O Nosso Mestre

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    NOSSO MESTRE

    Ofereo aos educandos do sculo 21 esta verso digital do livroadotado como leitura nas escolas pblicas em quatro estadosbrasileiros, nos anos 40.

    Que o maior dos Mestres de ontem possa orientar os caminhos dosmeninos e meninas de hoje e sempre.

    ris Helena Gomes

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    HUBERTO ROHDEN

    NOSSO MESTREVIDA E DOUTRINA DE JESUS CRISTO CONTADASCOM AS PALAVRAS DOS QUATRO EVANGELHOS

    ADOTADO COMO LIVRO DE LEITURANAS ESCOLAS PBLICAS DE DIVERSOS

    ESTADOS DO BRASIL5.a EDIO - 1962

    Livraria Freitas Bastos S.A.RIO DE JANEIRO

    Rua 7 de Setembro, 111SO PAULO

    R. 15 de Novembro, 62/6S

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    P R E L I M I N A R

    PARA OS EDUCANDOS

    Meus pequenos leitores.Estais habituados a ler livros de histrias divertidas e ilustradas com lindasgravuras.

    Ora, a mais interessante e mais verdadeira de todas as histrias a histriadum menino que nasceu, h quase dois mil anos, numa caverna escura e fria, fugiu

    para terras estranhas,voltou, fez-se homem, trabalhou numa oficina de carpinteiro;depois percorreu o pas, falando em coisas misteriosas, fez estupendos prodgios,ensinou verdades sublimes e acabou morrendo por amor daqueles que o odiavam...

    Acabou? Oh no, no acabou! O mais estupendo precisamente aquilo queaconteceu depois da morte desse homem de Nazarque no era simples homem. Noterceiro dia depois da sua morte, esse homem, com o corao varado por uma lana,

    reapareceu vivo e de perfeita sade, conversou com seus amigos, comeu com eles eencarregou-os de continuar a ensinar aos homens o que ele tinha ensinado.Este homem subiu ao cu, vista dos seus amigos, e prometeu voltar no fim do

    mundo. Um dia, ns o veremos...Todos os homens que creem na doutrina desse Homem-Deusque se chamava

    Jesuse vivem conforme essa doutrina so amigos dele.A vida humana, s vezes to cheia de trabalhos e sofrimentos, sempre bela

    quando a gente cr firmemente na religio de Jesus e se esfora cada dia por fazer oque ele mandou.

    Quem cr em Jesus e vive segundo esta f ama a Deus, porque ele nossoSenhor e nosso Pai.

    Quem amigo de Jesus quer bem a todos os homens, vive em paz com seuscompanheiros, obedece a seus pais e superiores, trata com delicadeza os pobres ealeijados, respeita a honra, o bom nome, os bens e a vida do prximo; amigo daverdade, da pureza, da justia e da caridade.

    O verdadeiro amigo de Jesus nem precisa ter medo da morte, porque morrerno outra coisa seno chegar ao termo da nossa jornada.

    Por isso, meus pequenos leitores, necessrio saber tudo o que Jesus disse e fezquando vivia no mundo. Quatro homens que viveram no tempo de Jesus Mateus,

    Marcos, Lucas e Joo escreveram a vida e doutrina do grande Mestre. So os"quatro Evangelhos", livros sagrados, livros divinamente inspirados.

    Tirei dos quatro Evangelhos tudo o que h de mais importante e lindo e omandei imprimir nas pginas deste livro "NOSSO MESTRE", que tendes nas mos.

    Quem, pois, escreveu este livro "NOSSO MESTRE" no fui propriamente eu;foram os apstolos e companheiros de Jesus Cristo, homens que conheceram a Jesus,que viram os seus milagres e ouviram a sua doutrina.

    Lede, pois, este livro, estudai-o, meditai-oe fazei tudo o que Jesus mandou.Assim sereis amigos de Deus, verdadeiros cristos e timos brasileiros.

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    VIDA E DOUTRINA DE JESUS CRISTO

    NARRADAS PELOSQUATRO EVANGELISTAS

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    1. Um anjo de Deus visita uma jovem

    Numa pequena cidade serrana, chamada Nazar, vivia uma jovem por nome Maria. Como ela era muitoboa, mandou Deus um dos seus anjos dizer a Maria que a tinha escolhido para ser me do Salvador do mundo, JesusCristo. So Lucas, que viveu naquele mesmo tempo e, certamente, falou com Maria, conta do seguinte modo esteacontecimento:

    Foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazar, auma virgem desposada com um varo, por nome Jos, da casa de Davi. E o nome da virgemera Maria. Entrou o anjo onde ela estava e disse: "Eu te sado, cheia de graa; o Senhor contigo, bendita s tu entre as mulheres".

    A estas palavras se assustou ela e refletiu o que significaria essa saudao.

    Disse-lhe o anjo: "No temas, Maria; pois achaste graa diante de Deus. Eis queconcebers e dars luz um filho, a quem pors o nome de Jesus. Ser grande e chamadoFilho do Altssimo; Deus, o Senhor, lhe dar o trono de seu pai Davi; reinar eternamentesobre a casa de Jac, e o seu reino no ter fim".

    Tornou Maria ao anjo: "Como se far isto, pois que no conheo varo?" Volveu-lhe o anjo: "O Esprito Santo descer sobre ti e a virtude do Altssimo te far sombra. Porisso, o santo que nascer de ti ser chamado Filho de Deus. Tambm tua parenta Isabelconcebeu um filho em sua velhice e j est no sexto ms, ela, que passa por estril; porque aDeus nada impossvel".

    Disse ento Maria: "Eis aqui a serva do Senhor; faa-se em mim segundo a tuapalavra".

    E o anjo deixou-a. (Lc. l, 26-38).

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    2. A jovem vai casa de sua pr ima e oferece-lhe os seus servios

    Quando Maria soube pelas palavras do anjo que sua parenta Isabel, j muito idosa e sem filhos,ia ter um filho, ficou muito contente e foi logo fazer-lhe uma visita para lhe dar os parabns e oferecer-lhe

    os seus prstimos. No momento em que Maria chegou casa de Isabel, esta conheceu o grande mistriode que falara o anjo e saudou a jovem como me do Salvador do mundo. Ao que Maria se encheu de tantoentusiasmo e gratido para com Deus, que cantou em altas vozes o esplndido hino que hoje chamamosMagnificat.

    Ps-se Maria a caminho e dirigiu-se com presteza s montanhas, em demanda deuma cidade de Jud. Entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel. E, assim que Isabelouviu a saudao de Maria, exultou-lhe o menino no seio; e Isabel, repleta do EspritoSanto, exclamou em altas vozes: "Bendita s tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teuseio! Em que mereci eu que viesse visitar-me a me do meu Senhor? Pois, logo que a tuasaudao me soou aos ouvidos exultou de prazer o menino nas minhas entranhas. Bemaventurada que acreditaste que se cumprir o que te foi dito pelo Senhor!"

    Disse ento Maria: "Minha alma glorifica ao Senhor, e meu esprito rejubila emDeus, meu Salvador. Lanou olhar benigno sua humilde serva. Eis que desde agorame chamaro bem-aventurada todas as geraes. Grandes coisas me fez o poderoso

    santo o seu nome. Vai de gerao em gerao a sua misericrdia sobre os que otemem. Manifesta o poder do seu brao. Aniquila os coraes soberbos. Derriba do

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    trono os poderosos e exalta os humildes. Sacia de bens famintos e despede de mosvazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericrdia para comAbrao e seus descendentes para sempre, conforme prometera aos nossos pais".

    Ficou Maria uns trs meses com Isabel; depois regressou para casa (Lc. l, 39-6).

    3. Uma criana diferente das outras

    Tinha o mesmo anjo Gabriel anunciado a Zacarias, marido de Isabel, que eles teriam um filho e que esteseria o precursor de Cristo. Mas, como Zacarias havia duvidado do fato, ficara mudo, e s quando nasceu o filho que recuperou a fala e louvou a Deus.

    Chegou o tempo em que Isabel devia dar luz; e deu luz um filho. Ouviram osvizinhos e parentes que o Senhor lhe fizera grande misericrdia, e congratularam-secom ela. No oitavo dia vieram para circuncidar o menino, e quiseram pr-lhe o nome deseu pai Zacarias.

    "De modo nenhumreplicou a me.O seu nome ser Joo".Ao que lhe observaram: "Mas no h ningum em tua parentela que tenha esse

    nome". Perguntaram ento por acenos ao pai do menino como queria se chamasse.Pediu ele uma tabuinha e escreveu as palavras "Joo seu nome".

    Pasmaram todos. No mesmo instante desimpediu-se-lhe a boca e soltou-se-lhe alngua, e falava, bendizendo a Deus. Ento se encheram de temor todos os vizinhos, e

    por todas as montanhas da Judeia se divulgaram estes fatos. E todos os que deles

    tiveram notcia ponderavam-nos consigo mesmos, dizendo: "Que ser deste menino?Porque a mo do Senhor estava com ele". Seu pai Zacarias ficou repleto do EspritoSanto e rompeu nestas palavras profticas:

    "Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo!Suscitou-nos um Salvador poderoso na casa de seu servo Davi; assim como desdesculos prometera por boca dos seus santos profetas: de livrar-nos dos nossos inimigos edas mos de todos os que nos odeiam; de fazer misericrdia aos nossos pais e recordar-se da sua santa aliana, do juramento que fez a nosso pai Abrao; de conceder-nos que,libertados de mos inimigas, o servssemos sem temor, em santidade e justia, todos osdias da nossa vida. E tu, menino, sers chamado profeta do Altssimo; irs ante a facedo Senhor para preparar-lhe o caminho, e fazer conhecer ao seu povo a salvao que

    est na remisso dos pecados, graas entranhvel misericrdia de nosso Deus; pois

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    que das alturas nos visitou o sol nascente; a fim de alumiar aos que jazem nas trevassombrias da morte, e dirigir os nossos passos ao caminho da paz".

    O menino crescia e fortalecia-se no esprito. Vivia no deserto at ao dia em quehavia de manifestar-se a Israel. (Lc. l, 57-80).

    4.Nasce o menino Jesus na gruta de Belm

    Quando chegou o tempo em que Jesus devia nascer, partiram Jos e Maria de Nazar para Belm, viagemde trs ou quatro dias, em pleno inverno. Como eram pobres, no encontraram pousada nos hotis da cidade. Por issoforam recolher-se a uma gruta ou caverna beira da estrada de Belm. Nesta gruta nasceu o filho de Maria, JesusCristo.

    Apareceu um dito de Csar Augusto para ser recenseado todo o pas. Foi este oprimeiro recenseamento. Efetuou-se debaixo de Cirino, governador da Sria. Foramtodos para se inscrever cada um sua cidade ptria.

    Tambm Jos partiu de Nazar, cidade da Galileia, para a cidade de Davi,

    chamada Belm pois era da casa e estirpe de Davi a fim de se fazer alistar comMaria, sua esposa.

    Quando a se achavam, chegou o tempo em que ela devia dar luz; e deu luz aseu Filho primognito; envolveu-o em faixas e reclinou-o em uma manjedoura; porqueno havia lugar para eles na estalagem (Lc. 2, 2-7).

    5. O que um anjo disse aos pastores...

    Perto de Belm h umas plancies cobertas de capim, para onde costumam os pastores levar os seusrebanhos de ovelhas e cabras. Na noite em que Jesus nasceu, diversos pastores estavam passando em claro nessasplancies guardando os seus rebanhosquando lhes apareceu um anjo de Deus e lhes deu a notcia do nascimentode Jesus. Foram logo visitar o recm-nascido.

    Havia naquela mesma regio uns pastores que passavam a noite em claro,guardando os seus rebanhos. De sbito, apareceu diante deles um anjo do Senhor e aglria de Deus cercou-os de claridade. Tiveram grande medo.

