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www.gazetarural.com Director: José Luís Araújo | N.º 365 | Periodicidade Quinzenal | 30 de Junho de 2020 | Preço 4,00 Euros CVR Dão lança campanha “Portugueses Dão a Volta” “Tondela Brancos 2020 On Live” é a 4 de Julho Vendas de vinho da UDACA subiram cerca de 10% em Junho Termas de Alcafache reabriam ao público Produtores de mirtilo satisfeitos com a campanha de 2020 Viseu com mais de 500 propostas para o Verão Há Montanhas Mágicas

om...nos açores. N o seminário online os participantes mostraram con-fiança no potencial turístico da ilha do Pico asso-ciado à natureza para relançar a atividade e louvaram

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Director: José Luís Araújo | N.º 365 | Periodicidade Quinzenal | 30 de Junho de 2020 | Preço 4,00 Euros

• CVR Dão lança campanha “Portugueses Dão a Volta” • “Tondela Brancos 2020 On Live” é a 4 de Julho

• Vendas de vinho da UDACA subiram cerca de 10% em Junho • Termas de Alcafache reabriam ao público

• Produtores de mirtilo satisfeitos com a campanha de 2020

• Viseu com mais de 500 propostas para o Verão

Há Montanhas Mágicas

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Ficha técnica

Ano XV | N.º 365Periodicidade: Quinzenal

Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515)E-mail: [email protected] | 968 044 320Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, LdaSede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu

Redacção: Luís PachecoOpinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá

RegoDepartamento Comercial: Beatriz Fonte

Sede de Redacção: Lourosa de Cima3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400

E-mail Geral: [email protected]: www.gazetarural.com

ICS: Inscrição nº 124546Propriedade: Classe Média - Comunicação e

Serviços, Unip. LdaAdministrador: José Luís Araújo

Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social: 5000 Euros

CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339Detentor de 100% do Capital Social:

José Luís AraújoDep. Legal N.º 215914/04

Execução Gráfica: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda

R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/

estatutoeditorial/Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares

Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

Foto de capa: créditos ©Joel Oliveira Santos

04 Futuro do Turismo Rural debatido em São Roque do

Pico

05 Projeto da Grande Rota das Montanhas Mágicas

Cycling & Walking está concluído

06 Três meses depois Termas de Alcafache reabriam ao

público

08 Viseu com mais de 500 propostas para retoma eco-

nómica e cultural durante o Verão

10 Presidente da Mirtilusa diz será “um a ano ‘sorridente’

para os produtores de mirtilo”

12 “Tondela Brancos 2020 On Live” com show coocking e

harmonização de vinhos do Dão

14 Nova ‘Quinta da Taboadella’ foi apresentada e deu a

conhecer os novos vinhos

16 Vendas de vinho da UDACA subiram cerca de 10% em

Junho

20Campanha “Portugueses Dão a Volta” promove o

reencontro com a restauração

21 Welcome Center da Rota dos Vinhos do Dão certificado

com o selo “Clean & Safe”

24 Idanha recebe investimento de 60 milhões de euros

em projetos de nozes e amêndoas

30 Território entre Douro e Sabor aposta em oportuni-

dade única de turismo

34 Plano estratégico para as áreas do turismo e agroali-

mentar junta regiões fronteiriças

35 Arcos de Valdevez dinamiza espaço para promover

vinhos e produtos locais

36 Gazeta Auto - Honda HR-V 1.5 i-VTEC Executive Con-

nect Navi

38 Diário de Bordos – A minha Palma III

APOIEA RESTAURAÇÃO LOCAL

E BRINDE AO NOSSO VINHO.

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O ‘Futuro do turismo Rural na ilha do Pico - capital do turismo Rural’ foi o tema em debate no primeiro Webinar promovido pela associação Portuguesa de turismo Rural, que decorreu em São Roque do Pico, nos açores.

No seminário online os participantes mostraram con-fiança no potencial turístico da ilha do Pico asso-

ciado à natureza para relançar a atividade e louvaram o programa ‘Viver os Açores’ criado pelo Governo Regional, admitindo que pode ser a tábua de salvação para as em-presas de turismo.

Em tempo de pandemia e de retração da atividade turística, o representante da Câmara Municipal de São Roque do Pico, no seminário, reforçou a importância do ecoturismo para a promoção da marca ‘Capital do Turis-mo Rural do Pico’ e mostrou confiança no futuro. Ape-sar dos constrangimentos provocados pela Covid-19, Daniel Assunção assumiu que a época alta “não está to-talmente perdida”, enaltecendo a atividade dinamizada por alguns empresários e o programa ‘Viver os Açores’ para a promoção do turismo interno.

No encontro, Benedita Simas admitiu que “dificilmen-te este será um ano de turismo brilhante”, mas tem “fé” que ainda seja possível colmatar prejuízos numa altu-ra em que o arquipélago dos Açores está classificado como uma zona ‘Clean & Safe’. A sócia do empreen-dimento ‘Lava Homes’, olha, também, com esperança para o turismo interno, assumindo que pode ser “de-terminante” para atenuar os prejuízos.

Filipe Ferreira, proprietário da empresa de ani-mação turística terrestre ‘Terra Alta’, reconheceu que o futuro da animação turística é uma “incóg-nita”, sendo difícil fazer previsões sobre o que irá acontecer em termos de atividade ao longo do verão, numa altura em que “timidamente” come-çam a surgir algumas marcações depois de mui-tos cancelamentos.

Miguel Chu, proprietário da empresa de anima-ção turística marítima ‘Aqua Açores’, admitiu por seu turno que o setor ligado ao turismo está com dificuldades de liquidez e receia que seja possível manter a totalidade da estrutura da empresa, caso o atual cenário de cancelamentos de reservas não se altere nos próximos meses.

No Webinar participou igualmente o diretor do Museu do Pico. Manuel Costa explicou a estraté-gia programada para as unidades museológicas sob a tutela do Museu do Pico, apelando ao Gover-no Regional para que faça uma gestão da situação de pandemia “muito cautelosa, prudente, sensata e com algumas doses de coragem para se tentar rea-bilitar a economia”.

São Roque do Pico detém desde 2013 a marca ‘Ca-pital de Turismo Rural’, que tem servido de suporte a todas as atividades turísticas, permitindo dar a co-nhecer o melhor que o concelho açoriano tem ao nível do alojamento rural, gastronomia, paisagens e locais para momentos de descontração e lazer.

Apesar do período de incertezas, há esperança nos operadores

Futuro do Turismo Rural debatido em São Roque do Pico

Percurso de com 230 quilómetros une os sete municípios

Projeto da Grande Rota das Montanhas Mágicas

Cycling & Walking está concluído

as comunidades intermunicipais (ciM) Viseu Dão La-fões e da Região de coimbra lançaram um concurso internacional para aquisição de um sistema de video-vigilância florestal, com um valor base superior a três milhões de euros (ME).

Já é conhecido o traçado final da Grande Rota das Mon-tanhas Mágicas Cycling & Walking. Trata-se de um per-

curso circular, com 230 quilómetros de distância, que une os sete municípios das Montanhas Mágicas, sendo possível percorrê-lo a pé (GR – Grande Rota Pedestre), ou em bici-cleta de BTT/gravel (GT – Grande Travessia).

O projeto da GR/GT das Montanhas Mágicas, promovido pela ADRIMAG, é financiado pelo Turismo de Portugal, no âmbito do Programa Valorizar – Linha de Apoio à Valo-rização Turística do Interior e conta com o envolvimen-to de parceiros nacionais, regionais e locais, nomeada-mente as sete Câmaras Municipais do território (Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire, Cinfães, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra), a Federação Portuguesa de Ciclismo (UVP), a Federação de Cam-pismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), a Turismo do Porto e Norte de Portugal e a Turismo Centro de Portugal.

Os objetivos desta iniciativa é tornar as Montanhas Mágicas® um destino de excelência no contexto da oferta de cycling & walking em Portugal, dotando o território das condições necessárias à prática des-tas modalidades no contexto desportivo, recreativo e de lazer, de forma ambientalmente responsável e economicamente viável; promover a união dos sete municípios do território, em torno de um projeto comum, que contribuirá para reforçar e consolidar a marca turística territorial ‘Montanhas Mágicas’.

O projeto de execução foi recentemente con-cluído pela A2Z, com o acompanhamento da ADRIMAG e dos municípios envolvidos, sendo que o passo seguinte é a instalação da sinalética.

Esta GR/GT explora vários pontos de interesse naturais e culturais da região, nomeadamente os pontos da Rota da Água e da Pedra das Monta-nhas Mágicas, as áreas classificadas (Rede Natu-ra 2000 e Arouca Geopark Mundial da UNESCO), bem como outros pontos de interesse natural e cultural do território. Atravessa diversas aldeias e vilas que servirão de pontos de apoio aos utiliza-dores promovendo, em simultâneo, a aproximação à comunidade local.

As serras da Freita, Arada, Arestal e Montemuro, bem como os vales dos rios Paiva, Vouga, Douro e Bestança são o palco desta GR e os elementos que mais contribuem para que este seja um projeto di-ferenciador, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento do Turismo de Natureza na região.

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as termas de alcafache reabriram ao público a 22 de Junho, quase três depois da data prevista. a afluência nos primeiros dias tem sido boa, com os utentes a mostrarem-se “confiantes” e a “cumprirem todas as normas de segurança que definimos”, salientou he-lena Marcos, administradora daquela estância termal. contudo, os prejuízos são elevados e esperam, pelo menos, “minimizar” os danos até 30 de novembro, data prevista para o encerramento da época termal, que pode ser alargada, dependendo da situação nessa altura.

Na conversa com a Gazeta Rural, Helena Marcos sa-lienta o facto das Termas de Alcafache serem as

únicas no concelho de Viseu e, mesmo aqui, ainda serem pouco conhecidas. “Deveria haver uma aposta maior na nossa marca”, sustenta.

Gazeta Rural (GR): as termas de alcafache reabriram com três meses de atraso?

helena Marcos (hM): A data marcada para o início des-ta época balnear era a 29 de Março e reabrimos apenas a 22 de Junho, três meses depois. Para além do prejuízo financeiro gravíssimo, com necessidade de recorrermos ao lay off, tivemos que arcar com os custos fixos, não só com pessoal, mas também todos os outros.

A isto juntamos os clientes que perdemos, os que po-dem já não voltar, uma vez que não terão oportunida-de de o fazer. É que alguns têm uma época especifica para fazer termas. Por exemplo, há clientes que vêm no mês de Maio, por só podem vir nesta altura.

GR: O que tem sentido nos primeiros dias de aber-tura?

hM: As pessoas que vêm mostram-se confiantes e

Período termal vai decorrer até 30 de Novembro

Termas de Alcafache reabriram ao público três meses depois

cumprem todas as normas de segurança que definimos. Aliás, nós contactamos todos os nossos clientes antes de virem e explicamos as novas normas e o que tivemos que adaptar face ao atual momento. Deste modo, quando chegam sentem-se seguros, porque sabem que estamos a cumprir tudo ao máximo e é para sua segurança.

