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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM GEOGRAFIA MIRIAM RODRIGUES FERREIRA O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO AQÜÍFERO, SEGUNDO O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE Aquidauana-MS 2008 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp062463.pdf · O Aqüífero Guarani é um importante manancial de águas subterrâneas. Atualmente

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

    MESTRADO EM GEOGRAFIA

    MIRIAM RODRIGUES FERREIRA

    O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA

    AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO AQÜÍFERO, SEGUNDO

    O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE

    Aquidauana-MS

    2008

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  • MIRIAM RODRIGUES FERREIRA

    O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISTEMA

    AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO AQÜÍFERO, SEGUNDO

    O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE

    Dissertação apresentada ao Programa dePós Graduação do Mestrado emGeografia da Universidade Federal deMato Grosso do Sul, campus deAquidauana, como requisito paraobtenção do título de Mestre emGeografia, sob a orientação do ProfessorDr. Manoel Rebêlo Júnior.

    Aquidauana-MS

    2008

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  • Ferreira, Miriam RodriguesF383p O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento

    Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani e o uso do aqüífero ,segundo o interesse mundial pela água doce. Miriam RodriguesFerreira. – Mato Grosso do Sul: UFMS, 2008.

    135 f.

    Orientador: Dr. Manoel Rebêlo JúniorDissertação de Mestrado (Mestrado em Geografia)

    Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.Bibliografia: 118 f.

    1. Aqüífero Guarani. 2. Escassez de água doce. 3. Nova OrdemMundial. I. Ferreira, Miriam Rodrigues. II. Universidade Federal deMato Grosso do Sul.

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  • 1

    MIRIAM RODRIGUES FERREIRA

    O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO

    SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI E O USO DO

    AQÜÍFERO, SEGUNDO O INTERESSE MUNDIAL PELA ÁGUA DOCE

    Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,

    como requisito para a obtenção do título de Mestre em Geografia.

    Banca Examinadora

    Orientador Prof. Dr. Manoel Rebêlo JúniorUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul

    Profª. Doutora Silvana AbreuUniversidade Federal da Grande Dourados

    Profª. Doutora Silvia Helena Andrade de BritoUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul

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  • 2

    Dedico este trabalho ao meu esposo

    Petrônio, que tanto amo, por sempre ter

    um gesto de carinho e incansável apoio

    em todos os momentos; aos meus

    familiares e, em especial nossas crianças

    Robert e Gabriela, aos queridos amigos e

    irmãos .

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  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço primeiramente a Deus, por permitir atingir mais esta meta louvável na

    minha vida.

    Ao meu querido marido, sempre presente lembrando que sou capaz.

    Ao meu orientador, Prof° Doutor Manoel Rebêlo Júnior, que nos momentos de

    dificuldade agiu como um amigo paciente dando-me encorajamento e incentivo; por

    ter uma postura ética e exemplar na carreira profissional, o que influenciou a minha

    formação acadêmica e profissional.

    Aos meus familiares, amigos e a todos aqueles que de alguma forma me apoiaram

    nesta etapa da minha vida.

    Aos profissionais que cederam informações necessárias à concretização desta

    pesquisa.

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  • RESUMO

    O Aqüífero Guarani é um importante manancial de águas subterrâneas. Atualmentea discussão sobre a crise de escassez de água doce tem exaltado a importância dereservas como o Guarani. O discurso ambiental surgiu como resposta aoquestionamento dos países ditos subdesenvolvidos na época à ordem econômicavigente na década de setenta. Da mesma forma, ocorre com o discurso de escassezde água doce: ele surgiu como justificativa para mercantilização da água. O Projetode Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema AqüíferoGuarani, desde a sua concepção e desenvolvimento, mostra controvérsiasquestionáveis à luz do que se concebe em relação à água enquanto bemeconômico. As idéias privatistas atendem aos interesses do capital, que nestacircunstância, aparecem sob a roupagem de grandes corporações e vêem na águafonte de lucros e de enriquecimento privado, seja pela água engarrafada ou serviçosde água. Os Senhores da Água, grandes corporações e multinacionais, que atuamno setor da água, estão aglutinados em organizações como o Conselho Mundial daÁgua e defendem-na como mercadoria. Os mesmos grupos que iniciaram adiscussão ambiental na década de setenta em busca de uma Nova Ordem Mundialsão os que têm dado relevância e sustentação ao discurso da crise de escassez deágua doce idéia que se desenvolveu durante as últimas décadas.

    Palavras-chaves: Aqüífero Guarani, Senhores da Água, escassez de água doce,multinacional, Nova Ordem Mundial, ideologia.

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  • RESUMEN

    El Acuífero Guaraní es un importante manantial de aguas subterráneas. Actualmentela discusión sobre la crisis de agua dulce ha exaltado la importancia de reservascomo el Guaraní. El discurso ambiental surgió como respuesta al cuestionamientode los países dichos subdesarrollados en aquella época y al orden económicovigente en la década de setenta. Lo mismo se pasa al discurso de escasez de aguadulce: él surgió como justificativa para su mercantilización. El Proyecto de ProtecciónAmbiental y Desarrollo Sostenible del Sistema Acuífero Guaraní, desde suconcepción y desarrollo, muestra controversias cuestionables a la luz de lo que seconcibe en relación al agua como bien económico. Las ideas privatistas atienden alos intereses del capital, el que, en estas circunstancias, se asoman por medio degrandes corporaciones y ven en el agua una fuente de ganancias y deenriquecimiento privado, sea por el agua embotellada o servicios. Los Señores delAgua, grandes corporaciones y multinacionales, que actúan en este sector, estánunidos en organizaciones como el Consejo Mundial del Agua y la defienden comomercancía. Los mismos grupos que empezaron la discusión ambiental en la décadade setenta rumbo a un Nuevo Orden Mundial son los que han dado significación ysustentación al discurso de la crisis de escasez del agua dulce, idea que se hadesarrollado a lo largo de las últimas décadas.

    Palabras clave: Acuífero Guaraní, Señores del Agua, escasez de agua dulce,multinacional, Nuevo Orden Mundial, ideología.

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  • SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ............................................................................................................1

    1 O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO

    SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI....................................4

    1.1 Concepção do projeto e instituições envolvidas...............................................4

    1.2 A Estrutura do Projeto ......................................................................................8

    1.2.1 Matriz lógica do projeto – objetivos e Programa Operativo do GEF...............14

    1.2.2 Componentes e respectivos subcomponentes...............................................17

    1.2.2.1 Componente I – Avaliação e consolidação da base de conhecimento

    cientifico e técnico sobre o Sistema Aqüífero Guarani ...................................19

    1.2.2.2 Componente II – Desenvolvimento e instrumentação conjunta de um Modelo

    de Gestão para o Sistema Aqüífero Guarani..................................................25

    1.2.2.3 Componente III – Fomento à participação pública e aqueles interessados, à

    comunicação social e à educação ambiental .................................................33

    1.2.2.4 Componente IV – Acompanhamento, avaliação e divulgação dos resultados

    do projeto .......................................................................................................36

    1.2.2.5 Componente V – Desenvolvimento de medidas para a gestão e mediação

    das “áreas críticas identificadas” (“Hot Spots” ou Piloto)...............................37

    1.2.2.6 Componente VI – Avaliação do Potencial de Energia Geotérmica ...............42

    1.2.2.7 Componente VII – Coordenação e administração do projeto........................43

    2 O AQÜÍFERO GUARANI................................................................................45

    2.1 Origem, denominação e as principais características do aqüífero .................45

    2.2 Localização e distribuição da área do aqüífero ..............................................49

    2.3 A distribuição de água no globo terrestre .......................................................53

    3 “CRISE DE ESCASSEZ DE ÁGUA DOCE” OU APROPRIAÇÃO POR NOVAS

    FONTES DE ÁGUA DOCE? ..........................................................................55

    3.1 Início e consolidação da “crise ambiental”......................................................58

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  • 1

    3.1.1 Ambientalismo enquanto ideologia e contexto da “Nova Ordem Mundial” .....69

    3.2 O discurso da “escassez de água doce” ........................................................78

    3.2.1 As oligarquias da água e o processo de mercantilização da água doce - um

    processo de conquista do capital ...................................................................92

    3.2.1.1 Organismos multilaterais.........................................................................93

    3.2.1.2 Imperialismo e os “Senhores da Água” ...................................................99

    3.2.1.3 O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do

    SAG...............................................................................................................105

    3.3 “As veias abertas do Aqüífero Guarani” .......................................................111

    CONCLUSÃO .........................................................................................................115

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................118

    ANEXOS .................................................................................................................123

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  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - Organograma ........................................................................................11

    FIGURA 2 - Representação esquemática do Aqüífero Guarani................................48

    FIGURA 3 - Divisão geográfica do Aqüífero Guarani ................................................50

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 – Distribuição geográfica do Aqüífero Guarani no Brasil conforme a

    distribuição por Estado e indicadores selecionados conforme

    ocorrência do aqüífero.............................................................................51

    TABELA 2 – Principais Conferências sobre a água no período de 1997 a 2000 .....84

    TABELA 3 – Principais Declarações sobre a água na década de noventa .............85

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  • LISTA DE SIGLAS

    ADT - Análise de Diagnóstico Transfronteiriço

    ANA - Agência Nacional de Águas

    BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial)

    BGR - Bundesanstalt fuer Geowissenschaften und Rohstoffe - Instituto Federal de

    Geociências e Recursos Naturais (Serviço Geológico Alemão)

    BGR/PY- Programa de Cooperação do Governo Paraguaio e o Serviço Geológico da

    Alemanha

    BNWPP- World Bank-Netherlands Water Partnership Program - Programa de

    Recursos Hídricos do Banco Mundial e o Governo do Reino Unido dos Países

    Baixos

    CAS - Country Assistance Strategy (Meta Setorial do Banco Mundial)

    CIDA- Agência de Desenvolvimento Internacional Canadense

    CMA (WWA) - Conselho Mundial da Àgua

    CMMAD - Comissão Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento

    CN - Conselhos Nacionais

    CSDP - Conselho Superior de Direção do Projeto

    EPI - Estratégia para os Povos Indígenas

    FMI - Fundo Monetário Internacional

    GEF (FMMA) - Global Environmental Facility (Fundo Mundial para o Meio Ambiente).

