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    INSTITUTO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

    Manual de Textos de Apoio

    CURSOS REGULARES1º ANO

    Maputo, 2008

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    ÍNDICE

    A EVOLUÇÃO DA TERRA .................................................................................................... 4História da Terra ................................................................................................................... 4O tempo geológico ................................................................................................................ 6

    A ORIGEM DA VIDA ............................................................................................................. 9Hipóteses sobre a origem da vida ......................................................................................... 9Resumo das Experiências que pretendiam negar a geração espontânea ............................. 13

    EVOLUÇÃO DOS SERES VIVOS ....................................................................................... 16O que é a evolução? ............................................................................................................ 16Teoria de Lamarck (Lamarkckismo) .................................................................................. 17Teoria de Darwin (Darwinismo) ......................................................................................... 18Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo ................................................................ 24Processo de especiação ....................................................................................................... 26

    A EVOLUÇÃO HUMANA .................................................................................................... 29

    MECANISMOS FISIOLÓGICOS .......................................................................................... 37MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................ 45Tipos de motivação ............................................................................................................. 45Frustração e conflito ........................................................................................................... 49

    PERSONALIDADE ............................................................................................................... 53Teorias da personalidade ..................................................................................................... 54Temperamento, Carácter, Pessoa e Ser Humano ................................................................ 55

    ÉTICA E MORAL .................................................................................................................. 58Questões para reflexão em grupo: ....................................................................................... 59

    SOCIALIZAÇÃO ................................................................................................................... 61Estatuto e Papel ................................................................................................................... 64

    Tipos de Agrupamentos ...................................................................................................... 68Valores, Normas e Comportamentos .................................................................................. 70Ideologia e Mentalidade ...................................................................................................... 73O Conceito de Cultura ........................................................................................................ 75

    CONFLITO E COMUNICAÇÃO .......................................................................................... 79Elementos da comunicação ................................................................................................. 79Conflitos .............................................................................................................................. 84Publicidade e Propaganda ................................................................................................... 89

    O MUNDO DO TRABALHO ................................................................................................ 96Divisão do Trabalho ............................................................................................................ 99

    Relações Laborais ............................................................................................................. 101OS DIREITOS HUMANOS ................................................................................................. 104A Declaração Universal do Direitos Humanos ................................................................. 105África: Política e Economia .............................................................................................. 115

    O MUNDO EM DEBATE .................................................................................................... 130Países Desenvolvidos e Países em vias de Desenvolvimento ........................................... 130Características da População Mundial .............................................................................. 131Teorias Demográficas e Desenvolvimento Sócio-económico .......................................... 132Distribuição da população mundial .................................................................................. 135

    PROBLEMAS GLOBAIS DA HUMANIDADE ................................................................. 142Bibliografia (incompleta) .................................................................................................. 155

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    INTRODUÇÃO

    O presente manual surge da grande necessidade de material de apoio à disciplina de OMUNDO E A PESSOA. É uma compilação de vários textos de vários autores, sobre temas

    relacionados com o programa da disciplina adoptado pelo ITC. Este manual será utilizadodurante o todo o ano lectivo.

     Não podemos considerar que este seja já um trabalho acabado pois, ele deverá serconvenientemente testado para que estejamos certos da sua eficácia. Tentámos empenhar-nos

     para que fosse possível sair esta obra e esperamos que a mesma seja útil a todos quantos delefizerem uso, quer sejam professores ou alunos.

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    A EVOLUÇÃO DA TERRA

    Considerações gerais sobre o nosso planeta

    A característica mais marcante da Terra, entre todos os astros conhecidos, é a presença deágua em forma líquida. A água é essencial não só para a vida -- e ao que se sabe, a superfícieda Terra é o único lugar do universo onde ela existe --, como também para os processosgeológicos de erosão, transporte e deposição que moldam a crosta terrestre.

    A Terra é o terceiro planeta do sistema solar em ordem de distância do Sol e o quinto emtamanho. Pode ser descrita como uma esfera dotada de uma crosta rochosa (litosfera),

     parcialmente recoberta de água (hidrosfera) e envolvida por uma camada gasosa (atmosfera).O interior do planeta divide-se em manto, núcleo externo e núcleo central. A força centrífugade seu movimento de rotação em torno do próprio eixo torna a Terra mais volumosa no

    equador e achatada nos pólos. Seu eixo de rotação apresenta uma inclinação de 23°27' emrelação ao plano da eclíptica. Da área total da Terra, de aproximadamente 509.600.000km2,apenas 29% são sólidos. O restante é ocupado por oceanos, mares, lagos e rios. O únicosatélite natural da Terra, a Lua, situa-se a uma distância média de pouco mais de 384.400km.

    Desde o século XVI, quando Copérnico propôs um modelo heliocêntrico do universo, a Terra passou a ser vista pelos astrónomos como um planeta como outro qualquer do sistema solar.Ao mesmo tempo, as viagens marítimas comprovavam a esfericidade da Terra e, no início doséculo XVII, utilizando o telescópio, recém-inventado, Galileu mostrou que vários outros

     planetas também são esféricos. Entretanto, só com o advento da era espacial, quando

    fotografias tiradas de foguetes e naves espaciais captaram a curvatura acentuada do horizonteterrestre, foi que o homem comprovou directamente que a Terra era esférica, e não plana. Emdezembro de 1968, quando a Apolo 8 contornou a Lua, pela primeira vez os homens viram aTerra como um globo.

    História da Terra

    A origem da Terra foi tema de estudos científicos por vários séculos, mas somente após 1950houve grandes avanços nessa área. As mais importantes contribuições vieram da análisequantitativa dos isótopos presentes em meteoritos, feita por geoquímicos, e, particularmente,do estudo das rochas lunares obtidas durante o programa espacial Apolo. Além disso, a

     pesquisa geoquímica de amostras terrestres, combinada com um novo entendimento dos processos internos proporcionado pela teoria da tectónica das placas, elucidou de formasignificativa as formas pelas quais o planeta Terra evoluiu.

    Geólogos e astrónomos concordam que a Terra tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos.Contudo, as mais antigas rochas conhecidas existem há 3,9 bilhões de anos, e não há registrogeológico para um período de aproximadamente 700 milhões de anos. Acredita-se que todo osistema solar tenha se formado a partir de uma nuvem de gás e poeira, cujas partículas secondensaram em grãos sólidos. A acção de forças electrostáticas e gravitacionais agrupou

    esses grãos em fragmentos de rocha cada vez maiores, um dos quais evoluiu para formar aTerra.

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    Os componentes metálicos, mais pesados, dirigiram-se para o interior do corpo, enquanto osmais leves (como hidrogénio e hélio), que devem ter formado a atmosfera primordial,

     provavelmente escaparam para o espaço sideral. Nesse primeiro estágio de desenvolvimentoterrestre, o calor era gerado por três possíveis fenómenos: (1) a desintegração de isótoposradioactivos de vida curta; (2) a energia gravitacional liberada pela submersão dos metais; ou

    (3) o impacto de pequenos corpos planetários (planetesimais). O aumento de temperatura foisuficiente para aquecer todo o planeta. Com isso, o núcleo começou a se fundir e foram produzidos líquidos gravitacionalmente leves, que atingiram a superfície e se cristalizaram,formando a primeira crosta terrestre.

    Ao mesmo tempo, líquidos mais pesados, ricos em ferro, níquel e provavelmente enxofre, sesepararam e mergulharam, sob a acção da gravidade, em direcção ao núcleo da Terra. Oselementos voláteis mais leves do interior do planeta puderam então ascender e escapar,

     provavelmente durante erupções vulcânicas, e geraram a atmosfera secundária e os oceanos(essa foi a chamada fase de diferenciação). Provavelmente instável, a primeira crosta terrestreafundou. Esse processo gerou mais energia gravitacional, o que permitiu formar uma crosta

    mais espessa, estável e duradoura. Como o interior da Terra era quente e líquido, acredita-seque esteve sujeito a uma convecção em grande escala, o que pode ter possibilitado aformação da crosta oceânica, acima das correntes de convecção ascendentes.

    A rápida troca de material entre a crosta e o manto ocorreu nas chamadas células deconvecção, situadas no interior da Terra. As primeiras massas continentais devem ter-seformado dessa maneira, durante o período de 700 milhões de anos entre a formação da Terrae a época de que se conservam os primeiros registros geológicos.

    Condições ambientais há 4,6 mil milhões de anos: -  a Terra localizava-se já próximo de uma fonte de energia – o Sol;-  a temperatura ambiente era muito elevada, o que impedia a existência de seres

    vivos;-  a água, outro factor da existência de vida, encontrava-se no estado gasoso;-  a atmosfera era composta por metano, amónio, vapor de água e hidrogénio;-  o oxigénio, tão necessário à respiração, era um elemento inexistente na atmosfera;-  a crosta terrestre encontrava-se em formação - era intensa a actividade vulcânica;-  havia frequentes “bombardeamentos” por diversos corpos celestes.

    Estudos posteriores indicam que a atmosfera primitiva conteria ainda dióxido de carbono(CO2), azoto (N2), monóxido de carbono (CO) e sulfureto de hidrogénio (H2S).

    Condições ambientais há 3,5 mil milhões de anos: -  a Terra encontrava-se em fase de arrefecimento;-  o arrefecimento da Terra fez com que, parte do vapor de água trazido pelas

    erupções vulcânicas e pela degaseificação dos minerais se condensasse, formasseas grandiosas nuvens primitivas, originando a queda de copiosas chuvas, cujaágua se acumulou nas depressões então existentes e originou os mares primitivos;

    -  o oxigénio, indispensável à existência da vida, continuava a ser um elementoinexistente na atmosfera.

