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O lugar da Linguística Cognitiva no campo das Ciências da Linguagem Paulo Roberto Gonçalves-Segundo (USP) O lugar da Linguística Cognitiva no campo das Ciências da Linguagem Tardes de Linguística Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo (USP) [email protected] 29 de maio de 2017

O lugar da Linguística Cognitiva no campo das Ciências ... · 2. A LC propõe a significação como motor da linguagem –significação, para essa vertente de estudos, vai além

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O lugar da Linguística Cognitiva

no campo das Ciências da Linguagem

Paulo Roberto

Gonçalves-Segundo

(USP)

O lugar da Linguística Cognitiva no campo das

Ciências da Linguagem

Tardes de Linguística

Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo (USP)

[email protected]

29 de maio de 2017

O lugar da Linguística Cognitiva

no campo das Ciências da Linguagem

Paulo Roberto

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PropostaRonald Langacker (à direita)

George Lakoff(abaixo)

A chamada Linguística Cognitiva (LC) pode ainda ser consideradauma vertente teórica nova nos Estudos da Linguagem. Sua vida pública, porassim dizer, começa, de fato, com a publicação de Women, Fire andDangerous Things: What Categories Reveal about the Mind, de GeorgeLakoff, e Foundations of Cognitive Grammar, de Ronald Langacker, ambosem 1987, e com a realização do Primeiro Congresso Internacional deLinguística Cognitiva, em 1989, em Duisburg, na Alemanha. Trata-se,portanto, de uma empreitada de cerca de 30 anos.

No Brasil, contudo, ela vem se fortalecendo a partir dos anos 2000e é somente a partir de 2010 que começamos a ver produções sistemáticascom maior regularidade em diversas universidades do país, dentre elas,UFJF, UFF, UNISINOS, UFMG, UFPE, UFC, UFRJ, USP, voltadas tanto para oestudo da gramática quando para o estudo do texto e do discurso, não raroem diálogo com o funcionalismo, uma outra importante vertente dosEstudos da Linguagem.

Meu objetivo, atendendo ao convite da Comissão Organizadoradas Tardes de Linguística, é apresentar seus principais pressupostos teóricos,o espaço que ela ocupa no campo heteróclito das Ciências da Linguagem etambém no das Ciências Cognitivas, suas diversas correntes, além um breveolhar sobre sua agenda de estudos atuais.

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Plano da apresentação

1. Apresentar alguns posicionamentos da LC em relação à língua(gem) para que possam ser contrastados com ospressupostos de outras perspectivas, como as funcionalistas e formalistas.

2. Discutir o lugar da LC no campo das Ciências Cognitivas. Para isso, tratarei, brevemente, da distinção entre símbolosmodais e amodais e, posteriormente, apresentarei alguns pressupostos dos ditos modelos corporeados.

3. Passarei, então, a discutir os pressupostos teóricos da LC, passando pela noção de gramática, construal,conceptualização, esquema, construção, simulação.

4. Por fim, apontarei parte da agenda de estudos contemporânea da área.

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Qual o lugar da Linguística Cognitiva no campo das Ciências da Linguagem?

1. A Linguística Cognitiva propõe-se como um campo multidisciplinar com o olhar centrado para a linguagem,considerando sua dimensão simbólica e interacional.

2. A LC propõe a significação como motor da linguagem – significação, para essa vertente de estudos, vai além doestabelecimento da referência, mas envolve a ativação de atividades de conceptualização, que incluem, pelo menos,a ativação de esquemas imagéticos, de conhecimento enciclopédico e de modelos mentais contextuais. Nesseaspecto, ela se aproxima de determinadas vertentes funcionalistas e de teorias interacionais e discursivo-textuais.

3. A LC assume que a gramática é derivada do uso; as instâncias de uso de linguagem consistem em fontes empíricas apartir das quais padrões gerais podem ser abstraídos – esquemas. Tais esquemas passam, então, a licenciar o uso denovas formas e estão sempre abertos a mudanças. Nesse aspecto, ela se aproxima do Funcionalismo. Tal concepçãotambém impacta a visão sobre gramaticalidade e sua importância para a área.