    GWP - Global Water Partnership (Rede de Parceiros da Água)

    RIOC - Rede Internacional de Organismos de Bacia

    MAR - Marco Asignácion de Recursos

    MERCOSUL - Mercado Comum do Cone Sul

    OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

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  • OEA - Organização dos Estados Americanos

    OIEA - Organização Internacional de Energia Atômica

    OMC - Organização Mundial do Comércio

    ONG - Organização Não-Governamental

    ONU - Organização das Nações Unidas

    OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo

    OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte

    PAD - Project Appraisal Document

    PAE - Programa de Ações Estratégicas

    PIP - Plano de Implementação do Projeto SAG

    PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

    PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

    SAG - Sistema Aqüífero Guarani

    SG - Secretaria Geral

    SISAG - Sistema de Informação Geográfico do Sistema Aqüífero Guarani

    UDSMA / OEA - Unidade de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da OEA

    UNEP - Unidade Nacional de Execução do Projeto

    UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

    WWF - World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natureza)

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  • 1

    INTRODUÇÃO

    A água é um recurso natural e importante à vida do ser humano.

    Com a discussão acerca da questão de escassez de água doce, o potencial

    de fontes como o Aqüífero Guarani ganham cada vez mais importância.

    Ocorre que nas últimas décadas tem-se dado uma conotação econômica à

    inegável importância da água, a qual está saindo da lógica do “direito” para a lógica

    da “necessidade”, igualmente a alguns documentos como “Os Princípios de Dublin e

    a Declaração de Haia” da década de noventa vem destacando. E esse recurso

    renovável e abundante na natureza, assim como o petróleo, foi tragado pelo capital

    que sob a influência das idéias de livre mercado tem transformado a água em

    mercadoria.

    Com a ideologia ambientalista, os problemas ambientais presentes na vida

    das pessoas aparecem como crise, mas na verdade são problemas. Crise é algo

    inerente ao capitalismo, assim como a luta de classes e o enriquecimento privado.

    Ao propagar a crise de escassez de água doce foi a justificativa à tendência

    mercantilista.

    A década de noventa configurou-se na consolidação dessas idéias privatistas

    em relação à água.

    Nesse contexto, o objetivo deste trabalho será investigar a relação que existe

    entre o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema

    Aqüífero Guarani e o uso do aqüífero, segundo o interesse mundial pela água doce.

    Este projeto tem como alvo apoiar os países abrangidos pelo aqüífero na

    elaboração de um Modelo de Gestão para proteção do Sistema Aqüífero Guarani,

    estruturado em sete componentes destaca ser importante a gestão do aqüífero

    aliada à pesquisa técnica e científica.

    Com o discurso de que a água doce vai acabar, o Guarani é assunto cada

    vez mais comum na mídia nos últimos anos, diante disso o papel do

    desenvolvimento sustentável está sendo cumprido. Nunca se falou tanto sobre a

    questão da água doce e, conseqüentemente, sobre o Aqüífero Guarani.

    A partir de uma leitura crítica ao discurso de escassez de água doce, buscar-

    se-á entender como ele ocorre e a sua influência, a partir do questionamento da

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  • 2

    concepção do projeto, em que a idéia de crise aparece como justificativa para

    desenvolver ações voltadas à preservação de fontes como o aqüífero.

    Para isso, parte-se da problemática sobre qual o interesse de organizações

    internacionais têm em pesquisar sobre o SAG e financiar um projeto de US$ 27

    milhões, considerando o crescente interesse mundial por água doce.

    Dado o discurso de escassez de água doce, verifica-se que o interesse por

    novas fontes se dá de forma crescente. A importância de esclarecer essa questão é

    de verificar o que levou o Banco Mundial e a participação de outras organizações

    internacionais financiarem o projeto e os fatores que têm determinado tal interesse, e

    de que forma isso tem sido desenvolvido nos últimos anos.

    A atuação do banco tem sido não só propagar a escassez hídrica, como

    também difundir a maior participação do setor privado enquanto solução aos

    problemas dos países do Sul por meio dos Programas de Ajuste Estrutural e,

    conseqüentemente, a participação mínima do Estado, caracterizando-o como

    burocrático e ineficiente enquanto regulador. Com isso, assiste-se a ascensão

    dessas idéias e a participação cada vez maior do setor privado caracterizado como

    eficiente, em setores até então regulados pelo Estado.

    Por que dar tanta ênfase à questão da água doce na atualidade?

    Qual é a tendência no projeto ou o que o projeto vai definir como “gestão”?

    A metodologia desenvolvida durante o trabalho foi levantar e consultar a

    bibliografia disponível sobre a questão da água, sobre o Aqüífero Guarani, bem

    como documentos que mostram interesse pela água. Também foram levantados e

    consultados textos disponibilizados na Internet sobre o aqüífero, como o próprio

    projeto do Sistema Aqüífero Guarani (conteúdo disponível no site do próprio projeto),

    e textos sobre as organizações internacionais envolvidas. Além de entrevista aberta

    com o técnico Luiz Amore (Secretário Geral do projeto SAG) e com o Professor

    Doutor Ernani F. Rosa Filho; a técnica Adriana Niemeyer, contatada por correio

    eletrônico na ocasião, respondeu pela UNEP Brasil na ausência do Coordenador

    João Bosco.

    A idéia principal foi dividida em partes para facilitar sua compreensão.

    Na primeira parte será apresentado o Projeto de Proteção Ambiental e

    Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani em si, bem como sua

    estrutura e a organização institucional internacional que tem atuado junto aos quatro

    países envolvidos no projeto. O projeto foi iniciativa da Universidade Federal do

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  • 3

    Paraná, mas ao necessitar ampliar as pesquisas, foi necessário mais recursos

    financeiros e com isso, ao ser apresentado ao governo brasileiro, não houve apoio;

    portanto, com base no material consultado inicialmente, o projeto SAG não foi

    política pública do governo brasileiro, mas ao ser apresentada a proposta às

    organizações internacionais, o Banco Mundial mostrou interesse em financiar o

    projeto junto ao GEF (Fundo Mundial para o Meio Ambiente). Com o envolvimento

    do banco e da OEA como executora do projeto, este mudou do foco técnico -

    cientifico para o enfoque de gestão do aqüífero, considerado um passo importante

    na preservação do mesmo. Portanto, verifica-se que aparentemente existem

    controvérsias em relação ao projeto, desde a sua concepção.

    Na segunda parte será apresentado o Aqüífero Guarani: suas características

    físicas, localização geográfica e sua relevância em relação aos paises abrangidos

    por ele. A mídia veiculou intensamente que o Guarani seria o maior reservatório de

    água doce do mundo, e que poderia futuramente ser uma estratégica reserva de

    água e solução em tempos de “escassez”. Mas o problema da água doce é a

    crescente poluição dos rios e das águas subterrâneas. Ainda assim é relevante

    explicar que este grande reservatório demorou bilhões de anos para ser formado,

    constituindo-se numa imensa rocha porosa e as águas das chuvas foram-se

    alojando por entre esses poros e através das áreas de carga e recarga tal processo

    se renova desde então. As pesquisas existentes constataram que em algumas

    partes do Guarani esta água é salina e até salgada, ou que possuem minerais os

    quais não torna a referida água adequada ao consumo humano.

    Já no terceiro capítulo será analisado no contexto da discussão do

    ambientalismo, o discurso de escassez de água doce e se isso irá influenciar nas

    tendências de idéia de gestão do aqüífero. A privatização de serviços e a

    mercantilização da água doce em garrafas são tendências crescentes e reais, não

    precisa necessariamente “tomar posse de um bem” para explorar o que há nele. Ao

    conseguir concessão de se furar poços, seria uma autorização ou licenciamento

    então se usa daquele recurso da forma que quiser dependendo da legislação local.

    No capitalismo não é necessário se apropriar de um território (no sentido de chão)

    para se apropriar do que ele possui em ternos de recursos naturais.

    Ainda que haja muitas análises sobre a questão do Aqüífero Guarani e sobre

    a questão da escassez de água doce, existem lacunas nessa questão que

    necessitam de uma melhor clareza.