    Formação dos mares primitivos. A actividade vulcânica do planeta lançou na atmosfera

    diversos gases, entre os quais vapor de água. Quando a temperatura superficial da Terra caiua menos de 100°C, há cerca de 3,5 mil milhões de anos, o vapor de água presente naatmosfera condensou-se, originou a queda de chuvas muito abundantes e deu origem aos

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    oceanos primitivos. As actuais características químicas dos oceanos e seus padrões desedimentação se fixaram há aproximadamente dois mil milhões de anos.

    Formação do oxigénio livre. Os dados geofísicos indicam que o oxigénio molecular surgiugradualmente na atmosfera há cerca de 2 mil milhões de anos.

    O oxigénio hoje presente na atmosfera formou-se por meio de dois possíveis processos: primeiro, a radiação ultravioleta proveniente do Sol pode ter fornecido a energia necessária para decompor uma molécula de água (no estado gasoso) em hidrogénio (que escapou para oespaço sideral) e oxigénio livre (que permaneceu na atmosfera). É bem provável que esse

     processo tenha sido relevante antes do aparecimento das mais antigas rochas conhecidas. Osegundo processo, a fotossíntese orgânica, predominou depois.

    Para produzir os carboidratos necessários ao desempenho de suas funções vitais, osorganismos primitivos, como as algas verde-azuladas (cianobactérias), promovem a reacçãoda água com o dióxido de carbono, liberando oxigénio livre. Comprovou-se que as algas

    verde-azuladas existem há pelo menos 3,5 bilhões de anos, mas foram necessários 2,2 bilhõesde anos para que se formasse, na atmosfera, oxigénio suficiente para o desenvolvimento degrande número de formas de vida.

    O tempo geológico

    Para estudar a longa história do nosso planeta, à qual se dá o nome de tempo geológico,dividiu-se o tempo em unidades chamadas eras. As eras  foram, por sua vez, divididas em

     períodos, e os períodos em épocas.

    Cada era  caracteriza-se pela forma como estavam distribuídos os continentes e oceanos e pelo tipo de organismos que então habitavam a Terra.

    As eras geológicas são: Pré-câmbrica, Paleozóica,  Mesozóica  e Cenozóica. Cada uma daseras geológicas é caracterizada por uma série de transformações.

    A Era Pré-câmbrica  compreende o tempo que decorreu desde a formação da Terra até aoinício da Era Paleozóica. Foi ainda nesta era que surgiu a vida. Os registos fósseis maisantigos datam de 2 mil milhões de anos. Acredita-se que sejam restos de antigas bactérias.

    A Era Paleozóica ou Primária durou 325 milhões de anos. Nesta era surgiram sobre a Terrainúmeros animais invertebrados como os insectos. Muitos deles, como os trilobitasextinguiram-se no fim desta era. Além dos invertebrados, surgiram nesta era os peixes,anfíbios, os répteis e também as primeiras plantas terrestres – os fetos. No fim desta era,todos os continentes estavam unidos num só – a Pangea.

    A Era Mesozóica ou Secundária  durou 160 milhões de anos. Foi nesta era  que surgiramnumerosos grupos de répteis, alguns dos quais eram terrestres (dinossauros), outros voadores(pterossauros) e outros aquáticos (ictiossauros). Os invertebrados mais abundantes eram osamonites, moluscos semelhantes aos actuais calamares, mas dotados de concha. As plantascom sementes desenvolveram-se, formando grandes bosques de coníferas e, por fim,

    surgiram as plantas com flores (angiospermas). Nesta era, a Pangea fragmentou-se emmuitos blocos continentais que, progressivamente, foram-se afastando uns dos outros, o que

     permitiu que as águas oceânicas penetrassem entre eles.

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    A Era Cenozóica dura já 65 milhões de anos. Divide-se em dois períodos: o Terciário e oQuaternário. Ao longo desta era surgiram todos os seres vivos que existem actualmente. NoTerciário, depois do desaparecimento dos grandes répteis, os mamíferos disseminaram-se

     pela Terra. Surgiram também aves voadoras e corredoras. A espécie humana, surgida no fimdo Terciário, evoluiu durante o Quaternário até chegar ao Homem moderno. Os continentes eoceanos passaram a ocupar as posições actuais.

    A Tabela cronoestratigráfica simplificada (na página seguinte) do Dr. professor João Pais,em que se mostram as divisões cronoestratigráficas  até à Época, segue-se uma coluna dedatação radiométrica, das diferentes divisões tempo-estratigráficas, desde a Formação daTerra (4.600 milhões de anos=4,6 Giga-anos (Ga); o Ga=1.000.000.000 de anos = milmilhões de anos) até à actualidade. A coluna da Evolução Biológica  apresenta um certo

     pormenor, a coluna das Glaciações  mostra bem o que foram as alterações climáticas aolongo da história da Terra. A Orogénese apresenta os períodos de tempo geológico em quese edificaram as maiores cadeias montanhosas e, finalmente, a Paleogeografia  que referealguns dos principais aspectos geográficos da Terra ao longo da sua história.

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    A ORIGEM DA VIDA

    Considerações gerais

    Quando o Homem se começou a dar conta dos seres vivos que o rodeavam, tornou-se

    necessário explicar o aparecimento destes, bem como o seu próprio aparecimento. Foi entãoque surgiram algumas hipóteses cujo objectivo era explicar o surgimento e desenvolvimentodas espécies vivas.

    A Vida na Terra terá surgido há cerca de 3.4 mil milhões de anos, como o parecemdemonstrar os fósseis de procariontes encontrados na África do Sul. As células eucarióticasterão surgido há cerca de 2.0 a 1.4 mil milhões de anos, seguidas dos organismosmulticelulares há cerca de 700 milhões de anos. Neste espaço de tempo os fósseis sãoabundantes, indicando um processo evolutivo rápido.

    Todas as evidências parecem apontar para que os seres eucariontes terão tido origem emseres procariontes. A principal teoria actual considera que alguns dos organitoscaracterísticos das células eucarióticas tiveram origem em procariontes que se adaptaram àvida intracelular por  endossimbiose. 

    Hipóteses sobre a origem da vida

    Como se sabe, segundo algumas crenças, existe uma ou várias entidades todo-poderosasresponsáveis pela criação de tudo o que conhecemos. Estas crenças, bem como a aparenteideia de que os animais, geração após geração, permanecem imutáveis, levaram ao

    aparecimento do princípio, que durante muitas centenas de anos foi tido como certo, de que aentidade toda-poderosa era perfeita pelo que, tudo o que criava teria de ser perfeito também.Assim surgiu a teoria fixista:

    1. Fixismo:  Esta teoria pretende explicar o surgimento das espécies, afirmando que estassurgiram sobre a Terra, cada qual já adaptada ao ambiente onde foi criada, pelo que, uma vezque não havia necessidade de mudanças, as espécies permaneciam imutáveis desde omomento em que surgiram. Deste modo, e de acordo com esta teoria, não haveria umantepassado comum. No entanto, para a explicação do surgimento das espécies primordiaishá várias opiniões:

    - Anaximandro (611-546 a.C.): Este autor considerava que os primeiros animais surgiram deuma "vasa marinha" a partir da qual surgiram todos os outros animais; o Homem teriasurgido do ventre dos peixes.

    Deste modo, desenvolveram-se dentro do fixismo outras teorias que pretendiam explicar osurgimento das espécies:

    1.1. Criacionismo: O criacionismo era visto por teólogos e filósofos de modos diferentes: osteólogos afirmavam que Deus, o ser supremo e perfeito, tinha criado todos os seres e, umavez que era perfeito, tudo o que criava era perfeito também, pelo que as espécies foramcolocadas no mundo já adaptadas ao ambiente onde foram criadas, e permaneceram

    imutáveis ao longo dos tempos; os filósofos, embora também apoiassem a criação dasespécies por Deus, acrescentavam que, quando se verificava uma imperfeição no mundovivo, esta devia-se ao ambiente, que era corrupto e mutável, portanto imperfeito.Assim, e segundo esta teoria, o aparecimento de novas espécies era impensável, bem como aextinção de outras.

    http://www.curlygirl.no.sapo.pt/eucariotica.htm%23endossimbioticahttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/eucariotica.htm%23endossimbiotica

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    1.2. Geração espontânea: Segundo Aristóteles, autor desta teoria, e influenciado pela teoria platónica da existência de um mundo das imagens, as espécies surgem por geraçãoespontânea, ou seja, existiam diversas fórmulas que dariam origem às diferentes espécies.

    De acordo com esta teoria, existiriam dois princípios: um passivo, que é a matéria, e outro

    activo, que é a forma. Quando as condições fossem favoráveis, conjugar-se-iam, dandoorigem à vida. Assim se explicava como é que trapos sujos geravam ratos ou carne podre,moscas. Esta hipótese, longe de ser ridícula, assentava na observação atenta, com os meios esaberes então disponíveis. Quem a poderia refutar se, ao fazer a experiência de expor carnelimpa ao ar, visse ao fim de certo tempo, saírem da massa muscular, vermes brancos (larvasde mosca)?

    A geração espontânea permaneceu como ideia principal do surgimento das espécies, principalmente, devido à influência que as crenças religiosas incutiam na civilizaçãoocidental. Assim, a geração espontânea tornou-se uma ideia-chave para a teoria que surgiria aseguir.

