8
Hoehnea 30(3): 193-199, 2 fig., 2003 o genero Bulbostylis (Cyperaceae) no estado de Roraima, Brasil Ana Pau la Prata 1,3 e Maria Gabriela L6pez 2 Reccbido: 17.02.2003: aceito: 20.09.2003 ABSTRACT - (The Genus Bli/bosty/is (Cyperaceae) in the State of Roraima, Brazil). A taxonomic treatment of the genus Bu/bosty/is Kunth (Cyperaceae) for the State of Roraima, verified the occurence of eight species: B. coni/era (Kunth) C. B. Clarke, B. jllnci/orl11is (Kunth) C.B. Clarke, B. /anata (Kunth) Lindm, B. paradoxa (Spreng.) Lindm., B. scabra (Presl) C.B. Clarke, B. schomburgkiana (Steud.) M.T. Strong., B. truncata (Nees) M.T. Strong and B. vestita (Kunth) C.B. Clarke. For each species synonyms, geographic distribution and selected specimens are cited. Data about phenology, observations on habitat, ecology, and illustrations for some species are presented. Key words: floristics, Amazon, Cyperaceae RESUMO - (0 genero Bli/bosty/is (Cyperaceae) no estado de Roraima, Brasil). No tratamento taxonomico do genera Bu/bosty/is Kunth (Cyperaceae) para 0 estado de Roraima, foi confirmada a ocorrencia de oito especies: B. coni/era (Kunth) C.B. Clarke, B.junci/orl11is (Kunth) C.B. Clarke, B. /anala (Kunth) Lindm, B. paradoxa (Spreng.) Lindm., B. scabra (Prest) C.B. Clarke, B. schol11burgkiana (Steud.) M.T. Strong., B. truncata (Nees) M.T. Strong e B. vestila (Kunth) C.B. Clarke. Para cada especie sao citados os sinonimos, a distribuiyao geografica e 0 material selecionada. Dados sobre a fenalogia, observay5es sabre o habitat, ecologia e ilustray5es de algumas especies sao tambem apresentados. Palavras-chave: floristica, Amazonia, Cyperaceae Bu/basty/is esta inserido na subfamilia Cyperoideae, tribo Abildgaardiae (Goetghebeur 1985, Bruhl 1995). Na analise filogenetica baseada no sequenciamento do gene rbeL e em dados morfol6- gicos (Muasya et al. 2000), Bu/bas/ylis faz parte de um clado que compreende tambem os generos Abi/dgaardia, Ar/hros/ylis, Fil71bris/ylis e Nel71uJ11. o genero Bu/bas/y/is possui aproximadamente 150 especies que habitam regi6es tropicais a subtropicais de ambos os hemisferios, chegando algumas especies ate as zonas temperadas. Dois centros de diversidade podem ser reconhecidos: Africa e America do SuI. No Brasil ocorrem cerca de 50 especies, das quais oito foram registradas para Roraima. Os representantes deste genero sao plantas heli6filas, crescendo principalmente em campos secos, entre pedras ou em solos inundaveis. Morfologicamente, Bu/bas/ylis e um genera muito homogeneo, com caracteres pouco conspicuos para separar as especies. Material e metodos o material botanico foi analisado e identificado com base na bibliografia disponivel e estudo das colec;oes depositadas nos principais herbarios da regiao Norte do Brasil, alem do material proveniente de coletas da primeira autora, no periodo de julho de 1997 a fevereira de 1999.0 material selecionado inclui uma colec;ao pOI' municipio. Foram consultados os herbarios INPA, MG, SP e UFP. Alem destes, foram examinadas as colec;oes dos herbarios do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e do Museu Integrado de Roraima (HRR). As duplicatas do material coletado estao depositadas nos herbarios acima citados. As especies foram ordenadas alfabeticamente. Sao citados os sin6nimos referidos na literatura e a distribuic;ao geogrMica (Core 1936, Adams et al. 1994, Lucefio et al. 1997 e Kral 1998). Este trabalho e uma continuac;ao da proposta iniciada pOI' Prata (2002), onde foi publicada a listagem floristica das Cyperaceae do estado de Roraima. I. Instituto dc BOlanica. Caixa Poslal 4005, 0I 061-970 Sao Paulo. SP. Brasil. 2. Facultad dc Ciencias Agrarias. Inslitulo dc Botanica dcl Nordcslc. c.c. 209, 3400 Corricntcs. Argenlina. 3. Aulor para corrcspondencia: [email protected]

ogenero Bulbostylis (Cyperaceae) no estado deRoraima, Brasilarquivos.ambiente.sp.gov.br/hoehnea/2016/12/303_T03_21_07_2015.pdf · Plantas 8,0-8,5cm alt., bainha foliar com apice truncado

Embed Size (px)