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  • 4

    1 O PROJETO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO

    SUSTENTÁVEL DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI

    1.1 Concepção do projeto e instituições envolvidas

    O Aqüífero Guarani é considerado um importante manancial de águas

    subterrâneas e abrange quatro países da América do Sul: a Argentina, o Paraguai, o

    Uruguai e o Brasil. Devido à sua importância, os governos desses países (...)

    lançaram as bases para o desenvolvimento conjunto de um projeto de Proteção

    Ambiental e Gestão Sustentável do SAG. Antes de ser encaminhada pelos governos

    dos países citados acima, foi uma proposta inicialmente elaborada pelos

    pesquisadores do Laboratório de Pesquisas Hidrogeológicas (LPH) da Universidade

    Federal do Paraná; porém no decorrer do tempo, foram feitas alterações e

    submetida à aprovação do Global Environmental Facility - Fundo Mundial para o

    Meio Ambiente (GEF). 1

    Orçado em aproximadamente US$ 27,00 milhões, o Projeto de Proteção

    Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani foi assinado

    em maio de 2003 no Uruguai em Montevidéu - sede atual da Secretaria Geral do

    projeto - por representantes dos quatro países do então Mercado Comum do Cone

    Sul (MERCOSUL) formado na época pelo Brasil, a Argentina, o Uruguai e o

    Paraguai. É financiado pelos recursos fundo GEF, o qual neste projeto é

    administrado pelo Banco Mundial, e dos US$ 26,7 milhões, o fundo financia US$

    13,4 milhões. 2

    O projeto sob a execução da Organização dos Estados Americanos (OEA)

    esteve em fase de preparação de 2000 a 2001. Em 2002, firmaram-se acordos para

    implementá-lo em parceria com a OEA, Banco Mundial e outras agências e, desde

    março de 2003 a fevereiro de 2009, encontra-se em etapa de execução. Em

    setembro de 2001, o projeto foi aprovado pelo governo brasileiro através da

    Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento. O Conselho do

    fundo GEF aprovou em dezembro de 2001 e o “Chief Executive Officer” do GEF/

    aprovou em maio de 2002. Já o “Board” do Banco Mundial aprovou em junho de

    1 Conforme relato dos técnicos Luiz Amore e Aldo C. Rebouças. REBOUÇAS, A.C. e AMORE, L. O SistemaAqüífero Guarani - SAG; p. 141.2 OEA. Resumo do Projeto SAG. Disponibilizado: http://www.sg-guarani.org/index/site/proyecto/pto01.php .Acesso em 29 de setembro de 2007.

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    http://www.sg-guarani.org/index/site/proyecto/pto01.phphttp://www.pdfdesk.com

  • 5

    2002 e, finalmente, em julho deste mesmo ano foi assinado o acordo (GEF Trust

    Fund Grant TF050950) para a execução do projeto com a OEA. 3

    É interessante destacar que a idéia do projeto foi concebida no Brasil e desde

    1992 houve o interesse de aprofundar nas pesquisas sobre o manancial. Em 1999 o

    projeto já estava em elaboração, segundo o geólogo e Professor Doutor Ernani F.

    Rosa Filho de hidrogeologia da Universidade Federal do Paraná, o qual desde a

    década de setenta estuda o Aqüífero Guarani. Em entrevista à Organização Não

    Governamental (ONG EcoTerra), ele colocou que em 1992 nasceu a idéia, junto ao

    geólogo e Professor de hidrogeologia da Universidad da La Republica Oriental del

    Uruguay, Jorge Montaño Xavier, de aprofundar nas pesquisas, já que ao longo dos

    anos foi constatado pelos dados da pesquisa que o Aqüífero Guarani tinha uma

    extensão e formação geológica presente não só no Brasil, mas também no Uruguai,

    Paraguai e Argentina; portanto, não era suficiente estudá-lo só localmente, mas que

    houvesse recursos para ir além do âmbito nacional e então analisá-lo de forma

    integrada; não no sentido político, mas devido à formação geológica que compõe o

    maior aqüífero da América Latina. 4

    3 ANA. Resumo do Projeto Sistema Aqüífero Guarani.- www.ana.gov.br/guarani/projeto/sintese.htm - Acessadoem 07 de janeiro de 20084 De 13 a 15 de dezembro de 2006 foi realizado o I Congresso do Aqüífero Guarani em Campo Grande - MatoGrosso do Sul, onde tive a oportunidade de conhecer o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho da UniversidadeFederal do Paraná, autor da idéia inicial do projeto Aqüífero Guarani e um dos autores do Livro Aqüífero Guarani:a verdadeira integração dos países do Mercosul. Em entrevista a ONG ECOTERRA, Professor Doutor Ernani emhidrogeologia, fez o mesmo relato das implicações quanto ao projeto e ao aqüífero que na ocasião do entãocongresso em conversa não gravada, tive a oportunidade de conhecê-lo e ter acesso às mesmas informaçõesrelatadas nesta entrevista. Na entrevista ele coloca que nem toda a água o aqüífero é potável, estima-se que 20a 30% de sua extensão é apropriada ao consumo humano e o resto das águas são salobras. Ele destaca que oimportante no aqüífero é que suas águas têm temperaturas elevadas o que potencializa o uso do mesmo emvárias atividades econômicas. Levanta também uma questão importante quanto ao abastecimento mundial deágua doce quanto ao aqüífero, mesmo que esteja no Brasil 12% de água doce superficial do mundo, não é certodizer que tenha capacidade o maior do mundo, mesmo porque há a ocorrência de água salobra. Sobre apossibilidade de um dia o Brasil ser grande fornecedor de água doce segundo ele a partir somente das águassubterrâneas isso não é possível, mas havendo futuramente tecnologia para tirar o sal desta água, mais pessoasterão acesso a ela, caso contrário não. Alertou para implicações quanto ao projeto de que o Banco Mundialimpôs que houvesse licitação somente com as empresas estrangeiras do primeiro mundo, como as empresas doCanadá, em vez de aproveitar os profissionais que estão no Brasil estudam e conhecem o aqüífero a maistempo. Colocou ainda que paralelo ao projeto, muitos ainda são os pesquisadores que estudam o aqüífero.Apesar de a idéia ter saído das universidades, o projeto não as considerou como executoras como foi a idéiainicial apresentada ao Banco Mundial, mas o governo holandês entrou no processo e ofereceu a estasuniversidades US$ 370 mil para ser divido 9 projetos onde cada um seria executado por 3 universidades emquatro anos de projeto, o que ele chamou de “esmola”, já que as pesquisas demandariam mais recursos. Na suavisão acredita que o projeto não faz pesquisa, pois citou situação em congresso no Uruguai em 2004 em queseus dados foram contestados pela OEA quanto a ocorrência de água não potável no aqüífero; ele acredita queestes dados não sejam politicamente interessantes para a OEA, e questiona o fato de esconder tal informação.ROSA FILHO, E. F. Matéria Águas do Guarani II – Disponibilizado no site:http://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg= ecoentrevistas&tipo=temas&cd=819 Acesso em 27setembro de 2007.

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    http://www.ana.gov.br/guarani/projeto/sintese.htmhttp://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=ecoentrevistas&tipo=temas&cd=819Acessohttp://www.pdfdesk.com

  • 6

    Montou-se então um projeto que envolvesse os quatro países por se tratar de

    água transfronteiriça e, portanto, demandariam mais recursos financeiros. Assim, ao

    longo do tempo, a idéia foi amadurecendo e o projeto passou a crescer, foram

    buscar mais recursos financeiros junto ao governo federal, à Organização das

    Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e à Comunidade

    Européia os quais não os apoiaram. Foi então, como última tentativa, apresentá-lo

    ao Banco Mundial, o qual demonstrou grande interesse pelo projeto por se tratar de

    águas transfronteiriças e envolveria conseqüentemente os quatro países, o que seria

    politicamente interessante para o Banco. Conforme coloca ainda o Professor Doutor

    Ernani F. Rosa Filho, a partir daí o projeto tomou rumo diferente, pois inicialmente as

    universidades eram contempladas no projeto, mas quando a OEA entrou, a idéia

    inicial foi abandonada. Foram colocadas à margem do processo que começou a

    partir do meio acadêmico. O destaque do projeto apresentado ao Banco Mundial

    inicialmente contemplava que o mesmo fosse voltado para o enfoque puramente

    técnico-científico e não de gestão, como tem sido atualmente nas mãos das

    organizações internacionais. 5

    Quanto a esta questão da participação das universidades no projeto, no

    terceiro capítulo do Plano de Implementação do Projeto SAG (PIP), o projeto mostra

    o regulamento e a descrição do Fundo Guarani de Universidades, instrumento

    financeiro criado para envolver as universidades a fim de que não fiquem fora desse

    processo, por isso é um complemento do projeto. Este fundo visa apoiar a

    comunidade acadêmica da região abrangida pelo aqüífero em investigação e

    capacitação acadêmica. A fonte desse recurso é do governo holandês através da

    parceria com o Banco Mundial no Programa World Bank-Netherlands Water

    Partnership Program - Programa de Recursos Hídricos do Banco Mundial e o

    Governo do Reino Unido dos Países Baixos (BNPPW). Entre os objetivos da referida

    parceria, está o de garantir a participação acadêmica no desenvolvimento do projeto

    SAG. O montante desse recurso são de US$ 372,0 milhões e os projetos e ações

    que abordam o aqüífero, sejam com objeto social ou ambiental ou educação

    ambiental, terão até 75% de apoio sendo que a contrapartida de 25%, com projetos

    5 GUIMARÃES, L. R. “O Sistema Aqüífero Guarani face aos interesses norte-americanos: dominação militar oueconômica?” http://www.pucsp.br/ponto-e-virgula/n1/artigos/09-LuizGuimaraes.htm; p. 131. E ainda sobre omesmo assunto a matéria Águas do Guarani II no sitehttp://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=ecoentrevistas&tipo=temas&cd=819 acessado em 27setembro de 2007.