    O anjo, porm, lhes disse: "No temais! Eis que venho anunciar-vos uma grandealegria, que caber a todo o povo: que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador,que o Cristo e Senhor. E isto vos servir de sinal: encontrareis um menino envolto em

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    faixas e deitado em uma manjedoura". E logo associou-se ao anjo uma grande multidoda milcia celeste, que louvava a Deus, dizendo: "Glria a Deus nas alturas, e na terra

    paz aos homens de boa vontade".Foram a toda pressa, e acharam Maria e Jos, e o menino deitado numa

    manjedoura. vista disso conheceram o que lhes fora dito a respeito deste menino; e

    todos os que o ouviam admiravam-se do que lhes diziam os pastores. Maria, porm,conservava todas estas coisas, meditando-as no seu corao. Voltaram os pastores,louvando e glorificando a Deus por tudo o que acabavam de ouvir e de ver, assim comolhes fora dito (Lc. 2, 8-20).

    6Jesus apresentado a Deus no templo

    Era lei que todo filho homem mais velho fosse levado ao templo de Jerusalm, quarenta dias depois donascimento, para ser oferecido a Deus.

    Terminados os dias da purificao prescritos pela lei de Moiss, levaram omenino a Jerusalm para apresent-lo ao Senhor, conforme est escrito na lei do Senhor:"Todo primognito masculino seja consagrado ao Senhor". Foram tambm oferecer osacrifcio ordenado na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos (Lc. 2, 22-24).

    7. Um ancio profere palavras misteriosas

    Quando o menino Jesus foi apresentado no templo, um velho muito piedoso, de longas barbas e cabelobranco, tomou-o nos braos e se sentiu imensamente feliz, porque conheceu que era o Salvador do mundo.

    Vivia em Jerusalm um homem por nome Simeo, que era justo e temente aDeus e esperava a consolao de Israel; e o Esprito Santo estava nele. Revelara-lhe oEsprito Santo que no veria a morte sem primeiro contemplar o Ungido do Senhor.

    Impelido pelo Esprito veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino para nelecumprirem os dispositivos da lei. Simeo tomou-o nos braos e glorificou a Deus,dizendo:

    "Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque osmeus, olhos contemplaram o teu Salvador, que suscitaste ante a face de todos os povos:

    para os gentios uma luz iluminadora, para o teu povo Israel uma glria".Pasmaram o pai e a me das coisas que se diziam do menino. Bendisse-os

    Simeo, e dirigiu a Maria, sua me, estas palavras: "Eis que este destinado para runa eressurreio de muitos em Israel, e para ser alvo de contradio e tua alma sertraspassada de uma espada para que se manifestem os pensamentos de muitoscoraes" (Lc. 2, 25-35) .

    8. ltima alegria duma velhinha

    Apareceu na mesma ocasio tambm uma velhinha de 84 anos, qual Deus revelou que aquele menino de40 dias era o Messias esperado havia milhares de anos.

    Havia tambm uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.Era de idade avanada e vivera sete anos com seu marido, depois da sua virgindade;viva, contava oitenta e quatro anos. No saa do templo, servindo a Deus com jejuns eoraes, dia e noite. Compareceu tambm na mesma ocasio, glorificou a Deus e faloudele a todos os que esperavam a redeno de Israel (Lc. 2, 36-38).

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    9.Na solido das montanhas

    Depois de tudo isto, voltou a sagrada famlia para Nazar, situada nas montanhas da Galileia, onde Jesuspassou o primeiro perodo da sua infncia. Mais tarde, porm, voltaram para Belm, onde foram morar por algumtempo.

    Depois de cumprirem tudo conforme a lei do Senhor, regressaram para aGalileia, sua cidade de Nazar. O menino, porm, foi crescendo e robustecendo-se,cheio de sabedoria, e pousava sobre ele a complacncia de Deus (Lc. 2, 39-40).

    10.Reis do Oriente prestam as suas homenagens ao menino Jesus

    Cerca de dois anos mais tarde entrou em Belm uma deslumbrante caravana do Oriente: trs sbios esoberanos de povos, guiados por uma estrela, vinham em procura de Jesus. O rei Herodes temia que esse menino,mais tarde, subisse ao trono da Judeia, pelo que tratou de o matar quanto antes; mas, como era um grande hipcrita,disse aos trs reis que tambm ele queria adorar o menino.

    Quando Jesus tinha nascido em Belm de Jud, no tempo do rei Herodes, eis quevieram do Oriente uns magos a Jerusalm, e perguntaram: "Onde est o rei dos judeusque acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela no Oriente, e viemos ador-lo". A estanotcia se aterrou o rei Herodes e toda Jerusalm com ele. Convocou todos os prncipesdos sacerdotes e escribas do povo e indagou deles onde devia nascer o Cristo. "EmBelm da Judeia responderam eles porque assim est escrito pelo profeta: E tu,

    Belm, na terra de Jud, no s de forma alguma a menor dentre as cidades principais deJud; porque de ti sair o chefe que h de governar o meu povo Israel". Ento Herodes

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    chamou secretamente os magos e inquiriu deles o tempo exato em que lhes aparecera aestrela. Enviou-os a Belm, dizendo-lhes: "Ide e informai-vos solicitamente a respeitodo menino, e, logo que o houverdes encontrado, fazei-mo saber, para que v tambm euador-lo". Eles, depois de ouvir o rei, partiram.

    Camelo usado como cavalgadura pelos orientais. Os trs magos que procuravam o meninoJesus vinham em animais desses. (captulo 10)

    E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, seguia adiante deles, at que,chegando sobre o lugar onde estava o menino, parou. Ao verem a estrela, foisobremaneira grande a alegria que sentiram. Entraram na casa, e viram o menino comMaria, sua me, prostraram-se em terra e o adoraram; depois abriram os seus tesouros elhe fizeram oferta: ouro, incenso e mirra.

    Em sonho, porm, receberam oaviso para no voltarem presena de Herodes;pelo que regressaram a seu pas por outro caminho (Mt. 2, 1-12).

    11.Em plena noite, o menino Jesus foge para terras estranhas

    O homem pe e Deus dispe. Antes que o rei Herodes mandasse os seus soldados matar o pequenoJesus, j este se achava alm da fronteira da Palestina, rumo ao Egito, pas da frica.

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    Depois da partida dos magos, eis que um anjo do Senhor apareceu, em sonho, aJos e disse-lhe: "Levanta-te; toma o menino e sua me e foge para o Egito, e fica l atque eu te avise; porque Herodes vai procurar o menino para o matar". Levantou-se ele,e, ainda noite, tomou o menino e sua me e retirou-se para o Egito. L ficou at a mortede Herodes. (Mt 2, 13-15).

    12. Corre em Belm o sangue de pequenos mrtires

    Quando Herodes soube que os reis do Oriente tinham voltado s suas terras sem lhe dizerem onde estava otal menino, encheu-se de raiva e mandou matar todos os meninos que tivessem mais ou menos a idade de Jesus.Pensava ele que um desses meninos fosse Jesusmas enganou-se.

    Entrementes, reconheceu Herodes que fora enganado pelos magos. Encheu-se degrande ira e fez matar em Belm e arredores todos os meninos de dois anos para baixo,conforme o tempo que colhera dos magos (Mt. 2, 16-7).

    13. O pequeno exilado em terras pagas

    Passou a sagrada famlia alguns anos ao norte da frica, no meio dos gentios, saudosa da ptria, at que,numa noite, um anjo avisou a Jos para voltar terra natal, porque tinha morrido o rei Herodes. Em vez de voltar aBelm foram morar em Nazar, na Galileia.

    Depois da morte de Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu, em sonho, aJos, no Egito, e disse-lhe: "Levanta-te; toma o menino e sua me e vai para a terra deIsrael; porque morreram os que procuravam matar o menino".

    Levantou-se Jos, tomou o menino e sua me e foi em demanda da terra deIsrael. Ouvindo, porm, que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai Herodes,teve medo de ir para l; e, avisado em sonho, retirou-se para as regies da Galileia.

    Estabeleceu-se numa cidade de nome Nazar (Mt. 2, 19-22).14.Primeiro lampejo do esprito do menino Jesus

    At aos doze anos de idade viveu Jesus em Nazar, ajudando a sua me nos trabalhos caseiros e a Jos naoficina de carpintaria. A partir dos doze anos tinha todo menino israelita obrigao de ir ao templo de Jerusalm.Jesus tambm foi, mas ficou no templo, porque tinha ordem de Deus para ficar. Seus pais no sabiam disto e sofrerammuito nesses dias. No templo deu Jesus umas respostas to sbias a uns velhos doutores que eles ficaramadmiradssimos de ver tanta sabedoria em menino dessa idade; pois no sabiam quem era Jesus.

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    Iam seus pais todos os anos a Jerusalm para a festa da Pscoa. Quando Jesuscompletou doze anos, subiram a Jerusalm, segundo costumavam por ocasio da festa.Terminados os dias, regressaram. O menino Jesus, porm, ficou em Jerusalm, sem queseus pais o percebessem. Julgando que viesse com os companheiros de viagem,

    andaram caminho de um dia, e procuraram-no entre os parentes e conhecidos. Mas,como no o encontrassem, voltaram a Jerusalm, em busca dele. Depois de trs dias, oacharam no templo, sentado entre os doutores, a escut-los e fazer-lhes perguntas.Todos os que o ouviam pasmavam da sua inteligncia e das respostas que dava. Vendo-o, admiraram-se, e sua me disse-lhe: "Filho, por que nos fizeste isto? Eis que teu pai eeu andamos tua procura cheios de aflio".

    Respondeu-lhes ele: "Por que me procurveis? No sabeis que tenho de estar nacasa de meu Pai?" Eles, porm, no atinaram com o sentido destas palavras.

    Jesus crescia em sabedoria, idade e graa diante de Deus e dos homens (Lc. 2,41-52).

    15. Um homem, vestido de pele de camelo, s fala em Jesus

    Quando Jesus tinha uns trinta anos e ainda trabalhava na oficina de Nazar, desconhecido de quase todagente, apareceu s margens do Jordo um vulto estranho vindo do deserto Joo Batista. Era enviado por Deus paradizer a todo o povo que em breve apareceria Jesus Cristo, o Salvador do mundo. Mandou que todos se convertessemdos seus pecados, dessem disto prova pblica e praticassem boas obras. S assim que seriam amigos de Jesus.

    Era no dcimo quinto ano de reinado do imperador Tibrio; Pncio Pilatos eragovernador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmo Filipe, tetrarca da Itureiae da provncia de Traconitis; Lisnias, tetrarca de Abilene. Ans e Caifs eram sumossacerdotes. Foi ento que a palavra de Deus se dirigiu a Joo, filho de Zacarias, nodeserto. E ps-se ele a andar por todas as terras do Jordo, a pregar o batismo de

    penitncia para perdo dos pecadosconforme vem escrito no livro das palavras doprofeta Isaas:"Uma voz ecoa no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas

    veredas; encher-se- todo o vale e abater-se-o todos os montes e outeiros; tornar-se-reto o que tortuoso, e o que escabroso se far caminho plano; e todo homem ver asalvao de Deus" (Lc. 3, 2-6) .

    Usava Joo uma veste de pelos de camelo e um cinto de couro em volta docorpo; gafanhotos e mel silvestre formavam o seu alimento (1).

    Jerusalm, a Judeia em peso e todas as terras do Jordo foram ter com ele.Faziam-se por ele batizar no Jordo, confessando os seus pecados. Quando Joo viu queafluam tambm numerosos fariseus e saduceus para dele receber o batismo, disse-lhes:

    "Raa de vboras! Quem vos disse que escapareis ao juzo da ira que vos ameaa?Produzi frutos de sincera converso, e no digais: Temos por pai a Abrao! Pois, eu vosdigo que destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abrao. O machado j est raiz dasrvores: toda rvore que no produzir fruto bom ser cortada e lanada ao fogo".

