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IX Reunião de Antropologia do Mercosul 10 a 13 de julho de 2011 – Curitiba, PR Grupo de Trabalho: Antropologia da Comunicação POR QUE OS HOMENS ASSISTEM TELENOVELAS? Edyr Batista de Oliveira Júnior Universidade Federal do Pará (UFPA)

OLIVEIRA JÚNIOR, E. B. de. Por Que Os Homens Assistem Telenovelas

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Artigo sobre a percepção masculinas das telenovelas.

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IX Reunião de Antropologia do Mercosul

10 a 13 de julho de 2011 – Curitiba, PR

Grupo de Trabalho: Antropologia da Comunicação

POR QUE OS HOMENS ASSISTEM TELENOVELAS?

Edyr Batista de Oliveira Júnior

Universidade Federal do Pará (UFPA)

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Por que os homens assistem telenovelas?

Edyr Batista de Oliveira Júnior1

Resumo

Trata-se de uma análise sobre a percepção do homem em relação à telenovela a partir de entrevistas semi-estruturadas realizadas com homens e mulheres de Belém do Pará. Observou-se que, esse tipo de programação, dantes produzida para as donas de casa, atrai, hoje, um significativo número de telespectadores masculinos; percebe-se isso nos merchandisings e comerciais veiculados durante as telenovelas, ou seus intervalos, voltados ao público masculino. Analisou-se o porquê dos homens assistirem telenovelas e o que isso influencia a sociedade e a eles mesmos. Assim, pôde-se perceber, dentre outros fatores, que a telenovela funciona como “elemento agregador” para esse homem telespectador dessa programação e que o merchandising social é visto por eles como um elemento importante na aquisição de conhecimento de determinados assuntos.

PALAVRAS-CHAVES: Gênero, Masculinidade, Mídia, Telenovelas.

Introdução

A telenovela é um produto muito popular no Brasil. Muitos são os que param o

que tiverem fazendo para assistir o desfecho do folhetim que estão acompanhando.

Um dos motivos para esse sucesso das telenovelas refere-se aos temas que

compõem as tramas, pois as mesmas tratam do cotidiano das pessoas: amor, ódio,

ciúmes, paixões, sexo etc. Ou seja, algo próximo, e por isso reconhecível, dos

telespectadores.

1 Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais (UFPA), mestrando em Antropologia no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA/UFPA) e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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Neste trabalho utilizo alguns dados coletados quando desenvolvi minha

monografia no curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Pará (UFPA),

em 2009. Realizei entrevistas com vinte pessoas – quinze homens e cinco mulheres

–, moradores de Belém. As entrevistas ocorreram na UFPA devido meus

interlocutores pertencerem a esse circuito e por que esse era o espaço que eu mais

transitava por passar grande parte do dia ali.2

Dessa forma, minha rede fora formada por pessoas com perfis diversificados

no que diz respeito a estilos de vida e visões de mundo. Fiz, inicialmente, entrevistas

com amigos que me indicaram possíveis interlocutores – pessoas que assistiam ou

assistiram telenovelas em algum momento e que concordavam em ser entrevistadas

– e a partir desses contatos fui construindo minha rede de entrevistas.3

Com influências dos folhetins franceses do século XIX, das radionovelas e

soap-operas, as telenovelas foram criadas visando como público-alvo as mulheres,

donas-de-casa. Em virtude disso, veiculavam-se durante os comerciais dessa

programação, propagandas de produtos de limpeza destinado ao lar (ALMEIDA,

2003a, 2003b; HAMBURGER, 1988; ORTIZ; BORELLI; RAMOS, 1991; MALCHER,

2001.)

Com este trabalho, procuro chamar atenção para o que atrai os

telespectadores masculinos de Belém a assistirem essa programação criada

inicialmente para as mulheres. Como esse público ver e lida com o que está

assistindo? Afinal, por que nós homens assistimos telenovelas?

Telenovelas e o público masculino

Quem hoje assiste telenovela pode pensar que esse produto já nasceu com

as características que tem atualmente. Mas, como tudo na sociedade, essa forma de

entretenimento, também passou por transformações.

As raízes da telenovela encontram-se nos folhetins, soap-operas e

radionovelas, como nos diz Wanzeler e Jatene (2007, p. 28): “... influências do

2 Cf. Oliveira Júnior (2009)

3 Para perfil dos entrevistados, cf. Apêndice.

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folhetim francês (sucesso no Brasil no século XIX), das soap-operas4 norte

americanas (patrocinadas pelas grandes fabricantes de sabão, daí o nome) e das

novelas de rádio (...)”. Importa dizer que, tanto os folhetins, quanto soap-operas e

radionovelas eram produtos cujo público-consumidor era o feminino.