Citation preview

Hoehnea 30(3): 193-199, 2 fig., 2003

o genero Bulbostylis (Cyperaceae) no estado de Roraima, Brasil

Ana Pau la Prata 1,3 e Maria Gabriela L6pez2

Reccbido: 17.02.2003: aceito: 20.09.2003

ABSTRACT - (The Genus Bli/bosty/is (Cyperaceae) in the State of Roraima, Brazil). A taxonomic treatment of the genusBu/bosty/is Kunth (Cyperaceae) for the State of Roraima, verified the occurence ofeight species: B. coni/era (Kunth) C. B.Clarke, B. jllnci/orl11is (Kunth) C.B. Clarke, B. /anata (Kunth) Lindm, B. paradoxa (Spreng.) Lindm., B. scabra (Presl) C.B.Clarke, B. schomburgkiana (Steud.) M.T. Strong., B. truncata (Nees) M.T. Strong and B. vestita (Kunth) C.B. Clarke. Foreach species synonyms, geographic distribution and selected specimens are cited. Data about phenology, observations onhabitat, ecology, and illustrations for some species are presented.Key words: floristics, Amazon, Cyperaceae

RESUMO - (0 genero Bli/bosty/is (Cyperaceae) no estado de Roraima, Brasil). No tratamento taxonomico do genera Bu/bosty/isKunth (Cyperaceae) para 0 estado de Roraima, foi confirmada a ocorrencia de oito especies: B. coni/era (Kunth) C.B. Clarke,B.junci/orl11is (Kunth) C.B. Clarke, B. /anala (Kunth) Lindm, B. paradoxa (Spreng.) Lindm., B. scabra (Prest) C.B. Clarke, B.schol11burgkiana (Steud.) M.T. Strong., B. truncata (Nees) M.T. Strong e B. vestila (Kunth) C.B. Clarke. Para cada especiesao citados os sinonimos, a distribuiyao geografica e 0 material selecionada. Dados sobre a fenalogia, observay5es sabreo habitat, ecologia e ilustray5es de algumas especies sao tambem apresentados.Palavras-chave: floristica, Amazonia, Cyperaceae

Introdu~ao

Bu/basty/is esta inserido na subfamiliaCyperoideae, tribo Abildgaardiae (Goetghebeur 1985,Bruhl 1995). Na analise filogenetica baseada nosequenciamento do gene rbeL e em dados morfol6­gicos (Muasya et al. 2000), Bu/bas/ylis faz parte deum clado que compreende tambem os generosAbi/dgaardia, Ar/hros/ylis, Fil71bris/ylis e Nel71uJ11.

o genero Bu/bas/y/is possui aproximadamente 150especies que habitam regi6es tropicais a subtropicaisde ambos os hemisferios, chegando algumas especiesate as zonas temperadas. Dois centros de diversidadepodem ser reconhecidos: Africa e America do SuI.No Brasil ocorrem cerca de 50 especies, das quaisoito foram registradas para Roraima.

Os representantes deste genero sao plantasheli6filas, crescendo principalmente em campos secos,entre pedras ou em solos inundaveis.Morfologicamente, Bu/bas/ylis e um genera muitohomogeneo, com caracteres pouco conspicuos paraseparar as especies.

Material e metodos

o material botanico foi analisado e identificadocom base na bibliografia disponivel e estudo dascolec;oes depositadas nos principais herbarios da regiaoNorte do Brasil, alem do material proveniente decoletas da primeira autora, no periodo de julho de 1997a fevereira de 1999.0 material selecionado inclui umacolec;ao pOI' municipio. Foram consultados os herbariosINPA, MG, SP e UFP. Alem destes, foramexaminadas as colec;oes dos herbarios doDepartamento de Biologia da Universidade Federalde Roraima (UFRR) e do Museu Integrado deRoraima (HRR). As duplicatas do material coletadoestao depositadas nos herbarios acima citados.

As especies foram ordenadas alfabeticamente.Sao citados os sin6nimos referidos na literatura e adistribuic;ao geogrMica (Core 1936, Adams et al. 1994,Lucefio et al. 1997 e Kral 1998).

Este trabalho e uma continuac;ao da propostainiciada pOI' Prata (2002), onde foi publicada a listagemfloristica das Cyperaceae do estado de Roraima.

I. Instituto dc BOlanica. Caixa Poslal 4005, 0 I061-970 Sao Paulo. SP. Brasil.2. Facultad dc Ciencias Agrarias. Inslitulo dc Botanica dcl Nordcslc. c.c. 209, 3400 Corricntcs. Argenlina.3. Aulor para corrcspondencia: [email protected]

194 Hoehnea 30(3). 2003

Resultados e Discussao

Foram reconhecidas oito especies de Bulboslylispara 0 estado de Roraima: B. conijera (Kunth) e.B.Clarke, B.juncijorl11is (Kunth) e.B. Clarke, B. lanala(Kunth) Lindm, B. paradoxa (Spreng.) Lindm.,B. scabra (Presl) e.B. Clarke, B. schol11burgkiana(Steud.) M.T. Strong., B. Iruncala (Nees) M.T.Strong e B. veslila (Kunth) e.B. Clarke.