4. A LC também busca explicar a constituição e organização gramatical considerando as coerções cognitivas. Nessesentido, aproxima-se de algumas abordagens formalistas, como o Gerativismo. Contudo, não assume uma visãomodularista (para alguns linguistas cognitivos, a hipótese da modularidade não é descartada, mas objeto deinvestigação) e propõe uma integração da linguagem a outros fenômenos cognitivos, como atenção, perspectivação,categorização e memória (entendidos tanto como condições para a emergência da linguagem como parte de seuprocessamento). Isso tem impacto sobre o que é considerado ou não universal pela área.

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Qual o lugar da Linguística Cognitiva no campo das Ciências Cognitivas?

Extraído de Chemero (2009, p. 30)

A Linguística Cognitiva pode ser considerada comoparte do conjunto das Ciências Cognitivas deCoporeamento Simples.

O que é uma Ciência Cognitiva Corporeada e em queela difere de uma Ciência Cognitiva Computacional?

Para isso, precisamos entender a diferença entresímbolos modais e amodais.

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Sobre a divergência de modelos: símbolos amodais x símbolos modais

Estados perceptuais geram padrões de ativação neuronal,que são “traduzidos” para um sistema arbitrário de símbolosamodais – seja pelos traços propostos em modelosformalistas clássicos ou por redes semânticas/frames, típicosde perspectivas sociocognitivas ou da própria LinguísticaCognitiva. Linguagem, pensamento e memória articulam-se apartir desse novo sistema representacional.

Estados perceptuais geram padrões de ativação neuronal, quesão extraídos para um sistema análogo de símbolos modais – oscasos mais famosos são os esquemas imagéticos, propostos porteorias cognitivas corporeadas/corpóreas e pela LinguísticaCognitiva, e os símbolos perceptuais, que se organizam emsimuladores. Linguagem, pensamento e memória articulam-se apartir desse sistema, análogo à – mas abstraído da eesquematizado a partir da – experiência concreta.

Extraídos de Barsalou (1999, p. 578-9).

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Sobre cognição corporeada

Lindblum (2015, p. 13, tradução minha): “[...] a cognição corporeada inclui a pessoa que representa o corpo, todos ostipos de ação física e social, assim como os significados resultantes de ações. A mente humana e o self são relacionais pornatureza. Eles desenvolvem-se pela emergência de interações sociais, e esses processos podem ser entendidos somente àluz das oportunidades e das coerções de mecanismos corpóreos e de padrões dinâmicos de ação corporeada, que são emsi cognitivos — tendo papéis cruciais na moldagem e no compartilhamento das experiências subjetivas humanas de seucorpo agente. Assim, o estabelecimento da mente social e do self é um ato social e, para guiar-se, o ser humano deveconsiderar como os outros vão agir e reagir em resposta às suas próprias ações, para as quais as esferas socioculturaisfuncionarão como suportes para a cognição de nível mais elevado. Isso significa que os ambientes físico, material, social ecultural são partes de um sistema cognitivo estendido”.

Semin & Smith (2008, p. 1): “os sistemas nervosos evoluíram para o controle adaptativo da ação – e não para opensamento abstrato [...] mentes coevoluíram com os corpos, especialmente com os sistemas sensório-motores”.

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Sobre representação e corporeamento

Bickhard (1998); Anderson (2005); Nagel (2005); Clark (1997): mudança na visão tanto sobre a origem das representaçõesquanto sobre a motivação subjacente à atividade de representação.

1. Representações emergem da ação e da interação, não apenas do processamento de inputs, o que implica afastar-se daideia de que a percepção envolve apenas a “recepção passiva de qualidades abstratas do ambiente” e assumir que elase constitui em uma “ferramenta para exploração”, envolvida primariamente na “detecção de oportunidades para aação” (ANDERSON, 2005, p. 2).

2. O objetivo da representação não é, portanto, a projeção acurada do mundo externo; representações internas sãoresponsáveis pelas transformações sensório-motoras adequadas que levam a um comportamento funcionalmenteadequado (NAGEL, 2005).

