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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UM OLHAR FOTOGRÁFICO SOBRE O ESPAÇO RURAL E O ESPAÇO URBANO DE NOVO ITACOLOMI-PR
IEDA, Cristina de Oliveira¹ TOMITA, Luzia Mitiko S.²
RESUMO O presente artigo faz referência ao estudo sobre a utilização da fotografia como recurso didático nas aulas de geografia. O desenvolvimento de todo o processo teve como objetivo possibilitar um estudo da paisagem rural e urbana do município de Novo Itacolomi-PR através da fotografia como forma de despertar no aluno o gosto e o interesse pelo ensino de geografia. O estudo foi realizado no Colégio Estadual Tomé de Souza Ensino Fundamental e Médio, jurisdicionado ao Núcleo Regional da Educação: 001- Apucarana – Paraná, localizado na Rua Joaquim Sabino Dias, nº. 1221, na cidade de Novo Itacolomi – Paraná. A turma escolhida para desenvolver as atividades foi o 8º ano “B” do Ensino Fundamental por possui alunos tanto da zona urbana quanto da zona rural. O estudo desenvolveu-se pautado em análises de textos, observação de fotos antigas, ensaio fotográfico, confecção de álbum sanfonado e exposição fotográfica. Como apoio a implantação desse projeto incluiu-se consultas bibliográficas de autores como Cavalcanti, Delgado, Passos, Pontuschka, Santos, Stefanello, Santana, dentre outros, respaldando teoricamente todo o desenvolvimento da pesquisa e da implementação da proposta. Os resultados apresentados foram positivos, mostraram que as imagens exercem certo fascínio nos seres humanos, encantam os olhos e estimulam as mentes, oferecendo uma diversidade de formas para melhor assimilar os conhecimentos. O uso de imagens fotográficas em sala de aula amplia as possibilidades de discussão sobre o assunto estudado e ainda torna as aulas mais dinâmicas e atrativas aos alunos propiciando maior participação dos mesmos, no processo ensino-aprendizagem. Palavra-chave: Paisagem, Fotografia e Geografia. ABSTRACT This article makes reference to the study on the use of photography as a teaching resource in geography lessons. The development of the process aimed at enabling a study of rural and urban landscape of the city of New Itacolomi-PR through photography as a way to awaken the student's taste and interest in geography education. The study was conducted in the State College Tomé de Souza Elementary and Secondary Education, jurisdicionado the Regional Center of Education: 001- Apucarana - Paraná, located at Rua Joaquim Dias Sabino, no. 1221, in the city of New Itacolomi - Paraná. The class chosen to develop activities was the 8th grade "B" for the elementary school has students from both the urban area as the countryside. The study was developed guided by analysis of texts, watching old photos, photo essay, making accordion album and photo exhibition. _________________ ¹professsora da disciplina de Geografia da Secretaria da Educação do Estado do Paraná – [email protected] ²professora do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina – [email protected]
How to support the implementation of this project was included bibliographic queries from authors such as Cavalcanti, Delgado, Steps, Pontuschka, Santos, Stefanello, Santana, among others, theoretically endorsing all the research development and implementation of the proposal. The presented results were positive, the images showed that exercise certain fascination in humans, delight the eye and stimulate the mind, offering a variety of ways to better assimilate the knowledge. The use of photographic images in the classroom expands the possibilities for discussion on the subject studied and still makes the most dynamic and attractive to students enabling their greater involvement in the teaching-learning process classes. Keyword: Landscape, Photography and Geography. 1. INTRODUÇÃO
A produção do artigo em questão tem como objetivo relatar o
desenvolvimento do projeto de implementação pedagógica do PDE, cujo título se
define como “um olhar fotográfico sobre o espaço rural e o espaço urbano de Novo
Itacolomi-PR", aplicado ao 8º ano “B” do Ensino Fundamental no Colégio Estadual
Tomé de Souza Ensino Fundamental e Médio, localizado na cidade de Novo
Itacolomi – Paraná.
