedento de poder. As tribos do centro oeste, que viviam constantemente em guerrilhas com os Clãs de Hyammandy, viram nele um líder para guiá-los nas batalhas. E transformaram Kelschxer no chefe supremo. E iniciaram uma onda de pavor e destruição por todo o planeta, aprisionando as tribos pacíficas do lago Shibumiy, inclusive todo o vilarejo onde morava Layhana.

* * *

Dentre os sistemas que não quiseram permanecer negociando com Vega, o Planeta Odhon da Constelação de Trodus foi o mais radical, fez uma limpeza étnica completa. Começou eliminando, expulsando, até alijando de entre o seu povo, todos aqueles que permaneciam utilizando quaisquer tipos de bens de consumo ou linguajar do antigo Império. Apesar de ser um planeta em plena prosperidade, o rei Lighos comandava com mãos de ferro, e numa ousada e estratégica tirania de causar espanto até nos seus mais fiéis servidores. Não gostava de Vega, nem do comandante Höllumõr, nem da Dinastia Tharons. Por muito pouco ainda não havia entrado em conflito com a O.N.F.I. – Organização das Nações Federativas Intergalácticas. Só estava esperando uma oportunidade. E esta surgiu quando Öl-gha-M foi feita prisioneira, após uma luta desigual contra um ofídio biomutante no terrível deserto de X’iagh. E para vingar a morte dos soldados que foram engolidos vivos pela serpente, considerou a oficial espiã e como tal, deveria mandar executá-la sumariamente, mas antes, seus embaixadores foram enviados para Vega levando a noticia assim como os termos e condições para entregá-la com vida. Jogava uma cartada, pois pretendia fazer uma aliança com os rebeldes, se unir ao tal de Kelschxer, fortalecer seu exército e iniciar uma guerrilha contra Vega.

* * *

O Tirano de Odhon ao perceber o que estava acontecendo fora dos

limites do seu reino ficou preocupado. Seus espiões falavam do fortalecimento das tribos sob a liderança de Kelschxer que avançavam cada vez mais para a sua fronteira. O rei Lighos resolveu antecipar uma derrota oferecendo uma aliança. Só que Kelschxer sob o poder do Cristal já sabia da estratégia do rei e ofereceu-lhe a rendição. Nem precisou lutar. Conhecia o tirano de Odhon, o rei Lighos; um ser cruel, bajulador, frio e covarde. Unir-se a ele não seria vantajoso, pois não pretendia dividir as tropas, o comando, o reino. Tinha outros planos em mente. Enquanto o rei Lighos só tinha como meta invadir Vega, ele pensava em dominar o Universo. E sua estratégia era justamente deixar Vega e todos os aliados por último. No momento não pretendia entrar em conflito direto com a Federação. O planeta Odhon era insignificante, e não houve como o rei recuar quando se viu cercado por milhares de guerreiros, até aonde a sua vista podia alcançar. E, em pouco tempo, toda uma horda de ladrões, assassinos, mercenários, e toda sorte de bandidos chegavam ao planeta de Odhon, em busca de oportunidades e serviços fáceis. Kelschxer mandou jogar o rei Lighos na masmorra, e se dominou o Imperador de Odhon. Libertou a Oficial Öl-gha-M, e o que restou da sua tripulação, que também ficara prisioneira. Colocou todos em uma nave e os enviou de volta para Vega. Precisava de mais poder. MUITO PODER! E uma noite, depois de um ataque triunfante ao pequeno Sistema de Shauram de onde saiu, deixando um rastro de sangue, saques e muita destruição, e ainda embriagado pela vitória e pela bebida, ressonava no seu trono, quando escutou uma voz profunda chamando pelo seu nome. Ergueu-se de olhos estatelados, e hipnotizado, foi levado, cambaleante, por mãos invisíveis através de labirintos e penhascos, abaixo do castelo. Atravessou pontes naturais em abismos sem fim, penetrou por grutas úmidas, caminhou entre bichos peçonhentos, animais da escuridão, cada vez que descia mais para as profundezas, seres colossais iam surgindo, mas se afastando para deixa-lo passar. E a voz foi ficando mais poderosa, quando se aproximava de uma gruta. Entrou. Lá, mecanicamente, tirou o Cristal Thribäry de um bornal e depositou-o em cima de um altar. Tão logo isso aconteceu, uma luz foi surgindo do cristal e começou a soltar faíscas de fogo, depois surgiu uma bola de energia viva, intensa, e no meio um cubo luminoso, e dentro, uma pirâmide resplandecente. E tudo foi girando sobre si mesmo cada vez mais veloz e se avolumando até explodir num brilho de mil sóis. Com a explosão que estremeceu tudo ao redor, abriu-se um

portal para o mundo místico, liberando uma força cósmica fenomenal.

E o Círculo Hétrico foi aberto, libertando a Deusa Shee-la-dhon 2 e os

Tygons Negros. O poder tão almejado por Kelschxer era muito maior do que ele supunha. Ele havia liberado a divindade da destruição, a força maior do mal, e junto com ela, seus fiéis mensageiros da morte. Ele nem percebeu a tragédia e o terror que se aproximava.

Quando aquela bandeira púrpura, tendo ao centro um círculo preto em degradê, e dentro uma figura em tom amarelo, representando as asas mortíferas do Gryphõn e as garras assassinas da águia de

Pandyroh 3, dominando um Divisor, pôs-se a tremular na torre mais

alta do castelo do rei Lighos, até o mais sanguinário dos assassinos das tropas de Kelschxer sentiu um medo terrível, e uma vontade louca de fugir daquele planeta. Conhecera aquele símbolo ha muito tempo, quando trabalhava para os feiticeiros dos mundos internos, no planeta Thxucum; adoradores de uma deusa impiedosa, aprisionada num círculo mágico. E diziam que um dia ela voltaria novamente, e restauraria o seu reino sobre todas as forças do universo. Quando esse dia chegasse, ele veria tremulando no mastro mais alto a bandeira dos

Tygons Negros, seus mensageiros da morte, os Shuyirañtýgn 4! E tinha

a mais pura convicção de que a profecia dos feiticeiros já estava se cumprindo...Que os deuses tivessem piedade, e não deixassem em sofrimento, aqueles que iriam morrer da forma mais cruel imaginada!

* * *

A primeira providência tomada pelo feiticeiro Zhor, seguindo a orientação da Deusa Shee-la-dhon, foi enviar Kelschxer para uma missão sagrada para os confins do universo. Uma missão muito importante de reconhecimento, numa região ainda inexplorada. Era um trabalho estratégico para a expansão dos domínios da deusa e se fundamentalizar a sua religião. Era necessário que partisse imediatamente, pois uma grande batalha o esperava para alem das fronteiras do desconhecido, e Shee-la-dhon, tinha plena confiança que ele saberia executá-la muito bem, como fizera até o presente momento. Após a partida de Kelschxer na missão supostamente sagrada, com todo o seu exército para a região mais vazia e longínqua do cosmo, denominada de Caldeirão de Arkesh, Zhor reuniu o príncipe Hödlâvy e os Tygons Negros. — A Deusa Shee-la-dhon tem uma missão muito importante para vocês! — Vamos partir para o outro lado do universo? – ironizou Hödlâvy, que achava um desperdício a viagem de Kelschxer. — NÃO, MEU SENHOR! – disse Zhor energicamente. – Não ouse questionar os desejos de vossa divindade! Aquele ser é uma peça fundamental para a deusa. No momento exato, ele será a chave para o sucesso! A Deusa não pode fazer nada contra aquele que nos libertou! — Porquê não? Mandei alguns dos meus espiões e assassinos junto com as tropas dele... Aguardam apenas uma ordem minha para executá-lo! – confessou a comandante Àinosh. — Se algo acontecer a Kelschxer, será o seu fim, sua infiel! A deusa Shee-la-dhon precisa dele vivo! A missão de vocês é espalhar o terror, a violência... e buscar a vingança!!! Os Shuyirañtýgn irão dominar o universo em nome de Shee-la-dhon. VIVA SHEE-LA-DHON! – gritou Zhor. —VIVA SHEE-LA-DHON! – repetiram todos em uníssono.

CAPITULO 2

RETROSPECTIVA TERRA

2.963 AD

O sistema político, social e econômico adotado nos últimos 500 anos, acabara com a miséria, com a pobreza e os desníveis sociais. Após várias lutas internas, guerras mundiais, onde morreram mais de 117.234.896 milhões de pessoas, os povos se reuniram numa grande assembléia, e foi criado o Estado Mundial Uno; cujos objetivos eram: manter a paz, defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais, promover o desenvolvimento da comunidade e valorização da vida, e do bem-estar comum da pessoa. Desta assembléia foi deliberado que a partir daquele momento em diante, deixariam de existir as classes sociais, tal como eram concebidas. Todas as fortunas que já não eram muitas, devidos aos gastos de guerra, foram disponibilizadas no Banco Mundial Uno – Único órgão e comitê gestor econômico em todo o mundo. E cada um recebeu o seu quinhão para fazer a sua parte na sociedade. E assim, todos os que nasceram depois daquela data, voltaram a receber a sua placa de

identificação, através do plasma germinativo 5, Dessa maneira se

evitavam fraudes e falsificações de quaisquer espécies. E o Banco Mundial Uno investia todo o dinheiro em saúde, ciência, educação e tecnologia, sendo tudo controlado por um grupo escolhido pelo povo, e que diariamente prestava contas do que havia sido feito, através dos Écrans espalhados por todo o mundo. Os cargos eram mensais. E se um grupo não correspondia a altura, em suas responsabilidades e metas, seus nomes eram excluídos para sempre da lista de honras, e não mais representavam o povo no Banco Mundial Uno. Por isso, todos se

esmeravam ao máximo durante seus mandatos.

* * *

Imensos e altíssimos edifícios vítreos se arrojavam para os céus, e se escondiam entre as nuvens. Em seus interiores viviam e trabalhavam mais de 600 mil pessoas. Na parte superior, ficavam os restaurantes e pontos turísticos, na parte central, se localizavam os escritórios, e de uns 500 metros para baixo, se fixavam as residências, playgrounds, áreas de recreações, garagens e pontos de aerobus que despejavam passageiros continuamente; alem dos ascensores aéreos que se ligavam a outras torres-cidades e se perdiam nas profundezas da terra, onde residiam também outra parte da população. Onde outrora existiam casa, vilas, cidades, agora haviam parques, lagos e imensos jardins floridos. E por todos os lados, sensores térmicos e radares, estabeleciam o limite máximo de segurança que se podiam chegar de aeromóveis ou aeronetas. Os infratores que violassem esses perímetros tinham seus veículos apreendidos, e passavam um bom tempo numa Colônia Dissocial. Os estacionamentos comunitários ficavam nos subsolos, e de lá partiam sempre aerobus para todas as partes do mundo.

* * *

Com os sérios problemas de moradias surgidos em 2.645 com a superpopulação mundial, o Estado Mundial Uno através dos investimentos do Banco Mundial Uno, construiu três cidades submarinas: Acquarys, Almare e Cetácea. A primeira cidade marítima foi Acquarys. Não ia até o fundo do oceano. Era fixada ao leito profundo através de cabos energéticos e raios de luz fixantes, uma espécie de raio trator que impedia qualquer movimento da cidade sob as águas, mesmo com o impacto das correntes marinhas. Possuía uma população de 440 mil habitantes entre trabalhadores e residentes. A segunda Almare; a sua construção já atingiu o solo do oceano e recebeu outro tipo de tratamento em sua estrutura. Foi fixada sobre uma plataforma tubular móvel, que interagia de acordo com a movimentação das ondas e dos efeitos do chão marinho, contudo, permanecia fixa no lugar. Viviam e trabalhavam nela 660 mil pessoas. A terceira, Cetácea – a maior e mais importante de todas. Uma cidade construída há seis mil metros de profundidade,

mas que também se elevava a 830 metros acima do nível do mar, como um imenso farol. O resto ficava sob as águas do oceano, envolvido por

uma imensa cúpula luminosa de AçoVítreoVexlon 6, que contornava

toda a base numa extensão de quase 143,86 quilômetros de circunferência. A claridade intensa que iluminava o interior da cidade, vinha do próprio metalóide vítreo que absorvia a luminescência de polarização da água. Para a construção da cidade, foram utilizados os instrumentos mais avançados e sofisticados da época, unidos a uma apurada tecnologia cientifica. O complexo todo abrigava 2,6 milhões de pessoas, sendo que na parte acima do mar, residiam 750 mil. Cetácea ficava no Oceano Atlântico Sul. Acquarys e Almare no Oceano Pacífico. As três cidades levaram 85 anos para serem construídas, e mais 10 anos para se tornarem habitáveis.

* * *

Todas as crianças ao nascerem ficavam no “Berçário Virtual” enquanto seus pais trabalhavam. À noite as mães podiam ver seus filhos, até tocá-los através de sistemas holográficos tridimensionais, chamados de “Holotri”. Mas geralmente, as crianças iam sempre para casa nos finais de semana. O Banco Mundial Uno junto ao Setor de educação liberava o capital reservado a cada criança quando ela chegava aos 12 anos, e investia na sua qualidade profissional. Ficou instituído que cada indivíduo seria ajudado pelo Banco Mundial Uno em três etapas: A) Fase de Preparação: Ao nascer até os 12 anos de idade, B) Fase de Qualificação: dos 13 aos 21 anos, C) Fase Adulta: quando cada indivíduo já estava completamente preparado, recebia outra verba para investir na profissão que havia escolhido. Todas as verbas eram de igual valor, tanto para homens quanto para mulheres.

* * *

Para se acessar valores e informações, todo indivíduo a partir dos 12 anos possuía plenos direitos de cidadania, e bastava apenas espalmar a mão no ar, que surgia um teclado virtual multicolorido ao seu alcance. Então, falava o seu código pessoal, e aparecia uma tela tridimensional. Em seguida uma luz de segurança renderizava todo o corpo, comprovando o código de acesso com o plasma germinativo. Depois uma figura feminina toda sorridente, simbolizando a GeoNet, dava as

boas vindas; e sempre amável e solícita, fazia todas as operações necessárias. E as informações iam surgindo a sua frente como um passe de mágica, e devido às normas de segurança pessoal, a decodificação era exclusiva. Nenhuma outra pessoa, mesma que próxima, conseguia ler ou participar do texto. Os canais da GeoNet eram confidenciais e restritos. Somente com um código de acesso interpessoal, é que se podia abrir as informações para todos, instantaneamente, mas geralmente, o Banco Mundial Uno restringia esse canal, pois achava que cada um devia manter o seu direito reservado, e as informações em geral, estavam abertas a todos em suas linhas de acesso.

* * *

Uma regra importante: o Banco Mundial Uno, através de todos os associados, dava a oportunidade e a chance para que cada indivíduo pudesse construir a sua responsabilidade, ter livre arbítrio e sucesso na profissão. E todos aqueles que não conseguiam alcançar as metas estabelecidas, dentro de determinado prazo, eram levados para um tratamento chamado “Ortobiogênesis”, onde eram estudados e analisados seus procedimentos psicastênicos. Uma espécie de reciclagem, onde eram reestudados passo-a-passo todo o desenvolvimento de cada um, buscando o ponto aonde acontecera o desvio de formação profissional. O importante disso tudo, eram as oportunidades levadas à exaustão para que cada indivíduo pudesse ser absoluto no seu modo de viver. E aqueles que por ventura não chegavam a lugar nenhum, após todas as chances, eram encaminhados para a Colônia Dissocial, onde se aventuravam em outras profissões e funções variadas. E, se após passar um determinado tempo na Colônia Dissocial, alguém chegasse a uma conclusão, quanto a profissão escolhida, o Banco Mundial Uno fazia uma pequena avaliação, e restabelecia o crédito imediatamente, dando-lhe todas as oportunidades merecidas. Sem discriminação, sem preconceito, sem nenhuma imposição ou restrições. Tudo lhe pertencia por direito adquirido.

* * *

O Terceiro Milênio foi caracterizado pelas civilizações do futuro como a chave que abriu as portas para as grandes evoluções cientificas,

e os grandes descobrimentos na medicina. Não que não houvessem acontecido descobertas importantes e significativas, mas essa volta ao passado, em buscas de coisas esquecidas, perdidas no tempo, os deixavam cada vez mais curiosos. A falta de tato e do entendimento universal, a ignorância pelo desconhecido, a selvageria, a agressividade tão peculiar da raça humana, eram características próprias de uma civilização que apesar de descobrirem – sempre da maneira mais cruel e dolorosa – que não eram as únicas criaturas do universo, alem de mal conhecerem sua própria Galáxia, consideravam-se arrogantemente muito superiores. E um grupo de cientistas, subsidiados pelo Banco Mundial Uno, passou um longo período pesquisando, catalogando e preparando documentos para serem apresentados ao mundo, sobre as evoluções dos últimos milênios, através da GeoNet. Destas pesquisas, descobriram novas maneiras para se utilizar o “Estéreoruptormneumônico”, denominado mais tarde de “Etrônico”. A medicina passou a aplicá-lo em pessoas acidentadas e que tiveram seus cérebros lesados. Com os novos processamentos da energia cótrica nos diversos setores da comunidade cientifica, o Etrônico se tornou um instrumento importante, pois trabalhar com o cérebro humano continuava sendo uma tarefa muito delicada. Enquanto o Etrônico fazia uma cópia virtual do cérebro e do sistema nervoso do paciente, através dos arquivos guardados na GeoNet, o cérebro original lesado era transportado para um receptáculo vitrificado, cheio de um liquido esverdeado, onde os médicos reconstituíam as partes afetadas através de minuciosa operação. Terminado os trabalhos o Etrônico era colocado na cabeça do paciente, após o cérebro, e se iniciava o tratamento de recuperação mnemônico, por áreas de associação, até se completar todo o trabalho. Com o Etrônico também ficou mais fácil de se conhecer em maiores detalhes todo o labirinto do cérebro, inclusive analisar, pesquisar, consertar e até alterar as mentes criminosas. Quando se colocava o aparelho em alguma pessoa com a finalidade de estudos, ele envolvia por completo a cabeça e, nas telas virtuais surgiam formas detalhadas do interior da caixa craniana: músculos, sistema linfático, o cérebro, o sistema nervoso. E a medida em que ia se aprofundando várias telas iam sendo organizadas de tal modo, que se tinha uma visão fantástica de tudo funcionando: os sinais nervosos transmitidos através dos axônios sob forma de impulsos elétricos descontínuos, que terminavam

na sinapse; que por sua vez faziam contatos com os dentritos ou corpos celulares ou outros neurônios... – Para os cientistas a sinapse possuía o poder da descarga de um raio! – Tronco encefálico e cerebelo, prosencéfalo, centros superiores, sistemas nervosos periféricos. Enquanto o Etrônico continuava mostrando nas telas cada vez mais minúcias do cérebro, o computador central interpretava tudo em desenhos anatômicos, e ia colocando os nomes já conhecidos de cada parte do cérebro, para ser arquivado na biblioteca central. Muitas partes ainda permaneciam com interrogação. O Etrônico estava acessando a partes profundas e desconhecidas, e o computador mesmo qualificava e expedia relatório de observação. Imagens dispersas, lembranças, rostos infantis, sons, ruídos, gritos, choros, risos, paisagens, viagens, tudo o que se passava dentro do cérebro do paciente era visto nas telas.

O Etrônico também foi utilizado pelo Serviço Social 7 para se

acabar com grande parte da criminalidade. Após julgamento, dado o veredicto, e comprovadamente elemento culpado, o indivíduo era submetido a uma pequena operação, onde tinha alterado o seu sistema límbico, baseado em estudos ortobiogênicos. Depois era removido para uma Colônia Dissocial, onde era reciclado.

* * *

Todos os tipos de doenças mentais foram, com o tempo, sendo eliminadas. Qualquer deformação genética era tratada ainda no feto; e quando no Berçário Virtual, os bebês continuavam o tratamento clínico, finalizando sempre, com pleno êxito, após um banho de energia cótrica. Toda gestante tinha um cuidado muito especial, e era acompanhada por enfermeiras virtuais, que recebiam a cada instante em seus monitores, através da GeoNet todas as informações referentes ao estado psico-biológicos da mãe e do bebê. Em qualquer situação de emergência, uma espécie de raio neutralizava as funções vitais de ambos e, em questão de segundos chegava o socorro. O Banco Mundial Uno possuía também uma atenção toda especial para com os idosos.

* * *

Terceira Luz. Eram assim denominados todos aqueles que

alcançavam idades superiores há 120 anos. E cada um possuía a sua qualificação dentro da sociedade, baseado em seu grau de sabedoria e experiência de vida. Dando apoio e auxiliando aos mais jovens no desenvolvimento cultural e científico.

* * *

Após a reconstrução da plataforma espacial destruída em 2.156 por sabotagens, segundo fontes militares, as pesquisas e vôos espaciais ficaram muito mais fáceis. E foi dado um passo bastante significativo para a colonização de Marte e do lado escuro da Lua, onde acharam grandes fontes de água subterrâneas, e cascatas exuberantes, com rios percorrendo quilômetros e mais quilômetros para as profundezas lunares. Descobriram também, para espanto dos cientistas, que em certas cavernas subterrâneas da lua, existiam bolsões de ar. E que apesar de um pouco denso, era possível respirar. E foi nesses lugares que se montaram suas bases de pesquisas, iniciaram a construção das colônias, e partiram para investigação dos planetas Fors e Fortuna. E, exatamente no ano de 2.369 d.C – 30 anos depois – chegaram a conclusão que ambos tinham composições idênticas. Possuíam montanhas ricas em minério de ferro, o que afetava o campo magnético e a força da gravidade nas suas proximidades. Eles puderam ter a certeza do fato, depois que estudaram as rotações, e observaram que a cada período de 8 anos, mostravam partes laterais que visivelmente pareciam se encaixar, dando a entender que pertenciam a um mesmo bloco de massa cósmica, e que foram atirados ao espaço devido a uma grande explosão termonuclear. Fortuna era maior do que Fors. Um segundo grupo de cientistas, pesquisadores e exploradores já se aventuravam na construção de outra plataforma espacial próximo ao planeta Saturno.

* * *

O grande salto para a medicina, contudo, foi a revelação do remédio Vithalon em 2.485. Através da GeoNet, ele surgiu como uma bomba para as grandes indústrias farmacêuticas e laboratórios, que faturavam fortunas administrando a doença dos povos. Praticamente, por imposição destas mesmas industrias, que investiam muito dinheiro em pesquisa de novos medicamentos, para a cura de alguns tipos de moléstias – mas sempre buscando a alternativa de uma receita

financeira em cima dos efeitos colaterais – muitos setores do campo da bioquímica tiveram um retrocesso. Mas, além do Vithalon criar uma nova realidade científica para o mundo e esperanças para a população, as pesquisas revelavam mais: Erradicação total das doenças e o fim da degeneração celular. Apesar dos muitos avanços científicos, a sobrevida do homem chegou até aos 120 anos. Limite máximo de resistência para o seu organismo, mas com o Vithalon, ministrado a partir dos 20 anos de idade, segundo dados científicos a taxa de vida cresceu para mais de 200 anos, aproximadamente! Através da GeoNet obtinham-se todas as informações sobre o Vithalon. Eram páginas e mais páginas discorrendo sobre as benesses do remédio e, em duas versões: 1) Um texto completamente técnico, em linguagem que somente cientistas acostumados às leis que regem o comportamento dos átomos e moléculas poderiam entender, juntamente com muitas fórmulas de bioquímicas e 2) Texto simples, para que os leigos pudessem acessar, compreender, assimilar e participar da importância de tal descoberta. Em síntese, o segundo texto discorria sempre contando com o aval das entidades máximas que se viam na contingência de expor minuciosamente, de forma clara e explícita, a informação à pessoa. Assim como também, achavam importante a descrição detalhada de todos os aspectos, objetivos e conseqüências futuras do remédio Vithalon na comunidade cientifica, e no povo em geral. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO a serviço da comunidade, da valorização da vida e do bem-estar comum da pessoa, ao se aprofundarem nas questões científicas, não se deixou levar pelo conservadorismo acadêmico, nem pelo radicalismo negativo que permeia qualquer avanço biogenético, buscaram soluções viáveis e medidas honestas para que todos pudessem participar desta importante descoberta e esclarecem: O Vithalon é um produto com estrutura bioquímica, que partindo da quantidade mínima da dosagem, vai neutralizando as modificações viróticas e desenvolvendo células de memórias e glóbulos brancos,

com estrutura sintética molecular. O Vithalon estabelece uma nova mentalidade com bases científicas sobre fatores eugênicos, assim como a sua utilização em viagens espaciais. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem que através da GeoNet, e canais de acesso pessoal, farão rígido controle deste medicamento, para que cada pessoa possa ter o direito a sua dose e comunicam: O Vithalon deverá ser ingerido semestralmente, e cada comprimido conterá em sua fórmula básica, apenas 1% do elemento principal ativo, e os demais componentes bioquímicos secundários. As doses ideais deverão ser administradas a partir dos 20 anos de idade, essencialmente, por um período máximo de 20 anos, que totalizará 40 doses, com aplicações de 6 em 6 meses. Cada ano, cada pessoa deverá ingerir 02 (DOIS) comprimidos com 2% de Vithalon. O período de 20 anos na dosagem é crucial, porque é exatamente dos 20 aos 40 anos, que o corpo inicia a fase de amadurecimento biológico. Esse estudo é baseado no Sistema Sheldon, no qual através de análise factorial e mensuração puramente quantitativa do físico humano, a pessoa sofre todas as transformações possíveis da constituição do corpo até os 20 anos. O Vithalon será indicado nas idades: a) 20 – 40 anos b) 30 – 50 anos (*) (*) A idade de 30 anos está na intermediária (20/40 anos). Não será recomendado o remédio após a idade dos 40 anos. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: Para cada indicação médica o Vithalon terá o tratamento adequado, portanto, ao ser administrado a uma pessoa, os objetivos serão claros e conclusivos, não sendo permitido variação apôs iniciado. Por isso, cada pessoa terá o seu histórico médico analisado antecipadamente, via GeoNet.