Bulboslylis Kunth ex e.B. Clarke nom. cons.

Ervas perenes ou anuais, geralmente cespitosas.Folhas geralmente basais, bainha foliar tubular,membranacea, papiracea ou coriacea, apice truncadoa agudo ou acuminado, densamente a escassamenteciliado; laminas capilares, setaceas, filiformes ouIineares, eretas ou recurvadas, glabras, escabras oupubescentes, face adaxial estriada, face abaxial planaou concava. Escapo costelado, glabro, escabro oupubescente, as vezes com base lenhosa e espessada

Chave para as especies de Bulboslylis

(caudex). Bracteas involucrais desenvolvidas oureduzidas, foliaceas ou glumaceas. Inflorescenciaantel6ide simples ou composta, com numero variavelde espiguetas, capitada ou reduzida a uma unicaespigueta. Espiguetas bissexuadas, sesseis oupediceladas, ov6ides, oblongas, elips6ides oulanceoladas, flores basais raramente presentes.Glumas glabras, escabras ou pubescentes, espiraladasou raramente subdisticas, deciduas ou persistentes.Flores bissexuadas; cerdas perigoniais ausentes;estames 1-3, anteras lineares a oblongas, deiscenteslongitudinalmente e lateralmente, basifixas, conectivoprolongado em algumas especies; ramos do estiletegeralmente 3, a regiao estigm<itica papilosa; baseespessada, geralmente persistente no aquenio. Aqueniotrigona ou raramente lenticular, superficie lisa,reticulada, foveolada ou transversal mente rugosa,freqUentemente formada pOI' celulas largamente ouestreitamente retangulares, orientadas ve11icalmente.

1. Inflorescencia formada por apenas 1 espigueta no final do escapo2. Escapo com base lenhosa e espessada (caudex), formado por bases foliares densamente

agregadas3. Apice foliar com tricomas, espigueta 10-25 x 5-8 mm, aquenio > 2 mm .3. B. lanala3'. Apice foliar sem tricomas, espigueta 5-14 x 5-10 mm, aquenio < 2 mm .4. B. paradoxa

2'. Escapo sem base lenhosa e espessada, espigueta coniforme I. B. conijeraI'. Inflorescencia formada pOI' mais de 1 espigueta no final do escapo

4. Eixos do antel6ide terminando em agrupamentos ou fasciculos de 2 ou mais espiguetas5. Escapo e lamina foliar pilosos 8. B. veslila5'. Escapo e lamina foliar glabros ou escabros 2. B. juncijorl11is

4'. Eixos do antel6ide terminando em espiguetas isoladas6. Plantas 8,0-8,5 cm alt., bainha foliar com apice truncado e tricomas geralmente ausentes,

aquenio 0,9 x 0,6 mm 7. B. Iruncala6'. Plantas 19-43 cm alt., bainha foliar com apice obliquo, ciliado, tricomas presentes

7. Espiguetas 3-5 x 1-3 mm, obov6ides, aquenio > 1 mm 5. B. scabra7'. Espiguetas 6-1 Ox 1-3 mm, oblongo-Ianceoladas, aquenio <I mm 6. B. schol11burgkiana

1. Bulboslylis conijera (Kunth) e.B. Clarke In: Urb.,Symb. antil!. 2: 86. 1900.

lsolepis conijera Kunth, Enum. pI. 2: 206. 1837.Figura 1

Perene, cespitosa, 2-37 cm alt., base castanhoclara, nao espessada. Folhas 5-12 x 0,01 cm, 1/3 docompr. do escapo; bainha 0,9-1,5 cm compr.,membranacea, castanho-clara, estriada longitudinal-

mente, glabra, apice obliquo, ciliado, tricomas 1 cm,margens hialinas; laminas setaceas, ascendentes, asvezes flexuosas, face adaxial estriadalongitudinalmente, escabra, face abaxial concava,canaliculada, glabra, margens lisas ou escabras. Escapocostelado, trigono, escabro nas estrias. Bracteasinvolucrais 2, glumiformes, carenadas. Inflorescenciauniespiculada, espigueta solitaria, terminal, coniforme,sessil, 5-15 x 3-5 mm, apice agudo. Glumas

A.P. PraIa & M.G. L6pez: Bulbostylis de Roaima 195

persistentes, 2,5-3,0 x 2,0-2,5 mm, ovadas, concavas,naviculares, coriaceas, glabras em ambas as faces,glumas coriaceas, trinerveas, nao se prolongando ateo apice, ciliadas, apice obtuso, as 5 inferiores estereis.Flores com estames 3, anteras 2 mm, agudas, conectivoprolongado; estilete 2 mm. Aquenio 0,7-1,0 x 0,6-0,8

mm, obov6ide, base atenuada, trigono, angulosespessados, superficie transversalmente rugosa, apicetruncado, corpusculos de silica proeminentes, presenyade celulas que refletem luz, apice truncado, estilop6diopersistente, castanho escuro, cilindrico, 1/6 docomprimento do aquenio.

