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ANO I - Nº 3 OUTUBRO/NOVEMBRO - 2007 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222-9572 www.otranscendente.com.br PAG 01A.indd 1 27/9/2007 16:40:19

O Transcendente - No.3

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Edição Outubro/Novembro 2007

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ANO I - Nº 3

OUTUBRO/NOVEMBRO - 2007

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br

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02 OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 APRESENTAÇÃO

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 - Redatores: Sandro Liesch / Volnei Lazzari Revisor: Mauri Heerdt - Diagramação: Fábio Furtado Leite - Ilustração: Victor Conceição Marketing: Patrícia Hoffelder - Atendimento ao Assinante: Miriângela Paim / Lenir Lazzari e

Ediany F. Gomes da Rosa - Financeiro: Jocimare Gomes da Silva

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222-9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222-9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano I - nº 3 - oUTUBro/noVEMBro - 2007

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•Individual:•Assinatura Coletiva (no CUPoM da página 11)•Assinatura de apoio:•Internacional:

ASSInATUrA AnUAL

r$ 20,00

r$ 35,00r$ 55,00

Um livro completo e pedagógico que a equipe de “O TRANSCENDEN-TE” preparou para os professores de Ensino Religioso e seus alunos.

Nele estão todas as religiões antigas e atuais previamente corri-gidas por representantes das diver-sas religiões.

Indicamos este livro para os educadores e, particularmente, para os professores de Ensino Religioso.

Precisa-se de formaçãoA Equipe da ASSINTEC nos incentivou tam-

bém a oferecermos conteúdos ligados à ética para serem trabalhados em outras áreas. Sábia a sugestão, pois, se as religiões não levarem à vivência da ética, teriam falido em sua finalidade. A propósito disso, cito uma entrevista que a Tribuna da Imprensa fez com Dalmo Dallari, grande lutador pelos direitos humanos. Entre outras, foi-lhe dirigida a seguinte pergunta: De que forma o senhor define as crises políticas no Brasil de hoje?

Dalmo Dallari - “Acho que há carência de um conjunto de fatores, entre eles o componen-te ético. Há pessoas, situadas nos diversos poderes do governo, que abrem mão de padrões éticos, que são fundamentais na sociedade brasileira, perdendo a vergonha de agir de maneira imoral.

Estamos vivendo uma fase de materialismo exacerbado, da su-pervalorização dos bens materiais, em que as pessoas se preocupam com o ter, com o ganhar..., dando pouco valor à pessoa humana, à sua dignidade e à exigência de justiça nas relações humanas.

Verifica-se assim um grave empobrecimento ético da hu-manidade. Precisamos cultivar mais as idéias e os fundamentos que estão na base da convivência humana”.

O que fazer?Se esta é a situação, devemos nos perguntar:

quem deveria recuperar e fortalecer estes valores tão essenciais e, infelizmente, um tanto esquecidos?

Sem dúvida, concluiremos: a família, pois é a primeira e mais importante célula da sociedade. E quem mais? Logo depois vem à mente a escola, pois é aos seus professores, e não só aos do ER, que os pais entregam seus filhos, na certeza de que eles continuarão a sua instrução, oferecendo uma edu-cação e formação integral, fruto de competência,

mas, sobretudo, de um grande amor e paixão pela sua nobre missão. Nada melhor se continuarem a fazê-lo juntos. Mas como isso é difícil de acontecer!

Encontro de líderes religiosos Uma notícia que nos interessa muito. De 21 a 23

de outubro, em Nápoles, haverá um grande encon-tro de líderes religiosos. O encontro tem como slo-gan «Religiões e culturas: diálogo por um mundo sem violência». Está prevista a presença, entre outros, do Papa Bento XVI, do Patriarca de Constantinopla, o Patriarca de Moscou, representantes do Islamismo,

do judaísmo e das grandes re-ligiões asiáticas.

Que bom gente! Enquan-to as religiões se encontrarem, dialogarem e rezarem juntas, há esperança de que a huma-nidade se entenda e construa a fraternidade e a paz que todos almejamos. Vamos torcer para que o encontro traga muitos frutos de fraternidade.

Religiosidades orientais

Como estão vendo, na edi-ção que têm em mãos, apresentamos as religiosidades de matriz oriental. Uma grande responsabilidade para nós, pois é no enorme continente asiático, de maior índice populacional, que nasceram e se desenvolve-ram as maiores e mais antigas religiões do mundo. Foi na Ásia que nasceram, entre outros, Buda, Maomé, Confúcio e Jesus Cristo. Todos eles e as religiões por eles fundadas muito contribuíram na construção das mais famosas e milenares civilizações do mundo.

Portanto, a todos vocês um bom trabalho e conti-nuem nos enviando suas preciosas sugestões e os traba-lhos (concursos) desenvolvidos pelos alunos, que propomos na edição passada. Até após as férias.

Meus caros amigos e amigas,Quero me dirigir sobretudo aos professores e pro-

fessoras de Ensino Religioso, a quem queremos ajudar em sua árdua missão. Esta é última edição de 2007 do jornal O TRANSCENDENTE e, por ser a últi-ma, podemos nos considerar vitoriosos e firmes na espe-rança de continuarmos no próximo ano com mais eficiência.

O trabalho não foi fácil, mas muito nos ajudou o incentivo dos coordenadores de Ensino Religioso das prefeituras e dos mais de cinco mil professores e professoras que nos prestigiaram usando este nosso subsídio. Não faltou quem nos escrevesse enviando elogios, incentivos e ótimas sugestões.

TESTEMUNHO DO ASSINTECFicamos particularmente honrados e fortale-

cidos com o prestigioso testemunho da Equipe Pedagógica da ASSINTEC, do Paraná, entidade que trabalha para a promoção do Ensino Religio-so. Eis as considerações daquela Equipe:

“Queremos parabenizar ao senhor Pe. Paulo e sua equipe pela excelente elaboração do Jornal Pedagógico para o Ensino Reli-gioso O TRANSCENDENTE, uma formidável fonte de apoio pedagógico que faltava para as escolas do Brasil.

A indicação da bibliografia e a abordagem de temas que tratam do conteúdo específico do Ensino Religioso vêm ao encontro das necessidades dos professores de ER Escolar, bem como os temas ligados à ética podem ser trabalha-dos na transversalidade não só no

ER, mas em outras áreas do conhe-cimento (...).

Como estamos sob a mesma ban-deira, que é a promoção do ER, com

base no respeito à diversidade cultural religiosa, nós da Equipe Pedagógica da AS-

SINTEC gostaríamos de compartilhar experi-ências e, quem sabe, estabelecer parceria”.

Assinam: Borres Guiloski - Diná Raquel D. da Costa - Emerli Schlögl

Ótimo, amigos da ASSINTEC. Quanto à propos-ta de estabelecer uma partilha de experiências, é o que mais queremos, e não só com vocês, mas com outras entidades que se interessam pelo assunto. Isso ajudará a todos para avançar nesta empreitada!

Hoje, os ociden-tais estão aprenden-do com os orientais uma maneira dife-rente de viver e de ver o mundo.

Estamos assi-milando muitas de suas virtudes e conceitos, dentre os quais, podemos citar a busca pela harmonia, pelo equilíbrio entre corpo e mente e, especial-mente, a arte da meditação.

Para nós, isso não se constitui em per-da de identidade, mas sim em um enrique-cimento mútuo.