3. Os componentes das representações deixam de ser vistos como estáveis, duradouros e discretos; eles são entendidoscomo dinâmicos, variáveis, derivados da experiência, organizados em redes associativas, e com uma tendência para aabstração, considerando tipos prototípicos e centrais e possibilidades marginais e periféricas.

4. Representações são distribuídas entre indivíduos por meio do discurso, uma das suas principais formas de transmissão,materializadas em textos, considerando toda a multissemiose envolvida.

5. Representações podem envolver simulações: “a ideia básica é que as estruturas neurais que são responsáveis porpercepção e ação, ou seja, com a interação direta com o mundo, são também reativadas e usadas em várias tarefascognitivas, como imaginação, raciocínio e linguagem” (SVENSSON & ZIEMKE, 2005, p. 2118).

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A diversidade de abordagens cognitivistas da linguagem (listagem não é completa)

Linguística Cognitiva

Linguística Baseada no

Uso

Bybee

Gramática de

Construções

Gramática de

Construções Radical

Croft

Gramática de

Construções

Goldberg

Gramática de Construções Corporeda

Bergen; Chang

Semântica/ Gramática Cognitiva

Gramática Cognitiva

Langacker

Semântica Cognitva

Talmy

Teoria Neural da

Linguagem

Lakoff

Cognitivistas brasileiros

Gramática de ConstruçõesNeusa Salim Miranda (UFJF); MargaridaSalomão (UFJF); Maria Angélica Furtadoda Cunha (UFRN)

MetaforologiaSolange Vereza (UFF); Luciane Ferreira(UFMG); Maity Siqueira (UFGRS)

Texto, Discurso e InteraçãoRove Chishman (UNISINOS); Paulo R.Gonçalves-Segundo (USP); Karina Falcone(UFPE); Luciene Espíndola (UFPB)

Semântica/Esquemas Imagéticos/FramesPaulo Duque (UFRN); Heronides Moura(UFSC); Jan Edson Leite (UFPB)

Patologias da linguagemEdwiges Morato (UNICAMP)

Espaços Mentais e MesclagemLilian Ferrari (UFRJ)

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Principais pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva

Extraído de Butler; Gonzálvez-García (2014, p. 99). Modelo da Gramática de Construções Corporeada (Embodied Construction Grammar).

1. A gramática é:1. um sistema de estruturação conceptual que envolve

capacidades cognitivas gerais, como percepção,memória, atenção, categorização, processamento,conhecimento enciclopédico e mecanismos desimulação e mesclagem.

2. um inventário de unidades simbólicas ouconstruções estruturadas em rede, que envolvemnós — as construções em si — e arestas — relaçõesde esquematização-instanciação, deprototipificação-extensão, de integração, inclusão,dentre outras.

2. Construções são pareamentos entre forma esignificado.

1. Forma: fonologia, morfologia e sintaxe.2. Significado: semântica, pragmática e discurso.

3. Todas as unidades simbólicas são abstraçõesderivadas de eventos de uso, ou seja, de instânciascontextualizadas de uso da língua.

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Principais pressupostos teóricos da LC: a construção de MOVIMENTO CAUSADO

SEM FAZER-MOVER AGENTE TEMA [META] DESTINO

levar eu minha irmã para a/na festa

SIN SUJEITO (SN) OBJ DIRETO (SN) COMP OBL (SP)

Ex. Eu levei minha irmã para a/na festa.

SEM FAZER-MOVER AGENTE TEMA [META] DESTINO

mandar o amplificador potência para as caixas

SIN SUJEITO (SN) OBJ DIRETO (SN) COMP OBL (SP)

SEM FAZER-MOVER AGENTE TEMA [META] DESTINO

levar essa mina de vermelho

me à loucura

SIN SUJEITO (SN) OBJ DIRETO (SN) COMP OBL (SP)

Ex. O amplificar manda potência para as caixas (Furtado da Cunha, 2017)

Ex. Essa mina de vermelho me levou à loucura (Mc Daleste/adaptado)

SEM FAZER-MOVER AGENTE TEMA [META] DESTINO

colocar Patrícia a cenoura na salada

SIN SUJEITO (SN) OBJ DIRETO (SN) COMP OBL (SP)