Distribuiyao: Venezuela, Guianas e Brasil (Roraima,Amapa, Amazonas, Para, Maranhao, Piaui, RioGrande do Norte, Paraiba, Pernambuco, Sergipe,Tocantins, Bahia, Goias, Minas Gerais e Mato Grosso

do Sui). No Brasil, ocon'e em mata de galeria, campo,campo cerrado, brejo, campo rupestre, caatinga comafloramentos, transiyao caatinga-cerrado, vegetayaode canga aberta, formayao de cerrado arb6rea,campinarana. Em solos arenosos, pedregosos eafloramentos areniticos. Foi registrada a sua

ocorrencia em altitudes variando entre 80 e 1.250 m.

Material selecionado: BRASIL. RORAIMA: VI-1999,A.P. Prata 628 (SP); Alto Alegre, VIII-1996, A.P.Prata et a!. 153 (INPA, UFP, UFRR); Amajari, X-1998,A.P. Prata et a!. 540 (SP); Boa Vista, VI-1999, A.P,Prata 605 (SP); Bonfim, VIII-I 986, J.A. Silva et a!.582 (HRR, INPA); Mucajai, VIII-1986; E.S. Silvaet al. 715 (HRR, INPA); Normandia, 1lI-1995, I.S.Miranda 526 (UFP); Pacaraima, IV-1998, A.P. Prataet a!. 487 (SP).

Diferencia-se das outras especies de Bu/bosty/isuniespiculadas pela presenya de espigueta coniforme,glumas coriaceas, trinerveas nao se prolongando ateo apice. Periodo de florayao: registros para os mesesde maryO a outubro.

Perene, cespitosa 52-86 em alt., base castanho­escura, nao espessada. Folhas 14-30 x 0,02 cm, 1/2do compr. do escapo; bainha 4,0-9,5 cm compr.,papiracea, apice obliquo, ciliado, tricomas 0,5-1 ,5 cm;lam inas setaceas, ascendentes, apice agudo, glabrasem ambas as faces, face adaxial estriada, face abaxialplana, as vezes concava, margens antrorso-escabras.Eseapo costelado, cilindrico, glabro. Bracteasinvolucrais 3-6, setaceas, base alaI'gada, escassamenteciliadas nas margens e no apice, as duas inferioresmaiores, a mais externa 2,1-4,0 cm, a seguinte0,9-1,3 em, as outras gradativamente menores emdireyao ao apice. Inflorescencia antel6ide simples,0,5-5,0 x 0,5-2,5 cm, composta, eixos do antel6dioterminando em agrupamentos ou fasciculos de 2 oumais espiguetas. Espiguetas 3-6 x 1,5-2,0 ml11, ov6ides,3-5 floras. G lumas persistentes, 1,5-2,2 x 1,2-1,6 ml11,ov6ides, sesseis, navicu lares, papiraceas, castanho­claras, mueronadas, mueron recurvado, glabras ouescabras, margens hialinas, cUltamente ciliadas. FloresCOI11 estames 3, anteras 1 mm, apiculadas, conectivoprolongado, estilete 1 mm. Aquenio 0,8 x 0,5-0,6 mm,obconico, base atenuada, trigono, angulos nao

2. Bu/bostylis junciformis (Kunth) C.B, Clarke,Trans. Linn. Soc. London 4: 512. 1895.

lso/epis junc(formis Kunth In: Kunth, Nov. gen. sp.I: 222, 1816.

E

F

D

.[ "

~["

~[nIi;;

..!L..B

c

Figura I. BlIlboslylis comfera (Kunth) C.B. Clarke A. I-Iabito. B.Bainha foliar. C. Delalhc da innorcsccncia. D-E. Glulllas. F.Aqucnio.

196 Hoehnea 30(3), 2003

diferenciados, superficie reticulada a reticulada­foveoJada, corpusculos de silica ausentes, celulas querefletem luz ausentes, estilopodio persistente,cilindrico, 118 do comprimento do aquenio.

Distribuiyao: Mexico ate 0 Uruguai. Brasil (Roraima,Amapa, Paraiba, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso,Goias, Minas Gerais, Sao Paulo e Parana). Foiregistrada a sua ocorrencia ate 1.100 m. Habita emrestinga arborea pel1urbada, campo rupestre, campocerrado, campo lllnido, brejo, margens de con'egos emargens brejosas ao longo dos rios. Solo rochoso deencosta de colinas e solos arenosos.