Para além de todos os padrões de qualidade que já tínhamos, nomeadamente de limpeza, hi-gienização e desinfeção, com as orientações que vieram da Direção Geral de Saúde tivemos que fazer algumas adaptações.

As mudanças são muitas. Desde logo na parte de fora da entrada está um placard com as novas normas. À entrada há locais de desinfeção dos pés e das mãos e é medida a temperatura.

Nas instalações têm que usar mascara cirúrgi-ca, tem que haver distanciamento social e não há acompanhantes, a não ser para crianças ou para pessoas com mobilidade reduzida. Para além dis-so, nas zonas de tratamento, todos os utentes usam um tapa sapatos.

Na chamada telefónica que antecede a vinda do utente é feito um questionário para tentarmos per-ceber a sua situação. Temos critérios muito aperta-dos para o bem de todos, pelo que os nossos clien-tes podem vir descansados.

GR: as termas de alcafache, depois de um perío-do de menor fulgor, voltaram à normalidade e é a única estância termal do concelho de Viseu. Que im-portância atribuiu a este facto?

hM: O facto de sermos as únicas termas no concelho de Viseu deveria dar-nos uma visibilidade maior. Ain-

da há muita gente no concelho e na região que não sabe onde ficam e pensam que outras termas ficam mais perto. Falta-nos chegar ao público de Viseu.

Há contactos com o Município, há algu-mas conquistas, mas falta-nos ainda muita coisa. Somos uma entidade prestadora de serviços de saúde única no concelho de Vi-seu e julgo que deveríamos ter mais prestí-gio e visibilidade. Deveria haver uma aposta maior na nossa marca.

Somos uma empresa privada, o que nos li-mita, pois aqui todos os cêntimos contam. As nossas receitas provêm exclusivamente dos nossos utentes e precisávamos de apoio, não digo financeiro, mas sim na projeção da nossa imagem.

“O facto de sermos as únicas

termas no concelho de Viseu deve-

ria dar-nos uma visibilidade maior”

GR: Os tratamentos que fazem são para as vias respiratórias e músculo-esqueléticos?

hM: Sim. Este ano, tal como em 2019, - isto já não acontecia, salvo erro, desde 2011, - os trata-mentos termais são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde e isso é o reconhecimento im-portantíssimo das propriedades das nossas águas.

Os nossos clientes podem pedir ao seu médico de família que lhe prescreva termas. Basta chegarem, trazerem a credencial devidamente autenticada e validada e têm uma comparticipação direta de 35%

até ao limite de 95 euros. Não têm que esperar pelo reembolso da Segurança Social, pois é um processo muito mais fácil que os nossos serviços administrativos tratam.

GR: acha que é possível minimizar as perdas até final da época termal?

hM: Recuperar é impossível, mas minimizar é possível. Porém, isso não depende só de nós, mas do comportamento de to-dos. Se a situação não estabilizar os clientes não vêm, porque têm receio. Na sua maioria são de regiões como Lisboa, Porto, Alentejo, etc.

Embora estejamos num território de baixa densidade po-pulacional, onde houve muito poucos casos, as pessoas têm receio de sair de casa. Podemos minimizar, mas não são só as termas que têm que trabalhar nesse sentido. Temos que ser todos, para bem da economia.

GR: Pensam estender a época termal?hM: Para já a nossa expetativa é que vamos estar abertos

até 30 de Novembro, tal como em 2019. Se virmos que jus-tifica, podemos alargar o período termal para além daque-la data. Contudo, sabemos que Dezembro é, por norma, um mês frio e com isso as pessoas já não querem fazer termas, devido ao choque térmico, que é grande e não é benéfico. Veremos.

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O projeto multidisciplinar “cubo Mágico”, criado pela câmara de Viseu, vai ocupar 18 locais da cidade até Se-tembro, com mais de 500 propostas para a retoma eco-nómica e cultural do concelho. O presidente da câmara, almeida henriques, enunciou ainda os três princípios que definem o modelo de organização do programa, que são a “desconcentração geográfica das atividades, a distribuição temporal alargada e a microescala dos eventos, que assumirão uma vocação familiar”.

O “Cubo Mágico” é uma resposta do município aos efeitos da pandemia, que levaram ao cancelamento da agenda

cultural de Viseu, em especial a Feira de São Mateus, procu-rando retomar a programação artística, mas também a ativi-dade económica associada à hotelaria, restauração, turismo e comércio local, afirmou o vereador da Câmara de Viseu com o pelouro da Cultura, Jorge Sobrado.

Entre 21 de Julho e 21 de Setembro, 18 locais da cidade vão acolher programação, sendo metade de cariz cultural - como exposições, oficinas, micro-espetáculos, teatro de rua ou cinema ao ar livre - e outra metade virada para uma experiência turística, onde estão previstas iniciativas asso-ciadas à gastronomia ou aos vinhos, entre outros. O inves-timento público será de cerca de meio milhão de euros no “Cubo Mágico”, sendo que a Câmara de Viseu tem a pers-petiva de vir a ter um apoio de 350 mil euros de fundos comunitários para este evento.

Face à epidemia da Covid-19, a Câmara de Viseu consi-dera que este projeto é “uma bóia de salvamento lança-da à economia local”, ao mesmo tempo que permite, de forma “responsável”, organizar os fluxos de visitantes. “Não ter um programa preparado seria um risco eleva-do para uma cidade que está cheia de turistas e visi-tantes no Verão”, notou Jorge Sobrado, vincando que este programa permite “distribuir fluxos e procuras de interesses por diversos lugares, numa janela temporal mais alargada”.

Isto significa que, para além do apoio à retoma cul-tural e económica, o programa é “um recurso inteli-

gente de preparação da cidade ao fluxo de visitantes”, recebendo sempre todos os anos, para além de turistas, muitos emigrantes que regressam à sua terra por esta altura, esclareceu. O programa conta, sobretudo, com atividades e propostas de-senvolvidas pela comunidade artística local e regional, que “já estava envolvida na pro-gramação de primavere e de Verão da cida-de e que foi afetada pela pandemia”, salien-tou.

Apesar do cancelamento da Feira de São Mateus, o projeto do município permite uma abertura parcial do bairro da restauração as-sociado ao certame, farturas e alguns diver-timentos, bem como um palco com plateia li-mitada e controlada. Apesar da “esmagadora maioria” dos eventos ser gratuita, será neces-sária uma reserva prévia para controlo e gestão das lotações, referiu.

Uma das prioridades de programação do Cubo Mágico é a revitalização da Rua Direita, através da reocupação de 15 lojas devolutas. Durante o Verão, esta artéria receberá ainda uma instalação decorativa e de luz que tem por inspiração uma arte e ofício tradicional de Viseu, que é a cestaria.

O evento gastronómico “Viseu Estrela à Mesa” também não falta à chamada e terá a sua terceira edição no Rossio, ainda que adaptada. Ao longo de dois fins-de-semana, a cozinha gourmet de che-fs de topo da gastronomia nacional e regional pro-mete conquistar o público. O embaixador de Viseu e Estrela Michelin Diogo Rocha será o curador da iniciativa e a Escola Profissional Mariana Seixas par-ceiro da organização.

Para além das atividades já definidas no “Cubo Má-gico”, haverá também um conjunto de “ações-satéli-te” em freguesias periféricas do concelho, que ainda está a ser programado, avançou.

Entre 21 de Julho e 21 de Setembro em 18 locais da cidade

Viseu com mais de 500 propostas para retoma económica e cultural no Verão

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a campanha do mirtilo está a correr de feição para os produtores da região de Sever do Vouga. apesar do granizo ter afetado algumas plantações, o ano está a ser “razoável”, nas palavras do presidente da Mirtilusa. José Sousa diz que se não houver nenhum percalço até final, será “um a ano ‘sorridente’ para os produtores”.

O cancelamento da Feira do Mirtilo é, na opinião do diri-gente, “uma perda para a economia do concelho”, que

afeta, sobretudo, “os pequenos produtores e os transforma-dores” de mirtilo em compostas, licores e doçaria.

Gazeta Rural (GR): Estamos a meio da campanha. como está a decorrer?

José Sousa (JS): Está a decorrer, até esta altura, dentro do previsto e pela positiva. Porém, como costumo dizer, a campanha do mirtilo é como um jogo de futebol, pois temos que esperar pelo final para ver o resultado. É que muitas vezes fazemos previsões que depois não se con-firmam.

Os últimos três anos não foram famosos. Em 2017 hou-ve produtores que, em Abril, viram as suas plantações destruídas pelo granizo. Em 2018, perto do início da cam-panha, as plantações foram atacadas pela mosca Dro-sophila, com perdas de produção na ordem dos 40 a 50%. O mesmo aconteceu em 2019, mas na parte final da campanha, que afetou, sobretudo, as variedades tar-dias.

Este ano a campanha está a decorreu de modo sa-tisfatório. Não houve ataques da mosca Drosophila, embora os produtores tenham reforçado o número de armadilhas com o isco aconselhado. Neste aspeto, é de salientar o apoio do Município de Sever do Vouga aos produtores do concelho de pequenos frutos, com

a oferta de armadilhas e de isco, de modo a capturar o máximo de moscas. De resto, o clima tem ajudado e a campanha está a correr bem.

No plano comercial, até ao momento po-demos dizer que está razoável, pela positiva, e esperamos que assim se mantenha até final. Se assim for, teremos um

a ano ‘sorridente’ para todos os agricultores.

GR: O mirtilo continua a ser um fruto para exportação?

JS: Sim. 95% do fruto que a Mirtilusa recebe é para exportar.

GR: Em Portugal o consumo é residual. O consumidor ainda não percebeu a importância que o mirtilo pode ter para a saúde?

JS: Há muitas pessoas que já têm essa noção. O mirtilo é um fruto excelente para a saúde, que ajuda a prevenir algumas doenças, como revelam estudos feitos por investigadores de algumas uni-versidades. Penso que, aos poucos, os consumido-res vão estar cada vez mais atentos e o consumo vai aumentar.

GR: Em Sever do Vouga a produção tem vindo a aumentar, fruto dos novos pomares que entraram em produção?

JS: Os novos pomares que começaram a produzir foram instalados em terrenos cedidos pela Bolsa de Terras. Daí resultou a criação de uma nova associação (Bagas de Portugal). Nós não sabemos qual a produ-ção que daí resulta.

A Mirtilusa tem por hábito, ao longo dos anos, divulgar no final da campanha as to-neladas de fruto recepcionado e comercia-lizado e dos valores a pagar ao produtor. Não vejo mais nenhuma entidade do conce-lho a fazê-lo, pelo que não sei se o devemos continuar a fazer.