    Esta hipótese, na sua versão inicial, só foi refutada definitivamente no século XIXgraças aos trabalhos de Louis Pasteur. Este médico francês, debruçando-se sobre umacriação do bicho-da-seda, demonstrou experimentalmente e de forma irrefutável, quegermes microscópicos pululam em toda a parte e que as “gerações espontâneas” demicroorganismos resultavam, na realidade, da contaminação dos meios de cultura porgermes vindos do exterior, isto é, a vida não surge espontaneamente, mas tem origemnoutras formas de vida já existentes. Louis Pasteur preparou um caldo de carne, que éum excelente meio de cultura para micróbios, e submeteu-o a uma cuidadosa técnica deesterilização, com aquecimento e arrefecimento rápido. Hoje essa técnica é conhecidacomo pasteurização.

    Uma vez esterilizado, o caldo de carne era conservado no interior de um balão  pescoço decisne. Devido ao longo gargalo do balão de vidro, o ar penetrava mas as impurezas ficavamretidas na curva do gargalo. Nenhum microorganismo podia chegar ao caldo de carne. Assim,a despeito de estar em contacto com o ar, o caldo se mantinha estéril, provando a inexistênciada geração espontânea. Muitos meses depois, Pasteur exibiu seu material na Academia deCiências de Paris. O caldo estava perfeitamente estéril. Era o ano de 1864 e a geraçãoespontânea estava completamente desacreditada.

    1.3.  Panspermia Cósmica ou hipótese extraterrestre: Refutada a hipótese de geração

    espontânea, recolocava-se de novo a questão fundamental de saber qual a origem da primeiraforma de vida. Demonstrando-se que a vida provém sempre de outras formas de vida, o pensamento lógico levou à formulação de uma nova hipótese, segundo a qual a Terra teriasido inseminada por organismos vindos de fora, de outros planetas, ou mesmo de outrossistemas solares, propagados por esporos e veiculados até à Terra por meteoritos ou por

     poeiras cósmicas. Esta hipótese foi proposta nos finais do século XIX, por Kelvin eretomada, já no sec XX, pelo químico sueco Svante Arrhenius.

    Esta hipótese foi refutada com base na impossibilidade de sobrevivência dosmicroorganismos nas condições de temperatura existentes no espaço cósmico, bemcomo a existência de raios cósmicos e ultravioletas que varrem constantemente o

    espaço. Em relação à questão inicial de saber, concretamente, como se gerou a vida, ahipótese apenas “resolve” deslocar a incógnita para algures no Universo. O problemainicial permanece intacto: como é que a vida apareceu na Terra, ou num qualqueroutro planeta? Como surgiu o primeiro ser vivo?

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     2. Hipótese de Oparin: Em 1936, Aleksandr Ivanovich Oparin propôs uma nova explicação

     para a origem da vida, que culminou no seu livro “A Origem da Vida”.

    Oparin possuía conhecimentos de Astronomia, Geologia, Biologia e Bioquímica e empregou-

    os para a solução deste problema.

    Dos seus estudos de Astronomia, Oparin sabia que na atmosfera do Sol, de Júpiter e deoutros corpos celestes, existem gases como metano, hidrogénio e amónio. Esses gases sãoingredientes que oferecem carbono, hidrogénio e azoto. Para completar, faltava o oxigénio.Então pensou na água.

    Para que Oparin pudesse explicar como poderia existir água no ambiente ardente da Terra primitiva, ele usou os seus conhecimentos de Geologia. Os 30 km de espessura média dacrosta terrestre constituídos por rocha magmática deixam, sem sombra de dúvidas, antever aintensa actividade vulcânica que houve na Terra. Sabe-se que, actualmente, são expelidos

    cerca de 10% de vapor de água juntamente com o magma e, provavelmente, também eraassim antigamente.

    A persistência da actividade vulcânica por “milhões de anos” teria provocado a saturação dehumidade atmosférica. Sendo assim, a água não mais se mantinha como vapor.

    Oparin imaginou que a alta temperatura do planeta, a actuação dos raios ultravioletas e aocorrência de descargas eléctricas na atmosfera (relâmpagos) pudessem ter provocadoreacções químicas entre os elementos anteriormente citados, que dariam origem aaminoácidos.

    Começaram então a cair as primeiras chuvas sobre o solo. Estas chuvas arrastavam asmoléculas de aminoácidos que estavam sobre o solo. Com as altas temperaturas do ambiente,a água evaporava-se e voltava à atmosfera, donde era novamente precipitada e novamenteevaporada e assim sucessivamente, originando o ciclo da água.

    Oparin concluiu que, os aminoácidos que eram depositados pelas chuvas voltavam àatmosfera com o vapor de água e assim permaneciam sobre as rochas quentes. Presumiutambém que as moléculas de aminoácidos, sob a influência do calor, podiam combinar-se.Assim surgiriam moléculas maiores de substâncias albuminóides – seriam as primeiras

     proteínas a existir.

    A insistência das chuvas por milhares ou milhões de anos fez originar os primeiros mares daTerra. Para esses mares foram arrastadas com as chuvas, as proteínas e aminoácidos quesobre as rochas permaneciam. Durante um tempo incalculável, as proteínas acumularam-senos mares de água mornas do planeta. Lentamente, as moléculas se reagiam edecompunham-se e voltavam de novo a reagir numa nova disposição. Deste modo, as

     proteínas multiplicavam-se quantitativa e qualitativamente.

    Dissolvidas na água, as proteínas formaram coleóides. A interpenetração dos coleóides deuorigem aos coacervados.

    Julga-se que nessa época já existiam proteínas complexas com capacidade catalisadora comoenzimas ou fermentos, que facilitavam certas reacções químicas, e isso acelerava muito o processo de síntese de novas substâncias.

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    Quando já havia moléculas de nucleoproteínas, cuja actividade na manifestação de caractereshereditários era bastante conhecida, os coacervados passaram a envolvê-las. Apareceramentão microscópicas gotas de coacervados envolvendo nucleoproteínas. Naquele momentofaltava apenas que as moléculas de proteínas e de lípidos se organizassem na periferia decada gotícula, formando uma membrana lipoprotéica. Estavam então formadas as primeiras

    formas de vida rudimentar.

    A hipótese de Oparin resume-se nos seguintes factos:

    - Na atmosfera primitiva do nosso planeta, existiam metano, amónio, hidrogénio evapor de água.

    - Sob altas temperaturas, em presença de corrente eléctrica e raios ultravioletas, taisgases terão reagido, originando aminoácidos, que ficaram flutuando na atmosfera.

    - Com a saturação de humidade atmosférica, começaram a cair chuvas. Osaminoácidos foram arrastados para o solo.

    - Submetidos a um aquecimento prolongado, os aminoácidos reagiram uns com os

    outros, formando proteínas.- As chuvas lavaram as rochas e conduziram as proteínas para os mares. Surgiu então

    uma “sopa de proteínas” nas águas mornas dos mares primitivos.- As proteínas dissolvidas em água formaram os coleóides. Os coleóides

    interpenetram-se e originaram os coacervados.- Os coacervados englobavam moléculas de nucleoproteínas. Mais tarde,

    organizaram-se em gotículas delimitadas por membrana lipoprotéica. Surgiram então as primeiras células.

    - Essas células pioneiras eram muito simples e ainda não dispunham de umequipamento enzimático capaz de realizar a fotossíntese. Eram, portanto, heterotrofas. Sómais tarde, surgiram as células autotrofas, mais evoluídas. Isto permitiu o aparecimento dosseres de respiração aeróbia.

    Comprovação da hipótese de Oparin

    Oparin não teve condições de provar a sua hipótese. Mas, em 1953, Stanley Miller, naUniversidade de Chicago, realizou em laboratório uma experiência. Colocou num balão devidro: metano, amónio, hidrogénio e vapor de água. Submeteu-os a aquecimento prolongado.Uma descarga eléctrica de alta tensão cortava continuamente o ambiente onde estavamcontidos os gases. Ao fim de certo tempo, Miller comprovou o aparecimento de moléculas de

    aminoácido no interior do balão, que se acumulavam no tubo em U.

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    Pouco tempo depois, em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de aminoácidos secos a

    aquecimento prolongado e demonstrou que eles reagiam entre si, formando cadeias, com oaparecimento de moléculas proteicas pequenas.

    As experiências de Miller e Fox comprovaram a veracidade da hipótese de Oparin.

    Resumo das Experiências que pretendiam negar a geração espontânea

    Experiências de Redi

    Para demonstrar a veracidade da sua teoria, Redi realizou uma experiência que se tornoucélebre pelo facto de ser a primeira registada a utilizar um controlo. Colocou carne em 8frascos. Selou 4 deles e deixou os restantes 4 abertos, em contacto com o ar.

    Em poucos dias verificou que os frascos abertos estavam cheios de moscas e de outrosvermes, enquanto que os frascos selados encontravam-se livres da contaminação.

    Esta experiência parecia negar, inequivocamente a abiogénese de organismos macroscópicos,tendo sido aceite pelos naturalistas da época.

     No entanto, a descoberta do microscópio veio levantar a questão novamente. A teoria daabiogénese foi parcialmente reabilitada pois parecia a única capaz de explicar odesenvolvimento de microrganismos visíveis apenas ao microscópio.

    Experiências de Needham e Spallanzani

     Needham utilizou várias infusões, que colocou em frascos. Esses frascos foram aquecidos edeixados ao ar durante alguns dias. Observou que as infusões rapidamente eram invadidas

     por uma multiplicidade de microrganismos. Interpretou estes resultados pela geraçãoespontânea de microrganismos, por acção do princípio activo de Aristóteles.

