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DIRECTOR: António Sousa Pereira N.º 118, Maio/Junho de 2013 PUB WWW.ROSTOS.PT O SEU DIÁRIO DIGITAL JORGE SILVA, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA «A junção das duas freguesia numa só vai criar-nos grandes problemas. Eu considero isto um barril de pólvora» LAURA TEIXEIRA, ENFERMEIRA ESPECIALISTA DE SAÚDE DA COMUNIDADE «Temos preocupações com os sem abrigo, há muitas situações de pessoas que estão em casa, sem água, sem luz» “No dia- a-dia encontramos hoje muitas famílias com carência económica e com fome. Esse é um grande dilema que vivemos todos os dias” – salienta.

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Page 1: O SEU DIÁRIO DIGITAL O SEU DIÁRIO DIGITAL JORGE SILVA, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA «A junção das duas freguesia numa só vai criar-nos grandes problemas

DIRECTOR: António Sousa PereiraN.º 118, Maio/Junho de 2013

PUB

WWW.ROSTOS.PTO SEU DIÁRIO

DIGITAL

JORGE SILVA, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA

DO VALE DA AMOREIRA

«A junção das duas freguesia numa só vai criar-nos

grandes problemas. Eu considero isto um

barril de pólvora»

LAURA TEIXEIRA, ENFERMEIRA ESPECIALISTA DE SAÚDE DA COMUNIDADE

«Temos preocupações com os sem abrigo, há muitas situações de pessoas que estão em casa, sem água, sem luz»“No dia- a-dia encontramos hoje muitas famílias com carência económica e com fome. Esse é um grande dilema que vivemos todos os dias” – salienta.

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D. ARMINDA MONTEIRO

“Eu nasci na bandeira portuguesa»No dia 23 de Maio completou 90 anos. Mantém aberta uma das poucas lojas que funcionam no centro do Vale da Amoreira, fá-lo por paixão e até por «ser-viço social» que presta aos seus clientes. “Os fiados estão a dar cabo de mim” – refere ao jornal «Rostos».

No ano de 1975, quando muitos angolanos e portugueses regressaram a Portugal, o Vale da Amoreira foi o destino de muitos, entre eles, chegou D. Arminda da Cruz Monteiro.Recomeçou do zero. Abriu um espaço comercial no largo da vila, onde na altura funcio-nou o mercado.Depois, inaugurou uma das lojas no novo espaço comercial, junto ao Mercado Municipal, no âmbito do projecto de requalificação urbana da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira.Custa-me pagar a renda, a luz e a água

É uma das mais antigas comerciantes do Vale da Amoreira e mantém a sua loja aberta, hoje, com muitas dificuldades. Há muitas dificuldades, muito desemprego – “as pessoas não têm dinheiro” – refere D. Arminda.Ali, no centro do Vale da Amoreira é uma das poucas lojas que se mantém em actividade, num espaço que foi dinâmico e centro da vida local. “Os fiados estão a dar cabo de mim” – diz-nos com um largo sorriso.“Ela ajuda-nos muito” – comenta um cliente.“Custa-me pagar a renda, a luz e a água” – sublinha D. Arminda, que comemorou 90 anos de vida no dia 23 de Maio.D. Arminda, nota-se fala-nos com o coração. Sorri. Diz que não quer fotografias. Sorri para nós, com um rosto vincado de vida.“Aguento isto porque tenho muita coragem” – salienta D. Arminda, e acrescenta – “a minha situação está muito má”.

Recorda Angola, mas, de imediato sublinha que é portuguesa, afirmando com toda a convicção – “nasci na bandeira portuguesa” .Fica o registo e os parabéns da equipa do jornal «Rostos».

VALE DA AMOREIRA UMA FREGUESIA COM 25 ANOS

O «trabalho em rede» e o «espirito de missão» marcam a vida da comunidadeA edição deste caderno dedicado à freguesia do Vale da Amoreira permitiu-nos sentir o pulsar de uma freguesia, onde, para além dos imensos problemas soci-ais, há muita gente que trabalha e se dedica com paixão para desbravar novos caminhos.Gente que acredita e tem sonhos e faz do seu trabalho uma missão, um projecto de vida.

Falamos com diversas pessoas de institui-ções sociais, de escolas, autarcas, da área da saúde, e, muitas das vezes, sentimos um

brilho nos olhos, a emoção à flor da pele, por vezes até as lágrimas a emergir ao falarem da situação das pessoas, dos dramas fa-

miliares, ou do sucesso alcançado fruto de anos de trabalho e de muita perseverança.Notamos que existe, nas várias instituições um sentimento marcado pela vontade per-manente de trabalhar em rede, um sistema de vazos comunicantes, onde todos sabem que nada fazem ou valem sozinhos.Notamos que a Junta de Freguesia tem um papel importante no estabelecer pontes e proporcionar condições para que a multi-culturalidade existente na comunidade se afirme pela positiva e seja uma energia motora da vida local. A freguesia do Vale da Amoreira é uma das que vai ser extinta e associar-se à Baixa da Banheira, esta realidade pode gerar um vazio se não existir continuidade nos projectos que, hoje, de forma diferenciada estão no terreno.O Vale da Amoreira é uma freguesia de dife-rentes etnias que sentimos respeitam-se, num ambiente saudável, mas, é, de facto «um barril de pólvora», pelo aumento de