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    http://www.pucsp.br/ponto-e-virgula/n1/artigos/09-LuizGuimaraes.htm;http://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=ecoentrevistas&tipo=temas&cd=819http://www.pdfdesk.com

  • 7

    até US$ 40 mil, poderão ser em recursos financeiros e não-financeiros. O número de

    projetos por universidade é limitado principalmente em relação à Argentina e ao

    Brasil onde existem mais universidades. 6

    Nas palavras do atual Secretário Geral do projeto, Luiz Amore, conhecer mais

    sobre o aqüífero é um dos aspectos do projeto, (...) o objetivo principal é a gestão do

    mesmo. E acrescenta, destacando que o interesse do GEF e enfoque é na gestão

    do aqüífero conforme a seguintes palavras:

    O GEF disse: é preciso que tenha um forte componente de desenvolvimento degestão. Temos que gerir o Aqüífero Guarani, não só conhecer. 7

    O Secretário Geral acrescenta ainda a estas palavras que, (...) o mundo está

    interessado no Aqüífero Guarani, porque é o primeiro projeto do GEF de águas

    subterrâneas transfronteiriças do mundo inteiro. 8

    A idéia é que os quatro países abrangidos pelo aqüífero tenham uma gestão

    integrada do mesmo. Mas é interessante notar que a trajetória do projeto, no que se

    refere à tomada de decisões a partir do envolvimento e intervenção das

    organizações internacionais envolvidas. Como foi citado anteriormente, em relação

    ao Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema

    Aqüífero Guarani, o Banco Mundial atua como ”implementador dos recursos” do

    GEF. E, conforme foi declarado pela Internet no site desse projeto, a OEA, Agência

    Executora do Projeto SAG, apesar de ter passado por uma seleção, foi escolhida por

    ser exigência do fundo, o qual financia o projeto. Ao responder a indagação da

    sociedade civil quanto à escolha da OEA, ao invés do MERCOSUL, foi declarado

    que:

    O Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), no processo de aprovação erepasse de fundos, exige a definição de uma agência de execução e nestesentido, estabeleceu-se uma espécie de concurso onde a OEA foiselecionada pelos países envolvidos. O processo de seleção tomou emconsideração uma série de critérios de avaliação específicos, que levaram aOEA à condição de agência executora internacional do Projeto desde a fasede preparação do projeto (anos 2000-2001). 9

    6 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 110 e 111.7AMORE, Luiz - Águas do Guarani IV - site http://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=ecoentrevistas&tipo=temas&cd=856 . Acesso em 27 setembro de 2007.8GUIMARÃES, L. R. O Sistema Aquífero Guarani face aos interesses norte-americanos: dominação militar oueconômica? Disponível : http://www.pucsp.br/ponto-e-virgula/n1/artigos/09-LuizGuimaraes.htm; p. 132.9 OEA. Resumo do Projeto SAG. Disponibilizado: http://www.sg-guarani.org/index/site/proyecto/pto01.php .Acesso em 29 de setembro de 2007.

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  • 8

    Mas quem é o gestor ou administrador deste fundo com tal autonomia?

    Esse fundo foi criado em 1992, no evento “Conferência das Nações Unidas

    para o Meio Ambiente”, que ficou conhecido como “RIO 92”. Ele tem a participação

    de 176 países, mas são 32 os que compõem o seu Conselho e que contribuem

    efetivamente: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, República Tcheca,

    Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia

    do Sul, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia, Nigéria, Noruega, Paquistão,

    Portugal, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e

    Estados Unidos. Sendo que o último país citado é responsável por 20% do que é

    contribuído. Os órgãos internacionais responsáveis por administrar o recurso é o

    Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU) através das agências

    Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Programa das

    Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O banco administra outros fundos,

    mas o GEF é responsável pelo financiamento da maioria dos projetos ambientais no

    mundo; ele apóia os países em desenvolvimento voltados à área de biodiversidade,

    mudanças do clima, águas internacionais, degradação do solo e camada de ozônio.

    Esse fundo se dedica ainda a apoiar iniciativas voltadas à preservação do meio

    ambiente e à promoção do “desenvolvimento sustentável”. 10

    No ano de 2006, o fundo completou 14 anos e contou com uma contribuição

    expressiva de US$ 3,13 bilhões (...) para investir ao longo dos próximos 4 anos em

    iniciativas em prol da sustentabilidade. 11

    1.2 A Estrutura do Projeto

    Conforme o Plano de Implementação do Projeto (PIP), documento aprovado

    pelo Conselho Superior de Direção do Projeto (CSDP), pelo Banco Mundial, pela

    OEA e pelos quatro países contemplados, ao longo de 277 páginas, estabelecem-se

    as diversas atividades para a execução do projeto.12

    No primeiro capítulo há uma síntese executiva do projeto e inicia com o

    objetivo do mesmo:

    10ONU. www.onu-brasil.org.br Acessado em 07/08/2007.11 Ibid.12 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. Vi.

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    http://www.onu-brasil.org.brhttp://www.pdfdesk.com

  • 9

    El objetivo de largo plazo del proceso iniciado a través del proyecto es lograrla protección y uso sostenible del Sistema Acuífero Guaraní (SAG). Esteproyecto constituye un primer paso para la consecución del objetivo de largoplazo.13

    A estrutura do projeto é voltada a conseguir a gestão e o uso sustentável do

    Sistema Aqüífero Guarani através da elaboração e implementação conjunta de um

    modelo técnico, legal e institucional para o gerenciamento e preservação do

    Aqüífero Guarani, tendo em vista as gerações presentes e futuras. 14

    Não só a citação acima, mas também o propósito do projeto, em sua

    conceituação, utiliza-se da idéia de desenvolvimento sustentável 15:

    El propósito del proyecto consiste en apoyar a los cuatro países en elaborarconjuntamente, e implementar un marco común institucional, legal y técnico paramanejar y preservar el SAG para las generaciones actuales y futuras.16

    E dentre os resultados finais esperados do projeto, está que os quatro países

    possam dispor de um “marco de manejo” ou um Modelo de Gestão do SAG o qual

    abrange o documento Programa de Ações Estratégicas (PAE), além de incluir

    aspectos técnicos, científicos, institucionais, financeiros e legais para a “proteção e

    uso sustentável” do mesmo. Para isso, conforme o documento PIP, será necessário

    atingir os seguintes resultados específicos, os quais estarão organizados e

    distribuídos em componentes como se verifica posteriormente17: o documento

    técnico PAE que contempla o modelo de gestão a ser implementado por cada país

    e, (...) preparado em comum acordo entre os países; conforme o Plano de

    Implementação (PIP) espera-se (...) maior conhecimento científico e técnico do SAG

    em temas específicos e do sistema, mas (...) a partir, não só do resultado de estudos

    a serem executados, mas também dos que estiverem (...) disponíveis em instituições

    acadêmicas e de gestão de água dos quatro países. E acrescenta que isto será

    importante para fortalecer a tomada de decisões mais conscientes sobre o uso do

    aqüífero por parte da sociedade e (...) pelas instituições responsáveis em cada país

    da gestão da água; o documento técnico de análise de diagnóstico integrado que

    13 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 1.14 IbId.; p. 115 Nesta pesquisa trabalha-se com a idéia de desenvolvimento sustentável e não conceito, conforme a análise deRÊBELO JÚNIOR sobre esse assunto. REBÊLO JÚNIOR, M. Desenvolvimento Sustentável do capital - ouRegressão do Subdesenvolvimento. Tese de Doutorado- versão preliminar. Vide p. 18016 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG p. 117 IbId; p. 1 e 2.

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  • 10

    servirá como base voltada para os temas transfronteiriços na elaboração do PAE,

    denominado de Análises Diagnóstico Transfronteiriço (ADT) será (...) desenvolvido

    em um processo participativo nacional e internacional. Serão elencadas quatro áreas

    piloto-críticas em cada país abrangido pelo aqüífero, onde serão realizadas

    experiências voltadas à proteção do SAG e servirá de modelo de gestão das áreas

    de recarga impactadas pelo uso intensivo e risco de contaminação do mesmo,

    experiências que servirão também às questões transfronteiriças do SAG e fora dele,

    na esfera internacional. Espera-se também proposta de um modelo jurídico regional

    definido dentro do direito internacional, acatado pelos governos e as sociedades dos

    quatro países para a proteção e uso sustentável do SAG; e, Foro (...) institucional

    formado pelos quatro governos dos países baseada nas vontades dos diferentes

    interessados, capaz de catalisar ações para o SAG coincidentes com o objetivo por

    ele acordados (...), com o fortalecido apoio de cooperação e financiamento

    coordenado, com o GEF, o Banco Mundial, a OEA, a Organização Internacional de

    Energia Atômica (OIEA) e Bundesanstalt fuer Geowissenschaften und Rohstoffe -

    Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais (Serviço Geológico Alemão -

    BGR) da Alemanha, e com o PAE a fim de orientar a gestão e canalização dessas

    cooperações.

    Nota, que se espera também resultados que tenham envolvimento não só de

    instituições nacionais, mas também internacionais na gestão do aqüífero, conforme a

    seguinte citação:

    Avanços alcançados pelas sociedades nacionais no espaço e na institucionalidadenacional e internacional, para o uso sustentável e proteção do SAG e seu manejocoordenado... .18

    E isso será avaliado com base (...) nas redes de monitoramento montadas e

    coordenadas entre instituições dos quatro países para continuação harmoniosa do

    sistema, no Sistema de Informação Geográfico sobre o Aqüífero (SISAG) montado

    via Internet, institucionalizado e funcionando nos quatro países com banco de dados

    e protocolos estabelecidos, no melhor conhecimento do uso atual e futuro das águas

    do aqüífero (...) em termos da qualidade da água e delimitando as áreas críticas, nas

    “instituições nacionais fortalecidas” em conhecimento, e em qualidade. Comunidades

    humanas e organizações chaves, incluindo a indígena com acesso à educação e ao

    18 IbId; p. 1 e 2.(Tradução Nossa)

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  • 11

    conhecimento do aqüífero e o Fundo Guarani da Cidadania estabelecido e

    aprovado, no (...) fortalecimento das relações de trabalho de gestão do aqüífero nas

    diferentes esferas de gestão da água: local, municipal, estadual e nacional e na (...)

    proposta para o desenvolvimento da institucionalidade internacional ou nacional para

    o uso coordenado do SAG e a execução do PAE preparado e aprovado. 19

    Verifica-se, portanto, que tais resultados a serem atingidos estão voltados

    essencialmente à gestão do aqüífero e nem tanto aprofundar o pouco que se sabe

    em relação a ele.