O TRANSCENDENTE continua sendo cada vez mais aceito e apreciado por milhares de professores(as) de Ensino Religioso de todo o Brasil. Finalmente, nos escrevem: temos um subsídio que nos ajuda em nossa difícil missão! Infelizmente, somente agora, muitos pro-fessores estão descobrindo este novo jornal pedagógico. Diante disso, estamos lançando uma promoção. Os pro-fessores que quiserem adquirir as primeiras 4 edições de “O TRANSCENDENTE” de 2007 poderão adquiri-las por somente R$ 10,00. (Obs.: O preço individual da assinatura para 2008 continu-ará sendo o mesmo do CUPOM da página 11. Aproveite a PROMOÇÃO e realize já a sua assinatura para 2008!)

* PROMOÇÃO + ASSINATURA PARA 2008 = R$ 30,00 *

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nifestações mágicas constatadas pelos arqueólogos são as pinturas em paredes de cavernas feitas na era paleolítica. Foi neste período que os seres humanos começaram a viver em grupo. Os estudiosos chamam estes homens paleolíticos de homens “homens mágicos”, isto porque o homem mágico só entende a sua exis-tência enquanto participante de uma infinita cadeia de causas e efeitos que engloba a natureza, o clã, os seres transcendentes e os espíritos.

Os objetos, para ele, têm personalidade e significa-ção religiosa e podem desencadear efeitos ameaçadores e destruidores. Para serem protetores, requerem o uso e o respeito a eles devido, e a observância incondicional de to-dos os tabus que os envolvem. Para haver uma desgraça ou destruição basta que alguém viole algum dos tabus.

Em seu livro “Os filhos da terra”, a antropóloga norte-americana Jean M. Auel narra como Ayala, a jovem Cro-magnon, que foi criada por um clã de Neandertal, quebrou o tabu da funda de caça, fazendo uso dela para matar uma fera que estava para atacar um bebê. As mu-lheres não podiam tocar em qual-quer arma. Ayala, desde então, tornou-se morta para o clã. Todos passavam por ela e a ignoravam. A pessoa que violasse um tabu recebia do chefe do clã uma maldição de morte e tinha que abandonar o convívio social para sempre, vagando errante até ser eliminada por uma fera, ou pelas intempéries da natureza.

Muitos sinais da mentalidade mágica dos ances-trais são presentes ainda hoje. Citamos o exemplo colhido, há menos de um século, pelo enó-logo Hyatt Verril na Guiana Francesa. Um nativo carrega-va na mão uma lanterna a pi-lha, sem nunca separar-se dela, não permitindo que alguém a tocasse. Ele observou que os brancos usavam a lanterna e concluiu que se tratava de um objeto mágico protetor.

O espíritO dOs animais prOtetOres

A magia dos clãs foi a primeira tentativa de comuni-cação com o transcendente. Mas este Transcendente era uma espécie de espírito protetor pessoal. Cada pessoa nascia com seu totem protetor pessoal. Cabia ao feiti-ceiro do clã descobrir e revelar o totem de cada pessoa, em uma cerimônia onde a criança recebia o nome.

O totem era um animal, ou melhor, o espírito de um animal que tinha como dever proteger a pessoa contra os perigos, dar-lhe filhos, e, após a morte, guiá-los para o mundo feliz dos espíritos. Caso fosse que-brado algum tabu ou a pessoa ao morrer não fosse sepultada, o espírito poderia se zangar e deixar seu protegido vagando para sempre sem chegar ao mun-do transcendente dos espíritos.

O ENSINO RELIGIOSO OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 03

O religiOsO subsiste nO mundO mOdernO

Muitos acham que religião é coisa do passado, sem sentido para o mundo moderno. Quem pensa assim demonstra pouco conhecimento do ser huma-no e de sua história.

Numa época em que cresce o secularismo e o ateísmo, vemos sinais de que a pessoa humana é religiosa, pois, jamais houve tanta busca de expe-riências místicas, secretas, mágicas... Em todos os países há grupos de estudos místicos, astrológicos e esotéricos. Todos procuram compreender a vida e o sentido da existência através de explicações fi-losóficas e religiosas, baseadas nas religiões antigas, em ritos secretos e nas forças misteriosas de crenças milenares.

Amuletos, talismãs, duendes, palavras e fórmulas secretas estão virando objetos de consumo. Acontecem congressos mundiais de bruxarias e de feiticeiros...

Na Antigüidade era admissível a recorrência ao transcendente e ao sagrado, também porque não existiam meios científicos para solucionar os vários problemas e impasses naturais e humanos. Hoje, a ciência e a tecnologia explicam os principais pro-blemas da sobrevivência humana, mas, mesmo as-sim, não consegue descartar o sagrado.

O século XIX caracte-rizou-se pela influência de cientistas ateus que descarta-ram todas as concepções de fé. Para eles, quando surgiu a ciência, a religião não teria mais necessidade de ser. Um exemplo é Albert Einstein. Educado na fé judaica, aban-donou o judaísmo e a crença no Deus criador, quando de-parou-se com a força escondi-da no interior da matéria. Po-rém, quando suas descobertas sobre o átomo foram usadas pelos norte-americanos, para a construção da bomba atômica, ele teve uma gran-de decepção com a pequenez e a incapacidade que o homem tem em usar as novas tecnologias em favor da vida. Então voltou novamente à fé e a prática re-ligiosa, convicto de que, além da ciência, há um ser superior que pôs em ordem o universo.

a religiãO é tãO antiga quantO a humanidade

A arqueologia moderna constata a concepção da transcendência como um dos primeiros sinais da consciência humana.

No início da história, a comunicação com o trans-cendente era feita através da magia. As primeiras ma-

Todos nós temos uma certa curiosidade sobre o surgimento da religião, como foi compreendida e vivida pela huma-

nidade, desde a pré-história, até os nossos dias. Em todas as culturas de todos os tempos foram encontrados sinais de religiosidade. No mundo moderno também encontramos a religiosidade presente sob vários aspectos: festas, símbolos, nomes de ruas, de lojas, de cidades...

Os seres transcendentes eram identificados como o espírito dos animais por serem estes muito mais poderosos e fortes do que as pessoas. No entan-to, não chegavam a ser misteriosos, porque as pes-soas viam os animais e até sabiam dominar muitos deles. Os espíritos mais comuns eram dos bisontes, ursos, leões, mamutes e gatos, por serem animais fortes e ágeis.

Até hoje, nas religiões dos povos indígenas, po-demos constatar o totemismo. A onça, para algumas

tribos brasileiras, não é um animal e sim um espírito, um totem.

A magia paleolítica não tinha deuses. Tinha somen-te espíritos. Os totens escul-pidos surgem somente na Era Neolítica, transforman-do-se posteriormente em ídolos. As pessoas, então, já não veneram os espíritos, mas a estátua de pedra, de cerâmica ou madeira.

Quando as pessoas dei-xam de viver em clãs e se organizam em famílias au-tônomas, não habitando mais em cavernas mas em casas, também os espíri-tos protetores pessoais se transformam. A deusa–ter-

ra, simbolizada pela lua, é a responsável pela vida.

as religiões naturais existem até hOje

Quando os totens passam a ser representados por esculturas, temos os ídolos. Depois, com a evolução social, surgem as pequenas imagens portáteis que ser-viam de amuletos protetores e que se transformam em colossais estátuas de ouro, bronze, prata, madei-ra ou pedra, passando a habitar em grandes santuá-rios. No mundo, temos muitas destas estátuas como as misteriosas cabeças de pedra da Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico.

Os índios brasileiros que habitam o Xingu fa-zem periodicamente a festa do Quarup, na qual ve-neram a memória dos mortos e facilitam o caminho deles até o sol que é a morada de Maíra, o Deus cria-dor. No Quarup, celebra-se a crença de que Maíra, ao criar os seres humanos, esculpiu-os em troncos durante a noite. Pela manhã o sol iluminou-os e deu-lhes vida, mas os troncos continuavam enraizados à terra. Maíra os soprou e os ajudou a moverem-se. Então, saíram andando tornando-se homens e mulheres como nós hoje. Esta é a concep-ção totêmica da origem da vida humana.