desemprego, pelas situações de fome e outros dramas sociais.Há crianças cujas únicas refeições são as que comem nas escolas. É urgente pensar e agir…são homens e mulheres que vivem no limiar da pobreza, mas fazem-nos com dignidade, com amor pelas suas raízes culturais e respeito pela comunidade.Só que, de facto, é caso para dizer…que nem só de dignidade vive o homem.Nos olhos com lágrimas que encontramos, em técnicos de acção social, em professores e autarcas, registamos que, na verdade, um sentimento de impotência começa a nascer-…e depois, meus senhores e depois?!Por isso, quem de direito, deve pensar a ne-cessidade e implementar no Vale da Amo-reira um Programa de Emergência Social, porque…amanhã pode ser tarde.

ANTÓNIO SOUSA PEREIRA

RegistosMAIO/JUNHO 2013

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MANUELA PONTES, JUNTA DE FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA

«Temos mais de 300 pedidos de habitação social»Manuela Pontes, Vogal de Acção Social e de Habitação, na Junta de Freguesia do Vale da Amoreira, numa conversa com jornal «Ros-tos», começa por sublinhar a importância da «Comissão Social de Freguesia» que surgiu em sequência ter findado o «Pro-grama Bairros Críticos».

COMBATE À EXCLUSÃO SOCIALE DESENVOLVIMENTO LOCAL

“Sendo uma freguesia com problemas so-ciais e de pobreza, os parceiros entenderam concertar uma ideia de trabalho coerente, de forma a não existirem ideias avulso e desarticuladas, apostando todos no com-bate à exclusão social e desenvolvimento local, sendo constituída a Comissão Social da Freguesia. Os parceiros já integravam os projectos dos Bairros Críticos” – refere Manuela Pontes, acrescentando que o tra-balho é concretizado em articulação com o CLASM – Conselho Local de Acção Social do Concelho da Moita.

“Os programas desenvolvidos, os perfis de famílias em risco, referenciados pelos parceiros são canalizados para o CLASM” – sublinha.“A Comissão de Freguesia é, portanto, uma plataforma de coordenação” – refere a au-tarca, sublinhando que já está um elaborado um pré-diagnóstico da freguesia.

CERCA DE 48% DE ABANDONOE INSUCESSO ESCOLAR DOS JOVENS

No âmbito do pré-diagnóstico regista-se cerca de 48% de abandono e insucesso es-colar dos jovens, resultante de disfunções familiares, as situações de desemprego, a falta de comércio local, situações de ilegalidade, são algumas das dificuldades registadas.“Os jovens abandonam a escola e não têm acesso ao mercado de trabalho devido às baixas qualificações escolares, assim como o estigma associado à freguesia do Vale da Amoreira” – refere. “A pobreza e a exclusão social, por falta de emprego, as necessidades de alojamento, o aumento de rendas, dá origem que exis-tem muitas pessoas a viver em barracas espalhadas pela freguesia, outras em alo-jamentos ilegais, com ocupação de casas. Há aumento de despejos e situações de fome” – refere Manuela Pontes.

EXISTE UM SENTIMENTODE INSEGURANÇA

“Existe um sentimento de insegurança, fruto de situações de deliquência juvenil, insuficiente intervenção das forças poli-ciais, originando climas de insegurança na freguesia, sendo necessário o reforço ao nível da segurança” – salienta a autarca,

referindo que a Policia de Segurança Pública integra a Comissão Social da Freguesia e acompanha a situação.Ao nível da juventude registam-se situa-ções ao nível da toxicodependência, alcoo-lismo, gravidez na adolescência, para além de outros problemas ao nível de saúde.Recorda a preocupação do Centro de Saúde em acompanhar estas situações.

SISTEMA DE ILEGALIDADEÉ UM CIRCUITO FECHADO

“Os não legalizados é outra situação regis-tada, um problema dificil” – refere Manuela

Pontes.“Este sistema de ilegalidade é um circuito fechado, como não são legais não conse-guem emprego, não recebem apoios so-ciais, sendo uma situação gravosa para a freguesia” – salienta.

A Junta de Freguesia procurando intervir nesta área – “criou um programa, com base em donativos do LIDL, para apoiar 25 famílias, cerca de 70 pessoas, a quem fornecemos alimentos e cabazes solidá-rios, diversas vezes por ano. É um apoio a famílias que estão fora do sistema”.“Os pedidos são constantes” – refere Ma-

nuela Pontes, recordando que na freguesia funcionam os «Bancos Alimentares», das Associação Cabo Verdiana e da Associação Guineense, existe também um «Refeitório Social» gerido pelo CRIVA – “tudo é insu-ficiente para responder às necessidades da freguesia”.

MAIS DE 300 PEDIDOSDE HABITAÇÃO SOCIAL

“Temos mais de 300 pedidos de habitação social, resultantes de desalojamentos, ou famílias que são numerosas e carecem de habitação” – refere a autarca.“Não há resposta para estas situações dos problemas de habitação. As pessoas ou pagam as rendas ou comem. Há pessoas que foram para o estrangeiro e as casas ficam fechadas, não as entregam, geran-do dificuldades para facilitar habitações a quem precisa. Esta é uma situação pro-blemática.” – sublinha Manuela Pontes.