    Ao que lhe perguntaram as turbas: "Que nos cumpre, pois, fazer?" Respondeu-lhe ele: "Quem possui duas vestes d uma a quem no tem; e quem tem que comer faao mesmo".--------------------

    (1) esta a opinio geral. Entretanto, h documentos antigos que falam em "rvore do gafanhoto", de cujosfrutos Joo se alimentava. Como essa rvore no fosse asss conhecida, prevaleceu a ideia geral de se terJoo alimentado de gafanhotos.

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    Apresentaram-se-lhe tambm publicanos para que os batizasse; e perguntaram-lhe: "Mestre, que devemos fazer?" Respondeu-lhes: "No exijais mais do que vos foiordenado".

    Vieram tambm soldados a interrog-lo: "E ns, que faremos?" Disse-lhes: "Nouseis de violncia nem de fraude para com ningum, e contentai-vos com o vosso soldo"

    (Mt. 3, 4-7; Lc. 3, 7-14).

    16.Batismo de guabatismo de fogo

    O batismo que Joo administrava no era seno uma confisso pblica que o convertido fazia dos seuspecados; era um ato de humildade que dispunha os homens para receberem o fogo divino da graa santificante, ques o Cristo podia dar.

    Estava o povo em grande suspenso. Todos pensavam de si para si que talvez Joofosse o Cristo. Ao que Joo declarou a todos: "Eu vos batizo com gua; mas vir outro mais

    poderoso do que eu, e a quem nem sou digno de desatar as correias do calado. Ele quevos batizar com o Esprito Santo e com fogo. Traz a p na mo e h de limpar a sua eira,recolhendo o trigo em seu celeiro e queimando a palha num fogo inextinguvel".

    Ainda muitas outras exortaes dirigia ele ao povo, anunciando-lhe a boa nova (Lc.3, 15-18).

    17.Jesus batizado por Joo como se fosse pecador...

    No meio dos ouvintes de Joo apresentou-se tambm Jesus para ser por ele batizado. Joo recusou-se abatiz-lo, pois sabia que Jesus no tinha pecado, que era de absoluta pureza e santidade. Jesus, porm, insistiu em serbatizado pelos pecados dos homens; pois era o "cordeiro de Deus que tirava os pecados do mundo". Ento Joo obatizoue deram-se fenmenos estranhos...

    Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o Jordo e foi ter com Joo para serpor ele batizado: Joo, porm, quis dissuadi-lo, dizendo: "Eu que devia ser batizado por ti

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    e tu vens a mim?" Respondeu-lhe Jesus: "Deixa por agora; convm cumprirmos tudo que justo". Ento ele deixou. Depois de batizado, Jesus logo saiu da gua. E eis que se lheabriu o cu, e viu o Esprito de Deus, que descia em forma de pomba e vinha sobre ele; e docu uma voz clamava: "Este meu Filho querido, no qual pus a minha complacncia" (Mt.3, 13-17).

    18. O tentador quer saber se Jesus Filho de Deus

    Depois de 40 dias de rigoroso jejum no deserto, enfrentou Jesus com o diabo, que queria saber se ele eraFilho de Deus e fez-lha diversas propostas; Jesus, porm, no aceitou nenhuma. Ento o diabo o abandonou.

    Foi Jesus levado pelo Esprito ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuouquarenta dias e quarenta noites. Depois teve fome.

    Ento se aproximou dele o tentadore disse-lhe: "Se s Filho de Deus, manda queestas pedras se convertam em po".

    Respondeu-lhe Jesus: "Est escrito: Nem s de po vive o homem, mas de todapalavra que sai da boca de Deus".

    Ao que o diabo o levou cidade santa, colocou-o sobre o pinculo do templo edisse-lhe: "Se s Filho de Deus, lana-te daqui a baixo; porque est escrito:Recomendou-te a seus anjos que te levem nas palmas das mos, para que no tropecescom os ps em alguma pedra".

    Replicou-lhe Jesus: "Tambm est escrito: No tentars o Senhor, teu Deus".

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    Ainda o diabo o transportou a um monte muito elevado, mostrou-lhe todos osreinos do mundo e sua glria, e disse-lhe: "Todas estas coisas te darei, se, prostrando-teem terra, me adorares".

    Ordenou-lhe Jesus: "Vai para trs, satan! Porque est escrito: ao Senhor, teuDeus, adorars e s a ele servirs!"

    Ento o diabo o deixou, e eis que vieram os anjos e o serviram (Mt. 4, 1-11).

    19.Nem as correias do calado...

    Era to grande a santidade de Joo Batista que o povo pensava que ele fosse o prprio Cristo. Joo, porm,protestou contra essa ideia, dizendo que nem era digno de ser o ltimo escravo de Jesus; at seria honra demais para

    ele desatar-lhe as correias das sandlias.

    Foi este o testemunho que Joo deu, quando os judeus lhe enviaram sacerdotes elevitas de Jerusalm com a pergunta: "Quem s tu?" Confessou sem negar, declarando: "Euno sou o Cristo".

    Perguntaram-lhe eles: "Quem s, pois? s Elias?""No sou"respondeu."s o profeta?""No"tornou ele.Responderam eles: "Quem s, pois? Para podermos dar resposta aos que nos

    enviaram. Que dizes de ti mesmo?"Tornou ele: "Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,

    conforme disse o profeta Isaas".

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    Ora, os embaixadores pertenciam aos fariseus. E continuaram a interrog-lo: "Porque batizas, pois, se no s o Cristo, nem Elias, nem o profeta?"

    Respondeu-lhes Joo: "Eu batizo com gua; mas no meio de vs est, desconhecidode vs, aquele que vir aps mim; e que, todavia, anterior a mim. Eu nem sou digno de lhedesatar as correias do calado".

    Deu-se isto em Betnia, para alm do Jordo, onde Joo batizava (Jo. l, 19-28).20. "Mestre, onde moras?"

    Dois dos amigos de Joo Batista, ouvindo as palavras dele, foram seguindo a Jesus e ficaram com o Mestretodo aquele dia. E tanto gostaram de Jesus que logo convidaram seus amigos, mais tarde, se tornaram apstolos dele.Eram Andr e Joo Evangelista.

    No dia seguinte estava Joo outra vez com dois dos seus discpulos. Quando viupassar a Jesus, disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" Ouvindo os dois discpulos as suaspalavras, logo foram em seguimento de Jesus. Voltou-se Jesus, e, vendo que o seguiam,perguntou-lhes: "Que procurais?"

    Ao que lhe responderam: "Rabique quer dizer: Mestreonde moras?"

    Tornou-lhes ele: "Vinde e vede".Acompanharam-no e viram onde morava; e ficaram com ele esse dia. Era pela horadcima (Jo. l, 35-40).

    21. O homem que tinha f como um rochedo

    Tinha Andr um irmo chamado Simo. Mas, assim que Jesus o viu, logo lhe conheceu o carter e a finabalvel e lhe chamou homem-pedra, ou Cefas, na lngua de Jesus.

    Um dos dois que, s palavras de Joo, seguiram a Jesus era Andr, irmo de SimoPedro. Este encontrou primeiro a seu irmo Simo, e disse-lhe: "Encontramos o Cristo" -que significa: o Ungido. E conduziu-o a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: "Tu s

    Simo, filho de Joo, e sers chamado Cefas"que quer dizer: pedra (Jo. l, 41-42).

    22. "Poder l vir coisa boa de Nazar?. . .

    Quando Natanael ouviu que Jesus vinha de Nazar, deu uma risada de escrnio e respondeu com um gestode pouco caso que desse lugarejo das montanhas no podia vir coisa que prestasse. Mas, quando chegou a conhecerJesus, mudou de parecer...

    No dia imediato, ia Jesus partir para a Galileia, quando se lhe deparou Filipe; edisse-lhe: "Segue-me!"

    Era Filipe natural de Betsaida, ptria de Andr e de Pedro. Filipe encontrou aNatanael e disse-lhe: "Acabamos de encontrar aquele de quem escreveram Moiss, na lei, e

    os profetas: Jesus de Nazar, filho de Jos".Retrucou-lhe Natanael: "Poder sair coisa boa de Nazar?""Vem e v"disse Filipe.Vendo Jesus chegar a Natanael, observou a respeito dele: "Eis um israelita de

    verdade, no qual no h falso"."Donde que me conheces?"perguntou Natanael.Tornou-lhe Jesus: "Antes que Filipe te chamasse, te via eu, debaixo da figueira"."Mestre!exclamou Natanaeltu s o Filho de Deus; tu s o Rei de Israel.Respondeu-lhe Jesus: "Crs, porque te disse que te vira debaixo da figueira? Vers

    coisa maior que isto. E prosseguiu: "Em verdade, em verdade vos digo que doravantevereis o cu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem" (Jo. l,

    43-51).

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    23.Jesus assiste a uma festa de casamento e faz converter gua em vinho

    Casavam-se uns jovens, que eram parentes da me de Jesus. Maria foi ajudar nos preparativos da festa, aqual durava ao menos trs dias. Foram convidados tambm Jesus e seus discpulos. Durante o jantar acabou o vinho,e Jesus, advertido por sua me, converteu em timo vinho uns 600 litros de gua. Mostrou assim o seu poder divino ea sua humana caridade.

    Trs dias depois, celebravam-se umas bodas em Can da Galileia. Estava presente ame de Jesus. Tambm Jesus e seus discpulos foram convidados s bodas.

    Quando chegou a faltar o vinho, disse-lhe a me de Jesus: "No tm vinho".Respondeu-lhe Jesus: "Senhora, que tem isso comigo e contigo? Ainda no chegou

    a minha hora".Disse ento a me de Jesus aos serventes: "Fazei o que ele vos disser".Ora, estavam a seis talhas de pedra, destinadas s purificaes usadas pelos judeus,

    cabendo em cada uma dois ou trs almudes (1). Ordenou-lhes Jesus: "Enchei de gua estastalhas". Encheram-nas at em cima. Ento lhes disse: "Tirai agora e levai ao mestre-sala".Levaram-na. O mestre-sala provou a gua feita vinho, e no sabia donde era; s o sabiam osserventes que tinham tirado a gua. O mestre-sala chamou o esposo e disse-lhe: "Toda agente serve primeiro o vinho bom, e, depois que os convidados beberam bastante, apresentao que inferior; tu, porm, reservaste o vinho bom at agora".

    Com isto deu Jesus princpio a seus feitos poderosos, em Can da Galileia;manifestou a sua glria, e os seus discpulos creram nele (Jo. 2, 1-11).

    (1) 1 almude oriental = 35-40 litros.

    24.Jesus no quer saber de negcios na casa de Deus

    O templo de Jerusalm era cercado duma extensa rea, onde se podiam vender e comprar animais e objetospara os sacrifcios que ento era costume oferecer a Deus. Alguns negociantes, porm, para fazer melhores negcios echamar maior nmero de fregueses, tanto se aproximaram do santurio que incomodavam aos que queriam orartranquilamente. Jesus, quando viu este abuso, expulsou os negociantes.

    Desceu Jesus a Cafarnaum, em companhia de sua me, seus irmos e seusdiscpulos. Demoraram-se a uns poucos dias.

    Estava prxima a festa pascal dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalm. No templo

    encontrou gente a vender bois, ovelhas e pombas; e cambistas, que l se tinhamestabelecido. Fez um azorrague de cordas e expulsou-os todos do templo, juntamente com

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    as ovelhas e os bois; arrojou ao cho o dinheiro dos cambistas e derribou-lhes as mesas. Aosvendedores de pombas disse: "Tirai daqui essas coisas e no faais da casa de meu Pai casade mercado". Recordaram-se ento os discpulos do que diz a Escritura: "O zelo pela tuacasa me devora".