A realização desse estudo consistiu na busca de respostas que de alguma
forma apontasse soluções para as distorções encontradas na relação
ensino/aprendizagem na disciplina de geografia. Especificamente desenvolveu-se
em sala de aula um trabalho de resgate do interesse do aluno pelo ensino de
geografia, através do estudo da paisagem rural e urbana local, utilizando a
fotografia. A pesquisa se processou a partir da investigação dos fatores que
contribuíram para a formação desse quadro de desinteresse e quais as
responsabilidades e contribuições dos professores relacionadas a esta situação. Ao
mesmo tempo, se buscou entender até que ponto o ensino de geografia é
considerado importante pela sociedade.
Proporcionar motivação para a aprendizagem escolar no ensino de geografia
tem se tornado um desafio diante da grande quantidade de recursos audiovisuais e
tecnológicos disponibilizados atualmente. É importante recorrer ao uso de todas as
ferramentas que dispuser para conquistar o interesse dos alunos, para a realização
de um processo de ensino e aprendizagem que se efetive na prática.
Considerando que o conhecimento geográfico está presente no cotidiano de
todos os indivíduos, é de fundamental importância que se tenha em mente conceitos
geográficos que auxiliem na análise e compreensão do espaço geográfico. Assim
sendo durante o desenvolvimento desse trabalho foi abordado o conceito de
paisagem, que é definida por Santos como:
Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc. (SANTOS, 1988, p.21).
Muitos alunos reconhecem a paisagem nacional ou até mesmo a mundial,
pois tem contato com as mesmas através de imagens apresentadas em jornais,
revistas, na televisão, etc. Porém desconhecem a paisagem local por falta de
informação, pois pouco se produz sobre esse conceito a nível local, principalmente
nos pequenos municípios. Diante desse problema foi preciso mediar essa
aprendizagem, proporcionando aos alunos observações, análises e reflexões sobre
a paisagem em que vivem e também a comparando as outras paisagens.
Para o reconhecimento da paisagem local e garantia de que os conteúdos a
serem vinculados à noção de paisagem fossem produzidos, fez-se uso da fotografia
tendo em vista que quase a totalidade dos alunos possuía aparelhos celulares ou
câmeras fotográficas. Assim produziu-se uma diversidade de imagens de todo o
espaço territorial do município, propiciando um estudo detalhado sobre o mesmo.
Passos (2004) estudioso da arte de fotografar, aposta no uso da iconografia
como instrumento de análise da paisagem e comenta:
A generalização e o uso utilitário da fotografia, ao longo dos anos, uma ferramenta de registro e de restituição das paisagens, A fotografia de paisagem é um ato e presença no mundo. Ela é por si mesma, um dispositivo de expressão. (PASSOS, 2004, p.193-2011).
Palavras não fortalecem a assimilação de conteúdos tanto quanto uma
imagem fotográfica. A partir do momento em que os alunos iniciaram o
armazenamento das imagens e sua análise conjuntamente com seus pares, se
sentiram entusiasmados pela apreensão dos conteúdos de geografia, passando a
vislumbrar a possibilitando de ampliar a compreensão, a reflexão e a socialização do
conhecimento de forma mais concreta.
As ações propostas foram realizadas seguindo o planejamento estabelecido
na Produção Didático Pedagógica, iniciando com o estudo de textos, prosseguindo
com a coleta e análise de fotografias antigas, os ensaios fotográficos, a produção
dos álbuns temáticos, dos slides e finalizando com uma exposição fotográfica aberta
a toda a comunidade.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
A palavra geografia vem do grego geographía: “geo” = terra, “grafia” =
descrição. Segundo o dicionário Aurélio é a “Ciência que tem por objetivo a
descrição da superfície da Terra, o estudo de seus acidentes físicos, climas, solos e
vegetações e das relações entre o meio natural e os grupos humanos”.