    Spallanzani usou nas suas experiências 16 frascos. Ferveu durante uma hora diversasinfusões e colocou-as em frascos. Dos 16 frascos, 4 foram selados, 4 fortemente rolhados, 4

    tapados com algodão e 4 deixados abertos ao ar. Verificou que a proliferação demicrorganismos era proporcional ao contacto com o ar. Interpretou estes resultados com ofacto de o ar conter ovos desses organismos, logo toda a Vida proviria de outra, preexistente.

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     No entanto, Needham não aceitou estes resultados, alegando que a excessiva fervura teriadestruído o principio activo presente nas infusões.

    Experiências de Pasteur

    O francês Louis Pasteur , pôs definitivamente termo à ideia de geração espontânea com umasérie de experiências conservadas para a posteridade pelos museus franceses.

    Pasteur colocou diversas infusões em balões de vidro, em contacto com o ar. Alongou os pescoços dos balões á chama, de modo a que fizessem várias curvas. Ferveu os líquidos atéque o vapor saísse livremente das extremidades estreitas dos balões. Verificou que, após oarrefecimento dos líquidos, estes permaneciam inalterados , tanto em odor como em sabor.

    Para eliminar o argumento de Needham, quebrou alguns pescoços de balões, verificando queimediatamente os líquidos ficavam infestados de organismos. Concluiu, assim, que todos osmicrorganismos se formavam a partir de um qualquer tipo de partícula sólida, transportada

     pelo ar. Nos balões intactos, a entrada lenta do ar pelos pescoços estreitos e encurvados não permitia a deposição dessas partículas, impedindo a contaminação das infusões

    Ficou definitivamente provado que, nas condições actuais, a Vida surge sempre de outraVida, preexistente.

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    Quadro-resumo da evolução das condições da Terra primitiva

    Biliões deanos

    4,5 3,5 2,5 1,5 0,5

    Fontes

    energéticas 

     bombardeamento

     por U.V.elevado, calor daTerra elevado,relâmpagosintensos

     bombardeamento

     por U.V.elevado, calor daTerra menor,relâmpagosmédios

     bombardeamento

     por U.V.elevado, calor daTerra baixo,relâmpagosfracos

     bombardeamento

     por U.V. fraco,calor da Terra baixo,relâmpagosfracos

     bombardeamento

     por U.V. fraco,calor da Terra baixo,relâmpagosfracos

    Gases naatmosfera 

    hidrogénio,metano,amoníaco, água,dióxido decarbono

    hidrogénio,metano,amoníaco, água,dióxido decarbono

    hidrogénio,amoníaco, água

    hidrogénio,amoníaco, água,ozono, oxigénio,dióxido decarbono

    água, oxigénio,ozono, azoto,dióxido decarbono

    Moléculasno oceano 

    moléculasorgânicassimples

    sintetizadasabioticamente,metano ehidrocarbonetos,amónia, ácidos eálcoois

    moléculasorgânicascomplexas

    sintetizadasabioticamente,nucleótidos,aminoácidos,açúcares

    moléculasorgânicascomplexas

    usadas pelos protobiontes,início da síntese

     biótica de proteínas,gorduras eaçúcares emcélulas

    moléculasorgânicascomplexas

    obtidas apenas por síntese biótica

    moléculasorgânicascomplexas

    obtidas apenas por síntese biótica

    Tipo deformas deVida 

    era de evoluçãoquímica,

     protobiontes

     procariontes1  procariontes surgimento doseucariontes2 

    organismosmulticelulares

    Biliões de

    anos4,5 3,5 2,5 1,5 0,5

    1 Procariontes são organismos unicelulares sem a membrana que envolve o núcleo. O seu DNA encontra-sedisperso no citoplasma. Este nome tem origem grega, onde karion significa noz ou amêndoa, combinado com o

     prefixo pro que significa anterior.2 Eucariontes são organismos cujas células possuem núcleo, onde o prefixo eu significa bom, verdadeiro.Compilação de textos elaborada por Isabel Santos 15/164

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     EVOLUÇÃO DOS SERES VIVOS

    O que é a evolução?

    Evolução  é o processo através do qual ocorrem as mudanças ou transformações nos seresvivos ao longo do tempo, dando origem a espécies novas.

    Durante a segunda metade do século XVIII começaram a surgir as primeiras ideiastransformistas, contrariando o dogma criacionista, que dominava firmemente o pensamentoocidental há muitos séculos. O centro da polémica deixou de ser o facto de existir ou nãoevolução, passando a ser o mecanismo dessa evolução.

    Duas novas áreas de conhecimento vieram revolucionar a visão da ciência relativamente aomecanismo de formação das espécies:

    Sistemática  – esta ciência teve um desenvolvimento extraordinário durante o século XVIII,tendo como ponto alto o trabalho de  Lineu, botânico sueco que estabeleceu o sistemahierárquico de classificação dos organismos, ainda hoje utilizado. Os estudos de Lineu, cujoobjectivo era revelar o plano de Deus, permitiram a outros cientistas identificar semelhançase diferenças entre seres vivos e uma possível origem comum a todos eles, originando terrenofértil para as ideias evolucionistas;

    Paleontologia  – no século XVIII, o estudo dos fósseis revelou a presença de espécies,distintas em cada estrato geológico, que não existiam na actualidade, contrariando a

    imutabilidade defendida pelo fixismo. Novamente, numerosos cientistas conceituados propuseram teorias tentando esclarecer estesfenómenos, nomeadamente:

    Erros  – teoria proposta por Pierre  Maupertuis no início do século XVIII, considerava quetodos os organismos derivavam de uma mesma fonte original, apresentando ligeirasalterações em relação aos progenitores ao longo das gerações, devido a acasos e erros nareprodução. Estes erros eram devidos ao facto de o descendente resultar da união de uma“semente” masculina e de uma “semente” feminina, formadas por partes que se organizavamno embrião graças a uma “memória” que podia ser errada. Deste modo, a partir de uma única

    espécie, poderiam obter-se numerosas outras aparentadas entre si, devido a diversos graus de“erro”.

    Variações geográficas – teoria da autoria de Georges Leclerc, Conde de  Buffon, intendentedo Jardim do Rei em Paris em 1739, referia a existência de variações geográficas entreindivíduos da mesma espécie. O povoamento inicial teria sido feito por um certo número deespécies, as quais teriam sofrido uma sucessão de variações geográficas adaptativas, deacordo com as condições geográficas e alimentação do local para onde teriam migrado. Estavariação seria devida a sucessivas degenerações da espécie inicial, indicando já uma visãotransformista do mundo natural. Buffon foi, também, o primeiro a questionar a idade daTerra, tendo proposto que a sua verdadeira idade seria de cerca de 70000 anos.

    Hipótese catastrofista  – teoria da autoria de Cuvier , naturalista muito conceituado na época(1799), que considerava que cataclismos locais (glaciações, dilúvios, terramotos, etc.)sucessivos teriam aniquilado as formas de vida preexistentes nessa zona, sobrevindo a cadaCompilação de textos elaborada por Isabel Santos 16/164

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    um desses cataclismos um novo povoamento com novas espécies, vindas de outros locais.Deste modo explicava a descontinuidade entre estratos geológicos. Seguidores de Cuvierlevaram esta teoria ao extremo de catástrofes globais destruírem a totalidade das espécies daTerra, sendo depois repostas por novos actos de criação divina (teoria das criaçõessucessivas). Esta teoria, portanto, tenta encontrar um meio termo entre o fixismo, que

    considera correcto, e as evidências fósseis encontradas.

    Apenas no século XIX as ciências em geral abandonam a visão estática do mundo, atéentão prevalecente:

    -   Newton apresenta explicações matemáticas para o movimento dos planetas e objectosna Terra;

    -  Descobrimentos revelam grande diversidade de organismos, até então desconhecidos;-   Hutton, geólogo, indica uma idade da Terra muito superior ao até então aceite;-   Lyell, em 1830, apresenta uma explicação para a descontinuidade biológica entre os

    diversos estratos geológicos. Este geólogo considerou a acção erosiva da chuva e dos

    ventos a responsável pela eliminação dos estratos em falta, provocando a ilusão dedescontinuidade entre eles. Esta teoria ficou conhecida como Lei do uniformismo,que inclui o Principio das causas actuais, segundo o qual os fenómenos que

     provocaram determinadas alterações geológicas no passado são iguais aos que provocam os mesmos acontecimentos no presente.

    Um aspecto é de salientar na análise de todas estas teorias, é que nenhuma delas propõe ummecanismo de evolução. 

    Teoria de Lamarck (Lamarkckismo)

    Jean-Baptiste de Monet, cavaleiro de  Lamarck   é considerado o verdadeiro fundador doevolucionismo, elaborando uma teoria que considera a acção evolutiva das circunstânciasambientais a causa da variabilidade existente nos organismos vivos. No entanto, como nãoconseguiu apresentar provas concretas para a sua teoria e como não tinha amigos e relaçõesimportantes no meio científico, as suas ideias não foram levadas a sério, apesar de alguns dosseus discípulos terem continuado a defender as suas ideias, como Saint-Hilaire, que realizouimportantes estudos de anatomia comparada.

    Lamarck é, também, o autor do termo Biologia, em 1802.

    Jean-Baptiste Lamarck  (1744-1829), foi o primeiro cientista a propor uma teoriasistemática da evolução. A sua teoria foi publicada em 1809, num livro denominado Filosofiazoológica. Segundo Lamarck, o principio evolutivo estaria baseado em duas Leisfundamentais:

    Observando os seres vivos à sua volta, Lamarck considerava que, por exemplo, odesenvolvimento da membrana interdigital de alguns vertebrados aquáticos era devida ao“esforço” que estes faziam para se deslocar na água.