UMA REALIDADE SOCIAL PROBLEMÁTICA.

Manuela Pontes veio viver para o Vale da Amoreira em 1975, com a descolonização, tinha 22 anos, integrou-se na freguesia, acompanhou as mudanças. Recorda que nos anos 70/80 esta era “uma freguesia estável, com famílias estruturadas”, depois nos anos 90, registou-se um «boom» de imigrantes oriundos dos PALOP’s.Entretanto, os jovens que nasceram no Vale da Amoreira saíram e construíram as suas famílias.Ficaram os mais idosos. Os actuais resi-dentes na sua maioria são oriundos dos PALOP’s. Hoje, há uma grande heteroge-neidade marcada por uma realidade social problemática.

NÃO É FÁCIL SER AUTARCA.

“Foi o conhecimento desta realidade que me motivou a participar e dar um contri-buto para ajudar a resolver os problemas da freguesia. Não é fácil ser autarca.Lidar com estas situações não é fácil, por-que não temos respostas adequadas no tempo certo, nem recursos para resolver as dificuldades da freguesia.

Fazemos o melhor, tentamos encaminhar as pessoas, e continuamos a acreditar que é preciso fazer mais, é preciso fazer mais para dar qualidade de vida às pessoas que vivem na nossa freguesia” – refere Manuela Pontes, sentimos a emoção nas suas palavras e nos seus olhos, são pa-lavras marcadas por um sentimento de esperança e angústia, vividas por uma autarca, voluntária, numa freguesia onde diariamente é confrontada com situações limite da dignidade humana.

RegistosMAIO/JUNHO 2013

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«A pobreza e a exclusão social, por falta de emprego, as necessidades de alojamento, o aumento de rendas, dá origem que existem muitas pessoas a viver em barracas espalhadas pela freguesia, outras em alojamentos ilegais, com ocupação de casas. Há aumento de despejos e situações de fome»

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UMA MANHÃ COM JORGE SILVA, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA

Uma freguesia criada em tempo de Liberdade quer continuar a ser uma freguesia em LiberdadeA freguesia do Vale da Amoreira foi criada em 1988, por desanexação das Freguesias da Baixa da Banheira e de Alhos Vedros.A freguesia está a comemorar o seu 25º aniversário, como refere Jorge Silva, Presidente da Junta de Freguesia – “foi uma freguesia criada em tempo de Liberdade e quer continuar a ser uma freguesia em Liberdade”.

O Vale da Amoreira é a mais jovem Freguesia da concelho da Moita, contam com cerca de 15 mil habitantes, mas recenseados serão na ordem dos 9.800 habitantes. É a segunda freguesia do Concelho mais densamente povoada.A propósito dos seus 25 anos fomos visitar a freguesia, realizámos diversos trabalhos de re-portagem, e durante uma manhã percorremos diversos espaços da freguesia acompanhados por Jorge Silva que preside à freguesia já lá vão 16 anos, a meio tempo, porque continua com a sua actividade profissional, sente or-gulho do trabalho que tem sido realizado e das transformações que se registaram que, refere, não foram mais longe porque os programas anunciados por sucessivos governos, quer de requalificação, que de intervenção em Bairros Criticos nunca foram concluídos, deixando pro-jectos e obras a meio caminho.O autarca mexe-se como peixe na água. Todos, das mais diversas etnias o cumprimentam, e falam com ele sobre as mais diversas activi-dades recreativas e culturais, ou de problemas que estão por solucionar.

A JUNTA DE FREGUESIA É UMA ESCOLA.O Salvador Miguel, de 20 anos, que tirou um Curso de Logística, está a dar apoio às Festas do Vale da Amoreira e prepara as comemora-ções do Dia Mundial da Criança.O Vítor Nascimento, Técnico de Comunicação, Marketing e Relações Públicas, está como voluntário, num estágio dedicado às Festas Multiculturais.Hadizatu Mané, natural da Guiné, num âmbito de um projecto de formação, é outra estagiá-ria. João Ricardo, é outro jovem estagiário, no âmbito de um projecto da RUMO. É com satisfação que Jorge Silva refere a presença de jovens estagiários na Junta de Freguesia – “a Junta é uma escola” – sublinha.

PROTOCOLO CTT NÃO PAGA OS CUSTOS

Ali, na sede da Junta de Freguesia, funciona o único posto dos CTT da freguesia, um serviço público à comunidade – “um protocolo que não paga os custos”, sublinha Jorge Silva.Igualmente, está disponível, de forma gratuita um posto de acesso à internet, que é mais re-gularmente utilizados por jovens estudantes.Percorremos o espaço da Junta de Freguesia, numa sala a Drª Silvia, do CRIVA, está fazendo atendimento. Todas 3ª e 5ª feiras recebe pes-soas que carecem de apoio social, ou solucionar os problemas de legalização.“Há muitos problemas na freguesia e, de facto, é muito útil contarmos com este espaço na

Junta para atendimento” – refere.As instalações da Junta de Freguesia no cen-tro do Vale da Amoreira, nasceram no âmbito do projecto de requalificação urbana e estão integradas no complexo do mercado, inaugu-rado em Fevereiro de 1999, ali, funciona uma Delegação da Câmara Municipal da Moita e uma farmácia.

