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Orientações às famílias e aos cuidadores de crianças com alterações no desenvolvimento Projeto Redes de Inclusão

Orientações às famílias e aos cuidadores de crianças com ... · O objetivo é servir de apoio no processo de estimulação do desenvolvimento da criança no ambiente domiciliar,

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Orientações às famílias e aos

cuidadores de crianças com alterações no desenvolvimento

Projeto Redes de Inclusão

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e excluídas.

Iniciativa e realizaçãoFundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) - Projeto Redes de Inclusão

Escritório da Representante do UNICEF no Brasil SEPN – 510, Bloco A, Ed. Ministério da Saúde, Unidade II – 2º andarBrasília-DF – CEP: 70750-521Telefone: (61) [email protected]

Representante do UNICEF no BrasilFlorence Bauer

Representante adjunta do UNICEF no BrasilEsperanza Vives

Chefe de Saúde HIV/Aids e Desenvolvimento Infantil do UNICEF no BrasilCristina Albuquerque

Consultora do UNICEF para a resposta à emergência do zika vírusMaria de Lourdes Magalhães

Chefe do Território Semiárido do UNICEF no Brasil Robert Gass

Chefe do Escritório do UNICEF no Recife-PEJane Santos

Especialista em Comunicação Bruno Viécili

Escritório do UNICEF no Recife-PERua Henrique Dias, S/N – Ed. do IRH Térreo Derby – Recife-PE CEP: 52010-100Telefone: (81) 3059.5700 Fax: (81) 3059.5719E-mail: [email protected]

Fundação Altino Ventura

Presidente Conselho CuradorLiana Ventura

Presidente Conselho DiretorRonald Cavalcanti

Coordenador AcadêmicoMarcelo Ventura

Diretoria técnica CER IV/ FAVKatia Guimarães

Elaboração e RevisãoEliana AlmeidaKatia GuimarãesPompéia Villachan LyraMaria de Lourdes Magalhães

ContribuiçõesAngrela OliveiraDeborah ChenErica Leoncio NeryEzequiel BarrosFlavia CabralJaniely Tinoco RapozoKarla Oliveira da CostaLiana VenturaLinda LawrenceLissa Marques WanderleyLucyjane Idália Araújo LoboMárcia Virgínia S. Oliveira Maria Jackelane Barros Maria Cristina Ferreira LimaMila Fernandes Pinto VerasNataly Bezerra Silva BarraPaulo FriasPollyanna Pereira C. BezerraSuely RachedTatiany L. Brandão K. LimaVanessa Lopes Ramos

Ministério da Saúde

Diretora do Departamento de AçõesProgramáticas Estratégias Thereza de Lamare Franco Netto

Coordenadora-Geral de Saúde da Pessoa com DeficiênciaOdília Brígido de Sousa

ContribuiçõesDanilo Campos da Luz e SilvaDiogo do Vale de AguiarFabianny Fernandes Simões StraussFlavia da Silva TavaresLuane Carvalho CostaRhaila Cortes Barbosa

Coordenação do Projeto Redes deInclusão

Prefeitura de Campina Grande - ParaíbaSecretária de Saúde de Campina GrandeLuzia Maria Marinho Leite Pinto

Prefeitura do Recife - PernambucoSecretário de Saúde do Recife Jailson de Barros Correia

Organizações sociaisAMAR – Aliança das Mães e Famílias RarasUMA – União de Mães de Anjo

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Orientações às famílias e aos cuidadores de crianças com alterações no desenvolvimento. Projeto Redes de Inclusão. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Brasília, julho de 2017.

Revisão gramaticalMoema Luna

IlustraçõesRafael Valle Barradas e Junior Siqueira

Projeto gráfico e diagramaçãoVia Design

Apresentação 03

Conhecendo as orientações 04

Conhecendo o desenvolvimento 04

Conversando com os profissionais 05

Conhecendo como estimular o desenvolvimento 09

A Hora das rotinas 14

Conversando com a criança 15

Estimulando o desenvolvimento 29

A escola e a estimulação do desenvolvimento 37

Para terminar 40

Referências 42

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Nossa família

Nossa família está composta por:

Cole aqui uma foto de sua família

Estas orientações são destinadas a vocês, famílias e cuidadores de crianças com alterações no desenvolvimento. E também aos profissionais das políticas sociais básicas (saúde, educação e assistência social) que realizam o atendimento e o acompanhamento delas e de suas famílias. O objetivo é servir de apoio no processo de estimulação do desenvolvimento da criança no ambiente domiciliar, e colaborar com os profissionais da educação no estímulo a essas crianças no ambiente escolar. As orientações podem favorecer o fortalecimento de vínculos das famílias com os profissionais dos serviços de saúde, educação e assistência social em seu município e região.

É importante que a criança receba a estimulação por equipe multiprofissional dos serviços de saúde, o mais precocemente possível, de acordo com o diagnóstico e a avaliação individualizada, considerando também as capacidades e as necessidades das famílias e cuidadores.

É igualmente importante, para o alcance do pleno desenvolvimento da criança, o fortalecimento das competências familiares para a continuidade do tratamento e do cuidado dela nos espaços de convivência familiar e comunitário.

Essas orientações vão mostrar o quanto a sua casa e a escola são espaços importantes para promover o desenvolvimento da criança.

Então, vamos conhecer como estimular o desenvolvimento visual, auditivo, motor e intelectual da criança? E como estimular o desenvolvimento durante as rotinas do dia a dia e no momento das brincadeiras?

Olá famílias!Olá cuidadores!

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Conhecendo as orientações

IMPORTANTE Tenha sempre em mãos a Caderneta da Criança, especialmente nas consultas de rotina.