    Os países que serão beneficiados são os países abrangidos pelo aqüífero:

    Brasil, Uruguai, Bolívia e Argentina. Além desses estão envolvidos também a OEA, o

    Banco Mundial através do fundo GEF, o CSDP, os doadores e os países

    representados por cada Unidade Nacional Executora do Projeto (UNEP) e o CSDP,

    como mostra o organograma abaixo:

    FIGURA 1 - Organograma

    Considerando o organograma acima, as informações contidas no site

    mostram que a gestão e a execução estão sob o comando dos organismos

    internacionais, ainda que haja o envolvimento dos países através das UNEP’s.

    Inicialmente são identificados no documento PIP projeto SAG como doadores

    o Programa de Cooperação do Governo do Paraguai e o Serviço Geológico da

    Alemanha (BGR/PY) e a OIEA, os quais têm atuação direta, conforme o documento,

    19 IbId; p. 2.(Tradução Nossa)

    GEF/BMDoadores CSDP

    Colegiado de CoordenaçãoSecretaria Geral / OEA

    UNEPArgentina

    UNEPBrasil

    UNEPParaguai

    UNEPUruguai

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  • 12

    e acrescenta ainda que outros doadores poderão se adicionados ao longo do

    projeto. 20

    Já no resumo do projeto disponibilizado na internet, são citadas outras

    agências doadoras além da BGR/PY e a OIEA, como o Programa de Recursos

    Hídricos do Banco Mundial e o Governo do Reino dos Países Baixos (BNWPP) e a

    OEA. 21

    O CSDP composto por três representantes de cada país, sendo que um da

    área de recursos hídricos, outro da área de meio ambiente e outro do Ministério das

    Relações Exteriores, segundo a secretaria geral do projeto, esse conselho é a

    instância máxima de deliberação do projeto já que os quatro países estão

    envolvidos.

    No site da Agência Nacional de Águas (ANA) o CSDP é entendido como um

    Comitê Diretivo, o qual conduz todas as atividades propostas; enquanto que a

    coordenação dos aspectos técnicos do projeto será responsabilidade de um

    Conselho de Coordenação ou Coordenação Colegiada. Já as atividades diárias do

    projeto são administradas pela Secretaria Geral junto à OEA e sob a supervisão

    daquela Coordenação Colegiada. Em cada país, as atividades são conduzidas pelas

    UNEP’s sob a coordenação de Coordenadores Técnicos Nacionais que formam a

    Coordenação Colegiada citada acima. 22

    Portanto, essa é a estrutura hierárquica e organizacional do projeto, na qual

    mesmo havendo a participação no patamar de execução, e também de decisão dos

    países e respectivos representantes, surge uma dúvida: mesmo com tal

    envolvimento dos quatro países representados institucionalmente nessas

    coordenações, as organizações internacionais se destacam ou se impõem em algum

    momento?

    Tal questão de peso de interferência de organizações internacionais vai mais

    além, o Professor Doutor Ernani F. Rosa Filho, em entrevista, denunciou que a

    20 IbId; p. vi.21 OEA. Resumo do Projeto SAG;Disponibilizado : www.sg-guarani.org/índex/site/proyecto/pto001c.php Acessoem 24/09/2007.22 ANA. Síntese do Projeto SAG. Disponibilizado : www.gov.br/guarani/projeto/sintese.htm Acesso em 07 jan2008

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    http://www.sg-guarani.org/�ndex/site/proyecto/pto001c.phphttp://www.gov.br/guarani/projeto/sintese.htmhttp://www.pdfdesk.com

  • 13

    decisão de contratar somente concessionárias internacionais (particularmente as do

    Canadá) para atuar no projeto SAG veio do Banco Mundial. 23

    As licitações são realizadas pela OEA,

    (...) dentro das regras do Banco Mundial. As exigências são as de praxe,respeitando as leis de licitações de cada país (capital social proporcional,técnica, preço, etc), mas também são exigidos critérios como trabalhosdesenvolvidos especificamente no Guarani ou na área de interesseespecifico (sistema de informações, por exemplo). Todas as empresaslicitadas têm participação de empresas nacionais dos quatro países. 24

    O projeto disponibilizou via Internet o processo, bem como as propostas para

    licitação internacional. Conforme seus documentos, verificou-se que para atuar com

    a elaboração cartográfica e elaboração do mapa do aqüífero para implantação do

    Sistema de Informações do Sistema Aqüífero Guarani, foi contratada inicialmente a

    empresa TECSULT International Limited, coincidentemente do Canadá e, portanto,

    de atuação internacional. 25

    Conforme documentos disponibilizados foram contratados também para atuar

    com Hidrogeologia geral, Termalismo e Modelo Regional, por meio de licitação

    internacional convocada pela OEA foram contratadas as empresas TAHAL

    Consulting, Hidroestructura, SEINCO e a Hidrocontrole, os quais formam o

    Consórcio Israelense-Mercosul. Apesar de atuação internacional, a empresa TAHAL

    Consulting é de Israel; já a empresa Hidroestructura é da Argentina, a SEINCO do

    Uruguai e a Hidrocontrol do Paraguai. 26

    Já para atuar com as tarefas de Serviço de Inventário, Amostragem,

    Geologia, Geofísica, Hidrogeoquímica, Isótopos e Hidrogeologia do SAG, foi

    contratada a empresa canadense SNC-Lavalin, uma das principais empresas de

    engenharia e construção do mundo, a qual tem escritórios não só no Canadá, mas

    em mais de 30 países em todo o mundo. Ela também atua formando o consórcio

    23ROSA FILHO, E. F. Águas do Guarani II - sitehttp://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=ecoentrevistas& tipo=temas&cd=819 acessado em 27setembro de 2007.24 Estas são as palavras dos técnicos que representam o Projeto SAG no Brasil com escritório em Brasília, naSecretaria de Recursos Hídricos - Ministério do Meio-Ambiente. SENRA, J. B. Urgente! Perguntas sobre oprojeto. Enviado para o e-mail: [email protected] no dia 14 de jan de 2008(Mensagem Eletrônica).25 http://www.perfuradores.com/index.php?pg=view&tema=noticia&id=13258 consultado em 15 / 01 / 2008.26 www.sg-guarani.org/index/pdf/proyecto/licitaciones/hidro/ListaCortaLlamadoExpresInt.pd consultado em 16 /01 / 2008 e http://www.seinco.com.uy/Novedades.jsp?idcategoria=1024&idioma=esp consultado em 15 / 12 /2007.

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  • 14

    SNC-LAvalin com as empresas locais associadas DH, Proinsa, Goedatos, LCV,

    Mapas Digitais e a PyT. 27

    1.2.1 Matriz lógica do projeto – objetivos e Programa Operativo do GEF

    No início do capítulo 1, o qual se dedica inteiramente à descrição do projeto,

    há também a explanação da Matriz Lógica do Projeto. Essa matriz (...) é um resumo

    da estrutura lógica do projeto (...), e nela são apresentadas as atividades, os

    resultados, os indicadores e os riscos do projeto. Inicialmente tal matriz foi

    apresentada nos documentos: Project Appraisal Document - Documento de

    Avaliação do Projeto (PAD), o qual foi elaborado e apresentado na fase de

    preparação do projeto anterior à fase execução e o documento que registra o acordo

    legal entre a OEA e o Banco Mundial. 28

    A mesma já havia sido exposta no documento aprovado pelo Banco Mundial

    intitulado de PAD este é o documento final de preparação para o projeto SAG,

    aprovado não só pelo CSPP em reunião no Paraguai, mas também aprovado pelo

    Comitê Diretivo do Banco Mundial em Washington em 13 de junho de 2002. O

    mesmo levanta as observações finais do GEF e do Banco Mundial sobre o

    documento do projeto o Project Brief.

    Na Matriz Lógica do Projeto são hierarquizados os objetivos a serem

    atingidos, e algo curioso a ser levantado nela descrito é que logo no início foi citado

    a Meta Setorial Country Assistance Strategy (CAS) do Banco Mundial. 29

    Essa meta do Banco Mundial, referente ao projeto, consiste não só na

    melhoria da gestão dos recursos de água subterrânea através do tão falado enfoque

    de modelo geral de gestão; portanto não só de recursos hídricos como tem sido

    enfatizado, mas também dos (...) recursos naturales en Argentina, Brasil, Paraguay y

    Uruguay. O enfoque aparece mais abrangente nesse item, pois recorda-se que o

    projeto é voltado à gestão das águas subterrâneas do Guarani. E, segundo a matriz,

    27 http://www.sg-guarani.org/index/site/archivo/infomens/2005-06.html consultado em 21 / 01/ 2008.28 Este documento contempla as observações finais do GEF e o Banco Mundial sobre o documento Project Briefcomo também definições , conteúdos, componentes e atividades do projeto de estudo do Aqüífero Guarani.Plano de Implementação - PIP; p. Vi e 5.29 CAS é um documento do Banco Mundial, também conhecido como Estratégia de Assistência ao Brasil 2004-2007, que consiste num instrumento utilizado pelo banco para o planejamento plurianual da alocação de créditosaos países, que no caso refere-se ao Brasil. http://www.rbrasil.org.br/content,0,0,261,0,0.html consultado em09/01/2008.