No entanto, e não é de hoje, vemos um grande número de homens que

assistem essa programação. Se outrora esse produto tinha como destino certo as

donas-de-casa, atualmente, elas não são unanimidade.

Perguntei aos meus interlocutores se telenovela era coisa de mulher, os quais

responderam:

Eu acho que isso não é uma verdade, né?, porque hoje em dia a gente vê muito homem, né?, eu vejo mais homem ligado, preso à televisão, principalmente na novela, do que a mulher. Na realidade, comigo, eu tenho dois cunhados que são viciados, não perdem novela, nenhuma novela. Sabem todos os capítulos, todos os personagens que às vezes a gente nem sabe, né?, e eles ‘não, eu vou pra casa, porque vai ter a novela e eu não posso perder’. Então eu vejo isso, na realidade que eu vivo, né?, mais ligado ao homem. (J.N., mulher, 24 anos).

Não que seja coisa de mulher. Não sei se pelo fato de existirem mais mulheres, pelo meu meio ser de mais mulheres, acabam sendo, sei lá. Os homens assistem, eu acredito, não que eles acompanhem, tem aquela fidelidade, mas eu acredito que homem também assiste novela. Não é só mulher, não! (H.S., mulher, 24 anos).

Não, não é coisa de mulher. É coisa de quem assiste TV. Não é só mulher que assiste televisão (...). Então, tipo, homens, muitos homens acompanham televisão, acompanham novela... tem aquela imagem de que homem só assiste jogo e jornal, mas hoje em dia isso tá mudado muito. (G.T., homem, 19 anos).

Eu acho que faz e não faz sentido. As mulheres são maioria, mas tem muito homem que assiste novela escondido que eu sei, por questão do machismo. Nossa sociedade, por mais que ela seja liberal, ela continua sendo machista. Então, um homem admitir que assiste novela acaba sendo meio problemático pela questão da imagem dele perante companheiros ou da própria família. (J.L., homem, 21 anos).

4 Em português “óperas de sabão” por ser um produto patrocinado por empresas de materiais de limpeza e destinada às donas-de-casa. Um complemento a essa definição pode ser encontrada em Andrade (2003, p. 110) que diz “As soap-operas são diferentemente das telenovelas/radionovelas latino-americanas, narrativas de ficção compostas por segmentos não lineares, isto é, sem uma história principal que funcione como condutora da trama. A estrutura narrativa das soap-operas se caracteriza por apresentar uma comunidade de personagens fixados em determinado lugar, vivendo diferentes dramas e ações diversificadas. Nela, não existe, portanto, uma história, mas uma multiplicidade de núcleos que têm como base um elenco mais ou menos fixo. Contrariamente às telenovelas/radionovelas que se organizam em ‘próximos capítulos’, indicadores do desfecho final da trama, as soap-operas possuem um núcleo que se desenrola indefinidademente, sem ter realmente um fim, podendo, assim perdurar durante décadas”.

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Mesmo alguns entrevistados falando da quantidade maior de mulheres na

sociedade em relação aos homens e de que muitos assistem telenovelas, mas

escondidos, não podemos deixar de notar que mesmo assim, eles assistem!

Agora, não sai até que ponto os telespectadores masculinos assistem

telenovelas às escondidas; haja vista que todos os homens que entrevistei

declararam, em algum momento, assistirem essa programação. Além disso, meus

interlocutores disseram-me saber de muitos homens que ficam em frente ao

aparelho de TV para acompanhar a trama da vez.

Um ponto interessante em relação à telenovela é que a mesma funciona

como elemento agregador na sociedade. Souza (1997) ao estudar as tribos urbanas

da cidade de Belém do Pará identificou que cada grupo – headbangers, punks,

góticos, mauricinhos e patricinhas, skatistas, pichadores e drag queens – por ela

estudado, possuía um elemento que os agregava, seja o gosto pelo rock, o modo de

vestirem-se, o ambiente que frequentavam, o esporte, etc., numa espécie de “jogo

da sociabilidade” de que nos fala Cetrulo (1999, p. 17).

A telenovela assume esse papel de elemento agregador a partir do momento

que une em frente ao aparelho de TV homens, mulheres, crianças, adultos, jovens,

idosos, pessoas de diferentes classes sociais, religião, sexualidade, visão política,

etc. Detectei nas falas de meus entrevistados esse caráter agregador da mesma,

pois o conhecimento da trama que está no ar é usado como forma de inserção em

determinados grupos.

“Pra ter o que conversar em casa ou por que tá todo mundo comentando no

trabalho, na escola ou na Faculdade; então, eles procuram assistir para poderem tá

interado”. (H.S., mulher, 24 anos).

(...) por exemplo, numa conversa entre mulheres, chega um amigo homem; se a mulher está conversando sobre a novela, sobre a vida da fulana que fez alguma coisa na novela, ele vai querer também saber o que é, vai querer dá a opinião dele, um modo dele se inserir naquele grupo. (F.L., mulher, 19 anos).