Com a Caderneta, a família vai acompanhar o crescimento e conhecer as etapas do desenvolvimento da criança, desde o momento do nascimento até os 9 anos de idade. Ela contempla também informações sobre a triagem neonatal (testes do pezinho, do olhinho, da orelhinha e do coraçãozinho) e os cuidados com a saúde para cada fase do crescimento e do seu desenvolvimento. Também coloca em evidência os direitos da criança e da família, o aleitamento materno, a alimentação complementar saudável, as vacinas, a saúde bucal e o acesso aos equipamentos e programas sociais e de educação.

Os profissionais de saúde devem acompanhar as famílias no uso das orientações quanto à estimulação de crianças com alterações no desenvolvimento. Por sua vez, os profissionais da educação também podem utilizar essas mesmas orientações na rotina diária da creche e pré-escola e também contribuir para o desenvolvimento delas. Para que as crianças e as famílias sejam beneficiadas com as melhores práticas de estimulação no ambiente domiciliar e escolar, é necessária a troca de informações entre os profissionais de saúde, educação e assistência social, envolvendo a família, sobre os progressos.

CONHECENDO O DESENVOLVIMENTO

Vocês sabem como as crianças se desenvolvem? E por que é tão importante para uma criança de 0 a 3 anos receber estímulos para seu desenvolvimento?

O desenvolvimento ocorre ao longo de toda a vida, com o início desde a concepção. Ele acontece de forma mais intensa nos três primeiros anos de vida. Nesta fase a família pode perceber como os momentos de interação com a criança – seja cuidando ou brincando – são essenciais para o fortalecimento do vínculo com a família e o pleno desenvolvimento.

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A partir do início da gestação é importante realizar o pré-natal de qualidade com orientação e acompanhamento dos profissionais de saúde, de acordo com a Caderneta da Gestante. Converse e cante para seu bebê, durante a gravidez, assim você estará cuidando e estimulando o seu desenvolvimento.

Os estímulos afetivos na primeira infância são determinantes para uma boa saúde e qualidade de vida. O bom relacionamento entre os adultos e a criança no acolhimento de suas demandas (com amor, paciência e limites), o ambiente livre de conflitos, estresse e violência, e as interações sociais auxiliam a criança no desenvolvimento de habilidades motoras e capacidades emocionais, intelectuais e sociais necessárias para a aprendizagem, construção de valores e para a convivência em sociedade.

Todas nascem com potencial e devem ser estimuladas, respeitando os limites e o ritmo de cada uma. Para algumas crianças, especialmente aquelas com alterações no desenvolvimento, a estimulação deve obedecer uma programação e orientação dos profissionais de saúde, com o devido acompanhamento no serviço e na visita domiciliar.

CONVERSANDO COM OS PROFISSIONAIS Cada criança tem seu próprio ritmo e programa de cuidado e de desenvolvimento.

Para que a estimulação no ambiente domiciliar ou escolar seja a mais proveitosa possível, é importante que você tire suas dúvidas e fale com o profissional de saúde sobre o tratamento, suas necessidades e prioridades.

Informações importantes sobre os marcos do desenvolvimento são encontradas na Caderneta da Criança. Tenha ela sempre em mãos para conversar com o profissional de saúde, da educação e da assistência social. Para não esquecer e facilitar o diálogo, leve as perguntas por escrito. Isso vai ajudar a aproveitar melhor esse momento de acompanhamento, e se programar para realizar as atividades de estimulação de acordo com as necessidades familiares e da criança.

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Informe como é a sua casa, como a criança reage aos estímulos, como vocês gostam de se comunicar e que brincadeiras e brinquedos usam no dia a dia. Você pode acompanhar o desenvolvimento da criança de diversas maneiras, observando como vocês estão interagindo, registrando o progresso dela através de vídeos e por meio das atividades. Saber o que vocês gostam ou não é importante e ajuda os profissionais de saúde a planejar junto com vocês as atividades de apoio e a estimulação do desenvolvimento da criança no ambiente domiciliar.

Existe uma variedade de recursos e materiais para a estimulação da criança que pode ser construída pela família, de forma simples e de baixo custo. Podem ser utilizados materiais recicláveis e brinquedos coloridos que emitam sons.

Converse com os profissionais sobre os materiais e objetos que você tem em casa e peça orientação de como e quando devem ser utilizados. O objetivo é ajudar na estimulação visual, auditiva, motora e intelectual, de acordo com a necessidade de cada uma, além de despertar a curiosidade dela e fortalecer os vínculos familiares e sociais.

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1 Relacione as atividades que a criança mais gosta e que vocês se sentem bem quando fazem juntos.

2 Conte aos profissionais como vocês têm realizado as atividades em casa e como a criança tem reagido.

3 Converse sobre as suas preocupações, dificuldades e necessidades. Eles poderão ajudar você.

4 Fale sobre as evoluções que vocês têm observado na criança.

5 Organize as atividades no domicílio para atender as necessidades familiares.

6 Compartilhe experiências com outras famílias e incentive para que elas façam o mesmo.

São nas atividades do dia a dia da família e da escola que a criança vivencia experiências importantes. A hora de acordar, alimentar, trocar fraldas, brincar, tomar banho, vestir e dormir são momentos preciosos para estimular seu desenvolvimento. É bom que vocês saibam que em todas essas situações, o amor, o respeito, o carinho e a alegria são fatores fundamentais. Nesses momentos, todos os membros da família têm uma excelente oportunidade para fortalecer os vínculos com a criança. As experiências positivas geram nelas sensações de bem-estar, favorecendo a construção da relação de afeto com a família, com a escola e com a sociedade.

Você também pode dar muitas dicas para que os profissionais saibam como você vê sua criança, ou seja, suas características, o que ela gosta, ou não gosta, entre outras coisas.

Dicas que vão contribuir para o diálogo entre a família e os profissionais de saúde, educação e assistência social sobre o acompanhamento do desenvolvimento da criança.

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Use o quadro abaixo para escrever sobre a criança e conversar com o profissional que a acompanha. Isso facilitará a comunicação entre o profissional, a família e a criança.