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  • 15

    dentre os indicadores de desempenho, está a (...) melhoria na eficiência, igualdade,

    produtividade, e sustentabilidade da alocação de recursos hídricos (...) que será

    atingida entre várias estratégias apresentadas, sendo a mais peculiar, é a por meio

    de trabalhos no setor econômico sobre a gestão não só de recursos hídricos mas

    também dos recursos naturais. Poucas vezes ou nenhuma vez foi relacionado o

    enfoque e objetivos do projeto com recursos naturais e sim mais especificamente à

    água (considerando que a água por si só já é um recurso natural). As referidas

    palavras dão a idéia de abrangência do termo e deixa evidente o real objetivo.

    Nesse item ainda foi apresentada como hipótese crítica, quanto a esta meta de

    missão do Banco Mundial, a continuação dos compromissos políticos para melhorar

    a gestão dos recursos hídricos, como se fosse um ponto de instabilidade no projeto.30

    Na seqüência de hierarquia de objetivos da matriz lógica, está o Programa

    Operativo do GEF. O programa operativo do fundo consiste na programação

    operacional de seus recursos aos projetos voltados para o meio ambiente. O fundo

    elencou as Áreas Elegíveis de atuação e entre elas está Águas Internacionais, a

    qual entre outros pontos importantes de abordagem estão as águas transfronteiriças,

    como é o caso do aqüífero. Essa área está contemplada no Programa Operativo o

    qual abrange outras, mas que, nesse caso da área Águas Internacionais, dá ênfase

    para questões transfronteiriças. Dentre as atividades financiáveis está o PAE , item

    que inclusive é muito destacado ao longo do projeto SAG.31

    No resumo do projeto disponibilizado pela Internet é citado que a área de

    interesse do GEF é o Programa Operacional nº 8 - Programa centrado em Corpos d’

    Água. 32

    Ao dar ênfase aos projetos que envolvem a questão transfronteiriça,

    esclarece entre outros pontos que projetos que tenham relação com:

    Foco em "áreas perigosas" e condição ecológica de ecossistema marinho;

    Áreas onde interesses transfronteiriços criam ameaças significantes para ofuncionamento do ecossistema;

    Limitar medidas prescritivas para enfocar o maior número possível deameaças transfronteiriça. 33

    30 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 5.(Tradução Nossa)31 MCT. http://ftp.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/elegiveis.htm Acesso no dia 09/01/2008.32 OEA. Resumo do Projeto SAG;www.sg-guarani.org/índex/site/proyecto/pto001c.php Acesso no dia 24/09/2007.33 MCT .http://ftp.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/elegiveis.htm Acesso no dia 09/01/2008.

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    http://ftp.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/elegiveis.htmhttp://www.sg-guarani.org/�ndex/site/proyecto/pto001c.phpAcessohttp://ftp.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/elegiveis.htmAcessohttp://www.pdfdesk.com

  • 16

    Projetos que tenham relação com tais fatores são atendidos pelo fundo. Na

    seqüência e dentro deste enfoque transfronteiriço, o financiamento é direcionado

    para as seguintes atividades:

    Formulação de Programa de Ação Estratégica (PAS);

    Análise colaborativa de diagnóstico transfronteiriço;

    Uso de informação tecnológica e simulações em computadores comoferramenta para administração de recursos;

    Atividades direcionadas para harmonização institucional dos elementos:padrões de qualidade da água, regulamentos, processos de licença,minimização do desperdício/exigências para prevenção da poluição;

    Fomentar compromissos para mudar políticas setoriais e atividades deresponsabilidade;

    Custo incremental de assistência técnica, construção de capacidade,demonstrações limitadas e certos investimentos. 34

    Das atividades acima, pelo menos quatro delas são contempladas nos

    componentes do projeto SAG: o Programa de Ação Estratégica; o Fortalecimento

    Institucional; o desenvolvimento e a integração de um Sistema de Informação do

    Aqüífero Guarani; Análise de Diagnóstico Transfronteiriço estão no Componente II.

    Curiosamente esse componente é destacado como o núcleo dentre os sete

    componentes em que o projeto foi estruturado. Não se sabe se no início da

    concepção do projeto, começo da década de noventa com o Professor Doutor

    Ernani F. Rosa Filho, foram elencadas tantas variáveis direcionadas para a questão

    transfronteiriça e, portanto, de gestão. O atual Secretário Geral do projeto, Luiz

    Amore, colocou que o ponto focal do fundo é a gestão. O que se percebe é que as

    exigências do fundo GEF são claramente expostas nos itens anteriormente

    relacionados. 35

    Em 2006 foi realizado um encontro chamado de “Diálogo Nacional” a respeito

    do Marco de Asignación de Recursos (MAR). Nesse evento realizado em Cuba, foi

    abordada a questão de alocação dos recursos do fundo e as implicações quanto ao

    modelo proposto. No evento foram destacados alguns pontos importantes quanto à

    alocação de recursos: desenvolvimento e aprovação de projetos em concordância

    com os programas operativos e as prioridades estratégicas do GEF; e que os países

    34 Ibid.35 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 17.(Tradução Nossa)

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  • 17

    devem desenvolver prioridades de âmbito nacional que combinem com as

    prioridades estratégicas do GEF e os objetivos nacionais de desenvolvimento

    sustentável.36

    Verifica-se, portanto, a influência do que o banco planeja, enquanto instituição

    financeira multilateral aos países, sendo abordado efetivamente no projeto SAG;

    assim como as exigências do GEF, também enquanto tendências ou pressões do

    capital internacional (seja sob a forma de banco ou de fundo) na questão da água.

    1.2.2 Componentes e respectivos subcomponentes

    O projeto foi estruturado com base em sete componentes inter-relacionados

    e, conforme o PIP, o Componente II constitui o núcleo do projeto e os outros são

    voltados a prover a base científica, técnica, social, legal, institucional e econômica do

    modelo de gestão proposto neste componente núcleo. 37

    O Componente I consiste na (...) Ampliação e consolidação da base de

    conhecimento científico e técnico existente sobre o Sistema Aqüífero Guarani. O

    valor a ser demandado está orçado em US$ 9,91 milhões, dos quais o GEF financia

    US$ 4,57 milhões. Ele está estruturado em dois subcomponentes, sendo o primeiro

    voltado aos (...) estudos para a consolidação e expansão da base de conhecimento

    científico e o segundo para a avaliação técnica e socioeconômica dos cenários de

    uso atual e futuro do Sistema Aqüífero Guarani. 38

    O Componente II consiste no Desenvolvimento e instrumentação conjunta de

    um Modelo de Gestão para o Sistema Aqüífero Guarani. Do valor orçado em US$

    7,01 milhões, o GEF financia US$ 3,49 milhões. Ele está estruturado em cinco

    subcomponentes: aperfeiçoamento e instrumentação de uma rede de

    monitoramento do Sistema Aqüífero Guarani-SAG; desenvolvimento e integração do

    Sistema de Informação sobre o SAG (SISAG); formulação de um PAE;

    fortalecimento institucional e Análise de Diagnóstico Transfronteiriço (ADT).

    O Componente III consiste no fomento à participação pública e de

    interessados, na Comunicação Social e na Educação Ambiental. Do valor orçado em

    36 MCT. http://ftp.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/elegiveis.htm Acesso no dia 09/01/2008.37 OEA. Plano de Implementação Projeto SAG; p. 3 E 4.(Tradução Nossa)38 Ibid; p. 3 e 4.

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    http://ftp.mct.gov.br/Fontes/internacionais/GEF/elegiveis.htmAcessohttp://www.pdfdesk.com

  • 18

    US$ 1,30 milhões, o GEF financia US$ 0,77 milhão. Ele está estruturado em quatro

    subcomponentes: preparação e implementação de planos regionais de comunicação

    e participação pública; fundo da cidadania do SAG; criação e disseminação de

    instrumentos para aumentar a consciência, o interesse e o compromisso entre os

    atores interessados e estratégia para os povos indígenas.

    O Componente IV consiste no acompanhamento, avaliação e divulgação dos

    resultados do projeto. O valor orçado em US$ 0,49 milhão, o GEF financia US$ 0,26

    milhão. Ele está estruturado em dois subcomponentes: desenvolvimento e

    instrumentação de um sistema de acompanhamento, avaliação e retroalimentação

    para o Projeto SAG e a difusão dos resultados do projeto, dentro e fora da região.

    O Componente V consiste no desenvolvimento de medidas para gestão e

    mediação das “áreas críticas identificadas” (“Hot Spots” ou Piloto). Do valor orçado

    em US$ 3,73 milhões o GEF financia US$ 2,31 milhões. Ele está estruturado para

    atender às áreas consideradas críticas elencadas no projeto, as quais foram

    relacionadas a seguir e que levam o nome do município onde ocorrem: Concórdia

    (Argentina) / Salto (Uruguai); Rivera (Uruguai) / Santana do Livramento (Brasil);

    Encarnación - Ciudad del Este - Caaguazú (Paraguai) e Ribeirão Preto (Brasil).

    O Componente VI consiste na Avaliação do Potencial de Energia Geotérmica

    do SAG. Do valor orçado em US$ 0,29 milhões, o GEF financia US$ 0,20 milhões.