    Os judeus, porm, protestaram, dizendo-lhe: "Com que prodgio provas que tens

    autoridade para fazer isto?"Respondeu-lhes Jesus: "Destru este templo, e em trs dias o reedificarei".Disseram os judeus: "Quarenta e seis anos levou a construo deste templo, e tu

    pretendes reedific-lo em trs dias?" Ele, porm, se referia ao templo de seu corpo. Depoisde ressuscitado dentre os mortos, lembraram-se os discpulos do que dissera, e creram naEscritura e nas palavras que Jesus proferira (Jo. 2, 12-22).

    25.Jesus d instruo religiosa a um doutor que o veio procurar de noite

    Nicodemos, homem de idade e muito preparado, desejava saber o que era o "reino de Deus" de que Jesusfalava todos os dias, e o que se devia fazer para nele entrar. Altas horas da noite foi pedir esclarecirnentos a Jesus. EJesus disse a Nicodemos que, para pertencer ao reino de Deus, era preciso receber uma vida espiritual alm da vidamaterial que todos recebem no nascimento.

    Havia entre os fariseus um homem, por nome Nicodemos, um dos principais entreos judeus. Foi este ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: "Mestre, sabemos que vieste de Deus

    para ensinar; porque ningum pode fazer esses milagres que tu fazes, a no ser que Deusesteja com ele".

    Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: quem no nascer de novono pode ver o reino de Deus".

    Tornou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer de novo, sendo velho?"Replicou-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: "Quem no nascer de novo

    pela gua e pelo esprito santo no pode entrar no reino de Deus. O que nasce da carne carne; mas o que nasce do esprito esprito. No te admires de eu te dizer: necessrionascerdes de novo. O sopro sopra onde quer; bem lhe ouves a voz; mas no sabes dondevem nem para onde vai. O mesmo se d com todo aquele que nasceu do esprito.

    "Como isto possvel?"perguntou Nicodemos.Respondeu-lhe Jesus: "Tu s mestre em Israel, e no compreendes estas coisas?"A tal ponto amou Deus o mundo que entregou o seu Filho unignito, para que todo

    o que nele crer no perea, mas tenha a vida eterna. Porquanto, Deus no enviou seu Filho

    ao mundo para julgar o mundo; mas para que o mundo se salve por ele. Quem nele crerno ser julgado; mas quem no crer j est julgado, por no crer no nome do Filho

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    unignito de Deus. Nisto que est o juzo: A luz veio ao mundo, mas os homensamaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram ms. Pois, quem praticao mal odeia a luz, para que no sejam reveladas as suas obras. Mas quem pratica averdade chega-se luz, para que se manifeste que suas obras so feitas em Deus" (Jo. 3,1-21).

    26.Jesus conhece os pecados duma mulher que tivera cinco maridos

    Atravessando o pas meio pago de Samaria, senta-se Jesus, ao meio-dia, beira dum poo. Pede um goledgua a uma mulher muito mundana e promete dar-lhe gua para matar a sede da alma. A mulher corre cidade echama muita gente. Escutam a doutrina de Jesus e muitos deles se tornam amigos dele.

    Quando o Senhor soube que se noticiara aos fariseus que ele, Jesus, granjeavamaior nmero de discpulos e batizava mais do que Joo embora no fosse Jesusmesmo quem batizava, mas os seus discpulos deixou a Judeia e voltou para aGalileia.

    Ora, tinha de atravessar a Samaria; e chegou a uma cidade da Samaria, por nome

    Sicar, vizinha ao prdio que Jac dera a seu filho Jos. Achava-se a o poo de Jac.Fatigado da jornada, sentou-se Jesus sem mais beira do poo. Era por volta do meio-dia.

    Nisto veio uma samaritana para tirar gua. Jesus pediu-lhe: "D-me de beber".Pois, os seus discpulos tinham ido cidade comprar mantimentos.Respondeu-lhe a samaritana: "Como? Tu, que s judeu, me pedes de beber a

    mim, que sou samaritana?" que os judeus no se do com os samaritanos.Tornou-lhe Jesus: "Conheceras tu o dom de Deus e aquele que te diz: D-me de

    beberpedir-lhe-ias que te desse gua viva"."Senhorreplicou-lhe a mulherno tens com que tirar, e o poo fundo.

    Donde tiras tu essa gua viva? s, acaso, maior do que nosso pai Jac, que nos deu estepoo, do qual bebeu ele mesmo, como tambm seus filhos e rebanhos?"

    Volveu-lhe Jesus: "Quem bebe desta gua tornar a ter sede; mas, quem beber dagua que eu lhe der no mais ter sede eternamente. A gua que eu lhe der se tornar neleuma fonte que jorra para a vida eterna".

    Pediu-lhe a mulher: "Senhor, d-me essa gua para que no tenha mais sede nemprecise de vir c tirar gua".

    Disse-lhe Jesus: "Vai chamar teu marido e volta c"."No tenho marido"respondeu a mulher.Tornou-lhe Jesus: "Disseste bem: No tenho marido. Cinco maridos tiveste, e o que

    agora tens no teu marido. Nisto falaste verdade"."Senhorexclamou a mulhervejo que s profeta. Nossos pais adoraram a Deus

    sobre esse monte, e vs dizeis que em Jerusalm o lugar onde se deve adorar a Deus".Respondeu-lhe Jesus: "Acredita-me, senhora, vir a hora em que nem nesse monte

    nem em Jerusalm adorareis o Pai. Vs adorais o que desconheceis; ns adoramos o queconhecemos; porque a salvao vem dos judeus. Mas chegar a hora e j chegouemque os verdadeiros adoradores adoraro ao Pai em esprito e em verdade. So esses osadoradores que o Pai procura. Deus esprito, e em esprito e em verdade o que devemadorar os que o adoram".

    Replicou a mulher: "Sei que vir o Cristo,que quer dizer o Ungidoe, quandovier, anunciar-nos- todas as coisas".

    Disse-lhe Jesus: "Sou eu, que estou falando contigo" (Jo. 4, 1-26) .

    27.A alma de Jesus tem mais fome do que o seu corpo

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    Quando os apstolos voltaram da cidade ofereceram comida a Jesus. Mas ele no quis comer, porque sentiana alma uma vontade imensa de levar ao conhecimento de Deus todos os homens.

    Neste momento chegaram os seus discpulos e admiraram-se de estar falando comuma mulher. Mas ningum perguntou: "Que queres dela?" ou: "Que falas com ela?"

    A mulher abandonou o seu cntaro, correu cidade, e disse gente: "Vinde e vede

    um homem que me disse tudo o que tenho feito! No ser ele o Cristo?"Saram da cidade e foram ter com ele.Entrementes, insistiam com ele os discpulos: "Come, Mestre". Ele, porm, lhes

    respondeu: "Eu tenho um manjar que vs no conheceis".Ao que os discpulos disseram uns aos outros: "Ser que algum lhe trouxe de

    comer?"Declarou-lhes Jesus: "O meu manjar cumprir a vontade daquele que me enviou

    para levar a termo a sua obra" (Jo. 4, 27-34).

    28.Jesus cura de longe um doente

    Quando Jesus chegou grande cidade de Cafarnaum, recebeu a visita de um alto funcionrio do reiHerodes. Pedia-lhe o funcionrio que Jesus fosse a casa dele e lhe curasse um filho, que estava para morrer. Jesus nofoi, mas curou de l mesma o doente, censurando a f to imperfeita do funcionrio, que julgava necessria apresena de Jesus para curar um enfermo.

    Desceu Jesus a Cafarnaum, cidade da Galileia, e a ensinava aos sbados.Pasmavam da sua doutrina, porque a sua palavra era poderosa.

    Ora, havia em Cafarnaum um funcionrio real cujo filho jazia doente. notciade que Jesus regressara da Judeia para a Galileia, foi o funcionrio ter com ele,suplicando-lhe que descesse e lhe curasse o filho; porque estava prestes a morrer.

    Respondeu-lhe Jesus: "Vs, quando no vedes sinais e prodgios, no credes"."Senhorrogou o funcionriodesce antes que meu filho morra".Tornou-lhe Jesus: "Vai, que teu filho vive".Creu o homem na palavra que Jesus lhe dissera, e partiu. E, de caminho para

    casa, vieram-lhe ao encontro os criados com a notcia de que seu filho vivia. Informou-se ele da hora em que comeara a achar-se melhor; ao que lhe disseram: "Ontem, porvolta de uma hora da tarde, a febre o deixou". Reconheceu o pai que era a mesma horaem que Jesus lhe dissera: "Teu filho vive". E creu ele com toda a sua casa.

    Foi este o segundo feito poderoso que Jesus operou depois de voltar da Judeiapara a Galileia (Jo. 4, 56-64).

    29.A palavra de Jesus mais poderosa do que o demnio

    A uma simples ordem de Jesus, sai o demnio do corpo de um homem possesso e professa asantidade de Jesus. Mas este o manda calar.

    Havia na sinagoga um homem possesso dum esprito impuro. Ps-se a gritar:"Fora! que temos ns contigo, Jesus de Nazar? Vieste para nos perder? Sei quem s: oSanto de Deus!"

    Jesus ordenou-lhe "Cala-te e sai dele!" Ao que o esprito o arrojou ao meio, e saiudele, sem lhe fazer mal.

    Todos se encheram de estupefao e diziam uns aos outros: "Que palavra, essa!Manda com grande autoridade aos espritos impuros, e eles saem!"

    E sua fama correu por todas as regies circunvizinhas (Lc. 4, 31-37).

    30. Uma velhinha, ardendo em febre, levanta-se de perfeita sade e serve mesa

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    A sogra do apstolo Simo Pedro, velhinha, estava com febre muito alta e quase a morrer. Mas, assim queJesus a tomou pela mo, ela se levantou dum salto, de perfeita sade, e logo, contente e agradecida, foi servir umarefeio a Jesus e seus discpulos.

    Da sinagoga dirigiu-se Jesus casa de Simo. Estava a sogra de Simo doente com

    febre muito alta. Pediram-lhe para socorr-la. Jesus inclinou-se sobre ela e deu ordem febre: e a febre deixou-a. Imediatamente se levantou ela e os serviu.Ao pr do sol, todos lhe levaram os seus enfermos atacados de diversas molstias.

    Jesus punha as mos sobre cada um e curava-os. Muitos havia de que saam demnios,bradando: "Tu s o Filho de Deus!" Ele, porm, os ameaava e no lhes permitia dissessemque sabiam ser ele o Cristo (Lc. 4, 38-40).

    31.Jesus, mdico do corpo e da alma

    Todo o gosto de Jesus estava em fazer bem aos outros, tanto no corpo como na alma. Curava os doentescom os seus poderes e iluminava as almas com os fulgores do seu Evangelho.

    Ao romper do dia saiu Jesus e se retirou a um lugar solitrio. As turbas, porm,foram procura dele, e encontraram-no. Queriam det-lo e impedir que seguisse avante.Jesus, porm, lhes observou: "Tambm s outras cidades tenho de anunciar o Evangelho doreino de Deus; porque a isso que fui enviado".

    E foi pregando nas sinagogas da terra judaica (Lc. 5, 42-44).

    32. O pregador sobre o azul das ondase o auditrio na alvura da praia,

    s vezes era to numeroso o povo que aflua para ouvir a doutrina de Jesus que apertavam e atropelavam oMestre. Ento subia ele a uma embarcao, afastava-se um pouco da margem e assim falava aos ouvintes agrupadosna praia ou sentados nas pedras do litoral. Jesus, o grande mestre da Verdade, era tambm o grande poeta da Beleza.

    Estava Jesus s margens do lago de Genesar, enquanto o povo se apinhava emtorno dele, para ouvir a palavra de Deus. Viu ento dois barcos praia; os pescadorestinham saltado em terra e limpavam as suas redes. Entrou em um dos barcos, que pertenciaa Simo, e pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra. Sentou-se e ensinou o povo dedentro do barco (Lc. 5, 2-3).