1. Descreva sua criança, diga se é alegre, zangada, dengosa ou outras características que você considera importantes.

2. O que ela mais gosta?

3. O que ela não gosta?

4. Ela tem medo de alguma coisa? De que?

5. O que você mais deseja para ela?

6. Descreva um pouco a sua rotina e a da sua família.

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Conhecendo como estimular o desenvolvimentoÉ no ambiente domiciliar e escolar que a criança tem mais oportunidades de fazer uma das coisas mais importantes para o seu desenvolvimento: BRINCAR! Isso mesmo. Brincar é coisa muito séria na vida de todos nós, e na vida de uma criança é simplesmente FUNDAMENTAL!

É por meio das brincadeiras que elas se desenvolvem em todos os sentidos. São nas brincadeiras e na relação com os brinquedos que a criança se interessa pelas coisas do mundo. Ela quer ver, ouvir, tocar, explorar, sentir. Tem curiosidade e, aos poucos, vai fazendo grandes descobertas! Tudo isso é a base de um bom trabalho de apoio ao desenvolvimento na infância. Ao despertar nela o interesse pelas brincadeiras, você estará também estimulando o desenvolvimento visual, auditivo, intelectual e a coordenação motora. O que ela vai aprender ajudará também a desenvolver a linguagem, a se relacionar com outras crianças e com adultos, a respeitar as regras do jogo e a descobrir seus potenciais e limites.

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A família pode e deve brincar e se comunicar com a criança desde o nascimento. Assim vão se conhecendo melhor e, a cada dia, aprendendo sobre suas necessidades (como distinguir o choro que é de fome e o choro que é de dor), preferências e interesses. Em todos os momentos da rotina com a criança, bem como nos momentos em que ela estiver realizando as atividades específicas de estimulação, a família está ajudando a desenvolver tanto os aspectos cognitivos (atenção, memória, capacidade de resolver problemas, linguagem) quanto aspectos afetivos, sensoriais e motores. Assim, ela vai desenvolvendo a capacidade de se adaptar ao mundo, de se relacionar com as pessoas e com os desafios da sua própria vida.

Prepare o ambiente, deixe-o tranquilo e prazeroso para que vocês curtam estar juntos.

Fiquem atentos a algumas dicas para aproveitar ao máximo os momentos juntos

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Valorize os interesses da criança. Ela lhe dará pistas muito legais de coisas para vocês fazerem. Pode indicar os objetos que chamam sua atenção e que ela gostaria de explorar mais. As crianças são muito curiosas!

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Coloque seu rosto de frente ao da criança e a ajude a encontrar os seus olhos, sempre que possível. É assim que vocês começam a se conhecer.

Responda sempre que possível a cada movimento e som que ela fizer. Lembre-se que o tom da sua voz vai dizer muito sobre o amor que você sente por ela. A criança vai adorar ouvir a sua voz carinhosa e ver o seu sorriso. É assim que vocês começam a se comunicar e fortalecer os vínculos afetivos.

Converse com a criança. Quando ela balbuciar, trate como uma conversa. Estimule o uso prolongado das vogais: aaaaaaaaaa / eeeeeeee. Depois o uso de sílabas: maaaaa/paaaaaa/taaaa/daaaaaa/voooooo... Em seguida ensine o significado das palavras mais simples como: sim, dá, tchau e beijo. Mantenha sempre a fala do seu dia a dia, evitando usar diminutivos e balbucios, assim fica mais fácil de aprender. Elas adoram o tom de voz suave.

Respeite o ritmo da criança aguardando as respostas dela e, ao mesmo tempo, estimulando para ver como reage.

Fique atento às coisas de que a criança não está gostando na atividade, ela pode estar cansada ou irritada. Será difícil curtir a brincadeira e aprender se não estiver bem.

Procure estabelecer uma rotina para as diversas atividades que vocês realizam juntos, isso ajuda a criança a entender como é o funcionamento do dia a dia da família.

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Para aproveitar a estimulação multissensorial no ambiente domiciliar e nas escolas, algumas orientações a mais também são importantes:

Procure deixar a criança sempre bem posicionada em toda e qualquer atividade. Caso haja dúvida, converse com os profissionais dos serviços que realizam o acompanhamento dela. Pode ser no Centro Especializado de Reabilitação (CER), com a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), no ambulatório ou na Unidade Básica de Saúde.

2Torne o objeto o mais atraente possível! Para estimular a visão, use cores e contrastes. Para atrair a criança pela audição use objetos com sons diversos e sempre observe como ela irá responder.

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Descreva para a criança o que está ao seu redor: as pessoas e as coisas. Se ela tiver baixa visão, isso irá ajudá-la a conhecer o mundo.

Procure um profissional de saúde, caso haja problemas com a alimentação. Peça orientação sobre os alimentos mais indicados e de como fazer para que a criança venha a superar essa dificuldade. Estimule os movimentos dos

membros afetados se ela tiver dificuldades para controlá-los, em caso de hipotonia (criança com os músculos mais moles).

Utilize atividades para relaxar e alongar os músculos em casos de hipertonia (criança com os músculos muito duros). Isso ajudará os músculos a relaxarem.

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Hora de alimentar

Hora de brincar

Hora de tomar banho

Hora de trocar fraldas

Hora de vestir

Hora de dormir

Estimulação da audição e da linguagem

Estimulação da visão

Estimulação motora

ESTIMULAÇÃO NAS ROTINAS

ESTIMULAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

Hora de despertar

A horadas rotinas

Crianças gostam quando conseguimos organizar uma rotina de cuidados, o que ajuda no apoio ao seu desenvolvimento, ao mesmo tempo em que ajuda a família a ficar mais confiante e fortalecida.

A criança gosta muito quando é tocada, principalmente de sentir o toque na sua pele bem suavemente. E podemos fazer isso na hora do banho, de comer, de dormir e em muitos outros momentos do dia. Agindo assim você estará ensinando a criança a se comunicar, ser alegre e carinhosa. Além de ser uma experiência gostosa, estimula a criança a descobrir as coisas do mundo. É importante que a organização das atividades de apoio ao desenvolvimento nas rotinas diárias seja planejada por vocês juntamente com os profissionais que acompanham a criança.