    Assim, as alterações dos indivíduos de uma dada espécie eram explicadas por uma acção do

    meio, pois os organismos, passando a viver em condições diferentes iriam sofrer alteraçõesdas suas características.

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    Estas ideias levaram ao enunciado da Lei da transformação das espécies, que considera queo ambiente afecta a forma e a organização dos animais logo quando o ambiente se altera

     produz, no decorrer do tempo, as correspondentes modificações na forma do animal.

    O corolário desta lei é o  princípio do uso e desuso, que refere que o uso de um dado órgão

    leva ao seu desenvolvimento e o desuso de outro conduz à sua atrofia e, eventual,desaparecimento.

    Todas estas modificações seriam depois transmitidas às gerações seguintes –  Lei datransmissão dos caracteres adquiridos.

    O mecanismo evolutivo proposto por Lamarck pode ser assim resumido:

    •  variações do meio ambiente levam o indivíduo a sentirnecessidade de se lhe adaptar (busca da perfeição);•  o uso de um órgão desenvolve-o e o seu desuso atrofia-o (lei do

    uso e desuso);•  modificações adquiridas pelo uso e desuso são transmitidas aosdescendentes (lei da transmissão dos caracteres adquiridos).

    Deste modo, a evolução, segundo Lamarck, ocorre por acção do ambiente sobre as espécies,que sofrem alterações na direcção desejada num espaço de tempo relativamente curto.

    Lamarck utilizou vários exemplos para explicar a sua teoria. Segundo ele, as aves aquáticastornaram-se pernaltas devido ao esforço que faziam no sentido de esticar as pernas paraevitarem molhar as penas durante a locomoção na água. A cada geração, esse esforço

     produzia aves com pernas mais altas, que transmitiam essa característica à geração seguinte.Após várias gerações, teriam sido originadas as atuais aves pernaltas.

    Alguns aspectos desta teoria são válidos e comprováveis, como ocaso do uso e desuso deestruturas. É sabido que a actividade física desenvolve os músculos e que um organismosujeito a infecções desenvolve imunidade. Do mesmo modo, uma pessoa que fique

     paralisada, sofre atrofia dos membros que não utiliza.

    A teoria de Lamarck não é aceite actualmente, pois as suas ideias apresentam um erro básico:as características adquiridas não são hereditárias.

    Verificou-se que as alterações nas células somáticas dos indivíduos não alteram asinformações genéticas contida nas células germinativas, não sendo, dessa forma, hereditárias.

    Teoria de Darwin (Darwinismo)

     Darwin era um médico “falhado”, filho de uma família abastada e com enorme interesse nanatureza, tendo por esse motivo feito uma viagem de 5 anos no navio cartográfico  Beagle,aos 22 anos. No início da sua longa viagem, Darwin acreditava que todas as plantas e animaistinham sido criadas por Deus tal como se encontravam, mas os dados que recolheu

     permitiram-lhe questionar as suas crenças até á altura.

    Darwin sofreu várias influências, as quais permitiram a criação da sua teoria sobre a evoluçãodos organismos:

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    •  Charles Lyell, devido à sua lei do uniformismo e à idade daTerra, terá mostrado a Darwin que o mundo vivo poderia ter tidotempo para sofrer alterações muito graduais. Igualmente, devido a essa

    mesma lei, a falta de fósseis não mais poderia ser argumento contra aevolução;

    •   Diversidade  dos organismos de zona para zona e dentro damesma espécie, embora pudessem ser notadas semelhanças, talvezdevido a uma origem comum. Esta diversidade parecia relacionadacom variações ambientais. Tal facto tornou-se aparente na sua viagemás Galápagos;

    •  Selecção artificial, um aspecto do qual Darwin tinhaexperiência pessoal, devido a ser um criador de pombos conceituado.

    A escolha de certos cruzamentos leva a que características dosdescendentes sejam muito diferentes das dos seus ancestrais, o queconsiderou poder ser uma pista para o modo como a natureza actuava(selecção natural, por oposição á selecção artificial ,devida aoHomem);

    •  Thomas Malthus, no seu trabalho Essai sur la population,considerou que a população humana cresce muito mais rapidamenteque os meios de subsistência pois a população cresce geometricamente(2n) e os alimentos crescem aritmeticamente (2n). Deste modo, a Terraestaria rapidamente superpovoada pois a sua população duplicaria acada 25 anos e os homens sofreriam a acção da selecção natural (fome,doenças, miséria, desemprego, etc.), que eliminaria as famílias pobrese de poucos recursos, os indivíduos de classe baixa, de modo geral.Darwin, abstraindo-se dos conceitos racistas e de classes implícitos nateoria de Malthus, transpô-la para as populações naturais, ondeexistiria uma “luta pela vida”: um ambiente finito, com recursosfinitos, não pode sustentar um número infinito de indivíduos.

    Com base nos dados que foi recolhendo, Darwin formou a sua teoria sobre o mecanismo da

    evolução mas decidiu não a publicar, instruindo a sua mulher para o fazer após a sua morte. No entanto, por insistência de alguns amigos começou a preparar a sua publicação, em 4volumes, em 1856.

    Em 1858, recebeu uma inesperada carta de um naturalista,  Alfred   Wallace, que descreviaresumidamente as mesmas ideias sobre a evolução. Mesmo assim, publicou a sua  A origemdas espécies em 1859, onde descrevia a teoria da selecção natural, a qual pode ser resumidada seguinte forma:

    •  existe variação entre os indivíduos de uma dada população;•  cada população tem tendência para crescer exponencialmente,

    se o meio o permitir, levando à superprodução de descendentes;•  o meio não suporta tantos descendentes logo, desencadeia-seuma luta pela sobrevivência entre os membros da população;

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    •  indivíduos com caracteres que lhes confiram uma vantagemcompetitiva num dado meio e tempo são mantidos por selecção e

     produzem mais descendentes - reprodução diferencial -, enquanto osrestantes são eliminados, não se reproduzindo – sobrevivência do maisapto;•   por reprodução diferencial, as características da população vãomudando num espaço de tempo mais ou menos alargado.

    A teoria de Darwin considera que o ambiente faz uma escolha dos indivíduos, tal como oHomem faz na domesticação.

    Segundo Darwin, os organismos melhor adaptados ao meio têm maiores chances desobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes. Osorganismos melhor adaptados são, portanto, seleccionados para aquele ambiente.

    Os princípios básicos das ideias de Darwin podem ser resumidos no seguinte modo:

    1.  Os indivíduos de uma mesma espécie apresentam variações em todos os caracteres,não sendo, portanto, idênticos entre si.

    2.  Todo organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo muitosdescendentes. Entretanto, apenas alguns dos descendentes chegam à idade adulta.

    3.  O número de indivíduos de uma espécie é mantido mais ou menos constante ao longodas gerações.

    4.  Assim, há grande "luta" pela vida entre os descendentes, pois apesar de nasceremmuitos indivíduos poucos atingem a maturidade, o que mantém constante o númerode indivíduos na espécie.

    5.   Na "luta" pela vida, organismos com variações favoráveis às condições do ambienteonde vivem têm maiores chances de sobreviver, quando comparados aos organismoscom variações menos favoráveis.

    6.  Os organismos com essas variações vantajosas têm maiores chances de deixardescendentes. Como há transmissão de caracteres de pais para filhos, estes

    apresentam essas variações vantajosas.Assim , ao longo das gerações, a actuação da selecção natural sobre os indivíduos mantém oumelhora o grau de adaptação destes ao meio.

    O vigor, a força, a duração da vida de um dado indivíduo apenas são significativos em termosda população na medida em que podem afectar o número de descendentes que lhesobrevivem.

    Existem dois tipos principais de selecção: a selecção artificial e a selecção natural.

    A selecção artificial, como o nome indica, é devida á intervenção humana nos ecossistemas ena reprodução dos organismos, sejam eles animais ou vegetais. O papel do Homemcorresponde ao da competição e da luta pela sobrevivência na natureza, “escolhendo” osindivíduos que sobrevivem e os que são eliminados. Deste modo, controlando os indivíduos

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    que se reproduzem, condiciona-se o património genético das gerações futuras, bem como asua evolução.

    A selecção natural  é definida como um conjunto de forças ambientais que actuam nas populações, tanto no sentido positivo (sobrevivência diferencial e capacidade reprodutora

    diferencial), como no sentido negativo (mortalidade diferencial).

    A selecção natural  age quer favorecendo os possuidores de uma dada característica que proporcione uma melhor adaptação ao meio, quer eliminando os indivíduos cujascaracterísticas os coloquem em desvantagem nesse meio, como no conhecido caso das

     borboletas Biston betularia em Inglaterra, durante a revolução industrial.

    Argumentos a favor do evolucionismo (Evidências da evolução)

    Existem vários tipos de argumentos a favor das teorias evolucionistas, baseados em dados

    recolhidos por numerosos ramos da ciência. Estes factos, no entanto, não devem serconsiderados isoladamente, pois todos estes aspectos são complementares e devem serusados no maior número possível para se obter uma relação evolutiva entre as diferentesespécies.

     Argumentos paleontológicos (estudo dos fósseis) - a descoberta de formas fósseis,actualmente extintas, contraria a ideia da imutabilidade das espécies; é considerado fóssilqualquer indício da presença de organismos que viveram em tempos remotos da Terra.Também são consideradas fósseis as impressões deixadas por organismos que viveram emeras passadas , como , por exemplo, pegadas de animais extintos e impressões de folhas, de

     penas de aves extintas e da superfície da pele dos dinossauros.