(continua no próximo número)

1. Enumere alguns sinais de religiosidade nas culturas primitivas.

2. A cultura moderna também apresenta sinais de religiosidade? Quais?

3. Como julgamos o totemismo?

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04 OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 CONVERSANDO COM O EDUCADOR

O TRANSCENDENTE: Professor Henri, o senhor disse que o professor de ER precisa “trocar os ócu-los”, isto é, começar a ver o mundo que o cerca de maneira diferente, ver que à sua frente há uma enorme diversidade de religiosidades, de culturas, enfim, uma inigualável riqueza. Na prática, o que significa “trocar os óculos”?

Henri Fuchs: A troca de ócu-los tem a ver com a forma di-dática de atuar na educação. A forma com que nós professo-res fomos formados, nos colo-cou numa posição de “eu sei o conteúdo, a matéria...”. Hoje, esta “mudança de óculos” nos desafia a começar a pensar assim: “eu tenho os conhecimentos acumulados, construídos, que eu preciso disponi-bilizar. Justamente estamos na escola para isso”, mas também consi-derar que o próprio aluno traz o conhecimento junto. Isso significa que nós precisamos aprender a fazer este processo dialógico da construção do co-nhecimento.

OT: E como “trocar estes óculos”?

Henri Fuchs: Conversando mais com os alunos sobre as questões pertinentes à educa-ção, à sala de aula, à vida. Dialogando com os de-mais professores, as direções, a comunidade escolar e com os alunos mesmos, que são o foco da escola. Isto não é tão simples e tão fácil, porque estamos vivenciando um momento em que as pessoas têm cada vez menos tempo e estão menos dispostas e abertas para dialogar.

OT: Se a escola pode vir a “matar” a criativida-de do aluno, o que a escola e o professor pre-cisam fazer para que o aluno se interesse mais pela aula, pela escola e para que esta seja um am-biente no qual o aluno venha a desenvolver suas potencialidades?

Henri Fuchs: Aparentemente a resposta é simples, mas esta simplicidade de resposta não coincide com a profundidade teórica necessária. Aparentemente é simplesmente trocar a forma de compreender a escola, os conteúdos, o papel do professor e do aluno. Agora, o que está por detrás desta opção pe-dagógica, de fato precisa acontecer na formação do

or ocasião do VI Fórum do Ensino Reli-

gioso, promovido pelo CONER-RS, no qual a Equipe do jornal O TRANSCEN-DENTE esteve presente, entrevistamos o professor e teólogo Henri Fuchs que fez interessantes reflexões a respeito do ER. Repassamos sua sábias refle-xões para todos os professores de ER do Brasil.

professor. Se nós estamos aqui, hoje, para discutir a diversidade, este é o primeiro passo, para muitos, de ter acesso a esta área do conhecimento e até a começar a pensar que a educação que ocorre na esco-la também precisa contemplar a dimensão religiosa. Mas esta dimensão religiosa sempre esteve na escola. Ela nunca deixou de estar, mas até hoje os alunos não têm uma segurança para dizer o que eles são. Então para que nós possamos descobrir, tirar o que está encobrindo esta identidade do aluno, nós, en-quanto professores, precisamos fazer um exercício muito grande para rever o nosso posicionamento, as nossas opções políticas, a nossa forma de entender a escola e a sociedade como um todo.

OT: Muitos pais vêem a escola como a única responsável pela educação. Delegam à escola a formação ética, moral e religiosa de seus filhos, inclusive a educação para a diversidade. Neste contexto, como o senhor vê o papel da família?

Henri Fuchs: Nós precisamos entender que, hoje, a configuração familiar é totalmente diferente. Não temos mais aquela “família padrão”. O que temos hoje são vínculos afetivos, e este vínculo afetivo é fundamental para o desenvolvimento de qualquer pessoa. Infelizmente, devido a esta concepção cartesiana de conhecimento e de sociedade, não se deu muita atenção para a família nestes últimos anos. Na realidade está se dizendo assim: “é a escola quem vai resolver todos os problemas de formação”. Esta concep-ção não está ajudando a escola, nem a família, muito menos a sociedade como um todo.

O desafio, e isso o ER vai fazer, é trabalhar a partir da identidade do aluno. Algumas famílias não têm uma identidade religiosa construída. Pode não tê-la organizada, esquematizada, ritualizada, mas ela tem princípios que a regem: princípios de bem, de justiça, tem aspectos do que é sagrado e do que é profano. O que pode e o que não pode fazer, etc. As

famílias trabalham com estes elementos, mas o que está faltando, para nós, é fazer esta ponte entre o aluno, a família e a escola.

O ER, para que ele possa de fato ser desenvolvi-do na escola, precisa iniciar trazendo os pais para perto do professor e da sala de aula, senão o pro-fessor de ER não vai conseguir trabalhar, porque os pais têm uma experiência religiosa e exigem que o filho tenha esta como a “única verdade”. Agora, o aluno que nasceu num contexto diverso, plural, ele já capta esta diversidade no cotidiano.

A escola precisa provocar este aluno a aprofun-dar este conhecimento que “está no ar”, que está na sociedade. E neste processo, se não houver uma par-ceria mais efetiva, mais forte da família com a escola, na área do ER, em especial, nós vamos ter muitos problemas porque nós estamos mexendo com pro-blemas de princípios e as famílias, hoje, têm medo de

que seus filhos não sigam os seus princípios.

OT: Após dez anos da aprovação da lei 9394, o ER já fez muitos progres-sos. O que mais precisa ser feito e qual é o cami-nho a ser percorrido?

Henri Fuchs: Considerando que a Câ-mara de Educação Básica incluiu o ER como a décima área do conhecimento so-mente a partir de 1998, podemos afirmar que, desde então, tivemos muitos avanços. Hoje, praticamente todos os sistemas de ensino trabalham com o ER, com raras exceções devido ao desconhecimento da legislação.

O desafio é conseguir avançar na for-mação dos professores. Nós não temos no Brasil, com raríssimas exceções, uma for-mação específica para o professor de ER, há praticamente apenas dois estados do país que lidam com esta formação espe-cífica. Além disto, devem ser trabalhados

melhor a questão da revisão curricular, os eixos temáticos, a organização curricular e os conteú-dos.

Outro desafio muito grande é a questão da con-tratação de professores. Nós temos inúmeras situ-ações em que os governos ainda não se

“antenaram” para esta área do conhecimento.

P

PARA DEBATER:1. Você concorda com os conteúdos aqui colocados

pelo professor Henri Fuchs? Por quê?

2. A seu ver e na opinião dos alunos, a escola precisa “trocar de óculos”?

3. Sua escola está valorizando o Ensino Religioso?

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UNIVERSO RELIGIOSO05 OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007

JUDAÍSMO Na região do atual Iraque, havia

uma cidade chamada Ur. Ali vivia um homem piedoso chamado Abraão, que, por ordem de Deus, assim está escrito na Bí-blia, abandona sua terra e se dirige à Canaã, atual Palestina. Deus promete que ele se tornará o pai de um grande povo, o povo Hebreu. Assim nasceu o judaísmo.

Desde a Antigüidade, o oriente é um referencial. Nós até usamos a palavra “orientar”, não é mesmo?

Isso porque todos os povos primitivos impressionavam-se com o desaparecer do sol e, ansiosamente, esperavam o seu retorno que se dava no horizonte “Leste”, ou seja, no “Oriente”. Esta direção passou a ser conhecida como lugar onde nasce o sol, a luz.

A título de curiosidade, os cristãos, antigamente, costumavam rezar voltados para Belém, para o oriente, onde Jesus nasceu.