Agora, vamos saber o que ela tem a lhe dizer sobre os momentos: da alimentação, do banho e da higiene, da troca da fralda e das brincadeiras.

A partir de agora, será a criança quem falará com você.

CONVERSANDO COM A CRIANÇA

Antes de tudo quero te dizer algumas coisas que são importantes para mim.

Adoro todos os momentos que estamos juntos! Quando estamos assim, bem perto, eu consigo ver o seu rosto e olhar nos seus olhos. Preste atenção em mim porque eu também tenho muitas coisas para dizer a você. Ouvir a sua voz me lembra de quando eu estava na sua barriga. Adoro quando você fala comigo de forma amorosa e agradável.

É tão bom! Isso me acalma. E seu carinho? Hum, essa é a melhor parte.

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Hora de despertar

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Gosto de ver a luz do dia, de ouvir a sua voz e outros sons, mas prefiro acordar devagar. Fale comigo com carinho e olhe para mim com um sorriso. É a melhor forma de acordar.

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DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Deixe que eu fique um pouco no berço. Posso gostar de ficar brincando. Você pode conversar comigo e curtir esse momento também.

Vamos criar uma rotina só nossa para esse momento de acordar? Você pode conversar comigo, cantar uma música para nós. E ficarmos um pouco juntos. Que tal?

Hora de alimentar

Hora da amamentação

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Vamos procurar um lugar confortável para a gente se acomodar. Peça orientação a respeito de posições confortáveis e seguras para me amamentar. Juntar nossas barrigas é uma delas, mas existem outras maneiras.

Dê uma ajuda para que eu possa pegar o círculo maior e mais escuro do seio, isso me ajuda a tirar mais leite e mamar tranquilamente.

IMPORTANTE Consulte a Caderneta da Criança que oferece todas as informações sobre a importância da amamentação e a alimentação complementar saudável.

DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Se eu não conseguir sozinho, me ensine a fazer a boca de peixe, pois isso me ajudará a mamar.

> Evite na hora da amamentação ficar deitada para não provocar engasgos, o leite não escorrer para a orelha ou mesmo me sufocar.

> Mas se eu não mamar no peito, essas dicas também valem. Um copo pode ser atraente para estimulação da minha língua e dos lábios ou posso precisar utilizar outros objetos para ajudar na minha alimentação. Peça orientação do profissional que cuida de mim.

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Outros alimentos

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Sente na minha frente e na mesma altura. Será bom eu ver o seu rosto, os seus olhos e o alimento que irei receber.

Procure me deixar bem posicionado. Minha cadeira precisa ser segura e confortável. Eu preciso estar sentado com as costas bem apoiadas na cadeira e com um encosto atrás da minha cabeça. Isso ajuda a evitar que eu me engasgue.

Quando não consigo controlar o movimento do pescoço, de vez em quando baixo minha cabeça, isso faz com que fique muito difícil engolir. Às vezes, a comida cai da minha boca. Por isso, você precisa me ajudar a deixar meu pescoço reto. Se precisar use fraldas ou faixa de posicionamento. Esse momento da alimentação é importante para nós.

Movimente lentamente o copo ou a colher para que eu possa fixar meus olhos nos objetos e acompanhar o seu movimento. Assim você me ajuda a estimular minha visão e também a aumentar o tempo que consigo ficar atento.

Segure o alimento na frente dos meus olhos e me incentive a pegar a comida. Isso me ajudará a desenvolver o controle dos meus movimentos.

Ajude-me a levar os alimentos para minha boca com minhas próprias mãos. Vai ser muito bom experimentar e sentir a textura deles.

Lembre-se que minha colher deve ser rasa e firme. Eu prefiro aquelas de plástico.

Toque do lado da minha boca com o dedo quando eu me distrair, isso vai despertar novamente o meu interesse em buscar o alimento na direção da minha boca.

Fale dos alimentos para mim. Vai me ajudar a aprender novas palavras e fazer associação da cor, tamanho, forma, gosto e o nome deles.

Se eu não quiser comer, me ajude. Cante, me distraia um pouco e depois insista. Tente novamente. Esse é um dos momentos de grande desafio para toda a nossa família.

IMPORTANTE Fiquem atentos. Pode ser que eu precise de um tempo maior para engolir antes de me oferecer mais líquido. Pode ser também que meu pescoço não esteja reto (pode estar para trás ou para o lado). Isso faz com que eu tenha tosse ou me engasgue. Procure orientação com um profissional de saúde para saber se é necessário engrossar os meus alimentos líquidos. Isso também pode ajudar a evitar as tosses ou os engasgos.

Se eu continuar tossindo, engasgando ou estiver vomitando, peça orientação e ajuda ao profissional da unidade de saúde mais próxima da nossa casa. E, se eu der sinais de desconforto e irritação, durante a alimentação, comunique ao profissional. Ele poderá avaliar a necessidade de encaminhar para outro serviço.

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Hora de tomar banho

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Deixe o local agradável para mim, sem uma corrente de ar frio que me cause desconforto. É importante que sua posição também esteja confortável.

Para nunca me deixar sozinho separe logo todo material que vai precisar. A água deve estar numa temperatura confortável: nem muito quente, nem muito fria, pois minha pele é sensível. Você pode testar a temperatura da água com o seu cotovelo ou dorso da mão.

A hora de me segurar para o banho é importante. Segure meu corpo com firmeza, pois eu ainda sou pequeno e posso me sentir inseguro. Lembre que a minha postura durante o banho deve estar de acordo com o que eu consigo fazer.

Se eu ainda tenho dificuldade para sustentar meu pescoço é melhor que eu fique no banho de barriga para cima e você apoie minha cabeça.