    33.Peixe e mais peixequando menos se esperava

    Quando Jesus acabou de falar ao povo de dentro do barco, mandou a Simo Pedro que se fizesseao largo e lanasse as redes. E logo as redes se encheram de tanto peixe que s a custo as puderam puxarfora dgua. Jesus prometeu aos apstolos que, mais tarde, pela pregao do Evangelho, apanhariamainda muito maior nmero de almas para o reino de Deus.

    Depois de acabar de falar, disse Jesus a Simo: "Faze-te ao largo e lanai as vossasredes para a pesca".

    "Mestrereplicou-lhe Simotrabalhamos a noite toda e nada apanhamos. Massob tua palavra lanarei as redes". Feito isto, apanharam to grande multido de peixes queas redes se lhes iam rompendo. Fizeram por isso sinal aos companheiros do outro barco

    para que viessem ajud-los.Acudiram e encheram ambos os barcos a ponto de se irem quase a pique. vista disso, lanou-se Simo Pedro de joelhos aos ps de Jesus, dizendo: "Retira-

    te de mim, Senhor, porque sou homem pecador!" que estavam aterrados, eles e todos osseus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. O mesmo se deu com Tiago

    e Joo, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simo.Disse Jesus a Simo: "No temas; daqui por diante sers pescador de homens".

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    Atracaram os barcos praia, abandonaram tudo e seguiram-no (Lc. 5, 4-11).

    34. "Se quiseres", disse o leproso"Eu quero", respondeu Jesus

    Um pobre leproso, com as carnes podres e a morte no sangue, apela para a boa vontade de Jesus, e este,com um simples "quero", lhe restitui sade perfeita.

    Estava Jesus em certa cidade onde havia um homem todo coberto de lepra. Assimque ele viu a Jesus, lanou-se-Ihe aos ps, de rosto em terra, suplicando: "Senhor, sequiseres, podes tornar-me limpo".

    Estendeu Jesus a mo, tocou-o e disse: "Quero, s limpo". No mesmo instantedesapareceu a lepra. Ordenou-lhe Jesus: "No o digas a ningum; mas vai mostrar-te aosacerdote e oferece pela tua purificao o sacrifcio prescrito por Moiss, para que lhes sirvade testemunho".

    Divulgava-se cada vez mais a notcia do fato; afluam grandes multides para ouvira Jesus e serem curados das suas enfermidades. Jesus, porm, se retirou a um lugar solitrio

    para orar (Lc. 5, 12-16).

    35.Desce do teto, aos ps de Jesus, um leito com um doente desenganado

    To grande era o aperto no interior da casa onde Jesus falava que no era possvel romper caminho. Porisso, os quatro homens que carregavam sobre uma padiola um homem entrevado tiveram a ideia estranha de subir aoterrao da casa e, por uma abertura, arriar o doente bem aos ps de Jesus. E Jesus curou primeiro a alma do pecador edepois o corpo do paraltico.

    Certo dia, estava Jesus ensinando. Achavam-se sentados a tambm uns fariseus edoutores da lei, vindos de todas as povoaes da Galileia, da Judeia e de Jerusalm. Nisto, avirtude do Senhor o impeliu para curar.

    Uns homens trouxeram um paraltico deitado num leito. Procuraram introduzi-lo nacasa e coloc-lo diante dele; mas, no achando por onde entrar, devido s multides,subiram ao telhado e arriaram-no pelas telhas, juntamente com o leito, bem defronte a Jesus. vista da f que os animava, disse Jesus: "Homem, os teus pecados te so perdoados".Ento os escribas e fariseus pensaram l consigo: "Quem esse que profere blasfmias?Quem pode perdoar pecados seno Deus somente.

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    Jesus, porm, conhecia os pensamentos deles, e disse-lhes: "Que estais a pensara em vossos coraes? Que mais fcil dizer: os teus pecados te so perdoados? Oudizer: levanta-te e anda? Ora, haveis de ver que o Filho do homem tem o poder de

    perdoar pecados sobre a terra". E disse ao paraltico: "Eu te ordeno: levanta-te, carregacom o teu leito e vai para casa!"

    Levantou-se imediatamente, vista deles, pegou no leito em que estiveradeitado, e foi-se para casa, glorificando a Deus. Encheram-se todos de pasmo, elouvavam a Deus, dizendo, aterrados: "Vimos hoje coisas estupendas" (Lc. 5,17-26).

    36. Como um grande negociante se tornou um grande apstolo

    Levi, chefe da alfndega, no pensava seno em como fazer bons negcios e encher os bolsos; mas, quandorecebeu o convite de Jesus, abandonou negcios, dinheiro e tudo e foi seguindo o Mestre na maior pobreza. E, de tocontente, deu um banquete de despedida, para o qual convidou a Jesus e os seus antigos colegas de profisso. Tornou-se assim o grande apstolo Mateus, que escreveu o primeiro Evangelho.

    Viu Jesus um publicano, de nome Levi, sentado na alfndega. "Segue-me!"

    disse-lhe. Levantou-se ele, deixou tudo e seguiu-o.Preparou-lhe Levi um grande banquete em sua casa. Numerosos publicanos e outrosestavam mesa com eles. Murmuraram disto os fariseus e escribas e disseram aosdiscpulos de Jesus: "Por que que corneis e bebeis em companhia de publicanos e

    pecadores?"Respondeu-lhes Jesus: "No precisam de mdico os que esto de sade; mas, sim,

    os doentes. No vim para chamar converso os justos, porm os pecadores" (Lc. 5, 27-32).

    37. Um doente que durante 38 anos esperava ser curado recupera a sade

    Centenas de doentes rodeavam todo o ano um grande tanque para saltar gua quando um anjo de Deus aagitasse. Mas como podia saltar gua um pobre entrevado? Jesus oferece-lhe a sade de graa e inesperadamente,porque o seu poder divino to grande como a sua caridade humana.

    Ocorria uma festa dos judeus. Subiu Jesus a Jerusalm. Ora, h em Jerusalm,prxima porta das ovelhas, uma piscina que em hebraico se chama Betesda. Tem cincoprticos, nos quais jazia grande nmero de enfermos: cegos, coxos, tsicos, que esperavam

    pelo movimento da gua. Porque, de tempo a tempo, descia piscina um anjo e agitava a

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    gua e quem primeiro descesse piscina, para dentro da gua agitada, saa curado, fossequal fosse o seu mal.

    Ora, achava-se a um homem doente havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-oprostrado e sabendo que desde longo tempo sofria, perguntou-lhe: "Queres ser curado?"

    "Senhorrespondeu o enfermono tenho homem algum que me desa, quando

    se agita a gua; e, enquanto vou, desce outro antes de mim".Disse-lhe Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e anda". No mesmo instante, o homemficou so, tomou o leito e ps-se a andar.

    Era, porm, sbado esse dia. Pelo que os judeus disseram ao que fora curado. "sbado; no te lcito carregar teu leito".

    Respondeu-lhes ele: "Aquele que me curou disse-me: Toma o teu leito e anda".Perguntaram-lhe: "Quem esse homem que te disse: Toma o teu leito e anda?"Mas o que fora curado no sabia quem ele era; porque Jesus se retirara, por ser

    grande a multido que l estava. Mais tarde, encontrou-o Jesus no templo, e disse-lhe:"Olha, que foste curado; no tornes a pecar, para que no te suceda coisa pior". Ao que ohomem foi comunicar aos judeus que era Jesus que lhe restitura a sade (Jo. 5, 1-15).

    38.Matando a fome com gros de trigo verdes...

    Estavam os discpulos de Jesus com muita fome. De tanto trabalho, nem tiveram tempo para comer.Passando por um trigal, arrancavam umas espigas de trigo, descascavam-nas entre as mos e comiam os grozinhos.Alguns judeus escandalizaram-se, por ser dia de sbado, que era para eles o que para ns o domingo. Jesus, porm,defende os discpulos, mostrando que no pecado procurar o necessrio alimento, mesmo em dia santificado.

    Num sbado, ia Jesus passando pelas searas. Os seus discpulos arrancavam espigas,machucavam-nas entre as mos e comiam-nas. Observaram ento alguns fariseus: "Por quefazeis o que proibido em dia de sbado?".

    Respondeu-lhes Jesus: "No lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheirosestavam com fome? Como entrou na casa de Deus, tomou os pes de proposio, que s os

    sacerdotes podem comer, comeu-os e deu aos seus companheiros?" E acrescentou: "OFilho do homem senhor tambm do sbado" (Lc. 6, 1-5).

    39.Jesus cura um homem aleijado e atacado pelos judeus

    Em outro sbado, curou Jesus, com uma simples palavra, um homem que tinha uma das mos aleijada esem movimento. Novamente se deram os inimigos de Jesus por escandalizados, como se um milagre e um ato decaridade ofendessem a Deus.

    Em outro sbado entrou Jesus na sinagoga e ps-se a ensinar. Havia a umhomem com a mo direita atrofiada. Os escribas e fariseus observaram-no, a ver securava em dia de sbado, para acharem motivo de acusao. Jesus, porm, lhes conheciaos pensamentos e disse ao homem com a mo atrofiada: "Levanta-te e passa para omeio!" Levantou-se ele e colocou-se ao meio. Interpelou-os Jesus: "Pergunto-vos se

    permitido fazer bem ou mal em dia de sbado? Salvar uma vida ou deix-la perecer?"Cravou o olhar em todos os que estavam roda, e disse ao homem: "Estende a mo".Estendeu-ae estava restabelecida a mo.

    Fora de si de furor, deliberaram uns com os outros o que fariam a Jesus (Lc. 6,6-11).

    40.Jesus escolhe a sua guarda de honra

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    Resolveu Jesus escolher dentre os seus discpulos doze homens destinados a serem os seus amigos maisntimos e continuar, mais tarde, a pregao do seu Evangelho. Todos eles eram bons, a princpio; mais tarde, umdeles, por culpa prpria, se tornou grande pecador.

    Naqueles dias, subiu Jesus a um monte para orar. E passou a noite toda emorao com Deus. Ao romper do dia, convocou os seus discpulos e escolheu doze entre

    eles, aos quais ps o nome de apstolos: Simo, a quem deu o apelido de Pedro, e seuirmo Andr; Tiago e Joo; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tome; Tiago, filho de Alfeu;Simo, apelidado o Zelador; Judas, irmo de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser oseu traidor (Lc. 6, 12-16).

    41. Quem so os homens felizes aos olhos de Jesus?

    Depois de eleger os seus doze discpulos, sentou-se Jesus numa pedra no meio do relvado e disse ao povoumas coisas to belas e estranhas como nunca ningum ouvira no mundo: chamou felizes a todos aqueles quetrabalham, sofrem, choram, so injuriados, caluniados, perseguidos por causa de Deus, porque, se compreenderem osofrimento recebero grande felicidade.

    Desceu com eles e parou em uma esplanada. Grande nmero de seus discpulose enorme multido de povo de toda a Judeia, de Jerusalm e das regies martimas deTiro e Sidon, tinham afludo para ouvi-lo e serem curados das suas enfermidades.Foram curados os que estavam vexados de espritos impuros. Todo o povo procuravatoc-lo, porque saa dele uma virtude que curava a todos.

    E disse Jesus:Bem-aventurados os pobres pelo esprito, porque deles o reino dos cus.

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    Bem-aventurados os tristes, porque sero consolados.Bem-aventurados os mansos, porque possuiro a terra,Bem-aventurados os que tm fome e sede da justia, porque sero saciadosBem-aventurados os misericordiosos, porque alcanaro misericrdia.Bem-aventurados os puros de corao, porque vero a Deus.

    Bem-aventurados os pacificadores, porque sero chamados filhos de Deus.Bem-aventurados os que sofrem perseguio por causa da justia, porque deles oreino dos cus.

    Bem-aventurados sois vs, quando vos injuriarem e perseguirem e caluniosamentedisserem de vs todo o mal, por minha causa; alegrai-vos e exultai, porque grande a vossarecompensa no cu. Pois do mesmo modo tambm perseguiram aos profetas que antes devs existiram (Mt. 5, 3-12).