Construíam templos, cujo altar era posicionado nesta direção. Assim os muçulmanos, ainda hoje, rezam voltados para Meca, para o oriente. Ambos

oram nesta direção, em busca de sua “luz”.

Olá amigos, tudo bem com vocês?!

É muito bom estar novamente com vocês e,

nesta nossa última edição deste ano, é um prazer, para mim, poder apresentar o fenômeno reli-gioso de matriz oriental. Para isso, trouxe meu amigo Ke-nichi, que, em Japonês, significa: sábio. Ele vai percorrer o oriente apresentando um pouco a diversidade e a riqueza religiosa que há neste lado do mundo.

Kenichi: Então amigos, vamos começar pela Ín-dia. Foi ali que surgiu, há milhares de anos, a reli-gião que conhecemos hoje por Hinduísmo.

A HiStóriA é cÍclicAUm aspecto muito comum, não só da Índia, mas de ou-

tros lugares do oriente, é a crença de que a história é cíclica (se repete). Para eles, a história está dividida em eras: a Era de Ouro, a Era de Prata, a Era de Cobre e a Era de Ferro.

A Era de Ouro é quando tudo é felicidade, conceito um pouco parecido com o “paraíso”.

Depois o homem vai afastando-se e chega à Era da Pra-ta, uma era durante a qual as coisas já estão mais difíceis. E assim, até chegar a era Kali Yuga (Era do Ferro), na qual o homem afasta-se totalmente dos valores.

Acredita-se que a próxima será a Era de Ouro, na qual todos retornam ao paraíso perdido, mas esse retorno só existirá para aquelas pessoas que se prepararam para esse momento. Para isso, os hindus esforçam-se para evoluir até chegar ao Nirvana, que se dá através de um ciclo de nascimento, vida, morte e renascimento.

BUDiSMO A Índia é berço também de outras religiões. Siddharta Gautama, um príncipe cria-

do em um palácio totalmente afastado do mundo, sem conhecer a fome, a pobreza, as doenças e o sofrimento, em sua adolescência depara-se com isso e decide partir para o mundo em busca de uma resposta para o seu questionamento: Por que sofremos?

Certo dia Siddharta Gautama obtém a tão procurada resposta e passa a ser conhecido como Buda, que significa “aquele que acordou”, traduzido também por “O

Iluminado”. Assim surgiu o Budismo. Muitas outras religiões nasceram e se ramificaram a partir do Hinduísmo: Jainismo, Sikhismo, entre

muitas outras.

cONFUciONiSMO Na China, Confúcio, preocupado com as pes-

soas que se afastavam dos bens morais e éticos e sendo que não havia mais respeito pelas tradições, tenta resgatar a moral do povo chinês a partir de um princípio filosófico religioso. Nasce assim o Confu-cionismo.

Confúcio disse muitas vezes: “Não faças aos outros o que não queres que façam a ti” - “Encontrar a chave central de nosso ser moral, que nos une à ordem universal, é a verdadeira realização, a mais elevada do homem”.

tAOÍSMODa China vem também o Taoísmo. A bus-

ca pela harmonia entre os opostos e a con-templação da natureza é a sua principal carac-terística.

Para o Taoísta, o dia precisa da noite, o bem precisa do mal, o amor precisa do ódio. Sem a concepção

do mal, jamais se poderá entender e valorizar o bem.

XiNtOÍSMOEsta religião nasceu no Japão. O Termo

“Shintô” significa “Caminho dos deuses”. Ela está intimamente ligada à cultura étnica japonesa, a ponto de ser a religião nacional.

Os Xintoístas vêem na natureza a expres-são do sagrado. O sol é visto como fonte de vida e de alegria e o monte Fuji como um san-tuário natural. O Seicho-No-Iê também nasceu neste país. É uma filosofia que combina entre si elementos do budismo e de outras expressões do sagrado de origem oriental.

GEninHO: Nossa, que legal! Eu vou começar hoje mesmo a pra-ticar a meditação. Isso faz bem para todos.

Bem, queridos amigos, espero que tenham gostado e aprendido muito daquilo que eu trouxe para vocês neste ano. No ano que vem tem muito mais.

Tchau e até a próxima!

HiNDUÍSMO O Hinduísmo, na verdade, é constituí-

do de muitíssimas tradições culturais e re-ligiosas. Literalmente, Hinduísmo significa

“afastado do caminho da violência”. Mas, na Índia, esta religião é chamada de Sanathana Dhar-

ma, que significa “Sistema de Leis Eternas”. Trata-se da religião mais antiga do

mundo e que não possui um fundador. O Hinduísta acredita num Deus único,

que se manifesta de diversas formas, as mais conhecidas são: Brah-

ma, Vishnu e Shiva.

Ufa!!! - Geninho, este é apenas um pequeno esboço, uma pequena demonstração de quanto o

oriente é rico em culturas e expressões do sagrado. Para as religiões de matriz oriental, o homem, o mundo e a divindade cons-

tituem uma grande rede de energia. A pessoa deve procurar se sintonizar com Deus e se encontrar com ele.

Os “mantras”, fórmulas sagradas recitadas ou cantadas que, segundo os adeptos, produzem vibrações que colocam a pes-

soa em sintonia com a energia presente no universo. Mas, o que mais me impressiona, é o valor que

os orientais dão ao exercício da meditação e do reco-lhimento interior, tido como vital para o cultivo da espiritualidade e o desenvolvimento do ser.

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ESPIRITUALIDADES OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 06

Fundado pelo guru Nanak Dev, o Sikhismo tem como livro sagrado o Granth Sahib, este também é considerado um guru. Ele é constituído por uma seqüência de hinos compostos pelos primeiros grandes gurus do Sikhismo.

• as citações que mais lhe chamaram a atenção, • o porquê de sua escolha• o que isto significa para a sua vida e a sua espiritualidade.

R ealmente o oriente é fascinante, provocante e intrigante, especialmente para nós ocidentais. Como é impossível abordar tanta diversidade e tantas manifestações do sagrado que provém desta região, o jornal O TRANSCENDENTE traz para vocês, professores e alunos, trechos de alguns textos sagrados que podem ser traduzidos, de certa forma, no modo de ser e de viver de cada pessoa.

Dentro do princípio doutrinal do Taoísmo, o dia precisa da noite, o bem precisa do mal, o amor precisa do ódio. Para o Tao-ísmo, sem a concepção do mal, jamais se poderá entender e valorizar o bem. Essa característica reflete-se dentro do símbolo do Taoísmo, o T’ ai chi, que simboliza a união dos opostos, pois os opostos não se excluem, mas, se harmonizam, se completam.

DOS OPOSTOS, A UNIÃO“Os homens nascem suaves e flexíveis; mortos, tornam-se rígidos e inflexíveis”. “As plantas nascem tenras e maleáveis; mortas,

tornam-se quebradiças e secas”, “assim, aquele que é rígido e inflexível é um discípulo da morte”, “aquele que é suave e maleável é um discípulo da vida”. “Rigidez e inflexibilidade serão rompidos. Suavidade e flexibilidade prevalecerão” (Tao te Ching).

Verdadeiramente, não há nada mais puro neste mundo do que o conheci-mento do Ser Supremo.

Portanto, focalize a sua mente em Mim e deixe a sua inteligência residir apenas em Mim, através da meditação e da contemplação. Desde então, você certamente Me alcançará. (Bhagavad-gita 12.08)

O fogo intenso da devoção por Deus queima todos os Karmas, purifica e ilumina a mente e o intelecto, como a luz do sol ilumina a Terra (Bhagavata Maha Purana 11.03.40).