Cada dosagem do Vithalon passa a defender o organismo de substâncias tóxicas, protegendo a estrutura celular e fortalecendo cada vez mais contra microorganismos patogênicos.. Havia uma preocupação do Estado Mundial Uno de estar presente em todos os desenvolvimentos do mundo. Através da GeoNet, Cada pessoa tinha o direito de saber de tudo o que estava acontecendo, e das melhorias para a sua vida e bem-estar comum. E continuava. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: O Vithalon em sua estrutura bioquímica engloba agente importante que purifica em todos os planos, organismo afetado, drenando a moléstia para níveis abaixo do crítico, até a sua completa exclusão do corpo, através dos suores, fezes, urina; e quando aplicado no tratamento de alguma doença em avançado estagio de evolução, a mesma poderá se tornar estacionária em todos os seus aspectos congênitos, dando chance de uma sobrevida maior ao doente. A importância do Vithalon está na sua característica mudança de forma. Ele cria suas próprias defesas cada vez mais fortes, no combate aos germes do organismo. Na medida em que as doses vão sendo aumentadas, vai adquirindo mais resistência aos germes, e eliminando-os, não deixando, com isso, criar raças resistentes. O Vithalon é o que os cientistas denominam de bactericida iostático; por causar a morte dos germes patogênicos e inibir o crescimento dos germes que são destruídos pelos anticorpos. O trabalho do Vithalon contra as bactérias e vírus é auxiliado pelos mecanismos de defesa do organismo, como a fagocitose e a produção de anticorpos. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: Devido às condições bioquímicas do Vithalon, e para se evitar que haja, em alguns casos, uma forte rejeição ou efeito colateral em pacientes que estejam utilizando outros remédios, sugere que seja ingerido, de acordo com as autoridades médicas, ½ do Vithalon em

espaços de 3 em 3 meses, perfazendo 12 meses, o que equivale 01 comprimido, ou de 04 em 04 meses no período de 16 meses, dependendo das condições biofisiológicas do paciente. a) Em pessoas doentes, as doses do Vithalon deverão ser diminuídas em até ¼ de comprimido, para que o metabolismo do paciente se adapte as modificações e reações bioquímicas aparentes. b) Esse procedimento, será acompanhado por biomédicos até o final dos remédios convencionais receitados anteriormente. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO advertem: Quando o corpo da pessoa estiver ainda impregnado de outras drogas ou substâncias químicas, ao se administrar o Vithalon, deve-se analisar imediatamente o quadro clínico de cada paciente, até o momento em que o remédio começar a interagir sozinho no organismo. É importante não inibir ou interromper o tratamento anterior. Através da GeoNet, será exercido um controle severo para que a segurança pessoal de cada um seja respeitada, e será regra básica e orientação fundamental e essencial para todos os biomédicos e cientistas. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO acham importante esclarecer sobre: O efeito colateral causado pelo Vithalon em pessoas sadias, saudáveis, que utilizam o remédio dentro da idade estipulada de 20 anos, e cuja dosagem é administrada conforme determinações médicas. A) A princípio o efeito causado pelo Vithalon pode ser de sonolência, desanimo, ligeiro mal estar, ânsia de vomito, gosto acido nas papilas gustativas, mas aos poucos, todos esses efeitos irão passando, restando apenas um ligeiro gosto amargo na boca, todas as vezes que se tomar os outros comprimidos seguintes. Após esse efeito, que em alguns pacientes pode ocorrer apenas ligeira sonolência, por um período de até 15 dias, em outros, o efeito poderá ser mais forte – dependendo da reação do organismo – tendo que diminuir a dose em até ¼ de comprimido. Isso, poderá acontecer também em decorrência

de que em alguns pacientes, ainda poderão se verificar dependências finais de outros remédios. Exames clínicos completos serão realizados diariamente. Somente após os resultados, é que os biomédicos poderão indicar o prosseguimento da dosagem maior de Vithalon, ou estabelecer um novo tratamento até que o metabolismo do paciente esteja reagindo positivamente ao remédio. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO alertam que: É importante a conscientização dos biomédicos, cientistas e pesquisadores, quanto a aplicação do Vithalon em dosagens diretas acima de 10% ou alem, para se evitar a destruição dos tecidos e efeitos colaterais irreversíveis. NOTA IMPORTANTE: A aplicação do Vithalon em dosagem acima de 10%, só será permitida em casos extremos, quando o paciente apresentar um quadro clinico cujos resultados sejam considerados terminais, e se prescinda de um prognóstico urgente. O Estado Mundial Uno e o Banco Mundial Uno entendiam que a mensagem a seguir era de vital importância para todos. Demonstrava o interesse que as entidades máximas possuíam na exploração espacial, abrindo novos horizontes para a expansão da humanidade. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: O Vithalon em sua composição bioquímica, abrange possibilidades infinitas para viagens no espaço. É a primicia de uma nova concepção cientifica no campo da medicina biotecnológica, que será de vital importância para os estudos fundamentais da exobiologia. A preocupação dos nossos cientistas de encontrar um modo de se programar viagens espaciais pelo universo – sem o sacrifício dos astronautas -, retardando o envelhecimento, e os conseqüentes transtornos vitais ao metabolismo humano, encontraram respostas positivas no remédio Vithalon.

A partir deste momento, os problemáticos sintomas biológicos e orgânicos sofridos pelos astronautas, em gravidade zero, serão minorados progressivamente. Na ausência de gravidade, em pleno espaço, o metabolismo sofre reações imprevisíveis: o esqueleto reduz de tamanho,o coração cresce de 2 a 4 centímetros e os batimentos cardíacos se reduzem, assim como outras complicações e reações psicomotoras. Com o Vithalon haverá mais estabilidade física e orgânica do corpo, desde o instante em que se iniciar o tratamento ainda em Terra, e continuar a posologia durante a viagem. O Estado Mundial Uno e o Banco Mundial Uno entendiam que a responsabilidade da pessoa devia partir, antes de tudo, dela mesma. A compreensão do texto e as explicações mais detalhadas sobre o assunto, alem de estar na GeoNet, podiam ser colhidas junto às entidades máximas. E todo o texto seguinte vinha com letras vazadas em branco e notas em vermelha: O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem que os procedimentos do Vithalon na mulher, serão rígidamente controlados através de suas Células Germinativas e renderização fractal, via GeoNet.

“CARACTERÍSTICAS ABRANGENTES E CONGÊNESIS EVOLUTIVA

DO VITHALON NAS MULHERES”

O Vithalon atende às necessidades imediatas da medicina, conforme os aspectos já explanados. Mas devemos salientar que a utilização do remédio por mulheres, requer muita preocupação, devido a sua fisiologia, estrutura física e biologia molecular, por isso alertamos: a) A mulher nunca deverá tomar o Vithalon antes de procriar. É importante a sua orientação consciente sobre este aspecto. As qualidades peculiares do remédio surtirão efeito em seu corpo de maneira indireta, durante a gestação.

b) O Vithalon age no corpo de cada mulher de forma diferente, e com resultados imprevisíveis, devido ao seu metabolismo instável, conseqüente do seu fluxo sangüíneo mensal. E além do remédio não permanecer no organismo, poderá afetar órgãos vitais em função de suas qualidades anti-sépticas. Nesse caso, o Vithalon funcionará como “pílula abortiva” e trará, conseqüentemente, resultados desastrosos, ocasionando até a esterilidade total e irreversível, caso se insista na continuação do tratamento. NOTA: Em se observando negligência, o ESTADO MUNDIAL UNO, se reserva do direito de enviar a infratora para uma Colônia Dissocial, onde deverá passar por tratamentos ortobiogênicos, e depois submetida ao Etrônico. Desta forma, busca conscientizar as mulheres do importante ato da procriação. Tais procedimentos também se estenderão aos seus parceiros. As entidades entendem que a culpa não cabe somente a uma parte. c) A partir do 3º mês de gravidez, a mulher poderá tomar ¼ de Vithalon, isso porque já se estabeleceu a circulação placentária desde o 14º dia de gestação; e através de processos seletivos, a placenta recolhe do sangue da mãe substâncias requeridas para o desenvolvimento fetal, e o organismo da mulher absorvendo o Vithalon – ela como hospedeira, terá mais chance de sobrevida, e num curto período de tempo, mais condições de gerar filhos saudáveis, imunes às moléstias. Ocorrendo então a purificação da espécie, e a erradicação total das doenças genéticas e endêmicas. d) Em havendo tal mutação genética, a tendência será da inibição total de toda a imperfeição celular, na criação simultânea de células de memórias e glóbulos brancos, com nova estrutura sintética molecular. Desta maneira, a mulher irá participando gradativamente das transformações biológicas, e estabelecendo um padrão seletivo de comportamento. e) Mulheres que já tiveram filhos de homens comuns, sem que ambos nunca tenham utilizado o Vithalon, poderão iniciar o tratamento a partir do 1º dia fértil, após a menstruação. Fatores bioquímicos covalentes reagem de forma catalisadora, permitindo ao

Vithalon interagir sob todos os aspectos no organismo. f) O efeito colateral é padrão. Mas em algumas mulheres poderão ocorrer sintomas como: depressão ou ansiedade. Em outras, alem das náuseas ou ânsias de vômito, poderão ocorrer ligeiros desmaios ou tonteiras. Esses efeitos geralmente podem durar até 3 dias consecutivos. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: Passados todos os processos de inoculação mundial, dar-se-á início a etapa de vacinação em bebês a partir do 1º dia de vida, como reforço, e a seqüência de 10 em 10 anos. Os procedimentos desta etapa de imunização, serão através de aplicações transdérmicas, minorando-se assim, os possíveis efeitos colaterais futuros, já que o Vithalon será introduzido no organismo na dose exata. Contudo, deverão passar 3 gerações com média de idade de 60 anos, para ser considerada perfeita e completa a organização da espécie humana. A partir de então, encerrado o ciclo, não haverá mais necessidade da vacinação, pois a raça se tornou incólume às doenças e viroses. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: O processo seqüencial de 10 em 10 anos da vacinação, será através de Pulverização Eólica, quando o elemento composto do Vithalon for despejado na biosfera, sendo absorvido por todos de uma forma única. Desta maneira, concluíam as entidades: estamos avançando positivamente para a realização dos nossos propósitos a serviço da comunidade e do bem estar comum da pessoa. O ESTADO MUNDIAL UNO e o BANCO MUNDIAL UNO esclarecem: O Vithalon em sua estrutura bioquímica engloba dois fatores importantes: Um complexo polivitamínico que desenvolve barreiras de defesa, dando mais proteção ao corpo, fortalecendo todo o organismo

no combate as doenças e formaldeídos que vão interagindo e purificando o corpo numa assepsia total. E encerrou as páginas assinando com os dois logotipos do Estado Mundial Uno e Banco Mundial Uno.

* * *

Em 3.002 os processos de clonagens passaram por uma reviravolta. Foram desenvolvidos novos materiais alquímicos que unidos a biotecnologia, através de elementos compostos criaram as biomatrizes ou cibernóides, a partir dos clones. As biomatrizes tinham entre 2,60 a 3,20 mts de altura e esqueletos em ferro carbono revestidos com avivex, e através de fórmulas alquímicas e técnicas biotecnológicas alienígenas, desenvolveram uma estrutura ortomolecular bem complexa. E com um processo de oxidação interna, acontecia o que denominavam de “Proto-energia-aglutiva” ou “Protea”, que ia se espalhando por todo o corpo; e entre a pele e a carne biosintética, havia uma espécie de trama finíssima, cheia de terminações nervo-sensoriais, que eram responsáveis pelas informações enviadas ao cérebro, através das respostas elétricas internas e externas. Essa rede de inervação era uma espécie de termômetro que equilibrava também a temperatura do corpo. As biomatrizes fêmeas tinham filhos através de inseminação endo-hipofical, após 42 daryar´s, o que equivalia a 9 anos de gestação alquímica biotecnológica. Exatamente o tempo que o bebê ou a criatura levava para corroer a bolsa ventral interior com o ácido embrionário e sair. A pele externa do invólucro, em contato com o elemento corrosivo, tornava-se cartilaginosa, rompendo-se nos últimos daryar´s. A mãe após esse período, isolava-se por mais ou menos 20 daryar´s. O bebê nascia medindo em média 60 cms. Geralmente uma biomatriz de um ano de idade, já possuía um consciente intelectual de conhecimento geral bem evoluído. E a fase de crescimento até se tornar adulto, girava em torno de 2 anos. O tempo necessário para se ajustar socialmente e estabelecer o seu padrão científico. As biomatrizes foram criadas para ajudarem aos humanos em seus afazeres genéricos, mas quando a primeira biomatriz teve uma concepção, foram estabelecidas novas regras. O Banco Mundial Uno criou um Fundo de Reserva Especial, e elas passaram a fazer parte de uma sociedade diferenciada. Apesar de um conhecimento científico bem evoluído; um senso moral

completamente incomum, e uma organização social abstrata, se adaptaram rapidamente ao “modus vivendi” dos homens, e permaneceram ligados a eles por um sentimento de gratidão.

CAPITULO 3

O SINAL “Quando o sol e a lua forem vistos ao mesmo tempo, no vigésimo quinto dia do décimo quarto mês, será o sinal para que todos se precavenham contra o mal que há de vir...” – Assim estava escrito nas crônicas antigas, como uma visão profética. A ninguém era atribuído a sua autoria. O texto estava junto com outros de igual teor.

Naquele dia, todo o mundo estava de olhos voltados para o céu azul, límpido, sem nenhuma nuvem. Um raro fenômeno iria acontecer em poucas horas. Alem do fato da curiosidade de observar um eclipse, havia o poder quase sobrenatural da mensagem coincidente, escrita há milhares de anos atrás, com uma previsão espantosa! Telescópios de todos os tipos apontavam suas potentes lentes para uma parte do firmamento; e interligados a instrumentos de precisão e tecnologias bastante sofisticadas, cientistas, astrônomos, matemáticos, estudiosos de varias áreas da ciência, discutiam suas teorias, dissertavam sobre leis da física, fundamentavam suas asserções nas aplicações matemáticas. Outros discorriam sobre os efeitos psicológicos do acontecimento na mente humana... ...e o momento tão esperado ia se aproximando. A lua foi avançando ao encontro do sol. E a cada instante de aproximação, se percebiam olhares de suspense. Olhos mudos, mas

cheios de expressões de desêspero. Uma incógnita pairava em cada mente. A lua foi cobrindo o sol, e parecia ser desejo de todos, que ela não completasse a sua trajetória. Recuasse por um milagre divino. Contudo, parecia que tudo já estava decidido.O astro rei foi totalmente interceptado. A Terra cobriu-se de trevas. No espaço, naves terrestres cobriam o evento e transmitiam as imagens, via GeoNet para outras partes do mundo que não participavam do momento. E alguns cientistas observaram uma ligeira oscilação nos aparelhos com algo ocorrido durante o eclipse total. Dois minutos se passaram, como se fora uma eternidade. A lua aos poucos foi deixando a luz solar jorrar sobre a terra. E foram mais alguns momentos de ansiedade e tensão. Somente quando ela se afastou completamente, é que todos respiraram aliviados. Esperavam algum sinal especial indicando alguma coisa, e não viram nada. Acreditavam que tudo não havia passado de mais um boato. Logo depois, concluído o evento, os cientistas se voltaram para o detalhe da oscilação nos instrumentos. Através dos monitores não percebiam nada. Apenas uma linha finíssima cortando toda a tela como se fosse uma falha de vídeo. Mas observaram que somente em alguns aparelhos é que o risco aparecia completamente, em outros não. E aos poucos, depois de muitos cálculos, estudos e operações booleanas, uma luz brilhou na mente de um cientista. — Acho que descobri! Vamos aumentar a velocidade de resolução e reduzir velocidade de projeção... Se realmente for o que estou pensando, as câmeras captaram um objeto voador numa incrível velocidade entrando na nossa atmosfera! E no instante seguinte, os computadores iniciaram os cálculos e na tela gigante da parede, começou a surgir os contornos de algo estranho. E mesmo no modo mais lento que se podia conseguir, o objeto parecia possuir um movimento muito mais superior ao dos aparelhos. — Eu não disse! – confessou triunfante. – Não existe no mundo nada que se compare a tal velocidade. O que podemos fazer, é tentar descobrir aonde esse objeto caiu, ou para onde foi... Mas eles não precisaram ir muito longe. De repente, os aparelhos ficaram enlouquecidos. Durante o eclipse total, abriu-se um portal temporal por alguns segundos. Mas foi o tempo suficiente para os Tygons Negros enviarem uma espécie de sonda, que passaria a investigar todo o sistema solar e,

em especial, o Planeta Y ou Planeta de Cristal. Esse aparelho em formato de disco, ao entrar na atmosfera, durante o eclipse, refletiu por uma fração de segundos os raios solares, depois percorreu todo o eixo terrestre e se arremeteu para a terra em velocidade psiônica, impossível de ser detectado pelos radares. Estancou a alguns metros do solo, e depois partiu para frente, feito uma seta, rompendo a barreira do som, num tremendo estrondo. Um rastro de luz foi percebido em diversas regiões. Pelas costas brasileiras, registraram-se diversas ondas sísmicas semelhantes a de um terremoto, e foram percebidas também perturbações no campo magnético terrestre. Os cientistas conseguiram determinar que as ondas de choque, oriundas do impacto, deram no mínimo umas três voltas ao redor da Terra. Na Floresta Amazônica num raio de quase 5 km ficou um rastro de árvores calcinadas, povoados destruídos e cidades desaparecidas do mapa. O objeto se aprofundou nas águas do oceano, num ângulo tão perfeito, que não alterou em nada o ciclo das ondas. E de lá passou a transmitir informações sobre o planeta. E todo o mundo percebeu que a profecia havia se cumprido. E o desespêro, o medo, a ansiedade começava a tomar conta de cada ser.

SETE MESES DEPOIS

...E junto com a noite calma de verão; veio aquele som grave, suave, surgido de lugar nenhum, apenas embalado pela brisa noturna. E foi penetrando na mente de cada um. E eles sentiram um frio mortal subindo pelas espinhas, e um desejo enorme de se ocultarem no mais profundo do abismo. Não atinavam pelo que estava acontecendo, mas um temor muito grande aflorava-lhes da alma.... ... e na manhã do quinto dia do sétimo mês, viram surgir nos céus um enxame de estranhos animais, que se arrojaram em ataques certeiros e mortais, sobre todos os seres viventes do planeta. Iam dizimando tudo pela frente. A voracidade era tamanha e tão rápida, que não conseguiam ser detidos, nem pelas armas mais potentes e sofisticadas da época. E, assim como vieram, se foram num relâmpago, deixando para trás um rastro de sangue, dor e destruição. Mas o pior ainda estava para acontecer. Havia uma expectativa por todo o planeta. E quando aquele som ecoou novamente, parecia que todos já o estavam esperando. Era como

se cada partícula de ar, fosse o som em tom contínuo, que ia penetrando fundo na mente de cada um. Quando ele deixava de soar, abaixava um silêncio sepulcral. Todos já previam os acontecimentos. “... e as bestas surgiram dos céus, e se arrojavam sobre suas vítimas indefesas, devorando até suas almas... e depois, não sobravam nada. Só restos de ossos despedaçados, calcinados, ferros retorcidos e um cheiro ácido no ar...” Estava escrito nas crônicas do ano 2.156. Existiam lendas, fábulas mundiais, passadas por cada povo... Quase dois mil anos depois, o que poderiam ser verdades, haviam se transformado em suposições históricas. Tudo o que fora aprendido, visto e vivido em 2.156 quando os alienígenas estiveram na Terra, se perdera com o tempo. Uma ou outra coisa ainda restava. Mas ninguém tinha muita certeza do que realmente ocorrera. Os descendentes dos alienígenas que restavam vivendo na terra e no mar, eram tidos como aberrações da natureza, ou para os céticos, experiências genéticas mal sucedidas realizadas no passado. A história apenas narrava os fatos. Apesar de toda a evolução tecnológica atribuída, em parte, aos visitantes das estrelas, procuravam-se encobrir a verdade com toques de “suposições” ou de “incredulidades”, e davam nomes terrestres às grandes descobertas. Simples memórias, lembranças esquecidas no tempo. Até mesmo o aviso de eminente perigo deixado pelos antigos e passado de geração em geração, era motivo de pilhérias. Estudiosos do assunto quando se referiam ao “Alerta” e, as verdades contidas nos livros, eram chamados de loucos. Para todos, o que acontecera no passado, era passado, não mais se repetiria. Os detalhes se tornavam irrelevantes e, a verdade aos poucos ia se misturando a fantasia, e tudo virava historia. Contudo, apesar de toda a indiferença e desinteresse; enquanto grande parte se dedicava mais a evolução tecnológica, a sofisticação dos tratamentos biogenéticos à inteligência artificial, mesmo não acreditando numa suposta invasão alienígena no passado, muitos dos instrumentos utilizados pela ciência da época, e que serviam para estudos de armas e recursos em defesa da Terra, não haviam sido criados por nenhuma criatura humana. Mas alguns povos buscavam preservar velhas lendas, tradições,

símbolos místicos, sinais cabalísticos, cultos pagãos originários de tempos remotos. Assim como oferendas em sacrifícios, postas em altares ornados com flores e figuras bestiais. Mantinham ritos a deuses de nomes impronunciáveis em suas línguas, mas que diziam serem poderosos, vindos dos céus, e que um dia prometeram voltar. E a história confirmara mais uma vez que tudo era verdade. Não havia mais desmentidos. A realidade era mais cruel e mortal do que se supunha. Agora, todos buscavam alucinados, respostas no passado. Um modo de sobreviver àquelas feras bestiais. Um refúgio inexpugnável onde pudessem se esconder até tudo voltar ao que era antes. Estavam descobrindo que não existia lugar algum na face da terra, onde pudessem se ocultar. Os relatos guardados nas velhas bibliotecas, e passados a todos pela GeoNet, davam contas de que “...todo o Planeta passara por um período de trevas, de terror, de medo, de devastação, de morte e muita violência...” Os acontecimentos daquela época eram descritos com riquezas de detalhes e com um realismo macabro, para que tudo ficassem bem claro e gravado na memória daqueles que os lessem. E o alerta, mais como uma profecia, vaticinava que se não se buscassem um caminho de harmonia com o universo, e uma sintonia com a paz interior, abandonando as guerras e a desunião, não teriam como se defender do mal que voltaria, agora com toda a força. E seria difícil de controlar toda a energia cósmica negativa que envolveria o PLANETA TERRA! Dizia uma nota de observação: (...) Para se estabelecer a paz sobre a terra novamente nos anos de 2.152, houve uma luta do bem contra o mal em outra dimensão. E o mal foi enclausurado num círculo mágico, conhecido no mundo

místico como Grande Círculo Hétrico! (...) 8

(...) “A paz poderá reinar indefinidamente em todo o universo, se houver harmonia interior entre os povos. Cada um será responsável pelos acontecimentos futuros. Ao se romper o lacre do círculo mágico, surgirão primeiramente as bestas que serão portadoras de muita dor, mortes, moléstias e doenças contagiosas para revitalizar a deusa do mal, chamada SHEE-LA-DHON, depois virão os Mensageiros da Morte, os Tygons Negros” (...)

E dizia mais adiante: (...) “Se o mundo cobrir-se de trevas novamente, não haverá mais salvação. O resultado será a própria destruição, pois todo o Universo também estará dominado pelo sofrimento e pela desolação!” E repetia no final de forma enfática: “Primeiro virá o demônio devorador, depois a besta apocalíptica...!”