O conhecimento geográfico é tão antigo quanto à existência dos seres
humanos, pois fez parte de suas estratégias de sobrevivência desde as primeiras
formas de organização social que surgiram (caçadores e coletores). No entanto a
geografia, como ciência organizada e institucionalizada, é recente, apareceu na
segunda metade do século XIX com o surgimento das escolas nacionais de
pensamento geográfico, como a alemã de cunho determinista que teve como
precursores: Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friederich Ratzel e a francesa de
cunho possibilista representada por Vidal de La Blache.
A institucionalização da geografia no Brasil firmou-se a partir de 1.930, com
o propósito de desenvolver pesquisas na busca da compreensão e descrição do
território brasileiro para atender aos interesses políticos do estado, na perspectiva do
nacionalismo econômico. Dessa forma o conhecimento geográfico foi abordado nas
escolas brasileiras até os anos de 1950-1960.
Após a Segunda Guerra Mundial a Geografia Tradicional já não
demonstrava capacidade para explicar o complexo contexto mundial vigente. Na
metade do século XX, diante da crise da geografia desenvolveu-se um pensamento
crítico, ampliando suas possibilidades de desenvolvimento na busca de novos
modelos que pudesse explicar as inúmeras transformações de ordem social e
econômica que mudaram a estrutura social, política e econômica mundial.
No Brasil o golpe militar de 1964 causou mudanças significativas na
educação, na organização do currículo e consequentemente no ensino de geografia
atrasando o advento das abordagens teórico-conceituais críticas na escola. A Lei nº.
5692/71 promulgada durante o regime militar instituiu a disciplina de estudos sociais,
disciplina esta que não garantia a inter-relação entre os conteúdos de geografia e
história, tornando-as meramente ilustrativas e superficiais. A disciplina de geografia
perdeu seu foco de estudo neste período, não passando de um simples exercício de
decorar e repetir nomes e siglas.
Com o fim do regime militar, a renovação do pensamento geográfico chega
com força ao Brasil, a chamada Geografia Crítica. E tem início um movimento
reivindicando o desmembramento da disciplina de estudos sociais e o retorno da
Geografia e da História que só ocorreria em1986 pela resolução nº. 06 do Conselho
Federal de Educação.
Em 1996 é aprovada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBN nº. 9394/96), elaborado os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino Médio, aprovadas em 1998. E a
Geografia passa a ser vista como disciplina que se dedica a trabalhar economia e
fazer política militante, deixando de lado mais uma vez seu verdadeiro papel de
estudar o mundo e seu emaranhado de relações.
Foram longos anos de silêncio, de abandono, de negação da verdadeira
essência da disciplina de geografia no currículo escolar, muitos indivíduos passaram
pela escola sem se dar conta de seu papel na sociedade, como afirma Pontuschka e
et al:
Mudanças no currículo e na grade curricular, como a criação de Estudos Sociais e Educação Moral e Cívica, contribuíram para causar danos à formação de toda uma geração de estudantes. A legislação, imposta de forma autoritária, tinha mesmo a intenção de transformar a Geografia e a Historia em disciplinas inexpressivas no interior do currículo e, ao mesmo tempo, fragmentar mais ainda os respectivos conhecimentos. (PONTUSCHKA; PAGANELLI e CACETE, 2009, p.59-60)
Entre avanços e retrocessos à disciplina de geografia vai se solidificando, se
fazendo indispensável. Com a implantação das novas Diretrizes Curriculares, que
traz como objeto de estudo o espaço geográfico, “entendido como o espaço
produzido e apropriado pela sociedade” (LEFEBVE, 1974 apud DCEs,2008,p.51),
“composto pela inter-relação entre sistemas de objetos-naturais, culturais e técnicos
- e sistemas de ações - relações sociais, culturais, políticas e econômicas”
(SANTOS, 1996 apud DCEs,2008,p.51). Estabelece-se novamente uma conexão
entre homem e conhecimento geográfico exigindo novas posturas por parte dos
professores.