Ex. Patrícia colocou a cenoura na salada (Ferrari, 2010)

SEM FAZER-MOVER AGENTE TEMA [META] DESTINO

chutar o menino a lata para o canto da rua

SIN SUJEITO (SN) OBJ DIRETO (SN) COMP OBL (SP)

Ex. O menino chutou a lata para o canto da rua (Ferrari, 2010)

SEM FAZER-MOVER AGENTE TEMA [META] DESTINO

cabecear Neymar a bola para o gol

SIN SUJEITO (SN) OBJ DIRETO (SN) COMP OBL (SP)

Ex. Neymar cabeceou a bola para o gol.

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Principais pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva

Extraído de Croft (2012, p. 280)

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Principais pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva

Extraído de Butler; Gonzálvez-García (2014, p. 99). Modelo da Gramática de Construções Corporeada (Embodied Construction Grammar).

1. A gramática é:1. um sistema de estruturação conceptual que envolve

capacidades cognitivas gerais, como percepção,memória, atenção, categorização, processamento,conhecimento enciclopédico e mecanismos desimulação e mesclagem.

2. um inventário de unidades simbólicas ou construçõesestruturadas em rede, que envolvem nós — asconstruções em si — e arestas — relações deesquematização-instanciação, de prototipificação-extensão, de integração, inclusão, dentre outras.

2. Construções são pareamentos entre forma esignificado.

1. Forma: fonologia, morfologia e sintaxe.2. Significado: semântica, pragmática e discurso.

3. Todas as unidades simbólicas são abstraçõesderivadas de eventos de uso, ou seja, de instânciascontextualizadas de uso da língua.

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Principais pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva

1. A gramática é:1. um sistema de estruturação

conceptual que envolve capacidadescognitivas gerais, como percepção,memória, atenção, categorização,processamento, conhecimentoenciclopédico e mecanismos desimulação e mesclagem.

2. um inventário de unidades simbólicasou construções estruturadas em rede,que envolvem nós — as construçõesem si — e arestas — relações deesquematização-instanciação, deprototipificação-extensão, deintegração, inclusão, dentre outras.

2. Construções são pareamentos entre forma esignificado.

1. Forma: fonologia, morfologia e sintaxe.2. Significado: semântica, pragmática e

discurso.

3. Todas as unidades simbólicas são abstraçõesderivadas de eventos de uso, ou seja, deinstâncias contextualizadas de uso da língua.

Capacidade de comparação (Gestalt)

Figura x Fundo

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Principais pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva

1. A gramática é:1. um sistema de estruturação

conceptual que envolve capacidadescognitivas gerais, como percepção,memória, atenção, categorização,processamento, conhecimentoenciclopédico e mecanismos desimulação e mesclagem.

2. um inventário de unidades simbólicasou construções estruturadas em rede,que envolvem nós — as construçõesem si — e arestas — relações deesquematização-instanciação, deprototipificação-extensão, deintegração, inclusão, dentre outras.

2. Construções são pareamentos entre forma esignificado.

1. Forma: fonologia, morfologia e sintaxe.2. Significado: semântica, pragmática e

discurso.

3. Todas as unidades simbólicas são abstraçõesderivadas de eventos de uso, ou seja, deinstâncias contextualizadas de uso da língua.

Figura FundoLocalização menos conhecida Localização mais conhecidaMenor MaiorMais móvel Mais estacionárioEstruturalmente mais simples Estruturalmente mais complexoMais saliente Mais ofuscado (backgrounded)Mais recente na consciência Mais distante na memória/na cena

i. A bicicleta está perto da casa x A casa está perto da bicicleta.

ii. O lápis está em cima da mesa x A mesa está embaixo do lápis xUma pulga está do lado do lápis.

iii. Eu lia, enquanto ela costurava x Eu lia, e ela costurava.

iv. Depois que eu saí, todos começaram a beber x Antes de todoscomeçarem a beber, eu saí.

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Principais pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva

Extraído de Butler; Gonzálvez-García (2014, p. 99). Modelo da Gramática de Construções Corporeada (Embodied Construction Grammar).