    -  fósseis de síntese  ou intermédios, com características de dois grupos actuais. Sãodisso exemplo os fósseis do  Archeopterix  (considerada a primeira ave,  aindaapresenta escamas na cabeça, dentes, garras e cauda com ossos, apesar de jáapresentar asas e penas). Outro exemplo comum são as Pteridospérmicas, ou os“fetos com sementes”, plantas que parecem ter sido uma primeira experiência nosurgimento de sementes;

    -  fósseis de transição - esta situação é ilustrada pelo fóssil Ichthyostega (considerado o primeiro anfíbio, ainda apresenta escamas e barbatana caudal mas já tem uma caixatorácica bem desenvolvida e membros pares), que representa a passagem entre dois 

    grupos actuais (peixes e anfíbios). O  Basilosaurus  é outro fóssil de transição nosmamíferos aquáticos, um ascendente da baleias actuais mas que ainda apresentavaquatro membros desenvolvidos. 

    -  séries filogenéticas ou ortogenéticas, conjuntos de fósseis de organismos pertencentes a uma mesma linha evolutiva (geralmente géneros ou espécies),revelando uma “tendência evolutiva” constante numa dada direcção, ao longo de um

     prolongado período de tempo, como no caso do cavalo ou do elefante. Estas sériesapenas são aparentes á posteriori, evidentemente;

    A importância do estudo dos fósseis para a evolução está na possibilidade de conhecermosorganismos que viveram na Terra em tempos remotos, sob condições ambientais distintas das

    encontradas actualmente, e que podem fornecer indícios de parentesco com as espéciesactuais. Por isso, os fósseis são considerados importantes testemunhos da evolução.

    Compilação de textos elaborada por Isabel Santos 21/164

    http://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/felicineas.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/anfibios.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/pisces.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/anfibios.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/mamiferos.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/mamiferos.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/anfibios.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/pisces.htmhttp://www.geocities.com/sandra_rocha_pt/anfibios.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/felicineas.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htm

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     Argumentos de anatomia comparada (homologia, analogia e órgãos vestigiais) - sistemasinternos de animais muito diferentes externamente são anatómica e fisiologicamentesemelhantes;

    -  órgãos homólogos, têm aspecto e função diferentes mas possuem a mesma origemembrionária; isto pode ser explicado por fenómenos de divergência, que diferenciamestruturas originalmente semelhantes para funções muito diferentes.

    O braço do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e a barbatana da baleia sãoestruturas homólogas entre si, pois todas têm a mesma origem embriológica. Nessescasos, não há similaridade funcional.

    A homologia entre estruturas de 2 organismos diferentes sugere que eles seoriginaram de um grupo ancestral comum. Embora não indique um grau de

     proximidade comum, existem várias linhas evolutivas que originaram várias espécies

    diferentes. fala-se aqui de irradiação adaptativa ou, como foi dito anteriormente,evolução divergente.

    Homologia:  mesma origem embriológica de estruturas de diferentes organismos,sendo que essas estruturas podem ter ou não a mesma função. As estruturashomólogas sugerem ancestralidade comum.

    -  órgãos análogos, que desempenham função similar mas têm origem embrionária eestrutura anatómica diferente, pode ser explicada por um processo de adaptação erevelam um fenómeno de convergência, sem ancestral comum (as asas de insectos eaves são disso exemplo, tal como o corpo fusiforme de  peixes e mamíferos

    marinhos). Este fenómeno documenta o efeito adaptativo da selecção natural.

    Ao contrário da irradiação adaptativa  ( caracterizada pela diferenciação deorganismos a partir de um ancestral comum. dando origem a vários grupos diferentesadaptados a explorar ambientes diferentes.) a evolução convergente  ouconvergência evolutiva é caracterizada pela adaptação de diferentes organismos auma condição ecológica igual. Assim, as formas do corpo do golfinho, dos peixes,especialmente tubarões, e de um réptil fóssil chamado ictiossauro são bastantesemelhantes, adaptadas à natação. Neste caso, a semelhança não é sinal de parentesco,mas resultado da adaptação desses organismos ao ambiente aquático.

    estruturas vestigiais, não sendo mais que estruturas homólogas de outras plenamentedesenvolvidas, podem revelar relações de parentesco entre os seres que as possuem

     pois deduz-se a presença de um ancestral comum. A presença destas estruturasvestigiais revela a acção de uma evolução no sentido regressivo, privilegiandoindivíduos com estruturas cada vez menores, como os dentes em algumas espécies de

     baleias, dedos laterais nos cavalos, apêndice humano, ossos das patas em cobras, etc.

    Órgãos vestigiais  são aqueles que, em alguns organismos, encontram-se comtamanho reduzido (vestígios) e geralmente sem função, mas em outros organismossão maiores e exercem função definitiva. A importância evolutiva desses órgãosvestigiais é a indicação de uma ancestralidade comum.

     Argumentos embriológicos (embriologia comparada) - o desenvolvimento embrionário nasdiferentes classes de vertebrados apresenta semelhanças espantosas, nomeadamente:

    Compilação de textos elaborada por Isabel Santos 22/164

    http://www.curlygirl.no.sapo.pt/insectos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl3.no.sapo.pt/vertebrata.htmhttp://curlygirl3.no.sapo.pt/vertebrata.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/insectos.htm

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    -  fossas branquiais  – existem na região do pescoço, são aberturas que conduzem a bolsas branquiais, dando origem, nos peixes,  a fendas branquiais e às guelras. Nosvertebrados superiores desaparecem ou dão origem a estruturas internas, como aTrompa de Eustáquio que liga a faringe ao ouvido, canal auditivo, etc.;

    -  coração –inicialmente surge um tubo com duas cavidades nos peixes, depois passa a

    apresentar três cavidades com mistura de sangues (anfíbios)  e, por último, passa aquatro cavidades (aves e mamíferos);

    Outras evidências da evolução

     Argumentos citológicos - teoria celular, considerada o segundo grande princípio da Biologiado século XIX, foi enunciada por Schleiden e Schwann (1839), os quais propuseram quetodos os animais e plantas são formados por pequenas unidades fundamentais designadascélulas. Estas formam-se sempre a partir de outra preexistente, por divisão celular. Estateoria apoia a selecção pois não é lógico considerar que espécies com origem diferente, porcoincidência, apresentassem a mesma estrutura básica, bem como os mesmos fenómenos

    (mitose e meiose);

     Argumentos parasitológicos - parasitas são altamente específicos em relação ao hospedeiro.Considera-se que derivam de ancestrais de vida livre que em dada altura estabeleceram umarelação com outra espécie. Esta especificidade impede-os de procurar outra espéciehospedeira. Deste modo, o facto de o mesmo parasita usar como hospedeiro duas espéciesdiferentes pode servir como prova da relação entre elas. O piolho do género Pediculus, porexemplo, apenas parasita o Homem e o chimpanzé, sendo diferente dos piolhos dos outros

     primatas. Deste modo, considera-se que existe uma maior afinidade entre o Homem e ochimpanzé, do que entre o Homem e os outros primatas;

     Argumentos da domesticação e selecção artificial - domesticação de plantas e animais, a partir de espécies selvagens, com a fixação de determinados caracteres que mais interessamaos agricultores e criadores é, como Lamarck e Darwin afirmaram, uma prova datransformação das espécies. A partir destes dados ajudaram a desenvolver um processo de

     produção, a partir de certas espécies, novas variedades, que manifestem as característicasdesejadas. 

     Argumentos da biogeográficos - áreas de distribuição das diferentes espécies fazem salientardois aspectos: semelhanças nítidas entre organismos de regiões distantes (semelhança entreseres de ilhas e do continente mais próximo, sugerindo que essas massas de terra teriam

    estado ligadas no passado, no tempo em que aí teria vivido um ancestral comum, porexemplo) e grande diversidade específica em indivíduos distribuídos em  zonas geográficasmuito próximas (espécies derivadas de um ancestral comum mas sujeitas a condiçõesdiferentes, vão constituir populações que, com o tempo, dão origem a novas espécies). Todosestes fenómenos só podem ser entendidos como casos de evolução convergente oudivergente;

     Argumentos da classificação taxinómica - estudos taxinómicos anteriores a meados do séculoXIX levantaram problemas de classificação, que apenas a hipótese do evolucionismo poderesolver. São indivíduos com características atípicas, até aí considerados aberrações, queajudam a apoiar a teoria evolucionista. O ornitorrinco é um desses casos, um animal com

     pêlo e glândulas mamárias (mamífero), com cloaca, ovíparo, de temperatura corporal baixa(réptil) e com boca em forma de bico (ave). Este organismo parece ser um representante dalinha evolutiva primitiva dos mamíferos.  Note-se, no entanto, que este facto não écompletamente verdadeiro pois o ornitorrinco é uma linha evolutiva actual, com sucesso, não

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    http://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://curlygirl3.no.sapo.pt/vertebrata.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/circulacao.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/anfibios.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl3.no.sapo.pt/celula.htm%23mitosehttp://curlygirl3.no.sapo.pt/celula.htm%23meiosehttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl3.no.sapo.pt/celula.htm%23meiosehttp://curlygirl3.no.sapo.pt/celula.htm%23mitosehttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/aves.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/anfibios.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/circulacao.htmhttp://curlygirl3.no.sapo.pt/vertebrata.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htm

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    é uma espécie de “beco sem saída” da evolução, tem tantos anos de evolução como os sereshumanos. Outros dois casos típicos da dificuldade em classificar foram duas espécies de

     peixes, o perioftalmo e o dipnóico. O primeiro vive nos mangais de África, onde, devido aosseus olhos e sistema respiratório adaptados ao ar, durante a maré baixa “corre” velozmenteapoiado sobre barbatanas transformadas em “muletas”. O segundo, vive nas águas doces de

    África, Austrália e América do Sul, onde tanto pode respirar pelas guelras (como um  peixe),como pela bexiga natatória, que funciona como um pulmão (como um anfíbio).

    Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo

    O desenvolvimento dos conhecimentos de genética, particularmente as novas descobertassobre hereditariedade, permitiu reinterpretar a teoria da evolução de Darwin, sintetizando ecorrelacionando os diversos conhecimentos das áreas da genética, citologia e bioquímica.

    O Neodarwinismo difere das ideias propostas por Darwin porque:

    explica as causas das variações-  a variabilidade surge nas frequências genéticas, isto é, no fundo genético das

     populações

    O Neodarwinismo baseia-se nos trabalhos de:-  Darwin e Wallace – importância do meio e da selecção natural-  Mendel – lei da segregação independente dos caracteres-  Walter e Sutton – localização e suporte dos genes nos cromossomas (teoria

    cromossómica da hereditariedade)-  Morgan – relação entre a variabilidade fenotípica e alteração nos genes ou na

    consequência de genes nos cromossomas (explicação genética das mutações).- 

    Anatomia comparada e paleontologia

    Segundo o Neodarwinismo, a variabilidade, matéria-prima do processo evolutivo, é causadofundamentalmente pela recombinação génica e pelas mutações.

    Recombinação génica  – ocorre através da reprodução sexuada em dois fenómenoscomplementares: a meiose e a fecundação.

    As mutações  são causas de variabilidade porque podem introduzir novos genes nas populações, que, se forem vantajosos, poderão contribuir para aumentar a capacidade de

    sobrevivência.

    Assim, mutações e recombinação génica:-  criam variabilidade no fundo genético de uma população-  aumentam a possibilidade da adaptação, perante as variações do ambiente (maior

    aptidão evolutiva)-  aumentam a possibilidade de aparecimento de variações favoráveis-  conferem mais hipóteses de sobrevivência, originando um maior número de

    descendentes

    Selecção natural e evolução, de acordo com o Neodarwinismo

    Tratando-se de um fenómeno de evolução divergente, o processo de evolução é oseguinte:

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    -   Numa população há variações do fundo genético, devido a recombinações genéticas emutações. Quando há uma alteração do ambiente, surgindo pois novos nichosecológicos, as populações portadoras de variações favoráveis são naturalmenteseleccionadas (selecção natural), por estarem melhor adaptadas e preservadas. As

     portadoras de variações desfavoráveis são também seleccionadas, mas negativamente,

    sendo eliminadas por estarem em desvantagem competitiva.-  Pela reprodução, estas variações favoráveis são transmitidas à descendência ao longodas gerações.

    -  O fundo genético da população original é alterado, modificando-se o ponto de ajuste.

    Tratando-se de um fenómeno de evolução convergente, o processo de evolução é este:

    -  Em populações de diferentes espécies há variações do seu fundo genético do mesmotipo, devido a recombinações genéticas e mutações. Estas populações ocupam omesmo ambiente e, dispondo de nichos ecológicos semelhantes, as populações

     portadoras de variações favoráveis são naturalmente seleccionadas (selecção natural),

     por estarem melhores adaptadas e preservadas. As portadoras de variaçõesdesfavoráveis são também seleccionadas, mas negativamente, sendo eliminadas porestarem em desvantagem competitiva.

    -  Pela reprodução, estas variações favoráveis são transmitidas à descendência ao longodas gerações.

    -  O fundo genético da população original é alterado, modificando-se o ponto de ajuste.

    A selecção natural é o conjunto de forças ambientais que pode agir em qualquer momento dociclo de vida de um ser vivo, quer no sentido positivo, proporcionando-lhe umasobrevivência diferencial, quer no sentido negativo, provocando-lhe uma mortalidadediferencial.

    A selecção natural pode:-  levar à produção de um diferente número de descendentes viáveis (fertilidade

    diferencial)-  manter um conjunto de características de uma população ao longo do tempo-  mudar um conjunto de características numa dada direcção-  fragmentar uma população em dois ou mais grupos-  contribuir para manter numa população um gene nocivo: a acção da selecção natural

    sobre genes prejudiciais é maior sobre genes dominantes do que sobre genesrecessivos. A frequência do gene recessivo prejudicial aumenta devido à

    superioridade dos heterozigóticosEntre os principais exemplos de selecção natural, citaremos: melanismo industrial, moscase DDT, bactérias e antibióticos.

    1. O Melanismo Industrial

    Antes da industrialização da Inglaterra, predominavam as mariposas claras; as vezesapareciam mutantes escuros, dominantes, que, apesar de serem mais robustos, erameliminados pelos predadores por serem visíveis. Depois da industrialização no século

     passado, os mutantes escuros passaram a ser mimetizados pela fuligem e, como eram maisvigorosos, forem aumentando em frequência e substituindo as mariposas que agora pesarama ser eliminadas pelos predadores por ficarem mais invisíveis. Tais predadores da mariposasactuando como agentes selectivos são pássaros.

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     2. Resistência de Mosca ao DDT

    Durante o primeiro ano em que o DDT foi usado numa determinada localidade, quase todasas moscas foram mortas; algumas, porém, por causa da variação herdada, não foram

    afectadas. Puderam sobreviver e só reproduzir e, assim, logo ultrapassaram em número ostipos de moscas menos resistentes naquela área. O insecticida foi só tornando menos activo.O DDT causou uma mudança no ambiente e só as moscas que eram resistentes puderamsobreviver e foram sendo seleccionadas; não foi; portanto, o insecticida que conferiuresistência as moscas.

    3. Resistência de Bactérias aos Antibióticos

    Tem sido publicados muitos trabalhos sobro o fato de algumas bactérias patogénicas teremadquirido resistência a um determinado antibiótico. Assim, o tratamento prolongado de umainfecção, com um antibiótico acaba perdendo toda a eficácia., havendo a necessidade da troca

    do medicamento. Se uma colónia de bactérias recebe uma pequena dose de um determinadoantibiótico, ocorre a morte da maioria delas, sobrevivendo aquelas portadoras do variaçõesque conferem resistência ao medicamento.

    Os descendentes das bactérias sobreviventes não morrem com a mesma dose do antibiótico,evidenciando que as variações são hereditárias. Se a dose do antibiótico for aumentada,novamente algumas, as resistentes a nova dose sobreviverão. Enfim, prosseguindo com oaumento progressivo das doses dos antibióticos obtém-se, no final, bactérias resistentes aaltas dosagens do antibiótico. Saliente-se que as variedades são provocadas por mutaçõesespontâneas. É de vital importância considerar que não é a presença do antibiótico que

     provoca o aparecimento das mutações; na realidade elas surgem espontaneamente a, quandoconferem resistência ao antibiótico, são úteis à bactéria na presença do mesmo.

    Processo de especiação

    Especiação - Especiação é um processo de formação de novas espécies a partir de uma população ou populações ancestrais. Em qualquer dos mecanismos de especiação que adiantese considerarão, o isolamento reprodutor entre as espécies formadas e outras já existentes éum acontecimento de importância fundamental, sendo considerado critério de aferição de

     processos. Efectivamente, podemos afirmar que a especiação só está consumada quando essacondição é atingida.

    Significado do isolamento na especiação

    Uma espécie pode ser caracterizada pelo seu fundo genético, e este pela frequência dosalelos (genes que ocupam o mesmo local num cromossoma) que o compõe. Quando há trocade genes sem restrições no seio de uma população de determinada espécie (panmixia) o seufundo genético tende a manter-se.

    Determinadas barreiras extrínsecas às populações podem limitar ou impedir a troca de genesentre dois ou mais grupos da população inicial. Constitui-se assim uma situação deisolamento geográfico que resultará numa acumulação progressiva de diferenças genéticas. A

    eliminação ou o aparecimento de novos alelos, bem como a variação significativa da suafrequência, resultantes de mutações, fenómenos de recombinação genética e selecção natural, podem originar fundos genéticos diferentes do inicial.

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    A fixação de novos fundos genéticos em diferentes populações acabará por impedir ocruzamento entre elas ou inviabilizar a fertilidade dos híbridos em gerações futuras. Esteisolamento reprodutor, também designado isolamento biológico ou intrínseco, é portantocondição necessária para o desenrolar do processo de especiação, garantindo a integridadegenética das espécies formadas e a manutenção dos seus caracteres particulares.

    É importante referir que o isolamento biológico nem sempre decorre de uma situação deisolamento geográfico, podendo verificar-se no seio de uma população.

    Tipos de especiação

    A especiação é um processo de formação de novas espécies, quer haja ou não isolamentogeográfico (barreira geográfica: vale, rio, montanha). Uma das condições indispensáveis paraa formação de uma nova espécie é o isolamento biológico ou reprodutor.

    Consideram-se dois tipos de especiação:-  geográfica ou alopátrica: quando há isolamento reprodutor precedido de isolamento

    geográfico.-  simpátrica: quando há isolamento reprodutor, sem isolamento geográfico.

     No processo alopátrico, devido à existência de barreiras extrínsecas entre as populações,que impedem o cruzamento e o fluxo de genes, vai ocorrendo divergência entre osrespectivos fundos genéticos, acabando por surgir isolamento reprodutor. O contacto

     posterior entre indivíduos dos dois grupos resultará numa descendência estéril ou mesmonuma incapacidade de cruzamento.