    Ele está estruturado em duas fases: na primeira fase, durante o primeiro ano da

    execução do projeto, serão compilados e avaliados os dados geohidrológicos

    existentes; na segunda fase, durante o segundo ano da execução do projeto, será

    criado um Grupo de Trabalho, composto por representantes dos quatro países,

    apoiado por especialistas mundiais no estudo e no uso de energia geotérmica de

    baixa entalpia.

    Componente VII consiste na coordenação e administração do projeto. Do

    valor orçado em US$ 4,04 milhões, o GEF financia US$ 1,8 milhões. O objetivo

    desse componente é proporcionar apoio na organização e administração do projeto.

    Inclui a configuração e o funcionamento da Secretaria Geral do projeto SAG com

    suas equipes e gastos de operação; do mesmo modo, a equipe técnica responsável

    pelas ações de acompanhamento na UDSMA. Gastos logísticos para o

    financiamento das reuniões de coordenação do projeto (CNs e CSDP) são

    considerados parte do componente.

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  • 19

    Os componentes são partes que visam compor o projeto ao atingir seus alvos

    ou objetos. Há componentes que são mais estratégicos ao atingir o objetivo geral, o

    qual é a elaboração de um documento que será a base para os países na Gestão

    Integrada do Aqüífero. Já os outros componentes têm uma conotação maior em

    relação a dar suporte aos principais componentes do projeto.

    Na terceira parte seqüencial do capítulo 1 foi explanado com mais

    profundidade o objetivo e a descrição do projeto e, conseqüentemente, os

    componentes e seus respectivos custos. Na referida parte volta a enfatizar que o

    objetivo a longo prazo é a (...) gestão e uso sustentável do Sistema Aqüífero Guarani

    (SAG), em que o projeto significa o primeiro passo desse processo. Para isso, o

    propósito do projeto é (...) apoiar os quatro países na elaboração conjunta e

    implementar um modelo comum institucional, legal e técnico para manejar e

    preservar o SAG para as gerações atuais e futuras. E o projeto foi estruturado em

    sete componentes que norteiam o propósito inicial, sendo que o componente chave

    é o (...) desarrollo en conjunto y la instrumentación del Marco de Gestión para el

    SAG constituye el núcleo del Proyecto (...), e os outros componentes servirão de

    base para este considerado o “núcleo” do projeto. 39

    Acredita-se que, a partir da elaboração de um modelo único de gestão, meios

    serão providos para resolver os problemas ambientais transfronteiriços mais

    acelerados os quais ameaçam o aqüífero. Apesar de ser feita essa colocação, não

    entra quais problemas seriam esses. Faz-se uma menção aos conflitos locais em

    relação à utilização das águas do SAG, conflitos esses como a contaminação e

    sobreexploração onde estratégias, segundo este documento, devem ser elaboradas

    para diminuir os riscos. Até então essas foram as principais idéias mostradas como

    prioritárias no projeto, e aparece como novidade mencionar que este “marco” irá não

    só mediar os conflitos e problemas relativos ao uso do aqüífero, mas também (...)

    evaluar su potencial de proveer energia geotérmica “limpa” a las comunidades de la

    región; esse, até então, só aparecia no projeto como componente. 40

    1.2.2.1 Componente I – Avaliação e consolidação da base de conhecimento

    cientifico e técnico sobre o Sistema Aqüífero Guarani

    39 Ibid; p. 17.40 Ibid; p. 18.

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  • 20

    O objetivo do tal componente consiste em sintetizar, analisar e ampliar a base

    de conhecimento atual nos quatro países no que se refere ao SAG; ampliar e

    melhorar o conhecimento do potencial e das ameaças no que se refere ao aqüífero.

    O conhecimento científico e técnico bem embasado, segundo o documento, constitui

    elemento essencial para o desenvolvimento de (...) un marco articulado, consensual

    y efectivo que posibilite el desarrollo sostenible del acuífero dentro de su entorno

    regional, (...). 41

    Nesse componente, do valor orçado em US$ 9,91 milhões, o fundo GEF

    financia US$ 4,57 milhões e o cofinanciamento de US$ 5,34 milhões - desses a

    OIEA contribuirá com US$ 0,30 milhão, a BGR com US$ 0,14 milhão e o World

    Bank-Netherlands Water Partnership Program (BNWPP) do Banco Mundial com US$

    0,03 milhão. 42

    Ele está estruturado em dois subcomponentes.

    O primeiro subcomponente refere-se à (...) Atualização e distribuição da base

    do conhecimento científico. Conforme o documento, antes de realizar algo em

    relação ao SAG, é necessário conhecer suas características básicas e importantes a

    fim de se determinar sua magnitude, os níveis atuais de contaminação, identificar as

    áreas de carga e recarga além de sua hidrologia e dinâmica. Estudos esses

    destinados a quantificar e disseminar o conhecimento científico acerca da geometria,

    estrutura e comportamento hidrodinâmico do aqüífero da mesma forma sintetizar e

    ampliar a base de conhecimento atual para que os objetivos específicos sejam

    atingidos. Para isso, será feito um inventário completo dos poços públicos e privados

    existentes. Com tais características físicas definidas como: análises de hidrogeologia

    básica, geologia, geofísica, hidrogeoquímica e isotopia do aqüífero serão integradas

    a outras informações no próximo subcomponente: “Uso Atual e Potencial do

    Aqüífero Guarani”. 43

    O subcomponente é composto de várias atividades, entre elas está a

    responsabilidade da Secretaria Geral do Projeto de coordenar tecnicamente as

    diferentes atividades para que haja correlação entre elas, a qual irá atuar não só

    adequando o fluxo de informações, o controle de qualidade, a supervisão dessas

    41 Ibid.; p. 18.42 Ibid.; p. 19.43 Ibid.; p. 33.(Tradução Nossa)

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  • 21

    atividades em cada país, mas também alimentar através desses dados obtidos o

    Sistema de Informação Geográfico do Sistema Aqüífero Guarani (SISAG) e a

    Unidade de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da OEA (UDSMA/OEA).

    Esta última informação chama a atenção não só pelo nível de informação que uma

    organização internacional terá acesso, ainda que oficialmente ela esteja responsável

    pela execução do projeto, mas também pela Secretaria Geral do projeto, enquanto

    secretaria, ter tal responsabilidade. 44

    Só as informações de hidrogeologia já são suficientes, conforme o documento

    coloca, (...) para aprofundar o conhecimento do comportamento físico transfronteiriço

    do SAG. Se constitui uma informação chave a ser integrada para a definição do uso

    sustentável do aqüífero. Diante da noção da questão de interesses pela água doce

    na atualidade é que se tem noção do que significa ter acesso às informações desta

    magnitude. 45

    Uma das etapas dessa atividade é a (...) integração de informação e plano de

    investigação que consiste no levantamento, classificação e análises de dados

    hidrogeológicos existentes, e o resultado será uma base de dados e que serão

    incorporados ao SISAG. 46

    As outras etapas da atividade consistem em: (...) caracterização

    hidrogeológica e hidrodinâmica do SAG; estudo de recarga, trânsito e descarga das

    águas do aqüífero e estudos de surgência e conexão com os aqüíferos fraturados.

    Umas das indagações que se tem em relação ao aqüífero é delimitação correta das

    suas áreas de recarga e descarga, assim como entender o trânsito ou as direções

    dos fluxos e a velocidade dessas águas subterrâneas, já que elas cruzam fronteiras

    nacionais; a quantidade de reserva das águas. Ou ainda situações como recarga

    num país e descarga em outros e ainda a conexão das subterrâneas com as águas

    superficiais. Estudos realizados e previstos dessas etapas serão disponibilizados em

    mapas e irão compor do SISAG. 47

    Outra atividade que está prevista no subcomponente é o “inventário e

    amostragem de poços” a qual será realizada através da recopilação e análises dos

    poços existentes disponíveis em organizações públicas e privadas. Para isso, o

    44 Ibid; p. 33.(Tradução Nossa)45 Ibid; p. 34.(Tradução Nossa)46 Ibid; p. 34.(Tradução Nossa)47 Ibid; p. 35.(Tradução Nossa)

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  • 22

    projeto conta com o apoio, na liberação destas informações, das instituições locais

    de cada país responsável pela área de serviços geológicos, empresas de água

    potável e serviços de abastecimento. Dados estes que estão sob a forma de mapas,

    tabelas ou informativos. Então se verifica que serão disponibilizadas informações

    que poderão ser adquiridas durante o projeto e aquelas existentes anteriores ao

    projeto.48

    Já a “atividade de geologia e geofísica” consiste em dimensionar os limites e

    condicionamento estrutural do aqüífero. Para isso, será necessário (...) provar a

    extensão, relação de contato e limite do SAG (e a presença de água doce) em

    direção ao limite oeste, em território Argentino e Paraguaio; e sul, em território

    Argentino e Uruguaio (...) que serão disponibilizados por mapas geológicos. Como

    também mapear com precisão as áreas de afloramento, de extensão e as

    características do SAG em território paraguaio, essas informações também são

    insuficientes; determinar a estruturação tectônica e a presença de rochas intrusivas

    dentro do SAG e sua influencia no comportamento regional do fluxo; e, regionalizar e

    integrar as informações geológicas, com dados existentes e os que serão gerados

    pelo projeto, o qual será disponibilizado via SISAG e mapas.49

    Uma atividade importante nesse subcomponente é a de hidrogeoquímica das

    águas do Aqüífero Guarani, pois a partir dela serão determinados a qualidade

    natural e seus potenciais usos com dados sobre a origem, idade e características

    dos fluxos das águas do aqüífero. Fazem parte dessa atividade etapas como:

    determinação de um modelo hidrogeoquímico; análise de amostras em laboratório;

    integração e sistematização de dados existentes e aqueles gerados durante o

    projeto que serão disponibilizados em mapas e pelo SISAG; e intensificação do

    conhecimento em regiões com qualidade diferenciada de água de característica

    peculiares como elevada concentração de sal ou flúor, ou seja, aprofundar

    informações sobre a qualidade da água em áreas do aqüífero onde há

    características da água muito diferenciadas. Já o projeto acredita que (...) a

    qualidade da água condiciona seu aproveitamento. A atividade de estudos

    “isotópicos” irá interagir com os estudos hidrogeoquímicos como complemento às

    avaliações hidrodinâmicas e hidroquímicas. Dessa interação, será possível ter uma