Ainda em relação a essa característica das telenovelas, temos:

“É o momento onde há convivência familiar. Aquele momento que tá todo

mundo assistindo televisão. É o momento que eu tenho pra ficar com os meus pais”.

(S.S., mulher, 20 anos).

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“(...) meu pai, por exemplo, é muito mais noveleiro que minha mãe. Eles dois

assistem juntos. Ele gosta, minha mãe também; é uma forma deles dois passarem

um tempo juntos”. (N.P., homem, 19 anos).

Esse tipo de comportamento pode ser uma herança dos tempos do rádio,

quando as famílias se reuniam em volta do aparelho para acompanhar suas

programações. Com a entrada em território nacional da televisão esse tipo de

comportamento migra. Não é mais o rádio que está sendo cultuado, mas a televisão

que fica como que num altar para ser contemplado por todos da casa.

Inicialmente, as telenovelas eram adaptações de radionovelas ou telenovelas

latino-americanas. A primeira produção a romper com isso foi a novela de Bráulio

Pedroso exibida pela TV Tupi de 4 de novembro de 1968 a 30 de novembro de 1969

que foi Beto Rockfeller.

(...) apontada como um marco que inspirou e precedeu o estilo global. Beto Rockfeller trouxe as novelas para o universo contemporâneo das cidades grandes brasileiras. Introduziu a linguagem coloquial, o humor inteligente e uma certa ambigüidade. (HAMBURGER, 1988, p. 464).

Em 1965, entra no ar, no canal 4 do Rio de Janeiro, a Rede Globo. Vale

atentarmos para o ano de inauguração da TV Globo, em pleno período de ditadura

militar. Esse fato tem grande importância para a história da emissora e das

telenovelas no Brasil (ORTIZ; BORELLI; RAMOS, 1991; WANZELLER; JATENE,

2007; e HAMBURGER, 1988).

As telenovelas transmitidas pela rede Globo, em seus primórdios, eram

escritas e/ou supervisionadas pela exilada cubana Gloria Magadan a qual escrevia

novelas que se passavam em terras distantes do Brasil. (WANZELER; JATENE,

2007, p. 41 e HAMBURGER, 1988, p. 463). Mas como dito antes, influenciada pela

história de Beto Rockfeller, a Globo em 1969 começa um novo jeito de fazer novelas

com temáticas nacionais.

Percebendo os insucessos acumulados pelo estilo melodramático valorizado por Gloria Magadan e o futuro promissor do novo modelo proposto por Bráulio Pedroso e seu anti-herói Rockfeller, a Globo investiu em novelas com situações mais próximas da realidade brasileira. (WANZELER; JATENE, 2007, p. 42).

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A mudança de foco das telenovelas também está relacionado ao clima político

e nacionalista do Brasil naquele momento de ditadura militar, pois a produção

cultural segue em direção à questão nacional.

Escrita por Janete Clair Vende-se um véu de noiva (10 de novembro de 1969

a 27 de junho de 1970) consolida o estilo brasileiro de fazer telenovela na Rede

Globo.

(...) a partir do final dos anos 60 e decididamente a partir do início dos anos 70, as novelas enfatizam o uso da linguagem coloquial e cenários urbanos contemporâneos, gravações externas e referências compartilhadas por brasileiros. (HAMBURGER, 1988, p. 467).

Mas é com Irmãos Coragem (1970), também de Janete Clair, que os homens

começam a se interessar um pouco mais pelos folhetins eletrônicos (ORTIZ;

BORELLI; RAMOS, 1991; HAMBURGER, 1988). Se antes as telenovelas eram

direcionadas ao público feminino tendo como patrocinadoras empresas de sabão, de

higiene pessoal; acredito que, com a mudança do foco dessas tramas para a

ambientação brasileira, esse produto tenha expandido seu público-consumidor aos

homens também e para as pessoas de todos os grupos sociais.

Ironicamente, um programa classificado pela indústria como dirigido às mulheres de classe ‘C’ das principais praças comerciais do país, sobretudo durante os anos 80 desfrutou da condição privilegiada de repertório compartilhado por um público nacional composto também de homens, mulheres e crianças em todos os grupos sociais e locais do território nacional. (HAMBURGER, 1988, p. 482).

Pode-se perceber essa mudança quando não mais apenas são veiculados

nas telenovelas ou em seus intervalos produtos destinados às mulheres, mas aos

homens também. Segundo Hamburger (1988, p. 464), a prática do merchandising

vigora desde meados da década de 70. Segundo Martins e Santos (2009, p. 4), essa

forma de promoção “Trata-se de uma propaganda implícita inserida no fluxo

narrativo da novela, criada no texto pelo próprio autor e que funciona como um

eficaz promotor de vendas”.