CAPITULO 4

O INOMINÁVEL

De repente ondas gigantescas se elevaram no horizonte. E atrás, raios e trovões em descargas violentíssimas que abalavam toda a terra. Então, emergiu do oceano, em meio a um imenso nevoeiro, algo inimaginável. Parecia o próprio Leviatã. Aquilo que parecia ser, mas não era, estava ali, mas ao mesmo tempo não existia. Viam-se os contornos em toda a magnitude, contudo faltavam substâncias para as vistas. Imensas torres, dez num total, emitiam centelhas elétricas que se entre cruzavam no infinito do Universo, e no cume globos com luzes fortes, que mais pareciam cabeças vivas; dez olhos colossais que tudo a viam e a tudo percebiam. Algo assustador e aterrorizante! Quando as ondas se assentaram por todo o planeta, a devastação era mais que evidente. Grande parte dos litorais do mundo inteiro estavam submersos. Cidade, vilarejos, povoados, todos tragados pela violência das águas que arrastaram tudo a frente. E tudo aconteceu tão de surpresa, que não foi possível se salvar nada. Corpos de gentes e animais afogados apareciam boiando, ou atolados nos lamaçais ou presos em troncos de árvores. Aqueles que conseguiram se safar, ainda estavam atemorizados com os acontecimentos. Depois de passado o

primeiro susto, todos trataram de se porem a salvos. E foi uma fuga em massa para os países altos, para as montanhas, para o interior, longe do mar. Milhares de pessoas se agarrando ao que restavam de suas famílias, de suas coisas, de seus pertences, e fugindo desesperadas daquilo que não podiam se defender. E com as estradas interrompidas pelas pontes caídas, pelo lixo, pela lama e carros quebrados, cada um se virou como pode. E foram contados 1.282 dias passados, ou seja, quarenta e dois meses, de muita ansiedade e desespero, quando aquilo que parecia ser mas não era – e fora chamado de o “Inominável”, pois ninguém conseguira descobrir a forma exata, por sua completa translucidez – despertou com fome. Silenciosamente, abrindo descomunais comportas, como a boca de um animal selvagem e faminto, vomitou de um vez só milhares e milhares de naves de todos os tipos e formatos exóticos por todo o planeta Terra. E depois, surgiram aqueles estranhos animais, já conhecidos. O ataque dos Gryphõns começou de maneira devastadora pelos céus, e unidos aos Dreolks em terra, a raça humana mais uma vez, pode comprovar o que já havia sido dito ha milhares de anos atrás. Hödlâvy da ponte de comando; observava tranqüilamente, aquele céu azulado, a movimentação das naves, o ataque cerrado dos seus soldados. Tudo acontecendo como o previsto. A demora no ataque, a exposição da nave através de outra dimensão. Só para deixar os humanos mais apavorados, amedrontados. A fragilidade da raça humana estava sendo constatada mais uma vez. Tudo continuava na mesma. A raça daquele planeta evoluíra em muitas coisas, mas permanecia vulnerável na mais importante. Havia uma coisa mais poderosa do que todos os armamentos do Universo. Um lado oculto em cada um, que liberado em pequenas porções, ia destruindo, ia fragilizando as emoções. Ia minando as defesas, enfraquecendo a coragem, enchendo a mente de terror, as vistas de visões e pesadelos fantasmagóricos, e aos poucos, não lhes restavam mais nada! Apenas uma carcaça inânime, pronta para o sacrifício à Deusa Shee-la-dhon. Esse poder, essa força oculta era o medo. E aquele planeta estava coberto de violências, crimes, massacres... Era uma coisa latente em cada um. Tudo causado pelo medo. Lutar contra um inimigo de carne e osso era fácil, agora, contra seus próprios temores... A Terra já tinha decidido o seu destino. Ele apenas ia adiando o processo final... o estertor era evidente. Os Tygons Negros estavam

sedentos de sangue. Queriam acabar com aquilo e partir rapidamente para outros planetas. “Não seja impaciente, meu Senhor, a Deusa Shee-la-dhon tem outros planos para esse planeta. Ela pretende saciar a sua sede de alma de outro modo. Ela tem um plano mais diabólico para esses humanos”. A voz do feiticeiro Zhor soou bem dentro da sua mente: “O poder da Deusa Shee-la-dhon é infinito, e o senhor poderá utilizá-lo para realizar a sua vingança da forma mais cruel que puder imaginar... Por isso, contenha seus homens!” Os olhos de Hödlâvy brilharam de satisfação. PODER INFINITO!!!!!!!!!!! “A Deusa não quer mortes no momento, ela precisa de almas sofredoras, muitas almas agoniadas, almas que vivam em constantes desespêros. Almas que no auge da aflição cometam as mais desvairadas loucuras mortais...” O feiticeiro Zhor ia falando e Hödlâvy escutava com muita atenção. Havia um sorriso quase imperceptível em seus lábios. A facilidade com que os Tygons Negros passavam de uma dimensão para outra, surgindo do nada, em ataques fulminantes deixavam as tropas terrestres exasperadas. Os mercenários alienígenas invadiam casas, e às vezes, estripavam suas vítimas levados pela maldade, como também por mera curiosidade. Mas cada combate infringido aos humanos era sempre carregado de muita selvageria e frieza mortal. Quando terminavam a batalha, todos os despojos eram disputados entre si, como troféus. E assim foi durante um longo período. E já se começavam a ver casas, abandonadas. Populações inteiras fugindo; se escondendo dos alienígenas e das feras. Hödlâvy queria deixar o povo na mais profunda aflição antes de atender aos desejos de Shee-la-dhon, e mudar o seu plano de aniquilação. Sabia que os gostos da Deusa Shee-la-dhon eram mais apurados que o seu. Ao invés de impingir dor e sofrimento aos humanos, ia deixar eles mesmos se alto imolarem. Zhor dizia que era chegado o momento de todos se curvarem à grandiosidade daquela que representava os desejos, e anseios dos corações cansados de tanta discórdia!

CAPITULO 5

DOGMA

Domine Mundis

Com a entrada no mercado mundial da empresa Mitra, e a sua participação e influência em todos os segmentos sócio-ecônomico-político e religioso, muitas coisas começaram a acontecer. De imediato, a primeira instituição a ser afetada foi o Banco Mundial Uno, que passou a sofrer pressões da sociedade e de grupos de investidores que apoiavam irrestritamente as ações da Mitra, e consideravam a empresa parceira ideal para seus negócios vultuosos. Com isso, o Estado Mundial Uno perdeu a autonomia e o Comitê Gestor foi dissolvido. E com passar do tempo; com o domínio de tudo nas mãos e controlando o universo virtual, a GeoNet, influenciava a população mundial mostrando novos conceitos de vida. Com o poder absoluto sobre o planeta Terra, nada mais se fazia que não fosse dentro dos padrões e pensamento da Mitra. E uma marca foi apresentada para conhecimento de toda a humanidade. Esse símbolo era o sinal do pacto que a Deusa Shee-la-dhon oferecia aos seus devotos. E a Mitra passou o dogma da nova religião: “Todos os protegidos da Deusa deveriam possuir um sinal na mão direita ou na fronte. Três círculos puxando uma haste cada um, simbolizando um triângulo eqüilátero invertido, e no centro, duas linhas grossas partindo da ponta de cada haste, e atravessando uma na outra. Essa marca era para ser cravada com ferro em brasa, para que nunca mais se apagasse”

Aos adeptos de Shee-la-dhon, a Mitra prometia curas, sucessos nos negócios e felicidade. E que o simples pensamento na Deusa, podia trazer qualquer coisa que se desejasse, podendo até obter bens materiais. Contudo, avisava que aqueles que desprezassem a Deusa, sofreriam sérias conseqüências.

E ADVERTIA E LEMBRAVA

Que somente aqueles que possuíssem a marca, é que podiam comprar, vender ou praticar qualquer tipo de comércio, e não importava que fossem pobres ou ricos, grandes ou pequenos, homens, mulheres ou crianças...Todos deveriam ter o sinal. Segundo um comunicado da Mitra, um grande evento estava para acontecer, e os impuros cumpririam o seu papel. E foi lançada através da GeoNet, a lei da Deusa Shee-la-dhon, juntamente com farto material de propaganda para os iniciados, além da única profissão da fé aos seguidores da Divina: “Só existe Shee-la-dhon, e os Tygons Negros são seus enviados...” A divulgação da marca atingia o mundo todo, e deixando sempre bem claro, o que representava o sinal da Deusa Shee-la-dhon e o conceito divino dentro do universo místico. Mostrava também aos iniciados, o significado da simbologia:

esclarecendo o sentido numerológico do 666 e da imagem da cruz invertida: Equilíbrio, paz e poder supremo; transformações internas, clarividência especial e renovação cósmica. Alertava em letras grandes, que a marca não podia ser colocada em nenhum lugar, sob pena de punição, a não ser cravada no próprio corpo, como prova de fidelidade e compromisso de fé para com a Deusa. Portanto, não existiriam templos, pois os templos seriam seus próprios corpos. A sua utilização e/ou aplicação de outras formas, indicavam desrespeito e sacrilégio, e como tal, passível de condenação mortal. Sacrifícios pessoais eram bem vindo. E o novo credo espalhou-se como uma praga. Contaminando grande parte da humanidade, num aliciamento subjugado pelo terrorismo e pelo puro fanatismo. E uma legião de adoradores da Deusa Shee-la-dhon se formou em todo o mundo. Fanáticos começaram a construir altares onde misturavam sacrifícios de animais com os de seres humanos, depois bebiam sangue com ervas numa alucinação total. Muitos se imolavam se jogando na boca dos Dreolks, outros se deixavam ser devorados, apáticos, pelos Gryphõns, sem emitirem um menor gemido de dor. Em seus olhos injetados de loucura, ensandecidos e hipnotizados por aquele som grave, suave, intermitente, que somente eles escutavam, invadia suas mentes, os incitando aos sacrifícios num chamamento místico. E a Deusa acolhia a todos em seus milhares de braços que se estendiam por todo o Cosmo, através dos seus guerreiros diletos: os Tygons Negros portadores de grande força cósmica negativa, a energia do frio infinito. E deles não podiam se esperar nenhuma piedade ou complacência. Só possuíam uma única vontade: A morte em todos os seus aspectos. E todos os que se uniam a eles, tinham absoluta certeza que estavam lidando com agentes do mal. E já entregavam suas vidas nas mãos de Shee-la-dhon, para ela se dispor delas como bem entendesse.

* * *

Tudo acontecia de modo muito rápido e ligeiro. O povo mal assimilava uma novidade, outra já estava acontecendo. Os Tygons Negros haviam parado os ataques. Os comandantes movimentavam suas tropas para outras dimensões, ou galáxias, ou planetas. Naves dos mais variados formatos e brilhantes, discos reluzentes e multicoloridos surgiam do nada e partiam como um raio para os confins do Universo.

“Estariam batendo em retirada...?” pensavam alguns. Ninguém compreendia o porque daquela movimentação de tropas. Eles não percebiam nada. Afinal, nunca viram nada. Nunca souberam quais eram os contingentes de soldados alienígenas estacionados na Terra. O pouco que puderam observar foi a chegada de duas imensas e descomunais naves em formato cilíndrico, que muitos deduziram serem naves mães. E num instante estavam lá, e num piscar de olhos se volatilizaram em pleno espaço. Agora, viam milhares de naves surgirem do nada e sumirem no vazio celeste. Alguma coisa estava para acontecer...Era muita agitação. Pelo que conheciam dos Tygons Negros, algo muito especial estava sendo preparado... Eles não faziam reboliço à toa.

* * *

E a Mitra na manhã do vigésimo primeiro dia do sétimo mês, fez pela Geonet um Comunicado Religioso, dando ênfase ao sinal que surgiria no céu. E este seria o início da preparação para a vinda da Deusa Shee-la-dhon a Terra. E todos deveriam purificar suas almas para recebe-la com o espírito nas mãos. Todos os seus filhos diletos seriam abençoados com o poder da imortalidade. Aqueles que usavam a marca eram seus servos mais fiéis, portanto dignos de subirem para uma dimensão celestial. Breve, muito breve poderiam ver a Grande Deusa em seu Templo Sagrado, para ser venerada e receber os sacrifícios. Naquele dia, muitos seriam escolhidos, mas somente uns poucos teriam o prazer de se encontrar com a divindade.

* * *

E aconteceu. A princípio era somente como um ponto escuro no alto do firmamento. E a noite, se tornava algo fantasmagórico, emitindo faíscas verdes e vermelhas que se contorciam como um animal agonizante. Durante os dias seguintes, via-se apenas aquele ponto negro ir se aproximando, e adquirindo a forma de um triângulo eqüilátero. Silenciosamente, aquela sombra foi avançando pelo mar, alcançando o litoral e invadindo o interior, e deixando uma extensa área de terra na mais completa e fria escuridão. Depois disso, somente quando o sol nascia ou se punha no horizonte, é que uma pequena nesga de luz chegava aquelas terras, onde nada mais nascia. E a

claridade era sem calor, gélida. O mistério é que uma invisível demarcação delimitava o fluxo da vida e da morte. Tudo o que estava situado dentro da sombra, morria, estragava, deteriorava em questão de segundos. Fora, aquela mesma coisa permanecia intacta, não apresentando nenhuma mudança interna ou externa. Pessoas que se expuseram ao contato com a sombra, se tornaram secas, doentes e foram definhando até morrerem com o corpo coberto de feridas e sentindo dores atrozes. Nada, mais nada podia ser colocado alem da sombra. Casas, objetos das mais variadas estruturas ficaram modificadas somente pela metade. Uma parte mantinha-se de pé, enquanto paredes vieram à baixo, como se fossem de areia. Árvores, metade apodreceram, metade continuaram frondosas. Abaixo, a vegetação adquiriu um aspecto calcinado, como se estivesse passada por temperaturas muito frias. A água se tornou amarga, cheia de larvas e fedenta. Uma grande parte da orla marítima ficou isolada. E quando o ar soprava para o continente, o cheiro de coisa morta, putrefata, era tão forte, que causava náuseas, enjôos, vômitos. E o ar era também denso, pesado, quente e sufocante. Causando quase asfixia em quem o aspirasse descuidadosamente. Vez ou outra se encontravam corpos de pessoas, pássaros e animais mortos. Cetácea encoberta pela sombra, estava abandonada, e na mais completa escuridão abissal. Parecia um monte de ferro enferrujado e corroído. A cúpula que protegia a cidade, estava coberta de uma vegetação esverdeada e negra. Em algumas partes percebiam sombras se movendo rapidamente e pequenos focos de luz. Possivelmente eram adoradores da Deusa saqueando. Eles não se preocupavam em morrer. Por todos os lados viam-se corpos e mais corpos em decomposição, estancados dentro de compartimentos fechados ou boiando para fora, levados pelas correntes marinhas. Acima do nível do mar, o que restava não era muito diferente. Grande parte da torre, estava destruída e inclinada para o mar. Acquarys e Almare não tiveram melhor tratamento. Após o maremoto se transformaram em dois imensos cemitérios, com milhares e milhares de corpos servindo de comida para os peixes e animais das profundezas marinhas. E a medida em que a sombra ia se estendendo até onde a vista podia alcançar, nas pontas dos vértices começaram aparecer enormes círculos, e deles saíam raios de luz irradiante nas cores verdes e vermelhas, que se elevavam aos céus em velocidade supersônica, se perdendo nas alturas, e no centro uma imensa redoma cercada por uma

trama de energia. Existia uma movimentação muito intensa e contínua

nos três círculos. E foi observado que a cada 212 dias, ou seja 7 9

meses exatos, toda a estrutura se movimentava de leste para oeste, numa volta completa. Aqueles que possuíam a marca, aguardavam esperançosos os acontecimentos. Sentiam que estavam próximos da grande revelação divina. Quando viriam de todo o Universo as mais diversas formas de vidas prestar seus tributos àquela que era a Deusa mais poderosa de todo o cosmo. A terra fora a escolhida para acolher a Grande Divindade do Mal. Os Tygons Negros se identificavam com a maldade íntima de cada ser humano. Era como se neles já existissem essa força maligna, aguardando apenas para ser libertada. Eles representavam a figura do mal, mas cada ente da terra se personificava, se identificava com o próprio mal. Parecia ser uma energia inerente a eles. E o feiticeiro Zhor sabia disso muito bem, tanto que resolvera intervir junto ao Comandante Hödlâvy em nome da Deusa, para que não exterminasse com o planeta, como era seu propósito imediato. Seria um desperdício, já que o próprio planeta estava com os dias contados. Todos os adoradores da deusa se preparavam de acordo com os ensinamentos passados pelos Tygons Negros. E a medida em que o dia “D” se aproximava, ficavam cada vez mais inquietos e possessos. E a proliferação de seitas, crenças apocalípticas no Brasil e no mundo se tornaram epidêmicas, a ponto de grupos fanáticos travarem lutas de morte entre si. Em verdade, muitos não sabiam porque lutavam. Não tinham absoluta certeza de nada. Apenas se deixavam levar por um sentimento vago, uma sensação muito estranha de que algo muito importante estava para acontecer, e que se não dominassem o inimigo, o sacrifício seria em vão... Um dos motivos que levaram os Tygons Negros a escolherem a terra para iniciar o culto a Shee-la-dhon, alem da incredulidade circunstancial e arrogância dos humanos em não acreditarem em vidas extraterrenas, foi o lugar. Ao se observar o mapa sideral do cosmo, assim como todo o sistema estelar, composto de galáxias, constelações, nebulosas, a Via Láctea tinha uma localização bem privilegiada. Estando dentro das grandes rotas de comércio interestelar, o sol era o fator referencial máximo para muitos, como um imenso farol indicando o caminho do porto seguro. E óbvio, existia também o ódio pelo planeta Terra.

Mas o que verdadeiramente havia forçado a opção, fora o desejo real de vingança guardada há muito tempo. E Shee-la-dhon sabia esperar, e o momento certo para a investida chegara. Tudo aconteceria segundo a sua vontade e desejo.

CAPITULO 6

Limpeza étnica

Aqueles que não foram marcados, que se recusaram a fazer parte do exército sagrado da Deusa Shee-la-dhon, foram levados em sacrifício. Muitos, milhares de seres vivos numa imensa procissão: crianças, homens, mulheres, velhos perfilados e empurrados no Caldeirão de Shoghs, um sorvedouro virtual que transportava suas vítimas para a boca insaciável de Shee-la-dhon. E os ataques dos Tygons Negros se tornaram cada vez mais freqüentes, juntamente com os fanáticos adoradores da nova religião. Não havia uma região da face da Terra, colônia da Lua ou de Marte que não estivessem sofrendo ataques dos mercenários alienígenas. Muitos dos extraterrestres que ficaram na Terra em 2.156, morreram devido a falta de adaptabilidade e condições climáticas. Os que sobreviveram, se isolaram dos humanos, ou foram viver em cantos remotos do planeta, ou nas profundezas dos mares, com fêmeas ou machos humanos. Mas a maioria dos descendentes, acreditava que um dia retornariam para o planeta dos seus ancestrais. E quando os Tygons Negros surgiram, todos viram neles a oportunidade de realizarem seus sonhos – haviam também se esquecido do aviso deixado por seus pais: Shuyirañtýgn! Contudo, Hödlâvy tinha outros planos para eles. Tão logo foram reunidos, após uma campanha de busca via GeoNet, com mensagens cheias de falsas esperanças, a Comandante Àinosh separou os mais fortes, os mais jovens, as fêmeas mais saudáveis, e o restante ofereceu em sacrifício a Shee-la-dhon. Quanto mais ódio, mais raiva eles

tivessem, e sabendo que tudo acontecera por conta de estarem naquele planeta, mais violentos ficariam, e seriam guerreiros invencíveis e poderosos. Àinosh acreditava que um soldado que luta em busca da vingança, valia por todo um exército e, um contingente de mais de 5 milhões de seres nestas condições psicológicas, estavam mais que preparados para um ataque mortal, não medindo nenhuma conseqüência. Havia ainda muitos humanos que marcados com o símbolo, sentiam-se protegidos por uma força superior, e matavam os da sua própria espécie, sem dó nem piedade. Estavam se saindo melhores assassinos do que os “Gorgs”, uma sub-raça cruel e sanguinária da terceira classe de uma espécie em decadência, que trucidavam suas vítimas de uma forma bastante animalesca. Mas junto com os Tygons Negros, em busca das riquezas oferecidas, vieram também os mercenários da tribo Kaalwbee. Eram famosos por usarem colares ornados com cabeças reduzidas. Acreditavam que ao reduzirem a cabeça do inimigo e a utilizarem, atraíam para si a proteção dos grandes deuses, e se resguardavam dos maus espíritos. E ao vislumbrarem os seres humanos, saíram alucinados à caça daqueles que não possuíam a marca na fronte. Mais tarde, descobriram que muitos dos milhares de mortos por eles, tinham o sinal na mão direita, contudo, acreditavam que Shee-la-dhon não iria ficar zangada por isso, ao contrário, sentiam que estava satisfeita do mesmo modo com o erro deles. A meta dos Tygons Negros era exterminar por completo com todos os rebeldes, numa espécie de limpeza étnica universal. Partiriam da terra para todos os cantos do cosmo numa onda de destruição e devastação total, a tudo que pudesse oferecer resistência ou oposição.

CAPITULO 7

Planeta Sûdhynn

No planeta Sûdhynn do Sistema XT2245Y, da Constelação de Triont, à noroeste do Fosso de Tharkungt, uma pequena batalha estava se iniciando. Seria uma guerra do bem contra o mal. Uma luta contra um exército de milhões de adoradores de Shee-la-dhon dispostos a tudo. Era preciso que todos se unissem, que esquecessem suas diferenças e em prol de um fato maior: A Lei da Sobrevivência! Se não tomassem tal atitude todo o Universo entraria em colapso. E uma bandeira amarela foi levantada. Erguida acima das cabeças de uma multidão de seres das mais variadas nações estelares, que assumiam um compromisso de sangue. Cada grupo trazia seus porta-estandartes. Eram Sûdhyns, Trorks, Muhyt, Qwarliks, D’ys, Pjampüry, Brihk, Treusk, Vkeuyt, Xrwhgs, Mreuz, Volanyz, Lansh, Y’trgs, Rwesk, Jwuvundas, tribos das montanhas de Zwngt, seres dos lagos profundos de Hybts, humanóides das terras de Xazydhar, andróides do sistema XY275M, raças dos mundos internos. Rixas, brigas, desavenças, tudo isso precisava ser deixado de lado, sob um juramento de fé. Uma aliança de paz havia sido forjada em meio ao desespêro, antes que o caos tomasse conta de tudo, e não restasse mais nenhuma esperança. A belicosidade dos D’ys, a fúria assassina dos Rwesk, a irascibilidade dos Zwngt, os carnívoros Y’trgs. Todos tinham suas peculiaridades, todos tinham uma luta interna a travar, para não saírem se destruindo mutuamente. Procuravam combater e esquecer suas sagas individuais com um único pensamento: a partir daquele momento, eram os únicos em todo o universo que se arriscavam a combater a Deusa

Shee-la-dhon. Eles tinham muita fé, e buscavam nas palavras do guardião Söhn-yilr-ack; que apregoava a vinda do Senhor dos Exércitos, a esperança da salvação. E cada vez mais, eles tinham absoluta certeza de que deveriam encarar essa luta como uma “Guerra Santa”. Naquele instante, estavam iniciando algo que não havia mais retorno, perdão ou desculpas. O guardião Söhn-yilr-ack era das altas montanhas de Sûdhynn. Das terras estabelecidas mais a noroeste, onde ficava o vilarejo de Kadüz; uma região onde se dizia nascer o rio Kaadhy, repleta de feitiços e magias. Apesar da sua pouca estatura, mantinha uma postura de muito respeito. Vestia sempre a mesma roupa de couro grosso e áspero, feita da pele de kwarts; um peixe de carne amarelada e muito saborosa do rio Phiabñ, um dos afluentes do Kaadhy. Dócil nos pensamentos, gentil nos gestos, humilde no modo de tratar a todos, procurava discursar em idioma ou dialeto conhecido por todos. E dizia sempre: “...que ninguém estava ali para guerrear, e sim levar uma mensagem de paz, amor e humildade... porem, cada um devia seguir o seu destino, na busca da harmonia interior e na compreensão do universo. Era importante que se mantivessem longe dos ataques dos Tygons Negros, e se possível, fugissem das lutas. A luta que haveriam de travar era outra, contra um inimigo mais mortal: o medo. Ao invés do ódio, seus corações tinham que estar cheios de amor, ao invés de desespero, tinha que levar a fé e a esperança. Não deviam se esquecer que com armas, nunca venceriam a Deusa Shee-la-dhon. Mas se não houvessem alternativas, em último caso, deveriam então preservar suas vidas... NÃO SE COMBATE O MAL COM O MAL!. A morte de um Tygon Negro é um sacrifício dedicado a sua divindade. Quanto menos vitimas se fizer e mais almas forem salvas, será o nosso triunfo e a derrota do mal!. Contra os Shuyirañtýgn a vitória é impossível, pois são seres feitos da mais fria energia do infinito, mas seus soldados não são compostos da mesma força, e num combate, ao invés de irem atirando, concentrem suas energias interiores num só pensamento de muito amor e harmonia, que vocês verão o que acontecerá. Muitos se voltarão contra os Tygons Negros, outros buscarão a morte por não suportarem a forte influencia do mal. A Força Negra de Shee-la-dhon, não pode contra o brilho da Luz da Sabedoria. Muitos de vocês serão levados a agirem de forma impensada. Não se deixem levar pelo ódio das lembranças passadas. O que está lá fora não existe, e sim apenas o que habita em vossos corações. LIBERTEM-SE DE TODA A MALDADE!

ESQUEÇAM AS VINGANÇAS!. SE MATAR, MATEM POR AMOR, PELA SALVAÇÃO DA ALMA, MAS SE MORRER... MORRAM COM FÉ! FAÇAM SUAS ORAÇÕES COM TODA A DEVOÇÃO, POIS SOMENTE ASSIM SHEE-LA-DHON NÃO ALCANÇARÁ VOSSOS ESPÍRITOS! E A DERROTA SERÁ SOMENTE DELA!!! E o guardião Söhn-yilr-ack pediu que o exemplo partisse dali. Todos deviam compartilhar do mesmo pensamento e ideal, esquecerem suas diferenças se abraçando numa união de paz e esperança. A princípio houve um silêncio mortal. Inimigos de longas batalhas não compreendiam. Estavam ali para combater os Tygons Negros! Fizeram um armistício, e não um Tratado de Paz! Acabado os combates, voltariam a se guerrear novamente! Então em meio a todo aquele silêncio, enquanto todos olhavam para frente, uma voz, com palavras calmas e dóceis começou a falar em suas mentes. E os Trorks entenderam o que era paz, os Jwuvundas a compreender o sentido da harmonia, os Y’trgs perceberam o gesto da palavra amor... Um Rwesk foi o primeiro a se voltar, voluntariamente, para o lado e abraçou um Mreuz, depois saudou um Treusk. Muitos nunca haviam partilhado esse tipo de emoção, devido a própria essência da espécie, mas pouco tempo depois, o clima era de completa confraternização. E naquele mesmo entardecer, o céu da capital de Sûdhynn ficou coberto de dezenas de milhares de espaçonaves, prontas para a missão. Combater a Deusa Shee-la-dhon, livrar aqueles que não suportavam o jugo, a opressão e o terror implantado pelos Tygons Negro. Haveriam de reverter toda a situação. Trariam novos aliados para ajudar na luta, e ampliariam cada vez mais a resistência contra o mal, que não podia prevalecer! Todas as naves e soldados traziam um reluzente símbolo que representava a Constelação de Triont, atravessada por dois vês, cruzados entre si, e mostrando de forma estilizada em cada ponta, os seis sistemas de onde vieram as maiorias dos aliados, e ao centro, o planeta Sûdhynn. Dominava-se a Patrulha da Esperança.