Diante das transformações ocorridas na educação, particularmente na
disciplina de geografia, é imprescindível que o professor conduza seu aluno a
perceber-se como indivíduo integrante do espaço onde vive, dotado de poderes de
construção, transformação, conservação e também destruição. Como aponta
Vesentini:
Mais do que nunca é hoje uma necessidade imperiosa conhecer de
forma inteligente (não decorando informações e sim compreendendo processos, as dinâmicas, as potenciais mudanças, as possibilidades de intervenção) o mundo em que vivemos, desde a escala local até a nacional e a mundial. E isso, afinal de contas, é ensino de geografia. (VESENTINI, 1996, p.12)
Durante todo o período em que a disciplina de geografia permaneceu fora do
cumprimento de sua função social, atuando ora como momento de repetir palavras
decoradas, ora como arma a serviço do estado, perdeu seu espaço dentro da sala
de aula, passou a ser vista pelos alunos como matéria sem importância. É de
extrema urgência resgatar o interesse dos alunos pelas aulas de geografia, faz-se
necessário promover um ensino mais dinâmico que de conta de desenvolver a
capacidade de observação e criticidade dos mesmos. Como afirma Cavalcanti:
O ensino é um processo dinâmico que envolve três elementos
fundamentais: o aluno, o professor e a matéria. Os três elementos estão interligados, são ativos e participativos, sendo que a ação de um deles influencia a ação dos outros. O aluno é sujeito ativo que entra no processo de ensino e de aprendizagem com sua “bagagem” intelectual, afetiva e social, e é com essa bagagem que ele conta para seguir seu processo de construção; o professor, também sujeito ativo no processo, tem o papel de mediar às relações do aluno com os objetos de conhecimento; a geografia escolar é considerada no processo como uma das mediações importantes dos alunos com a realidade. (CAVALCANTI, 2010, p.48)
Uma forma de trazer o aluno para sua realidade é procurar construir
juntamente com ele os conceitos básicos de geografia. Localizá-lo no espaço
construído e transformado pela sociedade da qual faz parte. Segundo Santos:
O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e
também contraditório, de sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da historia vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma maquina. (SANTOS, 2006.p.63)
Na busca para melhor trabalhar os conceitos de geografia vale a
disponibilidade, a dedicação e o esforço do professor em proporcionar situações
especiais para que a aprendizagem de fato aconteça. O aluno deve perceber a
aprendizagem como um desafio diário, um caminho cheio de obstáculos que ele tem
que vencer. Um dos conceitos da geografia que pode ser trabalhado é o estudo da
paisagem, que é definida por Santos como “Um conjunto de formas que, num dado
momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações entre
homem e natureza” (SANTOS,2006, p.66). Paisagem esta que pode ser urbana ou
rural, pois ambas se relacionam entre si e está presente no cotidiano de todos.
Direcionar o olhar do aluno para o seu meio o levará a levantar uma série de
questionamentos, que provocará uma ampla reflexão a cerca de seus
conhecimentos sobre o seu entorno, e o fará se posicionar frente aos problemas
locais, nacionais e também mundiais. Conforme relata (PONTUSCHKA e et al, 2009,
p.173). “O processo de descoberta diante de um meio qualquer, seja urbano, seja
rural, pode aguçar a reflexão do aluno para produzir conhecimentos que não estão
nos livros didáticos”.
Stefanello (2009, p.119) afirma que tirar o aluno de sua rotina de estudos,
estimula a criatividade e o raciocínio. Uma forma muito interessante de quebrar essa
rotina e a utilização da fotografia como recurso didático nas aulas de geografia, para
trabalhar o conceito de paisagem. A fotografia é muito importante no estudo da
paisagem, no sentido em que auxilia o aluno na compreensão do meio em que vive
e possibilita refletir sobre as transformações sofridas neste espaço. Como relata
Passos (2004, p.180) “as fotos são reveladoras de como a estrutura socioeconômica
atuou e atua sobre a estrutura geoecológica para construir a paisagem atual”.