    48 Ibid; p. 36.(Tradução Nossa)49 Ibid; p. 37.(Tradução Nossa)

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  • 23

    precisão das áreas de recarga e descarga do aqüífero, a interação das águas

    subterrâneas dele com outros aqüíferos e com águas superficiais. Tal etapa de

    estudos isotópicos estará a cargo da OIEA.50

    O segundo subcomponente refere-se à (...) Avaliação técnica e

    sócioeconômica dos cenários de uso atual e futuro do Sistema Aqüífero Guarani;

    com base no que foi gerado no subcomponente anterior, o qual define o

    comportamento hidrodinâmico do aqüífero, serão geradas análises sócio-

    econômicas que defina as tendências de distribuição e uso. São análises que

    servirão para identificar onde se apresenta (...) conflito de disponibilidade do recurso

    em termos de quantidade e qualidade como também identificar áreas onde exista

    potencial de desenvolvimento.

    Serão desenvolvidas nesse subcomponente, etapas de âmbito técnico como

    (...) aprofundar o conhecimento do uso atual do aqüífero; avaliação econômica dos

    principais usos e seus impactos atuais e futuros; projeção da demanda e definição

    de cenários futuros e definição de bases técnicas para normas de construção de

    poços. 51

    Na etapa aprofundar o conhecimento do uso atual do aqüífero do referido

    subcomponente, será desenvolvido (com base no subcomponente anterior) o

    levantamento das informações existentes por meio do banco de dados gerados na

    atividade de “inventário e amostragem de poços”. A partir desses dados, haverá

    acesso às informações sobre a localização das (...) zonas de conflito, situação atual

    de exploração e áreas de potencial desenvolvimento (...) que servirão para a

    projeção da demanda e coordenação da política de gestão do aqüífero. Serão

    elaborados mapas com informações localizadas, diagramas e tabelas que

    descrevam e quantifiquem o uso do SAG mediante as análises comparativas.52

    Na etapa avaliação econômica dos principais usos e seus impactos atuais e

    futuros, serão realizadas análises econômicas comparativas de uso atual por setor e

    regiões. São identificados os fatores que diretamente ou indiretamente influenciam o

    uso do SAG em cada país. (...) Como síntese da informação gerada se descreverá

    50 Ibid; p. 40.(Tradução Nossa)51 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa)52 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa)

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  • 24

    as tendências econômicas de desenvolvimento e as pressões para o uso do

    aqüífero por país e dentro de cada país. 53

    Na etapa projeção da demanda e definição de cenários futuros, a partir do

    diagnóstico de uso atual, qualidade da água, custo de exploração e considerando a

    avaliação socioeconômica e desenvolvimento de políticas hídricas por região e local,

    verificar-se-á as tendências de crescimento da demanda e o comportamento dos

    setores que fazem uso do SAG. Serão informações disponibilizadas por mapas,

    tabelas e diagramas que descreva o uso esperado do aqüífero. A partir disso (...)

    surgirão recomendações para desenhar políticas de gestão e proteção.54

    Na etapa definição de bases técnicas para normas de construção de poços

    serão, analisados os poços perfurados existentes e o uso atual do aqüífero através

    desses poços que não estejam com critérios atuais de perfuração. As informações

    geradas irão para o Sistema de Informação Geográfico do SAG (SISAG).55

    Verifica-se, portanto, que informações importantes serão levantadas e

    disponibilizadas não só às instituições nacionais, mas principalmente às

    organizações internacionais como a OEA, agência executora do projeto.

    A Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA) está no projeto como

    agência doadora que atuará (...) en forma directa y de acuerdo con sus formas

    normales de cooperación. De acuerdo al PAD estas son: la Organización

    Internacional de Energía Atómica (OIEA) y la BGR de Alemania. Otros podrán ser

    incorporados al proyecto de acuerdo con el CSDP. A OIEA apoiará uma parte do

    componente com a aplicação de metodologias isotópicas para determinar, entre

    outros fenômenos, as condições e limites do fluxo de águas subterrâneas dentro do

    SAG. Ela proverá recursos e apoio em espécie para o uso de isótopos com o fim

    delinear a extensão e o caráter além do apoio ao fortalecimento institucional

    necessária à proteção do SAG, idéia inclusive presente repetidamente em todo o

    projeto. A OIEA também assegurará a qualidade das análises e a consistência e

    confiabilidade dos resultados de laboratório, baseados nos isótopos. Suas atividades

    53 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa)54 Ibid; p. 42.(Tradução Nossa)55 Ibid; p. 43.(Tradução Nossa)

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  • 25

    são, conforme o documento PIP, adicionais às atividades do projeto, e espera-se

    que aprofundem o conhecimento sobre o aqüífero. 56

    Acrescenta-se ao subcomponente que o Governo do Paraguai esteve em

    discussão com o Bundesanstalt fuer Geowissenschaften und Rohstoffe - Instituto

    Federal de Geociências e Recursos Naturais (Serviço Geológico Alemão - BGR),

    … con relación a proveer asistencia técnica para apoyar este Componente.El BGR há puesto a disposición del proyecto ayuda financiera adicional comla que se dará apoyo en espécie, contribuyendo a la construcción decapacidades y al fortalecimiento institucional em Paraguay y, apoyaría laadquisición y gestión de datos geohidrológicos dentro de esa porción delacuífero. Esto mejoraría el efecto de la creación de capacidades enParaguay y por ende la calidad del proyecto.Sin embargo, si estefinanciamiento no se materializara, los resultados globales del proyecto noserían afectados. 57

    1.2.2.2 Componente II – Desenvolvimento e instrumentação conjunta de um

    Modelo de Gestão para o Sistema Aqüífero Guarani

    Tal como foi colocado anteriormente, o Componente II constitui o núcleo do

    projeto com os outros componentes alimentando-o. O objetivo é desenvolver um

    modelo ou “marco” para a gestão coordenada (de âmbito técnico, institucional,

    financeiro e legal) do SAG, levando em conta (...) os princípios do desenvolvimento

    sustentável integrado, os problemas e o potencial do SAG e as inquietudes quanto à

    proteção ambiental. É interessante notar esta citação a qual é mencionada pela

    primeira vez, nesse documento, que os princípios do desenvolvimento sustentável

    serão considerados no projeto. O modelo de gestão será estabelecido a partir do

    documento chamado Programa de Ações Estratégicas (PAE) a ser executado na

    região do SAG. Esse documento servirá para articular tanto os limites de espaço

    quanto de tempo, as principais linhas de ação necessárias para cumprir com o

    objetivo do projeto.58

    Nesse componente, do valor orçado de US$ 7,01 milhões, o fundo GEF

    financia US$ 3,49 milhões e o cofinanciamento de US$ 3,52 milhões - destes a BGR

    contribuirá com US$ 0,05 milhão e o BNWPP do Banco Mundial com US$ 0,07

    milhão. 59

    56 Ibid; p. 19.(Tradução Nossa)57 Ibid; p. 19.58 Ibid; p. 19.(Tradução Nossa)59 Ibid; p. 22.(Tradução Nossa)

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  • 26

    O mesmo está estruturado em cinco subcomponentes.

    O primeiro é o aperfeiçoamento e a instrumentação de uma rede de

    monitoramento do SAG. Esse subcomponente irá prover o início do projeto na fase

    de execução para apoiar os esforços de implementação e fortalecer a base de

    conhecimento do SAG. Será constituído pelo número e situação de poços existentes

    ou novos, sob os cuidados do setor público ou privado, com 5% (180) dos poços

    como amostra e estará à disposição da equipe do projeto. A intenção é prover

    através de uma ferramenta com dados básicos e informação necessária para a

    gestão e administração coordenada do SAG e o seu monitoramento no espaço e

    tempo. E para operacionalizar essa rede, serão formados Comitês de Monitoramento

    por representantes técnicos de cada país e, entre outras coisas, terá de assegurar o

    fluxo de informações entre os países, as UNEPs e a secretaria geral do projeto. 60

    O segundo subcomponente refere-se ao desenvolvimento e integração do

    SISAG. Com o desenvolvimento desse subcomponente, através de um sistema de

    informação que facilite o manejo, a normalização, a difusão e a utilização de dados,

    informação e documentos que facilite a gestão do SAG, com base num sistema

    sólido. O documento coloca inclusive que o desenvolvimento desse SISAG será

    importante nas decisões, (...) aportará conhecimento básico necessário para resolver

    os problemas atuais e emergentes e assegurará o uso sustentável do potencial do

    aqüífero.61

    O SISAG destina-se em organizar, sistematizar e difundir informações

    fidedignas, base de dados temáticos, informações cartográficas62 e textuais

    atualizados e documentação geral e específica inicialmente via Internet, referentes

    ao aqüífero e à evolução do projeto. Um dos objetivos é que esse sistema de

    informação seja uma ferramenta na gestão do SAG. Entre as etapas do

    subcomponente, há o arranjo institucional para abastecer o SISAG, orientado por

    uma unidade de coordenação, formado por representantes de cada país e

    di