“Este é o espaço novo que surgiu em sequên-cia da reabilitação do Largo dos Cravos, onde funcionava o Mercado em barracas” – refere Jorge Silva.Aponta o espaço em frente – “ali o Bairro das Descobertas também foi reabilitado”.

FACULTAR OS ESPAÇOS PARA ASSOCIAÇÕES

Naquele que era um espaço comercial de lojas, de mercado e de pulsar da vida da freguesia, hoje, a crise e as dificuldades levaram ao suces-sivo encerramento doas espaços comerciais.“A opção foi facultar os espaços para asso-ciações” – sublinha o Presidente das Junta de Freguesia.Do comércio existente, resiste uma Loja da D. Arminda, que sublinha como “os fiados” difi-cultam a sua vida. Ela é a comerciante mais antiga daquela zona da freguesia. O café da D. Maria mantém as portas abertas, mas, também ela comenta - “tenho muitas dificuldades em continuar a manter este espaço”.Eduardo Monteiro, da Associação Guineen-se, convida-nos a visitar o «Banco de Bens Doados», são roupas, detergentes, produtos de higiene, produtos alimentares, destinados a apoiar as famílias carenciadas.“Há também a oferta de mobílias, mas estão noutro espaço” - salienta Eduardo Monteiro.Marie Claire, jovem voluntária, escolhe roupas de bebé, para serem doadas a uma família.Ajudar, apoiar, foi uma das palavras que mais escutámos nas diferentes instituições.

ÁREA CATÓLICA DESEMPENHA UM PAPEL FUNDAMENTAL

Continuamos a nossa visita, no Jardim Infantil Giroflé, da responsabilidade do Centro Paro-quial da Baixa da Banheira, mais de 50 crianças, entre a 7 e as 19 horas, são acompanhadas em actividades de pré-escolar.“A área católica desempenha um papel fun-damental na freguesia” – sublinha Jorge Silva.No ATL “Os Pintainhos, estão cerca de 70 crianças, rccebem apoio escolar e alimentar.Alice Teixeira, que já lá vão 29 anos de dedica-ção a esta actividade social, recorda que para

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ReportagemMAIO/JUNHO 2013

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além desta actividade também é promovido o apoio domiciliário a idosos, para além do apoio a jovens mães (que refira-se são muitas na freguesia).“O trabalho com crianças é criativo e um grande estímulo” – refere Alice Teixeira.

ENVOLVIMENTO DOS PARCEIROS SOCIAIS

Jorge Silva sublinha que todo o trabalho social desenvolvido na freguesia conta com o en-volvimento dos “parceiros sociais” e “todos

conseguem trabalhar em conjunto” de acordo com as diferentes valências.Passamos peto do campo de futebol “uma obra que não acabou” – recorda o presidente da Junta de Freguesia, era integrada na Operação de Reabilitação Urbana – “ficou por concluir a 2ª fase de construção do Pavilhão e do Bar”.

CLAII NOS PRIMEIROS LUGARES DO PAÍS O CLAII – Centro Local de Apoio ao Imigrante, que funciona desde 2006, Andreia Lourenço

faz atendimento, o seu trabalho que passa pelo atendimento cerca de 170 pessoas por mês visa o prestar apoio na documentação, de legalizar os que estão ilegais.Recorda que o CLAII do Vale da Amoreira está nos primeiros lugares ao nível nacional no apoio que presta a imigrantes.No mesmo espaço existem salas de formação, presta-se apoio a desempregados, projectos desenvolvidos no âmbito da Rede de Empre-gabilidade, com o apoio da RUMO.O CEPE _ Centro de Entre Ajuda para procura de Emprego, funciona todas as 3ª feiras, entre as 10 e as 11 horas.O CATL – Centro de Actividades Temporárias, é dinamizado pelo CRIVA, um projecto que nasceu dos programas de combate à pobreza. No local está a decorrer uma acçao de formação para cozinheiros, promovida pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.

INTEGRAR NA COMUNIDADE

São diversos espaços na freguesia direccio-nados para “integrar na comunidade”, promo-ver a valorização humana e a ocupação dos tempos livres.O Projecto Escolhas também está no terreno, presta apoio indirecto a 264 jovens e acom-panha directamente 24 jovens, entre os 11 e 24 anos.“O objectivo é o apoio à insercção na vida es-colar” – refere Alexandra.“A integração dos jovens tem alcançado bons resultados concretizando-se através do su-cesso escolar” – refere. Jorge Silva, vai-nos proporcionando estes contactos com diferentes instituições, onde é sempre recebido com muita simpatia e como sendo “um homem da casa”.