CAPITULO 8

A vigília

Uma nave alienígena aparentemente desgovernada, cortou os céus da Terra, e se arremeteu violentamente contra o solo numa estrondosa explosão. Logo atrás, poucos segundos depois, se liquefez do nada uma outra nave. Em seu estado de quase transparência absoluta, foi descendo lentamente e estancou a alguns centímetros dos fragmentos. Um tentáculo surgiu de uma borda saliente, e dele saiu um raio alaranjado que foi calcinando tudo ao redor. Quando não havia mais resquício nenhum dos destroços, a nave rodopiou sobre si mesma e foi desaparecendo. Outras naves com esse mesmo aspecto, surgiram em vários locais. Muitas vezes permaneciam em grupos de vinte ou trinta, chegando até a 200 naves imóveis, paradas em pleno espaço. Geralmente ficavam rondando ao redor do imenso Castelo Celestial da Deusa Shee-la-dhon. Vez ou outra, partiam em velocidade psiônica, deixando no céu, traçados de um ziguezigue estonteante. E ao retornarem, surgiam no firmamento com a mesma velocidade e estancavam de repente. E ficavam horas, dias, semanas, imobilizadas. Os Tygons Negros haviam escolhido os Ghnrukt para serem os guardas do castelo, pois sabiam que eles cumpririam a missão com êxito. Pertenciam a uma raça mercenária da pior espécie. Um subgrupo mutante aracnoreptiliano muito inteligente e carnívoro, do pequeno sistema planetário Wrhtg. Não davam muita importância para quem trabalhavam, contanto que pagassem bem e tivessem regalias. Trabalhar para os Tygons Negros tinham suas vantagens. Muitas até. Só não entendiam porque os Tygons Negros, donos de um poder incomensurável e de quase todo o Universo, escolheram justamente aquele planeta tão pequeno, tão insípido naquela galáxia vulgar? Por eles, haviam construído o Castelo Celestial no planeta Zygthe, mais ao norte. Ficava bem mais próximo das rotas comerciais e podiam saquear a vontade. Além do mais, tinham um melhor entrosamento com os zygtheanos. Um povo muito mais inteligente do que aqueles complexos de carbono, que se chamavam de seres humanos; e que não possuíam reservas de proteínas suficiente em seus corpos. Já haviam

experimentado alguns da espécie, e não fora um prato apetitoso. Antes um bom bocado de Hygtx; equivaliam a 5 unidades ambulantes aos daquele planeta, e tinham um sabor muito mais saudável. Não gostavam muito de carne putrefata, e aquele planeta cheirava muito a deteriorização. As coisas se estragavam muito depressa. Mas isso não queria dizer que não aproveitariam as oportunidades, quando as ocasiões assim os permitissem, para devorar um humano. O acordo que fizeram, dizia que poderiam comer o que quisessem, e quantos pudessem, sem restrições... Mas confessavam que em uma coisa os Tygons Negros estavam certos, dos poucos que já haviam experimentado – uns 200 espécimes diferentes -, possuíam um sabor bem peculiar. Depois iriam consultar os instrumentos que classificavam todas as espécies e descobrir quais realmente as mais gostosas.

* * *

Milhares de naves ghnrukt cercavam por completo o Castelo de Shee-la-dhon. Nenhuma espaçonave podia chegar despercebida ou romper esse cêrco. Todas as que se aproximavam passavam por uma rígida fiscalização. Esse procedimento era apenas para manter a aparência, já que todos ao entrarem nos limites internos do castelo, estariam completamente envolvidos pelo poder da Deusa Shee-la-dhon, “Aquela que a tudo via e a tudo sabia”. Muitas naves de outros mundos chegavam quase que diáriamente, a fim de oferecer seus tributos a divindade. Depois, partiam escoltados pelos ghnrukt, que indicavam o caminho para onde deveriam ir, a fim de juntarem-se às tropas dos Tygons Negros. Outras, fixavam-se ao redor do Castelo de Shee-la-dhon aguardando o grande momento. E Zhor mandava avisar que o advento estava próximo. Todos poderiam ver a Deusa e fazer seus sacrifícios. Shee-la-dhon se faria presente nas primeiras horas do sétimo mês, quando o castelo se voltasse para o oeste. Então haveria uma trégua, quando a maior força do mal se revelasse aos seus discípulos.

CAPITULO 9

Ao descobrir que em diversos mundos estavam se formando resistências contra a Deusa Shee-la-dhon, o feiticeiro Zhor ergueu seu bastão acima da cabeça e num circulo fechado, fez surgir as imagens de uma acirrada batalha espacial contra naves tygonianas. Hödlâvy possesso, praguejava com seus comandantes. — Como vocês foram deixar isso acontecer? – vociferou ele. – Quero todos eliminados!! Destruam tudo! Vamos mostrar o poder supremo de Shee-la-dhon para esses rebeldes! NÃO TENHAM COMPLACÊNCIA! Se souber que algum soldado desobedeceu minhas ordens, o seu comandante, assim como todo o regimento pagará com a vida!! Entenderam? SHEE-LA-DHON DEVE DOMINAR!!! SÓ ELA É O PODER MÁXIMO EM TODO O UNIVERSO! — Shee-la-dhon adverte que da cova profunda, está sendo desperto um ser inocente. Diz que é preciso exterminá-lo antes que abra os olhos. – Delirou Zhor. – Triont!... É de lá que partem os rebeldes... – Concluiu ele. —TRIONT! – berrou Hödlâvy. – Como não pensei nisso? Com um gesto rápido por cima de um painel multicolorido, uma imensa parede se transformou numa tela, onde se vislumbravam constelações, planetas, galáxias, tudo em movimento... – disse alguma coisa, e as imagens foram se modificando até surgir uma aglomeração de estrelas no canto superior dentro de um círculo piscando. – Proferiu mais outras palavras, e a imagem cresceu, dominando toda a extensão da parede. – Aí está, a Constelação de Triont! VÃO PARA LÁ E ACABEM DE UMA VEZ COM ESSA PALHAÇADA! Não me saíam de lá enquanto tudo não estiver resolvido... NÃO QUERO NENHUM REBELDE VIVO!!! Quando os Tygons Negros entraram na Constelação de Triont, já estavam preparados, para exterminarem de vez com tudo. As Naves Dirvhanash invadiram o espaço aéreo de Sûdhynn descarregando suas

terríveis e fatais armas de raios Lateyunplasmáticos 10

. Depois de tudo destruído, as naves de afastaram, então seis destróieres se postaram ao redor do planeta. De seus bicos saíram luzes irradiantes que envolveram Sûdhynn numa trama mortífera. Então acionaram suas armas, e uma espécie de energia muito fria e reluzente cobriu todo o planeta, gerando uma força destruidora. Nos minutos seguintes

aconteceu, apenas um brilho intenso e o planeta foi reduzido a um monte de poeira cósmica. Uma grande onda mortal circular foi se alargando pelo espaço e destruindo tudo pelo caminho.

Os cientistas do planeta Rhãndus não tiveram muito que pensar, e riram muito da simples estratégia montada pelos Tygons Negros. Tão simples, eficaz e mortal.Em cima do próprio símbolo dos rebeldes, que os Tygons Negros capturaram, descobriram por acaso, um sistema rápido de aniquilação dos planetas envolvidos com a resistência, utilizando o menor número de naves possíveis, e destruindo o máximo. Até a comandante Àinosh teve de reconhecer a idéia brilhante dos rebeldes.

CAPITULO 10

CONSTELAÇÃO DE ARHYONTE SISTEMA ICXXY

PLANETA UTHOR

As Ninphas do Tryañon, reuniram toda as nações do Sistema Icxxy, para um comunicado espiritual: “Todos precisavam se preparar, serem fortes, pois uma grande batalha se aproximava. O caos estava vindo rapidamente pelo espaço. Breve, muito breve, na forma de uma imensa nuvem negra, buscaria nas almas fracas e indecisas a sua moradia.

Portanto, todos deveriam vigiar e orar muito, pois a luta contra essa força maligna seria mortal. Aqueles que não conseguissem suportar e vencer este desafio, certamente estariam mortos, pois seus corpos seriam dominados por essa entidade do mal. Era necessário, que todos se unissem numa só força de luz que cobriria todo o planeta, como uma barreira de energia mística intransponível, não permitindo a entrada do mal. Era imprescindível que todos se concentrassem num único pensamento, caso contrario, aqueles que não estivessem sintonizados na corrente energética, fatalmente seriam sugados pela força negativa. Todos deveriam, quando o momento chegasse, recitar o “mantran sagrado” em uníssono, que impediria a invasão e neutralizaria a forma do mal. Esse era o único modo de vencer. Lutar seria criar possibilidades de uma vitória para o inimigo, cujo poder vinha da força bruta, da própria morte, da energia mística negativa; um poder muito superior, cheio de maldade. Medidas drásticas serão tomadas! Todos os povos do sistema Icxxy deverão abandonar seus planetas, e virem o mais rápido possível para Uthor, pois seus lares deixarão de fazer parte deste mundo. A fúria assassina que se aproxima, irá destruir tudo, não podendo liquidar com Uthor...” Após terminarem, as Ninphas do Tryañon, ergueram seus braços deixando antever a textura diáfana de suas asas, e o contorno marcante de seus corpos bem femininos. Uma luz forte e brilhante as envolveram. Foram se elevando lentamente, até sumirem no horizonte. O povo saindo do torpor letárgico, despertou para as evidências e tratou de acatar as ordens das 3 divindades. O momento não era de questionar a situação. Deveriam agir rápidos. As Ninphas do Tryañon só apareciam quando alguma coisa de muito séria estava para acontecer. E para virem as três, era sinal, com certeza, de muita gravidade.

* * *

Diz uma lenda, que M~nik, Zb~et e A~mda foram geradas da fusão de lavas incandescentes com a poeira cósmica que criou Tryãn – A morada das Ninphas. Mais tarde o planeta passou por transformações geológicas, expelindo para o espaço grande quantidade de massas, gases e energias; gerando então o nascimento dos outros planetas e dos satélites: Nictos, Salux e Barath, sendo este último colonizado e importante na extração dos cristais de Dharn e Yrinnium. Com a

chegada dos exploradores de outras galáxias ao Planeta Tryãn, foi

batizado com o nome de Uthor 11

. Os outros planetas do Sistema Icxxy são: Trayon, Hevy’s, Ol’st, Rhaz’lys, Iryon e Zantuphar, o menor. Praticamente todos são habitados e têm o planeta Uthor como centro de comércio. Os 7 planetas orbitam ao redor de uma imensa estrela chamada Syrëia, que emite uma claridade azulada e muito quente. Durante o evento cósmico, as ninphas isolaram Tryãn dentro de uma redoma de energia, que assim permaneceu até as forças se apaziguarem. E, com a chegada de exploradores do espaço, elas se revelaram, dando-lhes um planeta cheio de promessas e prosperidade. E os seres ficaram tão maravilhados com tudo o que viram, que tornaram as ninphas suas protetoras e guardiãs.

* * *

As Ninphas em sua morada, num uníssono coro, entoavam um cântico belíssimo. O som fluía em ondas pelo espaço, se espalhando por todos os cantos do universo, como num pedido de ajuda. Um pedido de socorro tão pungente que tocava a todos os que escutavam aquela melodia maviosa... E junto com os povos dos planetas que chegavam em milhares de naves e se espalhavam por toda Uthor, vinham também, outros seres estranhos em suas espaçonaves esquisitas, trazidas pelo cântico. Todos pareciam entender perfeitamente o que estava para acontecer... ...e num decrescendo, a melodia ia encerrando numa benção de agradecimento, e trouxe num átimo do som, na ponta do liame musical, aquela bola de luz, como se finalizando o chamamento e encerrando a pauta. O som se estancou. E a esfera reluzente pousou suavemente nos jardins floridos de Tryãn. Havia uma paz e uma harmonia reinante naquele lugar. Ao longe, podiam se avistar vales profundos e verdejantes; um oceano imenso de águas tranqüilas, e sobre um céu azul, que se perdia no horizonte, uma estrela brilhante e amarelada de onde vinha um calor intenso. Perto, via-se uma fonte de águas cristalinas, onde pássaros e animais saciavam a sede. Era um mundo mágico em outra dimensão. As ninphas foram se aproximando calmamente, como se levitassem, e ao mesmo tempo, do interior do bólido, saía uma criatura gigantesca de pele lilás, cabelos azul escuros, com mechas furta-cores, e seus olhos emitiam um brilho amarelo e

ameaçador. Observava tudo ao redor na defensiva. Parecia estar pronta para revidar qualquer ataque. “Não tenha medo... você está num ambiente de harmonia e paz... não queremos lhe fazer nenhum mal... você veio, com certeza, para nos ajudar...” – tranqüilizou as ninfas em uníssono, numa mensagem telepática. A criatura se preparava para projetar uma carga de energia contra elas. – “...esteja em paz... sua energia não surtirá nenhum efeito aqui... em nosso mundo, somos imunes a qualquer tipo de agressão...” – alertou elas. O ser se acalmou, ficou mais confiante. — Como vocês falam comigo? Onde estou? Onde estão as minhas companheiras...? – indagou. “Você foi enviada até nós, para nos ajudar a combater o mal que se aproxima... Este é o planeta Uthor, da Constelação de Arhyonte... sua terra, fica a milhões de anos num futuro bem distante... mas, lembre-se: o que for feito aqui, repercutirá na sua geração e no seu mundo, no seu devido tempo... Se o mal prevalecer, não haverá tempo...nem futuro... tudo se extinguirá consumido pela chama ardente e fria da Deusa Shee-la-dhon”. Elas sabiam o nome da força negativa... do mal, contudo, só não o pronunciaram diante as nações para não vê-lo propagado. — Eu sou Gykha, líder guerreira da nação Lahëbg, meu planeta é Tharynnus, da massa estelar Hoiléc-Az-Moht... “...Nós sabemos tudo a seu respeito. Nossa irmã M~nik já nos revelou o que ocorre no seu íntimo...”- contou uma das ninfas, olhando para a divindade a sua direita. “...esse símbolo que traz preso em seu colar, demonstra bravura, coragem e altivez...” – disse a mesma, apontando para o objeto dourado em formato espiralado, cravejado de pedras coloridas e brilhantes. — Sterägon...- disse Gykha, pousando a mão esquerda sobre o objeto. “Sim... é o símbolo sagrado do mestre Parshimptyha... quem abriu o caminho seguro para você vir até a nós...” — Conquistei esse prêmio ao salvar um ser alado da morte num planeta chamado Terra, quando participava dos Jogos Planetários 12

...foi uma retribuição.

“Nós esperamos contar com você nesta luta... se você veio, é porque poderá contribuir de alguma forma... O mesmo mal que quase matou aquele ser alado, está vindo para o nosso planeta... Nós lançamos um pedido de ajuda as estrelas e obtivemos muitas respostas!”

* * *

E a ameaça que vinha do espaço chegou em forma de milhares de naves de assalto, e como um enxame de Krilock’s penetrou no Sistema Icxxy ávidos de sangue. Os três satélites Nictos, Salux e Barath foram destruídos quase que imediatamente, e em seguida grupos de naves partiram para cada planeta dando o mesmo fim a cada um deles; depois avançaram sequiosos para Uthor, e se chocaram com um campo de força invisível. Seus radares não indicavam nenhuma barreira de energia convencional. Os que conseguiram desviar, recuaram assustados, para depois se arremeterem novamente com toda a potência máxima de suas naves. E tiveram outra surprêsa. O campo de força havia se expandido, se tornando mais letal. As naves de médio porte descarregaram suas baterias de raios que foram absorvidos, ampliando ainda mais a barreira que foi envolvendo as espaçonaves próximas num raio de luz e as explodindo.

* * *

Hödlâvy colérico, não podia conceber existir alguma força que impedisse a sua vitória. Procurou o feiticeiro Zhor para aconselhá-lo no que deveria fazer. — Meu senhor, a Deusa Shee-la-dhon mantém-se calada. Ela não ouve minhas súplicas... PRECISAMOS DE SACRIFÍCIOS!!! -gritou agoniado quase numa ordem. Hödlâvy sabia que sem sacrifícios a Deusa não os atenderia. Retirou-se pensando em algum modo de oferecer vidas para a sua divindade. E o feiticeiro, tão logo se viu sozinho, se concentrou na invocação dos seus poderes místicos, num idioma de linguajar gutural há muito tempo perdido nos tempos, e que somente os grandes magos conseguiam pronunciar, pois era uma conclamação às forças das trevas abissais e energias cósmicas negativas de poderes inconcebíveis. Toda a nave estremecia a cada palavra. Fogos-fátuos percorriam os corredores, rodopiavam ao redor de Zhor, num delírio cabalístico. Suas imprecações gritantes e blasfemas aos poucos iam abrindo um universo a sua frente. Já não existia a nave, apenas um imenso vazio, e adiante, num brilho fulgurante, o planeta Uthor e o que restava do Sistema Icxxy. Os olhos de Zhor se tornaram injetados, as palavras saíam da sua boca em jactos de fogo. Num momento ergueu o seu bastão, e do Cristão Thribäry uma grande bola de fogo soltou para o espaço em

direção a Uthor. E a sua caminhada foi devastadora, deixando um rastro de fragmentos de naves e restos de planetas calcinados. E o embate foi algo manifesto no universo. O planeta Uthor envolvido por um luz vermelha muito cintilante, foi perdendo a tonalidade, passando a verde e depois amarela. Zhor manipulava a energia do Cristal Thribäry com astúcia. Tinha o poder mais forte nas mãos, e a medida em que conseguia enfraquecer a barreira do planeta o cristal se fortalecia cada a vez mais, com as energias vitais que puxava para o seu interior. Breve, não sobrariam viva almas e tudo seria imolado em nome da Deusa Shee-la-dhon.

* * *

Muitos corpos ressecados, retorcidos com máscaras de dor em seus rostos, jaziam no chão. Outros ainda permaneciam de pé, paralisados, com os olhos ainda vivos, guardando apenas a ultima réstia de vida sair para tombarem como os outros. A onda de energia vermelha se aproximava cada vez mais e com um ferocidade animalesca. Tudo que tivesse vida, até a mais ínfima criatura ou verme estava sendo consumido de suas energias. As ninphas sentiam-se enfraquecidas a cada instante. Viam suas esperanças esvaírem-se, a menos que... A Ninpha A~mada cerrou seus braços num abraço sobre o seu corpo, e deixou-se envolver por aquela energia negativa, que se juntou toda sobre ela num festim alucinante. E ela lutou bravamente, e sobrepujou com toda a sua resistência, por alguns momentos, todo o poderio de Shee-la-dhon, mas por fim, vencida, seu corpo desapareceu como todos os outros. E do meio daquela energia fria, como uma seta, um raio de luz, saiu e se esparramou sobre as outras ninphas. A~mda cedia apenas a matéria, a sua energia vital voltava para as suas irmãs. E no instante seguinte elas pareciam revigoradas, de forças redobradas. Prontas para lutar até o final. Gykha começava a sentir também o seu fim próximo. Vir de tão longe para morrer num planeta desconhecido, e sem as honras fúnebres que merecia? Não podia ser assim! Era uma guerreira! Tinha que lutar! Sua vida sempre fora de combate e não podia ser vencida! Não aceitava aquela derrota! Instintivamente, seus olhos começaram a brilhar intensamente... uma nova fonte de energia brotava dentro do seu ser. Suas mãos começavam a formigar, a queimar, a ficar em chamar... Sua mente mergulhou na vastidão do cosmo., e ela começou a acumular a

energia dos quasares, das estrelas, dos pulsares... como se o seu corpo estivesse projetado no espaço e captasse todas as forças cósmicas emanadas do universo. O Sterägon no seu pescoço reluzia intensamente. E dos seus braços tesados, partiram como um relâmpago, uma força de energia brilhante, de um azul muito profundo. Um poder que se uniu às energias místicas das ninfas. E a barreira energética ressurgiu novamente ao redor do planeta Uthor num jato.

* * *

O feiticeiro Zhor permanecia estático, tenso, de olhos esbugalhados em sua concentração. Sons quase num murmúrio ressoavam confusos, numa linguagem estranha de sua boca paralisada. De repente, despertando do transe invocou em alta voz os poderes da escuridão, e uma luz negra o envolveu completamente. Mais tarde Àinosh e Hödlâvy o encontraram levitando. Suas feições estavam gélidas e transtornadas. — Shee-la-dhon adverte que devemos partir imediatamente! A força que emana daquele planeta é muito forte. Houve um sacrifício importante, uma das ninfas despojou-se de sua alma em prol das outras... que se fortaleceram com a ajuda de uma rebelde tharynnusiana! DESTRUAM TUDO AO REDOR! Ordenou ela. – QUE ESSE PLANETA VAGUE ISOLADO PARA SEMPRE NESTE MUNDO... E AMALDIÇOADO!

* * *

Após a retirada dos Tygons Negros, o planeta Uthor comemorou triunfante. Os sobreviventes celebraram a vitória, mas choraram também pelos seus mortos. Conseguiram sobreviver a custo de muitas vitimas. Mas, mesmo assim, ainda não estavam convencidos de que tudo terminara. Muitos dos que lutaram ali, já conheciam os Tygons Negros e sabiam que eles não eram de recuar tão facilmente. Quando menos se esperasse, voltariam com carga total num ataque suicida e devastador. Deviam ficar em constante prontidão. As Ninphas se aproximaram da guerreira Gykha. “Obrigada” – disseram. “Você demonstrou coragem, decisão e muita firmeza!... Digna do símbolo que ostenta... os sobreviventes

deste planeta lhe devem suas vidas... e a nação Lahëbg deve se sentir honrada por tê-la como líder ...” Gykha escutava aquelas palavras entrando em sua mente, mas estava mais preocupada era em como retornar a Tharynnus. “...você com este gesto, despertou uma força muito grande no seu interior... Agora possui um poder tão forte quanto o da própria Deusa Shee-la-dhon! E sabendo utiliza-lo de maneira consciente, esse poder lhe será ilimitado...!”. Enquanto as ninfas falavam, Gykha travava uma batalha intimamente. Sabia o que as ninphas se referiam. Tinha sentido. Quando lutava contra as forças de Shee-la-dhon, percebera que criara um elo cósmico com todas as energias do universo. Bastava apenas se concentrar e a mesma sensação que sentira anteriormente voltava. O Sterägon pôs-se a piscar, ela percebeu que o seu corpo num instante estava no espaço, e em outro, ao lado das ninfas. “...sentimos que você precisa partir. Nós percebemos a sua ansiedade... muitas lutas ainda a esperam...” E Gykha apenas sentiu o seu corpo ficar mais leve, a sua mente se projetar para o vazio infinito, se misturando as estrelas, e de repente, era apenas um caminho de luz, um risco brilhante cortando o firmamento e sumindo no horizonte.

* * *

A Ninpha Zb~et reuniu mais uma vez o povo de Uthor e comunicou que iria partir numa missão sagrada. A sua irmã M~nik permaneceria protegendo o planeta. Aqueles que desejassem se unir a ela naquela luta contra o mal, seriam abençoados. E pouco depois, a ninpha Zb~et partia em sua nave hialossônica, levando em sua retaguarda uma imensa frota espacial composta de inúmeras naves de assaltos e cargueiros abarrotados de voluntários. E somente a distância, bem de longe, é que pode perceber a solidão, a vastidão sombria em que ficara o Planeta Uthor. Até a estrela Syrëia parecia ter se afastado mais. A reconstrução seria árdua.

CAPITULO 11

TERRA

A Resistência

Uma grande batalha se iniciava na Terra. Uma guerra do bem contra o mal. Uma luta onde o herói era ser o mais covarde possível para sobreviver. A resistência estava se formando em várias regiões do globo terrestre, apesar das derrotas contínuas impostas pelos Tygons Negros. A Mitra tinha espiões por todos os lados, e os mais perigosos eram os Drrax’s; alienígenas do planeta Fhorbus, pertencente à região central da Via Láctea. Transformavam-se em seres humanos com tal perfeição e rapidez, que era impossível, a primeira vista identificá-los, e só havia dois modos: um era que não possuíam digitais. O outro, era que próximos a qualquer corrente elétrica, suas metamorfoses diluíam e voltavam as suas formas originais, que não eram nada agradáveis; e depois, morriam logo em seguida. Esse era um mistério que ninguém conseguia entender; pois enquanto utilizavam a forma humana, sobreviviam na terra, quando não, tinham pouco tempo de vida. Mas como grande parte dos grupos da resistência se escondiam abaixo dos destroços, em casas abandonadas e áreas isoladas, sem energia, quase sempre se viam espaçonaves tygonianas prendendo humanos, ou os mesmos sendo fuzilados. Mas serem descobertos não era o problema, todos já sabiam qual seria os seus destinos: a morte. Só não podiam prever o descontrôle de alguns rebeldes que acometidos do mêdo, e já completamente enlouquecidos depois de verem tanta carnificina, começavam a se marcar com o sinal da Deusa e, em seguida, a delatar seus próprios companheiros, indicando através da GeoNet, os lugares onde se escondiam ou possivelmente se esconderiam. Não havia como se defenderem de tais situações. Muitos não conseguiam agüentar a constante tensão emocional a que eram submetidos, quase que diariamente, e também as lembrança trágicas de suas mulheres e filhos sendo devorados pelos Dreolks e Gryphõns, e não podendo fazer nada para salva-los.