4. A partir do momento em que a gramática é concebidacomo conceptualização e como uma estrutura em redederivada do uso, a experiência torna-se aspectofundamental. Em consequência disso, torna-se central paracompreender a estrutura gramatical a consideração dasatividades de perspectivação conceptual (construal) — asoperações cognitivas responsáveis pela emergência demodos alternativos de conceptualizar determinadasituação.

5. As unidades simbólicas da linguagem consistem empontos de acesso para estruturas conceptuais. Os recursoslinguísticos consistem em instruções parciais que ativamredes conceptuais do conhecimento de fundo (backgroundknowledge), a partir das quais o sentido – de carátermultimodal – é reconstruído em um processo ativo peloleitor/ouvinte (noção de simulação mental).

Se houver tempo... Dinâmica de Forças

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Agenda contemporânea de estudos em Linguística Cognitiva

1. Multimodalidade e a interação entre as diferentes modalidades para a construção do sentido: imagem, língua,gestualidade, expressões faciais, dentre outras.

2. Relações entre cognição, linguagem e sociedade – a questão discursivo-interacional.

3. Pesquisas experimentais para mensurar as relações entre a língua e os outros sistemas cognitivo-afetivos.

4. Refinamento da noção de rede; simulação computadorizada do funcionamento das redes de construções.

5. Aquisição de linguagem por meio de hipóteses ligadas ao uso e à abstração construcional.

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Representações: articulando corporeamento, distribuição social, linguagem e discurso

A esse processo cognitivo dinâmico envolvido na construção de sentido pelo produtor e em sua reconstruçãopelo ouvinte denomina-se conceptualização. À estruturação semântica da experiência materializada no enunciadodenomina-se construal.

Em princípio, de acordo com Croft (2012), há múltiplos construals alternativos disponíveis para uma experiência,de forma que o falante deve escolher entre um ou outro para a sua formulação, o que depende do contexto. Contudo, opróprio autor ressalva que a questão não é tão simples assim e que não resulta de processo de simples escolha. Emprimeiro lugar, “o construal serve AOS OBJETIVOS DOS INTERLOCUTORES NO DISCURSO”; em segundo lugar, “a NATUREZA DA REALIDADE

limita o construal ou, ao menos, favorece alguns construals em detrimento de outros”; e, por fim, “construals associados aum item lexical também são limitados por CONVENÇÕES CULTURAIS de uma comunidade de fala” (CROFT, 2012, p. 18, itálicosnossos, versalete do autor).

Um dos aspectos centrais envolvidos em um construal diz respeito à esquematização de uma cena, ou seja, àcriação de uma rota de conceptualização que impõe ao ouvinte-leitor um esquema imagético, a partir do qual elereconstruirá a experiência materializada no enunciado.

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Representações: articulando corporeamento, distribuição social, linguagem e discurso

Esquemas imagéticos são tipos especiais de esquema, uma vez que consistem em “representações mentais deunidades fundamentais de experiência sensorial” (GRADY, 2005, p. 44), ou seja, em gestalts mínimas baseadas em padrõesregulares de experiências corporais específicas, que incluem visão, audição, olfato, movimentação, postura, tato esensações internas, como dor e calor. O termo ‘imagético’ não se refere a uma imagem em si, mas a uma abstraçãomultimodal de experiência reiterada, que ocorre durante o desenvolvimento cognitivo pré-linguístico (Hart, 2014; Mandler,2004), e que provê a base corporeada para a estruturação semântica de unidades gramaticais e lexicais — mesmo as maisabstratas, via extensão metafórica (Croft & Cruse, 2004; Lakoff, 1987; Kövecses, 2010 ; dentre outros).

Um desses esquemas imagéticos consiste na representação de FORÇA.

Modelo de Dinâmica de Forças (Talmy, 2000)

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Dinâmica de Forças (Talmy, 2000; Moura, 2012; Gonçalves-Segundo, 2014; 2015)

Como funciona o modelo?

I. O Agonista consiste na entidade focal primária. Ele possui uma tendência intrínseca ao repouso ou àação/movimento. Tal tendência consiste na expectativa autoral e/ou social suscitada pela construção (todaconstrução assume uma determinada perspectiva sobre a realidade).