Quando percebemos o Ser Supremo em todas as pessoas, então não se odeia, e nem se ofende a ninguém (Isavasya Upanisadd 060).

Em nome de Allah, o Clemente, o mise-ricordioso.

Louvado seja Allah, Senhor do Universo, o Clemente, o Misericordioso,Soberano do Dia do Juízo.

Entre os ensinamentos de Jesus, destacamos as “Bem-aventuranças”, consideradas a Carta Magna do Cristianismo. Ela mostra o caminho, indicado por Jesus, para a verdadeira felicidade, pois a verdadeira alegria é uma conquista, que não pode ser obtida sem uma luta longa e difícil. O próprio Gandhi considerava as “Bem-aventuranças” como uma das páginas mais bonitas e sábias já escritas.

A paz eterna faz parte daqueles que percebem a existência de Deus dentro de todos como espíri-to (Katha Upanisadd 5.13).

Aqueles que têm uma experiência transcendental tornam-se perfeitos (Rigveda 1.164.39).Tudo se torna conhecido quando o Ser Supremo é escutado, refletido, medi-

tado, visto e conhecido (Brihadaranyaka Upanisadd 4.05.06).Conduz-me da irrealidade para a Realidade Conduz-me das trevas para a Luz Conduz-me da morte para a Imortalidade. Om Paz, Paz, Paz !

(Brihadaranyáka Upanishadd, 1.3.28)

Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda!Guia-nos à seta reta, à senda dos que agraciaste, não à dos abominados, nem à dos extraviados. (1ª Surata)

AS BEM AVENTURANÇAS

Ame os santos de todas as fés:Jogue fora seu orgulho.Lembre-se da essência da religião:

É submissão e simpatia, não roupas finas,Não a vestimenta ou as cinzas que cobrem o Yogi,Não o soprar cornetas

O Alcorão é a palavra de Allah, revelada a Mohammad nos seus últimos vinte e três anos da vida. Os versículos e as suratas revelados em Mecca abrangem as normas da crença em Allah, enquanto que os que foram

revelados em Madina dizem respeito aos rituais e à jurisprudência.

AL FÁTIHA – A ABERTURA

A Sanatana-dharma, cuja tradução quer dizer “a ordem eterna”, é a mais antiga tradição religiosa do mundo, conhecido no Ocidente como “hinduísmo”. Ela nos traz mensagens de paz, esperança, fé e amor.

As Escrituras Sagradas da Índia transmitem o pluri-milenar conhecimento espiritual do mundo. Qualquer um, independente da sua crença religiosa, dele pode beneficiar-se espiritualmente.

Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.

Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. (Mateus 5, 1-12)

O (a) professor (a) distribui esta página para os alunos. Em silêncio, cada aluno anote:

Não o raspar a cabeça,Não longas orações, Não recitações e torturas,

Não o caminho asceta, mas uma vida de bondade e pureza, entre as tentações do mundo. (Guru Nanak Dev)

Em seguida, em círculo, criando um ambiente de profunda reflexão, o(a) professor (a) organiza a partilha de sentimentos sugeridos pelos trechos apre-sentados das diversas religiões. Permitir que todos se expressem.

O SER SUPREMO

UMA VIDA DE BONDADE E DE PUREZA

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07 OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 RITOS E VIDA

Um poUco de história “Hoje quero uma cabeça. Que venham alguns dos meus si-

khs verdadeiros. Minha espada exige sangue.” Os cinco mais bravos atenderam ao apelo e ofereceram o pescoço, um após o outro, no interior da tenda do grande mestre. Mas, graças à sua coragem, foram poupados e, trajando belíssimas roupas novas, reconduzidos à assembléia. Assim começou há três séculos, na Índia, a tradição do Hola Mohalla, um ritual de bravura e fé criado pelo guru Gobind Singh.

Para os Sikhs, a ocasião é perfeita para reforçar a fama de bons guerreiros. Os fiéis chegam de todos os lugares com suas barbas gigantescas e turbantes coloridos, adagas, cavalos e lanças, dispostos a lutar. Sem jamais esquecer, no entanto, que se batem pela

virtude. Esta certeza os investe de incrível se-gurança e obstinação, que os distinguem dos

outros guerreiros. Nanak Dev (1469-1539), o fundador, o primeiro

de uma linhagem de dez gurus, condenava a violenta dominação de seu povo pelos muçulmanos e a explo-ração pelos sacerdotes hindus de tantas divindades. Em resposta, ele criou uma crença monoteísta, igualitária, que pregava o fim do sistema de castas. Todos eram iguais perante Deus e deviam buscar a tolerân-cia. Dessa forma, Nanak ganhou fiéis entre os ini-migos e, ao morrer, dei-xou para seus herdeiros o trabalho de desenvol-ver a religião. Esta tarefa envolveu muitas perse-guições e mortes.

A mudança mais ra-dical aconteceu durante o reinado de Hargo-bind, que, para proteger o Templo Doura-do de Amritsar, sede da fé Sikhs, começou a carregar duas espadas. Ele foi o primei-ro a afirmar que o emprego das armas se transformaria em lei alternativa. Inspirado nisto, outro mestre, Gobind, criou o Hola Mohalla e uma nova irmandade composta de fiéis escudeiros - os Nihangs.

o ritUal Os soldados nihangs observam os cinco k sagra-

dos: não cortar os cabelos (kesha), nem a barba; uti-lizar um pente para segurá-los (kangha); usar sempre um bracelete de aço (kara), que significa seu voto de pobreza; vestir calças largas e curtas (kashera) para melhor movimentar-se na luta, e nunca abandonar a espada (kirpan).

Todas estas recomendações são rigorosamente seguidas nesta ocasião especial. E, apesar de tudo,

não passando de uma simulação, é comum ver sol-dados perdendo um ou dois dedos no calor dos combates.

deveres dos novos discípUlosSer sikh implica ser discípulo e adotar a obediên-

cia. Os adeptos sabem disso e se esforçam para manter as tradições. Entre elas está a alimentação. Uma vez em uma roda sikh, você é convidado a comer lenti-

lha, arroz e leite. As refeições são preparadas em utensílios de ferro, que, segundo eles, são recomendáveis para a pressão sanguínea.

Todas estas tradições podem ser compro-vadas no Holla Mohalla, que inclui uma longa procissão. Os cavaleiros passam com sabres na cintura e pistolas na mão diante do livro sagra-do, o Granth Sahib, escrito pelos profetas.

Na semana do Holla Mo-halla há torneios e duelos entre os nihangs. Para isto treinam du-rante todo o ano. Cada disputa é iniciada com gritos de guerra criados há alguns séculos. “Um único homem pode lutar contra uma legião”, bradam os cavalei-ros. Os contendores usam khan-das - os símbolos da religião - no alto de seus turbantes.

A época é dedicada também ao batismo de novos defensores da fé, que acontece ao som de tambores

e a repetição incansável da ladainha dos guerreiros. Os jovens aspirantes, vestidos de amarelo, branco e

azul, repetem o ritual criado pelo décimo profeta, para logo se juntarem aos três milhões de nihangs. Exata-mente como naquele 13 de abril de 1699, a cerimônia se encerra com o mestre molhando seu punhal numa taça contendo néctar, que é bebido em seguida pelos no-vos guerreiros. Com a ajuda de Deus e dos gurus, eles aprenderão a ser fortes e a deixar os erros para trás.

O Navjote é uma cerimô-nia de iniciação obri-gatória destinada às

crianças zoroastrianas que deve acontecer entre os sete anos de idade. As crianças começam a ser preparadas desde os cinco anos de idade pelos pais.