Material selecionado: BRASIL. RORAIMA: Alto Alegre,VIII- J996, A.P. Prata et al. 154 (UFP, UFRR); BoaVista, VIII-I 996, A.P. Prata et al. 223 (UFP, UFRR);Pacaraima, IV-1999, A.P. Prata 631 (SP); Uiramuta,VI-1998, C.S. Lizidatti 02 (SP).

Especie muito freqtiente em Roraima. Distingue­se das outras especies de Bulbostylis pela presenyade glumas com mucron recurvado. Periodo deflorayao: registros para os meses de abril a agosto.

3. BulboSlylis lanala (Kunth) Lindm., Bih. Kongl.Svenska Vetensk. -Akad. Handl. 26. 9: 18. 1900.

Isolepis lanala Kunth, Nov. gen. sp I: 220. 1816.

Perene, cespitosa, 35-72 cm alt., escapo com baselenhosa e espessada (caudex), com grande quantidadede bainhas foliares velhas densamente agregadas,geralmente com marcas de fogo. Folhas 14-29 x

0, 1-0,2 cm, 112 do compr. do escapo; bainha 1,0-2,5 cmcompr., coriacea, lanosa, geralmente queimada pelofogo ou decidua, fen'uginea, estriada longitudinalmente,apice obliquo, ciliado, tricomas 2 cm; laminaslanceoladas, eretas, com tricomas apicais, face adaxiallineada longitudinalmente, glabra, face adaxial lisa,glabra, geralmente concava, margens lisas ou antrosoescabras. Escapo lineado a estriado longitudinal mente,cilindrico, escabro. Bracteas involucrais 3-5,glumiformes, apiculadas, glabras, mucron ciliado, ciliosfreqtientemente caducos. Inflorescencia uniespiculada,espigueta solitaria, terminal, sessil, 10-25 x 5-8 mm,elipsoide ou ovoide, apice agudo. Glumas persistentes,5-7 x 4-5 mm, obovadas, naviculares, coriaceas, apiceobtuso, mutico, glabras, margens e apice ciliados.Flores com estames 3, anteras 2 mm, apiculadas,conectivo nao prolongado, estilete 2,5 mm. Aquenio2,0-2,3 x 1,6-1,8 mm, obovoide, base ligeiramenteatenuada, trigono, angulos nao espessados, superficie

papilosa oulisa, corpusculos de silica ausentes, celulasque refletem luz ausentes, apice reto, estilopodiopersistente, castanho escuro, plano, triangular, 1/6 docomprimento do aquenio.

Distribuiyao: Colombia, Guiana, Suriname, GuianaFrancesa e Brasil (Roraima, Amazonas e Bahia).Savanas nao inundaveis e restingas. Em solo arenoso.

Material selecionado: BRASIL. RORAIMA: Alto Alegre,111-1987, G.P. Lewis 1498 (HRR); Amajari: X-1998,A.P. Prata et al. 515 (SP).

Distingue-se das outras especies de Bulbostylisuniespiculadas pela presenya de tricomas no apice dalamina foliar. Periodo de florayao: registros para osmeses de maryO e outubro.

4. Bulboslylis paradoxa (Spreng.) Lindm., Bih.Kongl. Svenska Vetensk. -Akad. Handl. 26. 9: 17.1900.

Schoenus paradoxus Spreng., Syst. Veg. I: 190. 1825.

Isolep is paradoxa (Spreng.) Kunth, Enum. PI. 2: 206.1837.

Perene, cespitosa, 7,5-43 cm alt., escapo com baselenhosa e espessada (caudex), com grande quantidadede bainhas fol iares vel has densamente agregadas,geralmente com marcas de fogo. Folhas 3-23 x0,03 cm, 1/3 a 3/4 do compr. do escapo; bainha curta,nervada, apice ciliado, lanosa, margens escabras,densamente ciliadas; laminas setaceas, filiformes,eretas au recurvadas, apice grabro, pilosas, escabrasau glabras. Escapo estriado longitudinal mente, glabroou espinuloso-escabro. Bracteas involucrais glumi­formes, base alargada, densamente ciliadas, geral­mente do comprimento da espigueta ou mais compridasque ela. Inflorescencia uniespiculada, espigueta solitaria,terminal, sessil, 5-14 x 5-10 mm, elipsoide ou obov6ide.Glumas persistentes 3,0-4,5 x 1,0-1,5 mm, lanceoladas,acuminadas, castanho-c1aras, a nervura media verde,excurrente, mucronadas, ciliadas. Flores com estames3, anteras 2,0-2,5 mm, lineares, apiculadas, estilete5 mm. Aquenio 1,2-1,6 x 1,0-1,4 mm, obov6ide apiriforme, base ligeiramente atenuada, trigonos, anguloslisos, espessados, arredondados, superficie lisa ouquase, apice truncado, estilop6dio persistente,cilindrico, 118 do comprimento do aquenio.