II. A menos que haja algum Antagonista, espera-se que a tendência do Agonista se manifeste e que ele nãoseja, portanto, impedido de agir ou repousar. O ANT atua, assim, como um elemento que se confronta como AGO, podendo alterar – ou, pelo menos, atrapalhar – o curso “natural” da entidade primária.

III. A Resultante depende da interação entre AGO e ANT e da força de cada um. Vence o mais forte,segundo a nossa própria experiência com movimentos e sentidos aponta. Ela é sempre assinalada emrelação ao AGO.

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Dinâmica de Forças

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Dinâmica de Forças: exemplos

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1. A mãe fez o filho estudar.

> O exemplo (1) ilustra o esquema de causação. Nele, o AGO, representado pelo

sintagma nominal o filho, assume uma tendência de não estudar, o que é indicado pela

marca de repouso. O sintagma nominal A mãe atua como ANT mais forte que modifica o

estado ‘natural’ do AGO, impondo-lhe sua tendência — ação/movimento. A resultante

indica, portanto, ação e está ligada a uma cena em que o AGO acaba estudando. O verbo

fazer consiste, no caso, na estrutura linguística que ativa a relação causativa,

possivelmente ligada às experiências pré-conceptuais de pressão e compulsão.

> +

• -

-

Outros exemplos:a. O debate me fez repensar o voto.b. As cotas fazem com que um negro pobre tenha um privilégio frente a um branco de mesmo nível social.c. ‘Perdeu porque jogou mal. Não tem desculpa', resume técnico do Timão.

Recursos linguísticos:a. Verbos causativos materiais, como

fazer; verbais ou elocutivos, comoincentivar, incitar, convencer,persuadir.

b. Conectivos causais ou explicativos –os últimos entram no campo da DFepistêmica.

c. Certas preposições, como de ou por,indicando origem ou percurso comodomínios-fonte de metáforasprimárias cujo alvo é causa.

CAUSAÇÃO (de movimento/ação)ANT mais forte impele AGO, que tende ao repouso, à/ao ação/movimento

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BLOQUEIO (causação de repouso)ANT mais forte barra a tendência de ação/movimento do AGO

2. A mãe não deixou o filho estudar.

• Neste exemplo, a tendência do AGO o filho é estudar, ao contrário do que se

mostrou em (1), o que comprova o fato de que a tendência consiste em um efeito da

perspectiva da construção, o que implicita possíveis julgamentos diferentes. A mãe, ANT,

impõe sua tendência de repouso ao AGO, bloqueando sua ação, o que resulta em não

estudar. No caso, é a combinatória da partícula de polaridade não ao verbo deixar que

ativa a concepção de bloqueio, provavelmente derivada de nossa experiência com

restrições de movimento.

> -

-

Outros exemplos:a. A polícia impediu os jovens de entrar no shopping.b. Eles não saem à noite de tanto medo da polícia.c. Os ministros foram proibidos de dar declarações sobre o escândalo da Petrobrás.

Recursos linguísticos:a. Verbos causativos materiais, como

impedir; verbais ou elocutivos, comoproibir.

b. Conectivos causais ou explicativos –os últimos entram no campo da DFepistêmica.

c. Certas preposições, como de ou por,indicando origem ou percurso comodomínios-fonte de metáforasprimárias cujo alvo é causa ou força.

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Outros exemplos:a. Os manifestantes permitiram que

a ambulância entrasse no HU.b. Me deixaram dormir a tarde toda.

PERMISSÃOANT mais forte desengaja o AGO, liberando-o para exercer sua tendência

ao repouso ou à/ao ação/movimento

3. A mãe deixou o filho estudar.

>

Em (3), à semelhança do anterior, a tendência do AGO o filho é estudar. A mãe,

ANT que tende ao repouso e cuja força é mais intensa, é capaz de bloquear o filho;

entretanto, a cena é construída de modo a inserir o ANT em um contexto de

desengajamento com o AGO, ou seja, em uma situação em que as entidades não se

confrontam, o que caracteriza um esquema de permissão. Notemos, contudo, que o

padrão implica uma relação de poder que pende ao ANT.