E a cada dois dias no máximo, mudavam de esconderijos. Ficavam em algum lugar, apenas o tempo suficiente para descansar, comer e depois fugir. Eram poucos os que sabiam dos planos. O acesso a GeoNet somente era feito por pessoa que já possuía um padrão profissional dentro de um campo de pesquisa. A Mitra nunca ia desconfiar de um Geógrafo ou Cartógrafo pedindo mapas de uma determinada região, ou de um estrategista militar, querendo saber dos movimentos das tropas em determinadas localidades. Para a resistência era um desafio constante esse tipo de situação. Lidavam abertamente com o inimigo, levava ele para dentro de casa, tirava-lhe todas as informações e ele ainda sorridente agradecia... Mas tudo mudava, quando havia uma denúncia. Em menos de 1 minuto todo o local ficava cercado por uma teia energética, num raio de quase 1 km de diâmetro, e em seguida vinham os Dreolks e Gryphõns, surgidos de outra dimensão, depois naves tygonianas rondavam o local, enquanto uma aterrizava para investigar. Geralmente chefiada por algum alienígena mal encarado e de mau humor indisposto a fazer qualquer pergunta, e deixando quase sempre as feras, a resolução final. E os soldados partiam numa incursão até os limites da teia energética, investigando e esquadrinhando tudo. Aqueles que não possuíam a marca ou eram eliminados na hora, ou presos e imobilizados por argolas de energia, lançadas por uma espécie de arma. Tão logo a argola se fixava na altura do tornozelo, emitia uma descarga de luz paralisante e o corpo volatilizava-se no ar. Os rebeldes acreditavam que os prisioneiros eram levados para alguma prisão em outro universo. Nunca souberam de alguém que tivesse voltado para contar. Quem se convertia não contava, e quando se capturava algum devoto, pensando que se poderia obter algum tipo de informação, ele se matava mordendo a própria língua em sacrifício a Shee-la-dhon.

* * *

Haveria um recadastramento mundial pela GeoNet. Todos deviam se apresentar diante a tela virtual, com seus códigos de acesso, a partir do primeiro dia de vida. Todos tinham 24 horas ou 1.440 minutos para se regularizarem. Passados o tempo estipulado, os que não estivessem com seus documentos em ordem, perderiam seus direitos como cidadãos, e não poderiam mais comprar, vender, negociar ou ter qualquer tipo de relacionamento social... Seriam considerados rebeldes

e estariam irremediavelmente condenados à morte. Os rebeldes sabiam que o recadastramento fazia parte de um controle importante dos Tygons Negros, para organizarem a vinda da Deusa Shee-la-dhon, e por todos os cantos, viam-se folhetos, cartazes de alerta. Na rede virtual havia mensagens contínuas a respeito e, as conseqüências finais com imagens aterrorizantes, assim como painéis holográficos espalhados por todos os lados. O recadastramento consistia em acessar a GeoNet com o seu código germinativo e mostrar a marca. Era óbvio que todos os que não possuíssem a marca seriam identificados, e sumariamente mortos na hora. A Mitra precisava obter o controle total da população mundial. Até aquele momento a GeoNet fora um canal virtual de livre acesso. Permaneceria assim, só que temporariamente fiscalizada. Não temiam os rebeldes, mas precisavam mantê-los afastado dos grandes centros. Para os Tygons Negros era mais fácil caçá-los nas montanhas, longe das aglomerações... Alem do que era um ótimo exercício para os soldados, acostumados a um rígido regime, deixando-os mais à vontade. Muitos tentaram falsificar a marca, apenas carimbando o sinal na palma da mão ou na fronte, mas ao passarem pelo scanneamento da GeoNet, estranhamente a marca se fixava na pele, não saindo mais, e por conta desta situação, foram expulsos das comunidades e tratados como traidores, outros foram executados... Não havia como escapar... Ou eram adeptos de Shee-la-dhon ou rebeldes. Não havia meio termo nesta escolha. Era uma decisão fatal; ou se entregavam a morte ou morriam! Existia o mal sob todas as formas, assim como a sua presença era constante.

* * *

Mas enquanto uns rebeldes combatiam abertamente nas montanhas, outros, ocultos em local inacessível e desconhecido, formavam um exercito. Bem poucos tinham conhecimento de tal fato, e muitos nem sabiam se era realmente verdade. Mas alguns cientistas e militares recrutavam secretamente todas as biomatrizes do planeta. Sabiam que somente elas tinham a chance de combater os Tygons Negros. Shee-la-dhon não conseguira tocar em suas emoções. Um sistema de defesa

bem peculiar desenvolvido por aqueles seres, as impediam de atacar qualquer ser humano, alem do que, houveram transformações metabólica nos últimos centos anos. A primeira mudança foi de uma geração de biomatrizes com características de processo de homogênese. Isso era fantástico, já que durante um longo período, elas passaram por adaptações e alternâncias biotecnológicas bastante expressivas. Os Tygons Negros não viam nelas nenhum perigo aparente, mas mantinham uma certa reserva quanto a qualquer solução a ser tomada. Sabiam que possuíam uma memória biologicamente artificial, uma genética tipicamente alienígena desconhecida e uma força descomunal. Seus cientistas nunca obtiveram bons resultados com as que mantiveram em cativeiros para experiências. Alem de um elemento inibidor, que as facultavam manterem-se alertas, mas, na mais complexa imersão vital, liberavam uma espécie de energia defensiva que afetavam todos os equipamentos utilizados nas pesquisas, deixando os cientistas confusos e muito furiosos.

* * *

Os rebeldes que permaneciam agindo sob um manto de sigilo absoluto, buscavam também se organizar fazendo mais aliados. E já existiam mundos que participavam com eles nessa batalha, mesmo sem o saberem. Alguns planetas criaram barreiras, pórticos de entradas com fiscalização constante a fim de impedir a entrada de qualquer ser com o sinal de Shee-la-dhon em seus domínios. Todos eram obrigados a retornarem imediatamente na mesma nave que chegavam, não podendo permanecer um minuto sequer em espaço aéreo do planeta. Frustrados, muitos se atiravam loucos, contra os guardas da segurança sendo eliminados, e de qualquer forma, cumpriam também seus intentos.

CAPITULO 12

SHEE-LA-DHON

A Energia Cósmica Negativa! O Poder mais Frio do Infinito!

A Força Suprema de Todo o Universo!

Até aonde a vista podia alcançar, e para além do horizonte, de norte a sul, podia se ver o magnífico Templo da Deusa Shee-la-dhon. Pela sua grandiosidade percebia-se que toda a sua construção não estava nesta dimensão, pois se tivesse, poderia influenciar na rotação do planeta, tal eram suas proporções gigantescas. Apesar de estar coberto por um brilho fulgurante, de luzes ofuscantes, e halos contínuos que partiam para os confins do cosmo em ondas de expansão, na terra, o brilho chegava como uma luz fria, gélida e nem a força da energia solar, com seus raios de calor, conseguia atravessar aquela sombra que demarcava todo o contorno, transformando tudo abaixo dela, num quase deserto árido e estéril; E a movimentação de naves chegando e saindo eram intensas. A terra se transformara num estacionamento interplanetário. Uma passarela onde se podiam apreciar seres extragaláctico dos mais diferentes tipos e aspectos. O povo estava horrorizado. Parecia o próprio inferno libertando suas aberrações para o julgamento final. Até o mais incrédulo humano, não conseguia conceber que existissem criaturas daquela natureza no espaço, mas viram também seres com características semelhantes a suas. Como dissera o feiticeiro Zhor: “Nas primeiras horas do sétimo mês, passados 5.642 dias terrestres, quando então o templo se voltar para o oeste, haverá uma trégua sagrada... e todos os escolhidos estarão presentes no momento exato em que a Deusa Shee-la-dhon fizer a sua aparição divina...” E por todo o cosmo as tropas, naves de combates, destróieres, adoradores, fanáticos... Tudo que levava a marca cravada sumiram por encanto, evaporaram no ar. A profecia se realizava. O momento sagrado se aproximava. A entidade máxima do mal mostrava a sua força, o seu poder por todo o universo e conclamava seus fiéis e eleitos. Um grande silêncio reinou até os confins do infinito. As tropas

rebeldes ficaram estarrecidas. Sabiam da existência da Deusa, venerada pelos Tygons Negros, mas desconheciam, até então, o seu poder. E a comprovação do mesmo, quando se viram sozinhos, isolados num campo de batalha, numa luta de vida e morte, e no mais profundo e aterrador vazio, suas almas se encheram de temor, de medo, de horror. Se ela era tão poderosa como demonstrava, estando presente em todos os lugares, não podia ser combatida... Era uma luta em vão!

* * *

Pela Via Láctea, portais temporais se abriam contínuamente, saindo deles naves e mais naves. Os planetas do sistema solar estavam sendo invadidos por seres que não podiam se aproximar muito da terra, por questões ambientais ou atmosféricas, outros fincaram bases bem mais longe, nos planetas Fors e Fortuna por precaução contra os raios mortais do sol. Mas todos queriam prestar homenagens a Deusa Shee-la-dhon. Queriam estar presentes quando ela se revelasse. Não importava a distancia que estivessem, a Deusa saberia o que se passava em seus corações. Em Terra adoradores e fanáticos pregavam seus cultos, exortando aqueles que ainda não possuíam a marca da Deusa, a se prepararem para o derradeiro final ou entregarem suas almas enquanto havia tempo. Deviam ser rápidos, pois, após a sua chegada, os infiéis seriam todos consumidos pela chama fria ou devorados pelas bestas sagradas. A hora estava se aproximando, o tempo se esgotando. A Grande Deusa Shee-la-dhon iria revelar todo o seu poder. Somente os escolhidos é que subiriam até o seu templo... e os selecionados seriam abençoados! A Mitra convocava a todos a olharem para o firmamento, a erguerem suas vistas para os céus, e verem a Deusa Shee-la-dhon. O momento da revelação chegava. E para todos os lados, partindo do templo, os mesmos halos que antes iam para o infinito, agora se voltavam para a Terra. Em verdade, eles funcionavam como uma espécie de ascensor espacial, pois os que se aproximavam deles recebiam um impulso para frente, e logo estavam sendo elevados até um imenso átrio redondo, onde guardas tygonianas direcionavam a multidão para uma sala central coberta por uma grande abóbada de cristal que aspergia uma luz mortiça, e quando se olhava firmemente parecia que tudo aquilo era vivo. Do vão central desta abóbada, emergia um campo de energia concentrada, tão lisa e

brilhante como um tubo de vidro. E de lá, vinham sons, choros e um canto lúgubre de vozes em lamento, De vez em quando descia uma faísca de pura energia contornando toda aquela formação. Uma grande procissão de seres se misturavam. Milhões das mais variadas raças existentes no universo, se comprimiam do lado de fora e dentro do templo. Naves permaneciam imobilizadas por raios tratores Ghnrukt. O céu ao redor do templo, por uma extensão que ultrapassava o último planeta do sistema solar estava ainda mais coberto de espaçonaves, assim como nas outras dimensões. Um halo desceu através do tubo central e uma figura gigantesca e macabra, esguia, carregando um cajado surgiu. Zhor parecia duas vezes mais alto. Seus trajes escuros brilhavam. Em seguida, vieram os Tygons Negros com os Dreolks e Gryphõns. Todos recuaram amedrontados. Zhor olhou por cima da cabeça de todos, sua visão se perdeu na distância; sua voz retumbou por todos os cantos: “A Deusa Shee-la-dhon, a incriada, a Força Suprema de Todo o Universo, estará presente para que todos possam oferecer seus sacrifícios... os escolhidos serão aqueles que devotaram suas almas a Ela. Os selecionados serão aqueles que renderão tributos com suas vidas para todo o sempre a divindade. LEMBREM-SE: SHEE-LA-DHON SABE DE TODOS OS TEMORES QUE PASSAM EM SUAS ALMAS... O que ainda possuem alguma dúvida sobre o poder supremo da Deusa, OBSERVEM!” E sob os pés de diversos fiéis presentes, o chão simplesmente tornou-se invisível e muitos corpos sumiram em meio a uma névoa rosada. O mesmo aconteceu em diversos locais e naves distantes. “Esses foram os escolhidos!” – exultou Zhor. E o tempo começou a mover-se lentamente. A girar. E desde o infinito, uma luz vermelha como um imenso manto, foi cobrindo tudo. Envolvendo cada planeta, cada cometa, cada estrela que brilhava em sua coloração carmim. E a medida em que se aproximava do planeta Terra, a Via Láctea era toda engolida pelo tom sangüíneo. O templo completou o seu giro e baqueou mansamente. Zhor apenas observava o cristal do seu cajado ir mudando de cor. “A Deusa Shee-la-dhon se encontra entre nós. Saudemos a divindade!” – exclamou ele abrindo os braços. – “VIVA SHEE-LA-DHON!!!” – gritou numa exaltação. Enquanto clamavam por Shee-la-dhon, foram sentindo, cada um a

sua presença através do toque frio em suas marcas, como se sendo a confirmação do pacto diabólico. A dor gélida aprofundou-se no cérebro, pelos braços e estancou de repente. E até o ser que vivia no ambiente mais gelado do universo, estremeceu ao sentir o contato mortal da Deusa. “Vocês sentiram o sinal da divindade...” – disse Zhor. “A sua presença aqui neste templo, celebra a sua aliança de imortalidade com todos os presentes. Aqueles que receberam os seus toque, e sobreviveram, são os selecionados para espalhar a nova doutrina por todo o universo em seu nome. Os Tygons Negros, os mensageiros da morte, serão seus guias nesta caminhada que se inicia...”. Não existia mais a abóbada. O que se via era uma nuvem negra, uma névoa vermelha escura, que emitia relâmpagos mudos. Parecia que havia se aberto um portal para outras dimensões e vozes em línguas estranhas, gritos de horror, gemidos de prazer, gargalhadas histéricas, milhares de vozes entoando a mesma música lúgubre e aterrorizante ...Um mundo de trevas, frio e maligno se fazia presente e estava sendo conhecido... E esse plano astral não era muito diferente do que eles já estavam acostumados a viverem, pois em seus corações, a maldade era mais que habitual... era contumaz! E durante 212 dias, o Universo pode comprovar a presença da Deusa Shee-la-dhon no planeta Terra. Quando o tempo se movimentou de leste para oeste, o céu se tornou azulado e a procissão de seres alienígenas findou. Os halos voltaram suas atividades para o espaço e os que vinham até a terra desapareceram, encerrando a ligação com aquele mundo, apesar de o templo permanecer no mesmo lugar. Só que em outra dimensão.

CAPITULO 13

“Nada existe sem a Sua presença!”

Uma calma aparente se percebia por todo o cosmo. As notícias davam contas da aparição da onipotente Deusa Shee-la-dhon aos seus fiéis, e com isso, a grande concentração de devotos, crentes, curiosos se dirigindo para o planeta Y, conhecido como Planeta de Cristal, identificado no setor Y 00Y OOYOOO1Y, num Sistema Solar isolado, mais ao sul da rota comercial de Trybork. Como referência tinham os planetas Fhorbus e Zygthe, dois centros importantes de comércio em toda a Via Láctea. A trégua fora uma demonstração da força e do poder da Deusa, e os Tygons Negros se mostravam tão confiantes nesse poder, e no terror que causavam, que abandonaram as batalhas. Conheciam seus inimigos e sabiam que havia muito tempo ainda, antes de uma revanche. Ele haveriam de dominar cada poeira cósmica, até os rebeldes conseguirem se organizar. Essa trégua, para eles em nome de Shee-la-dhon, mostrava o poder pleno e divino que Ela possuía sobre todas as coisas, e não havia outro “Deus” que pudesse fazer e desfazer, mandar e desmandar que não Ela. SHEE-LA-DHON ERA UNIVERSAL. O Mal em sua forma mais completa e sublime!

* * *

E aquele ronco ensurdecedor de milhares de motores vindo como uma onda, fazendo tudo estremecer, e ninguém sabendo de onde partia, era infernal. Por quase todo o planeta o som ia penetrando pelos ouvidos; parecia que a carne ia se separando dos ossos, e todos se comprimiam amedrontados. E depois veio o silêncio. Nenhum som mais se ouvia. Era algo angustiante. E de repente, lá do mundo da mente de cada um, veio surgindo aquela melodia única, conhecida por todos; grave, suave, surgida de lugar nenhum, apenas embalada pela brisa.E novamente o pavor tomava conta do universo. E os Gryphõns surgiram do nada, vindos de outra dimensão, numa investida mortal, agora montados pelos Tygons Negros, os únicos que dominavam aquelas feras. Eram ataques fulminantes e cheios de voracidade, gana, volúpia e fé. As pequenas naves de assalto que vieram a seguir, se arrojavam por entre as linhas de fogo, como verdadeiros suicídas, não se importando em serem atingidas. E quando fora de combates, procuravam cair entre os inimigos causando o maior número de baixas possíveis. E morriam gritando o nome de Shee-la-dhon, como se a Deusa já não soubesse do destino de cada um dos seus

filhos muito amado. Mas uma Deusa como ela, não podia dar descanso aos infiéis. E os rebeldes lutavam em desespêro de causa, e sobre tensão emocional constante beirando a loucura, pois além dos ataques das tropas de assaltos, tinham os mercenários alienígenas, os bandidos, os assassinos que agiam continuamente, num ritmo e delírio alucinante. A trégua propiciada por Shee-la-dhon fora uma estratégia diabólicamente engendrada. Pressionar, pressionar, pressionar muito e ceder o mínimo. Depois de uma luta contínua e exaustiva contra os rebeldes, que desesperadamente lutavam por suas vidas, veio a bonança. Mesmo assim o nervosismo e a intranqüilidade estavam presentes. Não sabiam quando tudo recomeçaria. Havia algo no ar. Uma ameaça velada. E isso era pior do que o combate. E todos estavam chegando a uma conclusão, que para se obter tranqüilidade, só restavam ser devotos da Deusa. Só que todos sabiam que assumiam um compromisso de morte. Eles tiveram o tempo suficiente para pensar nas decisões a serem tomadas, e agora com o retorno dos Tygons Negros com carga total, muitos dos rebeldes que não agüentavam mais a pressão, estavam apavorados. De qualquer forma, todos os sacrifícios, as perdas de vidas eram uma vitória para a Deusa que só tinha a ganhar. Até perdendo, obtinha poder para sua glória.

* * *

E uma parte significativa das tropas da Patrulha da Esperança, que combatiam acirradamente contra os Tygons Negros, depois de se verem abandonadas, num momento de vitória iminente em favor do bem, perceberam o poder que estavam enfrentando. Eles lutavam com a força que possuíam em seus corações, mas diante uma comprovação real do poder de Shee-la-dhon, não tinham muito que pensar. E aconteceu o que vinha acontecendo em todos os lugares: voltaram-se contra seus próprios companheiros, se rendendo a milícia tygoniana, e oferecendo suas vidas em sacrifício a Deusa. E não havia como conter os soldados em suas provações, que se jogavam das comportas das naves em pleno espaço, num delírio de puro fanatismo. Muitos se marcavam, sabotavam os motores e eram fuzilados por seus próprios companheiros antes que fossem mortos. E por toda a extensão do universo, a expansão da glorificação a

Deusa Shee-la-dhon era mais que evidente. Em quase todas as dimensões, a sua marca já era conhecida! O sinal chegava com turistas ou algum devoto, que reunia o povo da rua, e explicava quem era Shee-la-dhon, e o poder imenso daqueles que possuísses a marca. Falava também da teofania; do toque divino, alertava aos infiéis sobre os mensageiros da morte, os Tygons Negros... que estavam dominando o universo, levando a mensagem de Shee-la-dhon e declarava enfático e confiantes que “Nada existia sem que Ela não estivesse presente!” Eram tão contagiantes as suas palavras, que ao terminar, já haviam fanáticos querendo usar a marca, sentir o toque divino, fazer sacrifícios, e assim, desencadeava uma fúria insana entre a população que saía cometendo atos de pura selvageria. E o culto crescia vertiginosamente por todo o planeta, não havendo nada que pudesse deter aquela onda de fanatismo, de fascinação pelos poderes que Shee-la-dhon lhes ofertava. E em nome da Deusa, matavam, violentavam, pilhavam, estupravam...e naturalmente, praticavam aquilo que – independente de qualquer povo, raça, mundo ou sistema interplanetário – lhes era peculiar: a violência – na sua forma mais pura e instintiva! Recheada de sadismo e requintes de muita crueldade! E de uma hora para outra, iniciavam-se batalhas, guerras e com elas vinham a destruição. Em pouco tempo, o planeta ficava na mais completa desolação, cheio de devotos da Deusa se imolando por todos os cantos.

CAPITULO 14

VEGA

O comandante Höllumor estava sobre pressão. Exigiam dele uma tomada de posição quanto ao que estava acontecendo além das fronteiras de Vega. Pelo fato de os Tygons Negros ainda não terem invadido nenhum planeta pertencente a O.N.F.I – Organização das Nações Federativas Intergalácticas, não se justificava ele manter-se à

parte aos problemas. Apesar de estrategicamente Hödlâvy evitar uma luta aberta contra Vega, estava por sua vez acabando com o comércio dos planetas da federação com os outros mundos. Isso começava a afetar os relacionamentos diplomáticos e o mercado entre outros sistemas estelares. A situação era bastante crítica. E os representantes dos planetas Uthy, Irsith, Llugal, Naghas e Sheelahs formaram uma comissão; fizeram um abaixo assinado exigindo que a Dinastia Tharons, através do Príncipe Herdeiro, Comandante Höllumor, intervisse de maneira enérgica, levando em consideração que o Conselho das Onze Nações não obtiveram nenhum resultado das conversações com os Tygons Negros. Caso ele não tomasse nenhuma medida, pediriam seus desligamentos da O.N.F.I. e se uniriam aos rebeldes. Achavam que se Vega, em especial Höllumor, declarasse guerra ao seu irmão, todos os outros planetas se uniriam a ele, na batalha contra os Tygons Negros. Mas era importante que ele se predispusesse a tomar a iniciativa. Com tamanha pressão partindo de todos os lados, Höllumor reuniu o seu comando. O Mestre Hanxxal já previra como tudo iria terminar. Fazia parte de uma lei cósmica. “Todos já estão cientes do que está acontecendo. Os Tygons Negros voltaram a atacar o Planeta Y e, agora espalham o terror pelo universo. Não invadiram ainda nenhum planeta da federação, por uma questão de estratégia. Estou sabendo que pretendem fazer um cerco ao redor da Nebulosa de Anidh, deixando Vega completamente isolada, para depois atacarem. A nova geração de oficiais e comandantes não devem estar sabendo, mas é importante saberem agora: Hödlâvy, o Comandante dos Tygons Negros é meu irmão, um Shuyirañtýgn” – Todos se entreolharam surprêsos, mas logo voltaram a ficar sérios, cientes das suas atribuições. “Pois bem, já nos defrontamos no passado e eu o venci, as custas de muitas mortes e muitos sacrifícios. Consegui também aprisionar a Deusa Shee-la-dhon no Circulo Hétrico, mas parece que conseguiram se safar. Vejo-me na contingência de envia-los como observadores, e que me façam relatórios diários. Sei que a situação é muito perigosa, contudo, não quero ser precipitado, ocasionando mais mortes desnecessárias. Mas caso haja necessidade de se defenderem, podem partir para o ataque, mas se puderem evitar, será de vital importância. Tenho a plena certeza de que dominaremos mais uma vez essa situação. SHEE-LA-DHON É FORTE E

PODEROSA PARA OS FRACOS... NÓS PODEMOS VENCÊ-LA! Por isso que os Tygons Negros estão nos evitando!... Cada comandante está recebendo a sua missão em código V’iger. Prioridade e sigilo absoluto. Nem seus oficiais imediatos devem saber da rota assinalada até a hora da partida. A saída das naves será em nível 8 e procedimentos de abordagens ao inimigo em 2. Vou aguardar os relatório para então agir. Por favor, ajam rápidos! Saibam que não pretendo participar desta luta, mas devo proteger os interesses da Dinastia e da Federação. Torno a repetir: Evitem confrontos com os Tygons Negros ou provocações dos seus soldados. Todos estão dominados pelo feitiço da Deusa Shee-la-dhon. Quanto aos rebeldes, o tratamento será o mesmo: Seremos apenas observadores. Se a Dinastia ou a Federação tiver de tomar alguma iniciativa, será por decisão própria, e não para defender este ou aquele lado. Se mantivermos a neutralidade, será mais fácil manipularmos os fatos...”- E dirigindo a palavra a sua oficial em outro tom de voz. – “Comandante Asyolehs-Ogêr, como a senhora já conhece o setor Y, gostaria que se incumbisse pessoalmente daquela região. Recrute a Oficial Hu-lãm. Segundo o Mestre Hanxxal, ela tem feito um ótimo trabalho na Rota de Farellos. Leve também Oizh-Irbha e Lêhec-Ars. São novos, mas muito ágeis e lhes serão de grande ajuda nas incursões que fizer pelo Planeta. Lembre-se que todo o cuidado é pouco!. Ainda mais que existem naves Ghnrukt naquela área. Sei que não são loucos para desafiarem uma nave da Dinastia, mas na atual conjuntura, nunca se sabe...” A comandante Asyolehs-Ogêr, não entendia o porque de tantas recomendações. Ia fazer o que já fizera outras vezes... Conhecia a língua nativa, o povo, e cada canto daquele planeta mais do que o seu. “...E esteja preparada para quando o portal se abrir.” finalizou ele.