Segundo os mesmos autores:

É com a imagem televisiva que a novela consegue levar o telespectador a um mundo de fantasias e sonhos, mas, ao mesmo tempo, mostrar personagens com os quais ele se identifica criando fortes laços de envolvimento emocional, o que garante a audiência do produto mercadológico televisivo (ibidem, p. 1).

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E é dessa maneira, sutil ou não, criando fantasias e sonhos, fazendo com que

haja identificação com tramas e personagens que as telenovelas tornam-se um

excelente meio para se vender algum produto. Isso porque a produção da indústria

cultural da qual a telenovela faz parte está diretamente ligada à lógica do mercado

(ORTIZ; BORELLI, RAMOS, 1989, p. 111). Nesse ponto, a telenovela se torna como

uma vitrine promovendo o consumo (ALMEIDA, 2003b).

A relação merchandising e telespectador também pode ser percebida na fala

de meus entrevistados quando os mesmos falaram das influencias das telenovelas:

“Acho que principalmente na questão do consumo. Quanto a consumir roupas

ou, então, tendências da moda”. (J.L., homem, 21 anos).

(...) principalmente em questão de roupa. Eu falo de roupa porque a minha mãe é costureira, então chega uma freguesa dela e fala ‘Ah, eu quero a roupa que nem a menina tava ontem na novela’ (...) eu vejo que influencia muito a questão da vestimenta... (J.N., mulher, 24 anos).

Ela influencia bastante. (...) os atos das pessoas, influencia de modo geral, no pensamento, em como as pessoas se comportam, o quê que está na moda, influencia muito a moda. Modo de se vestir, o modo de tratar os assuntos, influencia assim de modo geral; novela é uma coisa que consegue influenciar muito mesmo uma pessoa. (S.S., mulher, 24 anos).

Não raro, vemos nas vitrines das lojas e circulando nas ruas os modelitos das

personagens, seus brincos, colares, pulseiras, etc. Quem não se lembra de Leona,

personagem de Carolina Dieckmann em Cobras e Lagartos (2006) com seu tom de

cabelo e seus adereços? Além de Leona, temos o Foguinho, personagem de Lázaro

Ramos também de Cobras e Lagartos (2006) com seu bigode descolorido. Com

isso, a economia vai sendo movimentada com o consumo desses produtos.

A telenovela como um produto de grande alcance na sociedade brasileira,

que atrai homens e mulheres de diferentes faixas etárias, sexualidades, credos e

etnias torna-se muito atraente às empresas que querem dá visibilidade e vender

seus produtos.

(...) a telenovela, como um dos programas mais importantes no Brasil – tanto pelo seu domínio no horário nobre das emissoras, sua grande capacidade comercial de gerar lucro às emissoras e de promover uma série de produtos, como pela presença constante na vida cotidiana dos brasileiros de todas as camadas sociais, fazendo parte das conversas e de um conjunto de referências nacionais (ALMEIDA, 2003b, p. 24)

O fato das telenovelas serem atraentes ao mercado publicitário está ligado ao

grande número de pessoas que se colocam à frente do aparelho de TV para

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consumirem esse produto. Dito de outra forma são as audiências que atraem ou

afastam os anunciantes aos produtos da televisão, como os folhetins eletrônicos.

Em virtude disso, as emissoras procuram produzir programações que sejam

atraentes ao público telespectador e às empresas que pretendem anunciar seus

produtos e serviços. Esse é um dos componentes da acirrada concorrência entre as

emissoras.

Aguinaldo Silva, autor de telenovelas da Rede Globo, afirma que

a TV é um negócio explorado por capitais privados, que depende de anunciantes. Para ter anunciantes, ela depende de altos índices de audiência. (...) O que uma novela precisa é ser popular. Se é popular é boa. Se a novela tem muita audiência, ela é ótima. (Isto É, 1988 apud ORTIZ;BORELLI; RAMOS, 1991, p. 40).

Almeida (2003, p. 25) corrobora essa relação entre telenovela e a publicidade

quando fala que há “... um sistema de dependência mútua: a publicidade sustenta os

custos de produção e distribuição da mídia, e a mídia oferece uma audiência pronta

para os anúncios”. A audiência das tramas televisionadas dá-se, portanto, mediante

a identificação do público com as estórias, atores e personagens. Uma vez que

esses elementos chamam a atenção dos telespectadores, os produtos que são

veiculados às imagens dos mesmos passam a ser objetos de desejos. E é por meio

do merchandising que são apresentados ao público feminino e masculino as marcas,

os produtos que estão patrocinando aquela programação.