O ser humano está sempre olhando tudo o que se encontra a sua volta,
assim sendo é função do professor de geografia treinar o olhar de seu aluno, para
que ele possa de maneira crítica observar e interpretar as transformações ocorridas
na paisagem, e analisar as causas e as consequência da participação do homem
neste processo.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente como
um dos mestres da fotografia documental contemporânea, em recente entrevista a
revista National Geographic, afirmou que “a fotografia é, possivelmente, a linguagem
mais acessível e universal que possa existir.” A fotografia por si só conta a história
não necessitando de tradução nem de leitura complementar.
A fotografia, recurso fácil de ser obtido e manuseado apresenta-se como
importante instrumento para compreensão da geografia local do município de Novo
Itacolomi-PR, tendo em vista a dificuldade de localizar material de pesquisa a esse
respeito. A comparação entre fotografias antigas e fotografias atuais traz a tona
discussões importantes a respeito das transformações ocorridas na paisagem do
município e também na paisagem de outros lugares. Tanto a paisagem rural como a
urbana é rica em informações que possam elucidar uma infinidade de
questionamentos, como por exemplo: economia, transporte, educação, convívio
social, entre outros.
O uso da câmera fotográfica pode-se construir um objeto de estudo capaz
de transformar no aluno a forma de ver o mundo, através da descoberta de como a
paisagem foi se modificando até chegar aos dias atuais. E ainda estimular nele o
desejo de continuar fotografando cotidianamente para garantir que a observação da
transformação da paisagem seja feita no futuro com mais qualidade, por meio dos
recursos tecnológicos a serviço da humanidade.
Vale lembrar que a utilização da fotografia como recurso didático no ensino
de geografia, não substitui textos ou outros materiais que contenham informações
geográficas, e não devem ser tomadas como verdades absolutas de uma paisagem
em determinada época, pois cada fotografia é produzida de acordo com o ponto de
vista de quem a clicou, merecendo sempre discussão, especificamente sobre a
paisagem rural e urbana de Novo Itacolomi-PR.
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Sabe-se que o aluno atualmente, tem uma grande facilidade para produzir e
imprimir imagens e demonstra interesse por esta atividade. Aproveitando essa pré-
disposição dos mesmos é que se encaminhou esta pesquisa ação, envolvendo os
alunos do 8º”B” do Colégio Estadual Tomé de Souza do município de Novo
Itacolomi, Núcleo Regional de Educação de Apucarana, Paraná.
A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola seguiu
conforme as previsões previamente estabelecidas. Dentro da semana pedagógica,
realizou-se apresentação do projeto para a direção, a equipe administrativa, a
equipe pedagógica, aos professores e demais funcionários do colégio. Após o início
das aulas, foi preparado um pequeno coquetel para os alunos do 8º ano “B” durante
o qual ocorreu o lançamento oficial do Projeto; “Um Olhar Fotográfico Sobre o
Espaço Rural e o Espaço Urbano de Novo Itacolomi-PR”, quando foi explicado
passo a passo a execução do mesmo e qual o objetivo pretendido. A reação dos
alunos diante da exposição do trabalho a ser realizado foi excelente, demonstraram
interesse em participar.
O desenvolvimento das ações propostas no Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola contou com a participação de 28 alunos e foi distribuída em
sete momentos.
Ação I – Realizada a partir da aplicação do questionário de pesquisa, visando
investigar a relação dos alunos com o conhecimento geográfico e suas afinidades
com a disciplina de Geografia no contexto escolar, além de identificar seu nível de
inserção nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) relacionadas à
obtenção de fotografias, tais como câmeras digitais e celulares.