Esta educação dada pelos pais prepara as crianças para o dia da celebração do Navjote. Após a celebração as crianças estão aptas para iniciar a educa-ção secular. Caso a criança não esteja apta o suficiente para en-tender o significado da cerimô-nia e conhecer suas responsabilidades, é permi-tido que a cerimônia seja feita mais adiante, até os quinze anos de idade.

É importante que a criança já conheça as principais orações da religião. E assim, como todos os fiéis, reza várias vezes por dia, in-

Todos os anos, na primeira lua da primavera do calendário hindu, milhares de sikhs se reúnem na cidade santa de Anandpur Sahib para o Hola

Mohalla, um ritual de fé e coragem. Empenhados em lutar pela virtude, os cavaleiros chegam a esquecer que se trata de uma simulação e, no calor dos combates, por vezes acabam feridos.

Para o evento, a maioria treina o ano inteiro e encara a disputa com muita seriedade. Fora do campo de batalha, no entanto, os Sikhs se destacam pela hospitalidade e, em suas mesas, nunca falta comida para os visitantes.

Além da cidade santa de Anandpur Sahib, cerca de três milhões de fiéis sikhs peregrinam anualmente a Amritsar, cidade onde está o templo dourado.

vocando a grandeza de Ahura Ma-zda. As orações são feitas perante uma chama de fogo.

Antes de começar a cerimônia, a criança toma um banho de purifi-cação (Naahn) e, durante a cerimô-nia, conduzida pelo mobed e na qual estão presentes familiares e amigos, a criança recebe o sudreh, uma veste branca de algodão e o kusti, um cor-dão feito de lã que ata na sua cintu-ra. A partir deste momento, o novo membro do Zoroastrismo deve usar sempre o sudreh e o kusti.

A importância da cerimônia está no fato que, após a performan-

ce, as crianças passam a ser responsáveis pelos seus atos, oferecer orações e observar os ritos e costumes como um zoroastriano.

VAMOS REFLETIR:1. Quais os aspectos que mais lhe chamaram a atenção nestes dois ritos?

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ATUALIDADES OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 08

Leia o texto e responda as questões “caçando as palavras”1. Religião praticada pela maioria dos chineses. 2. A ........................... da China é uma construção que pode ser vista do espaço.3. Duas cidades chinesas super-populosas: ...................................... e ..........................................4. Forma de governo que marcou o país: .........................................................................................5. O crescimento econômico tem trazido...........................................................................................6. País tomado pela China em 1950: ................................................................................................7. A ............................................. chinesa é a mais antiga de que se tem registro.8. A China divide com o Nepal a posse do pico mais alto da terra, o................................9. A China localiza-se no continente............................, no lado ..................... do mundo.10. Partido criado em 1921 por Mao Tse-tung: ................................................................11. A civilização chinesa nasceu ao lado de grandes rios. Por isso foi e tem sido uma civilização.......................................................................................................12. A história da China passa dos três............................................................................13. Principal dialeto chinês: ...........................................................................................

No Tibet os horizontes são infinitos: paisagens de cortar o fôlego se esten-dem através do planalto que fica no

topo do mundo, a mais de 4.000 metros de altitude. Ao longe, as montanhas do Hima-laia, com suas neves eternas e o monte Everest. Mas o horizonte de um tibetano vai apenas de uma barreira policial a outra. Os chineses, que ocupam militarmente esse país do centro-leste da Ásia há mais de 50 anos, construíram bases com soldados armados e controlam tudo e to-dos que passam.

Um tibetano precisa de uma espécie de passaporte interno para andar no próprio país, dando explicações para a burocracia chinesa de aonde vai, como, quando e por quê.

Desde 1950, quando invadiram o país ale-gando que o Tibet era apenas uma província chinesa. Praticamente todos os templos e mos-teiros foram profanados, destruídos, incendia-dos e até demolidos a golpes de picaretas, pe-dra por pedra. Dos 6 mil que existiam, apenas oito escaparam.

Mesmo colocando de pé os templos que eles próprios destruíram, ainda que re-fazen-do caricaturas em gesso, os chineses limitam o número de monges, impondo quotas. Até os maiores mosteiros, como Drepung, que já chegou a ter dez mil religiosos, hoje têm menos de 400. No interior do país, o limite chega a ser de apenas cinco. Uma verdadeira catástrofe cultural, já que ser monge é o único modo de alfabetização na língua local.

A liberdade religiosa é quase que desco-nhecida na China e, em particular, no Tibet. Os guias turísticos afirmam que todas as reli-giões são livres e que cada um pode praticar a que quiser. Contudo, um turista afirma: “Tudo tão livre, mas não consegui visitar nenhuma igre-ja porque não tinha licença dos responsáveis”.

“O homem vai continuar enganando e subjugando ou-tros homens, mas insultar ou maltratar os outros é algo sem propósito. O fundamento de toda prática espiritual é o amor. Que vocês o pratiquem bem é o meu único pedido.”

(Dalai Lama, O Livro de Dias, Sextante)

O território da China supera o do Brasil em mais de 1 milhão de Km2 ; sua população chega a 1,3 bilhão de pessoas, isto é, 20% da popu-

lação mundial; sua história passa dos 3 milênios e a economia tem crescido espantosamente, chegando a ameaçar às potências dominantes.

Quanto à geografia, possui desertos, montanhas e bacias hidrográficas férteis, assim como possui al-guns dos pontos mais altos e mais baixos da Terra.

As artes visuais se desenvolveram ali como em ne-nhuma outra parte do mundo, a música já era praticada desde a pré-história e a ópera surgiu ali quase um século antes da ocidental.

A literatura é a mais antiga de que se tem registro. O pensamento filosófico é rico e está presente no dia-a-dia, seja nos provérbios, seja na in-tensa simbologia.

PROGRESSOS EPROBLEMAS

Nos últimos 25 anos, a economia chi-nesa cresceu mais de 9% ao ano e, em ter-mos de poder de compra, a economia do país chega a dois terços do tamanho da americana e, caso mantenha o ritmo, ultrapassará a dos EUA em 2014.

À parte a degradação ambiental e a corrupção de-senfreada, o crescimento econômico confuso e descon-trolado, vem afetando profundamente a estabilidade interna: existe uma enorme população flutuante sem emprego e moradia fixos, e uma lacuna no desenvolvi-mento e renda entre as áreas costeiras e internas.

Quanto ao meio ambiente, a China tem seis das dez cidades mais poluídas do mundo e a chuva ácida afeta um terço do país. Os custos da degradação ambiental estão en-tre 8% e 10 % do PIB chinês.

UMA LACUNA A SER PREENCHIDA

Se o sistema econômico chinês parece ter-se aberto ao mercado, o seu sistema político arrasta estrutu-ras totalitárias inamovíveis. Assim, a realidade observada no interior da China é outra bem distinta. Marcado pelo comunismo, o país não fornece liberdade à imensa população.

O governo ainda persegue intelectuais, jorna-listas, advogados, e ativistas religiosos dissidentes. Milhares são enviados para prisões, campos de ree-ducação e centros de detenção.

Pequim e Xangai são cidades que se aproximam dos 15 milhões de habitantes. A quantidade de gente, a confusão dos cruzamentos entre os carros, milhares de bicicletas e motocicletas procurando um espaço para passar: é uma multidão de gente como não é fácil obser-var em outro país. As pessoas comem apressadamente na rua e pelo seu trabalho recebem uma miserável re-muneração.

OS analfabetos são cerca de 200 milhões e grande par-te da população tem apenas a instrução primária. Segundo estimativas, 30% da força de trabalho urbana na China, o que corresponde a 200 milhões de pessoas, estão desem-pregadas ou sujeitas a subempregos.

SITUAÇÃO DESOLADORAA vida da maioria do povo pobre sem

trabalho e sem esperança é difícil. A Chi-na é o país que registra maior número de suicídios, especialmente de mulheres jovens e idosas.