* * *

A entrada de uma ave X’am sempre despertava alvorôço entre os novos oficiais. Ainda não estavam habituados a verem de perto aqueles seres especiais, que só recebiam ordens dos comandantes da Dinastia Tharons. Depois entrou outra ave e pousou perto da comandante Asyolehs-Ogêr. Ela sorriu para si. Por uma imensa janela, entraram dois seres alados. Mostrando perícia e agilidade, ambos deram um vôo rasante por cima dos oficiais mais novos, e pousaram suavemente ao lado da comandante. Foram se apresentando. — Eu sou Oizh-Irbha – disse o ser de asas azuladas.

— Minha comandante, sou Lêhc-Ars. Obrigada por nos aceitar. Nos sentimos muito honrados em poder participar de tão importante missão! -disse o outro ser de asas verdes margenteada. – Apesar de sermos jovens e com pouca experiência, temos absoluta certeza de que saberemos cumprir com o nosso dever. As profetisas já despertaram por completo a nossa visão e os nossos sentidos. Eles não precisavam estar falando; poderiam usar a telepatia, mas achavam importante que todos pudessem ouvir, sentiam orgulhosos em poder servir a uma comandante das Tropas Especiais. — Ordene aos meus oficiais que reúnam toda a tropa. Vamos partir imediatamente! Vocês, depois ficam confinados em suas celas. – disse a Comandante. E após os dois seres partirem, olhou para todos demoradamente. -Você, você, você, você, e você – disse apontando para alguns oficiais. – Se apresentem imediatamente ao meu oficial. – Você e você também...- continuou. – ... ou melhor, vocês duas venham comigo. As duas oficiais se empertigaram. — Vamos conhecer suas novas funções. – Asyolehs-Ogêr já conhecia as duas oficiais. Eram filhas de um comandante que fora morto em campanha no planeta Xhorgs. Haviam passado em todos os exames e testes com menções honrosas. Devia dar uma chance a elas. – A partir de agora, vocês duas serão meus ouvidos e olhos nesta missão. Você cuidará de todas as informações enviadas e recebidas do Planeta Terra, e você será a responsável por toda informação recebida e passada as tropas. Estão acima de quaisquer cargos inferior ao meu! Qualquer problema ou situação de emergência, deverá ser reportado somente a mim. Compreenderam bem? Ótimo!... A primeira missão de vocês será organizar a tripulação de comunicação. Procurem a suboficial uthyana Ber-th-yhó. Estão dispensadas! Assim que as duas partiram, oito espectros majestosos se posicionaram silenciosamente ao redor da comandante, que continuou sua caminhada despreocupada. Nenhum comandante da Frota Especial de Vega andava sem sua guarda de segurança ou “Anjos da Guarda”, como eram denominados. Mesmo que ela não quisesse, fazia parte do regulamento dos oficiais; e os seus guardas eram discretos, observadores, mortais, frios e apenas cumpriam ordens sem discutir, baseados num regulamento rígido e pessoal. Ela não questionava, sobre a presença deles, desde que não interferissem no seu trabalho; e já comprovara há algum tempo atrás, a perícia dos seus guardas num

combate. Sabiam lutar com destreza e bastante agilidade... e não faziam prisioneiros. Nunca se davam ao incômodo de prender. Como regra, não possuíam amigos, nem companheiros. Eram fiéis a si mesmo e ao seu superior, o qual deviam proteger e guardar com suas próprias vidas. Aqueles oito guardas que protegiam a comandante, faziam parte da Academia Asa Quebrada, a escola de preparação e ensino militar mais seleta e reservada de Vega. Fora criada após o surgimento dos Tygons Negros, e só eram aceitos crianças órfãs de ambos os sexos, e nascidos sob a influência da lua de prata. Havia uma espécie de medida preventiva nesta medida. Em não havendo nenhuma dependência familiar, as emoções e sentimentos eram isolados mais facilmente. E os nascidos sob a ascendência da lua de prata, possuíam um poder energético muito especial. E depois de passarem por diversos testes eram levados para as profundezas subterrâneas do planeta, e só retornavam à superfície aqueles que conseguiam superar todas a provações e privações. Chamava-se Academia Asa Quebrada porque quase todos os alunos, logo nos primeiros exercícios, quebravam suas asas. E a maior honra, eram possuir asas trocadas por lâminas energéticas. E isso somente acontecia, quando já estavam adultos, e sabiam controlar suas energias interiores. Nos combates simulados, nas pontas das asas, se projetavam estiletes afiadíssimos e mortais, que ao tocar qualquer parte do corpo, abriam feridas profundas. Um verdadeiro soldado da Academia sabia todas as técnicas de defesa e ataque, e quando investiam contra o inimigo, só tinham um objetivo em mente: MATAR! Bem poucos sabiam da existência da Academia, e somente os Comandantes da Tropa Especial, com distinções da Dinastia Tharons, participavam da seleção dos cadetes, dos treinamentos em sigilo, e estavam sempre trazendo novas táticas de lutas, ou lutadores de outras galáxias para um melhor adestramento dos soldados, nas diversas formas de combates mortais. E todos eram treinados para viverem num universo paralelo. A mesma tática utilizada pelos Tygons Negros. Desta forma criavam defesas próprias. Velavam pela segurança dos comandantes e mantinham constante vigília na outra dimensão contra o inimigo invisível. Na verdade, eram como fantasmas, pois sumiam e surgiam

quando eram convenientes ou preciso. Quando mostravam suas aparências era sempre da forma hialina.

CAPITULO 15

Pelo que se podia observar, o planeta Terra estava completamente dominado pelas loucuras dos seus habitantes. As notícias que chegavam a Comandante Asyolehs-Ogêr eram aterradoras. Não acreditava que aquele povo tivesse se deixado levar pelas artimanhas da Deusa Shee-la-dhon novamente, depois de tudo que acontecera no passado. Os Tygons Negros souberam enredar com astúcia e uma estratégia de causar arrepios, os seres humanos, buscando através das suas próprias fraquezas espirituais, uma necessidade vital para suprir suas carências emocionais, levando-os para os braços mortais de Shee-la-dhon. E as conseqüências eram desastrosas! Em apenas duas incursões a Terra, as aves X’am’s revelaram um quadro bastante trágico e desolador. Lêhec-Ars retornara completamente transtornada com o que víra. Oizh-Irbha tivera que lutar com soldados mercenários que o pegara de surpresa, mas conseguira se safar com êxito, pois eles não estavam interessados em brigar e sim saquear os humanos. Mas de qualquer forma a situação era bastante crítica. Uma das aves X’am tinha uma das suas asas fraturadas, pois fora atingido por um tiro de arma de fogo. A desolação, a fome começava a assolar por todos os lados. Os rebeldes não possuíam nenhuma reserva de alimentos, pois todas as suas plantações foram queimadas, e somente aqueles que possuíam o sinal é que tinham seus campos de plantações preservados e sob forte vigilância. Não havia como saqueá-los; pois toda a extensão dos campos e armazéns eram cercados por cúpulas de barreiras sensotérmicas de alta tensão, e ligadas a GeoNet. Isso significava que qualquer um que tentasse violar os limites permitidos, por terra ou pelo ar, era capturado por uma tela virtual, escanneado, identificado e eliminado na hora. Os rebeldes por todo o planeta estavam a míngua, disputando restos

de comida e carcaças de bichos mortos com outros animais. E a ave X’am, conseqüentemente, por pouco não fora abatida ao se aproximar de uma floresta. Conseguira escapar devido o tiro ter sido dado por um péssimo caçador com uma arma arcaica. A Asyolehs-Ogêr recebia mensagens, imagens e relatórios a todo o instante. O seu navegador Irsithiano lhe avisara que naves Ghnrukt estavam vindo em sua direção em velocidade psiônica. Significava que foram detectados. Uma espaçonave da Dinastia nunca passava despercebida. — Ação evasiva, nível 10. – ordenou ela. Não precisava de um confronto. E a enorme nave da Classe Triark foi desaparecendo naquele espaço para uma dimensão intermediária, no exato momento em que surgiam as naves ghnurktianas como enxame de abelhas. E o comandante daquelas naves não ficou surpreendido com o resultado. Nunca esperaria encontrar uma espaçonave da Dinastia Tharons para combate, elas nunca se dariam ao trabalho de tal confronto. Mas se acontecesse seria uma honra, mesmo porque se caso entrassem em combate, não teriam a mínima vantagem. Eles poderiam atazanar um pouco a vida do comandante da Frota, mas assim que ele contra-atacasse, não sobraria uma nave ghnurktiana para contar a historia. Sabia que a espaçonave ainda estava ali, observando-o, mas não podia fazer nada. Seus radares não captavam nada, nem uma sombra espectral alumínica sequer. Ficar ali, seria apenas para irritar um pouco o comandante da nave da Dinastia. Ordenou retirava. Tão logo as pequenas naves partiram, a espaçonave da Dinastia ressurgiu no espaço. — Pela primeira vez, consigo penetrar na mente de um Ghnrukt! São inteligentes, mas completamente desorganizados. Seus pensamentos não interagem com suas ações; pensam de um modo bastante primitivo, seguem uma linha puramente instintiva! Por incrível que pareça, são racionais aos extremos! – comentou a Asyolehs-Ogêr a sua suboficial. – Preparem uma tropa de reconhecimento! Vou até o Planeta Y, pessoalmente! Seus oficiais olharam para ela, surprêsos. A comandante não costumava agir desse modo. O seu navegador Irsithiano ficou intranqüilo. Estava naquela nave há quase 50 ciclos, e nunca vira a sua comandante proceder daquela maneira. Nunca se deixava levar pelos impulsos. Mas deixou os pensamentos de lado, e tratou de traçar uma

rota segura cheia de armadilhas para disfarçar a chegada da tropa ao planeta. — Minha comandante, a Tropa de Reconhecimento está pronta aguardando a suas ordens! -disse um oficial tempo depois. — Minha comandante; desenvolvi uma projeção da nave em rota paralela, e abri um indutor de conversão fractal divergente para confundir os radares. Quando chegarem ao planeta, liguem o difusor espectral anólico, isso irá desvirtuar a onda osmótica do uniforme. Caso captem o movimento de vocês, transfiram o código de acesso 00,67 para 4 rhuts. Comandante, eu aconselharia a utilização da sétima zona dimensional. É pouco densa e os Tygons Negros nem vão desconfiar. Caso haja algum confronto, e só manterem o código aberto em 4 rhuts, que eu rebato daqui em Trilha Aberta. A interseção da

Linha de Parlix 131

com a 7ª Zd acontecerá em 5 minutos terrestres! As áreas de chegadas foram demarcadas de acordo com as ultimas informações obtidas pelas aves X’am’s. Tão logo a tropa chegue ao local, o refil osmótico será acionado, possibilitando que respirem na atmosfera ar daquele planeta sem nenhum perigo, por um período máximo de 48 horas local. Minha comandante, mais alguma recomendação? – Indagou o Irsithiano. Asyolehs-Ogêr olhou para o seu navegador e ordenou. — Vamos embora! Não havia necessidade dela descer. Suas ordens eram para apenas observar, mas não se contentava em ficar recebendo as notícias. Não acreditava no que estava acontecendo, precisava averiguar com seus próprios olhos. Tomava todas as precauções a fim de evitar qualquer confronto com os Tygons Negros ou seus soldados mercenários. A primeira tropa desceu oculta sob o domus principal da reserva florestal do complexo da Tijuca.

CAPITULO 16

O Embaixador

Uma reunião secreta estava acontecendo entre algumas nações ligadas a Federação. Sabiam que o príncipe Höllumor fazia o possível, mas eles precisavam de respostas imediatas. Tiveram contatos com rebeldes de várias galáxias, e todos já tinham conhecimento de onde era o quartel general dos Tygons Negros. Inclusive sobre a construção do Templo de Shee-la-dhon, que podia ser visto em quase cinco fronteiras dimensionais, tal era a grandiosidade e a demonstração do poder. E chegavam a uma conclusão que para se combater a Deusa, teria que haver um ataque simultâneo em todas as dimensões, o que era totalmente impossível, pois mesmo que as possibilidades fossem a favor deles, os Tygons Negros não tinham nada a perder. Para eles, matar ou morrer não vazia a mínima diferença. Somente não suportariam a idéia de serem derrotados sem fazerem uma vítima sequer. Isso poderia acontecer se a batalha adquirisse uma outra estratégia, mas a princípio, primeiro deveriam estabelecer contatos com a resistência do planeta Terra. Acreditavam que existiria alguma, pois o planeta não poderia estar completamente entregue aos domínios de Shee-la-dhon! A Deusa era poderosa, mas contra o brilho da Luz da Sabedoria, ela recuava. Qualquer um que olhasse os adeptos de Shee-la-dhon, com o coração cheio de fé, sem rancor e em oração, venceria o combate. O único problema é que todos os fanáticos não permitiam, nem davam tempo de uma aproximação mais tranqüila, sorrateira. Parecia que estavam sempre em constante vigia. Em verdade, a Deusa já havia lhes dominado completamente suas mentes, e não lhes permitiam um pensamento, uma indagação sequer, um questionamento mínimo sobre o que deviam ou não fazer. Mas para saber se existia alguma resistência ou não, precisavam mandar alguém averiguar, e esse alguém tinha que possuir qualificações diplomáticas e ser de muita confiança e, ao mesmo tempo, um político brilhante. Podiam contratar qualquer aventureiro, mas ele não teria a argúcia de um bom diálogo antes de cometer algum erro. Foram apresentados diversos personagens importantes com suas referidas credenciais; selecionados dentro do maior sigilo, e agrupados em ordem de importância de acordo com a urgência da ocasião. Todos

tinham condições de realizarem a missão ao planeta Terra. O embaixador Irsithiano era perito em técnicas de guerrilha, encarregado do Instituto de Exege, consultor em Crenças e Praticas Religiosa Interplanetária. A Embaixatriz de Sheelahs era Catedrática em Antropologia Espacial e versada em Exobiologia. Todos os pesquisados eram tarimbados, mas o escolhido por unanimidade foi o ylioniano Sholrac-Zhiul, que possuía uma vasta experiência em assuntos de conflitos extragalácticos, e acabara de chegar do planeta Dhoss, onde fora o intermediador numa situação bastante complicada, e resolvida com êxito. Ao ser convidado para a missão, não ficara muito surpreendido pela escolha. Em todos os casos que participara sempre mantivera uma certa discrição de suas funções, e sempre fora o mais solícito em conferência e debates, em se tratando de diplomacia universal. Já ouvira falar do planeta Terra, mas nunca lhe despertara a curiosidade em saber nada, além de onde se situava. Mas agora, via-se na contingência de conhecer tudo a respeito. Sua mente prodigiosa e o seu sentido gnóstico, lhe davam condições de absorver tudo de forma clara e bastante lúcida. E em pouco tempo, já dominava cinco idiomas principais, dialetos e duas línguas mortas. E todo esse material fora tirado da BIV – Biblioteca Intergalácticas de Vega. Havia uma observação em todo os textos estudados, no que se referia à Terra: todo o conteúdo informativo e atualizado era cedido pelo príncipe Höllumor. Fora uma surprêsa para ele tal nota. Jamais poderia imaginar o herdeiro da Dinastia Tharons, se permitir ou ter um interesse tão especial por aquele planeta; isso aguçou mais a sua atenção. E, ao aceitar o convite, dera prova de sua capacidade falando durante uma reunião nos 5 idiomas aprendidos. Lera as anotações enfáticas do príncipe a respeito do Planeta de Cristal; “alertando aqueles que entrassem em contato com os terráqueos, como deveriam tomar todas precauções necessárias, pois era um povo inconstante”. A sua missão consistia em contatar os rebeldes, e convence-los de que a ajuda estava chegando para eles. Deviam ter mais um pouco de paciência que tudo seria resolvido, sem ser preciso recorrer a extremos. Ele sentia-se confiante. Intermediar uma situação para a Federação era um privilégio desejado por muitos diplomatas. Possuiria Status Especial Federativo, isto queria dizer que não existiriam mais barreiras à sua passagem, onde quer que fosse, em qualquer lugar do Universo.

CAPITULO 17

Reencontro

A Comandante ficou assustada com a situação do planeta Terra. Logo em seguida a sua chegada, aconteceu um ataque de soldados das tropas dos Tygons Negros à sua patrulha avançada. As pistas falsas e truques forjados para despistar a sua locomoção pelo planeta pareciam não existir. A todo instante entravam em combate com tropas mercenárias e Gryphõns ou fanáticos que se lançavam contra seus soldados apenas com armas caseiras. Os ataques não eram tão acentuados porque a sua guarda pessoal antecedia o movimento das tropas na 7ª Dimensão, e ia eliminando o máximo possível de inimigos. O contato com a nave em determinadas regiões da terra era nulo. In loco, as coisas estavam piores do que se esperavam. As notícias que recebera do planeta eram péssimas, mas sempre deixava uma margem de dúvidas por conta da imaginação de quem as enviavam, e naquele exato momento, percebia que os mensageiros não eram tão criativos, pois o que via era bem mais trágico. O planeta Terra estava completamente dominado pela loucura e o delírio paranóico de Zhor, e subjugado pelo desejo do poder universal da Deusa Shee-la-dhon! Percebia-se claramente que o povo da terra era apenas um joguete nas mãos dos Tygons Negros. Eles faziam e desfaziam daquela pobre raça como bem entendiam. Acreditava que aquele mundo poderia capitular a qualquer momento. Tinha certeza de que nem todos estavam vencidos e hipnotizados pela magia negra da deusa. De alguma forma, pressentia que algo de muito ruim estava para acontecer. A fraqueza espiritual, o individualismo, o egoísmo era algo muito acentuado naquele mundo, e não se poderia esperar coisa melhor. No final, apesar de toda uma encenação emotiva, aparentemente verdadeira, a tragédia seria um fato puramente consumado. Não gostava de estar pensando daquele modo, mas gostaria de possuir alguma alternativa de salvação. Mas como lutar, ou reverter uma situação fora de contrôle? Agora já não bastava somente vencer os Tygons Negros, acabar com a Deusa

Shee-la-dhon... O mal já havia se enraizado muito profundamente na mente e nos corações humanos. Seria preciso dar novas esperanças de vida, incutir uma certeza inabalável de fé em cada um, e isso era impossível naquela situação. Em meio a toda aquela confusão, de repente, percebia, com clareza de espírito, que o que acontecia ali, era uma repetição do que já presenciara em Vega há muito tempo, e se não tomasse alguma providência, viria a se repetir em outros planetas, até a aniquilação total de todo o Universo. Mas para isso, seria preciso voltar ao passado, no primórdio dos tempos, antes de todo o cosmo se debater numa batalha inglória, e só restarem fragmentos de civilizações por todo o Universo, perdidas pelo espaço, lutando para sobreviverem. Aí sim, poderia desvendar o segredo e o mistério do mal em sua mais pura essência. — Minha Comandante, uma tropa tygoniana vem em nossa direção!! Mal recebeu o aviso, surgiram no espaço aéreo três imensas espaçonaves num triângulo perfeito, cobrindo qualquer fuga possível. Uma das naves tinha a insígnia dos Comandantes Tygons. Isso significava problemas em dobro e muita confusão. — Permaneçam em seus postos e preparados para revidar qualquer ataque! – ordenou ela. Pela primeira vez, depois de muito tempo, os Tygons Negros se defrontavam com um Comandante da Tropa Especial de Vega. — Vejo que continua ainda na ativa. Não acha que está se arriscando em vir para este planeta, sozinha? Aquela voz ressoou dentro da Comandante Asyolehs-Ogêr como uma facada. Nunca poderia se esquecer de Àinosh, sua companheira de academia, e que traíra a sua amizade, matara friamente os seus e os pais dela, numa comprovação de fé a Deusa Shee-la-dhon. Só que transformara todo o ódio que carregara em épocas passadas em piedade, amor. Sentia-se muito mais fortalecida, por isso voltou-se empunhando a sua espada, e aparando no ar o ataque de Àinosh. — BOM! Seus instintos ainda funcionam de verdade! Pensei que tivesse deixado a sua proteção por conta dos seus “Anjos da Guarda”. Eles podem ser bons lutando com a escória, mas contra os meus soldados, não passam de crianças brincando com o perigo... espero que você esteja bem melhor, pois desta vez não a perdoarei...! Asyolehs-Ogêr sabia muito bem ao que ela se referia. Em seu último encontro deixara-se levar pelo ódio e perdera o combate... e ela,

num ato raro de bondade, fora condescendente para consigo. A estratégia de Àinosh era ficar falando, tocando fundo em suas emoções, em suas lembranças, para que se perdesse em um dos ataques e baixasse a guarda. Só que deliberadamente não mais ouvia som nenhum, apenas os pensamentos instintivos de Àinosh. Assim conseguia antecipar, por questões de segundos, todos os ataques mortais desferidos, e revidá-los de imediato. Estava comprovando a supremacia de uma Comandante Especial de Vega sobre a “escória” do universo. Àinosh agora estava calada; lutava concentrada e com toda a sua perícia e técnica de artes marciais, apenas sorria debochadamente quando desferia um golpe sujo, arrancando pedaços de tecidos ou abrindo cortes na pele da outra. Às vezes parecia possuir o completo controle da situação. Noutras, sentia também o corte frio da espada em sua carne, ou uma estocada sêca em seu escudo protetor no baixo ventre. Vez ou outra surgia um soldado tygoniano que entrava na luta, deixando a sua líder descansar. Porém, tombava quase de imediato. Queriam cansar a Comandante da Dinastia Tharons para levá-la prisioneira e mostrá-la como troféu. Mas era uma tarefa muito difícil, pois Asyolehs-Ogêr lutava não demonstrando nenhum cansaço. Até que ela ficou irritada. — Vejo que não consegue mais lutar sozinha! Está ficando velha e tem que obter ajuda para lutar... Mais um pouco e terá que lutar

amparada por um marghuyth 14

– disse com raiva para Àinosh.

— NÃO! Como ousa ofender-me desse jeito?!!! Àinosh partiu com toda fúria para cima dela. Matando o seu próprio soldado a sua frente. Dizer que tinha que lutar apoiada naquele animal, fedorento e asqueroso, era o mesmo que chamá-la de covarde! E não poderia tolerar uma ofensa daquelas. Mas o que não percebera na hora, foi que a sua precipitação fora um erro imperdoável. Caíra em seu próprio ardil. Na fúria cega de derrotar a sua rival, abrira um pouco a sua guarda, e no instante seguinte, recebia uma estocada abaixo do seu escudo de proteção peitoral. A lamina não entrou profundamente devido a perícia de Asyolehs-Ogêr, mas foi o suficiente para Àinosh largar a espada e cair sobre os joelhos. A Comandante das Tropas de Vega sentiu uma pontada de arrependimento no coração ao ver a sua amiga ferida. Largou instintivamente a espada de lado e procurou socorre-la. — Me perdoa , minha amiga... Não pretendia machucá-la... foi o

impulso... — Você está muito melhor do que eu. Demonstrou coragem, força, resistência e agora, piedade, arrependimento... Eu não estou ferida. Há muito que não sei o que é a morte....VEJA! -disse Àinosh mostrando ferimento ir se cicatrizando, até não existir nenhuma marca sob a pele. – Depois que você entrega a alma a Shee-la-dhon , se torna imortal... Adeus minha amiga, estamos quites. – E dizendo isso, desapareceu no ar, assim como todo a sua tropa e as naves. E no instante seguinte, um plano astral se abriu mostrando os oito guardas aprisionados, dependurados pelas pontas das asas fraturadas, cheios de ferimentos profundos e marcas de torturas. Asyolehs-Ogêr sabia que a maldade que habitava a alma dos Tygons Negros não tinha fim e o exemplo estava ali. Tão logo livraram seus guardas, ordenou retirada. Já dentro da nave, na torre de comando, digitou uma senha na mesa de operação, e todas as naves sob a sua liderança, passaram a funcionar em sistema de “Alerta”. O navegador Irsithiano olhou para a sua comandante – que apenas aquiesceu com a cabeça – e seus tentáculos iniciaram uma seqüência de toques nos filtros de luz, com uma agilidade incrível. Em alguns era apenas uma carícia, porém ativavam um redemoinho de cores em diversos sobretons. E isso foi acontecendo até que todas as naves foram envolvidas por um campo luminoso e intenso, vindo da nave maior, para em seguida, partirem em velocidade psiônica na direção de um imenso túnel de pura energia que se abrira à frente. A Comandante Asyolehs-Ogêr tinha um plano de ação. Também possuía uma certeza única em seu coração: buscaria a raiz de todos os problemas no passado e tentaria reverter a situação, não extirpando do cerne com violência a maldade, mas tratando com a amor e ternura o ser original. Acreditava que agindo com ódio, apenas fortaleceria mais o mal. Se tinha o poder de mudar as coisas, tentaria transformar o Cosmo num futuro melhor, onde cada galáxia, mundo ou universo dimensional tivessem suas oportunidades de escolha e opção de felicidade. E a sua busca estava localizada justamente antes da Guerra dos Morenhs, antes da extinção dos planetas Hort, Drhyist e Phyths, quando os mundos ainda mantinham-se fiéis às suas leis e tradições, antes do Universo se transformar no caos...