Se possível use um tapete antiderrapante para evitar que eu escorregue.

IMPORTANTE A hora do banho pode ser aproveitada também como um momento de brincadeira, de diversão e de estimulação do desenvolvimento. Mas antes de dormir preciso de um banho bem tranquilo, que me ajude a relaxar, sem muita brincadeira.

DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Lembre que adoro ouvir sua voz, ver seu rosto e o seu sorriso também durante o banho. Isso é importante para construir nosso apego e nossa intimidade.

A hora do banho é um bom momento para você me ajudar a alongar meus dedos, braços e pernas, principalmente se eu tiver alguma limitação nos meus membros superiores ou inferiores.

Ajude a mexer meus dedos, braços, pernas e pés para fazer com que fiquem mais fortalecidos.

Diga o nome das partes do meu corpo quando estiver tocando em cada uma delas. Isso vai me ajudar a aprender os nomes e a me estimular a falar.

Fale comigo e diga o nome do que iremos usar e fazer (água, sabonete, molhar, enxaguar). Avise quando o banho acabar. Isso me ajuda a tornar esse momento mais familiar, a desenvolver a linguagem e a chamar minha atenção para o que está sendo feito.

Estimule a minha visão, audição e fala, mantendo os objetos dentro do campo que meus olhos alcançam. Você também pode me estimular a pegar cada um deles. Tenha cuidado com os objetos pequenos para que eu não os coloque na boca.

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Hora de trocar fraldas

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Você sabia que esse é mais um momento muito rico para você aproveitar e estimular a minha coordenação motora?

Coloque meu corpo deitado de barriga para cima e se certifique de que estou seguro e protegido. Caso eu demonstre dor ou desconforto com esta posição, você pode me colocar de lado e trocar minha fralda assim mesmo, está bom?

É importante que você também esteja confortável.

Antes de começar a trocar minha fralda, separe todo o material que vai utilizar para que não precise me deixar sozinho.

IMPORTANTE Se eu não conseguir ou sentir desconforto durante a movimentação das pernas na troca de fraldas, peça a orientação do profissional da unidade de saúde perto de você, ele vai saber ajudar a gente.

DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Não se esqueça de ficar de frente para mim, assim você pode perceber se eu tiver algum desconforto e me ajudar, se for necessário!

Lembre de me dizer o que vamos fazer. Aos poucos vou aprendendo a me comunicar com você. Quero ouvir muitas vezes você dizendo o meu nome e me chamando para trocar a fralda.

Aproveite este momento e me ajude a rolar! Troque minha posição. De barriga para cima me ajude a rolar para um lado e para o outro e depois volte para a posição inicial.

Diga o nome dos materiais que vai usar, fale da minha fralda suja, da minha fralda limpa. Adoro ouvir sua voz!

Coloque a fralda sobre o meu corpo, vou gostar de sentir e de tocá-la enquanto você troca a fralda.

Tire suavemente a fralda suja. Movimentos rápidos e fortes podem me machucar e provocar golfadas.

Leve meus pés até o seu corpo. Vou gostar de tocar você, reconhecer o seu corpo através do brincar com meus pés.

Também adoro tocar no seu rosto.

Converse comigo. Essa conversa, além de me ajudar a lhe amar cada vez mais, ainda me ajuda a começar a desenvolver a comunicação e a linguagem.

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Hora de vestir

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Esse momento é muito precioso e pode me ajudar a desenvolver a coordenação motora e a minha inteligência. Assim eu me sinto mais seguro e independente quando consigo ajudar ou me trocar sozinho.

Separe antes todo o material que vai precisar para não me deixar só.

DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Use tecidos diferentes para tocar com delicadeza minha pele. Adoro sentir diferentes texturas.

Tire a minha roupa conversando comigo e me ensinando. Antes de aprender a me vestir, eu aprendo a me despir.

Tirar os sapatos, puxar a meia, baixar a calça.

Lembre de proteger as minhas articulações. Se eu estiver com os músculos rígidos é importante me ajudar a dobrar meus braços e pernas com cuidado para não me machucar.

Ajude também a desenvolver minha linguagem. Você pode me ajudar dizendo o nome das peças de roupa: camisa, calça, meia, sapato.

Ensine para mim as cores e quais são as roupas de sair, de ficar em casa, as quentes, as frias, as de dormir.

Lembre de me ensinar sobre a sequência das peças. Não dá para colocar a calça antes da cueca ou calcinha, não é mesmo?

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Hora de brincar

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Escolha um ambiente tranquilo e seguro (sem objetos que possam me machucar ou que eu possa engolir) para a gente curtir esse momento juntos.

Coloque-me em uma posição segura e confortável. De preferência onde eu possa olhar para você. Gosto muito de ver seu rosto.

Pode me colocar de barriga para cima e, em outros momentos, com minha barriga para baixo. Essa posição de barriga para baixo me ajuda a fortalecer os músculos do pescoço.

Desligue a televisão ou baixe o som enquanto estivermos brincando, pois gosto de escutar sua voz, o som dos brinquedos e das nossas brincadeiras.

DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Fale comigo num tom de voz carinhoso. Dê uma ajuda para que eu consiga explorar o ambiente aprendendo mais sobre as pessoas e o meu mundo durante as brincadeiras. Isso me faz sentir seguro.

Estimule meus sentidos para que eu possa ver, ouvir, sentir e me mover livremente. Mova as coisas coloridas e com diferentes sons para despertar meu interesse e meu desejo de pegar. Copos, panelas, colheres e outros utensílios domésticos limpos podem ser parte das brincadeiras.

Imite os meus gritos e risos. Eu também gosto de imitar você, sua voz e seus gestos. Converse sempre comigo. Assim também vou aprender a falar. Sempre me dê os objetos dizendo o nome.

Estimule outras pessoas a se aproximar e a brincar comigo. Além de me divertir, as brincadeiras ajudam na minha socialização.