A vida está regulada por um governo policial, invisível, mas onipresente.

As famílias devem ter apenas um fi-lho e geralmente moram em casas de 35 m2. Os empregos são poucos e o salário é baixo.

Os guias turísticos esquivam-se de perguntas embaraço-sas e fazem crer que tudo está bem no país. Dizem que é pre-ciso limitar os nascimentos para evitar uma futura tragédia.

A política do filho único é rigorosa e pouco importa se a criança for homem ou mulher: um segundo filho faz perder o apartamento e acarreta, automaticamente, uma diminuição de salário.

A CULTURA CHINESA FASCINA

Ao visitar a China, não se pode esqui-var-se do fascínio dos grandes monumentos construídos ao longo de 2.500 anos. Ainda que o estilo arquitetônico se repita demais nos templos e nos palácios reais, a grandiosi-dade e os espaços ocupados por estas obras, talvez, sejam os maiores do mundo.

Não dá pra esquecer a imponente mu-ralha da China, a maior construção jamais

erguida pelo homem e a única que é visível do espaço. Na China, entre os anos 551–479 a.C., viveu o filó-

sofo Confúcio. Sua doutrina, apesar de duas gerações de doutrinação materialista e marxista, está profundamente presente na vida do povo chinês, sendo manifestada, espe-cialmente, nos círculos familiares onde os pais partilham com os filhos as idéias gerais ensinadas por Confúcio.

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NOSSO COMPROMISSO OUTUBRO/NOVEMBRO - 2007 09

Baha’i: não coloque em ninguém um peso que você não gostaria que fosse colocado em você, não deseje para ninguém aquilo que você não desejaria a si mesmo.

Cristianismo: tudo o que gostaria que os outros fizessem a você, faça a eles: esta, de fato, é a lei dos profetas.

Judaísmo: não faça ao próximo aquilo que não gostaria que fosse feito a você: esta é toda a Torah, o resto é discurso. Vai e estuda.

Jainísmo: você deve tratar todas as criaturas do mundo como você gostaria de ser tratado.

sikhísmo: não sou estranho a ninguém e ninguém me é estranho. Na verdade sou amigo de todos.

islã: nenhum de vocês é crente se não deseja para o irmão aquilo que deseja para si mesmo.

taoísmo: considera o ganho do teu vizinho como se fosse o teu e sua perda como tua mesma perda.

hinduísmo: Esta é a síntese do dever: não fazer aos outros aquilo que lhe causaria dor.

Budismo: não trate os outros de maneira que você mesmo considere danoso.

ConfuCionismo: uma palavra resume a boa conduta: a bondade. Não faça aos outros aquilo que você mesmo não gostaria que fosse feito a você.

Xintoísmo: tem como virtudes particulares: o senso de honra, a fidelidade, a obediência e o auto-controle.

Primeiramente os alunos deverão dialogar com os demais a respeito das frases, vivenciando a riqueza que cada uma traz como também as se-melhanças. O segundo passo da ati-vidade será pesquisar e relacionar o símbolo de cada religião com a frase correspondente.

Como desenvolver a atividade proposta:

Atividade extraída da revista Mondialitá

Não aos Preconceitos e Superstições“Todos os preconceitos, sejam de religião, raça, política ou nação, devem ser repudiados, pois têm

causado a enfermidade do mundo.” (abdu’l-Bahá)

Paz Universal“Semeai nas mentes maleáveis das crianças as sementes da paz.” (abdu’l-Bahá)Adoção de uma Língua Auxiliar Internacional“Um dos grandes passos na direção da paz universal será o estabelecimento de uma língua universal...

Um idioma auxiliar universal possibilitará a intercomunicação com todas as nações.” (abdu’l-Bahá)

Unidade e Concórdia“A religião deve unir todos os corações e fazer desvanecerem-se da face da Terra as

guerras e as disputas”. (abdu’l-Bahá)

Comunidade Universal “A unidade do gênero humano, assim como Bahá’u’lláh a concebeu, compreende

o estabelecimento de uma comunidade mundial em que todas as nações, raças, credos e classes estejam estreita e permanentemente unidos, e em que a autonomia dos estados que a

compõem, e a liberdade e a iniciativa pessoal dos seus membros individuais, sejam garantidas de um modo definitivo e completo.” (shoghi Effendi)

Educação Obrigatória e Universal“Considerai o homem como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação, tão somen-

te, pode revelar seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício.” (Bahá’u’lláh)

Atividades Bahá’ísEnvolvem quatro atividades básicas: aulas para crianças, grupos de pré-jo-

vens, círculos de estudo e reuniões devocionais. São abertas a toda a comunidade e buscam o desenvolvimento de valores éticos e espirituais.

Mensagem aos Professores: “Que o professor seja um médico para o caráter da

criança, de modo a curar os males espirituais dos filhos dos homens”. (abdu’l-Bahá)

Para conhecer um pouco mais: www.bahai.org.br

A Fé Bahá’í é uma religião mundial independente que possui suas próprias escrituras, leis, mandamentos e instituições. Seus ensinamentos foram revelados por seu fundador Bahá’u’lláh, em meados do século XIX, como a

expressão da vontade de Deus para a humanidade da era atual e em cumprimento das profecias de todas as religiões do passado.

A Fé Bahá’í é supranacional, inteiramente apolítica, não partidária e diametralmente oposta a qualquer política ou escola de pensamento que visa enaltecer alguma raça, classe ou nação em particular.

O enfoque progressista da Fé Bahá’í, com relação à sociedade humana, origina-se na ênfase que Bahá’u’lláh colocou sobre o tema da unidade. Eis algumas de suas afirmações:

“O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança são inatingíveis, a menos que, e até que, sua unidade esteja firmemente estabelecida.”

“Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem ama o mundo inteiro.”

“A Terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos.” A Comunidade Mundial Bahá’í procura vivenciar a unidade na diversidade

através do poder transformador da manifestação de Deus. Seu padrão é uma fé comum. Sua palavra de ordem é a unidade da humanidade e seu objetivo o estabelecimento da paz entre os homens e do reino de Deus na Terra.

Alguns princípios igualdade de direitos e oportunidades para Homens e Mulheres“Enquanto as mulheres forem impedidas de atingir suas mais altas possibilidades, os homens

não estarão habilitados a alcançar o máximo de sua capacidade e grandeza.” (abdu’l-Bahá)harmonia da religião com a Ciência e a Razão“Religião e ciência são duas asas sobre as quais a inteligência do homem pode pairar nas alturas

e com as quais a alma humana pode progredir. Não é possível voar com uma asa apenas! Se um homem tentasse voar unicamente com a asa da religião, cairia imediatamente no pântano da supersti-ção, enquanto, por outro lado, somente com a asa da ciência, também nenhum progresso faria, antes, afundar-se-ia no lodaçal desesperador do materialismo.” (abdu’l-Bahá)

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10 OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 DINAMIZANDO

O (a) professor (a) lança para os alunos o desa-fio de decifrar o enigma.

Pode-se fazê-lo em forma de competição: divide-se a turma em grupos, sendo que cada um deve decifrar as quatro frases o mais rápido possível.

O (a) professor (a) pode tra-balhar a resolução do enigma da maneira que melhor lhe convier.

Ao término da atividade, é im-portantíssimo que as frases se-jam comentadas e que todos os alunos possam participar.

Algumas questões para ajudar:1. Qual o pensamento que mais me

chamou a atenção? Por quê?2. Qual pensamento que “mais

serve” para a nossa turma? Para a nossa escola?

Sugestão: fazer cartazes com estas frases e fixá-los na escola.