    Em algumas situações pode verificar-se a troca limitada de genes entre os gruposconsiderados. Estas trocas, confinadas na maior parte das vezes, à zona de fronteira entre asáreas ocupadas, ocorrem numa fase intermédia do processo de especiação, podendoconsiderar-se nessa altura a existência de subespécies.

    Um dos processos mais estudado de especiação alopátrica é a irradiação adaptativa. Neste processo de especiação, os diferentes grupos provenientes de um tronco comum sofrem umasimultânea por diferentes áreas geográficas, ocupando nichos ecológicos específicos.

     No processo de especiação simpátrica, o isolamento geográfico não é um factor relevante,

    ocorrendo o isolamento reprodutor entre indivíduos que ocupam determinadas áreas. Nestecaso, são mecanismos de natureza estritamente biológica, intrínseca aos elementos da população, que conduzem ao isolamento e ao aparecimento de novas espécies. Este processoé muitas vezes designado especiação por poliploidia.

     Na especiação por poliploidia à formação de duas novas espécies por um processo quaseinstantâneo, numa só geração, a partir de uma só espécie que habita a mesma área. As novasespécies acumulam várias guarnições cromossómicas da espécie progenitora, podendo termaior capacidade de colonizar novas áreas.

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    Conceito de Espécie

    ConceitoLocalização no

    tempoCritérios Críticas

    FecundidadeSéc. XVII – JonhRay

    Espécie  – conjuntode indivíduosidênticos entre si, quedão origem, atravésda reprodução, anovos indivíduossemelhantes a eles

     próprios.

    Morfológico Séc. XVII - Lineu

    Espécie  – grupo deseres vivosmorfologicamente

    semelhantes entre si ea um determinadotipo ideal.

    Dentro da mesmaespécie existem serescom grandes

    diferenças.Em espéciesdiferentes existemgrandes semelhanças.

    BiológicoSéc XIX – ErnstMayr

    Espécie  – populaçãoou conjunto deindivíduos que, emcondições naturais, secruzam entre si,originandoindivíduos férteis e

    estão isolados deoutros grupossemelhantes(isolamento sexual)

    Há seres que só sereproduzemassexuadamente.

     Não pode aplicar-se a populações queestejam isoladas. Háespécies que, por

    estarem separadasgeograficamente, nãose cruzam emcondições naturais,só em cativeiro.

    Multidimensional Séc. XX – Grassé

    Espécie  – populaçãoactiva (em constanteevolução) deorganismos que

     partilham o mesmofundo genético, comcaracterísticasanatómicas,fisiológicas e decomportamentocomuns, podendo, emcondições naturais,cruzar-se e originardescendentes férteis.

    Conceito mais aceiteapesar das grandes

    dificuldades emconciliar critérios.

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     A EVOLUÇÃO HUMANA

    Os seres humanos podem ser considerados um enorme sucesso ecológico, devendo ser oanimal de grandes dimensões mais abundante na Terra. Os únicos que se podem aproximar

    de nós são os que domesticamos (vacas, galinhas, porcos e ovelhas) ou os que dependem doshabitates por nós criados (pardais e ratos, por exemplo).

    Será por isso surpreendente notar que o nosso sucesso se deve a uma série de quase falhançosdignos de filme de suspense: somos grandes primatas, um grupo que quase se extinguiu há 15M.a. em competição com os macacos, mais eficientes. Somos primatas, um grupo demamíferos que quase se extinguiu há 45 M.a. em competição com os roedores, maiseficientes. Somos tetrápodes sinapsídeos, um grupo de répteis que quase se extinguiu há 200M.a. em competição com os dinossáurios, mais eficientes. Somos descendentes de  peixescom patas, que quase se extinguiram há 360 M.a., em competição com peixes de barbatanas,mais eficientes. E, por último, mas não menos espantoso, somos cordados,  um grupo quesobreviveu mesmo à justa no Câmbrico, em competição com os artrópodes, brilhantemente

     bem sucedidos como se sabe ....

    Os primeiros mamíferos

    Há cerca de 200 M.A., no início da era Mesozóica – a era dos répteis -, quando surgiram os primeiros dinossáurios, aparece pela primeira vez indicação da presença dos mamíferos.

    Estes primeiros  mamíferos,  actualmente considerados descendentes de  répteis terapsídeos,apenas deixaram para a posteridade pedaços de crânios, dentes e mandíbulas mas tal foi o

    suficiente para obter muitas informações sobre esses animais:- 

    eram animais pequenos, do tamanho de ratos actuais;-  apresentavam dentes afiados, logo deveriam ser carnívoros. No entanto, devido ao seu

    tamanho, pensa-se que se alimentariam principalmente de insectos e vermes, ovos derépteis, etc.;

    -  eram homeotérmicos, facto que pode ser deduzido da presença de palato (céu da boca) ósseo a separar a boca do nariz nos crânios. Esta característica existe nosorganismos que respiram continuamente, mesmo quando se alimentam, o que é típicode organismos com elevados gastos energéticos, como os homeotérmicos. Este facto

     permitia-lhes manterem-se activos de noite e ao entardecer;-  eram animais nocturnos, dado o elevado tamanho das órbitas;

    teriam uma audição apurada pois o ouvido apresentava três ossos, enquanto os répteisapenas têm dois.

    Até há cerca de 65 M.A. os mamíferos continuaram a sua existência nocturna discreta, atéque os dinossauros se extinguiram. A libertação de tão grande número de nichos ecológicos

     provocou uma explosiva radiação adaptativa, surgindo em muito pouco tempo, do ponto devista geológico, todas as principais ordens de mamíferos actuais: monotrématos, marsupiais e

     placentários. Por este motivo, a era Cenozóica é designada a era dos mamíferos. 

    Os Primatas

    Os primatas constituem um grupo diversificado, que forma estruturas sociais complexas. Aseparação dos continentes, principalmente da Eurásia e da América, levou a duas grandeslinhas evolutivas de primatas: símios do novo mundo (platirrineos) e símios do velho mundo(catarrineos). Deste último grupo, com evolução em África, surgiu o ramo antropomórfico.Compilação de textos elaborada por Isabel Santos 29/164

    http://www.curlygirl.no.sapo.pt/homem.htm%23ordemprimatahttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tetrapoda.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/cordados.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tempogeologico.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/artropodes.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tempogeologico.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tempogeologico.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tempogeologico.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tempogeologico.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/artropodes.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tempogeologico.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/cordados.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/pisces.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/repteis.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/tetrapoda.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/mamiferos.htmhttp://www.curlygirl.no.sapo.pt/homem.htm%23ordemprimata

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     Estes animais vivem geralmente em florestas tropicais, onde os seus membros hábeis e

     preênseis são uma boa adaptação à vida nas árvores. Em algumas espécies a cauda também é preênsil.

    Os cientistas consideram a existência de cerca de 200 espécies de primatas, mas, com odesenvolvimento dos estudos conservacionistas, muitas outras têm vindo a ser descritasdesde 1990.

    A variedade de primatas é facilmente reconhecida quando se observa um lémur-rato com 35g e um gorila com mais de 200 Kg. No entanto, existem características mais ou menoscomuns, como a presença de unhas e cauda (excepto nos antropomorfos).

    Com excepção de algumas espécies de cetáceos, é nos primatas superiores que o cérebro émaior relativamente ao corpo, facto considerado um sinal de inteligência. Os hemisférioscerebrais, que tratam a informação sensorial e coordenam as respostas motoras, são muito

    desenvolvidos, permitindo uma visão apurada (fundamental para saltos precisos entre ramos).

    Os primatas estão em sério risco pois as suas populações estão em rápido declínio devido àdestruição de habitat e à caça ilegal de espécies protegidas (gorilas e orangotangos, porexemplo). Os primatas são também muito utilizados em  pesquisas médicas e espaciais,devido à sua proximidade genética com o Homem.

    Primeiras Etapas do Desenvolvimento dos Hominóides

    Já Lineu, em 1758, tinha considerado todos os Homens como pertencentes à mesma espécie, Homo sapiens.

    Com o desenvolver das ideias evolucionistas, questionou-se pela primeira vez a origem doHomem. Darwin considerou a espécie humana como o resultado de uma longa evolução, a

     partir de espécies ancestrais, por acção da selecção. Também considerou, pela primeira vez,que o Homem e os grandes símios actuais derivavam de um mesmo ancestral comum.

     No entanto, os restos fragmentados que eram conhecidos não permitiam o esclarecimentodevido da questão. O desejo de encontrar o “elo perdido” era tal que surgiram inúmerasfraudes, como o Homem de Piltdown.

    Que dados fornecia a paleontologia, que permitisse concluir quando ocorreu aseparação entre os géneros Pongo (orangotango), Gorilla e Pan (chimpanzé)?

    Pensava-se que bastaria encontrar um fóssil ancestral comum a todos esses géneros, tal comoDarwin tinha sugerido.

    Com a descoberta do género Procônsul, que teria vivido há cerca de 17 a 20 M.a., oscientistas pensaram ter encontrado esse “elo perdido” mas tal não aconteceu. Actualmenteesse género é designado Dryopithecus.

    Mais recentemente descobriu-se o  Ramapithecus, género de há 15 M.a., provavelmente

    resultante da evolução do Procônsul, e que foi considerado o elo que faltava para o ramohominídeo.

    Compilação de textos elaborada por Isabel Santos 30/164

    http://curlygirl.no.sapo.pt/crueldade.htm%23experienciashttp://curlygirl.no.sapo.pt/crueldade.htm%23experiencias

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    Concluía-se, então, que o Ramapithecus seria o ancestral mais antigo dos hominídeos, cujaseparação do ramo primata teria ocorrido há