Essa ação foi executada rapidamente demonstrando o que já se esperava:
pouco interesse pela disciplina de geografia, porém, uma surpresa, a aceitação pela
nova maneira de buscar o conhecimento geográfico. Quanto ao nível de inserção
nas TIC’s como já se previa, todos os alunos tinham acesso as mesmas.
Ação II – Desenvolvida através do estudo dos textos contemplados na Unidade
Didática: Geografia e Paisagem, Espaço Rural e Espaço Urbano, Histórico do
Município de Novo Itacolomi, Fotografando a Paisagem, Novo Itacolomi de Ontem e
Fotografando Novo Itacolomi. Todo o material disponibilizado para estudo foi
acompanhado de questões que instigaram a discussão e a reflexão.
Essa Ação ocorreu a partir de aulas expositivas, apresentando a
necessidade de se trabalhar com o conhecimento sistematizado de geografia,
produzido no transcorrer do tempo contrapondo com as experiências vividas pelos
alunos cotidianamente. Como coloca as Diretrizes Curriculares da Educação do
Paraná a respeito do papel da escola como um “... espaço de confronto e diálogo
entre os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular”
(DCE, 2008, p.21)
O desenvolvimento dessa ação seguiu o método tradicional, através da
exposição oral da professora auxiliada por textos digitalizados. Durante a exposição
dos conteúdos, como era de se esperar, os alunos demonstraram pouco interesse
em participar com questionamentos, limitaram-se apenas a ouvir as explicações.
Quanto as atividades escritas relacionadas aos textos, foram realizadas em duplas
com a intenção de promover uma troca de experiências. O resultado da conclusão
das atividades não foi satisfatório, algumas duplas não responderam as questões
adequadamente demonstrando não terem assimilado os conteúdos, outras deixaram
questões em branco apresentando desinteresse.
Ação III – Implementada através da coleta de fotos antigas, atividade relevante para
o desenvolvimento da pesquisa, pois todas as fotos coletadas subsidiaram as etapas
que se seguiram fornecendo importante material para comparação e analise nas
transformações ocorridas no espaço estudado.
Durante a realização dessa ação os alunos demonstraram maior
participação, trazendo diversas fotografias coletadas com seus familiares e vizinhos,
cada qual cercada de informações que despertaram o interesse de toda a turma.
Ação IV – Executada por meio do ensaio fotográfico, momento em que os alunos
colocaram em prática parte dos conhecimentos que vivenciaram durante o estudo
dos textos e ainda tiveram a oportunidade de apresentar aos seus colegas de classe
e a toda a comunidade escolar a paisagem que contempla de seu espaço de
vivência.
A realização dessa ação provocou muita euforia entre os alunos, todos
participaram ativamente do processo, desde a captura das imagens até a seleção
das melhores fotos para montarem os slides. Para a execução dessa atividade foram
destinados quinze dias, onde os alunos fizeram as fotos, trouxeram a escola, onde
juntamente com a professora as copiaram no computador, selecionaram as melhor e
deixaram separadas em uma pasta em seu nome.
A fotografia tem o poder de testemunhar os fatos, comprovar os
acontecimentos, promover o relacionamento entre as pessoas, revelar as mudanças,
celebrar a vida. Por isso essa atividade envolveu a participação de toda a turma.
Conforme ilustram algumas imagens produzidas no decorrer do ensaio fotográfico.
Figura 1 – Imagens do município de Novo Itacolomi FONTE: OLIVEIRA, 2014.
Ação V – Elaborada a partir da produção de slide, tarefa que envolveu
conhecimentos de informática e sensibilidade no olhar, mediante ao fato de que
cada aluno tinha em mãos um número considerável de imagens e deviam selecionar
as melhores de acordo com seu ponto de vista, para seu trabalho.
Durante o desenvolvimento dessa ação foi necessário um atendimento
individual do aluno por parte da professora. Atendimento este que foi efetuado no
Laboratório de Informática da escola, onde após estudar um texto disponibilizado na
Unidade Didática de como fazer um slide e sob a orientação da professora produziu
seu slide.