GR: Faz sentido haver duas cooperativas em Sever do Vouga de produtores de mirtilo ou de pequenos frutos?

JS: Se analisarmos bem são três: a Mirtilusa; a Bagas de Portugal e a Quinta da Boucinha. Ao todo são muitas toneladas de mirtilo que se produzem e comercializam no concelho.

GR: Seria importante a junção de todas es-sas entidades?

JS: Mais importante que a junção das três en-tidades, seria saber qual a quantidade de fruto que é produzida e comercializada no concelho. Isso seria interessante também para o município. Neste campo, só posso falar pelos produtores da Mirtilusa.

GR: Essa união faria sentido, por exemplo, - e é um assunto muito discutido, - no seguro de co-lheitas?

JS: Penso que é uma possibilidade. Há várias mo-dalidades para fazer o seguro de colheitas, desde o produtor de forma individual ou através de uma empresa, como é a Mirtilusa, ou associação.

Se fosse feito em conjunto, de forma global, teria outro impacto. Teríamos que ver com as companhias

de seguros como isso seria feito e organizado, de forma a ressar-cir os agricultores que tivessem prejuízos com o granizo ou com outra intempérie.

Era importante pensarmos nisto e juntar, em parceria, várias entidades, nomeadamente o Município de Sever do Vouga, que, penso, mostra abertura nesse sentido. Poderia haver a compar-ticipação do produtor; do Estado, - que anda na ordem dos 50 ou 60%, - e uma ajuda por parte do Município no valor do prémio. Isso seria uma ajuda direta ao produtor e, desse modo, reforçava-se a produção no concelho e a marca “Capital do Mirtilo”. Penso que isso é possível e acredito que haverá aber-tura do Município para, pelo menos, discutir este assunto.

GR: Este ano não houve Feira do Mirtilo. O que se perde?JS: Foi uma situação excecional, e compreensível, que le-

vou ao cancelamento da Feira. Falando pela empresa que represento, a nível comercial a Mirtilusa não perde. Há uns anos para cá que, no final da feira, fazemos contas e as re-ceitas não cobrem as despesas. Porém, perde-se o mais im-portante, que é a divulgação do mirtilo de Sever do Vouga e a sua qualidade. O mirtilo não é igual em todo o lado e o fruto produzido no nosso concelho tem características úni-cas. Os espanhóis dizem-nos que o ‘grau brix’ do mirtilo de Sever do Vouga é muito superior ao que eles produzem. Temos um microclima único e isso faz toda a diferença.

A Feira do Mirtilo serve para divulgar e promover o fru-to aqui produzido e, nesse sentido, perdemos bastante, nomeadamente os pequenos produtores, que vendem na feira algum do mirtilo que produzem, mas também quem já o transforma em compotas, licores e doçaria. Estes terão que encontrar alternativas para suprir estas perdas, pois a receita que faziam na feira era importan-te no seu orçamento. Diria que, de uma forma geral, perde a economia do concelho.

Presidente da Mirtilusa diz que se não houver nenhum percalço

“Teremos um ano ‘sorridente’ para os produtores de mirtilo”

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a câmara de tondela não quis deixar passar em falso o evento que promove anualmente no início de Julho dedicado aos vinhos brancos. a situação que o mundo vive obriga à criatividade e a autar-quia tondelense, cumprindo com todas as normas que o momento obriga, optou por um evento dife-rente.

Assim, no dia 4 de Julho terá lugar o “Tondela Bran-cos 2020 On Live”, que poderá ser visto no site

da autarquia e nas diversas redes sociais. O evento terá dois momentos, às 12 e 18 horas, com sessões de show coocking, com o Chef Hélio Loureiro, harmonizadas com vinhos da Casa de Mouraz e Quinta dos Grilos.

“Este evento tem crescido ao longo dos últimos qua-tro anos e estamos na fase final de implementação do mesmo. Este ano contávamos ter mais duas regiões de-marcadas e prevíamos em 2021 tê-las todas presentes em Tondela”, começou por referir o vereador da Câma-ra de Tondela com o pelouro responsável pela organi-zação do evento.

Pedro Adão diz que “infelizmente, por força do mo-mento que vivemos, não é possível realizá-los nos mol-des habituais, mas não quisemos deixar de ‘marcar’ a data”. É que, acrescenta, “este evento tem a capaci-dade de promover um território e um produto que é muito importante na nossa economia, mas também para o desenvolvimento económico e turístico de Tondela”.

Assim, justifica Pedro Adão, “encontrámos um modelo mais calmo, que cumpre com todos os requisitos que o momento exige, mas que permi-te a quem assim o pretender, em sua casa, sabo-rear os fantásticos brancos que o Dão tem”.

Aquele responsável explicou os moldes em que o mesmo vai decorrer. Assim, “vamos ter dois mo-mentos que acreditamos irão marcar esta inicia-tiva e faça com que as pessoas se lembrem que em Tondela, por esta altura do ano, há um grande evento a nível nacional dedicados aos vinhos bran-cos. Ao meio dia, o chef Hélio Loureiro vai fazer uma sessão de show cooking, com produtos locais. No decorrer do mesmo haverá uma harmonização com vinhos da Casa de Mouraz, produzidos em modo biológico. O segundo momento decorrerá pelas 18 horas, com uma segunda sessão de show cooking com o chef Hélio Loureiro, desta vez com o acompanhamento de vinhos da Quinta dos Grilos”, explicou Pedro Adão.

Esta edição “on live” poderá ser vista e acompa-nhada no site da Câmara e das diversas redes sociais. “O pormenor é que as primeiras 40 pessoas que se inscreveram recebem em sua casa um kit, com uma garrafa de vinho branco, um copo barro preto de Mo-lelos, e um outro produto endógeno do nosso territó-rio. Os 40 inscritos poderão assistir ao show cooking e a toda a harmonização, provando um bom vinho bran-co”, referiu o vereador da Câmara de Todela.

No dia 4 de Julho, com o Chef Hélio Loureiro

“Tondela Brancos 2020 On Live”

com show coocking

e harmonização

de vinhos do Dão

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Parque Industrial Coimbrões, Lote 76Apartado 5002, 3501-997 VISEU

Tel.: 232 470 760 | Fax: 232 470 769 | E-mail: [email protected]

www.soveco.pt

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a taboadella é a nova adega da família amorim no Dão que acabou de lançar os seus vinhos nesta grande região clássica em Portugal. Dois anos de-pois da sua aquisição, o Grupo amorim apresenta ao mercado a sua primeira gama de vinhos do Dão, oito vinhos clássicos e de grande complexidade e frescura, abrindo as portas da nova adega e ao eno-turismo.

“O investimento na Taboadella é pensado e muito desejado”, refere Luísa Amorim. “Há 20 anos que

estamos no Douro com a Quinta Nova de Nossa Senho-ra, mas nunca escondemos que tínhamos pelo Dão uma grande admiração. É uma região clássica de vinhos em Portugal e a primeira a ser demarcada para vinhos não li-corosos, e foi aqui nesta região vizinha do Douro que en-contrámos este território de altitude, detentor de solos de granito e microterroirs de excelência. A Taboadella tem uma mancha de vinha única, que permite produzir grandes vinhos, com uma tipicidade notável conseguin-do manter este caráter ancestral do Dão que é o que realmente queremos”.

A adega de 2500 m2, perfeitamente enquadrada no planalto da floresta, foi projetada por Carlos Casta-nheira, uma referência na arquitetura nacional, ofere-cendo uma capacidade de vinificação para 290.000 litros por vindima. Quem visita a adega da Taboade-lla compreende a precisão da vinificação por gravi-dade ao atravessar o Barrel Top Walk, um passadiço em madeira construído em altura sobre a sala das

barricas. As duas naves (vinificação e barricas) foram concebidas para manter um equilíbrio perfeito entre luz e sombra, permitindo apenas a entrada de luz natural necessária para criar o ambiente e a temperatura ideal. Com uma forte ligação à Natureza os revestimentos em madeira e cortiça assumem uma posição relevante neste projeto, onde a vinha tradicional não é regada, num sistema bastante sustentável de dry farming, nas 25 parcelas de vinha em modo de produção integrada e uma densidade média de 3500 plantas por hectare.

O maciço montanhoso no Dão protege bem as encostas da Taboadella no Vale do Pereiro e do Se-queiro, localizada entre os 400 e os 530 metros de altitude. À semelhança de outros terroirs de grandes regiões vitivinícolas no mundo, a Taboadella benefi-cia de uma enorme interação entre solo granítico do tipo porfiróide de fácil meteorização e a sua topo-grafia com elementos grosseiros associados à incli-nação das encostas, que permitem uma drenagem e escoamento rápidos e em profundidade nos meses de Julho, Agosto e Setembro, mesmo antes da vindima. E é por esta combinação perfeita, entre as temperaturas

Adquirida em 2018 pela família Amorim

‘Nova’ Quinta da Taboadellafoi apresentada e deu a conhecer

os novos vinhos do Dão

elevadas no Verão aliada à drenagem e frescura do solo granítico, que resul-tou da alteração de dois tipos de gra-nitos de idade paleozóica, permitem uma evolução de maturação mais lenta e homogénea, originando vinhos que evoluem de forma suave e equilibrada.

O coração da Taboadella encontra-se nas castas antigas e nas videiras-mãe: Jaen, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tin-ta Pinheira, que sempre deram origem a novas estacas contribuindo para o ence-pamento original, provenientes de videiras muito resistentes e perfeitamente adapta-das ao lugar. Nos anos 80 do sec. XX a vinha foi parcialmente replantada, introduzindo-se novas castas como a Tinta Roriz, o Encruza-do, o Cerceal-Branco e o Bical. Hoje, a idade média das videiras é de 30 anos e é todo este património genético que deixa uma marca de grande elegância e um carácter próprio deste terroir único.

Luisa Amorim diz que “para desenhar os rótu-los dos vinhos da Taboadella inspiramo-nos mui-to na alma deste lugar com o designer Eduardo Aires. Aqui descobrimos uma villae, que ainda hoje preserva um dos lagares de vinho mais anti-gos do Dão, uma peça única de natureza rupestre que foi moldada pelos romanos. Começamos pelo nome, Villae. Estes são vinhos mais leves, de cas-tas tradicionais brancas e tintas da vinha da Taboa-della, com taninos suaves sem nunca perder o seu caráter. Em regiões clássicas como Dão onde a cas-ta tem elevado destaque, parecia-nos fundamental enaltecer as castas endémicas e decidimos por isso criar uma gama de quatro reservas monovarietais: Encruzado, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen. Por fim, sabemos que uma grande região merece gran-des vinhos e eis que surgem os Grande Villae, vinhos de estrutura clássica rara, que atravessam o tempo, as gerações, a vida nesta comunidade de outros tempos”, lembrou Luisa Amorim.