CAPITULO 18

AHRNACH! (Sra-li-ram-ni-k-tur)

3.873 AD – O planeta Terra estava completamente entregue ao vandalismo e a destruição. A própria resistência se transformara num arremêdo de pequenos grupos, que acumulavam mais derrotas que vitórias. Alguns cientistas descobriram por acaso em documentos passados, que a única coisa que conseguiria derrotar os Tygons Negros seria o Cristal Thribäry, quando então aprisionariam a Deusa Shee-la-dhon no Círculo Hétrico. Estratégias e armadilhas foram criadas para conseguir o bastão do feiticeiro Zhor. E os planos começaram a funcionar quando souberam que haveria um ato de “Provação de Fé” junto aos devotos da Deusa. E durante esse evento, com a ajuda de algumas biomatrizes, um grupo de rebeldes, roubaram o cajado do feiticeiro. Só que Zhor astutamente forjara toda essa encenação, pois já sabia do destino da Terra. Um planeta isolado do resto do Universo, sem nenhum contato com os rebeldes. Nenhuma frota inimiga se aventurara em manter qualquer comunicação com os terrestres. Algumas raças se lembravam ainda das crueldades feitas pelos humanos quando estiveram naquele planeta, e acreditavam que era melhor manter à distância. Zhor vibrava...! E a Deusa Shee-la-dhon precisava ser honrada! Vingada para todo o sempre. E o grande momento, afinal, se aproximava para a sua glória! Muitos se surpreenderam quando viram aparecer do nada àquela estranha nave, diferente das que já conheciam. Lembrava mais um torpedo metalizado, cheio de ranhuras. Mal ela pousou no solo, uma parte da estrutura lateral se liquefez, se transformando em uma escada, indo até o chão, e uma imensa porta se abriu. Dela surgiu um ser típicamente humano, trajando um roupão de cor laranja sob um manto

esverdeado. Suas características estavam próximas a de um mongol. Olhos puxados, sobrancelhas grossas, vasta cabeleira branca, devia ter uns 2,95 mts de altura, e pelo seu aspecto robusto e com aquele andar pesado e arrastado, deveria pesar aproximadamente 187 kgs. Aproximou-se de alguns cientistas com um sorriso largo nos lábios. Adiantou os longos braços num comprimento e foi se apresentando: — Sou o embaixador Sholrac-Zhiul, do Planeta Yllion, vigésimo do Sistema Estelar Noraxx, da Galáxia Alcione. As palavras fluíam da sua boca de forma clara e cristalina. Todos esperavam dele falar em algum idioma incompreensível. — Aqui estão minhas credenciais. – disse entregando um minúsculo disco dourado. – Fui incumbido pela O.N.F.I. – Organização das Nações Federativas Intergalácticas – desta missão muito especial. Gostaria de falar com o presidente deste planeta ou com os seus representantes. — Bem, Senhor Embaixador, não sabemos qual o objetivo desta sua visita aqui neste momento. Mas devo esclarecer que as circunstâncias não são propícias para nenhum encontro diplomático. Acredito que o senhor deve estar a par dos nossos problemas. Todo o planeta está em guerra. Os Tygons Negros dominaram tudo. Estamos nós mesmos, procurando uma solução para acabar de vez com tudo isso! — E é justamente sobre isso que estou aqui para falar, e se possível, faze-los mudar de idéia, e tentar adiar qualquer atitude mais drástica, até a chegada da ajuda...Existem milhares de naves amigas à caminho da Terra. Alguns cientistas e militares se entreolharam surpresos, contudo permaneceram calados.

* * *

Um grupo de cientistas, fortemente protegido e escondido projetava uma arma especial, mas ainda não haviam obtido resultados satisfatórios, por desconhecerem determinadas ondas sutis que ativavam o tal cristal. Depois de demorados estudos, descobriu um novo processo que poderia dar certo. O cristal teria que ser colocado no cimo de uma pirâmide chamada Quéops, que ficava num país chamado Egito antigo, há muitas eras passadas (2.700 a.C.) E já se haviam passado mais de 6.000 anos, e não existia mais resquício algum do monumento. Precisavam encontrar o local exato para reconstruir a tal pirâmide o mais rápido possível. E todo esse trabalho tinha que ser

executado em segredo. Somente algumas pessoas que trabalhavam no projeto, e as biomatrizes é que sabiam detalhadamente do que se pretendia construir Qualquer informação vazada poria tudo a perder. E com a chegada do embaixador cheio de idéias de paz, procurando demove-los de um ato mais crítico, era só o que faltava! Já tinha conseguido despertar o interesse de alguns militares sobre a possibilidade de expulsar os Tygons Negros, baseado em uma estratégia yllioniana. O embaixador Sholrac-Zhiul com sua voz morna, calma e persuasiva poderia passar por humano, não fosse a sua estatura gigantesca. Estava cumprindo a sua missão com louvor. Também não era pra menos: Chefe do Departamento Intergalácticos e Especialista do Instituto Real de Relações Interplanetárias em Estudos Estratégicos, já participara de outras missões com situações parecidas, e até mais conflitantes em outros mundos. Mas enquanto ele conferenciava com chefes de nações e militares, mostrando qual seria o fim trágico do mundo, se não aguardassem a ajuda da Patrulha da Esperança que viria para ajudar, um outro grupo de cientistas, não pensavam do mesmo modo. E achavam que agora, mais do que nunca era importante manter tudo desconhecido. O primeiro passo, foi desocupar o antigo lugar onde estavam todos equipamentos e partiram para outro lugar. Por isso escolheram uma cidade nas montanhas, bem afastada do tráfego intenso e fora da rota das milícias tygonianas. Construíram o novo laboratório, num local de onde pudessem ter uma visão completa da cidade do Rio de Janeiro, e bem ocultos, acompanhar as atividades dos Tygons Negros.

* * *

As biomatrizes canalizaram as informações sigilosas para o computador central: Cidade: Petrópolis – Núcleo polestatal – Brasil – Área: 853 km2. Coordenadas: Altitude: 809,50 acima do nível do mar. Latitude: 22°-30’18” Longitude: 43°-10’43” População: 25.585.652 habitantes. Clima: Tropical de Altitude. Temperatura: Amena, variando entre 18°C (média das mínimas) e 27°C (média das máximas) Local indicado: Independência/ pólo 3. Postos de apoio para onde pudessem ir caso fossem descobertos: Alto da Serra 2 e Morin1. A cidade histórica mantinha o nome de origem; mas as regiões eram distribuídas em centros urbanóbulos residenciais, divididas em 3 construções com mais de 2 km de altura e que se aprofundavam no subsolo em profundidades

de até 350 metros; cercadas por parques e reservas florestais. A cidade se localizava dentro da cratera de um vulcão extinto. Apesar de ser um antiqüíssimo núcleo cratógeno, as guerras, as explosões nucleares no subsolo, além das escavações para erguer os edifícios, haviam ocasionado muitas perturbações geológicas. E os equipamentos analisavam uma pequena falha tectônica em formato de meia lua; partindo da Serra do Mar e terminando na Serra da Mantiqueira, mas que passava justamente no meio da cidade. Captavam uma significativa movimentação de magma que se acumulava num enorme depósito. Havia várias falhas por onde a lava podia escoar, mas todas aparentemente, estavam fechadas por algum obstáculo. Com isso, a massa superquente estava derretendo as rochas próximas a superfície, formando uma mistura de imensa quantidade de gases. O reservatório de magma estava a quatro quilômetros abaixo do solo e avançando... A situação era preocupante; ainda mais com os Tygons Negros deixando seus cientistas pesquisarem com armas atômicas as profundezas do planeta. Precisavam concluir os trabalhos antes que fossem descobertos, ou o vulcão entrasse em erupção. Poderiam injetar chapas de aço monólito nas falhas e depois soldar, desviando o rio de lava para o mar, mas o tempo era curto e não pretendiam levantar nenhuma suspeita.

* * *

O embaixador Sholrac-Zhiul agora estava apreensivo. Apesar de toda a boa vontade de todos, sabia que alguma coisa se desenrolava fora dali. Ao visitar um laboratório, o que vira foi algo tão primitivo e ingênuo que duvidava até da inteligência do povo daquela terra. Mas depois observara atentamente que tudo ali, era um engodo. Fora montado para ele ver. Havia subestimado os terráqueos. Precisava agir muito rápido.

* * *

Cientistas e biomatrizes iniciaram as pesquisas, numa luta contra o tempo. E durante as pesquisas o passado foi lhes revelando coisas fantásticas. Nunca as biomatrizes trabalharam com tanto afinco pela conclusão de um projeto. As informações que chegavam a todo instante da Biblioteca Geral, eram colhidas e repassadas ao computador central, que as decodifica em imagens virtuais através do sistema “Holotri”.

Liv.#096-serie126, cat: Anno:1887-inf: 2.007ad/ Assunto: Pirâmhides

Desenhos tridimensionais, formas geométricas, perspectivas isométricas, figuras planas, planificações e interseções, esboços começaram a surgir em tamanhos variados no centro de uma imensa sala. E em módulos virtuais seguia um texto complementar: 1) Monumento de quatro faces triangulares e base quadrangular que servia de túmulo aos faraós do Egito. 2) Em geometria, a pirâmide, embora sempre de faces triangulares, pode ter base poligonal diferente. 3) Altura da Pirâmide: 147 m. 4) Base: 233 m. 5) Dividindo-se o comprimento do perímetro da base da pirâmide egípcia de Quéops pelo duplo de sua altura, obtém-se o valor do número “pi” (232,805 x 4 = 931,220; 148,208 x 2 = 296,416; 931,220 : 296,416 = 3,14159)... ) 6) A inclinação das faces laterais é de 52º e os lados da base são orientados numa direção quase idêntica. 7) Calcula-se o tronco de pirâmide, de altura h e base retangular, com os lados a e b:

8) 2.500.000m3 de pedra, constituem a pirâmide de Queóps, superpostas, em perfeita forma geométricas, sem auxílio de nenhuma forma de argamassa, e subdivididas em cômodos internos. 9) O côvado sagrado (côvado piramidal) = 0,635660 (metros), usado na construção da pirâmide, corresponde a décima milionésima parte do raio polar terrestre. 10) Cada lado da base da pirâmide indica, em côvados sagrados, a duração do ano bissexto. 11) O resultado da multiplicação do comprimento, em polegadas piramidais (25,4264 mm; observe-se que 1.000 polegadas piramidais equivalem a 999 polegadas inglesas), da antecâmara real da pirâmide por 3,1416 indica a duração exata do ano em dias: 365,242. 12) O resultado da multiplicação do volume da pirâmide pela densidade média das pedras que a formam (2,06) indica a densidade da

Terra (5,52). 13) A soma das diagonais da base da pirâmide, expressa em polegadas piramidais, marca os anos necessários para que os equinócios voltem à posição idêntica e ocorram sobre o mesmo ponto. 14) A distância que vai da pirâmide ao Pólo Norte é a mesma que vai da pirâmide ao centro da Terra. 15) Segundo cálculos da época, a linha do meridiano, que passa pela pirâmide de Queóps, divide em duas partes iguais as terras da superfície do globo. 16) Fato interessante: As quatro faces da pirâmide formam os quatro pontos cardeais, e com uma precisão impressionante que não poderia sequer ser imaginada nem mesmo por astrônomos do século XIX. (?) No lado voltado para o norte, foi aberto um túnel de entrada com uma inclinação de 27º. Essa inclinação correspondia, precisamente, à altura em que se encontrava naquele tempo (ano 2.700 A.C.) de acordo com a latitude do lugar – a chamada estrela Polar da Constelação do Dragão.

OBSERVAÇÃO CONFIDENCIAL SOBRE

OS DOCUMENTOS SAGRADOS.

Aquela época, coincidentemente, a estrela Polar, estava naquela altura, e isso confundiu os astrônomos do século XX, já que o objetivo era um planeta muito mais além chamado Vega, de outro sistema, e que só poderia ser acessado através de instrumentação sofisticada e especial. Como os cálculos foram desenvolvidos com instrumentos inferiores, que aferiam somente até a estrela Polar, deduziram logicamente, com seus parcos conhecimentos, que bastava uma visão simplista e pouco esclarecedora, para justificar aquilo que não compreendiam. E, além de não conhecerem em profundidade o espaço, pecavam por excesso de teorias e suposições. A inclinação de 27º graus coincidia justamente com o alinhamento dos sóis e luas do planeta Vega a cada 56 min 37s cósmicos, quando se abria um portão temporal entre as dimensões, facilitando assim, a comunicação direta com Vega. Em épocas remotas, muitas naves se utilizaram deste caminho para visitarem o setor Y e o Planeta de Cristal, como era conhecido o Planeta Terra. Milhares de anos mais tarde, cientistas descobriram que o Sol desloca-se no espaço com a velocidade de 30 km por segundo,

levando todo o Sistema Solar em direção da Estrela Veja, da Constelação de Hércules, distante 26 anos luz da Terra. Depois que aconteceu a grande guerra, e conseqüentemente o eixo terrestre sofreu a inclinação de 23º27”30’ graus, muita coisa mudou. Inclusive as forças magnéticas, que eram controladas pelas civilizações com conhecimento superiores, pleno domínio das energias cósmicas e das moléculas e átomos. E as viagens ao setor Y foram rareando até quase cair no esquecimento, em função dos distúrbios cósmicos ocorridos, mas foram retomadas novamente com a invasão dos Tygons Negros.

(Em um pergaminho haviam muitos desenhos rabiscados e ao redor uma escrita desconhecida. Mas o que mais se destacava eram duas circunferências, ambas cortadas por duas setas. Sendo que uma estava numa inclinação de aproximadamente 23º graus.)

Os computadores iniciaram a tradução dos hieróglifos, numa mistura de escritas cuneiformes, ideogramas sumérianos-babilônicos e ideográficas egípcias, buscando uma interpretação mais moderna e de fácil compreensão. E assim estava escrito: “Em conseqüência das grandes batalhas acontecidas no cosmo, todo o Universo ficou instável

por alguns instantes (± 1milhão de anos 15

cósmicos), o que gerou um desequilíbrio de energia, ocasionando uma destruição generalizada. Os escritos se referiam ao “Al~eh-kÿx-mã-Hâ-Lähr” ou seja ao Sopro do Demônio; a onda energética liberada durante o conflito, pelas forças místicas do Cristal Thribäry, e que inclinou a terra apenas 23°27”30`, enquanto planetas, sistemas, galáxias foram completamente destruídos. Mas de acordo com os antigos, a terra voltará a sua posição original, assim que a onda de energia for perdendo a força. (A terra e todos os planetas, sistemas, galáxias que restaram passaram a fazer parte deste evento cósmico). E pelos cálculos faltavam ainda 3 segundos para se estabelecer toda a harmonia no Universo” .

DOCUMENTOS SAGRADOS:

(Por alguns momentos as biomatrizes paralisaram suas funções sinápticas, trabalhando apenas mecanicamente).

(A tradução literal, vertida pelas biomatrizes, vai a seguir. Algumas palavras foram aglutinadas. O texto foi anexado ao contrário para que, aqueles que tentarem fazer a experiência, pensem duas vezes, e lembrem-se do que vai ao pensamento e no coração).

(Assim estava escrito em sangue, e em letras garrafais, na primeira página do livro sagrado). Parecia que algum ser antes de morrer, havia deixado aquela mensagem com o próprio sangue como um alerta para o futuro. (Ler em voz alta e traduzir mentalmente ao mesmo tempo, invocavam as forças místicas do universo e abria os portais cósmicos para a Grande Mãe.)

As biomatrizes se entreolharam e continuaram o trabalho da seleção de material. Começavam a perceber que tão logo o computador central organizasse todas as informações, algo de muito sério iria acontecer, e elas não poderiam evitar.

NOTAS COMPLEMENTARES – CÓDICE.

Cd-a235/Arq. 493@# 450 Os Grandes Faraós surgiram no antigo Egito, originários de uma raça muito superior, desconhecida, mas com conhecimentos místicos e esotéricos infinitos. Possuíam uma cultura avançadíssima e domínio de uma tecnologia altamente sofisticada. Entretanto, sobre a construção das pirâmides foram apenas seus guardiões temporários; sabiam a finalidade de cada uma, por isso, deram seus nomes a elas, buscando preservá-las um pouco mais no tempo na esperança de que no futuro, seus filhos pudessem, também, ser orientados pelos deuses, mas

perceberam que não seria bem assim, e desde a sua construção, e os processo de mumificação, tudo foi mantido em completo mistério. As classes inferiores não estavam preparadas para receberem o conhecimento da imortalidade, e os reinos do Terceiro Céu. Cd-n5285/Arq. 290@# 175 As pirâmides catalisavam a energia magnética da terra, e no cimo, ficavam os Cristais Thribäry que acumulavam toda a força energética. Em tempos de paz cósmica serviam de antena para os Faraós se comunicarem com os deuses, que lhes orientavam e passavam ensinamentos sobre os mistérios do universo. Mas num passado muito distante, protegeram o planeta contra inimigos alienígenas, Cd-y34/2570/Arq. 001@# 064 – Considerações E as pirâmides pouco tiveram a informar aos curiosos e cientistas que não possuíam um raciocínio abstrato, nem uma mente aberta o suficiente para explorar os meandros das energias místicas. Por fim, depois de muitas pesquisas, deduções errôneas sobre determinadas passagens, corredores sem-fins e galerias que não levavam a lugar nenhum, acabaram por destruir os três monumentos. Nunca chegaram a um acordo quanto à finalidade intrínseca de cada uma. Processadas todas informações, as próprias biomatrizes iniciaram o projeto; a maquete daquilo que classificavam simplesmente de Triquavirt (Triângulo+quadrado+virtual). A concepção da pirâmide

era em material extrudado Avivex 16

, e despolarizado com energia cótrica. Cada face da imensa formação, recebeu um tratamento de metaliuncromo Xrt34, com densidade 00,45 mícron, calibrada de acordo com os espaços sensotérmicos de energia desprendida pelo calor interno e pressão externa. As biomatrizes desenvolveram um material de fácil conexão, que unidas deram às chapas de Aço Vítreo Vexlon maior resistência e consistência estrutural. A pirâmide dada a sua complexidade de construção, era o que existia de mais sofisticado e avançado dentro do conceito de tecnologia e cibernética espacial. E, em pouco tempo, na outrora planície de Gizé, no vale do Nilo, no Egito

antigo, majestosa e enigmática erguia uma réplica fiel da pirâmide de Queóps. Concluídos os trabalhos, o cristal foi colocado no topo e ativado. A princípio nada aconteceu. Os cientistas e biomatrizes não compreendiam. Todos os cálculos foram repassados milhares de vezes, incansavelmente. Não havia nenhuma probabilidade de êrro. Estavam desolados. Alguma coisa havia saído errado. Tudo parecia em vão. O ataque dos Tygons Negro estava ficando cada vez mais violento, e aumentavam o número de fanáticos em todo o mundo. Pessoas se atirando do alto das torres dos edifícios, corpos esfacelados, pisoteados se viam por todas cidades. Muitos milhões de pessoas já haviam morrido, e tantas outras se escondiam em buracos, feito animais acuados ou acabavam se entregavam às milícias alienígenas.

CAPITULO 19

O FIM

E no quinto dia do décimo quarto mês do mesmo ano da Graça do Senhor, houve luz no firmamento. E o céu se tornou mais brilhante que mil sóis. Todo o globo foi coberto por essa intensa luz. E depois houve trevas. A atmosfera ficou escurecida, negra, como se um manto negro houvesse envolvido completamente o planeta. Todos os aparelhos movidos a quaisquer tipos de energias, tiveram suas forças sugadas, nada funcionava. O sol parecia ter se extinguido para sempre. O embaixador Sholrac-Zhiul compreendera o que estava acontecendo. O mêdo, o desespêro já havia dominado por completo aquele planeta. Não tinham mais fé, nem acreditavam mais em nada. O que poderia ser feito, fora tentado, mas ninguém estava mais ligando para o futuro. Se o fim tinha que ser aquele, então seria daquele jeito. Haviam decidido e chegado àquela conclusão. Não lhe restava mais

nada a fazer ali. Cumprira o seu papel, mas partia muito a contragosto. Acionou os motores da sua nave e sumiu na escuridao. Faria um relatório a Federação comentando os fatos. E quando todos já se davam por vencidos, o cristal adquiriu vida. Brilhante, fulgurante, se elevou da base se projetando feito um raio nas alturas, e iniciou um bombardeamento de setas energéticas para todos os lados. Ao mesmo tempo, ondas de luz azulada e laranjada iam se estendendo, e se alargando por toda a extensão do globo terrestre. Em várias partes do mundo, a terra começou a tremer e a se abrir em imensas fendas. Aconteceram terremotos. Imensos maremotos com ondas de mais de 300 metros de alturas, devastaram regiões costeiras e interior. E o povo ficou surprêso quando começaram a se erguer das profundezas do oceano grandes montanhas, cujos picos irradiavam uma luz fortíssima. Assim foi em todas as partes do mundo. Nos desertos, lugares antes planícies, viam-se agora grandes montes de pura rocha escura, que transmitiam um zunido intenso e penetrante. Aos poucos as pedras iam se soltando, deixando à mostra as quatro faces de uma forma triangular vítrea esverdeada, lisa, reluzente e imponente. Muitas não resistiram a movimentação e a ação do tempo, e mal se elevavam iam desmoronando. E o laboratório oculto na cidade de Petrópolis, foi engolido por enormes crateras que se abriram, e por todos os lados, grossas camadas de terras cediam formando enormes buracos, e através deles subiam vapores de enxofre o outros gases mortais. Rochas incandescentes eram expelidas com pressão para o alto, lavas começaram jorrar. Um barulho ensurdecedor vindo do interior do planeta, estremecia todo o solo. E bem do centro da megalópole a terra cedeu para depois ser foi impulsionada para os céus, com um estampido seco e estrondoso até a estratosfera, levando edifícios, carros, gentes para depois voltar esparramando cinza e lavas, juntamente com pedaços de corpos calcinados, bolas de fogos e muita fumaça cobrindo todo o firmamento, como se o inferno houvesse despertado. Uma onda de calor de quase 500 graus Celsius foi calcinando tudo ao redor, muito longe dali, homens mulheres, crianças, animais caíam mortas com hemorragias pulmonares causados pelas cinzas quentes. Em outros lugares os gases liberados na explosão provocavam chuvas ácidas.

Em todas as pirâmides que surgiram, as pontas começaram a se abrir e a se elevarem cristais irradiantes. E os raios e luzes ofuscantes se uniam colocando o globo terrestre dentro de uma trama energética. E os cientistas perceberam o que haviam feito. Liberaram uma energia a qual não tinham nenhum controle. Leram tudo a respeito, mas novamente mantiveram-se céticos. As revelações diziam, que essa mesma força fora usada ha milhões de anos numa guerra, e que modificara o pólo magnético da terra, trazendo grandes conseqüências para todo o planeta. Aconteceram catástrofes! O grande dilúvio, onde civilizações inteiras pereceram e continentes foram tragados pelas águas. Não quiseram escutar a voz da razão, o alerta dos antigos que já falavam a respeito, nem acreditaram na advertência do início das pesquisas. Haviam despertado a “Grande Mãe”, a geradora do renascimento e da destruição. A energia que estava sendo gerada com toda potência ia se acumulando, pois maiorias das pirâmides não mais existiam e as restantes, absorviam uma sobrecarga fatal. A força mística do Cristal Thribäry tirava a energia das dimensões, abrindo portais cósmicos e liberando uma força descomunal na atmosfera. Somente os grandes mestres é que conseguiam dominar essa poderosa energia – e que funcionava dual -, tanto para o bem como para o mal. Dependendo de quem as manejavam. Quando todas pirâmides ficaram conectadas, algo muito estranho começou acontecer. Nos buracos deixados pelas outras, que fechavam a trama hexagonal, surgiram espaços temporais eletromagnéticos, uma espécie de buraco sugador energético. E a medida em que foram se alargando, objetos, casas, pessoas, naves, animais começaram a se dissolver em bilhões de pedaços, a se desmolecularizar em pleno ar. E a terra nesses lugares foi se dispersando, abrindo enormes crateras que foram se aprofundando cada vez mais. As biomatrizes até o último instante procuravam reverter à situação que já era mais do que evidente. Todas as máquinas fundiam-se à força que percorria por todos os cantos do planeta, sugando tudo que possuísse qualquer resquício de vida, energia mínima que fosse. Os seres humanos começavam a sentir os efeitos e as conseqüências. Seus corpos formigavam, perdiam a sensibilidade, enquanto eram enrodilhados por minúsculas partículas de luzes, que subiam pelas suas pernas, até serem completamente tragados, indo fazer parte da corrente

energética. Muitos eram engolidos com avidez, uns simplesmente se liquefaziam em pleno espaço; outros eram envolvidos por uma luz azulada e evaporavam. Não havia como, nem para onde escapar. As milhares de espaçonaves que subiam aos céus, desapareciam numa forte explosão luminosa, e seus tripulantes caíam no vazio, mas antes de se esborracharem no solo, muitos se volatilizavam. Por todos os cantos viam-se seres humanos em plena agonia, se agarrando uns aos outros, e vez ou outra, uma luz azulada surgia e os levavam. Os adoradores da Deusa imploravam para serem levados em sacrifícios, e quando acontecia de serem colhidos pela massa de energia, suas últimas palavras eram rogos a Shee-la-dhon. As águas dos mares e oceanos ebuliam rapidamente, se transformando em gotículas gasosas. Imensas placas de terra e rochas se elevavam a grandes alturas para depois virarem areia...pó. E tudo estava acontecendo muito rápido. Do espaço, era uma visão assustadora; coberto por um brilho mais forte que o sol, uma claridade fulgurante e espectral que envolvia e ocultava até o quarto planeta do sistema, encerrado dentro desta teia mortal o planeta Terra ia sendo comprimido por um evento místico e sideral. As energias se misturavam, se chocando em estalos de raios que fendiam na terra em bilhões de pedaços. E de repente, aquela luz irradiante foi sendo engolida por uma força muito mais poderosa, vinda do âmago do planeta, e assim como se espalhou, aspergindo raios para todos os lados, num instante emudeceu. E no exato momento em que o Planeta de Cristal desaparecia para sempre no espaço; surgia no sistema solar, bem próximo ao planeta Marte, vindos de outro Universo, milhares de naves, cujos tripulantes estavam dispostos a ajudar aquele povo a combater os Tygons Negros, e a livrar seus habitantes definitivamente do jugo da Deusa Shee-la-dhon, e destruir o seu templo... ...mas ficaram estarrecidos, chocados. Encontraram um silêncio aterrador... um imenso vazio... ...e o templo de Shee-la-dhon, ao longe, era apenas uma tênue imagem esvaecente, cercado por bilhões de luzes piscantes. Os Tygons Negros retornavam aos braços da Deusa. Haviam cumprido a missão, e precisavam agora comemorar a vitória e a glória da Divina para todo o sempre.