1. O (a) professor (a) inicia explicando o objetivo do exercício e a técnica. Um aluno irá conduzir o outro por entre os obstáculos.2. A seguir, uma vez formadas as duplas, inicia-se o exercício da confiança. O aluno que for conduzido pelo colega fica com os olhos fechados. (o uso de vendas é recomendado) 3. Quem conduzir coloca seus braços sobre o ombro do colega e durante oito minutos conduzirá, em silêncio, o seu colega por entre os obstáculos.4. Quem está sendo conduzido ficará atento às próprias sensações e reações.5. Após os oito minutos, trocam-se os papéis e o exercício prossegue por mais oito minutos.

Ao final da atividade, realiza-se a troca de idéias. Cada um expressa seus sentimentos e sensações, procurando responder:

O que sentiu quando foi conduzido? E quando foi o condutor? Como percebeu a reação e o desempenho do colega nas duas situações?

O (a) professor (a) pode realizar esta atividade na própria sala de aula, ou num outro am-biente.

Esta dinâmica é ótima para os alunos manifestarem seu apreço pelos demais colegas, ajudar na auto-estima e na percepção das qualidades dos outros e de si mesmo.

Necessita-se para a realização desta atividade apenas: uma folha de papel, que deverá estar cola-da nas costas de cada aluno, e de uma caneta.

Ao som de música ambiente, com a folha colada às costas e uma caneta em mãos, os alunos circulam livremente pela sala. De maneira muito espontânea, eles deverão escrever nas costas (no papel) as qualidades do colega e frases que expressem afeto.

Ao final, cada um retira o papel que está em suas costas e lê as qualidades que lhe foram atribuídas.

Objetivo: Melhorar a confiança mútua.Grupo: Aproximadamente 10 duplas.Tempo: 30 minutos.Ambiente: Uma sala suficientemente ampla que possibilite a locomoção fácil por entre vários obstáculos previamente colocados.Processo: É um exercício não-verbal muito útil, se for feito seriamente.

Olá amigos, sou Marco Pólo, um italiano aventureiro que viajou muito pelo oriente. Nele descobri uma cultura riquíssima e muito diversificada. Decifre o enigma e encontre algumas pérolas que são verdadeiras fontes de sabedoria.

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SABEDORIA / ASSINATURAS OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 11

ouve um tempo em que todos os homens

eram deuses. Mas eles abusaram tanto de sua

divindade que Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino. Resolveu então escon-dê-lo em um lugar onde seria absolu-tamente impossível reencontrá-lo.

O grande problema era encon-trar um esconderijo. Brahma convo-cou um conselho dos deuses menores, para juntos resolverem o problema.

- Enterremos a divindade do homem na terra! Esta foi a primei-

ra idéia dos deuses.- Não, isso não basta, pois

o homem vai cavar e encontrá-la.Então os deuses retrucaram:- Joguemos a divindade no fun-

do dos oceanos.Mas Brahma não aceitou a pro-

posta, pois achou que o homem um dia iria explorar as profundezas dos mares e a recuperaria. Então os deuses concluíram:

- Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra ou no mar lugar que o homem não possa alcançá-la um dia.

Brahma então se pronunciou:- Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: va-

mos escondê-la nas profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la.

Desde esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na terra, explorou, escalou, mergulhou e cavou em busca de algo que se encontra nele mesmo.

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12 OUTUBRO / NOVEMBRO - 2007 PARTILHA

“Se eu pudesse deixar algum presente para você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.

A consciência de aprender tudo o que foi ensina-do pelo tempo afora.

Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.

A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito por aquilo que é indispensável: Além do pão, o tra-balho. Além do trabalho, a ação.

E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encon-trar a saída.

As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto.”

O mundo em que sonhamos viver é um mundo sem corrupção, sem violência e sem drogas. O mundo em que sonhamos viver é como

uma vila onde todos se conhecem como vizinhos. To-dos conversam não para contar fofocas, mas para arru-mar um jeito de ajudar os outros.

Um mundo mais humano, sem mentiras e sem traição.Um mundo onde crianças possam sempre ser crian-

ças e que possam viver como pássaros libertados, cor-rendo e pulando nas ruas.

Sonhamos um mundo com muita união, compreensão, solidariedade, paz, vontade de viver e muitas outras coisas que para nós fazem a grande diferença.

Nosso mundo de sonho é assim: sem violência, sem poluição, sem queimadas, sem desmatamento, mas com rios transparentes e animais não sendo caçados, sem armas, mas com bexiga d’água para brincar.

Que pena que tudo isso é só um sonho, não podemos contar todos os detalhes porque são in-finitos, mas um dia sonhamos com isso e veremos como será bom.

O mundo! Uma coisa só nossa e só nós podemos fazer tudo!

Se já existiu um mundo sem guerras é porque houve paz. Então podemos ressuscitá-lo e assim viver fraternal-mente.

Alunos do Centro Educativo Itaiópolis / Itaiópolis - SC

Queria poder viver num mundo em que não houves-se poluição.

Esse mundo seria mais limpo, mais humilde e sem ganância .

Mas o que eu posso fazer para conseguir que esse mundo se

torne realidade?

Fazer que ele fique do jei-tinho que eu sonhei numa noite

estrelada e tranqüila?

Não jogando lixo nos rios, nem nas ruas, respeitando as pessoas, as-sim como elas merecem. Não pre-cisar passar por cima das outras pessoas para ter o que quer.

Esse é o mundo em que quero viver, vou lutar para tê-lo.

Marcelo Arnhold - Série: 8º

Escola Estadual de Educação Básica Barão Homem de Melo

Alto Alegre - RS

A partilha enriqueceLançamos uma grande proposta a todos os professores e escolas:

enviem-nos suas melhores histórias (contos) e dinâmicas. Este material, com a devida autorização, poderá ser publicado no jornal e, futuramente, fará parte do nosso próximo livro de dinâmicas e de histórias. Os materiais poderão ser enviados através do Correio ou do e-mail: [email protected].

Quem nos enviar o maior número de histórias ou dinâmicas receberá:

• 1º A nossa Coleção Educação.

• 2º 03 Livros da mesma à escolha.

• 3º 03 Camisetas da Paz.

Participem!

Parabéns pela iniciativa, sou professor de ensino religioso. A escola em que trabalho recebeu o jornal. Só elogios pela qualidade do trabalho. Sucesso....

Genildo Batista de Oliveira / [email protected]

Prezados editores do jornal “O Transcendente”:Parabenizo-vos pela brilhante iniciativa de abordar o tema da diversidade religiosa com o espírito de união.Precisamos de iniciativas como esta. Chegou até minhas mãos através da secretaria de educação do Acre um exemplar de “O Transcenden-

te”, em Cruzeiro do Sul – AC, Extremo Ocidental do Brasil e da Amazônia, onde apesar do isolamento em meio à floresta, já existe um certo clima de “guerra religiosa” entre as diferentes manifestações aqui presen-tes. Que o vosso jornal possa ajudar a criar um clima de convivência e aceitação nas nossas crianças.

Mais uma vez, parabéns. Leandro Altheman / Jornalista

Meu Nome é Osnildo Voltolini, sou professor de Ensino religioso na Rede Estadual de Educação de Joinville - SC, e aluno do 3º ano do Curso de Ciência da Religião da Univille, gostaria de resaltar a importância de um informativo voltado aos professores de Ensino Religioso, e para nós que estamos nos formando na academia, o Ensino religioso é uma disciplina de muita importância na grade curricular, e penso que através do Jornal o Transcendente teremos a oportunidade de divulgá-lo cada vez mais, pois o conhecimento do universo religioso é importantíssimo para a formação do cidadão de hoje e do futuro, contem com o nosso apoio e divulgação, abraços a todos.

Prof. Osnildo Voltolini / [email protected]

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