Deste modo, o Enoturismo da Taboadella, projetado pela arquiteta Ana Vale, passa agora a ser palco de uma visita obrigatória no Dão. Também a Wine House é local que merece uma visita à adega, fazer uma prova de vinhos acompanhada por uma tábua de queijos Serra da Estrela ou conhecer as obras de arte dos melhores ceramistas da região e alguns produtos regionais.

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Depois de três meses de queda, as vendas de vinhos na União das adegas cooperativas do Dão (UDaca) aumentaram cerca de 10% em Junho, o mesmo valor é estimado para o mês de Julho. Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da UDaca diz mesmo que houve a necessidade de “comprar mais vinho” para fazer face às encomendas, para além de que, frisa, “há novos mercados que se estão a abrir”.

Fernando Figueiredo referiu que para aquele aumento das vendas, entre outros, contribuíram o mercado da

China, a recuperação da venda de vinho para Angola e o estabilizado mercado russo. Contudo, o dirigente mostra--se expectante em relação ao Brasil, um mercado que, nesta fase, considera “problemático”, devido ao excesso de vinho oriundo do Chile, aos efeitos da pandemia e a situação cambial do Real face ao Dólar.

Gazeta Rural (GR): Depois de em Março, abril e Maio ter havido uma quebra grande nas vendas, Junho tem sido um bom indicador do que podem ser os próximos meses?

Fernando Figueiredo (FF): No mês de Junho ultra-passámos as vendas previstas em cerca de 10% e Julho vai, para já, no mesmo sentido. Não estamos muito pes-simistas em relação as vendas. Aliás, fomos obrigados a comprar mais vinho para fazer face às encomendas, uma vez que esgotámos um ano de colheita e tivemos de passar para outro.

Há novos mercados que se estão a abrir. Por exemplo, em 2019 não vendemos praticamente nada para Ango-la, por escassez de matérias secas. Ultrapassada esta fase e repostos os materiais, recuperámos um mercado que durante 2019 pouco vendemos. As margens com que trabalhamos atualmente fazem-nos pensar que os resultados no final do ano serão em parte recupera-dos.

GR: E vão recuperar todos os mercados, nomeada-mente china e Brasil?

FF: É difícil de responder. Posso, contudo, dizer

que a China fez recentemente uma encomen-da bastante boa, que estamos a preparar para expedir. O Brasil é mais problemático, com três situações distintas: uma que tem a ver com a pandemia; a outra com a “invasão” do mercado de vinhos excedentários do Chile, que não con-seguem exportar para a China, e por fim a desva-lorização do Real face ao Dólar, que cria imensos problemas a quem importa. O mesmo se passa com as nossas Adegas associadas que exportam para este mercado.

GR: houve uma visita exploratória à colômbia. Deu resultado?

FF: Não exportamos para a Colômbia, por en-quanto. Na altura verificámos que era um mercado muito pequeno e não tínhamos a garantia de que poderia ter alguma evolução positiva. Isso acon-teceu também no México. Aqui conseguimos um cliente, mas não resultou, uma vez que a quanti-dade de vinho que importavam não justificava os custos que tínhamos com o desenvolvimento das marcas e todo o trabalho para exportar.

GR: E na Europa?FF: Estamos bem na Rússia, melhor que em 2019,

e por aí estamos a ter alguma compensação. Para além disso, temos vários clientes no mercado da saudade que também estão a ajudar a compensar as quebras referidas.

GR: há um esclarecimento que quer fazer?FF: Fui surpreendido com algumas notícias que

vieram em alguma comunicação social e que refe-riam que a UDACA tinha tido, com a pandemia, um milhão de euros de prejuízo. Isso não podia corres-ponder à verdade.

O que eu disse, aquando da visita da senhora minis-tra da Agricultura, é que a UDACA, por ser uma em-presa em que 70% do seu volume de negócios é feito no mercado internacional e dois dos seus principais

mercados, China e Brasil, estavam a ter uma quebra na ordem dos 40%, se esta situação se mantivesse chegaríamos ao final do ano com uma diminuição no vo-lume de negócios na ordem de um milhão de euros. Esse facto fez com que recorrês-semos ao lay-off a 50% da estrutura, tendo já terminado.

Se continuarmos com a recuperação que estamos agora a sentir, e fizermos algum ajustamento nos preços, é bem possível que o impacto seja minimizado e os resul-tados sejam positivos, apesar da quebra no volume de negócios.

GR: Passando para Silgueiros. a adega não parou?

FF: Não temos muito que nos queixar, apesar de termos perdido algumas vendas. No mercado nacional, sofremos dos mesmos males das outras empresas do setor, nomea-damente o canal HORECA e o turismo, que estão parados.

GR: a adega de Silgueiros está a fazer al-guns investimentos no sentido da melhoria das condições de produção, mas também das instalações?

FF: Terminámos o investimento previsto no PDR 2020 relativamente a equipamentos, que não são visíveis, nomeadamente na capacida-de de receção de uvas (neste momento pode-mos receber cerca de 500 toneladas por dia), na fermentação e controlo pelo frio, na aquisi-ção de um Filtro Tangencial e nas instalações.

Os investimentos na recuperação das insta-lações, criação de espaços dignos para bem recebermos os nossos clientes e quem nos qui-ser visitar, é aquilo que está a decorrer neste momento, para que façamos parte da Rota dos Vinhos do Dão, onde devemos estar e não esta-

mos por não termos condições adequadas a esse objetivo.A implementação da Certificação está neste momento a decor-

rer, obrigou a obras profundas nas instalações e será concluída, também, até ao final do ano. Só assim poderemos estar na linha da frente em certos mercados onde não estamos ainda. Os escri-tórios estão também a ser melhorados e, para além de uma sala de provas que já criámos, as instalações dos Serviços Adminis-trativos e Administração serão dotadas de uma sala de vendas e de exposição.

GR: Qual o valor de investimento global?FF: No conjunto serão cerca de dois milhões de euros, sem

penalizar os associados, o que julgamos ser muito importante. Sou daqueles que defende que qualquer investimento deve ser financiado por meios próprios e/ou financiamentos a médio/longo prazo, aproveitando desde que possível as ajudas comu-nitárias disponíveis.

GR: tudo isso contribui para o significativo aumento da qualidade dos vinhos da adega, facto comprovado com os prémios obtidos nos últimos anos?

FF: Não são as obras nos escritórios que fazem com que isso aconteça. Internamente, aquilo que não é visível permite que o nosso departamento de enologia faça grandes vinhos, para além do contributo dado pelos nossos associados entregan-do-nos as uvas na qualidade e maturação ideais.

Continua a vender-se a ideia de que os vinhos do setor coo-perativo têm fraca qualidade, o que não corresponde minima-mente à verdade. Como exemplo gostaria de lhes referir que recentemente num jatar de amigos em que estava presente uma espécie de “expert em vinho”, começou a falar-se num Encruzado excecional de um produtor regional. Levantei-me e pedi ao dono do restaurante uma garrafa de Encruzado de Silgueiros, outra desse produtor e outra de outra Adega Coo-perativa. Pedi para colocar os vinhos em recipientes em que não se pudessem identificar e ao jantar pedi uma apreciação aos mesmos. Sabem qual foi o resultado? Os Vinhos de Sil-gueiros e da outra Adega Cooperativa bateram de longe o outro vinho dito excecional. E falando em preços, nem vale a pena comentar. A prova cega comprovou que, de facto, o setor cooperativo tem também vinhos excecionais!

Diz o presidente Fernando Figueiredo

Vendas de vinho da UDACA subiram cerca de 10% em Junho

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não há duas sem três e os corpos sociais da comissão Vitivinícola da Bairrada (cVB) voltaram a ser ree-leitos por mais um mandato, o que cimenta a confiança que tem sido depositada na direção. Desde 2012 a liderar o comando desta entidade, Pedro Soares foi reeleito por unani-midade como presidente da Direção. com ele mantiveram-se os dois ele-mentos (Vogais) da comissão Executi-va, Victor Damião e alexandrino amo-rim, em representação da produção e do comércio, respetivamente. Renova-da foi também a posição de Fernando castro, presidente do conselho Geral.

O Conselho Geral é agora constituído pela Adega Cooperativa de Cantanhe-

de e pela ViniBairrada, em representação a produção, e pela Sogrape, Aliança Vinhos de Portugal, Caves S. João, Caves da Montanha, Caves Primavera e Sociedade Agrícola dos Vi-nhos Messias, no que toca ao comércio.

O trabalho feito pela CVB tem-se refletido no aumento de cerificação de vinhos, sendo que em 2019 ultrapassou os nove milhões, fas-quia atingida pela primeira vez nos últimos 10 anos. Neste universo, o espumante representa cerca de 2,5 milhões de garrafas.

Nas palavras do presidente Pedro Soares, “para este mandato, embora várias estratégias

estejam em cima da mesa, a forma de execução das mesmas está em muito dependente do efeito Covid-19. Atendendo à dimensão territorial da Bairrada, estamos certos que é fundamental conti-nuar a trabalhar na aquisição de conhecimento, que permita di-ferenciar, valorizar e inovar nos produtos que aqui são criados. Assim, a CVB continuará empenhada na criação do centro de competências para o espumante português. A elaboração do ca-dastro da região e a promoção dos produtos aqui produzidos será também uma das linhas estratégicas. Torna-se ainda fun-damental discutir os resultados do trabalho desenvolvido pela Universidade de Aveiro, que visava caracterizar a região da Bair-rada e o subsetor espumante, podendo, com base nestes, pers-petivar um plano estratégico para o futuro da Bairrada, tendo em mente a valorização das marcas Bairrada e Beira Atlântico e dos produtos aqui desenvolvidos”.

A Comissão Vitivinícola da Bairrada é uma associação inter-profissional que representa a produção e o comércio do sector vitivinícola da região. É a entidade responsável por controlar o cumprimento das regras e a certificação dos vinhos produzi-dos na região, protegendo a Denominação de Origem Bairra-da e Indicação Geográfica Protegida Beira Atlântico.

Tem a seu cargo a promoção dos vinhos Bairrada e o de-senvolvimento e apoio de ações de índole técnica e científica. A sua atividade é financiada através da venda dos selos de garantia que integram os contra-rótulos dos vinhos Bairrada.

Com mais de 100 associados, entre adegas cooperativas, produtores e engarrafadores, empresas vinificadoras e en-garrafadores da região e de fora da região, a CVB integra ainda uma Câmara de Provadores e uma segunda Câmara responsável apenas pela prova dos emblemáticos espuman-tes da região.

Trabalho de equipa com direção em funções desde 2012

Pedro Soares foi reeleito presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada

O Solar do Vinho, na cidade da Guarda, vai receber o Xiii concurso de Vinhos da Beira interior, nos dias 08 e 09 de Julho. O concurso, organizado pela comissão Vitivinícola Regional da Beira interior (cVRBi), pelo nERGa - associação Empresarial da Região da Guarda e pela associação Empresarial da Beira Baixa (aEBB), terá a participação de 26 produtores.