Um exemplo de uso implícito do merchandising é o batom cor de rosa, de O

Boticário, que a personagem de Thaís Araújo, a Helena, usou no dia do seu

casamento, em Viver a Vida (2009). Entretanto, nem sempre a propaganda é feita

de forma “não declarada”. Nessa mesma telenovela aparece a logomarca da Natura

enquanto Helena e Alice (Maria Luisa Mendonça) falam sobre batons durante a

preparação da personagem principal para uma sessão fotográfica. Outro exemplo é

da telenovela Ti Ti Ti (2010) quando Desirée era garota-propaganda de produtos

como H2Oh, da Pepsi, e marcas como Hering e outras. Em Insensato Coração

(2011), muitas vezes, no escritório da personagem Marina (Paola de Oliveira), já

apareceu no computador dela, e do André (Lázaro Ramos), a marca do Banco Itaú

enquanto os mesmos realizavam, ficticiamente, algum trabalho para essa Instituição

bancária.

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Apesar de produtos como a bebida, serviços bancários e as roupas da Hering

estarem disponíveis tanto ao público feminino quanto ao masculino, chamo a

atenção para produtos e comportamentos de personagens masculinos que também

exerceram certa influência na sociedade à época de suas transmissões, como o já

citado bigode descolorido do Lázaro Ramos em Cobras & Lagartos (2006), o corte

moicano de Cauã Reymond em Belíssima (2006), as blusa que Edson Celulari

usava em Fera Ferida (1993), as cuecas boxers usadas por Wagner Moura e Bruno

Gagliasso em Paraíso Tropical (2007), entre outros exemplos.

O site “O Globo”, página da Patrícia Kogut, no dia 14 de novembro de 2009

trouxe uma matéria intitulada “Os objetos de desejo dos personagens masculinos

das novelas” onde falava que não apenas o universo material das atrizes despertava

atenção, mas era crescente o interesse do público masculino pelos objetos usados

pelos homens nas tramas.

Em ‘Viver a vida’, os objetos mais cobiçados são o relógio e o óculos (sic) de sol de Marcos (José Mayer) e a pasta e o celular de Jorge (Mateus Solano), o gêmeo sério. Já em ‘Caras & bocas’, todos querem saber onde comprar o óculos (sic) de grau de Vicente (Henri Castelli). Ou as camisas usadas por Cássio (Marco Pigossi)5

O mesmo aconteceu com os figurinos usados por Danilo (Cauã Reymond),

Gerson (Marcello Antony), Agnello (Daniel de Oliveira) e Olavo (Francisco Cuoco)

personagens de Passione (2010). Isso demonstra que os homens passaram a

assistir as telenovelas, a se identificarem com as tramas, personagens e,

consequentemente, a consumir os produtos que ali aparecem, pois ao acontecer a

identificação com as estórias e com aqueles que ajudam a contá-las, as telenovelas

tornam-se um excelente veiculo para promover e vender produtos diversos ao

público em geral.

Aproveitando-se do enorme alcance das telenovelas a publicidade investe no

meio. Em contrapartida, as emissoras buscam sempre produzir um produto de

qualidade para atrair os telespectadores e os anunciantes; haja vista que é dessa

relação comercial que a Rede Globo, por exemplo, paga os gastos das produções

dos folhetins eletrônicos e outras despesas.

5 Retirado do site http://oglobo.globo.com/cultura/kogut/posts/2009/11/14/os-objetos-de-desejo-dos-personagens-masculinos-das-novelas-240609.asp, acessado em 29/04/2011.

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a televisão não sobrevive sem a publicidade (sob forma de patrocínio, intervalo comercial ou merchandising), e esta por sua vez, necessita da televisão para conseguir atingir um contingente maior de público. Assim a televisão, além de veículo, é empresa e, nessa condição, dirige suas ações para a obtenção de lucro que, para ela, se traduz em disputa de audiência, capaz de lhe garantir a venda de seus produtos e patrocínio (CASTRO, 2005, p. 1).

Além desse tipo de propaganda inserida implícita ou explicitamente nas

tramas, há uma espécie de merchandising que não vende produtos palpáveis, mas

ideias, que é o merchandising social, uma forma de chamar a atenção da sociedade

para determinado tema e de informá-la também sobre o mesmo, como foi o caso da

Aids em Carmem (1987), das crianças desaparecidas em Explode Coração (1995),

da doença leucemia em Laços de Família (2000), das consequencias do uso de

drogas em O Clone (2001), etc. Esses temas usados como merchandising social

ganham as ruas, os noticiários em jornais impressos ou televisionados, justamente

pelo alcance das telenovelas na sociedade brasileira, capaz de suscitar debates.

Meus interlocutores, apesar de não utilizarem esse tipo de terminologia,

comentaram mais essa característica das telenovelas:

Pode passar na novela uma situação que a pessoa esteja passando na vida real dela, como já cansou de ter documentários, e algumas coisas assim, que mostrava pessoas com problemas na vida real que acontece na novela. Como teve aquela novela daquela menina que teve câncer, que ela raspou a cabeça [Laços de Família, 2000/2001]; então, as pessoas acabam se espelhando e às vezes até tendo a mesma atitude que a personagem teve. (G.T., homem, 19 anos).