Distribuiyao: Cuba, Mexico, Panama e Norte daAmerica do SuI. Brasil (Roraima, Amapa, Amazonas,Para, Maranhao, Bahia, Mato Grosso, Goias, Minas

Gerais, Rio de Janeiro, Sao Paulo e Parana). Savanase bosques de Pinus, campo rupestre, cerrado e camporupestre com mata ciliaI'. Em solos rochosos, argilosose pedrego os.

Material selecionado: BRASIL. Roraima: [-1995, I.S.Miranda 354 (UFP, I PA); Alto Alegre, V[-1986, M.J.Hopkins et al. 6844 (HRR); Boa Vista, [-1998, L.A.Pessoni 215 (UFRR); Pacaraima, IV-1999, A.P. Prata

et al. 492 (SP); Surumu, II -1964, M. Silva 80 (MG).

Diferencia-se das outras especies de Bu/bostylisuniespiculadas pela presenr;:a de escapo com baselenhosa e espessada (caudex) e apice foliar semtricomas. Periodo de florar;:ao: registros para os mesesde janeiro, fevereiro, abril, j unho e outubro.

5. Bu/bostylis scabra (Presl) C.B. Clarke, Bull. Herb.

Boissier 6 (append. I): 2 I. 1898.

lso/epis scabra Presl., ReI. Haenk. 1: 187. 1828.

Perene, cespitosa, 31-43 cm a[t., base castanho­clara, nao espessada. Folhas J0-21 x 0,04 cm, 1/2 docompr. do escapo; bainha 1,0-6,5 cm compr.,

membranacea, apice obliquo, ciliado, tricomas 5 mm;laminas filiformes, canaliculadas, face adaxial estriada,face abaxial plana ou levemente c6ncava, margensescabras. Escapo costelado, trigono, glabro. Bracteasinvolucrais 2-7, filiformes, base alargada, glabras acurtamente ciliadas nas margens, mais curtas do quea inflorescencia, a mais externa 1,0-3,5 cm, a seguinte0,5-1,5 cm. [nflorescencia 2,0-3,7 x 2,0-3,4 cm,

antel6ide, composta, (6) 15-25(40) espiguetas, a centralsessi I. Espiguetas 3-5 x 1-3 mm, ov6ides,pedunculadas, a central sessil, 7-15 floras. Glumaspersistentes, 1,7-2,0 x 2,0-2,6 mm, obcordiformes,naviculares, membranaceas, ferrugineas com maculascastanhas ou pardas, apice mutico, glabras acurtamente ciliadas. Flores com estames 3, anteras1 mm, apiculadas, estilete 1 mm. Aquenio 1,0-1,2 x

0,7-0,9 mm, obcordiforme, base atenuada, trigono,iingulos nao diferenciados, superficie suavementerugosa, apice reto, estilop6dio persistente, cilindrico,1/8 do comprimento do aquenio.

Distribuir;:ao: Argentina, Paraguai e Uruguai. Brasil(Roraima, Paraiba, Pernambuco, Mato Grosso do Sui,Sao Paulo e Rio Grande do Sui). Areas abertasarenosas.

Material selecionado: BRAS[L. RORI\IMI\: V[-1999,A.P. Prata 616 (SP); Boa Vista, VII[-1996, A.P. Prataet al. 213 (UFP, UFRR).

A.P. PraIa & M.G. Lopez: Eu/basty/is de Roaima 197

Assemelha-se a Bu/bostylis schomburgkiana(Steud.) M.T. Strong na estrutura da inflorescencia.Diferencia-se da mesma pOI' apresentar espiguetasobov6ides e aquenio menor que I mm. Periodo deflorar;:ao: registros para os meses de junho e agosto.

6. Bli/bosty/is schomburgkiana (Steud.) M.T.Strong., Brittonia, 45: 2. 162. 1993.

Fimbristylis schomburgkiana Steud., Syn. PI. Cyp.