Ação VI – Desenvolvida por meio da construção do álbum temático, atividade que
exigiu do aluno atenção, organização e sensibilidade no olhar, para escolher as
imagens que melhor representassem seu o espaço de vivência, a fim de garantir que
os objetivos propostos fossem alcançados.
Primeiramente foi feita a escolha das imagens que cada aluno colocaria em
seu álbum, após a escolha, as imagens foram impressas e entregues aos alunos
que estabeleceram a sequência desejada. Recortaram o papel seguindo as
instruções que constavam na Unidade Didática e construíram seu álbum como forma
de representar em detalhe a sua paisagem de vivência.
A construção do álbum temático proporcionou grande e interação entre os
alunos, todos ficaram curiosos para conhecer através das imagens onde e como
seus colegas viviam. Conforme demonstram as imagens
Figura 2 – Alunos construindo álbum temático FONTE: OLIVEIRA, 2014.
Ação VII – Realizada através da exposição fotográfica, momento de apresentar a toda
a comunidade escolar o resultado de todo o trabalho desenvolvido, ação que
demandou participação, trabalho, organização por parte de todos os alunos. Esta
atividade proporcionou aos observadores momentos de descontração, contemplação
e lazer, pois além de promover a assimilação dos conteúdos geográficos foi uma
representação artística que pode transmitir uma gama variada de sensações e
aprendizado.
Esta foi a ação que provocou maior motivação e euforia entre os alunos,
todos colaboraram na organização do evento, desde a escolha do tema até o
momento de desmontar a exposição.
Stefanello (2009, p.119) afirma que tirar o aluno de sua rotina de estudos,
estimula a criatividade e o raciocínio. Certamente essa mudança de ritmo foi
responsável por criar toda uma expectativa que aos poucos foi se transformando em
objetivos alcançados tanto por parte dos alunos quanto por parte da professora.
Conforme imagens apresentadas.
Figura 3 – Imagens da exposição fotográfica FONTE: OLIVEIRA, 2014.
2.3 RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
Todos os alunos da turma participaram da implementação do projeto,
responderam o questionário de pesquisa, participaram dos estudos dos textos,
coletaram fotos antigas, produziram os ensaios fotográficos, fizeram os slides,
construíram os álbuns temáticos e por fim organizaram a exposição fotográfica. No
transcorrer das atividades nem todos os alunos participavam com o mesmo
empenho, alguns se envolveram mais, vinham a escola até mesmo sem ser
solicitado, enquanto para outros já era necessário cobrar maior participação.
Considerando que, cada um a seu modo colaborou, o trabalho foi concluído com
sucesso.
Esse projeto propiciou uma intensa troca de informação entre os alunos da
turma e até mesmo de outras turmas que trouxeram fotos antigas, As imagens
produzidas pelos alunos se tornaram um rico material de estudo, a partir das
mesmas discutiu-se a economia, o relevo, a política entre outros assuntos que foram
surgindo quando se comparava as imagens antigas com as atuais.
Foi uma experiência gratificante para todos os que participaram da
implementação do projeto direta ou indiretamente possibilitando analisar cada bairro
do município respeitando suas peculiaridades.
A aplicação do projeto de implementação demonstrou que a fotografia é
muito importante no estudo da paisagem, no sentido em que auxilia o aluno na
compreensão do meio em que vive e possibilita refletir sobre as transformações
sofridas neste espaço, além de proporcionar uma aula prazerosa capaz de garantir o
processo de assimilação dos conteúdos, visto que as imagens têm o poder de
comprovar os fatos.
2.4 RESULTADOS DO GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
O curso transcorreu no primeiro semestre, com início dia 18/03/2014 e
término dia 13/05/2014, tendo como objetivo analisar o material preparado pelo
Professor PDE, sua aplicabilidade, sua contribuição para processo
ensino/aprendizagem, seus pontos positivos e negativos, entre outros aspectos.