UMA ESCOLA DE TODAS AS CORES

Na Escola do Ensino Básico Jardim de Infância nº 2, frequentada por 240 alunos, mais 45 do Pré-escolar e 80 do Jardim de Infância.Carla Figueiredo, que veio de Angola, conhece o Vale da Amoreira como as próprias mãos, recorda que houve muita evolução.A escola é frequentada por crianças de dife-rentes etnias, num ambiente saudável e de partilha.“Esta é uma escola de todas as cores, os alunos estão todos envolvidos nas salas de aula” - refere“Tem sido feita uma grande envolvência e liga-ção das famílias à escola”- sublinha. A Oficina dos Pais tem precisamente essa finalidade – “ligação da comunidade à escola”. Bertolina Durão, psicóloga, recorda que há 14 anos que trabalha com esta escola – “há mudanças significativas” refere, recordando que em tempos as crianças da etnia cigana não queriam aprender, mas, nos dias de hoje dedicam-se à escola e acrescenta – “as fa-mílias participam na escola”, acrescentando – “as crianças não acabavam o 1º ciclo, hoje já chegam ao 9º ano”.Bertolina Durão, fala da sua actividade com um brilho nos olhos.“Aqui faço risoterapia, conto histórias” – refere, sublinhando que – “a psicologia tem que ter trabalho social”.“Os alunos ganham simpatia e afectos com escola” – salienta.Na conversa a situação social de muitas famílias dá para entender que muitas famílias contam

com a alimentação da escola – “nós temos cuidado com a alimentação dos alunos”.

GENTE QUE VIVE COM PAIXÃO

Fomos percorrendo as ruas do Vale da Amo-reira, descobrindo recantos de associações, os espaços de acção social, as escolas, e senti-mos que há uma intensa actividade para além das ruas um pouco desertas. Há uma vida que pulsa. Crianças que sorriem. Profissionais que desenvolvem as suas actividades com uma grande paixão, procurando dar um contributo para dar sorrisos aos dias.Como dizia Bertolina Durão – “eu faço riso-terapia”.

JUNÇÃO DAS DUAS FREGUESIAS NUMA SÓ É UM BARRIL DE PÓLVORA

No final da visita Jorge Silva, expressou-nos as suas preocupações com a decisão do Go-verno de acabar com a Junta de Freguesia do Vale da Amoreira.“A junção das duas freguesia numa só vai criar--nos grandes problemas. Eu considero isto um barril de pólvora, derivado ás características da freguesia. A identidade da freguesia, a forma de trabalhar com os parceiros, a ligação que existe com a comunidade, é muito mau que isso possa perder-se. Nós temos uma filosofia de colmatar os problemas da crise, atenuando-os através de projectos de âmbito social e com parcerias” – refere o autarca.Sublinha a necessidade de manter as acções de requalificação dos espaços públicos.

UMA IDENTIDADE MUITO PRÓPRIA

Recorda o apoio que a Junta de Freguesia através do ECO LAR, que apoia as famílias em pequenas obras nas casas, dado o aumento de dificuldades das famílias, assim como mantém um Banco de Mobílias que dá apoio a muitas famílias – “não esqueçamos as muitas dificul-dades das famílias que estão em crescendo”.“Tenho esperança que cai este Governo e que depois voltemos de novo a ter eleições e a criação da freguesia do Vale da Amoreira, que tem uma identidade muito própria” – sublinha Jorge Silva.“Não há ligação entre as pessoas da Baixa da Banheira e do Vale da Amoreira, são realidades muito diferentes” – refere.

JUNTA DE FREGUESIA É O COLCHÃO DA FREGUESIA

O autarca salienta que a freguesia nos últimos anos tem sido muito penalizada com a distri-buição de verbas do Orçamento de Estado, situação que dificulta manter as dinâmicas de acção social na freguesia.Fazemos mais porque contamos com muito trabalho voluntário dos eleitos e com a dinâmica das associações e colaboração dos parceiros. “A Junta de Freguesia é o colchão da fregue-sia, nós fazemos tudo para apoiar os projectos de todos os parceiros da freguesia. A nossa grande opção é apostar no trabalho ao nível social” – sublinha Jorge Silva.“Se não fosse a Câmara que descentraliza com-petências e verbas, de facto, esta dinâmica para estarmos mais próximo das populações seria muito difícil concretizar” – refere.

S.P.

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Laura Teixeira, Enfermeira Especialista de Saúde da Comunidade

«No dia-a-dia encontramos hoje muitas famílias com carência económica e com fome» Laura Teixeira, Enfermeira Especialista de Saúde da Comunidade, no Centro de Saúde do Vale da Amoreira, salienta que os níveis de saúde na zona de intervenção do Centro “são variáveis tem a ver com as origens dos utentes, se já permanecem há muitos anos são situações estáveis”, mas, refere se são “imigrantes recentes, com redes de família frágeis, debatemo-nos com problemáticas diversas”.

“Essas pessoas que chegam à procura de uma vida melhor, eles não sentem a neces-sidade de tratar da saúde como nós senti-mos” – refere – “a problemática da saúde tem a ver com a cultura, sendo necessário fazer negociação, fazer alguma diluição de saberes, entrar na cultura deles, dá-nos tra-balho de forma a saber como entrarmos na família”.Agrava muito o grupo de doenças mentaisRecordou que na zona encontra-se situa-ções resultantes das carências económicas, o desemprego dos jovens, situações ge-radoras que mexem muito com as famílias – “as situações sócio-económicas mexem muito com as famílias, gerando situações de deliquência juvenil”.“Há neste meio muito tráfico de substâncias psicoactivas e comportamentos sexuais de risco, são situações com as quais nos de-batemos no dia-a-dia, para além de outras patologias que existem de forma transversal na comunidade, que têm a ver com situa-ções de desemprego, gerando problemas do foro mental, dependências do álcool, que agrava muito o grupo de doenças mentais” – sublinha.Refere que como preocupações são estes dois grupos de doentes de foro mental e dependências do álcool.