III. 1855., nom. nov. for Triche/ostylis stricta ees.non Fimbristylis stricta R. Brown. Prodr. 228. 1810.

Perene, cespitosa, rizomatosa, 19-38 cm alt., basecastanho clara, nao espessada. Folhas 13- I9 x 0,02 cm,1/2 a 1/3 do compr. do escapo; bainha 1,0-2,5 cmcompr., membranacea, castanho clara, estriada longitu­dinalmente, apice obliquo, ciliado, tricomas 0,3-0,5 cm;lam inas Iinear-Ianceoladas, geralmente ascendentes,face adaxial estriada, face abaxial c6ncava, margensantrorsamente escabras. Escapo costelado, trigono,glabro. Bracteas involucrais 3-5, filifoJl11is, ascendentes,base alargada, escabras, nao ultrapassando a inflores­cencia em comprimento; face adaxial estriada longitu­dinalmente, glabra, margens hialinas. Inflorescencia1,5-4,0 x 1,5-5,0 cm compr., antel6ide simples ou com­posta, 8-19 espiguetas. Espiguetas 6-10 x 1-3 mm,oblongo-Ianceoladas, castanho claro, 9-20-floras,agudas, pedunculadas, a central sessil. Glumaspersitentes 2,0-2,5 x 1,0-1,5 mm, ov6ides-lanceoladas,naviculares, ciliadas, carenadas, apice arredondado ouemarginado, superficie papilosa, margens hialinas,ciliadas. Flores com estames 3, anteras 1,0-1,5 mm,apiculadas, conectivo prolongado, estilete 2 mm.Aquenio 0,8 x 0,5 mm, obov6ide, base ligeiramenteatenuada, trigono, angulos espessados, lisos, superficietransversalmente rugosa, papilosa, sem corplisculosde silica proeminentes, presenr;:a de celulas que refle­tem luz, apice reto, estilop6dio persistente, castanhoescuro, cilindrico ou subc6nico, 1/6 do comprimentodo aquenio.

Distribuir;:ao: Venezuela e Brasil (Roraima). Savanase lajes graniticas. Em solos arenosos.

Material selecionado: BRAS[L. RORAIMA: Pacaraima,[V-1998, A.P. Prata et al. 488 (SP).

Especie pouco freqUente em Roraima.Diferencia-se das outras especies de Bu/bostylis pelapresenr;:a de espiguetas oblongo lanceoladas. Periodode florar;:ao: registros para 0 mes de abri I.

Segundo Strong (1993), esta especie eraconhecida apenas do sudoeste da Venezuela ao longo

198 Hoehnea 30(3). 2003

do rio Atapabo, na margem com a Colombia, e deuma localidade inespecifica na Guiana (BritishGuiana). Prata (2002) referiu pela primeira vez aocorrencia desta especie para 0 Brasil.

7. Bulbostylis Iruncala (Nees) M.T. Strong, Brittonia45: 165. 1993.

Oncoslylis Iruncala Nees In: Mart, FI. bras. 2( I):83. 1842.

Perene, cespitosa, 5,0-8,5 cm alt., base castanho­escura, espessada, form ada pOI' abundantes restos debainhas foliares persistentes. Folhas 1,5-3,0 x 0,02 cm,1/2-1/3 do comp'" do escapo; bainha 0,5-1,0 cm compr.,membranacea, escabra, apice truncado, tricomasgetalmente ausentes; laminas setaceas, agudas, faceabaxial estriada, face adaxial concava, as vezes plana,escabra nas margens. Escapo trigono, glabro.Bracteas involucrais 1-3, setaceas, base alargada,escabras, as duas inferiores maiores, a mais externa1,5-2,0 cm, a seguinte 0,8-1,0 cm. lnflorescencia1,5-2,5 x 0,8-3,0 cm, antel6ide, geralmente simples,espiguetas 1-4, a central sessil, as vezes 2 sesseis.Espiguetas 3-5 x 1,0-1,5 mm, ov6ides, 3-8 floras.Glumas persistentes 1,5-2,5 x 0,7-1,6 mm, oblongas,naviculares, agudas, membranaceas, castanhas,superficie escabra. Flores com estames 3, anteras1 mm, estilete 1,5 mm. Aquenio 0,9 x 0, 6 mm,obcordiforme, base atenuada, trigono, angulos naoespessados, superficie ponticulada, apice truncado,estilop6dio persistente, cilindrico, as vezes plano, 1/8do comprimento do aquenio.

Distribui~ao: Colombia, Suriname, Bolivia e Brasil(Roraima, Paraiba, Pernambuco e Sao Paulo). Eumaplanta tipicamente de areas arenosas, encontradacrescendo em cerrados e savanas.

Material selecionado: BRASIL. RORAIMA: 11I-1995,I.S. Miranda 435 (UFP); Serra da Lua, 11I-1995, I.S.Miranda 469 (UFP).

Especie pouco frequente em Roraima.Diferencia-se das outras especies de Bulboslylis pelapresen~a de base espessada, bainha com apicetruncado e tricomas geralmente ausentes. Periodo def1ora~ao: registros para 0 mes de mar~o.

8. Bulbostylis veslila (Kunth) C.B. Clarke In: Urban.Symb. ant. 2: 87. 1900.

isolepis veslila Kunth, Enum. PI. 2: 210. 1837.Figura 2

!l!!Ii'.

jl

B c

Figura 2. BII/basty/is vest ita (Kunth) C.B. Clarke. A. Hflbito. B.Bainha foliar. C. Detalhe da inf1orescencia. D. Espigueta. E-F.Glumas. G. Aquenio. H. Detalhes das faces adaxial c abaxial dalamina foliar.