“Acho que pro homem influencia talvez na questão do comportamento em

algumas situações quando eles tentam levar causas sociais pras novelas...” (J.L.,

homem, 21 anos).

(...) a própria questão de opinião também, né? Às vezes, sei lá, de um certo papel, de um certo problema, e um certo personagem se posiciona de um jeito, né?, e depois eu vejo as pessoas ‘Ah, ele tá certo, porque assim, assim, assim’... (J.N., mulher, 24 anos).

(...) eu tinha preconceito com algumas coisas antes de... eu passei por um lado heterossexual, digamos assim, aí com a novela, eu aprendi, quando eu era menor, eu aprendi a aceitar mais isso e a me aceitar, entendeu? Então isso foi uma coisa, foi uma influência que a telenovela trouxe pra mim. (H.P., homem, 24 anos).

“(...) eu imagino que a pessoa possa tomar conhecimento de assuntos que

antes ela não tinha acesso, desconhecia”. (N.P., homem, 19 anos).

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Influencia certas opiniões, sim. Acho que influencia a consciência das pessoas, por exemplo, novelas que abordam a questão da sexualidade, influencia, por exemplo, um pai falar mais sobre sexualidade com seu filho, ou sobre homossexualidade e aí já vai abrir mais o assunto em casa... (F. L., mulher, 19 anos).

Sobre a questão do merchandising social meus entrevistados citaram alguns

temas como sexualidade, homossexualidade, clonagem humana, racismo,

psicopatia, esquizofrenia, leucemia, doação de medula óssea e outros.

Algumas pessoas assistem e acham que telenovela é só uma imitação da vida real, que é uma maneira que faz com que as pessoas tenham um conhecimento de como algumas coisas acontecem como o tratamento de algumas doenças, a questão de como a pessoa que tem aquele tipo de doença, como é a vida dela, entendeu? Pra que as pessoas tenham mais um conhecimento e aprendam a respeitar e ajudar as pessoas que estão com alguma dificuldade que são vista na telenovela. Eu gostei de Laços de Família por causa da abordagem do tema das pessoas que tem câncer, leucemia, entendeu? Que a partir dali eu vi a importância de você não pensar só em si, pensar no próximo, porque pra você ajudar uma pessoa é tão simples, basta você tirar um líquido da coluna vertebral, basta você tirar aquilo, simples e rápido, entendeu? Você pode tá ajudando alguém, sabe? Então, isso me tocou muito porque eu vi que um gesto simples pode ajudar uma pessoa pra vida toda, entendeu? Um passo que você dar você salva alguém, entende? E um passo que você não dá você pode tá matando aquela pessoa. (H. P. homem, 24 anos).

É uma forma de conhecer o mundo lá fora, né? Assim tu sai um pouco da tua realidade e conhece algumas coisas lá fora, outros tipo de cultura, né? Também, o que acontece na sociedade. Claro que às vezes eles colocam de uma maneira, assim, muito além do que acontece. Mas ali tu podes perceber o mundo, tu podes ter outra percepção através da novela. (J.N., mulher, 24 anos).

Vemos nesse ponto que a telenovela presta um serviço social à sociedade

quando trata de temas como o tratamento da leucemia, por exemplo, fazendo com

que a sociedade discuta tal assunto e até mesmo mudando hábitos.

Interessante observar que, assim como os indivíduos estudados por Souza

(1997) unem-se em “tribos urbanas” buscando “‘algo mais’ em meio à conturbada

vida pós-moderna” (p. 52), da mesma forma as pessoas que entrevistei.

“Ter uma distração ou então gosta do que passa na televisão, do que a

novela passa pra ele” (G.T., homem, 19 anos).

“É uma questão de lazer, então, de identificação, até mesmo de gostar. Por

que não gostar de telenovela?” (T.N., homem, 19 anos).

“O homem sai de casa, vai pro trabalho, chega naquele horário certo e vai

assistir novela; assiste jornal e depois assiste novela” (J.N, mulher, 24 anos).

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(...) pra se distrair... porque novela também é uma forma de distração, né? Tu passas o dia inteiro trabalhando, chega em casa assisti jornal, vai assistir a novela, às vezes porque a novela tem cenas engraçadas, tem cenas de romance, coisas que as pessoas gostam de ver, né? (F.M., mulher, 22 anos).

“Tá, não vou mentir, não vou mentir, a novela é relaxante, é prazeroso assistir

a novela e tal...” (L.O., homem, 20 anos).

“Assistem porque gostam, porque querem se distrair. Querem saber o que

vai acontecer com determinados personagens” (E.J, homem, 24 anos).