    42.A quem que Jesus considera infeliz?

    Infelizes e dignos de compaixo considera Jesus aqueles que s do valor aos bens materiais e no seimportam com os bens espirituais

    . Continuou Jesus, dizendo:Ai de vs, que sois ricos j tendes a vossa consolao. Ai de vs, que estais

    fartossofrereis fome. Ai de vs, que agora rideshaveis de andar com luto e chorar. Aide vs, quando toda a gente vos lisonjear; pois isto mesmo fizeram seus pais para com osfalsos profetas (Lc. 6, 20-26).

    43. "Luz do mundo e sal da terra"

    Depois de falar ao povo em geral, voltou-se Jesus para os seus apstolos e lhes disse o que deviam ser.Usou de duas comparaes to profundas quo encantadoras, dizendo que o apstolo deve iluminar as intelignciascom a luz da verdade, e com o sal da austeridade preservar as almas da corrupo moral. Para comunicar aos outrosessa luz e esse sal deve o apstolo possu-los primeiro em si mesmo, no mais alto grau.

    Disse Jesus aos seus apstolos:Vs sois o sal da terra. Mas, se o sal se desvirtuar, com que se lhe h de restituir a

    virtude? Fica sem prstimo algum; lanado fora e pisado pela gente.Vs sois a luz do mundo. No pode permanecer oculta uma cidade no monte. Nem

    se acende uma luz e se mete debaixo do alqueire, mas, sim, sobre o candelabro para alumiara todos os que esto na casa. Assim tambm brilhe diante dos homens a vossa luz, para quevejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai celeste (Mt. 5, 13-16).

    44. preciso evitar o pecado no s pela rama, mas extirp-lo pela raiz

    Para merecer o ttulo de verdadeiro discpulo de Cristo no basta evitar o ato externo do pecado, mas necessrio evitar tambm o pensamento interno e o desejo voluntrio do mal, porque do interior que nasce oexterior.

    Tendes ouvido que foi dito aos antigos: No matars! E: Quem matar ser ru emjuzo! Eu, porm, vos digo que todo homem que se irar contra seu irmo ser ru em juzo;e quem chamar a seu irmo "insensato" ser ru diante do conselho; e quem o apelidar de"desgraado" ser ru do fogo do inferno. Se, por conseguinte, estiveres ante o altar paraapresentar tua oferenda, e te lembrares de que teu irmo tem queixa de ti, deixa a tuaoferenda ao p do altar e vai reconciliar-te primeiro com teu irmo; e depois vem oferecer oteu sacrifcio.

    No hesites em fazer as pazes com teu adversrio, enquanto estiveres em caminho

    com ele, para que no te v entregar ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial da justia, e sejas

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    lanado ao crcere. Em verdade, te digo que da no sairs enquanto no houveres pago oltimo vintm (Mt. 5, 18-26).

    45.Amar os amigos humanoamar os inimigos divino

    O verdadeiro cristo quer bem aos amigos e aos inimigos, porque todos so filhos de Deus e destinados

    eterna felicidade. Quase toda a inimizade nasce da ignorncia, da fraqueza ou de mal-entendidos; por isso, em face dequalquer ofensa, deve o verdadeiro discpulo de Cristo dizer sempre com o grande Mestre: "Pai, perdoa-lhes, porqueno sabem o que fazem".

    Amai vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; abenoai aos que vosamaldioam e orai pelos que vos caluniam. Se algum te ferir numa face, apresenta-lhetambm a outra; e, se algum te roubar o manto, cede-lhe tambm a tnica. D a quem te

    pede. Se algum levar o que teu, no o reclames. O que quereis que os homens vosfaam, fazei-o tambm a eles. Se s amardes aos que vos amam, que prmio mereceis?Tambm os pecadores tm amor queles de quem so amados. Se s fizerdes bem aosque vos fazem bem, que prmio mereceis? O mesmo fazem os pecadores. Se

    emprestardes s queles de quem esperais receber algo, que prmio mereceis? Tambmos pecadores emprestam uns aos outros para tornar a receber outro tanto. Amai antesvossos inimigos; fazei bem e emprestai sem esperar retribuio. Ento ser grande avossa recompensa e sereis filhos do Altssimo, porque tambm ele benigno para comos ingratos e os maus. Sede, portanto, misericordiosos, assim como vosso Pai misericordioso (Lc. 6, 27-36).

    46.Fase aos outros o que queres que te faam

    O homem mundano to cegado pelo amor-prprio que repara nas faltas do prximo, ainda que pequeninascomo um argueiro, mas no enxerga as faltas prprias, do tamanho duma trave. Um cego assim no pode conduzir osoutros. Assim como um espinheiro no pode produzir uvas, nem de um p de abrolhos podem brotar figos, assim

    tambm no pode um homem interiormente mau produzir obras boas aos olhos de Deus. Todo o valor do homemdepende do seu estado interior e das suas intenes.

    No julgueis, e no sereis julgados; no condeneis, e no sereis condenados;perdoai, e sereis perdoados. Dai, e dar-se-vos-; derramar-vos-o no seio uma boamedida, cheia, recalcada e acogulada; porque, com a medida com que medirdes, medir-vos-o".

    Props-lhes tambm uma parbola: "Poder acaso um cego conduzir a outrocego? No viro ambos a cair num barranco? No est o discpulo acima do mestre;todo aquele que aprender com perfeio iguala-se a seu mestre. Porque vs o argueirono olho de teu irmo, e no enxergas a trave em teu prprio olho? Ou como podes dizer

    a teu irmo: Meu irmo, deixa-me tirar o argueiro de teu olho, e no enxergas a traveem teu prprio olho? Hipcrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e depois vers comotirar o argueiro do olho de teu irmo.

    Nenhuma rvore boa produz frutos maus, e nenhuma rvore m produz frutosbons. Cada rvore se conhece pelo seu fruto peculiar; pois no se colhem figos dosabrolhos, nem se vindimam uvas dos espinheiros. O homem bom tira coisa boa do bomtesouro do seu corao, ao passo que o homem mau tira coisa m do mau tesouro;

    porque da abundncia do corao que a boca fala (Lc. 6, 37-45).

    47. melhor sofrer prejuzo temporal do que eterno

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    Se alguma criatura, por mais querida ou necessria, nos levar ao pecado, melhor separarmo-nos dela doque perdermo-nos com ela.

    Se teu olho direito te for ocasio de pecado, arranca-o e lana-o de ti; porquemelhor te perecer um dos teus rgos do que ser todo o teu corpo lanado ao inferno.E, se tua mo direita te for ocasio de pecado, corta-a e lana-a de ti; porque melhor te

    perecer um dos teus membros do que ir todo o teu corpo para o inferno (Mt. 5, 29-30).

    48. Simou no?

    No se deve jurar nunca. Para o homem honesto, basta uma simples afirmao, uma simples negao.

    Alm disso, ouviste que foi dito aos antigos: No jurars falso! E: Cumprirs oque juraste ao Senhor!

    Eu, porm, vos digo que no jureis de forma alguma; nem pelo cu, porque otrono de Deus; nem pela terra, porque o escabelo dos seus ps, nem por Jerusalm,

    porque a cidade do grande rei; nem jurars por tua cabea, porque no s capaz de

    tornar branco nem preto um s cabelinho. Seja o vosso modo de falar um simples "sim",um simples "no"; o que passa da vem do mal (Mt. 5, 33-37) .

    49.No saiba a mo esquerda o que faz a direita!

    Toda obra boa se torna m quando nascida de motivo desonesto. Todos os nossos atos de culto ou decaridade devem inspirar-se no desejo sincero de agradar a Deus. Embora nem sempre consigamos subtrair-nos publicidade, em caso nenhum devemos praticar o bem para sermos admirados ou elogiados pelos homens. Talinteno tira ao ato o valor moral e o torna imoral.

    Cuidado que no pratiqueis as vossas boas obras diante dos homens, com o fimde serdes vistos por eles. Do contrrio, no tereis merecimento aos olhos de vosso Paiceleste.

    Quando deres esmola, no te ponhas a tocar a trombeta, a exemplo do que fazemos hipcritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pela gente. Em verdade, vosdigo que receberam a sua recompensa. Quando, pois, deres esmola, no saiba a tua moesquerda o que faz a direita, para que tua esmola fique s ocultas; e teu Pai, que v o que oculto, te h de recompensar (Mt. 6, 1-4).

    50. Com os olhos em Deuse no nos homens!

    Deus abomina toda e qualquer ostentao de virtude ou santidade. Nunca devemos orar por motivo devaidade ou vanglria. So boas e meritrias as prticas de piedade e o culto em pblico, quando nascidas da retainteno. Jesus orou tanto s ocultas como em pblico. O que valoriza ou desvaloriza o ato a inteno.

    Quando orardes, no procedais como os hipcritas, que gostam de se exibir nassinagogas e nas esquinas das ruas, fazendo orao a fim de serem vistos pela gente. Emverdade, vos digo que receberam a sua recompensa. Tu, porm, quando orares, entra no teuaposento, fecha a porta, e ora a teu Pai s ocultas; e teu Pai, que v o que oculto, te h derecompensar. Nem faleis muito quando orais, como fazem os gentios, que cuidam seratendidos por causa do muito palavreado.

    No os imiteis! Porque vosso Pai sabe o que haveis mister, antes mesmo de lhopedirdes (Mt. 6, 5-8).

    51.A mais bela das oraes

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    Ensinou Jesus a seus amigos uma linda orao. Nela pedimos tudo que precisamos para a vida espiritual ecorporal; e acima de tudo est a maior glria de Deus. Todas as outras oraes devem ter por norma a que Jesus nosensinou.

    Assim que haveis de orar: Pai nosso, que ests nos cus; santificado seja o teunome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos cus; o po nosso

    de cada dia nos d hoje; perdoa-nos as nossas dvidas, assim como ns perdoamos aosnossos devedores; e no nos induzas em tentao; mas livra-nos do mal...

    Se perdoardes aos homens as faltas deles, tambm vosso Pai celeste vos perdoar asvossas faltas. Se, pelo contrrio, no perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos

    perdoar as vossas faltas (Mt. 6, 5-15).

    52.Pedir beme pedir o que convm!

    Se pedirmos como convm e o que agrada a Deus seremos atendidos. Quando no somos atendidos, ou nopedimos bem, ou Deus previu que o objeto da nossa petio no favorecia a nossa verdadeira felicidade, e ele nosconceder outra coisa em lugar da que pedamos.

    Pedi, e dar-se-vos-; procurai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-. Pois todo o quepede recebe; quem procura acha; e a quem bate abrir-se-lhe-. Haver entre vs quemd a seu filho uma pedra, quando lhe pede um po? Ou quem lhe d uma serpente,quando lhe pede um peixe?

    Se, pois, vs, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto maisvosso Pai celeste dar coisa boa queles que lhe pedirem!

    Tudo que quereis que os homens vos faam, fazei-o tambm a eles; pois nistoque consistem a lei e os profetas (Mt. 7, 7-2) .

    53.Deus amigo de penitentes risonhos

    Assim como Deus aborrece a ostentao e vangloria em matria de piedade e caridade, assim abominatambm o esprito de exibicionismo nas prticas da mortificao e austeridade.

    Quando jejuardes no andeis tristonhos, como os hipcritas, que desfiguram orosto para fazer ver gente que esto jejuando. Em verdade, vos digo que receberam asua recompensa. Tu, porm, quando jejuares, unge a cabea e lava o rosto, para que agente no veja que ests jejuando, mas somente teu Pai, presente ao oculto; e teu Pai,que v o que oculto, te h de recompensar (Mt. 6, 16-18).