O presidente da CVRBI adiantou que o concurso contará com 71 vinhos tintos, brancos, rosados, espumantes e

frisantes certificados como DOC (Denominação de Origem Controlada) Beira Interior e IG (Indicação Geográfica) Terras da Beira, das colheitas entre os anos de 1999 e 2018.

Devido à pandemia causada pela covid-19, na edição des-te ano do concurso participam menos produtores do que nos anos anteriores, mas o número de vinhos constitui, no entender de Rodolfo Queirós, “um número interessante”, pois serão disponibilizados “à volta de 35 vinhos por dia” aos provadores. O evento será realizado nos moldes tradi-cionais de “prova cega” e o júri do concurso, constituído por sete especialistas na área, será presidido pelo crítico de vinhos Aníbal Coutinho.

A CVRBI anunciou que, pela primeira vez e devido à situação atual, não será realizada a tradicional gala de entrega de prémios, sendo os mesmos divulgados no decorrer de uma conferência de imprensa a realizar no mês de Julho, em data a anunciar, na sede da CVRBI.

Com este concurso a CVRBI pretende divulgar os vinhos produzidos na região e “ajudar os associados” na sua promoção. “A nossa ideia é que, mais uma vez, seja um sucesso em termos qualitativos e que ajude os produtores e a Beira Interior a terem mais visibili-dade”, disse o responsável.

Concurso Beira Interior

Gourmet decorre

de 10 de Julho a 10 de Agosto

A CVRBI também vai realizar, entre 10 de Julho e 10 de Agosto, o I Concurso Beira In-terior Gourmet, em mais de três dezenas de restaurantes da região, nas categorias de ‘Co-zinha regional/tradicional’, ‘Cozinha criativa/evolutiva’ e ‘Cozinha Europeia e do Mundo’.

O concurso tem como objectivo promover o ‘casamento’ dos vinhos com a gastronomia lo-cal, estava previsto decorrer de 14 de Março a 16 de Abril, mas foi adiado devido à pandemia causada pela covid-19.

Em comunicado, a CVRBI refere que decidiu avançar com a realização da iniciativa “depois de reunidas as condições de abertura dos restauran-tes”.

No Beira Interior Gourmet participam “mais de três dezenas de restaurantes” da região, que na-quele período “terão os menus disponíveis ao grande público”. “Superada esta difícil fase de confinamento, particularmente dolorosa para os empresários de restauração da região, ganhou um duplo sentido o nosso concurso”, refere a entidade organizadora.

O projecto da CVRBI insere-se na estratégia de promoção do enoturismo da região, sendo que a Rota dos Vinhos da Beira Interior, criada recentemente, faz do evento “uma aposta no desenvolvimento da Beira Interior”, segundo a fonte.

Nos dias 8 e 9 de Julho no Solar do Vinho, na Guarda

Concurso da Beira Interior com 71 vinhos de 26 produtores

daquela região demarcada

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O turismo de Portugal atribuiu ao Welcome center da Rota dos Vinhos do Dão o selo de confiança para a receção de visitantes. O selo “clean & Safe” é um compromisso do Welco-me center, instalado no Solar do Vinho do Dão, no que diz respeito ao cumprimento de todas as normas, para voltar a receber visitantes de forma segura. além disso, o espaço retomará o funcionamento habitual a partir do dia 1 de Julho.

“Esta certificação do Turismo de Portugal com-prova que o Welcome Center da Rota dos

Vinhos do Dão está a cumprir todas as medidas ne-cessárias para evitar a propagação da pandemia e continuaremos atentos a todos os desenvolvimentos e conselhos das autoridades. Nesta altura de descon-finamento, é muito importante para a região voltar a receber visitantes e queremos que estes se sintam se-guros quando nos visitam”, refere Arlindo Cunha, pre-sidente da CVR Dão.

De salientar que o selo “Clean & Safe” é reconhe-cimento por parte do Turismo de Portugal, com o objetivo de transmitir às empresas e profissionais in-formação sobre as medidas mínimas necessárias de distanciamento social, de higiene e limpeza dos es-tabelecimentos, mas sobretudo, promover Portugal como destino seguro, do ponto de vista dos cuidados a observar para uma coerente e eficaz manutenção das condições que evitem a propagação do novo co-ronavírus.

Atribuído pelo Turismo de Portugal

Welcome Center da Rota dos Vinhos do Dão certificado

com o selo “Clean & Safe”

“Portugueses Dão a Volta” é o mote da nova campanha lançada pela comissão Vitivinícola Regional do Dão para incentivar os portugueses a apoiarem a restauração e os vinhos da região, em período de desconfinamento.

“Direccionada para o mercado nacional, a campanha “Portu-gueses Dão a Volta” resulta da readaptação do plano de

promoção dos vinhos do Dão idealizado para este ano, devido à pandemia de covid-19. “Fizemos um trocadilho com a nossa deno-minação de origem, que é Dão”, explicou o presidente da CVR Dão, Arlindo Cunha, acrescentando que o vinho do Dão ajudará “a ga-nhar ânimo para esse regresso à normalidade”.

Segundo o responsável, os últimos meses têm sido “muito di-fíceis para os produtores de vinho, sobretudo para os produto-res engarrafadores (vinhos de quinta), que vendiam no canal Horeca”, que abrange hotéis, restaurantes e cafés. “Esse canal ficou completamente parado durante dois meses e agora está a recuperar muito devagarinho”, contou.

Arlindo Cunha referiu que, “nos meses de Maio e Abril, a redução das vendas em relação ao ano anterior foi da ordem

Uma iniciativa da Comissão Vitivinícola Regional do Dão

Região do Dão lança campanha para apoiar vinhos e restauração

dos 30%”, mas a percentagem é diferente nos vários segmentos. “Os mais afectados foram

precisamente os que se vendiam no canal Hore-ca, ou seja, vinhos engarrafados de gama média e superior”, explicou.

O responsável lembrou que esse canal “vendia muito vinho para os turistas que estavam a circu-lar” em Portugal. “Neste segmento de vinhos de

categoria média e superior tínhamos muita expor-tação, mas a pandemia também afectou os nossos

principais mercados, que eram essencialmente Es-tados Unidos e Brasil. Tudo isso conjugado, deu esse

impacto bastante negativo”, lamentou.A campanha estará em vigor durante os próximos

meses. Atendendo à sua variedade e complexidade, os vinhos do Dão são considerados ideais para harmoniza-

ções gastronómicas e para serem partilhados à mesa.

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a adega de Borba apresentou esta sexta-feira, 26 de Junho, a nova imagem da sua gama de vinhos Montes claros, uma das mais antigas e reconheci-das marcas em Portugal graças à consistência da sua qualidade, desde 1945.

Esta marca surgiu no mercado em finais dos anos 40 do século passado, com o simbolismo do “Padrão

Montes Claros” que homenageia a importante vitória portuguesa na Batalha de Montes Claros, alcançada so-bre o exército Castelhano, no sítio com o mesmo nome, em 1655.

Desta gama fazem parte seis vinhos DOC Alentejo que garantem a tipicidade e qualidade à qual o con-sumidor tem vindo a ser habituado com todas as

marcas da chancela Adega de Borba.Foi agora realizado um investimento na mo-

dernização da imagem desta marca histórica, sem afetar os valores de prestígio e tradição. Com uma imagem rejuvenescida e mais apelativa, estes vinhos, assinados pelo enólogo Óscar Gato, mantêm intactas as características da marca Mon-tes Claros.

Para esta nova imagem o recurso a cores fortes foi fundamental, assim como a preservação do let-tering anterior da marca, dando uma garantia de continuidade e consistência à marca. Esta nova ima-

gem remete-nos à Batalha, ao local e também aos protagonistas, através de símbolos clássicos e consis-tentes com o perfil dos vinhos.

Uma marca com história

Adega de Borba apresentou nova imagem de Montes Claros

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Os promotores de dois grandes investimentos agríco-las do concelho de idanha-a-nova, dedicados à produ-ção de nozes e de amêndoas, assinaram um compro-misso com a câmara de idanha-a-nova para a adoção de boas práticas ambientais.

O acordo promove a cooperação no âmbito da estra-tégia da Bio-Região de Idanha-a-Nova, integrada na

Rede Internacional de Bio-Regiões, para associar as culturas de frutos de casca rija às melhores práticas de sustentabili-dade ambiental.

“Estamos a falar de dois grandes projetos com capitais internacionais, que totalizam mais de 60 milhões de euros de investimento. Ambos decidiram assumir a aposta na sustentabilidade económica, social e ambiental, para aqui desbravarem os novos caminhos da sustentabilidade am-biental, que por vezes os grandes investimentos não têm em conta”, afirma o presidente da Câmara de Idanha-a--Nova.

Armindo Jacinto sublinha que “estes projetos, que já estão a criar riqueza e dezenas de empregos na região, adotam tecnologias e práticas de sustentabilidade ade-quadas à preservação da água e dos solos. Também es-tão a estudar metodologias para uma futura conversão em agricultura biológica, com a instalação de projetos--piloto com o apoio técnico do CoLab Idanha Food Lab”.

No âmbito do novo acordo, os promotores compro-metem-se a adotar medidas como o enriquecimen-

to nutricional do solo; a criação de condi-ções favoráveis para inexistência de pragas e doenças; a promoção do equilíbrio ecológico e preservação da biodiversidade; e a explo-ração dos recursos hídricos para irrigação de forma equilibrada.

A par da responsabilidade ambiental, o Gru-po Vera Cruz, com um investimento de 50 mi-lhões de euros na produção de amêndoa consi-derado Projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN), e a sociedade Trust Castel, que até à data já investiu cerca de 10 milhões de euros na pro-dução de nozes, assumem compromissos de natureza económica e social. Designadamente, comprometem-se a construir em Idanha-a-Nova as fábricas para descasque de noz e amêndoa, criar postos de trabalho residentes no concelho de Idanha-a-Nova; utilizar prestadores de serviço locais adequados às suas necessidades; colaborar com a Câmara de Idanha-a-Nova e outras entida-des públicas locais na promoção da região; e apoiar o desenvolvimento do ecossistema empresarial lo-cal por via de parcerias e alocação de recursos hu-manos, técnicos e financeiros.

A Câmara de Idanha-a-Nova, reconhecendo a im-portância dos projetos empresariais do Grupo Vera Cruz e da sociedade Trust Castel, em particular a construção das fábricas em Idanha-a-Nova, na criação de postos de trabalho e na atração de investimento,

Investimento na primeira Bio-Região

Idanha recebe investimento de 60 milhões de euros em projetos de nozes e amêndoas

decidiu propor à Assembleia Municipal a atribuição de isenção em sede de Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imó-veis (IMT). A medida incide sobre a aquisição dos terrenos para instalação das culturas de nozes e amêndoas, para que as verbas possam ser canalizadas para investimento, mas também apoiar a formação profissional de trabalhadores e a instalação de equipa-mentos industriais no concelho.