TRABALHOS NA RUA COM AS FAMÍLIAS

“Não é fácil trabalhar com famílias, porque não é muito fácil mudar conceitos. Temos que fazer um trabalho com as famílias para que eles percebam os riscos” – refere.São realizadas acções na comunidade, num trabalho de parceria com diversas institui-ções, promovendo formação em questões de saúde, alimentação e educação sexual, para além de visitas às famílias.“Trabalhos na rua com as famílias, na pre-venção de doença e na promoção de saú-de. Vamos ter com as famílias a casa, um trabalho que realizamos há anos. O nosso objectivo é que eles entrem no processo de saúde” – salienta.

ACÇÃO EM TRÊS FRENTES

A Unidade de Saúde na Comunidade desen-volve a sua acção em três frentes – ao nível da escola, ao dos cuidados continuados e saúde na comunidade.Ao nível dos cuidados continuados são prestados apoios de enfermagem a utentes acamados, com apoio domiciliário – “temos muitas pessoas, aqui no Vale da Amoreira

e na Baixa da Banheira, que são as nossas duas população alvo”.

PROJECTO DE UNIDADE MÓVEL

Ao nível de intervenção da comunidade, o trabalho realizado com parceiros, junto a fa-mílias de risco, através do Programa Esco-lhas – este é um parceiro que trabalha com jovens em unidade escolar, acompanham igualmente as famílias abrangidas pelo RSI – Rendimento Social de Inserção.“Temos uma unidade móvel, esse é o nosso grande projecto, que deve arrancar dentro de semanas” – sublinha.

FAMÍLIAS COM FOME

Recorda que existem muitas situações de jovens a recorrer à interrupção voluntária da gravidez – “há um aumento e situações que se repetem e muitas jovens a recorrer à pílula do dia seguinte e a solicitar apoio ao nível da gravidez ”.“No dia- a-dia encontramos hoje muitas famílias com carência económica e com fome. Esse é um grande dilema que vive-mos todos os dias” – salienta.

DIVULGAR O «CHEQUE DENTISTA»

A enfermeira Laura Teixeira sublinha o tra-balho que é realizado com os idosos em colaboração com o CRIVA, são acções de sensibilização sobre diversas temáticas da saúde, estão igualmente a promover inter-venção ao nível da saúde oral, procurando divulgar o «cheque dentista» junto de todas as instituições que dão apoio a idosos.

REFERENCIADAS 200 FAMÍLIAS

A intervenção realizada ao longo de anos,

refere tem dado os seus frutos – “hoje sentimos que há famílias que aderem ao sistema de saúde”.

Na intervenção comunitária estão referen-ciadas 200 famílias, com uma média de mil tendimentos/anuais.

PREOCUPAÇÕES COM OS SEM ABRIGO

“Temos preocupações com os sem abrigo, há muitas situações de pessoas que estão em casa, sem água, sem luz. Há mais de 20 pessoas sem abrigo. Têm casa mas vivem como se fossem sem abrigo. Há imigrantes que não estão legais, mesmo

estando cá há muitos anos, não estão do-cumentados.” – refere.

HÁ SITUAÇÕES QUE CONDUZEM AO SUI-CÍDIO

“Há situações que conduzem ao suicídio. Pessoas que nos dizem que estão fartas de viver nesta situação” – sublinha Laura Ferreira.“São pessoas sem suporte social que ficam num beco sem saída, não tem dinheiro para nada e recorrem ao dinheiro fácil. São situa-ções muito graves que nós profissionais de saúde não podemos resolver ” – sublinha Laura Ferreira.

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«Não é fácil trabalhar com famílias, porque

não é muito fácil mudar conceitos. Temos que fazer

um trabalho com as famílias para que eles

percebam os riscos»

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Novo Parque Infantil no Vale da Amoreira – Moita

Junta de Freguesia investe 17 mil euros no projecto. HOMENAGEM A ANTÓNIO FIGUEIREDOA Junta de Freguesia do Vale da Amoreira vai construir, junto ao ex-CAVA, um novo parque infantil.Um equipamento que resulta de um investimento daquela autarquia num valor de 17 mil euros, que irá contemplar, também, a instalação de um equipamento sénior.

Restaurante «O Manel»O espaço comercial mais antigo do Vale da Amoreira

A Câmara Municipal da Moita, neste projecto, investirá 5000€ destinados à colocação de novos bancos de jardim.“Todo aquele espaço será, novamente, alvo de requalificação, pela ação direta dos trabalhadores da Autarquia” – sublinha a Junta de Freguesia do Vale da Amoreira, acrescentando que – “o investimento agora realizado, cumpre uma anti-ga ambição, que é a criação de uma zona privilegiada de convívio familiar”

TRABALHOS SERÃO INICIADOS ESTE MÊS

Os trabalhos serão iniciados este mês. A Junta de Freguesia do Vale da Amoreira solicita a compreensão da população por quais incómodos causados pelas obras.Por outro lado refere que – “sendo este um grande in-vestimento, é necessário os esforços de todos para que esse novo equipamento perdure por muitos anos”, apelando “à con-servação do mesmo”.