>

-

-

Recursos linguísticos:a. Verbos causativos materiais, como

deixar; verbais ou elocutivos, comopermitir.

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CONCESSÃOANT mais fraco apenas engaja o AGO, “atrapalhando-o”, mas sem

alterar sua tendência ao repouso ou à/ao ação/movimento

4. Apesar dos incentivos da mãe, o filho não estudava.

• Neste exemplo, o AGO o filho tende a não estudar, e a resultante ratifica essa

tendência. Trata-se de um caso em que o ANT não tem força suficiente para reverter a

orientação da entidade focal, o que consiste em um padrão de concessão. No exemplo, os

incentivos da mãe teriam o potencial de levar o filho ao estudo, porém, o estado natural

de não estudar é mais forte — por razões não perfiladas no complexo oracional —, fator

do qual deriva a resultante assinalada. Assim, a concessão pode ser vista como um padrão

ligado a experiências com remoção de obstáculos e resistência a forças contrárias.

> -

+

-

Recursos linguísticos:a. Conectivos concessivos e

adversativos.

Outros exemplos:a. A greve continuou, a despeito dos cortes salariais.b. Os alunos permaneceram quietos, apesar do incentivo da direção em dedurar o culpado. [Este caso constitui-se em um exemplo de

esquema complexo, envolvendo dois padrões de DF. Alguém se arrisca?]

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DIMENSÃO INTRAPSICOLÓGICA DA DF

O ANT e o AGO correspondem a diferentes facetas do self, que podem estabelecer, entre

si, relações de causação, bloqueio, permissão e concessão

5. Neymar se emociona com festa no Camp Nou: "Me segurei para não chorar"

ANT: (Eu)

AGO: Me

RES: não chorar

O verbo segurar apresenta-se, no exemplo, como componente de uma metáfora cujo domínio-fonte é físico, envolvendo

forças e objetos passíveis de mobilização, e cujo domínio-alvo é psicológico, envolvendo força de vontade e estado emocional. Nele,

o AGO é apresentado pelo pronome oblíquo me, que remonta ao jogador Neymar, que, por sua vez, se constrói como um agente que

tende a chorar. O ANT, eu, elíptico na construção, consiste na entidade que bloqueia a vazão emocional do próprio eu, cindido na

construção. Segundo Talmy (2000), temos aqui um caso de self dividido, no qual o AGO tende a representar os desejos internos do

self, ao passo que o ANT tende a constituir-se no senso de responsabilidade, de manutenção da imagem pública, internalizando as

demandas sociais externas. Nesse sentido, o que ocorre é a representação de um conflito emocional interno entre o ser e o parecer.

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MODALIDADE DEÔNTICA/RAIZ

ANT, em geral, subjetificado, impõe, projetivamente, sua autoridade para mudar ou manter

a realidade vigente, por meio da incitação do AGO ao repouso ou à/ao ação/movimento

6. Meu filho tem que estudar muito para a prova de hoje.

Outros exemplos:a. Você deve entregar os documentos hoje na secretaria.b. Você tem que entregar os documentos hoje na secretaria.c. Você deveria entregar os documentos hoje na secretaria.d. Você pode entregar os documentos hoje na secretaria. e. Você não deve entregar os documentos hoje na secretaria.f. Você não tem que entregar os documentos hoje na secretaria. g. Você não pode entregar os documentos hoje na secretaria.

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MODALIDADE EPISTÊMICA

Um conjunto de evidências atua como um ANT que impele o conceptualizador, AGO, a

uma dada conclusão (RES)

7. Meu filho deve ter estudado muito para a prova de hoje.

Outros exemplos:a. Ele deve ter faltado à aula hoje.b. Choveu, pois as ruas estão molhadas.c. Pode/Deve faltar água em São Paulo até a Páscoa.d. César Tralli – O senhor concorda com o presidente Lula quando ele diz que o mensalão não existiu?Fernando Haddad – Eu penso que o presidente Lula está fazendo referência a um aspecto que é a questão da coalizão da base aliada, ele está fazendo referência a esse aspecto especificamente. Porque, na visão dele, não é razoável imaginar que um parlamentar do PT precisasse receber recursos para votar com o governo. Essa é a consideração que ele faz.