Utilize um objeto ou brinquedo de cada vez. Se eu estiver chorando é porque estou cansado ou sem vontade de brincar. Melhor deixar a brincadeira para outro momento.

Repetir as mesmas brincadeiras me diverte e me deixa cada vez mais seguro e confiante.

Deixe que eu explore os objetos, batendo, deixando cair, colocando as peças dentro e fora dos recipientes. Quando faço isso, estou crescendo, me desenvolvendo e aprendendo sobre o mundo. Entra nessa brincadeira e vem curtir comigo!

Quero descobrir meu corpo. Me ajude a brincar com meus dedos das mãos e dos pés, a minha cabeça, barriga.

Eu aprendo com músicas e estórias. Vamos curtir juntos?

IMPORTANTE Procure a equipe de profissionais que cuida de mim. Eles podem dar boas dicas para a gente usar os melhores objetos em nossas brincadeiras.

Cuide para que os meus brinquedos estejam sempre limpos e seguros.

Nunca, nunca esqueça que gosto muito do seu toque carinhoso, do som da sua voz e do seu sorriso. Eles podem sempre estar presentes em nossas brincadeiras. Isso me faz muito feliz.

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Hora de dormir

ORGANIZANDO O AMBIENTE

Esse também é um momento muito rico. Você pode me ajudar a relaxar para ter uma noite de sono tranquila. Um ambiente tranquilo, com pouca luz e bem ventilado é o ideal para eu dormir.

DICAS PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO

Criar uma rotina para esse momento também é importante para mim. Por exemplo, perto do horário que eu gosto de dormir você pode me dar um banho morno, bem gostoso. Dar minha comida e me colocar em seu colo para eu relaxar e adormecer. Se isso acontecer na nossa casa, vai me ajudar a entender que chegou a hora de dormir.

Fazer massagem em mim pode me ajudar a relaxar e a perceber as partes do meu corpo. E isso ainda fortalece a nossa relação.

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Lembre que seu colo é um lugar muito aconchegante.

Você pode ajudar a despertar meu interesse por músicas e estórias, se cantar para eu dormir e me contar estórias.

Adoro ouvir você cantar cantigas de roda.

Consulte a caderneta da criança para saber quais as posições que devo dormir. Talvez eu necessite de um apoio para me acomodar melhor.

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Estimulando o desenvolvimento A estimulação do desenvolvimento de áreas específicas (visão, audição, cognitiva e motora) fortalece o desenvolvimento da coordenação motora, da atenção, da memória, da imaginação, da comunicação e da linguagem. Na hora da rotina, você recebeu várias dicas de estimulação do desenvolvimento da criança. Nessas atividades diárias você pode fazer a estimulação visual quando mostra um objeto para ela; a estimulação auditiva e de linguagem, quando você conversa com sua criança; a estimulação motora, quando você leva a criança a pegar algum objeto. É um momento muito rico de aprendizado e de fortalecimento de vínculo da criança com os membros da família.

As estimulações visuais, auditivas e motoras realizadas durante as atividades contribuirão para que os sentidos trabalhem juntos para superar limitações de áreas específicas e favorecer a realização da estimulação do desenvolvimento integrado. Aproveite suas experiências no dia a dia.

Um programa de apoio ao desenvolvimento no domicílio pode ser apresentado pela equipe multiprofissional e fazer parte do acompanhamento da criança. Para apoiar a estimulação do desenvolvimento nas atividades é muito importante que você fale do que a criança gosta, como vocês se comunicam, por exemplo. Juntos, organizem essas atividades no dia a dia, em casa ou na escola. Agora vamos ver como podemos usar algumas atividades para realizar essa estimulação.

Agora que já conversamos sobre as atividades de rotina, vamos conversar com a equipe multiprofissional que me acompanha na estimulação do meu desenvolvimento em casa e na escola?

A partir de agora serão esses profissionais que falarão com você.

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Estimulação visual

Em casos de deficiência visual, as atividades de apoio para a reabilitação precisam envolver cores contrastantes e vibrantes, brilho e iluminação. Um kit de objetos e brinquedos de reabilitação visual pode ser construído com materiais simples e baratos, mas que tenham cores fortes, tais como: lanterna, bolas e copos coloridos, placas e móbiles podem fazer parte das brincadeiras. Esses objetos devem ser disponibilizados para que a criança explore o campo visual e com as mãos toque e movimente os objetos, mas sempre com a supervisão de um adulto, a fim de evitar acidentes.

O melhor momento para realizar atividades visuais de apoio ao desenvolvimento, seja em casa ou na escola, é quando a criança estiver esperta e tranquila. É a hora que vocês têm prazer em brincar. É sempre importante que ela esteja devidamente posicionada contra a fonte de luz do ambiente – seja luz natural (porta, janela) ou artificial (lâmpada). Algumas crianças têm sensibilidade à claridade e enxergam melhor na penumbra ou com pouca luz no ambiente. Outras precisam utilizar óculos com filtros especiais.

O modo como você vai posicionar a criança depende muito do estágio de desenvolvimento motor apresentado. Ela poderá ficar em posições variadas para ser estimulada: sentada com apoio, barriga para baixo ou para cima, posição de engatinhar, ajoelhada, ou até mesmo em pé . Alguns recursos de apoio ao posicionamento podem ser utilizados, tais como: tapete emborrachado, rolos e calças de posicionamento, entre outros.

Quando a criança tem deficiência visual severa, as atividades que apoiam e favorecem o desenvolvimento precisam ser realizadas em ambiente pouco iluminado e muito tranquilo, para que os sons não dispersem o foco de atividade da criança. O ideal é sempre apresentar um objeto de cada vez.

Pode ser necessário utilizar a lanterna para iluminar os objetos que estão servindo de estímulo (por exemplo, colocar a lanterna dentro de um copo plástico colorido). Mas atenção, não aponte a lanterna diretamente para os olhos da criança. Deve-se evitar também luzes que piscam (pisca-pisca).