Todos disseram assistir telenovela buscando também entretenimento, uma

forma de distração. Esse comportamento fora apontado por eles como uma das

explicações para os homens assistirem telenovelas, pois assistir essa programação

constitui em fuga da realidade estressante que vivem, é uma maneira de relaxar, de

se divertirem.

Enquanto se pode pensar que os homens são aqueles que não demonstram

sentimentos, emoções, que gostam prioritariamente de futebol, os dados que coletei

junto aos meus interlocutores revelaram outras manifestações da masculinidade

neste século XXI, “novas possibilidades de ser homem” (PORTINARI; COUTINHO,

2006, p. 70).

Quando um entrevistado falou no que a telenovela o influenciara confidenciou

“Na questão do romantismo” e disse também que para ele esse tipo de programação

seria “emoção” (E.M., homem, 24 anos). Ora, não seriam essas atribuições

relegadas às mulheres?

Outra fala que me chamou muita atenção foi a de A.L. (homem, 19 anos)

quando falava o porquê dele achar que telenovela não era coisa de mulher.

Eu acho isso completamente idiotice, até porque eu conheço muitos caminhoneiros, porque eu já viajei pelo Brasil, aí, e a maioria assistia novelas. Dizem que eles só falam de futebol, é mentira! Eles falavam de novela mesmo. Caminhoneiro fala de novela, a maioria.

Dessa forma, pode-se vê que muitas barreiras de pensamentos precisam ser

transpostas, pois dizer que assistir telenovela pertence ao universo feminino apenas

não s sustenta mais, conforme tentei mostrar aqui e de acordo também com os

trabalhos de Silva et al (2006) e Silva e Marques (2007).

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Considerações Finais

Procurei demonstrar aqui que os homens em Belém incluem em seu dia a dia

o assistir telenovelas e que essa relação com a mesma está muito além dos

discursos de que “é a única coisa que tá passando”, “não tenho o que fazer, assisto

novela”, pois assim poder-se-ia pensar que não há no telespectador a autonomia do

controle remoto, o poder de mudar de canal, parecendo haver entre as emissoras

um acordo de todas, ao mesmo tempo, transmitirem telenovelas para que os

telespectadores – tanto homens quanto mulheres – não tenham opção de

entretenimento televisivo. O que percebo é que mesmo que alguns receiem em

assumir-se como telespectador do espetáculo televisivo, eles assistem e criam

alguns artifícios e /ou desculpas para assistirem telenovelas. Ouvi alguns de meus

entrevistados dizerem “Assisto porque tá todo mundo [as pessoas da casa dele]

assistindo”, “assisto porque minhas tias assistem”, “... porque meus pais assistem”,

“porque meus avós assistem”; contudo, os mesmos demonstraram grandes

conhecimentos sobre tramas, personagens, autores, etc. Houve um entrevistado,

L.O. (homem, 20 anos), que por duas vezes durante a entrevista fez questão de

dizer que não era “noveleiro”; no entanto, demonstrou-se fã das telenovelas da

Glória Perez. Além disso, indagado sobre a telenovela que mais havia gostado, o

mesmo não se conteve em falar apenas uma, mas listou “O Rei do Gado, Roque

Santeiro, O Fim do Mundo, O Clone, Caminho das Índias” e etc.

Para os homens que entrevistei, e mesmo paras as mulheres que foram

minhas interlocutoras, as telenovelas servem como forma, como o momento de ter a

família reunida num determinado horário e assim compartilharem algo, ou seja,

nesse ponto, as tramas televisionadas funcionam como elemento agregador da

família. Se retomarmos a pergunta que intitula este trabalho – Por que os homens

assistem telenovelas? – poderíamos resumir dizendo que eles veem porque gostam;

e esse gostar seria devido à identificação com a trama e personagens da mesma,

curiosidade, uma maneira de agregar conhecimento, principalmente com o

merchandising social, o atrativo feminino, a excelente produção de telenovelas no

país, a proximidade com o cinema, a presença de temas como futebol, esportes em

geral, cenas de ação, pancadaria, certa violência, etc. Ou seja, os homens assistem

telenovela porque podem reconhecer ali seus gostos.

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Referências

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APÊNDICE A – PERFIL DOS ENTREVISTADOS

• Entrevistas realizadas no dia 22 de setembro de 2009.

D.C.: Homem; 19 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(medicina – UFPA); 3 televisões em casa onde assiste TV de 2 a 3 horas por dia;

costuma assistir programas de humor, filmes, jornal, desenhos e documentários na

HBO, Record e Globo; assiste novela na Globo à noite.

F.L.: Mulher; 19 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(publicidade e propaganda – UFPA); 3 televisões em casa onde assiste TV de vez

em quando; costuma assistir filmes na HBO e Warner; assiste novela na Globo à

noite.