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Discurso e Dinâmica de Forças

a. As cotas fazem com que um negro pobre tenha um privilégio frente a um branco de mesmo nívelsocial.https://acidblacknerd.wordpress.com/2013/05/10/10-motivos-para-ser-contra-as-cotas-raciais/

AGO: um negro pobre [tende a não ter privilégios frente a brancos de um mesmo nível social]

ANT: as cotas [atuam como uma força que reverte a tendência do AGO]

RES: o negro pobre passar a ter privilégios

ESQUEMA DE CAUSAÇÃO: AGO FRACO, em REPOUSO, tem sua tendência vencida por um ANT FORTE, em AÇÃO, levando a umaRESULTANTE diferente do que se espera [na perspectiva do falante]; no caso, há uma COMPULSÃO a uma modificação prática.

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Discurso e Dinâmica de Forças

b. Ao criar cotas raciais, o governo está impedindo que um aluno não negro, seja ele pobre ou rico,tenha acesso à universidade por causa da cor de sua pele (preconceito de origem, raça e cor).https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?page_id=8&cp=all

AGO: um aluno não negro, seja ele pobre ou rico [tendência de acessar a universidade]

ANT: o governo [atua como uma força que reverte a tendência do AGO]

RES: o aluno não negro não ter acesso à universidade

ESQUEMA DE BLOQUEIO: AGO FRACO, em AÇÃO, tem sua tendência vencida por um ANT FORTE, em REPOUSO, levando a umaRESULTANTE diferente do que se espera [na perspectiva do falante]; no caso, há uma RESTRIÇÃO de uma prática.

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c. As cotas sociais permitem que os estudantes brasileiros das escolas públicas, grande parte deles combaixa renda familiar, tenham melhores condições de ingressar nas universidades públicas.http://www.brasil.gov.br/educacao/2012/11/lei-de-cotas-reserva-50-das-vagas-a-egressos-da-rede-publica

Discurso e Dinâmica de Forças

AGO: os estudantes brasileiros das escolas públicas [tendem a ter condições de ingressarnas universidades públicas]

ANT: (inferível pelo conhecimento enciclopédico; atua como forma de BLOQUEIO: baixaqualidade do ensino público, despreparo, dificuldade do vestibular)

AGENTE DESENGAJADOR: as cotas sociais [atua como força que remove o ANT, ampliandopotencial de ação do AGO]

RES: os estudantes de escolas públicas terem melhores condições de ingressar nasuniversidades públicas.

ESQUEMA DE DESENGAJAMENTO/CONTRIBUIÇÃO: AGENTE DESENGAJADOR remove oBLOQUEIO do ANT FORTE, em REPOUSO, liberando ou potencializando a ação do AGO, emprincípio, FRACO e em AÇÃO.

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Discurso e Esquematização

Resumindo...Da perspectiva do produtor textual, o construal consiste, portanto, na estruturação semântica de uma experiência,

materializada em enunciados concretos e resultado de uma atividade de conceptualização que é possibilitada e limitada pelascoerções cognitivas advindas do seu corporeamento, o que inclui tanto fatores biológicos quanto fatores sócio-histórico-culturais.

Do ponto de vista do consumidor textual, o construal apresenta pistas referenciais e relacionais materializadas noenunciado concreto, que representam uma alternativa de estruturação semântica da realidade, responsável por ativar nós em umarede complexa de conceitos e categorias, que se associam a experiências multimodais corporeadas de introspecção, ação eemoção.

Conhecer, de forma cada vez mais acurada, esses processos é relevante para um entendimento mais fino das atividadesde produção, distribuição, consumo e interpretação discursivas, o que requisitará uma abertura, cada vez maior, para a multi e/oupara a interdisciplinaridade.

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Referências bibliográficas

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VAN DJIK, Teun A. Discourse and Knowledge: A Sociocognitive Approach. Cambridge: Cambridge University Press,2014.

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Muito obrigado pelo convite!

Agradeço a atenção de todos/as!

Paulo Roberto Gonçalves-Segundo ([email protected])