CAPITULO 20

FINAL

No mesmo instante em que o planeta iniciava a sua aniquilação total, Höllumor acionava os teleportes das naves estacionadas na 17ª Dimensão, a mais próxima da 3ª dimensão durante aquele evento, antes que a terra se evaporasse em pleno espaço, e só restasse a estrutura hexagonal das pirâmides, guardiãs eternas do que fora outrora a Terra, o Planeta de Cristal. As imensas naves já estavam abarrotadas de seres humanos... milhares e milhares de pessoas, animais, aves... espécies dos mais variados tipos da flora e da fauna. A oficial Jüuhs-Särae, pela primeira vez sentia uma espécie de excitação por todo o corpo. Fora designada pessoalmente por Höllumor para aquela missão. Os contâineres oclusivos estavam completamente abertos e nunca uma nave prisão fora destinada a tão importante tarefa. Todos os soldados estavam de plantão. A ordem do seu comandante era de que todos fossem tratados com respeito. Não eram prisioneiros, sim convidados. Ela deveria ser mais uma oficial da Frota de Vega e não a carcereira. Seus soldados foram selecionados a dedo, e somente aqueles com certa aparência mais humana é que estariam presentes à chegada dos terráqueos. Como se eles já não convivessem há muito tempo com seres de outros planetas. Era uma preocupação desnecessária, mas ordens eram ordens. As naves prisões receberam algumas modificações. A maioria das celas foi fechada em suas dimensões, e com isso, se abriu um imenso salão. Na parte central, colocaram os reservatórios de víveres e água, e nas laterais, os banheiros. Mas o mais interessante, é que a nave de uma hora para outra podia transformar todo o espaço em milhões de celas oclusivas, separando cada ser ali presente em prisioneiro unicelular. E a chave ficava com ela, e somente ela como a oficial é quem sabia do código de acesso. Antes de tudo terminar, esses humanos ainda iriam aprender muita coisa. – pensava.

A chegada dos humanos causou um certo reboliço entre as tropas da nave. Por mais que tentassem permanecer indiferentes, havia uma certa curiosidade de ambas as partes. E pouco depois, os terráqueos já estavam acostumados com os guardas, e alguns tentavam até falar nos idiomas alienígenas, através de uma mistura de gestos e sons com a boca. Mas passado um tempo, grupos de humanos começaram a ficar inquietos, e iniciaram uma revolta. Chegaram até a dominar alguns guardas em uma parte da nave. Uma das reivindicações era que fossem levados de volta para a Terra. A oficial Jüuhs-Särae da sua cabina de comando, de imediato, como primeiro impulso foi abrir as celas oclusivas, contudo se lembrou das recomendações. Seu Comandante parecia adivinhar as coisas. Então, resolveu contornar a situação. Ordenou que os rebeldes se entregassem, pois caso contrário, as conseqüências seriam desastrosas. Após várias tentativas, não conseguindo obter nenhum resultado, e para não afetar a outra parte dos humanos que se mantiveram à parte do conflito; através de uma imagem virtual de toda a população da nave, renderizou cada guarda e rebelde, depois acionou uma tecla. No mesmo instante, no mesmo local, todos viram os guardas e rebeldes desaparecerem. Cada rebelde ficou retido dentro de um campo de energia, aprisionado em cima de uma prancha mínima em pleno vazio, em outra dimensão. E por ela, eles continuavam ali até o destino final.

* * *

A chegada do Comandante Höllumor à nave foi motivo de surprêsa e satisfação. E a presença do Mestre Hanxxal era um júbilo. Nunca soubera da visita de tão insignes visitantes a uma nave prisão. E agora recebia uma promoção devido a sua brilhante atuação. — Sabemos que a senhora está fazendo um ótimo trabalho para a Frota Imperial. Venho acompanhando a sua carreira há muito tempo. E por isso que foi escolhida para tão importante missão. Merece os meus parabéns. Isso é digno de uma Comandante Especial da Frota da Dinastia Tharons! – disse Höllumor lhe passando uma divisa. A oficial Jüuhs-Särae impertigou-se enquanto seus olhos percorriam toda a tropa em continência. Era agora uma Comandante da Frota Especial, e recebia as divisas das mãos do Comandante Supremo, e as bênçãos do Mestre Hanxxal. Seus olhos se tornaram vítreos pela emoção. Höllumor percebeu enquanto a cumprimentava. Olhou

fixamente para ela e sorriu. Depois num gesto de carinho passou os dedos pelo rosto dela, enxugando algumas lágrimas e os levou aos lábios. — Isso é bom! A senhora será uma ótima comandante, digna da Dinastia Tharons!

* * *

Mais tarde, após Höllumor conhecer uma parte da nave prisão, foi falar com os humanos. Quando entrou no salão, outras paredes foram se abrindo, até onde os rebeldes estavam prisioneiros. Um silêncio profundo pairou no ar. Os rebeldes estavam mais que atônitos, não haviam saído da espaçonave, e sempre estiveram perto dos seus companheiros! — Meu interesse pelos humanos já vem de muito tempo. Eu ainda era cadete da Frota Imperial, quando meu pai, o rei Tharons, me falou sobre o Planeta de Cristal. Fui visitá-lo muitas vezes. Umas para pesquisa de campo, outras atrás de fugitivos, e muitas por puro lazer. Vocês sempre me intrigaram. Cada vez que ia ao planeta, percebia certa evolução de uma parte e ao mesmo tempo um retrocesso. E tudo se invertia em outra época. Essa inconstância sempre me deixou preocupado. A indecisão e o desejo de progredir é muito perigoso! Primeiro porque atrasa completamente a evolução... e segundo, porque se avança no tempo sem nenhuma perspectiva de sucesso... Como sempre, o acaso é quem encontra a solução. E o perigo estava alí. Vocês nunca tiveram a certeza absoluta de que realmente obtiveram algum resultado. Sempre deixaram alguma coisa pendente para trás. E deu no que deu! O Mestre Hanxxal sempre me alertou para esse tipo de questão. Algumas vezes, até tentei incluir o Planeta de Cristal na Organização das Nações Federativas Intergalácticas, mas fui duramente combatido pelos próprios membros, dizendo que vocês ainda não haviam amadurecido o suficiente. E percebi hoje, que eles estavam cobertos de razão. Mas mesmo assim, como podem perceber, apesar de ir contra as considerações do Mestre Hanxxal e do Conselho da O.N.F.I., busquei salvar o máximo de seres humanos que pude, antes da destruição total do planeta Terra...Mas vejo que não acreditam no que realmente aconteceu! Pois bem, ordenarei a Comandante Jüuhs-Särae para deixar abertos os teleportes. Aqueles que desejarem voltar para a terra e seguirem seus destinos, e só atravessarem o portal. Os que acreditam numa nova oportunidade de vida, permaneçam comigo.

Acredito que assim resolveremos todos os problemas, não? — Comandante, porque devemos acreditar no senhor, e não desconfiarmos que isso tudo não passa de um jogo? Estamos sendo levados para um outro lugar, simplesmente para que o senhor possa provar ao Conselho, que estava certo ou é um modo de redimir o seu irmão? — Nenhum nem outro! Eu não preciso provar nada! O que faço é baseado no Livro dos Morens, segundo o Mestre Hanxxal. E quanto ao meu irmão Hôdlävy, ele apenas se apropriou da fraqueza de vocês, através da Deusa Shee-la-dhon! A redenção não partirá de mim... Portanto... – Deu as costas e retirou-se com os seus oficiais e comandantes. Assim que se retirou, começou o maior tumulto em todas as naves prisões. Centenas de luzes em tom violáceo se acenderam e os teleportes foram acionados. Muitos se jogaram através do portal, enquanto outros apenas ficavam olhando para aquela fonte de energia prateada, aquela parede vítrea, imaginando o que estaria do outro lado?

* * *

Mestre Hanxxal reuniu todos os seres humanos das naves através dos écrans, e expôs o que havia sido resolvido quanto ao destino deles. Como solução, fora previsto que deveriam se estabelecer nos planetas já escolhidos, e participariam da evolução e crescimento dos mesmos. Isso fazia parte do tratado da Organização das Nações Federativas Intergalácticas – O.N.F.I. Dizia a Carta Magna: Pág.6.875, parágrafo 1.354, alínea 518, item 2.700 e observações: 514 a 3.115. Que tratava sobre NORMAS, LEIS E COMPORTAMENTOS DE TODOS OS POVOS E SERES DAS GALÁXIAS. O item 2.753 falava a respeito das regras básicas a seguir quanto a destruição do próprio planeta. As ressalvas da alínea 518 não deixavam margens de dúvidas quanto às responsabilidades e as conseqüências das infrações. As observações de número 514 a 2.840 dissertavam sobre os direitos e deveres de cada cidadão no novo planeta. Da observação 2.841 em diante apenas um referencial básico sobre as punições.

* * *

E os três planetas escolhidos, estavam ainda nos primórdios da criação. E seriam observadas todas as condições ambientais e atmosféricas para que eles pudessem iniciar novas vidas. Quanto tal acontecesse, todos seriam teleportados para seus destinos finais. Os Planetas escolhidos foram: Gehat, Tharynnus e Enlilth. E o que viram, ficaria gravado para sempre em suas memórias e lembranças, e seria passado de geração em geração. Assim como muitos se recordaram vivamente das lições aprendidas no Livro Sagrado, onde se falava da criação do mundo: 1 – No principio criou Deus os céus e a terra. 2 – A terra, porem, era sem foram e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. 3 -Disse Deus: Haja luz; e houve luz. 4 – E viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas. 5 – Chamou Deus à luz Dia, e às trevas Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia. 6 – E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas, e separação entre águas e águas. 7- Fez, pois, Deus o firmamento, e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. 8 – E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manha, o segundo dia. 9 – Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez. 10 – A porção seca chamou Deus Terra, e ao ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom! (...) Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia. Assim, pois, foram acabados os céus e a terra, e todo o seu exército. E havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.

E viram bilhões de anos passarem diante dos seus olhos. Viram os planetas onde iriam habitar, o lugar onde seria para sempre os seus lares. E as lágrimas pela primeira vez escorriam pelas faces daqueles seres humanos vendo a realização daquele milagre. Quando a Organização das Nações Federativas Intergalácticas – O.N.F.I. ordenou que todos fossem para os planetas escolhidos, não houve nenhuma pré-seleção de raça, cor, religião, parentesco ou qualquer tipo de organização. E adultos, crianças, mulheres, animais começaram a sumir em pleno ar. Nos estatutos não existiam seleções de raças, quando todos eram originários de um mesmo planeta, assim também, quando se tratavam de religiões. Isso tudo era irrelevante quando a sobrevivência de uma raça estava em jogo. Primeiro se cuidavam das vidas em todos os seus aspectos. As questões políticas, sociais e religiosas se deixavam de lado, pois por principio, a O.N.F.I não questionava, deixando que cada povo resolvesse seus próprios problemas internos, e apenas relatassem suas conclusões através de um representante. E as naves foram ficando vazias. Todos os containeres oclusivos iam se fechando automáticamente, retornando ao estado habitual de prisão, com seus prisioneiros nas celas dimensionais.

* * *

Höllumor, rodeado pelas profetisas e do Mestre Hanxxal, observa em silêncio, os três planetas flutuando a sua frente: GEHAT, THARYNNUS e ENLILTH. Três planetas em sistemas, galáxias e planos astrais diferentes no Universo. Ele conhecia muitos mundos, comandava milhares de seres das mais diversas origens e raças... Contudo, nenhum deles possuíam uma personalidade ou um caráter tão incompreensível, confuso como os daquela espécie. — Mestre, Profetisas, o que será deste povo no futuro? Será que aprenderão a viver? Será que aprenderam a lição? Isso me preocupa muito... Os três se voltaram para ele, surprêsos. Aquele que mais conhecia os humanos lhes fazia tal questionamento... Era como se ele já não soubesse do destino de cada planeta, de cada ser. Ele colocara a sua posição real e o seu comando em jogo por aquela raça, mas ainda tinha muitas dúvidas...

CAPITULO 21

EPÍLOGO THARYNNUS

Nos primeiros instantes da criação, Tharynnus era um planeta com um diâmetro de quase 5.112,756 km; localizado na massa estelar de Hoiléc-Za-Moht, no quadrante sul da Nebulosa de Anidh, perto do setor G9042/KY. Mas durante os 30 bilhões de anos de sua formação geológica, foi bombardeado continuamente por meteoritos e partículas subatômicas. E, nos os últimos 2 milhões de anos, quando a sua órbita foi repentinamente mudada por um evento cósmico, o que restou do planeta era uma imensa plataforma cuja superfície era marcada por crateras, elevações, depressões, cadeias de montanhas e vales que terminavam abruptamente num precipício para o espaço. E o que era para ser um planeta com todo o ecossistema do planeta Terra, se transformara num gigantesco asteróide, que caminha a 19,75 km por segundo para o Precipício de Esor. Calcula-se que em 3,6 milhões de anos ele atravessará para um Universo desconhecido, levando uma raça de mulheres aguerridas que acreditavam fielmente, que a Divina Mãe iria encontrar uma solução, e elas poderiam escapar ilesas daquele destino cruel. As Tharynnusianas desenvolveram uma sociedade exclusivamente matriarcal. E o que restou dos homens – os que não fugiram para os

grandes vales abaixo do horizonte, na Zona do Esquecimento 17

– ficaram prestando serviços domésticos na comunidade até morrerem. Um fenômeno que aconteceu em Tharynnus, foi que as mulheres mantiveram-se imunes e com mais resistências aos efeitos da atmosfera, aos raios cósmicos, e os homens que sobraram, foram aos poucos, perdendo seus postos estratégicos para as mulheres que

passaram a dominar.

* * *

A maga Rhë-Yna se apoderou de todo o conhecimento, tornando-se soberana de Tharynnus. Tinha ouvidos bem aguçados, olhos negros e profundos, uma vasta cabeleira loira com madeixas verdes- arroxeadas, descendo pelo corpo bem torneado. Possuía uma voz seca e ríspida, às vezes esganiçada. Sabía comandar de maneira enérgica e era obedecida sem nenhum questionamento. Somente ela conhecia um caminho seguro para ir até a Zona do Esquecimento escolher os machos, com os quais devia, anualmente, se acasalar, – assim como o atalho para ir até ao centro do asteróide, pegar a sabedoria divina – depois de concluída a relação eliminava seus parceiros, pois não tinham mais utilidades, assim como os bebês machos que nasciam e eram automaticamente mortos. Às meninas era passado todo o ensinamento. Deviam se proteger e resguardar toda a sabedoria da Divina Mãe, a Criadora do Universo. As guerreiras mantinham-se castas e virgens enquanto eram jovens. Adultas, buscavam parceiros para procriar e do mesmo modo, em seguida, eliminava-os. Mas havia um tempo em que os machos eram levados para a Floresta de Hatthá-Nërhs. Diziam que lá morava uma feiticeira que de tempos em tempos, julgava o destino de cada bebê macho. Os sadios recebiam alimentação e cuidados, depois eram mandados para a Zona do Esquecimento, os nascidos raquíticos e doentes serviam de alimento aos estranhos animais que ela criava.

* * *

Rhë-Yna não permitia erros nem displicência! Todas as mulheres deviam saber da verdadeira história, como também repudiar todo homem em seu convívio. Contava a história da Deusa Mãe e da primeira mulher chamada Virago, que foi a progenitora de toda a humanidade. Professava que: a mulher sempre fora o caminho e a verdade, o homem a mentira e a corrupção! Dizia ela “...A antiga religião rasgou as páginas do livro sagrado onde se falava da Divina Mãe, do seu verdadeiro poder, e que deveria ser passado para todo o mundo. Mas os homens religiosos sabendo que perderiam o poder pleno, sobre o homem comum, e seriam com isso relegados a um segundo plano, modificaram todo os

ensinamentos, extirpando todo o texto que se referia a Deusa Mãe, e traduziram todo o texto sagrado como se fora um Deus, o criador do mundo! A criação do homem, e depois, a criação da mulher, tirada de uma costela, foram os maiores embustes engendrados pelos homens que se diziam santos! Violaram as Leis mais sagradas, foram medíocres, arrogantes e assassinos! Apropriaram-se de verdades, e deixaram a humanidade à mercê da própria sorte, completamente perdida; e se aproveitaram desta situação forjada, para iniciarem as atrocidades! E o que aconteceu foi um verdadeiro massacre. Milhares e milhares de mulheres foram sacrificadas, pois pertenciam a antiga religião da Deusa Mãe. E com a desculpa de que blasfemavam contra o Deus único e verdadeiro, através de um processo insidioso, e de uma falsa crença, mandaram todas elas para a fogueira. Mas no final dos tempos, bastou surgir uma divindade mais forte, para se comprovar que esse Deus machista, tirano e completamente irracional, com uma deturpada noção de moralidade e sensatez, não passava de um arremêdo... Mas ela, portadora de todo o conhecimento de um passado muito remoto, ia fazer renascer a verdadeira fé na Deusa Mãe ”.

* * *

A primeira criança a nascer em Tharynnus foi uma fêmea no ano de 10898. Nascida no dia em que o sol se pôs pela primeira vez, e quando ela chorou pela segunda vez, surgiu no imenso céu rosáceo uma estrela em tom esverdeado. E seu nome foi escolhido por todos: Beetrix, a “Bem Aventurada”. A maga Rhë-Yna via naquela criança um sinal benfazejo da Divina Mãe. Uma benção. A história agora ia ser contada desde o princípio; exaltando toda a glória da mulher, como deveria ter sido há milhares de anos, em outro planeta. Aquela criança era a força de que todas precisavam para lutar e suplantarem as dificuldades que ainda estavam por vir. O planeta ou o que restava dele lhes davam esperanças através de Beetrix. A Deusa Mãe em sua sabedoria, enviara uma fêmea ao invés de um macho. Não queria macular aquela terra com o sangue de um inútil...

(Continua...)

Não deixe de ler

THARYNNUS

A Saga Interplanetária/3

Sobre o Autor

John Dekowes Escritor, jornalista e Artista Gráfico. Há somente uns 5 anos, é que descobriu a sua predileção em escrever ficção científica. Passou mais algum tempo pesquisando sobre tudo o que se referia aos aos grandes enigmas do Universo, e descobriu o seu filão. O resultado foi

a elaboração de uma Saga Interplanetária composta de 6 livros. O primeiro livro da série – “O PLANETA DE CRISTAL” saiu pela Editora Writers ( www.writers.com.br), em formato virtual e impresso. O segundo livro: “O JUÍZO FINAL” sai agora. O terceiro livro: “THARYNNUS” – está em fase de pesquisa e estruturação. Mas fora isso, está batalhando arduamente um livro de contos intitulado: CONTOS DO NAVEGADOR. Histórias contadas por um navegador alienígena, sobre as suas viagens por todos os cantos do Universo, e principalmente, suas aventuras e dos seus amigos extraterrestres pelo Sistema Solar. Cada conto escrito está sendo colocado mensalmente, com exclusividade para o leitor, no site: www.ficcao.matrix.com.br e no site: www.elea.com.br

NOTAS [1] Síncope Temporal – Quando as energias de várias dimensões se interligam na mais forte, geram uma força centrífuga descomunal, ocasionando um abalo energético completamente desconhecido e descontrolado. É um fenômeno muito raro no universo, mas comum

entre as dimensões.

[2] Shee-la-dhon – A divindade mais cruel e maligna de que se tem conhecimento. Foi a causadora das grandes guerras, e quase de toda a destruição do Universo. Foi enclausurada no Círculo Hétrico, através de uma força cósmica muito grande: O Cristal Thribäry, que também é a chave para sua libertação.

[3] Pandyroh (leia-se Fãrgosh),

[4] Shuyirañtýgn (leia-se Dúiirán) – Almas perdidas.

[5] Do plasma germinativo – Através desse processo, cada um possuía o seu código pessoal, inviolável. Uma outra pessoa, mesmo conhecendo o código da outra, não podia acessar, nem retirar ou roubar nada, porque ao se abrir a janela virtual de identificação, uma luz esverdeada escaneava todo o corpo buscando a codificação do plasma germinativo, e se o mesmo não combinava com o código digitado, imediatamente soava um alarme, enquanto o infrator era paralisado por um raio .

[6] AçoVítreoVexlon – é um material utilizado nos moldes e carcaças das aeronaves., devido a facilidade de aplicação, durabilidade e resistência. O Avivex como é comumente conhecido, é usado em tudo, desde um simples relógio, até em naves e cargueiros espaciais. A sua peculiaridade é que se amolda a qualquer estrutura ou tipo de matéria, e quando é cortado em lâminas, unidas novamente, voltam a sua composição original. A sua invenção data de 2.385, mas foi baseado em manuscritos descobertos num museu, de mais de 1.200 anos atrás. Acreditavam que naquela época a ciência não estava tão evoluída, e nem possuía tecnologia avançada para o desenvolvimento de qualquer tipo de metalóide.

[7] Nota: Serviço Social – (Uma espécie de polícia científica.Usavam um impecável uniforme azul escuro, camisa branca, gravata da mesma cor do uniforme, e no lado esquerdo do peito a insígnia: SS sob uma flor-de-lis.) Foi desativado logo após descobrirem que estavam sendo feitas operações a revelia, também em pessoas normais, sem nenhum padrão criminal, apenas como forma de repressão e poder. Os julgamentos e a operação do sistema límbico em criminosos

continuaram, só que através de um Tribunal Popular criado pelo Estado Mundial Uno..

[8] O Círculo Hétrico abrange três formas de energias que anulam por completo qualquer força mística, em seu interior. É uma Prisão Mística no mundo astral.

[9] 7 meses – Em virtude da rotação da Terra e inclinação de 23º27”30’, a cada 212 dias, era necessário a volta de toda a estrutura de leste para oeste, para que se estabelecesse o angulo exato da abertura do Portal Temporal com a Rota de Farellos e outras dimensões, utilizadas pelos Tygons negros.

[10] Lateyunplasmáticos – Raios que degeneravam as células do corpo, ocasionando queimaduras dolorosas até a morte. O mínimo contato inicia um processo de degeneração causando manchas esbranquiçadas na pele, e que se abrem em feridas profundas.

[11] Uthor – Em homenagem a uma estranha ave de 3 metros de altura, com uma penugem marrom azulado, de pernas longas e fortes, grande crânio com poderosos bicos e acima da cabeça, um penacho esbranquiçado que se abria num leque, quando se via acuada.

[12] Jogos Planetários – Um torneio realizado há muito tempo entre os planetas. Cada um escolhia um vencedor do seu mundo, depois todos se reuniam à borda da Boca de Acyré. Dada a partida, as naves mergulhavam às cegas para dentro daquela massa de energia viva, indo para outras dimensões. E a regra dizia: aquele que retornasse primeiro com um troféu de outro universo, era considerado o vencedor. Ir não era problema nenhum. Difícil era localizar a rota de entrada da volta., pois uma dimensão fundia-se a outra, abrindo outros caminhos para outros universos paralelos. O Sterägon funcionava como uma bússola-radar, fixando a rota e seguindo um sinal fixo intradimensional. Este jogo foi proibido pela Dinastia Tharons.

[13] Linha de Parlix – Fusão de duas intersecções, formadas por duas circunferências, ocasionando um campo neutro, ou portal de entrada dimensional. No caso em questão, haveria a interseccão entre a Terra e a 7ª Zona Dimensional.

[14] Marghuyth – Uma espécie de onça com uma tromba enorme e

uma carapaça nos peitos e vive nos lagos lamacentos do Planeta Veja, é animal genioso e traiçoeiro que se ergue nas patas traseira para atacar.

[15] l milhão de anos cósmicos – Levando em consideração que 1 milhão de anos significa 2min 40seg. terrestre.

[16] Avivex – vide referencia em Retrospectiva – Terra.

[17] Zona do Esquecimento: Um campo de força temporal, formado por duas imensas crateras com mais de 80.000 kms de diâmetro. Chama-se Zona do Esquecimento pois todos os homens que caíram em seu raio de ação, ficaram completamente desmemoriados; e ironicamente, era também o único local seguro encontrado por eles, para se protegerem do estranho fenômeno que os afetavam. No centro existe uma “Linha de Parlix” natural, que dá passagem para outra dimensão. Muitos acreditam que a salvação do povo de Tharynnus se encontra lá. O problema é que para se chegar ao centro, é preciso enfrentar os labirintos da Floresta de Hatthá-Nërhs. Além dos obstáculos temporais da própria Zona do Esquecimento.

© 2000 John Dekowes [email protected]

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Novembro 2000