Com efeito, o código do IMT prevê isenções para aquisições de bens situados em regiões economicamente mais desfavorecidas, quando para efeitos de atividades agrícolas ou industriais consi-deradas de superior interesse económico e social.

As culturas de frutos de casca rija, que já criaram dezenas de postos de trabalho, enquadram-se nas políticas de atração de investimento sustentável, no âmbito do programa Green Valley da estratégia ‘Recomeçar’, tendo em vista o aumento do ní-vel de produção, inovação, rendimento e poder de compra do concelho, logrando-se assim um rejuvenescimento da sua es-trutura demográfica e do nível de qualidade de vida dos seus cidadãos, através da criação de condições propícias à manu-tenção das novas gerações no território, à atração de novos investidores e residentes, de forma diferenciadora e em res-peito pelo meio ambiente.

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Havia na Terra Quente uma exploração ovina que aplicava modos de produção diferenciados, revelara-me a secretária técnica de uma

das associações de criadores de ovinos transmontanos. Eu já havia visi-tado diversas explorações convencionais, mas não havia tido a oportuni-dade de ver outras abordagens ainda. Como seria? Minha curiosidade não passou despercebida e, pouco depois dessa conversa, a secretária técnica, solícita, comunicou-me que havia acertado uma visita para mim.

O dia almejado chegou. Era uma manhã de inverno fria e nevoenta em Bragança com condições de visibilidade mínimas... não se enxer-gava nada. A estrada foi uma aventura na qual eu me guiava pelo instinto e emoções de curvas súbitas, e penso ter chegado inteiro ao destino apenas por não me haver cruzado com ninguém no ca-minho. Encontrar o criador e o rebanho fez parte dessa aventura. As ovelhas estariam em uma interseção específica às portas da al-deia naquele horário e o criador havia-me fornecido as indicações para me orientar... foi sem contar com a névoa. Eu não distinguia monte, curva ou sinalização dadas por ele como pontos de refe-rência; eu via linhas desfocadas num borrão cinza. Sem poder telefonar-lhe por falta de rede, tive que seguir caminho até a próxima aldeia onde meu telemóvel voltara a captar. Após no-vas explicações, resignamo-nos a encontrar no estábulo, uma estrutura que eu havia de fato avistado da estrada, mas sem associá-la a uma corriça.

O estábulo, de longe, assemelhava-se a um hangar indus-trial de pé direito alto e portões grossos. A essa hora tudo parecia vazio, salvo pela silhueta do criador que me espe-rava à entrada. O cenário era de muita paz e tranquilidade.

CróniCas rurais

O criador mostrou-se muito disposto e propôs levar-me às ovelhas para explicar o funciona-mento do seu negócio. Subimos na sua carrinha e nos adentramos por estreitos e sinuosos cami-nhos rurais ao longo de parcelas onduladas de olivais, amendoais e outras culturas que eu não sabia distinguir. Terras da família, disse-me o cria-dor.

Após uma dezena de minutos pela estrada de chão batido, chegamos às ovelhas. Surpreso, per-cebi logo por que não encontrara o rebanho mais cedo. A curva onde estive parado estava ali, um pou-co mais embaixo, mas dificilmente eu teria discerni-do o rebanho aqui em cima. Não era uma questão de névoa, tampouco de direção, eu simplesmente não estava à procura da morfologia certa. Ao invés do tra-dicional rebanho distribuído na paisagem, as ovelhas aqui, todas terrinchas, estavam plantadas num cercado amovível de poucos metros quadrados. Era a primeira vez que me via diante de um típico maneio de pastoreio dirigido.

O pastoreio dirigido é pouco difundido em Portugal. Ele concentra o rebanho num pequeno perímetro por um tempo determinado para aumentar a carga animal e lim-par e/ou estrumar parcelas selecionadas de forma dirigida. O criador explicou-me que sua exploração operava de ma-neira integrada e o pastoreio dirigido era a ferramenta para otimizar a simbiose entre a criação animal e os olivais.

Terra Quente, Terra Fria: um quê de modernidade da Terra QuentePor Júlio Sá Rêgo

todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros,Quer para fazer bem, quer para fazer mal.(Alberto Caeiro, 1925, poema XXXII)

Sua atividade principal era o azeite biológico. Ao invés de dedicar fundos à compra de fertili-zantes adequados à agricultura biológica, o cria-dor optou por resgatar uma prática imemorial, velha conhecida nessas aldeias: o estrume ovino. Se as ovelhas representavam de longe o gado mais abundante nas aldeias do Centro e do Norte de Portugal até a primeira metade do século XX, não era por questões alimentícias ou lanígeras. A função principal do gado ovino era estrumar. O criador, in-ventivo, apenas deu uma refrescada na prática adi-cionando cercas amovíveis.

As quase 200 ovelhas proporcionavam adubo natu-ral aos solos, prosseguiu o criador, e permitiam eco-nomizar na limpeza mecânica dos terrenos também. A venda de cordeiros era um subproduto abonando a exploração com um rendimento adicional. O funciona-mento era engenhoso. A reintegração da produção ani-mal na produção agrícola permitia ao criador assegurar seus compromissos com o modo de produção biológico a menor custo e beneficiar de rendimento extra.

Eu estava bastante intrigado e ainda a apreciar a es-trutura de cercas quando o criador se apercebeu de um intruso no rebanho: um parto havia ocorrido na madruga-da. Ligeiramente chateado por ter de interromper nossa conversa, ele explicou-me que tinha que separar a mãe e a cria do resto do rebanho e levá-las para o estábulo. Eu en-tendia perfeitamente as contingências da atividade e já es-

tava muito agradecido por haver-me recebido, disse-lhe. O criador ace-nou com a cabeça e abriu a porteira do cercado. De repente, as ovelhas em conjunto imobilizaram-se e interromperam afazeres e balidos para espiar desconfiadamente. “O que esse animal ereto está a fazer no nosso espaço?” talvez pensaram elas... não obstante a desconfiança ovina, retirar a mãe e a cria do cercado foi relativamente fácil, ao con-trário de pô-las na carrinha. Quiçá por não estar acostumada a um pastor, a ovelha-mãe não se deixava aproximar, ainda mais agarrar. A cena teve ares de uma partida de apanhada de pátio de esco-la em versão ovina, na qual eu também cumpri meu papel: tentar bloquear a ovelha. Partida ganha pela equipe criador-antropólogo, rumamos de volta ao estábulo com os dois animais.

Despedi-me do criador que me convidara a voltar uma próxima vez. Na estrada para Bragança não conseguia desgarrar meu pen-samento de um comentário fortuito no meio de toda a engenhosi-dade tecnológica que ali havia: os habitantes da aldeia estranha-vam um indivíduo, com seu estatuto social, cuidar de animais; e pessoas de Mirandela, onde o criador residia, surpreendiam-se quando descobriam que criava ovelhas. Aqui também, no quê de modernidade da Terra Quente Transmontana, a histórica imagem social da pastorícia ainda marca os criadores de hoje.

• Texto original

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O município do Sabugal, no distrito da Guarda, está a promover as cinco vilas medievais do conce-lho com o objetivo de atrair visitantes para o ter-ritório após o período de confinamento causado pela pandemia da covid-19. O projeto “5 Vilas Me-dievais” abrange as localidades de alfaiates, Sabu-gal, Sortelha, Vila do touro e Vilar Maior.

Segundo Amadeu Neves, vereador com o pelouro do turismo na Câmara do Sabugal, o “5 Vilas Medie-

vais” permitiu “criar uma identidade comum” às cinco lo-calidades abrangidas na iniciativa de dinamização turís-tica. “O objetivo é que, após o período de confinamento originado pela pandemia, as pessoas possam conhecer o nosso património e possam fazer turismo em segurança no interior do país”, disse o autarca.

O município do Sabugal investiu cerca de 80 mil euros no projeto, com uma comparticipação comunitária de 50%, indicou. A autarquia refere que, através do proje-to, as cinco vilas medievais existentes no seu território “tornaram-se ainda mais atrativas, com sinalética mais apelativa, nomeadamente com a colocação de ‘totens’ (painéis), produção de novos folhetos, entre outros su-portes comunicacionais”.

O projeto ficará concluído “após beneficiação do acesso ao castelo de Vila do Touro e colocação de es-trutura exterior fixa para material arqueológico no Mu-seu Vivo de Vilar Maior, trabalhos a concluir em breve”, lê-se.

O município lembra que, “desde a Idade Média até ao século XIX, o território do atual concelho do Sa-bugal estava repartido por cinco vilas, cada uma en-cabeçando o seu concelho: Alfaiates, Sabugal, Sor-

telha, Vila do Touro e Vilar Maior”. “Com maior ou menor grau de conservação, existem em cada uma vestígios da sua importância passada, quer em termos de arquitetura militar, religiosa ou civil, quer em símbolos do poder político judicial local”, remata.

A autarquia disponibiliza, na sua página da in-ternet, informação sobre as cinco localidades que integram o projeto “5 Vilas Medievais”. Sobre Al-faiates, refere-se que “partiu de um povoado pro-to-histórico, tem nome de origem árabe (‘al-haet’ = o muro) e uma fortificação que foi decisiva na defesa da região durante a Guerra da Restauração e atingida durante os últimos combates da 3.ª inva-são francesa, em 1811”.

No Sabugal, é “bem conhecido o seu castelo de cinco quinas, obra, em grande medida, do rei Dom Dinis”, lê-se.

Sortelha é uma das Aldeias Históricas de Portugal e, segundo a fonte, “o profundo trabalho de renova-ção e recuperação, levado a cabo nos anos noventa, devolveu-lhe, em boa medida, o aspeto e ambiente de uma vila manuelina portuguesa”.

Sobre Vila do Touro, a autarquia do Sabugal infor-ma que a localidade “pertenceu aos Templários e, de-pois, à Ordem de Cristo, com fundação no século XIII”.

Relativamente a Vilar Maior, é referido que “no topo da elevação” se encontra “o castelo leonês, com uma torre de menagem acrescentada por Dom Dinis”.

Uma iniciativa de dinamização turística

Sabugal promove as cinco vilas medievais do concelho para atrair visitantes

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as regiões periféricas e com atrativos naturais como o Douro Superior, Baixo Sabor e alto Douro, têm uma oportunidade “única” de atrair turistas du-rante o período pós-confinamento, mantendo re-gras de segurança e oferecendo natureza, patrimó-nio, cultura e gastronomia.