Um fundo preto pode ser utilizado durante a apresentação do estímulo à criança para aumentar o contraste e diminuir a distração. Também para dar mais contraste, o brinquedo colorido que será utilizado deve ser colocado em cima de um pano liso. Pode ser necessário o uso de objetos maiores.

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Comece sempre apresentando de perto objetos de alto contraste. Aos poucos apresente à criança outros objetos menores.

Algumas crianças precisarão usar óculos especiais (ou outros recursos) para melhorar a visão. Lembre sempre de colocar os óculos durante as atividades de reabilitação visual – tanto nas atividades realizadas com os profissionais como nas atividades realizadas no dia a dia da casa.

Na medida em que a criança perceber o objeto, aumente a luz no ambiente até chegar à luz natural.

Durante a estimulação visual é importante ficar atento às respostas visuais da criança e ao seu tempo de resposta diante dos estímulos oferecidos. Lembre que é bom oferecer apenas um estímulo por vez.

Atenção! A estimulação visual pode se tornar cansativa para crianças quando realizada por longos períodos.

Fiquem atentos às pistas de cansaço.

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Estimulação auditiva e de linguagem A estimulação da audição começa com a sua conversa com a criança. Pode também ser realizada através de sons diferentes, com instrumentos musicais diversos ou com sons oriundos de objetos comuns, como um bater com a colher no lado do prato antes de alimentar a criança, tocar suavemente o copo sobre a mesa antes de oferecer a bebida, falar com a criança contando o que você pretende fazer quando está realizando alguma atividade com ela.

Durante todo o tempo de interação valorize as atividades que estimulam a audição: conversas, sons de sorrisos, sons produzidos por beijos, estalos de língua, besouros e produção de sílabas.

A estimulação da linguagem pode começar com vogais prolongadas: aaaaa, sílabas repetidas como papa, mama, baba, até chegar a palavras isoladas: vem, toma, sim, água, dá, tchau.

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Use sempre frases curtas para comunicar para a criança algo que você está prestes a fazer: “Vamos mudar a sua fralda”, “Vamos tomar banho”, “Vamos almoçar” .

Fale as palavras da forma correta. Evite infantilizá-las (cadeirinha - cadeira, dedeira – mamadeira, etc).

Para ajudar nas brincadeiras de apoio ao desenvolvimento, podem ser confeccionados chocalhos com garrafas pet, utilizando dentro delas, para produzir diferentes sons, sementes de feijão, milho, arroz e farinha. Mas tenha cuidado, mantenha as garrafas bem fechadas para evitar a saída de sementes e provocar acidentes com a criança. Tambores podem ser confeccionados com lata de leite e castanhola com tampas de garrafa pet. As latas devem ser cobertas para evitar cortes, ferrugens ou acúmulos de sujeira.

Músicas, estórias, cantigas e imitação de animais também ajuda muito no desenvolvimento da audição e da fala.

Brinque com sons vindos de diferentes direções (em cima, embaixo, de um lado e do outro) para que a criança aprenda a buscar a fonte sonora e se posicionar em direção ao som. Tenha cuidado com o volume do som e na distância de cada orelha. Não esqueça de esperar a resposta de cada criança para realizar em seguida um novo tipo de som.

No momento da atividade evite mostrar o objeto sonoro ou brinquedo para a criança. Após a realização da estimulação da memória auditiva, apresente o objeto que produziu o som e brinque com a criança.

Desligue ou diminua o som da televisão, rádio e outros sons para não distrair a criança.

Estimulação motora Assim como na estimulação do desenvolvimento da visão, da audição e da linguagem, na estimulação do desenvolvimento motor da criança a construção do afeto com sua família é importante.

O controle dos movimentos se dá primeiro fixando os olhos na face humana, controlando o pescoço, depois as mãos, o tronco, sentando, engatinhando, andando...

Para estimular o controle do pescoço, coloque a criança de barriga para baixo na sua coxa quando você estiver sentada ou no chão, no tapete emborrachado ou deitada em cima da sua barriga.

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Utilize um brinquedo na frente da criança ou fale com ela para chamar sua atenção ou para que tente olhar seu rosto. Ela irá levantar a cabeça, assim você pode estimular a criança a controlar o pescoço.

O rolar ou virar o corpo também é importante. Coloque a criança em um tapete (ou outra superfície dura). Incentive a criança a pegar um brinquedo ou objeto em movimento.

A criança pode necessitar de ajuda para concluir o movimento, mas deixe primeiro que ela tente sozinha.

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Por volta do 4º a 5º mês de vida ajude o bebê a descobrir os pés. É importante estimular essa descoberta e incentivar as brincadeiras com os pés durante a troca de fraldas.

Por volta do 6º mês vamos começar a estimular o sentar.

Posicione a criança sentada sozinha, com apoio das mãos ou no canto do sofá. Ofereça brinquedos na frente do seu bebê, faça com que ele solte uma das mãos para buscar e explorar o objeto. Se quiser acompanhar as expectativas de desenvolvimento de crianças veja a Tabela de Marcos do Desenvolvimento na Caderneta da Criança.

Para estimular a criança a engatinhar, coloque o corpo dela de barriga para baixo sobre uma superfície rígida e limpa, com os braços esticados e as pernas dobradas. Pode colocar um travesseiro ou rolo debaixo da barriga para dar um pouco de apoio. Coloque um brinquedo na frente dele e chame sua atenção estimulando movimentos para alcançar o objeto.

Incentivar a criança a ficar em pé também é importante para o desenvolvimento. Inicialmente ela ficará em pé com apoio das mãos. É necessário que as pernas estejam alinhadas e os pés bem posicionados no chão. A criança pode ser incentivada a adotar essa postura quando você oferecer algum brinquedo sobre uma mesa ou banco. Quando já estiver mais segura nesta postura, apresente brinquedos maiores a fim de que ela tente liberar uma das mãos do apoio.