    54. Tesouros materiais duram poucotesouros espirituais so eternos

    O homem sensato e cristo pe o maior empenho na aquisio de riquezas espirituais, como as oferece areligio de Cristo, porque so as nicas que podemos levar conosco depois da morte. Das riquezas materiais nem umtomo podemos levar conosco para alm-tmulo.

    No acumuleis para vs tesouros na terra, onde a traa e a ferrugem os destroem,onde os ladres penetram e os roubam. Acumulai para vs tesouros no cu, onde nem atraa nem a ferrugem os destroem, onde os ladres no penetram nem os roubam. Pois,onde est o teu tesouro a tambm est o teu corao (Mt. 6, 19-21).

    55.As avenidas do mundoe as veredas de Deus

    O homem mundano vive larga, gozando, folgando, pecando o homem espiritual vive em disciplina,renunciando, meditando, orando. As largas e cmodas avenidas da vida mundana terminam no abismo da perdio

    temporal e eternaos trilhos estreitos e ngremes da vida crist conduzem s alturas serenas da felicidade, neste ouno outro mundo.

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    Entrai pela porta estreita. Pois larga a porta e espaoso o caminho que conduz perdio e so muitos os que o trilham. Quo apertada a porta e quo estreito ocaminho que conduz vida!e poucos so os que acertam com ele (Mt. 7, 13-14).

    56. Lobos em pele de ovelhaCuidado com certos mestres e amigos que, com palavras melfluas e atitudes humildes, vos levam ao

    abismo da desgraa. Examinai-lhes a vida particular e vede se eles vivem de fato conforme as suas palavras ou no.

    Cuidado com os falsos profetas que se vos apresentam em pele de ovelha, mas pordentro so lobos roubadores! Pelos seus frutos que os conhecereis. Colhem-se, porventura,uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda rvore boa d frutos bons, e todarvore m d frutos maus, No pode a rvore boa produzir frutos maus, nem a rvore m

    pode produzir frutos bons. Toda rvore que no produzir bons frutos ser cortada e lanadaao fogo. Pelos seus frutos, pois, que os conhecereis (Mt. 7, 15-20).

    57. Obrase no palavras!Deus julgar os homens, no segundo as belas palavras que houverem proferido, mas segundo os atos reais

    que tiverem praticado. O amor de Deus manifesta-se pela observncia dos seus mandamentos.

    Nem todo aquele que me disser: Senhor! Senhor! Entrar no reino do cu; massomente aquele que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse, sim, entrar no reino do cu.

    Naquele dia, muitos me diro: Senhor! Senhor! Pois no profetizamos em teu nome, e emteu nome expulsamos demnios, e em teu nome fizemos tantos milagres? Eu, porm, lhesdirei: No vos conheci jamais, apartai-vos de mim, malfeitores (Mt. 7, 21-23).

    58. Edifcio sobre a areiaou sobre rochedo?

    Quem apenas ouve a palavra de Deus, mas no a toma como norma da vida prtica, edifica a sua vidaespiritual sobre areal movedio e no tardar a presenciar a runa desse edifcio. Mas quem vive a sua f levanta a suacasa sobre a solidez dum rochedo inabalvel.

    Por que que me chamais: Senhor! Senhor! E no fazeis o que digo? Mostrar-vos-eicom quem se parece aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pe em prtica:

    parece-se com um homem que foi edificar uma casa: cavou bem fundo e assentou osalicerces sobre rocha. Vieram as enchentes, e as guas deram de rijo contra essa casa; masno conseguiram abal-la, porque estava construda sobre rocha. Quem, pelo contrrio,ouve as minhas palavras, mas no as pratica, esse se assemelha a um homem que edificou asua casa sobre a terra e sem alicerces; logo ao primeiro embate das guas, desabou e ruiu

    por terra com grande fragor (Lc. 6, 4-49).

    59. O que um oficial romano pensava de Jesus

    Um oficial romano, pago, comandante da guarnio de Cafarnaum, tinha em casa um servo doente. Foi tercom Jesus, cientificando-o do fato. Quando Jesus estava perto da casa, o oficial pediu-lhe que apelasse para o Verbo,isto , o Esprito Divino nele encarnado, e certamente a doena sairia do corpo do rapaz, porque todas as molstiasobedeciam a Jesus assim como os soldados da guarnio obedeciam ao comandante. Jesus ficou encantado com a fviva desse oficial gentio e elogiou-o diante de toda a gente.

    Depois de terminar as suas palavras ao povo atento, dirigiu-se Jesus aCafarnaum. L estava mortalmente enfermo, o servo de um centurio, muito querido dele.

    Quando teve notcia de Jesus, mandou-lhe pedir, por intermdio de ancios judeus, queviesse curar-lhe o servo. Foram eles ter com Jesus e rogaram-lhe encarecidamente: Ele bem

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    merece que lhe prestes esse favor; porque quer bem ao nosso povo e edificou-nos asinagoga.

    Foi Jesus com eles. Quando j no vinha longe da casa, mandou-lhe o centuriodizer por uns amigos: "No te incomodes, Senhor; pois eu no sou digno de que entres sobo meu teto; por esta razo tambm no me julguei digno de vir tua presena. Fala to

    somente ao Verbo, e ser curado meu servo. Tambm eu, embora sujeito a outrem, digo aum dos soldados que tenho s minhas ordens: vai acol! E ele vai; e a outro: vem c! E elevem; e a meu servo: faze isto! E ele o faz".

    Ouvindo isto, Jesus admirou-se dele, e, voltando-se para os que o acompanhavam,disse: "Em verdade, vos digo que no encontrei to grande f em Israel!"

    De volta para casa, os mensageiros encontraram de sade o servo que estiveradoente. (Lc. 7, 1-10).

    Centu r io romano. Um deles, ainda que pago, teve tanta conf iana no poder de Jesus, que lhe pediuque curasse um servo doente, mesmo de longe. E Jesus louvou a fviva desse of ici al(captulo 59).

    60. Um jovem ressuscitado porta do cemitrio

    Levavam a enterrar o corpo frio de um rapaz. E atrs do cadver andava a pobre me, viva, chorando amorte do filho nico. Jesus teve pena dela e deu ordem ao defunto para que se levantasse e logo ele se levantouvivo vista de todos. E Jesus o restituiu me.

    Seguiu Jesus viagem e chegou a uma cidade por nome Naim. Vinha em companhiados seus discpulos e numeroso povo. Ao aproximar-se da porta da cidade, levavam parafora um defunto, filho nico de uma mulher que era viva; muita gente da cidade vinhacom ela. Vendo-a o Senhor, teve pena dela, e disse-lhe: "No chores". Aproximou-se etocou no fretro, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: "Moo, eu te ordeno,levanta-te!" Sentou-se o que estivera morto e comeou a falar. E Jesus restituiu-o suame.

    Aterraram-se todos e glorificaram a Deus, dizendo: "Apareceu entre ns umgrande profeta, e Deus visitou seu povo".

    Correu a notcia deste fato por toda a Judeia e arredores (Lc. 7, 11-17).

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    Jesus ressuscita jovem. (Captulo 60)

    61. O homem que no era nenhum canio agitado pelo vento

    Jesus elogia diante de todo o povo o carter firme de Joo Batista, que no se dobra aos caprichos dospoderosos e prefere sofrer e morrer a faltar ao seu dever de precursor de Cristo.

    Comeou Jesus a falar s turbas, a respeito de Joo, dizendo: "Por que sastes aodeserto? Para ver um canio agitado pelo vento? Por que sastes? Para ver um homemem roupas delicadas? No, os que vestem roupas delicadas e vivem com luxo seencontram nos palcios dos reis. Por que sastes, pois? Para ver um profeta? Sim, digo-

    vos eu, e mais que profeta; porque este de que est escrito: Eis que envio a preceder-teo meu arauto a fim de preparar o caminho diante de ti! Declaro-vos que entre os filhosde mulher no h profeta maior do que Joo Batista; e, no entanto, o menor reino deDeus maior que ele".

    Toda a gente, que o ouvia, como tambm os publicanos, reconheceram a justiade Deus e receberam o batismo de Joo; ao passo que os fariseus e doutores da leidesprezaram os desgnios de Deus, e no se fizeram batizar por ele (Lc. 7, 24-30).

    62. Uma pecadora convertida lava os ps de Jesus com as suas lgrimas e enxuga-oscom a sua cabeleira

    Estava Jesus jantando em casa dum fariseu, quando entrou, de improviso, uma jovem que tinha sido grandepecadora, mas se convertera com a pregao de Jesus. Para provar ao Mestre a sua grande gratido prostrou-se aosps dele, desfeita em pranto. O dono da casa escandalizou-se com esta liberdade da mulher e a tolerncia de Jesus.Jesus, porm, mostrou ao fariseu que essa mulher era mais santa do que ele.

    Certo fariseu pediu a Jesus que fosse comer sua casa. Dirigiu-se, pois, casado fariseu e sentou-se mesa.

    Ora, vivia na cidade uma mulher pecadora. Sabendo que ele estava mesa emcasa do fariseu, veio com um vaso de alabastro cheio de blsamo, e colocou-se,chorando, por detrs de seus ps. Banhou-lhe os ps com suas lgrimas e enxugou-oscom os cabelos da sua cabea. Beijou-lhe os ps e ungiu-os com o blsamo.

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    vista disso, o fariseu que o convidara pensou de si para si: "Se esse homemfosse profeta, bem saberia quem essa mulher que o toca e de que qualidade uma

    pecadora"."Simodisse-lhe Jesustenho a dizer-te uma coisa."Fala Mestre"tornou aquele.

    "Certo credor tinha dois devedores. Um devia-lhe quinhentos denrios, o outrocinquenta. Mas, no tendo eles com que pagar, perdoou-lhes ele a dvida a um e outro.Quem deles lhe ter maior amor?"

    Respondeu Simo: "Aquele, julgo, a quem mais perdoou"."Julgaste bem"disse-lhe Jesus. Em seguida, voltando-se para a mulher, disse

    a Simo: "Vs esta mulher? Entrei em tua casa, e no me deste gua para os ps; ela,porm, banhou-me os ps com suas lgrimas e enxugou-os com seus cabelos. No medeste o beijo; ela, porm, no cessou de beijar-me os ps, desde que entrou. No meungiste a cabea com leo; ela, porm, ungiu-me os ps com blsamo. Pelo que te digoque lhe so perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; ao passo que aquem menos se perdoa pouco ama". E disse a ela: "Os teus pecados te so perdoados"

    Ao que os seus companheiros de mesa pensaram de si para si: "Quem este queat perdoa pecados?"

    Ele, porm, disse mulher: "A tua f te salvou; vai-te em paz" (Lc. 7, 36-50).

    63.Histria de uns grozinhos de trigo

    Acontece s palavras de Jesus o que acontece aos grozinhos de trigo que um semeador lana terra: unsencontram terreno bom, outros ruim. A religio de Jesus sempre a mesma, mas os terrenos em que ela cai, isto , oscoraes humanos, no so todos iguais; por isso, alguns homens aproveitam as palavras divinas, e outros no.

    Como tivesse afludo numerosa multido de povo, e cidades acudissem a Jesus,pressurosos, passou ele a propor a seguinte parbola:

    "Saiu um semeador a semear o seu gro. E, ao lanar a semente, parte caiu beira do caminho, e foi pisada aos ps e comeram-na as aves do cu. Outra caiu em solopedregoso, nasceu, mas secou por falta de umidade. Outra caiu entre os espinhos, e osespinhos cresceram com ela e sufocaram-na. Outra ainda caiu em bom terreno, nasceu edeu fruto a cem por um". Dito isto, exclamou: "Quem tem ouvidos, oua!"