O curso foi dividido em temática 1 - Projeto de Intervenção Pedagógica;
temática 2 - Produção Didático-Pedagógica; temática 3 – Implementação do Projeto.
Durante a realização de cada temática os cursistas tinham acesso ao material
produzido pelo Professor PDE, sobre o qual faziam suas analises, expressavam
suas opiniões e ainda trocavam experiências através dos fóruns e dos diários e por
fim fizeram a avaliação das atividades propostas no GTR a partir de um questionário
online.
Foi um período de estudos e discussões que garantiu uma troca de
experiência muito importante para a aplicação do projeto, visto que ambos
aconteciam concomitantemente. Durante as discussões foram apresentadas
sugestões com a intenção de garantir que o trabalho em sala fosse realizado com
êxito.
De modo geral, os participantes do grupo consideraram o Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola, a Produção Didático-Pedagógica e a
Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola relevantes para o
trabalho do professor, motivador, de fácil compreensão e possível de ser aplicado
em sala de aula. No fórum Vivenciando a Prática, vários participantes descreveram
suas experiências em sala de aula, dando provas de que, a diversificação das
práticas pedagógicas é garantia de aprendizado.
Como resultado do GTR merece destaque dentre outras visões a fala de
uma cursista que afirma em suas contribuições que “Nós professores temos que ser
criativos e trabalharmos com a realidade que temos, pois não adianta fantasiar, o
chão da sala de aula é real”.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia aplicada propiciou uma forma mais atrativa de assimilação de
conteúdos pelos alunos, tendo como base a utilização da fotografia como recurso
didático no ensino de Geografia. Durante a implementação do projeto buscou-se
através da conceituação da paisagem confrontar o aluno com seu espaço de
vivência, levando-o a questionar as transformações ocorridas no mesmo, a partir da
comparação entre fotos antigas e atuais. Foi evidenciado durante o transcorrer do
estudo que as imagens merecem destaque no ensino de geografia, pois contribui
ativamente para o reconhecimento do espaço geográfico e comprova de forma
concreta as transformações ocorridas e a participação dos seres humanos nessas
transformações. De acordo com o exposto conclui-se que fazer uso de imagens
fotográficas no ensino de Geografia se faz indispensável, visto que possibilita uma
maior interação entre os alunos e dos mesmos com seu espaço de vivência, pois
estão cotidianamente ligados as imagens.
O desenvolvimento da implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola ocorreu conforme o planejado, todas as ações foram
executadas a contento, apesar do tempo limitado. A idéia é de aplicar essa atividade
a outra turma, disponibilizando um espaço de tempo maior, como todo o ano letivo,
podendo-se obter melhores resultados.
Durante a realização dos estudos, foi possível constatar a evolução do
município de Novo Itacolomi através de uma diversidade de imagens, apresentando
características físicas, econômicas e sociais que puderam ser analisadas a partir da
observação da paisagem. Esse trabalho oportunizou tanto aos alunos do 8º Ano “B”,
como a toda a comunidade escolar conhecer em detalhes cada bairro do município.
Nesse contexto foi vivenciado momentos de intensa interação entre todos os
envolvidos na aplicação do projeto, demonstrando maior interesse e apreensão do
tema proposto.
Finalizando esse projeto, onde foi proposto e realizado um estudo sobre a
utilização da fotografia com o intuito de resgatar o interesse do aluno pelo ensino de
Geografia, através do estudo da paisagem rural e urbana local. Verificou-se que,
quando se oportuniza práticas pedagógicas diferenciadas ampliam-se as
possibilidades de se atingir os objetivos propostos. E ao mesmo tempo desenvolve-
se nos alunos maior capacidade de assimilação dos conteúdos, com maior interação
dos mesmos no processo ensino/aprendizagem.
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