HOMENAGEM A ANTÓNIO FIGUEIREDO

A Junta de Freguesia do Vale da Amoreira divulga que pre-tende atribuir ao espaço urbano envolvente a denominação - RUA ANTONIO FIGUEIREDO – aguardando para tal que seja aprovado pela Câmara Municipal da Moita.António Figueiredo foi um activista local, um homem que sublinha a Junta de freguesia – “sempre defendeu o de-senvolvimento da freguesia, empenhando-se em diversas acções, desde da recolha de assinaturas por causa da falta de segurança, fundador da Associação de Condóminos, que teve origem numa Comissão de Moradores que funcionava nas instalação do Cava”.

Recorde-se que António Figueiredo pertenceu largos anos à Assembleia de Freguesia do Vale da Amoreira. Morador naquela zona, freguês muito conhecido na Freguesia, a atribuição do seu nome à rua do espaço envolvente do novo Parque Infantil – “é apenas e só um pequeno acto simbólico para agradecer o seu empenho e dedicação no desenvolvimento da Freguesia”- sublinha a Junta de Fre-guesia do Vale da Amoreira.

TROCA SOLIDÁRIA

A iniciativa «Troca solidária» vai realizar-se nos próximos dias 1 e 2 de Junho, no Centro Multiusos ( EX-CAVA), no

horário: 10h ás 12 das 14h ás 17. Contamos com a vossa solidariedade. No dia 1 de Junho, nesse mesmo local, serão distribuídos cabazes a famílias carenciadas resultante do Abril Solidário.

ANIVERSÁRIO DA FREGUESIA

O 25º Aniversario da Junta de Freguesia do Vale da Amoreira vai ser assinalado no dia 25 de Maio, numa sessão solene agendada para as 15 horas, nas instalações da autarquia, estando previsto o lançamento de u livro sobre a historia da freguesia.

Perto da «Escola do Mato» frequentado por professores e residentes na zona. o Restaurante «O Manel» é uma ilha, um espaço aprazível no Vale da Amoreira.Manuel Dias Simões, natural do Vale da Amoreira, é o proprietário do Restauran-te «O Manel», um restaurante que existe há 40 anos.É, na verdade, um espaço agradável, com bons sabores, onde se come um petitoso bacalhau assado.“Este restaurante foi uma herança que re-cebi do meu pai, já funcionamos aqui há 40 anos. Eu dei seguimento” – diz-nos

Manuel Simões, sentindo-se orgulho nas suas palavras.Ao seu lado a sua esposa, a cozinheira – “É a escrava cá da casa, é ela que tudo faz”- comenta com um sorriso. Quisemos saber como vai o negócio, nestes tempos conturbados, a resposta foi a que era de esperar - “Isto agora está um pouco complicado, de há dois anos para cá que as coisas estão a complicar-se” – refere Manuel Simões.Dizem-nos que este é o estabelecimento mais antigo do Vale da Amoreira e uma re-ferência para quem visita a freguesia

PerfilMAIO/JUNHO 2013

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Page 8: O SEU DIÁRIO DIGITAL O SEU DIÁRIO DIGITAL JORGE SILVA, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA «A junção das duas freguesia numa só vai criar-nos grandes problemas

LimiteMAIO/JUNHO 2013

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Feliciano Dias, Presidente da Direcção da AMANGOLA – Associação Moitense dos Amigos de Angola, fundada em 2001, nasceu a partir de um grupo de amigos residentes na Baixa da Banheira, pessoas que estiveram em Angola, que se identificam como “amigos de angola”, tendo por finalidade – “promover os valores e cultura angolana” .

CONTA COM CERCA DE 300 ASSOCIADOS

“A associação apoia os jovens da freguesia do Vale da Amoreira ao nível da música, da arte, e promovemos diversas actividades direccionadas para os jovens do Vale da Amoreira. O nosso objectivo é trabalhar para a comunidade, quer para jovens angolanos, caboverdianos, e toda a comunidade” – su-blinha Feliciano Dias.A AMANGOLA conta actualmente com cerca de 300 associados, promove diversas acti-vidades, muitas delas na rua, quer ao nível desportivo, quer ao nível cultural, mantém em actividade grupos de dança, hip hop, mu-sica africana e dá apoio aos que pretendem explorar a vocação musical, disponibilizando um estúdio de música.“Procuramos transmitir aos jovens uma mensagem positiva, a mensagem que queremos que saia da nossa associação passa por respeitar angolana e respeitar Portugal” – sublinha.