“Entrámos num novo paradigma ao nível do turismo, em que os turistas se deslocam das grandes ci-

dades do litoral à procura do interior, onde se pode fazer turismo em segurança e com qualidade e aqui permane-cer três dias e ajudar a criar riqueza”, disse o presidente das Associações de Municípios dos Douro Superior e do Baixo Sabor, Nuno Gonçalves.

O também autarca de Torre de Moncorvo destaca o facto de nestes territórios haver três patrimónios mun-diais classificados pela UNESCO – Organização das Na-ções Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, “e os municípios terem de pensar o território como um todo”. “É preciso cativar os turistas ao território e dar-lhes a conhecer as suas potencialidades, de forma a fixá-los no mínimo três dias, para conhecerem os monumentos, as praias fluviais, a arte rupestre, a avifauna, os percur-sos pedestres ou o potencial geológico”, vincou Nuno Gonçalves.

Da Associação de Municípios do Douro Superior fazem parte os concelhos de Miranda do Douro, Mo-gadouro, Freixo de Espada à Cinta e Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, à qual se juntam os concelhos de Vila Nova de Foz Côa e Figueira de Cas-telo Rodrigo, na Guarda. Já o Baixo Sabor integra os

municípios de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros (Bragan-ça).

“Estes concelhos, para além de património na-tural e paisagístico únicos, têm uma gastronomia ímpar e espaços de agroturismo capazes de alo-jar os visitantes com conforte e segurança sanitá-ria em tempos de pandemia provocada pela covd-19”, vincou Nuno Gonçalves.

As associações de municípios estão a apostar em grandes rotas pedestres, como é caso da GR-36, que liga o Douro Superior ao Parque Natural do Douro Internacional, ou panorâmicas, como os Lagos do Sabor, Arte do Côa, ou Geoparque – Ter-ras de Cavaleiros.

Para o presidente da Câmara de Macedo de Ca-valeiros, Benjamim Rodrigues, o turismo de Interior tem nesta fase posterior ao confinamento provo-cado pela covid-19 uma oportunidade de recuperar alguma da distância para as principais regiões tu-rísticas do país, nomeadamente o Algarve e o Lito-ral. “No turismo de Interior temos a possibilidade de oferecer muito do que é procurado pelas famílias, em particular o turismo rural, de habitação, onde é possível usufruir do sol e do bom tempo com o dis-tanciamento solicitado pela Direção-Geral da Saúde e tendo a possibilidade de recorrer a outro tipo de praias, como é o caso do Azibo”, indicou.

Já a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, é da opinião de que, no atual contexto, o potencial turístico dos territórios do Interior “aumen-

Durante o período pós-confinamento

Território entre Douro e Sabor aposta em oportunidade “única” de turismo

tou exponencialmente”. “A riqueza natural e patrimo-nial dos concelhos do Douro e do Nordeste de Por-tugal, tal como de diversas outras regiões, permitem antecipar períodos áureos para o turismo”, vincou a governante.

Cada região tem as suas especificidades e é pre-cisamente esta diversificação da oferta turística que também deve ser considerada como uma vantagem competitiva em relação a outras localizações de ofer-ta mais tipificada.

Para a secretária de Estado, a abordagem a ser se-guida deverá sempre ser multissetorial, conjugando contribuições complementares de diferentes áreas (turismo de natureza, património edificado, cultura, gastronomia), que assim resultem em programas tu-rísticos mais abrangentes, com maior dimensão tem-poral, aumentando assim o tempo de permanência dos visitantes e o correspondente efeito impulsiona-dor de desenvolvimento económico.

Numa região em que a falta de cobertura de rede e velocidade lenta da internet já motivaram queixas da população e autarcas junto das entidades compe-tentes, a governante alertou que há um conjunto de iniciativas “dependentes de uma eficaz cobertura de Internet de banda larga, pelo que a sua operacionali-zação se torna essencial”.

Para Isabel Ferreira este é um “serviço absolutamen-te necessário”, cuja disponibilização “acabará por se concretizar”, pelo que já foram delineadas “diferen-tes iniciativas promotoras de desenvolvimento cultu-ral, económico e social, com base na disponibilização deste serviço”, concretizou.

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Empresas e produtores da região têm a partir de agora disponível um Laboratório de análise de ali-mentos. aproveitando espaços e equipamentos já existentes na Escola Superior agrária de Viseu (ESaV), o laboratório irá permitir a avaliação de di-versos parâmetros de produtos como laticínios e azeites, frutas, carnes e vinhos.

Para a vice-presidente da Escola Superior do Poli-técnico de Viseu “estava na altura, na medida em

que temos disponível um conjunto de equipamentos

que estão a ser utilizados ao nível da investiga-ção científica, de fazermos esta prestação de

serviços ao exterior”. Segundo Maria João Lima, as atividades desenvolvidas no Laboratório de

Análise Alimentar “possibilitam estreitar e fortale-cer laços que unem a ESAV à comunidade regional”.

Paulatinamente, é intenção da ESAV acrescentar outros parâmetros para análise no apoio às empre-sas e aos produtores.

Nomeadamente laticínios e azeites, frutas, carnes e vinhos.

Escola Superior Agrária de Viseu disponibiliza Laboratório de Análise de Alimentos

Os agricultores já podem candidatar--se a linhas de crédito e subsídios não reembolsáveis para comprar terrenos agrí-colas e aumentar a dimensão das suas proprie-dades rurais, segundo o programa “Emparcelar para Ordenar”.

No decreto-lei publicado na Diário da República, que entra em vi-gor a 1 de Julho, o Governo explica que o objetivo deste progra-

ma é incentivar os proprietários a investir e a gerir as suas proprieda-des, melhorando a estrutura fundiária, e ainda diminuir a perigosidade de incêndios em territórios classificados como vulneráveis.

O programa prevê mecanismos financeiros para promover ações de emparcelamento rural simples, para corrigir a divisão parcelar de prédios rústicos ou de parcelas pertencentes a dois ou mais proprie-tários ou comprar prédios contíguos, através “da concentração, do redimensionamento, de retificação de estremas e da extinção de encraves e de servidões e outros direitos de superfície, podendo integrar também obras de melhoramento fundiário”.

Programa “Emparcelar para Ordenar” entra

em vigor a 1 de Julho

Agricultores com apoios

para emparcelar

propriedades

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São 11 zonas transfronteiriças de Portugal e Espanha

Plano estratégico para as áreas do turismo e agroalimentar junta regiões fronteiriças

as regiões fronteiriças do centro e norte de Portu-gal e de Espanha apresentaram um plano estratégico comum, apoiado pela União Europeia, que visa pro-mover em conjunto recursos endógenos nas áreas do turismo e agroalimentar.

As regiões fronteiriças do Centro e Norte de Portugal e de Espanha apresentaram um plano estratégico

comum, apoiado pela União Europeia, que visa promover em conjunto recursos endógenos nas áreas do turismo e agroalimentar.

A reunião de parceiros do Projeto CRECEER, que decor-reu através de plataformas digitais, foi marcada pela apre-sentação da proposta de um Plano Estratégico Interregio-nal (PEI) para 2020-2023, o qual vai juntar os esforços das 11 zonas do território abrangido pelo Projeto.

O CRECEER é um projeto transfronteiriço, financiado por fundos europeus, que tem como principal objetivo estabelecer sinergias entre 11 zonas transfronteiriças, ten-do em vista melhorar a competitividade de pequenas e médias empresas nos setores turístico e agroalimentar gourmet.

Os 11 territórios abrangidos pelo projeto são a Beira Baixa e Beiras e Serra da Estrela, no Centro de Portugal; Douro e Trás-os-Montes, no Norte; e El Bierzo, Vitigudi-no, Ciudad Rodrigo, Ávila, Toro, Sanabria e Aliste-Tába-ra-Alba, em Espanha.

Antes da elaboração do Plano Estratégico Interre-gional, cada uma das zonas CRECEER definiu a carac-terização particular do seu território e apresentou um Plano Estratégico individual de Atuação. O PEI agora apresentado surge na sequência deste trabalho prévio e identificou já recursos endógenos gastronómicos comuns nas 11 regiões, que, associados à oferta turís-tica existente, são as prioridades do projeto.

O queijo, o vinho, o azeite, as carnes frescas e as frutas são os recursos estratégicos em todos os territórios em que vão incidir os primeiros es-forços de sinergia do CRECEER. Outros recursos comuns igualmente identificados foram os de in-teresse turístico – os parques e espaços naturais, as praias e portos fluviais, as zonas de pesca e os trilhos de caminhada, além de museus e patrimó-nio monumental e histórico. Foram também indi-cados eventos de interesse turístico, como eventos desportivos, feiras, festivais de música e festivida-des religiosas.

A estratégia a desenvolver pelo Projeto CRE-CEER, alicerçada na criação de redes de coopera-ção empresarial, passa por ações de promoção con-junta, entre outros eixos estratégicos. Os próximos passos incidirão na concretização dos objetivos do Plano, nomeadamente ao nível do desenvolvimen-to de produto e criação de novos pacotes turísticos, nomeadamente Rotas do Queijo, Rota do Bordado e Rota da Cerâmica.

Última Hora

O município de Arcos de Valdevez e a Associação dos Vi-nhos de Arcos de Valdevez (AVVEZ) criaram um espaço para promover, desenvolver e defender a produção vitivinícola e os produtos artesanais locais. O município minhoto executou as obras de adaptação, qualificação e equipamento base e a AVVEZ fica responsável pela gestão do espaço.

A AVVEZ está a desenvolver um conjunto de iniciativas para dinamizar este espaço, proporcionando aos visitantes novas experiências e aproximando-os dos produtos que promove. Neste sentido, as sextas-feiras, a partir das 18,30 horas, durante os meses de Verão, são agitadas com ini-ciativas de promoção/degustação dos produtos dos associados, sendo que, em cada iniciativa, um ou mais produtores dará a conhecer os seus produtos nas mais variadas harmonizações. Para além disso, alguns sába-dos serão ocupados com iniciativas de promoção dos produtos cruzadas com atividades de âmbito cultural e gastronómico.

Localizado na Avenida Recontro de Valde-vez, este espaço permite degustar os vinhos da região, bem como saborear alguns petis-

cos, tirando partido dos produtos regionais. Para além disso, a loja possui o serviço de en-

comendas online, com entrega na loja ou em casa, expandindo, deste modo, a comercializa-

ção dos vinhos e produtos locais. Através deste espaço, o Município de Arcos

de Valdevez pretende atrair público para as ati-vidades turísticas da região, no âmbito do eno-

turismo, e, simultaneamente encurtar os circuitos de comercialização, aproximando os clientes dos

produtores. Assim, surge a oportunidade de conhe-cer o território, o contexto de produção e o próprio

vendedor, resultando, na consolidação da imagem de marca de cada produto.