    Perguntaram-lhe ento os discpulos o que significava esta parbola. RespondeuJesus: "A vs dado compreender os mistrios do reino de Deus ao passo que aosoutros s se lhes fala em parbolas, para que, de olhos abertos, no vejam, e, de ouvidosabertos, no compreendam. O sentido da parbola este: A semente a palavra de DeusEst beira do caminho nos que a ouvem; mas logo vem o demnio e tira-lhes a palavra

    do corao para que no creiam nem se salvem. Est em solo pedregoso nos queescutam a palavra e a recebem com alegria, mas no tem razes, creem por algumtempo, e no tempo da tentao tornam atrs. Est entre espinhos nos que a ouvem, masvo sufoc-la por entre os cuidados, as riquezas e os prazeres da vida, e no chegam adar fruto. Est em terreno bom nos que escutam a palavra, a guardam em corao dcil e

    bom e do fruto com perseverana" (Lc. 8, 4-15).

    64.A sementeira cresce silenciosa, de dia e de noite

    Depois de semear o seu Evangelho, Jesus o deixa crescer at ao fim do mundo, e o Evangelho crescesempre, porque h dentro da religio de Jesus Cristo uma fora muito grande e mais misteriosa que a vida dentro dumgrozinho que brota, cresce, floresce e frutifica.

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    Disse ainda Jesus: "D-se com o reino dos cus o que acontece ao homem que deitaa semente ao campo. Durma ou vigie, de dia e de noite, a semente vai germinando ecrescendo sem que ele o perceba. De si mesma que a terra produz, primeiro o p da planta,depois a espiga, e, por fim, o gro cheio dentro da espiga. E, mal aparece o fruto, logo lhemete a foice, pois chegado o tempo da colheita" (Mt. 4, 26-29).

    65.Erva daninha no meio da plantao

    Assim como no meio dum trigal h muita erva daninha, s vezes bem parecida com o trigo, assim vivemtambm na igreja de Jesus muitos cristos que por fora parecem bons, mas por dentro so maus. Mas Deus pacientee deixa viver os bons e os maus. S no fim do mundo que ele far a grande e eterna separao.

    Props-lhes Jesus ainda outra parbola: "O reino dos cus semelhante a umhomem que semeou boa semente no seu campo. Mas, quando a gente dormia, veio seuinimigo e semeou joio (1) no meio do trigo; e foi-se embora. Quando, pois, cresceu asemente e comeou a espigar, apareceu tambm o joio. Chegaram-se ento os servos aodono da casa e lhe perguntaram: "Senhor, no semeaste boa semente no teu campo? Donde

    lhe vem, pois, o joio?"Foi o inimigo que fez istorespondeu-lhes ele.Perguntaram-lhe os servos: Queres que vamos eo arranquemos?

    Noreplicou elepara que no suceda que, arrancando o joio, arranqueis comele tambm o trigo. Deixai crescer um e outro at a colheita; eno tempo da colheita direiaos ceifadores: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; o trigo, porm,recolhei-o no meu celeiro".

    ----(1) O joio, antes de espigar, no se distingue do trigo.

    Em seguida, despediu o povo e foi para casa. Ento se chegaram a ele os seusdiscpulos com este pedido: "Explica-nos a parbola do joio no campo".

    Respondeu-lhes Jesus: "Quem semeia a boa semente o Filho do homem. Ocampo o mundo; a boa semente so os filhos do reino; o joio so os filhos do mal, oinimigo que o semeou o diabo; a colheita o fim do mundo; os ceifadores so osanjos. Do mesmo modo que o joio se recolhe e se queima no fogo, assim h de tambmacontecer no fim do mundo. O Filho do homem enviar seus anjos, que reuniro do seureino todos os sedutores e malfeitores, lanando-os fornalha de fogo; a haver choro eranger de dentes. Ento os justos resplandecero como o sol, no reino de seu Pai.

    Quem tem ouvidos, oua!(Mt. 13, 24-30; 36-43).

    66. Vamos procura do tesouro misterioso!

    O homem que encontra no fundo da terra uma caixa cheia de ouro d por bem empregado todos os seustrabalhos e nenhum sacrifcio demasiado grande quando se trata de conhecer a religio de Jesus Cristo, que tesouro infinitamente precioso.

    O reino dos cus semelhante a um tesouro oculto num campo. Um homemdescobriu esse tesouro, escondido, vendeu tudo que possua e comprou aquele campo(Mt. 13 44).

    67.Pescadores de prolas preciosas

    Quando algum, mesmo com perigo de vida, encontra no fundo do mar uma conchinha com uma dessasprolas de lei que valem uma fortuna julga-se um homem felizmais feliz ainda aquele que encontra o reino de

    Deus, que vale infinitamente mais, que todas as prolas do mundo.

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    O reino do cu semelhante a um negociante que procurava prolas preciosas.Descobriu uma prola de grande valor, foi vender tudo que possua e a comprou (Mt. 1345-46).

    68.Peixinhos de Cristo na rede do Evangelho

    Os apstolos e missionrios so pescadores de Jesus que lanam a rede divina do Evangelho, a fim deapanhar almas para o reino de Deus.

    Disse Jesus: "O reino dos cus ainda semelhante a uma rede de pescar, que foilanada ao mar e colheu peixes de toda espcie. Quando cheia, os homens puxaram-na

    praia, e, sentando-se, recolheram os bons em vasos e deitaram fora os maus. Assim hde tambm acontecer no fim do mundo: sairo os anjos e separaro os maus do meiodos justos, lanando-os fornalha do fogo; a haver choro e ranger de dentes.

    Compreendestes tudo isto?""Compreendemos"responderam eles.Disse-lhes Jesus: "Pelo que todo mestre instrudo na doutrina do reino do cu se

    parece com um pai de famlia que tira do seu cofre coisas novas e coisas velhas" (Mt.13, 49-52).

    69. Contra Jesus nada podem ventos nem mares

    J estavam Jesus e seus apstolos no meio do lago de Genesar, quando desabou sobre elesfurioso temporal. Jesus dormia de cansado, mas ao mesmo tempo sabia de tudo. Os apstolos gritavam demedo, pensando que iam todos a pique. Levantou-se Jesus, censurou a falta de confiana dos discpulos e,com uma simples ordem, acalmou num instante a terrvel tempestade. que todas as coisas obedecem aoCristo.

    Certo dia, entrou Jesus num barco, em companhia dos seus discpulos, e disse-lhes: "Passemos outra banda do lago". Partiram. Durante a travessia Jesus adormeceu.Desabou ento uma tormenta sobre o lago, de maneira que eles ficaram cobertos dasvagas e corriam perigo. Chegaram-se a ele e despertaram-no aos brados: "Mestre!Mestre! Vamos a pique!" Levantou-se Jesus e deu ordem ao vento e s guas revoltas.Acalmaram-se e fez-se uma grande bonana. Disse ento aos discpulos: "Que davossa f?"

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    Aterrados e cheios de admirao, diziam uns aos outros: "Quem este quemanda aos ventos e s guas, e eles lhe obedecem?" (Lc. 8, 22-25).

    70. Um bando de demnios sai dum homem e entra numa manada de porcos

    Encontrou Jesus um pobre homem possesso de milhares de espritos maus. Expulsou os demnios,que logo se apoderaram duns porcos e os afogaram nas guas dum lago. O homem ficou curado e todo o povose encheu de assombro.

    Aproaram para o pas dos gerasenos, que fica fronteiro Galileia. Mal tinhaJesus saltado terra, quando lhe veio ao encontro um homem da cidade possesso dedemnios. Havia muito tempo que no vestia roupa, nem habitava em casa, mas nossepulcros. Assim que avistou a Jesus, prostrou-se diante dele com este grito estridente:"Que temos ns contigo, Jesus, Filho do Altssimo? Rogo-te que no me atormentes!" que Jesus ordenava ao esprito impuro que sasse do homem. Desde largo tempo o tinhaem seu poder. Haviam-no j trazido preso, ligado de ps e mos; mas ele rompia osliames e era impelido ao deserto pelo esprito maligno.

    "Como teu nome?"perguntou-lhe Jesus."Legio" respondeu ele; porque eram muitos os demnios que nele tinham

    entrado. Pediram-lhe estes que no os mandasse para o abismo.Ora, andava pastando perto, no monte, uma grande manada de porcos. Rogaram-

    lhe que lhes permitisse entrar neles. Jesus permitiu-lho. Saram, pois, do homem osespritos malignos e entraram nos porcos; e a manada precipitou-se monte abaixo paradentro do lago, onde se afogou.

    Vendo os pastores o que acabava de acontecer, fugiram e contaram o caso nacidade e no campo. Saiu a gente, para ver o que tinha sucedido. Foram ter com Jesus eencontraram, sentado a seus ps, vestido e de juzo, o homem do qual tinham sado osespritos malignos. Encheram-se de terror. Os que tinham presenciado o fato foramcontar-lhes como o possesso fora curado. Ao que toda a populao do pas dosgerasenos lhe rogou que se retirasse do meio deles; porque estavam transidos de grandeterror.

    Embarcou, pois, Jesus e regressou. O homem de quem tinham sado os espritosmalignos solicitou-lhe a permisso de ir com ele; Jesus, porm, o despediu com as palavras:"Volta para casa e conta que grandes coisas te fez Deus". Retirou-se ele e foi apregoandoem toda a cidade o quanto lhe fizera Jesus (Lc. 8, 26-39).

    71.Jesus cura uma mulher desenganada dos mdicos e ressuscita da morte uma menina

    Um homem rico e poderoso pediu a Jesus que lhe curasse uma filhinha que estava a morrer. Enquanto Jesus

    ia casa do homem, veio uma mulher atacada dum mal que nenhum mdico podia curar; tocou na ponta do manto deJesus e ficou logo curada. Depois entrou Jesus em casa da menina, que acabava de morrer, e deu ordem para selevantare ela logo se levantou viva e de perfeita sade.

    volta foi Jesus recebido com alvoroo pelas massas populares; porque todosestavam sua espera. Veio ento um homem de nome Jairo, chefe da sinagoga; prostrou-seaos ps de Jesus, suplicando-lhe viesse sua casa; porque sua filha nica, de uns doze anos,estava a morrer.

    De caminho para l apertavam-no as multides. Achava-se a uma mulher que,havia doze anos, sofria dum fluxo de sangue; gastara com os mdicos toda a sua fortuna,sem encontrar quem a pudesse curar. Chegou-se ela a Jesus pordetrs e tocou-lhe numadas borlas do mantoe no mesmo instante cessou o fluxo de sangue.

    Jesus, porm, insistiu: "Algum me tocou; senti que saiu de mim uma fora".

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    Vendo a mulher que no passara despercebida, veio, toda trmula, prostrou-se-lhe aos ps e declarou perante todo o povo por que o tocara e como imediatamenteficara curada. Disse-lhe Jesus: "Minha filha, a tua f te curou; vai-te em paz".

    Ainda no acabara de falar, quando veio algum da casa do chefe da sinagogacom o recado: "Tua filha acaba de morrer; no incomodes mais o Mestre". OuvindoJesus estas palavras, disse-lhe: "No temas; s teres f, e ela ser salva".

    Chegando casa, no permitiu que algum entrasse com ele, afora Pedro, Tiago

    e Joo, como tambm o pai e a me da menina. Todos choravam e lamentavam. Jesus,porm, disse: "No choreis! A menina no est morta, dorme apenas". Riram-se dele,porque sabiam que ela estava morta. Ento Jesus a tomou pela mo e bradou: "Menina,levanta-te! Nisto voltou-lhe o esprito, e ela se levantou imediatamente. Mandou quelhe dessem de comer. Os pais estavam fora de si de assombro. Jesus, porm, ordenouque a ningum falassem do ocorrido (Lc. 8, 40-56).

    72. To grande a messee to poucos os operrios!

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    Quando Jesus viu em derredor milhares de homens que precisavam de instruo religiosa, e apenas umgrupinho de apstolos para os ensinar, comparou aquele mundo de almas a um campo coberto de trigo, e os seusdiscpulos com uma dzia de trabalhadores, que no podiam dar conta do servio.

    Ia Jesus percorrendo todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas,

    pregando o Evangelho do reino e c