TRABALHAMOS COM A AUTARQUIA

O Presidente da AMANGOLA, sublinha as boas relações da associação com a Junta de Freguesia do Vale da Amoreira, e a vontade de colaborar – “trabalhamos com a autarquia e temos elementos da associação eleitos na Assembleia de Freguesia”. Feliciano Dias, refere que muitos angolanos actualmente – “está a regressar às origens”. Ele próprio já partiu para Angola. “Eu considero-me um angolano, apesar de ter nacionalidade portuguesa, o meu pai nasceu em angola, o meu avô viveu em angola. Eu nunca perdi o meu ideal por aquela terra, por isso nunca quis perder as minhas raízes.” – refere.

VOU REGRESSAR À MINHA TERRA

“Costumo vestir as cores da minha pátria. Angola deu uma volta muito grande e sei que Angola quer receber que souber estar em Angola” – salienta.“Vou regressar à minha terra. E quero levar a mensagem de Portugal para Angola, espero criar uma associação de angolanos amigos

da Moita. Quero dar o meu contributo, levar a minha experiência e dinamizar o associa-tivismo em Angola. Vou para Luanda, para Cazeng, que é o meu bairro.” – sublinha.Notam-se lágrimas nos seus olhos quando afirma – “Espero que o trabalho da Aman-gola tenha continuidade para manter viva a cultura de Angola” – refere.Recorda que as dificuldades dos tempos actuais estão a criar problemas, situações que vão sendo superadas com o apoio da Junta de Freguesia do Vale da Amoreira e Câmara Municipal da Moita.

ASSOCIAÇÃO DÁ MUITADIGNIDADE ÀS FESTAS

“Esta associação dá muita dignidade às Fes-tas do Vale a Amoreira, espero que continue a marcar presença para divulgar a cultura angolana. Nós somos sempre um espaço visitado por todos os que vivem as Festas do Vale da Amoreira” – sublinha Feliciano Dias.Recorda que Adriano – um jovem que par-ticipou nos Ídolos nasceu no seio do traba-lho desenvolvido pela Amangola, sublinha o trabalho realizado por Pedro Pinhal, que através do projecto EDUCARTE, motiva os jovens para a arte do graffiti.“O Kolman, que já era um jovem do grafi-ti, também desenvolveu trabalho aqui na Amangola” – refere.

JOGADORES DE GRANDES CLUBES

Ao nível desportivo refere a realização de Torneios de Futebol,o «AmaVerão» e «AmaNatal», que contribuem para rece-

ber imigrantes e integra-los nas vivências da comunidade.Recorda nomes como Nunes, Jorge Plácido, Jorge Ferreira, Landec, jogadores de grandes clubes, que passaram pelo Vale da Amorei-ra – “costumam participar nos torneios e matar saudades, revendo amizades”.

RELAÇÃO MUITO POSITIVACOM A EMBAIXADA

“Mantemos uma relação muito positiva com a Embaixada de Angola. Nós somos o elo de ligação da comunidade com a embaixada. Procuramos que a embaixada saia para a rua e mantenha contactos com as comunidades.Hoje o consulado de Angola costuma vir aos Bairros, normalmente, são acções que de-correm no Ginásio da Baixa da Banheira, para apoiar a legalização” – sublinha

IDENTIFICAMOS 20 PESSOASSEM NACIONALIDADE

“Estamos a procurar identificar os angolanos que vieram na ponte área de 1975 que, infe-lizmente, ainda hoje, não têm nacionalidade nem angolana, nem portuguesa. Estamos a tratar destes problemas com o apoio da Igreja Bom Samaritano. Já identificamos 20 pessoas nestas condições” – sublinha Feliciano DiasRefere, igualmente que com o apoio da Igreja Bom Samaritano é realizado um trabalho de apoio alimentar – “damos 150 sopas e distribuímos produtos como alfaces, fruta, para tentar remediar um pouco, porque há muitas pessoas carenciadas. Fazemos isto

todas as sextas-feiras”.

PAPEL MUITO IMPORTANTEJUNTO DOS JOVENS

“Conversa no Quintal” é um espaço que promovemos regularmente, em torno da-quilo que cada um trás, para comer e beber, mantemos conversas.“Falamos desde as saudades que temos de angola, até conversas dos filhos que dizem eu quero conhecer a terra do meu pai” –A Amangola promove uma rádio de rua que apoia as associações da comunidade na di-vulgação de actividades.“A Amangola tem um papel muito importan-te junto dos jovens. Inserimos os jovens no mundo do trabalho” – sublinha Feliciano Dias.Lamenta com tristeza que em projectos de recuperação do Vale da Amoreira não sejma criadas condições para que os jovens traba-lhem nesses projectos – “eles sentiriam de outra forma o Bairro, porque com o trabalho sentiam que ajudavam a reconstriur. Tenho tristeza que isso não aconteça”.

SER PARCEIRO É IMPORTANTE

“É importante ser parceiro, não ser apenas parceiro no papel, porque ser parceiro é dar tudo para apoiar outras associações. Nós gostamos de todas as associações e vive-mos isso dando a nossa parceria” – sublinha o presidente da Direcção da Amangola.“Gostaria que todas as associações vivem--se essa frase com totalidade- assumin-do esse ideal – Eu sou parceiro” – refere a finalizar.

Feliciano Dias, Presidente da Direcção da AMANGOLA Associação Moitense dos Amigos de Angola «Nós somos o elo de ligação da comunidade com a embaixada»