G.T.: Homem; 19 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(biologia – UFPA); 3 televisões em casa e assiste muito pouco TV; costuma assistir

filmes e documentários na Telecine, Discovery Channel, Animal Plantel, National

Geographic; assiste novela na Globo à tarde e à noite.

H.S.: Mulher; 24 anos; paraense; heterossexual; ensino superior completo (bacharel

em turismo pela UFPA); 5 televisões em casa onde assiste TV a semana toda;

costuma assistir desenho, jornal, clips musicais, seriados, etc. na Globo SBT e

Record; assiste novela na Globo à noite.

J.L.: Homem; 21 anos; paraense; homossexual; ensino superior incompleto

(publicidade e propaganda – UFPA); 3 televisões em casa onde assiste TV a

semana toda; costuma assistir desenho, séries, novela e programa da MTV na SBT,

Globo e MTV; assiste novela na Globo à noite.

J.N.: Mulher; 24 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais – UFPA); 2 televisões em casa onde assiste TV a semana toda;

costuma assistir filmes e novelas na Globo e SBT; assiste novela da Globo à noite.

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S.S.: Mulher; 24 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto (direito

– UFPA); 1 televisão em casa onde assiste TV a semana toda; costuma assistir

novela, jornal e seriados na Globo, Record e SBT; assiste novela na Globo à noite.

T.N.: Homem; 19 anos; paraense; homossexual; ensino superior incompleto (letras –

UFPA); 3 televisões em casa e assiste pouco TV; costuma assistir jornal e filmes na

Globo, SBT, Record e Band; assiste novela na Globo à noite.

• Entrevistas realizadas no dia 29 de setembro de 2009.

A.F.: Homem; 25 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto (letras

– UFPA); 2 televisões em casa onde assiste TV de vez em quando; costuma assistir

programas de domingo, jornais e raramente novelas na Globo, SBT e MTV; assiste

novela na Globo à noite.

A.L.: Homem; 19 anos; paraense; heterossexual; ensino médio completo; 1

televisão em casa onde não assiste muito TV; costumas assistir CQC, programas de

humor e jornal na Band, SBT e Record; assiste novela na globo à noite.

E.J.: Homem; 24 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais – UFPA); 1 televisão em casa onde assiste TV todos os dias;

costuma assistir jornais, desenhos, séries, novelas, programas de auditórios e reality

shows na Globo, Record, Band, MTV e TVM; assiste novela na Globo e Record à

noite.

E.M.: Homem; 24 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais); 2 televisões em casa onde assiste TV todos os dias; costuma

assistir documentários, novelas e telejornais em geral na Globo, Record e MTV;

assiste novela na Globo à noite.

F.M.: Homem; 22 anos; paraense; homossexual; ensino superior completo

(mestrando de biomedicina – UFPA); 1 televisão e não assiste muita TV; costuma

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assistir jornal e desenhos na Globo, record e SBT; assiste novela na Globo e SBT à

noite.

F.O.: Homem; 23 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais – UFPA); 2 televisões em casa e não assiste muita TV; costuma

assistir Jornal e programa do Jô na Globo e SBT; assiste novela na Globo, SBT e

Record à noite.

F.R.: Homem; 23 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais – UFPA); 2 televisões em casa e não assiste muita TV; costuma

assistir filmes e jornais na Globo, SBT, Bandeirantes e Cultura; assiste novela na

Globo e Record à noite.

H.P: Homem; 24 anos; paraense; homossexual; ensino superior incompleto (letras –

UFPA); 3 televisões em casa onde assiste TV, em média, 4 horas por dia; costuma

assistir filmes, séries e desenhos na Globo, SBT, Record, Discovery Channel e

National Geographic; assiste novela na Globo à noite.

L.O.: Homem; 20 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais – UFPA); 4 televisões em casa onde assiste todos os dias; costuma

assistir desenhos, jornais, novelas e filmes na Globo, SBT e record; assiste novela

na Globo à noite.

N.P.: Homem; 19 anos, paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(geologia – UFPA); 5 televisões em casa e não assiste muita TV; costuma assistir

séries na Warner e na Sony; assiste novela na Globo à noite.

S.S.: Mulher; 20 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(ciências sociais – UFPA); 3 televisões em casa onde assiste TV de 2 a 3 horas por

dia; costuma assistir séries e telejornal na Globo e Warner; assiste novela na Globo

à noite.

V.G.: Homem; 21 anos; paraense; heterossexual; ensino superior incompleto

(geologia – UFPA); 1 televisão em casa e não assiste muito TV; costuma assistir

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jornal, programa humorístico, séries e filmes na SBT, Globo, Bandeirantes, Record,

Rede TV e MTV; assiste novela na Globo à noite.