Perene, cespitosa, 25-55 cm alt., base castanhoclara, nao espessada, as vezes com bainhas foliaresvelhas persistentes. Folhas 12-28 x 0,02 cm, 1/2 docompr. do escapo; bainha 3,5-4,0 cm, membrana­cea, castanho clara, estriada longitudinalmente,glabra a pilosa na nervura central, apice obliquo,ciliado, tricomas 3-5 mm; laminas lanceoladas,ascendentes, face adaxial estriada longitudi­nalmente, pilosa, face abaxial lisa a canaliculada,concava, geralmente glabra, margens pilosas.Escapo fi Iiforme, costelado, trigono, densamentepiloso. Bracteas involucrais 3, filiformes, basealargada, ascendentes, pilosas, men ores que ainflorescencia. Inflorescencia 0,5-1,0 x 0,6-1,0 cm,antel6ide, composta, formada pOI' 3-6 fasciculos, umcentral sessil e 0 restante nos extremos dos eixosdesenvolvidos. Espiguetas 4-6 x 2-3 mm, ov6ides,sesseis, agudas, 6-9 floras. Glumas persistentes 2-3

x 2,0-2,5 mm, obov6ides, naviculares, papiraceas,ferrugineas, pi losas, margens hial inas, ci Iiadas, basehialina. Flores com estames 3, anteras 0,5 mm,apiculadas, conectivo prolongado; estilete I mm.Aquenio 0,8- I ,0 x 0,5-0,8 mm, obov6ide, baseatenuada, trigono, angulos espessados em frutosmaduros, superficie reticulada a punctata, apicereto, estilop6dio persistente, triangular, 1/6 docomprimento do aquenio.

Distribuiyao: Desde 0 Mexico ate 0 Brasil (Amapa,Bahia, Paraiba, Pernambuco e Roraima). Savanas,encosta de morro, em solo arenoso-pedregoso.

Material selecionado: BRASIL. ROAIMA: Amajari,X-1998, A.P. Prata et al. 552 (SP); Boa Vista,VIII-1996, A.P. Prata et al. 217 (UFP, UFRR).

Especie pouco frequente em Roraima.Diferencia-se das outras especies de BulboslylispOI' possuir escapo e lamina foliar pilosos. Periodode f1ora<;ao: registros para os meses de agosto eoutubro.

Agradecimentos

Ao CNPq, a Funda<;ao Botanica Margaret Meepelo apoio financeiro e ao IBAMA-SUPES-RR(NUC) pelo apoio logistico. Aos curadores dosherbarios consultados.

A.P. PraIa & M.G. L6pez: Bulboslylis de Roaima 199

Literatura citada

Adams, CO., Thomas, W.W., Seberg, 0., Goetghebeur, P.,Gonzalez-Elizondo, M.S. Chater, A.O. & G6mez­Laurito, J. 1994. Cyperaceae. In: G. Davidse, M.S. Sousa& A.O. Chatel' (eds.). Flora Mesoamericana, v. 6,Missouri Botanical Garden, St. Louis, pp. 402-50 I.

Bruhl, J.J. 1995. Sedge genera of the world: relationshipsand a new classification of the Cyperaceae. Austral.ianSystematic Botany 8: 125-305.

Core, E.L. 1936. Las Ciperaceas del estado de Santa Catarina.Sellowia 12: 181-450.

Goetghebeur, P. 1985. Studies in Cyperaceae 6.Nomenclature of the suprageneric taxa in theCyoeraceae. Taxon 34: 617-632

Kral, R. 1998. Bulbosly/is. In: Flora of the VenezuelanGuayana, v. 4, Missouri Botanic Gardens, Kew,pp.505-514.

Luceiio, M., A[ves, M.V. & Mendes,A.P. 1997. Catalogofloristico y c1aves de identificaci6n de las ciperaceasde los estados de Paralba y Pernambuco (NE de Brasil).Anales del Real Jardin Botanico de Madrid 55: 67-100.

Muasya, A.M., Bruhl, J.J, Simpson, O.A., Culhan, A. &Chase, M.W. 2000. Suprageneric phylogeny ofCyperaceae: a combined analysis. In: K.L. Wilson &D.A. Morrison (eds.). Monocots Systematics ansEvolution. CSIRO Publishing.

Prata, A.P. 2002. Listagem florfstica das Cyperaceae doEstado de Roraima, Brasi I. Hoehnea 29: 93-107.

Strong, M.T. 1993. Two overlooked species of Bulbostylis(Cyperaceae) from South America. Brittonia 45: 162-) 68.