A criança também deve ser encorajada a caminhar. Primeiro na lateral, segurando em suas mãos para que dê alguns passos. Inicialmente ela irá andar com os braços para cima e as pernas mais abertas. Com o passar do tempo a marcha se tornará mais natural.

Alongamentos também são importantes. É preciso fazer de forma suave e de curta duração (10 a 30 segundos), dependendo do quanto a criança aguentar. Lembrando que quando ela se espreguiça já está alongando. Se a criança estiver na fisioterapia é importante que a família tire todas as dúvidas sobre o alongamento.

Você agora também pode anotar algumas dicas no quadro abaixo para mostrar à equipe multiprofissional e, juntos, elaborar o programa de estimulação ao desenvolvimento em casa e na escola.

Orientações às famílias e aos cuidadores de crianças com alterações no desenvolvimento36 Orientações às famílias e aos cuidadores de crianças com alterações no desenvolvimento36

Agora vamos anotar algumas dicas para você mostrar à equipe multiprofissional. Juntos façam a programação da estimulação do desenvolvimento em casa e na escola

PROGRAMANDO O APOIO AO DESENVOLVIMENTO

1. O que a criança mais gosta de fazer?

2. Como voce faz atividade que a criança gosta?

3. Como você chama a atenção da criança?

4. Como você percebe a reação da criança?

5. Que horas você gosta mais de fazer essa atividade?

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Hora da chegada à creche. Todos (família, criança e equipe de educação) precisam se sentir seguros e confortáveis com essa chegada. Isso pode levar um tempo, que precisa ser respeitado. A adaptação escolar é sempre um momento importante e delicado para qualquer criança, ainda mais se ela tem necessidades tão específicas.

A escola ou creche é sem dúvida um ambiente importante para o desenvolvimento contínuo da criança. A comunicação entre os profissionais que realizam o atendimento e o acompanhamento da família e da criança é fundamental. A família é um elo importante de conexão entre os profissionais de educação, saúde e assistência social. Vocês (família) podem ajudar os profissionais da educação infantil a tomar conhecimento das atividades de apoio ao desenvolvimento da criança realizadas nos serviços de saúde. A família e a criança ao ingressar na creche ou escola vão necessitar de um tempo para a adaptação. Por isso, devem ser consideradas suas características, necessidades e as rotinas do domicílio. A comunidade escolar envolvida também passa por esse processo de adaptação. Portanto, é importante que os professores e demais profissionais conheçam o perfil da criança, o jeito, as preferências e as principais dificuldades.

Todas as crianças têm direito ao acesso à educação de qualidade.

A escola e a estimulação do desenvolvimento

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Acompanhando o desenvolvimento Agora que você já conhece as orientações deste documento e vem realizando as atividades de estimulação no domicílio e na escola, vamos acompanhar o desenvolvimento da criança e das atividades de estimulação?

O acompanhamento do desenvolvimento pode ser realizado em várias situações: mediante a observação dos modos de interação com os membros da família, o registro dos progressos da criança, através de vídeos, durante as atividades de rotina e na estimulação do desenvolvimento.

Na próxima página você pode registrar suas experiências de estimulação no ambiente domiciliar. Os registros na ficha permitirão que a família e os profissionais envolvidos na promoção do desenvolvimento (saúde e educação) possam acompanhar o programa de estimulação e dar as orientações necessárias.

Se precisar de mais fichas converse com o serviço que acompanha a sua criança e leve sempre suas fichas de acompanhamento para a equipe multiprofissional. Combine como vocês farão essa programação de acompanhamento.

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DATA:

Coloque um X na alternativa que melhor descreve como você avalia as atividades que você desenvolve em casa com sua criança:

Muito boa Boa Regular Ruim Muito ruim Não sei

Em quais dessas atividades você realiza a estimulação?

Alimentação Banho/higiene Troca de fralda Vestir Brincar

Dormir/despertar Estimulação visual Estimulação auditiva Estimulação motora

Escreva as dificuldades que você encontra, especificando em que atividade.

Você tem conversado sobre as suas dificuldades com os profissionais de saúde? Sim Não Por que?

O que você acha que poderia ser diferente nas atividades de estimulação que você realiza em casa?

Que progressos você tem percebido no desenvolvimento da sua criança?

Campo do profissional de saúde: Que progressos você – terapeuta – tem percebido no desenvolvimento desta criança?

FICHA DE ACOMPANHAMENTO À ESTIMULAÇÃO NO DOMICÍLIO

Nome do profissional que acompanha a estimulação no domicílio:

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Para terminar...

Espera-se que essas orientações tenham contribuído de forma positiva na organização das rotinas diárias e na continuidade da estimulação da criança com alterações no desenvolvimento do ambiente domiciliar e escolar.

As crianças com alterações no desenvolvimento – seja por deficiência visual, auditiva, motora, intelectual ou múltiplas deficiências, assim como qualquer outra criança, não são iguais. Na verdade, todos nós temos um potencial único em todas essas situações. O bem mais precioso que vocês podem proporcionar para ela é a alegria de viver na certeza de que é um ser amado. Demostre o quanto a sua criança é importante para você e sua família.

Use palavras positivas e de afeto. Os estímulos afetivos na primeira infância são básicos para que a criança desenvolva os sentimentos de amor, de compreensão e de solidariedade, essenciais para fortalecer os laços de convivência em sociedade. Uma relação harmoniosa e respeitosa é capaz de provocar mudanças muito profundas, fazendo surgir os melhores sentimentos.

Por isso, não tenham medo de dizer quantas vezes quiserem “eu te amo” e de valorizar cada pequena conquista. Principalmente, não temam acreditar nas suas potencialidades. Invistam, conversem com elas. Será uma experiência surpreendente. Na certeza de que estarão ensinando, vocês descobrirão que têm muito a aprender com elas também.

“Amar é descobrir que a deficiência do próximo faz parte do perfeito mosaico do humano”

Douglas Américo

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