Às sextas-feiras, a partir das 18,30 horas, durante os meses de Verão

Arcos de Valdevez dinamiza espaço para promover vinhos e produtos locais

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Gazeta auto

Guidelines

A moda dos SUV em detrimento dos monovolumes veio para ficar… pelo menos até à próxima moda. A Honda man-tém-se por isso dentro do registo e obriga-se a ter também produtos nos vários segmentos, onde a concorrência tam-bém está atenta e presente.

Nesta nova geração apresentou-se com a identidade que intitulou Solid Wing Face, associado a um competente 1.5, a gasolina, como aliás é apanágio de todas as marcas, bem construído e com espaço interior mais que suficiente para cidade e para viagens.

Estética – Exterior e Interior

Numa frente redesenhada, onde o pára-choques surge mais pronunciado e a grelha ganha destaque ligando--se à moldura de faróis agora escurecidos e em LED, o HR-V destaca-se pela positiva.

Como modelo compacto que é, onde compete com muitos modelos de outras marcaS, (ex. o CAPTUR - o modelo que é um irmão mais curto que o CR-V), mantém umas linhas laterais mais estilizadas e com

o formato da carroçaria descendente, relem-brando um coupé e com as pegas de abertura das portas traseiras embutidas no pilar trasei-ro. Atrás, o modelo recupera o desenho do seu irmão mais “velho” num estilo jovial.

O interior mantém o mesmo espírito e dese-nho que a marca nos habituou noutros mode-los. Um desenho sem grandes formas estilísticas que normalmente cansam ao fim de pouco tem-po. Alguma inovação nas saídas de ar do passa-geiro, horizontais.

Materiais, user experience

Num SUV de entrada da marca, o HR-V pauta-se pela similitude com os concorrentes. Robusto q.b, com recurso a plásticos rijos, salvo os mais próxi-mos ao toque, como os que se encontram junto às saídas de climatização.

Espaço interior acolhedor, bons bancos com su-porte lateral adequado, espaço para pequenos ob-jetos na consola central, volante prático e com boa pega, alavanca (curta) da caixa de velocidades a fazer recordar o Mazda MX-5.

Numa viatura onde o espaço inte-rior está muito bem conseguido, aco-lhe “bem à vontade” 4 adultos – mes-mo com espaço mais que suficiente para as pernas e uma bagageira que envergonha muitos familiares (próximo dos 470 litros).

Uma referência para os já “habituais” bancos mágicos traseiros, que elevam o assento do banco traseiro e oferecem mais uma segunda ampla bagageira.

Em estrada

Com o motor 1.5 a gasolina e 130cv o HR-V não é um desportivo, mas é o sufi-cientemente despachado em cidade e es-trada com uma caixa bem escalonada e onde a 5ª e 6ª velocidade estão presentes para reduzir consumos (cerca de 6,2 litros de média)

O comportamento do Honda não tem o feeling apurado do CIVIC, mas tenta-se apro-ximar. Condução precisa e direta, com um conforto interessante, muito provavelmente derivado do “SDC (Synaptic Damping Con-trol – Controlo de Amortecedor Sináptico) - sistema que melhora o conforto de condução e a manobrabilidade, modificando a força de amortecimento de acordo com a superfície da estrada e as condições de condução”, sendo que em bom piso se nota a sua eficiência e em piso mais degradado, o HR-V, para manter esse rigor no comportamento é menos flexível no ajustamento do amortecedor.

Consumos e preço

Sistema CTBA de travagem ativa em cidade para evitar acidentes a baixa velocidade; Suite Avança-da de Assistência à Condução (ADAS) com cinco sistemas ativos de segurança; Bancos dianteiros com função anti-chicote cervical; CTBA de trava-gem ativa em cidade; Sistema avançado de ajuda à condução; Avisador de Colisão à Frente (FCW); Reconhecimento de Sinalização de Trânsito (TSR); Limitador Inteligente da Velocidade (ISL); Avisador de Saída de Faixa (LDW) e Sistema de Suporte dos Máximos (HSS); Reconhecimento de Sinalização de Trânsito; Limitador Inteligente da Velocidade que conjuga com o Reconhecimento de Sinalização de Trânsito, Avisador de Saída da Faixa de Rodagem, Sistema de Suporte dos Máximos; Média de consumos 6.2 litros/100kms; Preço entre os 25.000 e os 37.000€ (versão ensaiada – 31.000).

Honda HR-V 1.5 i-VTEC Executive Connect Navi

Por Jorge Farromba

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tinha pensado escrever três artigos sobre Palma e Maiorca e depois passar a outro país – o Panamá, aqui entre nós, país fascinante e também ele escon-dido. Porém, releio o último artigo e vejo a quan-tidade de injustiças que nele não estão. isto é, a quantidade de sítios que não mencionei e que a mi-nha consciência, aos gritos, reclama que eu corrija.

Não há nada a corrigir, na verdade: a maioria dos do-nos dos bares e cafés que mencionei não sabe se-

quer que escrevi sobre eles e não serão decerto os meus artigos que os vão ajudar a ultrapassar essa situação. É antes um acerto de contas interno, uma exigência da mente para ter paz consigo mesmo.

Começo por falar da Tasquita d’Esquina, um café português no qual a Sandra e a Fernanda dão provas frequentes de imensa paciência e suportam as minhas erupções criativas até altas horas depois do fecho, às vezes ajudado pelo toque discreto de um sino, história de me lembrar que sou marinheiro e tenho obrigação de saber o que são horários.

A Sandra - uma miúda esguia, seca, daquelas fei-tas de aço inox - faz francesinhas, porque é do Por-

to. Não sei julgá-las. Mas posso asseverar que as pataniscas de bacalhau não são nada más. O espaço é giro, amplo, não tem nada daquelas tascas para emigrantes das obras que durante tanto tempo era a única coisa de Portugal que se encontrava no estrangeiro.

A selecção de vinhos é bastante decente e até há algum tempo havia medronho, mas não sei porquê acabou. Continuo com o Aurélio, dos Maños, no Mercat de l’Olivar, ponto de queda pra-ticamente quotidiano quando regresso do PANDA, às vezes feliz e a precisar de celebrar, outras triste e a procurar apaziguar. As alegrias e as desilusões ali aportam quase todos os dias, filtradas (estas) ou ampliadas (aquelas) pelo longo trajecto de bicicleta desde Calanova. O Maños é o único restaurante ao qual eu vou e quem recebe a gorjeta sou eu: o Auré-lio nunca me cobra tudo o que consumo. Ao princí-pio reclamava, mas agora deixei de o fazer. Não vale a pena. As tapas são de longe as melhores do mer-cado e a energia do Aurélio é contagiosa, vertigino-sa. Aquele homem trabalha depressa, mesmo quando não tem ninguém (é raríssimo, admitidamente). Sugiro

o pica-pica, uma espécie de pica--pau feito com choco. É de cair, de chorar por mais, de se levantar à noite, de chorar por mais.

Ainda no Mercat há o Lucca e a Silvia, onde por vezes almoço pas-ta fresca, feita por eles ali à nossa frente e a quem devo saber hoje que a bolognese não é nada do que até agora pensava. O stand chama--se Bottega Bolognese. Foi aqui que ocorreu uma das cenas mais cómi-cas da minha estadia em Palma: vejo que o prato do dia é carbonara e pergunto ao senhor (ainda não o co-nhecia) se põe natas no molho. Olhou para mim como se lhe tivesse pergun-tado em que esquina trabalha a mãe dele à noite. (Note-se que a pergun-ta é compreensível: Palma está cheia de alemães para quem uma carbonara sem natas é como cerveja sem espu-ma. Que fazer? Não se pode ter tudo, BMW e saber comer pasta.

Mesmo ao lado fica o Cristian, dos Sa-bores del Mundo: tem a mais vasta co-lecção de especiarias que até hoje vi e sabe de todas. Não conhece as das Ca-raíbas, lapso que me comprometi a col-matar mal chegue à Martinique. É argen-tino até à medula, faz-me pensar numa piada sobre argentinos que não posso contar aqui e vende especiarias à tonela-da por dia. A Núria, do (agora) Corner 37 e antes Latterio, é igualzinha à minha tia Lena, mas sabe infinitamente mais de ver-mutes. É uma senhora pequena, loira e viva como a chama trémula de uma vela numa corrente de ar e eu adoro-a, ela e o vermute La Madre, que me deu a conhecer e só por isso merece o céu.

Por falar de vermutes: quem me iniciou na arte delicada, subtil, esquiva dessa bebi-da que hoje aprecio para cima de tudo foi o Jaume, da Bodega Can Rigo. O Jaume é um maiorquino de há não sei quantas gerações e sinto-me honrado quando ele me acolhe com a sobriedade densa, sólida, calada que é próprio das gentes desta terra. Acessoria-mente, faz o melhor polvo à galega de Palma que comi fora da Coruña e albóndigas que ri-valizam com as do Toni, do Café Santa Eulália (segredo: quem as faz é a mãe do Toni).

Há alguns anos trouxe um barco de Brighton para aqui e em Lisboa os armadores embarca-ram. A senhora fazia uma tortilha como eu nun-ca comi na vida e teve a gentileza de me ensinar

o truque: não cozer as batatas, mas confitá-las. Tentei várias vezes e nunca consegui reproduzi-las. No Toni comi uma tortilha igualzi-nha à dela. Contei-lhe a história e ele disse-me “Sim, é assim que a minha Mãe as faz. Confita-as, com cebola”. A armadora esquece-ra-se de me mencionar a cebola, certamente por inadvertência.

A praça de Santa Eulália é outra daquelas praças de Palma da qual saímos mudados a cada vez que lá vamos, sobretudo quan-do se sabe que o imponente campanário caiu numa tempesta-de, nos anos sessenta. Há dias em que ao fim da tarde o Sol o incendeia como à catedral e pergunto-me se não terá sido isso que o fez cair.

No caminho de casa, depois de deixar a bicicleta na garagem, ficam primeiro o Otaku e o seu saque higiénico – limpa tudo - e depois o Gustar. Não me acontece nem uma nem duas vezes eu passar, o Tom e o Fidel estarem a fechar a casa e obrigarem--me - este verbo é injusto - a beber uma grappa com eles e ali ficarmos a conversar de tudo e mais alguma coisa, como são as conversas de homens no fim das noites.

Falta o Minyones, a Bodega Belver, o Sete Machos... O Sete Machos, meu Deus. Já lá entrei tantas vezes sóbrio. O restau-rante La Fabrique, dos meus amigos Patrick e Hélène, ela ex--jornalista em Paris e ele restaurador em todo o lado. É esta a minha Palma e tenho provas disso: no outro dia, já não sei a propósito de quê, um dos donos do bar España (o mais novo, não passa dos sessenta e muitos) disse-me “tu no te preocupes, eres de la casa” e isto deve valer mais do que um passaporte da Cort.

Qualquer dia, falo das ruas de Palma. E da Catedral, claro. Não é amanhã que iremos ao Panamá...

Por Luís Serpa

A minha Palma III

Diário de Bordos iii

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